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Efeitos da Consulta de Nutrição em
Crianças com Obesidade e Excesso de Peso
Effects of Nutrition Consultation in Obese and Overweight Children
Ceomara Palmira Tavares de Pina
Orientado por: Mestre Ana Paula Alves
Trabalho de Investigação
Porto, 2008/2009
ii
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
“Podemos ser mais bem sucedidos em lidar com a obesidade nas crianças e
adolescentes do que em lidar com a obesidade nos adultos”
(James O. Hill and Frederick L. Trowbridge)
i
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Agradecimentos
Ao Doutor Bruno Oliveira, pelo apoio e sábios ensinamentos. Indubitavelmente,
um profissional e uma pessoa ímpar. A sua paciência e contributo foram
imprescindíveis para os resultados obtidos. Os meus mais sinceros
agradecimentos.
À Mestre Ana Paula Alves agradeço o apoio na escolha e desenvolvimento deste
trabalho. A sua constante motivação e acompanhamento foram cruciais para a
realização do mesmo.
ii
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Índice
Agradecimentos.....................................................................................................i
Lista de Abreviaturas...........................................................................................iii
Resumo e Palavras-chave...................................................................................iiiv
Abstract and Key Words ......................................................................................v
1. Introdução..........................................................................................................1
2. Objectivos .........................................................................................................6
3. Material e Métodos ...........................................................................................7
3.1 Tipo de Estudo..................................................................................................7
3.2 Seleccção da amostra.......................................................................................7
3.3 Recolha de dados..............................................................................................8
3.4 Avaliação da ingestão alimentar........................................................................8
3.5 Intervenção........................................................................................................9
3.6 Análise estatística............................................................................................10
4. Resultados .......................................................................................................11
4.1 Caracterização da amostra..............................................................................11
4.2 Efeitos da Intervenção.....................................................................................16
4.3 Comparação entre os desistentes e os não desistentes.................................20
4.4 Associações entre as variavéis em estudo......................................................21
5. Discussão ........................................................................................................23
6. Conclusões ......................................................................................................34
7. Referências Bibliográficas .............................................................................36
8. Índice de Anexos .............................................................................................42
iii
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Lista de Abreviaturas
Ob – Obesidade
ExP – Excesso de Peso
IMC – Índice de Massa Corporal
AF – Actividade Física
AS – Actividades Sedentárias
nº - número
PcIMC – Percentil de Índice de Massa Corporal
%MG – Percentagem de Massa Gorda
MG – Massa Gorda
PcMG – Percentil de Massa Gorda
MM – Massa Magra
P1 – Primeira Consulta
dp – desvio padrão
CN – Consulta de Nutrição
EV – Estilos de Vida
VA – Variavéis Antropométricas
IOTF – International Obesity Task Force
CDC - Centers for Disease Control and Prevention
TC – Tratamento Convencional
iv
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Resumo
A prevalência da Obesidade tem vindo a aumentar assim como a sua severidade,
acompanhada de um aumento da morbilidade e da mortalidade. Portugal
apresenta uma prevalência de excesso de peso e obesidade de 31,5% (dos quais
11,3% refere-se à obesidade). Devido à sua elevada prevalência e aos riscos que
acarreta o tratamento desta doença é indispensável.
A abordagem nos cuidados primários tem sido advogada em muitos artigos
recentes. Contudo, pesquisas mostrando a eficácia desta abordagem são
negligenciáveis.
Este estudo longitudinal retrospectivo tem como objectivo geral avaliar a eficácia
da Consulta de Nutrição na evolução de variavéis antropométricas e de estilos de
vida e como objectivos intermédios determinar a prevalência de obesidade e
excesso de peso pelos critérios do International Obesity Task Force e do Centers
for Disease Control and Prevention, analisar as diferenças entre as crianças
desistentes e não desistentes da Consulta de Nutrição e estudar as associações
entre as variavéis em estudo.
A amostra é constituída por 79 crianças da Consulta de Nutrição do Centro de
Saúde de Ermesinde.
Todos os dados foram obtidos por consulta aos processos clínicos das crianças.
Recolheu-se os dados referentes à primeira consulta (que iam de 2001 a 2008) de
todas as crianças do estudo, e após 6 meses de seguimento no caso das crianças
que não desistiram da consulta (dados finais).
A média de idade foi de 7,6 anos, sendo que 46,8% da amostra era do sexo
masculino e 53,2% do sexo feminino. A média ± desvio padrão do índice de
massa corporal (IMC) e zIMC foram respectivamente 24,4 ± 3,17 kg/m2 e 2,2 ±
v
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
0,46. Ocorreu uma redução estatisticamente significativa no IMC (p = 0,021),
zIMC (p = 0,001) e na percentagem de massa gorda (p = 0,033). A diferença na
classificação pelos dois critérios foi estatisticamente significativa (p = 0,001).
Ocorreram diferenças estatisticamente significativas entre as crianças desistentes
e as não desistentes.
A Consulta de Nutrição parece ser uma abordagem eficaz no tratamento do
excesso de peso e obesidade infantil, uma vez que permitiu a redução do IMC e
levou à aquisição de hábitos de estilos de vida saudáveis por parte das crianças.
Palavras-Chave: consulta de nutrição, obesidade, excesso de peso, crianças
Abstract
The prevalence of obesity has increased as well as its severity, with higher rates in
morbidity and mortality. Portugal has a prevalence of overweight and obesity of
31.5% (11.3% of which refers to obesity). Due to this high prevalence, and risks it
entails, the treatment of obesity is mandatory.
The approach in primary care has been advocated in many recent articles.
However, researches that show the effectiveness of this approach are negligible.
This retrospective longitudinal study aims to assess the effectiveness of the
Nutrition Consultation in the evolution of anthropometric variables and lifestyles.
Intermediate goals are to determine the prevalence of obesity and overweight by
the criteria of the International Obesity Task Force and the Centers for Disease
Control and Prevention, to examine the differences between children who quit and
vi
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
not quit the Nutrition Consultation and to analyse the associations between the
study variables.
The initial sample included 79 children who attend to the Nutrition Consultation in
Centro de Saúde de Ermesinde.
All data were obtained by consulting the children’s medical files. It was collected
data concerning the first appointment (from 2001 to 2008) and after 6 months of
follow up, for children who do not give up the Nutrition Consultation (final data).
The mean age was 7.6 years, whereas 46.8% of the sample were boys and 53.2%
were girls. The mean ± standard deviation of body mass index (BMI) and zBMI
was respectively 24.4 ± 3.17 kg/m2 and 2.2 ± 0.46. There was a statistically
significant reduction in BMI (p = 0,021), zBMI (p = 0,001) and in the fat mass
percentage (p = 0,033). The difference in the two classification criteria was
statistically significant (p = 0,001). There were statistically significant differences
between children who were quitters and not quitters.
The Nutrition Consultation seems to be an effective approach in the treatment of
overweight and obesity, since it enabled the reduction of BMI and led the
acquisition of healthy lifestyles habits by children
Key words: nutrition consultation, obesity, overweight, children
1. Introdução
A prevalência da Obesidade (Ob) tem vindo a aumentar assim como a sua
severidade, acompanhada de um aumento da morbilidade e da mortalidade.(1) De
acordo com a International Obesity Task Force 1 em cada 10 crianças (155
milhões, incluindo os cerca de 30-45 milhões obesos) em idade escolar (5-17
anos), têm excesso de peso (ExP) no mundo.(1-3) Actualmente, nos Estados
Unidos da América, a prevalência de Ob e ExP é respectivamente 16 e 34%. (4)
Na Europa, o cenário também é assustador. Estima-se que a prevalência de ExP
em crianças dos 7 aos 11 anos, nos países do Norte da Europa varia entre 10 a
20%, e que, nos países do Sul a prevalência é ainda maior atingindo os 20 a
40%.(5, 6) E Portugal não foge à regra. Segundo um estudo realizado em crianças
dos 7 aos 9 anos, o nosso país apresenta uma prevalência de ExP e Ob de
31,5% (dos quais 11,3% refere-se à Ob).(7) Segundo Kosti et al, se não forem
tomadas medidas urgentes contra esta tendência, em 2010 a estimativa é de 26
milhões de crianças com ExP na Europa, incluindo os 6,4 milhões que serão
obesos.(2) No que diz respeito aos Estados Unidos da América, efectuou-se um
estudo com o objectivo de projectar a prevalência de Ob no futuro onde foi
ilustrado que 29,7% de crianças dos 6 aos 11 anos terão um percentil de índice
de massa corporal (PcIMC) igual ou superior à 95, em 2030.(8)
Existe uma considerável confusão sobre a definição da Ob e sobre quais
são as crianças e adolescentes que realmente requerem tratamento.(9) Contudo, a
Ob pode ser definida como uma condição na qual existe excesso de gordura
corporal.(10-12) Em crianças e adolescentes o índice de massa corporal (IMC) tem
sido considerado o marcador mais conveniente para medir a gordura corporal.(13-
18) No entanto, são vários os autores que detalharam as suas limitações.(19-21)
2
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Para refinar o diagnóstico da Ob infantil, McCarthy et al criaram curvas de
percentil específicos para o sexo e idade relativamente à gordura corporal.(22)
Actualmente, para se definir a Ob infantil têm sido usadas diferentes
referências. Nos Estados Unidos da América utilizam-se as curvas produzidas
pelo Centers for Disease Control and Prevention (CDC) em 2000, também usada
no Canadá e na Austrália.
A Inglaterra desenvolveu curvas (UK90) baseadas em dados de inúmeras
pesquisas levadas a cabo entre 1978-90, em cerca de 30.000 indivíduos. Curvas
semelhantes vêm sendo desenvolvidas noutros países da Europa,
nomeadamente na França, Alemanha e Dinamarca.
Contra tudo isto, a International Obesity Task Force (IOTF), uma rede de perícia
global, concluiu que a definição da Ob em crianças e adolescentes devia ser
consistente com a definição da Ob no adulto, e idealmente devia usar dados
representativos da população mundial.(12) Subsequentemente, recolheram-se
dados de 6 países entre 1963 e 1993, e desenvolveram-se curvas de percentil
(com pontes de corte específicos para a idade e sexo) que passavam nos valores
de IMC de 25 kg/m2 e 30 kg/m2 na idade dos 18 anos (refletindo as definições
recomendadas pela Organização Mundial de Saúde para a Ob e ExP no
adulto).(12, 13)
A Ob surge como consequência da forma como o corpo regula a ingestão
energética, o gasto energético e o balanço energético.(23) O aparecimento da Ob
reflete um estado de balanço energético positivo.(11, 23, 24) Muitos factores podem
contribuir para este balanço energético, sendo assim, a Ob é o resultado da
combinação de vários factores tais como genéticos, fisiológicos, metabólicos,
hormonais, socioculturais, comportamentais e ambientais.(10, 25-29) As mudanças
3
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
ambientais são contudo as principais responsáveis pela corrente epidemia da Ob,
já que não é possível o pool génico mudar em menos do que uma geração.(14, 27,
30-32)
Os factores de risco da Ob infantil incluem baixo nível socioeconómico; (33,
34) Ob dos pais,(5, 32, 34-37) especialmente a Ob materna; (33, 38, 39) elevado aumento
de peso durante a gravidez; (37, 40, 41) ocorrência de diabetes gestacional; (5, 35, 41)
rápido ganho de peso na infância;(5, 33, 42-44) história familiar (Ob, doença
coronária, hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes tipo 2, doença da tiróide)(28,
45) e o peso à nascença (baixo ou elevado).(5, 34, 37, 43, 45-48)
Outros factores apontados são: a dieta (consumo excessivo de bebidas
açucaradas,(11, 14, 33, 45, 49-52) frequência das refeições fora de casa, frequência das
refeições fast-food por semana, (32, 45, 50) e ingestão excessiva de lacticínios
gordos); (45) e a actividade física (AF) [diminuição da prática de AF e aumento de
actividades sedentárias (AS) como ver televisão, estar no computador e jogar
jogos electrónicos e jogos de computador].(5, 11, 32, 33, 36, 45, 53-58)
A medicação (uso de glucocorticóides e anti-psicóticos atípicos),(45) factores
respiratórios [apneia, número (nº) reduzido de horas de sono],(45, 59-62) factores
reprodutores nas raparigas (idade da menarca, oligomenorréia, hirsutismo),
factores gastrointestinais (refluxo gastro-esofágico, doença da vesícula biliar),
saúde mental (depressão, baixa auto-estima, problemas comportamentais,
isolamento) também são factores de risco associados à Ob infantil.(45)
A maioria dos estudos publicados e inúmeras meta-análises sugerem que a
amamentação tem um modesto efeito protector contra o risco de Ob infantil.(33, 63-
65)
4
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
A Ob infantil pode acarretar graves complicações e co-morbilidades. As
consequências da Ob infantil incluem a hiperinsulinemia e diabetes tipo 2;(10, 27, 32,
33, 45, 66) hipertensão arterial, dislipidemias e aterosclerose precoce;(10, 27, 32, 33, 45, 66,
67) baixa auto-estima e depressão;(27, 45, 68) complicações ortopédicas;(10, 45, 66)
asma, apneia obstrutiva do sono, Sindrome de Pickwick;(10, 32, 45) colelitíase,
esteatose hepática não-alcoólica;(32, 45) Síndrome do ovário poliquístico,
dismenorréia, menarca precoce, hiperandrogenismo e aumento do risco de
cancro da mama e ovário (nas raparigas);(14, 32, 45, 54, 69) microalbuminúria;
pseudotumor cerebral; acantose nigricans e furunculose; atraso da puberdade,
pseudo-micropénis e redução dos androgénios em circulação (nos rapazes).(45)
As crianças obesas podem sofrer discriminação pelos adultos, colegas, familiares
e professores.(27, 68, 69) A consequência mais grave e prevalente a longo prazo da
Ob infantil poderá ser a Ob na idade adulta.(1, 10, 27, 32, 33, 66, 67, 70)
Apesar da prevenção primária da Ob infantil ser importante, métodos
amplamente eficazes para o fazer ainda não estão disponíveis. Considerando a
enorme população de crianças com Ob e ExP e os riscos que enfrentam, o
tratamento da Ob infantil é indispensável,(32, 66, 71) já que constitui uma das
estratégias para reduzir a prevalência desta epidemia.(27)
As estratégias propostas incluem aquelas que envolvem a escola, a
comunidade, mudança de comportamento dos pais e cuidados de saúde
primários.(33)
A abordagem nos cuidados primários tem sido advogada em muitos artigos
recentes, e entusiasticamente nas guidelines de 2003 da National Health and
Medical Research Council. Contudo, pesquisas mostrando a eficácia desta
abordagem são negligenciáveis.(72).
5
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
O tratamento convencional (TC) da Ob infantil é baseado numa intervenção
não-farmacológica,(17) que foca os seguintes aspectos: restrição dietética
modesta,(73) aumento da prática de AF (é recomendado a prática de AF nas
horas extra-escolares e aos fins-de-semana),(1) redução de AS e mudança
de comportamento. A composição nutricional dos alimentos publicitados na
televisão é de baixa qualidade em termos de tipo de gordura e do conteúdo
em sódio e fibras, e o contributo negativo da televisão para o desenvolvimento
da Ob infantil foi reconhecido a muito tempo, pela sua provável capacidade de
reduzir o gasto energético.(1) As pesquisas têm mostrado uma maior eficácia da
redução das AS comparativamente ao aumento da prática de AF no tratamento
da Ob infantil.(74) Vinner et al mostraram que intervenções focalizando a redução
das horas a ver televisão aos fins-de-semana, parecem ser particularmente
eficazes.(75) Dennison et al 2008, observaram que as crianças enquanto viam
televisão aumentavam o consumo de alimentos densamente energéticos e
diminuíam o consumo de hortofrutícolas e leite.(76, 77)
Todos estes aspectos também devem ser adaptados para os pais.(72) A
compreensão da família é fundamental para a sustentabilidade destas
actividades, particularmente no caso das crianças com ExP.(1) Nowicka et al na
sua revisão bibliográfica sobre o papel da família no controlo da Ob infantil
concluiu que o envolvimento da família é benéfico para o tratamento desta
doença.(78)
Como objectivo principal, as intervenções devem tentar promover hábitos
saudáveis de alimentação e prática de AF, em vez da obtenção de um peso
corporal ideal.(10)
6
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Existem muitos trabalhos, projectos e programas para a prevenção da Ob
infantil sem resultados gerais positivos e a prevalência da Ob tem vindo a
aumentar.(1) Sendo assim, o tratamento desta doença assume um papel crítico,
que deverá entrar em vigor o mais cedo possível, e o contributo da Consulta de
Nutrição (CN) não deve ser menosprezado nem ignorado, já que constitui uma
mais valia na prevenção e tratamento da Ob infantil.
Olhando para o futuro, existem 6 níveis importantes que podem ser
envolvidos na prevenção e tratamento da obesidade: família, escola, cuidados de
saúde primários, governo, media, indústria.(70) Sendo que no caso dos 3 últimos,
o envolvimento pretendido vai ser moroso e dependente em grande parte de uma
prévia consciencialização dos 3 primeiros.
2. Objectivos:
Este estudo teve os seguintes objectivos:
� Avaliar a eficácia da CN, tendo em conta a evolução das variáveis
antropométricas (VA) e de estilos de vida (EV) [alimentação, prática de
AF e tempo dispendido em AS];
� Determinar a prevalência de Ob e ExP, tendo em conta as referências
do IOTF e do CDC;
� Analisar as diferenças entre as crianças que desistiram após a primeira
consulta (P1) e as que não desistiram;
� Estudar as associações entre as variáveis em estudo.
7
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
3. Material e Métodos
3.1 Tipo de estudo
Trata-se de um estudo retrospectivo longitudinal.
3.2 Selecção da Amostra
A amostra é constituída por 79 crianças da CN do Centro de Saúde de
Ermesinde. Destas, 43 são crianças avaliadas após 6 meses de seguimento na
CN e 36 são crianças que desistiram da CN.
Os critérios de inclusão das crianças, para pertencerem a este estudo
foram: terem ExP ou Ob segundo os critérios do IOTF ou do CDC, idade
compreendida entre 5 e 11 anos, terem avaliação antropométrica e de EV após 6
meses de seguimento ou terem desistido após a P1.
Das 79 crianças do estudo, 12 tiveram sessões de educação alimentar para
além da CN, mas no presente trabalho não se fez a separação destas crianças
porque segundo o trabalho de investigação realizado por Liliana Carola, não
existem diferenças estatisticamente significativas entre os grupos e as 2
abordagens são igualmente eficazes.(79)
Das 249 crianças da CN do Centro de Saúde de Ermesinde, 139 tinham
excesso de peso ou Obesidade e idade compreendida no intervalo [5-11anos].
Destas 139 crianças, apenas 79 preenchiam os requisitos para inclusão no
estudo. As restantes 60 crianças ou tinham desistido após duas consultas ou
simplesmente não se encontrou informações relativamente à avaliação
antropométrica e de estilos de vida após 6 meses de seguimento no seu processo
clínico, o que levou à sua exclusão do estudo.
8
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Excesso de Peso e Obesidade (5 a 11 anos)
Avaliação antropométrica e de estilos Desistiu após primeira consulta
de vida após 6 meses de seguimento
Figura 1. Algoritmo da selecção da amostra
3.3 Recolha de Dados
Todos os dados foram obtidos por consulta dos processos clínicos das
crianças durante os meses de Outubro e Novembro de 2008. Recolheram-se os
dados referentes à P1 (que iam de 2001 a 2008) de todas as crianças do estudo,
e após 6 meses de seguimento no caso das crianças que não desistiram da CN
(dados finais).
3.4 Avaliação da ingestão alimentar
A informação relativa à ingestão alimentar foi obtida através da recordação
das 24 horas anteriores. A criança (com a ajuda dos pais ou do acompanhante,
em alguns casos), é convidada, através de uma série sistemática de questões a
recordar e a descrever todos os alimentos e bebidas que consumiu nas 24 horas
anteriores. Para facilitar a recordação, faziam-se associações às rotinas diárias da
criança como hora de levantar e deitar e a hora de entrada e saída da escola. Na
posse desta informação fez-se uma avaliação qualitativa dos hábitos alimentares
249 Crianças da Consulta
de Nutrição do Centro de
Saúde de Ermesinde
139 Crianças
43 Crianças 36 Crianças
9
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
das crianças. Quantificou-se o consumo (dose) de lacticínios, fruta e produtos
hortícolas (ingestão de sopa, legumes e hortaliças no prato) de acordo com o
Manual de Quantificação dos Alimentos. Os produtos doces e salgados, segundo
o número destes alimentos consumidos diariamente e as bebidas açucaradas
pelo número de copos.
3.5 Intervenção
Consulta de Nutrição
Na P1 de Ob infantil foram recolhidas informações sobre os dados pessoais
da criança e dos pais (idade, escolaridade), história clínica (peso e comprimento
ao nascer, duração da amamentação, evolução ponderal, antecedentes pessoais
e familiares, distúrbios gastrointestinais), avaliação da ingestão alimentar
(recordação das 24 horas anteriores, ingestão de água, alimentos preteridos e
preferidos), e dados relativos ao e.v como prática de AF, tempo dispendido em AS
e nº de horas de sono. Posteriormente, procedia-se à avaliação antropométrica:
estatura, peso, IMC, e a composição corporal [massa gorda (MG), percentagem
de MG (%MG), massa magra (MM) e água). A composição corporal era avaliada
usando uma Tanita® Modelo TFG – 300, com sensibilidade de 0,1% para a
percentagem de gordura corporal. Para explicar à criança e aos pais o valor de
IMC era-lhes mostrado um gráfico, de acordo com os pontos de corte do IOTF. O
cálculo das necessidades energéticas efectuou-se através das fórmulas do Food
and Nutrition Board.(80) De seguida, calculava-se um plano alimentar, adequado
às necessidades energéticas da criança e adaptado à sua rotina, o qual era
explicado detalhadamente de modo a facilitar o seu cumprimento. As crianças
recebiam aconselhamento sobre ingestão de água e AF.
10
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Nas consultas de seguimento era avaliada a adesão ao plano alimentar,
procedia-se a nova avaliação antropométrica, debatia-se sobre dúvidas e
dificuldades sentidas e sempre que necessário reformulava-se o plano alimentar.
3.6 Análise Estatística
Para a construção da base de dados e consequente tratamento estatístico
foi utilizado o programa SPSS® (Statistical Package for the Social Sciences)
versão 16.0 para o Microsoft Windows®.
A análise estatística descritiva consistiu no cálculo da média e desvio
padrão (dp) para as variáveis cardinais e na apresentação de frequências para as
variáveis nominais.
Verificou-se se as variáveis tinham distribuição normal através do teste de
Kolmogorov-Smirnov. O test t-Student foi utilizado para comparar médias
independentes e emparelhadas. Quando as amostras não seguiam uma
distribuição normal, recorria-se ao teste de Wilcoxon (amostras emparelhadas) e
o teste de Mann-Whitney (amostras independentes). Para verificar a
independência entre pares de variáveis foi usado o teste do qui-quadrado.
O grau de associação entre pares de variavéis foi quantificado através do
coeficiente de correlação de Pearson (r) (correlações paramétricas) e do
coeficiente de correlação de Spearman (�) (correlações não paramétricas).
Foi considerado o nível de significância p < 0,05 para todos os testes.
Considerou-se(81):
- Correlação muito forte quando |r| ou |�| pertence ao intervalo [0,9;1]; - Correlação forte quando |r| ou |�| pertence ao intervalo [0,75;0,9 [;
11
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
- Correlação moderada quando |r| ou |�| pertence ao intervalo [0,5;0,75 [; - Correlação fraca quando |r| ou |�| pertence ao intervalo [0,25;0,5 [; - Correlação muito fraca quando |r| ou |�| pertence ao intervalo [0,0;0,25 [.
4. Resultados
4.1 Caracterização da amostra
A amostra era constituída por 79 crianças. As características iniciais dos
participantes, no momento da avaliação inicial podem ser observadas nas tabelas
que se seguem.
N Média±dp Frequência
Género (Feminino/Masculino) 79 42/37
Idade (anos) 79 7,6±1,72
Escolaridade 16 3,2±1,16
Tempo de gestação (semanas) 7 37,5±3,38
Peso à nascença (kg) 55 3,4±0,52
Comprimento à nascença (cm) 14 49,4±2,34
Amamentação (Sim/Não) 55 49/6
Tempo de amamentação (meses) 49 8,5±12,09
Escolaridade da mãe 8 9,4±4,40
Escolaridade do pai 8 6,9±2,03
Idade da mãe (anos) 46 35,0±6,42
Idade do pai (anos) 46 37,5±6,42
nº de consultas 79 2,6±1,62
Tabela 1. Caracterização da amostra
12
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Neste estudo a proporção de raparigas (53,2%) é superior à dos rapazes
(46,8%). Apenas 10,9% das crianças não foram amamentadas (89,1% foram
amamentadas), e a média do tempo de amamentação foi de 8 meses e meio. A
média do peso à nascença foi de 3,4kg. Quanto à idade dos pais, o pai (37,5 ±
6,42) é em média mais velho do que a mãe (35,0 ± 6,42). A média ± dp das
consultas é 3,86 ± 1,037 quando se excluem os desistentes (com apenas 1 CN).
N Média dp
Horas de sono inicial 3 09H50m 00H17m
AS (horas/dia) 13 02H20m 01H20m
AF na escola inicial (horas/semana)
18 01H40m 01H07m
AF programada fora da escola (horas/semana)
69 01H20m 01H33m
Ingestão de água (litros/dia)
15 0,7 0,33
n º de refeições 79 5 0,88
Lacticínios 79 2,8 1,30
Fruta inicial 79 1,0 1,01
Produtos hortícolas 79 0,85 0,75
Produtos doces 79 1,8 1,34
Bebidas açucaradas 79 0,9 1,01
Produtos salgados 79 0,7 0,94
Tabela 2. Caracterização da amostra (estilos de vida)
13
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
N Média dp
Peso (kg) 79 44,0 11,37
Estatura (m) 79 1,33 0,11
IMC (kg/m2) 79 24,4 3,17
zIMC inicial 78 2,2 0,46
PcIMC inicial 79 97,6 2,90
%MG inicial 30 32,2 8,15
PcMG inicial 30 93,9 9,32
MG inicial (kg) 29 13,8 5,80
MM inicial (kg)
Água corporal (kg)
29 27,5 5,65
24 20,4 4,56
Tabela 3. Caracterização da amostra (variáveis antropométricas) A análise das VA mostra que a média ± dp do IMC, %MG e zIMC da
população foram respectivamente 24,4 ± 3,17 kg/m2, 32,2 ± 8,15 e 2,2 ± 0,46.
Estas crianças passavam em média mais de 2 horas por dia em AS e faziam
pouca AF programada. Faziam em média 5 refeições por dia e ingeriam 3 doses
de lacticínios. O consumo de fruta e produtos hortícolas era reduzido. Bebiam
pouca água e comiam em média 2 produtos doces por dia. O percentil da MG
(PcMG) foi calculado com base nas curvas de referência da gordura corporal para
crianças de McCarthy et al.
Em relação às características iniciais das crianças (tendo a conta a
separação por géneros) podemos verificar que não existiram diferenças
estatisticamente significativas em praticamente todos os parâmetros avaliados, à
excepção do tempo de amamentação (tabela a1, no anexo 1).
14
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Distribuição da amostra pelo IMC antes da intervenção
Pelos critérios preconizados pela IOTF, existiam 2 crianças (2,5%) com
peso normal, 17 (21,5%) com ExP e 60 (76%) com Ob. Pelos critérios
preconizados pelo CDC, não existia nenhuma criança normoponderal, 9 (11,4%)
crianças apresentavam ExP e 70 (88,6%) crianças Ob.
CDC
ExP Ob Total
IOTF Peso Normal Nº 2 0 2
% do Total 2,5% 0,0% 2,5%
ExP Nº 7 10 17
% do Total 8,9% 12,7% 21,5%
Ob Nº 0 60 60
% do Total 0,0% 75,9% 75,9%
Total Nº 9 70 79
% doTotal 11,4% 88,6% 100,0% Tabela 4. Cruzamento entre a classificação inicial das crianças pelo IOTF e pelo CDC
Durante a análise estatística não se dividiram as crianças tendo em conta a
variável género, assim para efeito de tratamento estatístico consideraram-se as
crianças como um todo.
Pode-se constatar que segundo o CDC mais 22,6% de crianças foram
classificadas como tendo Ob e que o IOTF determinou uma maior prevalência de
ExP. Segundo os critérios do CDC não existia nenhuma criança com peso normal,
já o IOTF detectou 2 crianças nesta classe.
Existiu uma associação positiva moderada, estatisticamente significativa entre as
duas referências (p = 0,000). Contudo, a diferença na classificação pelos 2
critérios foi estatisticamente significativa (p = 0,001).
15
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Relativamente à divisão por desistentes e não desistentes, as respectivas
percentagens são encontradas nas tabelas que se seguem.
Frequência
Normoponderal 2 (5,5%)
Excesso de peso 6 (16,7%)
Obesidade 28 (77,8%) Tabela 5. Classificação das crianças que desistiram tendo em conta o IMC, segundo a classificação do IOTF.
Frequência
Excesso de peso 11 (25,6%)
Obesidade 32 (74,4%) Tabela 6. Classificação das crianças não desistentes, tendo em conta o IMC, segundo a classificação do IOTF.
Frequência
Excesso de peso 5 (13,9%)
Obesidade 31 (86,1%) Tabela 7. Classificação das crianças que desistiram tendo em conta o IMC, segundo a classificação do CDC 2000.
Frequência
Excesso de peso 4 (9,3%)
Obesidade 39 (90,7%) Tabela 8. Classificação das crianças não desistentes, tendo em conta o IMC, segundo a classificação do CDC 2000.
Segundo o IOTF, dos 36 desistentes 2 (5,5%) tinham peso normal, 6
(16,7%) tinham ExP e 28 tinham Ob (77,8%), dos 43 não desistentes 11 (25,6%)
tinham ExP e 32 (74,4%) tinham Ob; segundo o CDC, dos 36 desistentes 5
(13,9%) tinham ExP e 31 (86,1%) tinham Ob, dos 43 não desistentes 4 (9,3%)
tinham ExP e 39 (90,7%) tinham Ob.
16
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
4.2 Efeitos da intervenção
Efeitos a nível antropométrico
No que se refere às VA, verificou-se a ocorrência de alterações
estatisticamente significativas em quase todos os parâmetros avaliados excepto
na MG e no PcMG.
N Início Fim p
Peso (Kg) 42 44,0±11,37 44,2±10,33 0,048
Estatura (m) 42 1,33±0,11 1,34±0,11 0,039
IMC (kg/m2) 42 24,4±3,17 23,8±2,92 0,021
zIMC inicial 40 2,2±0,46 2,0±0,43 0,001
PcIMC 42 97,6±2,90 97±3,00 0,005
%MG 20 32,2±8,15 30,8±6,97 0,033
PcMG 20 93,8±9,32 90,7±20,32 0,222
MG (kg) 20 13,8±5,80 13,3±4,40 0,212
MM (kg)
Agua corporal (kg)
20 27,5±5,65 29,3±5,79 0,000
15 20,4±4,56 21,4±4,21 0,002 Tabela 9. Alterações antropométricas nas crianças.
Após 6 meses de seguimento as crianças tiveram um aumento ligeiro mas
com significado estatístico do peso, e o mesmo sucedeu-se com a altura. Ocorreu
uma redução estatisticamente significativa no IMC, zIMC e %MG. Relativamente à
MG e ao PcMG, também ocorreu uma diminuição, contudo, sem significado
estatístico. A MM e a água corporal tiveram um aumento com significado
estatístico.
Distribuição da amostra pelo IMC após a intervenção
A tabela a seguir mostra a distribuição das crianças depois da intervenção,
segundo a referência do IOTF.
17
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
IOTF_final
ExP Ob Total
IOTF_inicial ExP Nº 10 1 11
% do Total 23,3% 2,3% 25,6%
Ob Nº 5 27 32
% do Total 11,6% 62,8% 74,4%
Total Nº 15 28 43
% do Total 34,9% 65,1% 100,0%
Tabela 10. Cruzamento entre classificação inicial e final das crianças, segundo os critérios do
IOTF.
Da análise da tabela constata-se que ocorreu uma redução de 9,3% na
prevalência da Ob (p = 0,102). Pode-se ainda constatar, em pormenor, que 5
crianças com Ob passaram para ExP e 1 criança com ExP passou para Ob.
A tabela a seguir mostra a distribuição das crianças, depois da intervenção,
tendo em conta a variavél IMC, segundo os critérios do CDC. Segundo este
critério ocorreu uma redução de 7% na prevalência da Ob após a intervenção (p =
0,180). A Tabela 11 mostra que 4 crianças com Ob passaram para ExP e 1 com
ExP passou para Ob.
CDC_final
ExP Ob Total
CDC_inicial ExP N 3 1 4
% do Total 7,0% 2,3% 9,3%
Ob N 4 35 39
% do Total 9,3% 81,4% 90,7%
Total N 7 36 43
% do Total 16,3% 83,7% 100,0%
Tabela 11. Cruzamento entre classificação inicial e final das crianças, segundo os critérios do
IOTF.
18
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Os gráficos que se seguem ilustram os efeitos da intervenção no IMC e no zIMC.
Gráfico 1. Evolução do IMC das crianças
Gráfico 2. Evolução do zIMC das crianças
Mais de metade das crianças (58,14%) diminuiu o IMC após a intervenção, e
41,86% aumentou o seu IMC.
19
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Quando se analisa a evolução do zIMC, verifica-se que 36 crianças (83,7%)
reduziram o zIMC e apenas 7 crianças (16,3%) aumentaram o seu zIMC.
Efeitos no estilo de vida
Na CN é avaliada a ingestão alimentar através do questionário das 24
horas anteriores e são efectuadas perguntas sobre outros itens do EV.
N Início Fim p
AF programada (horas/semana)
39 01H20m±01H33m 03H07m±01H47m 0,000
Ingestão de água (litros/dia) 10 0,7±0,33 0,9±0,34 0,034
nº de refeições 42 5,0±0,88 5,2±0,76 0,704
Lacticínios 42 2,90±1,30 2,91±1,08 0,471
Fruta 42 1,0±1,01 1,95±1,13 0,001
Produtos hortícolas 42 0,9±0,75 1,9±1,19 0,000
Produtos doces 42 1,9±1,34 0,72±0,88 0,007
Bebidas açucaradas 42 0,9±1,01 0,28±0,54 0,003
Produtos salgados 42 0,7±0,94 0,1±0,29 0,000
Tabela 11. Efeitos da intervenção no estilo de vida das crianças
Da análise da tabela, constata-se que ocorreram diferenças
estatisticamente significativas em quase todos os parâmetros analisados, excepto
no consumo de lacticínios e no nº de refeições. O aumento da prática de AF
programada foi notório (de 80 minutos/semana passaram a fazer em média 187
minutos/semana). O consumo de fruta e produtos hortícolas duplicou e o de
produtos doces passou para menos de metade. Houve um decréscimo
estatisticamente significativo no consumo de bebidas açucaradas e produtos
salgados. Relativamente às horas passadas em AS não se encontrou número
suficiente de registos no final da intervenção.
20
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
4.3 Comparação entre os desistentes e os não desistentes
Dos desistentes, 23 (63,9%) eram do sexo feminino e 13 (34,1%) do sexo
masculino. A tabela que se segue ilustra as características das crianças que
desistiram da CN comparando-as com as que não desistiram.
Tabela 12. Caracterização comparativa entre os desistentes e os não desistentes
N
Não desistiu (média±dp)
Desistiu (média±dp) p
Data de início 79 Janeiro 06 Janeiro 05 0,013
Idade inicial (anos) 79 7,84±1,78 7,44±1,64 0,313
Peso à nascença (kg) 55 3,37185±,561182 3,39146±0,50 0,892
Tempo de amamentação (meses) 49 8,8261±15,35904 8,2596±8,56168 0,876
Idade da mãe (anos) 46 35,2±6,61 34,9±6,42 0,891
Idade do pai (anos) 46 38,3±6,88 36,9±6,15 0,486
Peso (kg) 79 43,3±10,55 44,8±12,38 0,567
Estatura (m) 79 1,32±0,10 1,35±0,12 0,291
IMC (kg/m2) 79 24,4±3,08 24,2±3,31 0,789
zIMC 78 2,19±0,40 2,15±0,53 0,696
MG (kg) 29 14,0±5,25 13,0±7,72 0,763
PcMG 30 95,8±4,18 87,4±17,11 0,034
%MG 30 33,0±8,16 29,6±8,12 0,351
MM (kg) 29 27,3±5,52 28,0±6,48 0,790
AF programada (horas/semana) 69 01H16m±01H28m 01H25m±01H41m 0,717
AS 12 02H00mm±01H04m 02H54m±01H40m 0,324
nº de refeições 79 5,1±0,83 4,8±0,90 0,052
Lacticínios 79 3,1±1,30 2,4±1,22 0,039
Fruta 79 1,19±1,11 0,83±0,84 0,115
Produtos hortícolas 79 0,81±0,69 0,89±0,82 0,667
Produtos doces 79 1,4±1,17 2,3±1,36 0,002
Bebidas açucaradas 79 0,79±0,91 1,06±1,12 0,260
Produtos salgados 79 0,5±0,85 0,83±1,02 0,170
21
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Pode-se constatar que existiram diferenças com significado estatístico entre
os 2 grupos no que diz respeito à data da P1, PcMG, consumo de produtos doces
e lacticínios. Os desistentes estavam num PcMG menor, consumiam mais
produtos doces e menos lacticínios, e tiveram a P1 mais cedo que os não
desistentes.
Contudo também é de salientar aspectos como o facto dos desistentes serem
mais altos, filhos de pais mais novos, terem menos %MG, passarem mais horas
em AS assim como mais horas em AF programada, comerem menos fruta, e
consumirem mais produtos salgados e bebidas açucaradas, embora a diferença
nestes parâmetros não ter sido estatisticamente significativa.
4.5 Associações entre as variavéis em estudo
Foram encontradas várias associações entre as variáveis em estudo.
Passa-se a descrevê-las nos parágrafos que se seguem.
O IMC teve uma correlação forte positiva com a MG (p = 0,000) e a %MG
(p = 0,000).
O zIMC teve uma correlação moderada positiva com o PcMG (p = 0,001).
Correlação fraca negativa entre a data da P1 e o peso da criança (p = 0,041);
quanto mais cedo tiver sido a data da P1 maior foi o peso final da criança após a
intervenção. O PcIMC correlacionou-se de forma moderada positiva com o PcMG
(p = 0,004). O comprimento à nascença teve uma correlação moderada positiva
com o IMC (p = 0,047) e com o peso à nascença (p = 0,007). O peso à nascença
teve uma correlação positiva muito fraca com o IMC (p = 0,474), sem significado
estatístico.
22
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
A idade da criança teve uma correlação moderada negativa com o PcMG
(p = 0,013) e uma correlação fraca negativa com o nº de refeições (p = 0,039);
crianças mais velhas estavam num menor PcMG e as crianças mais novas faziam
mais refeições. Correlação fraca negativa entre a idade da criança e o consumo
de lacticínios (p = 0,002); crianças mais velhas consumiam menos lacticínios. O
consumo de bebidas açucaradas teve uma correlação fraca positiva com o PcIMC
(p = 0,007). Correlação fraca positiva entre a idade da mãe e o consumo de fruta
(p = 0,030); filhos de mães mais velhas consumiam mais fruta.
A idade da mãe também teve uma correlação fraca positiva com a prática
de AF programada (p = 0,023). Correlação moderada negativa entre a idade da
criança e o zIMC (p = 0,001); crianças mais velhas tinham menor zIMC.
O nº de refeições teve uma correlação fraca negativa com a MG (p = 0,060) e
correlação muito fraca com o IMC (p = 0,599). Correlação positiva muito fraca
entre a ingestão de bebidas açucaradas e o IMC (p = 0,059).
A data da P1 teve uma correlação negativa muito fraca com o consumo de
produtos salgados (p = 0,034); as crianças que tiveram mais cedo a P1 eram as
que consumiam mais produtos salgados.
A AF programada teve uma correlação positiva muito fraca com a ingestão
de fruta (p = 0,028) e uma correlação fraca negativa com a ingestão de produtos
salgados (p = 0,031); crianças que fazem mais AF programada têm um maior
consumo de fruta e um menor consumo de produtos salgados.
O PcMG teve uma correlação fraca positiva com o consumo de produtos salgados
(p = 0,015) e com o consumo de produtos doces (p = 0,000); crianças com maior
consumo de produtos salgados e doces encontravam-se num maior PcMG. O nº
de consultas teve uma correlação fraca positiva com o nº de refeições (p = 0,049).
23
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Correlação fraca negativa entre o consumo de lacticínios e o consumo de
bebidas açucaradas (p = 0,001); um maior consumo de lacticínios está associado
a um menor consumo de bebidas açucaradas. O consumo de lacticínios teve uma
correlação negativa fraca com a %MG (p = 0,012).
A ingestão de bebidas açucaradas teve uma correlação positiva muito fraca
com a %MG (p = 0,537) e o tempo de amamentação teve uma correlação negativa
muito fraca com o IMC (p = 0,769).
5. Discussão
Os resultados deste estudo demonstraram a eficácia da CN, após 6 meses
de intervenção, na melhoria das VA e de EV.
Poucos estudos avaliando a eficácia do TC foram levados a cabo em locais
de cuidados primários de saúde. Dos que existem, a maioria foi conduzida em
clínicas especializadas em Ob ou de investigação, usando um tratamento
intensivo, compreensivo e comportamental.(35) A tabela a seguir apresenta as
intervenções encontradas na pesquisa bibliográfica que de alguma forma
avaliaram os efeitos da abordagem convencional no tratamento da Ob infantil.
Todos os estudos encontrados, com excepção do levado a cabo por Moya
et al (que em termos de desenho de estudo foi o que mais se identificou com o
presente estudo) foram ensaios experimentais, onde o que se fez foi comparar o
TC com um outro tratamento.
24
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Autores (ano da publicação)
N (idade) Características da Interv
Grupo Duração da Interv
Unidade de medida
Resultados
Epstein et al (1985)
Citado por (74)
20 8 semanas de programa de tratamento intensivo (Dieta e AF)
TC (Dieta+AF)
12 meses % de variação do ExP
Após 6 e12 meses = - 27,5% e -25,4%
Dieta Após 6 e 12 meses =-18,8% e -18,7%
Schwingshandl et al (1999)(82)
30 12 semanas de programa (Dieta e AF)
TC (Dieta+AF) 12 meses Variação da MM
Após 3 meses = +2,7kg
Dieta Após 3 meses = +0,4 kg
Graves et al (1988) (83)
40 8 semanas de sessões de tratamento
TC (Dieta+AF) 6 meses % variação do ExP
Após 6 meses = -9,5%
Dieta+AF+ TeC
Após 6 meses = -10,2%
Dieta+AF+TeC+RP
Após 6 meses = -24,4%
Epstein et al (2000)(84)
67 6 meses de programa de controlo de peso
TC (Dieta+ AF) 12 meses Variação do peso
Após 6 e 12 meses = -6,2 kg e -1,2kg
Dieta+AF+RP Após 6 e 12 meses = -6,8 kg e -1,3 kg
Israel et al (1994)
Citado por (35)
20 (8-13) Intervenção com multi-componentes
TC [AF+Dieta (foco nos pais)]
3 anos % de variação do ExP
Após 6,12 e 36 meses = -12,5%, -0,7% e +6,2%
AF+Dieta (foco nas crianças)
Após 6,12 e 36 meses= -15,5%, -5,8% e -4,8%
Golan et al (1998)(85)
60 (6-11) Tratamento convencional (Dieta e AF)
Dieta+AF (foco nos pais)
D % de variação do ExP
-14,6%
TC [Dieta+AF (foco nas crianças)]
-8,6%
Flodmark et al (1993)(86)
44 (10-11) 14-18 meses (Dieta e AF)
TC 26-30 meses
Variação do IMC
Após 30 meses = +1,6 kg/m2
TC+TF Após 30 meses = +1,1 kg/m2
Controlo (ST) Após 30 meses = +2,8 kg/m2
25
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Moya et al(1)
(2007) 426 Seguimento na
CN: AF, Dieta, AP)
14 meses-11anos
Evolução do rIMC
88 crianças com evol favorável (rIMC = 117%); 260 com evol desfavorável (rIMC = 125%); 78 com má evol (desitentes e rIMC = 135%)
Tanas et al(87) (2007)
190 Tratamento
Controlo (TC) 2,7±1,1 anos
Evolução do IMC
Após 3 anos: 42,8% crianças reduziram o IMC; 25.7% aumentaram o IMC
Intervenção (PET)
Após 3 anos: 72,9% reduziram o IMC; 11,8% aumentaram o IMC
Hughes et al(88)
(2007) 134 (5-11) 6-10 meses de
aonselhamento (Dieta/ AF/AS)
Controlo (TC) 12 meses Variação do zIMC e do peso (kg)
Após 6 e 12 meses: zIMC = -0,06 e -0,19; peso = +4,0 e +7,2
Intervenção (TC+TeC+AcF)
Após 6 e 12 meses: zMC = -0,10 e -0,07 peso = +3,2 e +7,0
Tabela 13. Características das intervenções para a redução da Ob infantil. Notas: Interv significa Intervenção; TC tratamento convencional; TeC terapia comportamental; AcF aconselhamento familiar; PET programa de educação terapêutica; ST sem tratamento; RP resolução de problemas; D desconhecido; TF terapia familiar; AP apoio psicológico; rIMC índice de massa corporal relativo; evol evolução; CN consulta de nutrição.
Após 6 meses de tratamento alguns estudos [Epstein et al (1985b), Graves
et al (1988), Israel et al (1994), Golan et al (1998)] obtiveram como resultado
diminuição estatisticamente significativa da percentagem de ExP e Ob.(35, 74) No
presente estudo ocorreu uma redução de 9,3% na prevalência de Ob, contudo
sem significado estatístico (p = 0,102). Foi evidente a tendência para a diminuição
da % de redução do ExP e Ob quando se fazia nova avaliação passado mais
tempo, mostrando uma certa precariedade na sustentabilidade dos resultados
nestes estudos.
Epstein et al (2000), obtiveram melhores resultados que o presente estudo
relativamente à evolução do peso das crianças após 6 meses de tratamento, uma
vez que conseguiram uma redução de -6,2 kg (não foi descrito a significância)
26
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
neste parâmetro. Após 12 meses de intervenção, este valor reduziu francamente
para apenas -1,2 kg de perda de peso.(35, 74) Neste estudo houve um aumento
estatisticamente significativo de 0,2 g no peso no final da intervenção.
Schwingshandl et al (1999) usaram como unidade de medida de resultado a
variação da MM, e obteve um aumento estatististicamente significativo de 2,7 kg
neste parâmetro após 3 meses de seguimento.(74, 89) No presente estudo, este
aumento foi de 1,8 kg após 6 meses de seguimento, e também foi
estatisticamente significativo.
A variação no IMC foi usada como unidade de medida de resultado por
Flodmark et al (1993), onde ocorreu um aumento estatisticamente significativo de
1,6 kg/m2 no IMC das crianças após 30 meses de seguimento.(35, 74, 89) Neste
estudo ocorreu uma redução estatisticamente significativa do IMC (-0,6 kg/m2)
após o tempo de seguimento. Contudo, tendo em conta que o tempo de
seguimento foi superior ao do presente estudo, não se pode fazer uma
comparação equitativa, e os melhores resultados encontrados pelo presente
estudo podem dever-se ao menor tempo de seguimento.
Tanas et al (2007) usaram como unidade de medida dos resultados a
evolução (redução/aumento) do IMC das crianças, e obteve os seguintes
resultados após uma média±dp de seguimento de 2,7±1,1 anos: 42,8% de
crianças com redução do IMC; 25,7% com um aumento e 31,5% com evolução
desconhecida.(87) No presente estudo os resultados foram os seguintes: 58,1% de
crianças reduziram o IMC e 41,9% aumentaram, após a intervenção. Parecem ser
melhores resultados, mas a questão do tempo de seguimento insurge-se de novo
aquando da interpretação destes resultados e deve ser tida em conta.
27
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Moya et al (2007), usaram como unidade de medida dos resultados a
evolução do índice de massa corporal relativo, que é um índice obtido pela divisão
do IMC pelos mesmos parâmetros correspondentes ao percentil 50 das curvas de
crescimento usados em crianças do mesmo género e idade e multiplicando-se por
100. Usando este índice, o peso normal corresponde ao valor compreendido entre
90 e 110%, o ExP ao valor compreendido entre 111 e 120% e a Ob a um valor �
121%. No seu estudo, 20,7% das crianças teve evolução favorável (rIMC =
117%), 61% teve evolução desfavorável (rIMC = 125%) e 18,3% teve uma má
evolução (desistentes e rIMC = 135%), após um tempo de seguimento
compreendido entre 14 meses e 11 anos (cada criança teve um determinado
tempo de seguimento, sendo o tempo mínimo de seguimento 14 meses e o
máximo 11 anos).(1)
O último estudo, levado a cabo por Hughes et al (2007), usou o zIMC e a
variação do peso como unidades de medida dos resultados e obteve uma
redução de 0.06 no zIMC e um aumento de 4,2 kg no peso das crianças (ambos
estatisticamente significativos) após 6 meses de seguimento. Após 12 meses o
aumento de peso foi de 7,2 kg e o zIMC sofreu uma redução de 0,19 (outra vez
resultados estatisticamente signficativos).(88) Neste estudo, os resultados foram
melhores, já que ocorreu uma redução de 0,2 do zIMC e como previamente
descrito um aumento de 0,2 g do peso após a intervenção, também ambos com
significado estatístico.
Os resultados acima descritos são referentes apenas ao TC já que não se
achou pertinente descrever os resultados dos outros tratamentos, nem fazer a
comparação entre as diferentes abordagens. Estes resultados indicam, sem
dúvida, um certo nível de sucesso terapêutico da abordagem convencional.
28
Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Contudo, também se notou que esta eficácia não é muito convicente a longo-
prazo.
É pertinente referir que o conceito de TC não foi unânime nos diferentes
estudos. Por exemplo: Israel et al consideraram TC aquele onde os pais eram os
principais responsáveis pelo cumprimento das prescrições do programa; Golan et
al, por sua vez consideraram TC aquele onde as crianças eram as principais
responsáveis pela sua própria perda de peso; Moya at al, descreveram o TC
como tendo as seguintes caracteristicas: cobertura a nível alimentar e de AF,
apoio psicológico e acesso livre às consultas; Hughes et al dizem que no TC é
oferecido aconselhamento em termos de alimentação e AF, não se explora a
motivação nem a questão das AS e as prescrições são feitas directamente aos
pais; Tanas et al apresentaram o TC como aquele onde se faz o aconselhamento
alimentar e de prática de AF e existem consultas regulares de seguimento. No
presente estudo, como já foi mencionado anteriormente, na CN era elaborado um
plano alimentar adequado à necessidade da criança, fornecia-se aconselhamento
em termos de AF, AS e ingestão de água, a motivação era explorada, a
responsabilidade do cumprimento da prescrições era atribuída aos pais e à
criança e existiam consultas regulares de seguimento.
Este estudo constatou uma diferença estatisticamente significativa na
classificação das crianças segundo as 2 referências usadas (IOTF e CDC). O
CDC encontrou uma maior prevalência de Ob (tabela 4). Resultados semelhantes
foram encontrados por outros estudos.(18, 90-96)
Hill et al sugeriram que uma das grandes razões para a elevada
percentagem de falhanço no tratamento da Ob é a falha em ver a manutenção do
peso perdido como um processo separado da perda de peso. De um ponto de
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Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
vista de balanço energético, a perda de peso envolve um periodo temporário de
balanço energético negativo, enquanto que a manutenção do peso perdido
envolve um período permanente a encontrar um balanco energético a um novo
nível.(27)
Os principais objectivos do tratamento nutricional na Ob infantil são:
diminuir a MG, evitar a perda de MM e assegurar o aporte de vitaminas e
minerais, tudo isto sem alterar o normal crescimento da criança.(97) No presente
estudo, ocorreu uma diminuição estatisticamente significativa da %MG e um
aumento da MM também com significado estatístico.
Promover hábitos de EV saudáveis deve ser o objectivo principal de
qualquer intervenção para o tratamento da Ob.(10)
Um estudo realizado em Portugal, com crianças dos 7 aos 9 anos de idade
constatou que as crianças obesas tendem a participar menos em actividades
físicas.(53) No presente estudo, ocorreu um aumento estatisticamente significativo
na prática de AF e na ingestão de água (resultados estes que poderão estar na
base do aumento da MM e na redução da %MG). Aqui a prática de AF refere-se
apenas à AF programada, as aulas de educação física foram avaliadas em
separado, e por se ter encontrado poucos registos, foram excluídas dos
resultados.
As frutas e os produtos hortícolas são importantes fontes de micronutrientes
vitais, e existe agora uma crescente evidência de que o consumo destes
alimentos na infância pode proteger contra uma extensão de doenças infantis.
As pesquisas nutricionais revelam que as crianças e adultos na maior parte
das regiões do mundo não atingem a meta mínima de consumo sugerido. E as
crianças e adolescentes estão particularmente em risco, pelo seu comportamento
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Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
alimentar errático, incluindo a troca das frutas e vegetais por alimentos de elevada
densidade energética nos lanches.(98) As crianças deste estudo não foram
excepção, já que apresentavam no início da intervenção um baixo consumo de
frutas e produtos hortícolas (tabela 2).
Epstein et al fizeram um estudo em crianças com ExP (8 a 12 anos) onde o
objectivo foi verificar o efeito da promoção de uma alimentação saudável versus a
redução de alimentos com elevada densidade energética no tratamento da Ob
infantil. Obtiveram os seguintes resultados: redução estatisticamente significativa
do zIMC e da % ExP em ambos os grupos após 6,12 e 24 meses, demonstrando
que a promoção de uma alimentação saudável pode ser um importante alvo no
tratamento da Ob nas crianças.(99) A CN deste estudo combinou as 2 abordagens
uma vez que promoveu a ingestão de alimentos saudáveis e a redução da
ingestão de alimentos não saudáveis, conseguindo induzir uma significativa
melhoria no padrão alimentar destas crianças. Diminuíram o consumo de bebidas
açucaradas e dos produtos doces e salgados, e por outro lado duplicaram o
consumo de fruta e produtos hortícolas (tabela 11).
Neste estudo também se analisou as diferenças nas características das
crianças desistentes e não desistentes. Existiu uma diferença estatisticamente
significativa na data da P1, no PcMG e no consumo de lacticínios e produtos
doces entre os 2 grupos.
Os desistentes tinham tido a P1 um ano mais cedo. Este facto poderá estar
relacionado com a contínua evolução do que está preconizado para o tratamento
da Ob infantil. Por exemplo, aspectos como as horas de sono, as horas passadas
em AS, entre outros, só recentemente têm vindo a ser abordados na CN. Estas
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Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
crianças teriam recebido um outro tipo de abordagem, com resultados finais
provavelmente pouco satisfatórios, o que teria conduzido à desistência da CN.
As crianças que desistiram da CN estavam num menor PcMG
comparativamente às que permaneceram. Isto leva a crer que seriam crianças
que provavelmente teriam ExP e não aparentariam um marcado excesso de
gordura corporal e seriam percepcionados pelos pais como tendo peso normal,
levando à desistência, por acharem desnecessária a CN. Está descrito na
literatura que pais de crianças com ExP subestimam o peso do seu filho e falham
em reconhecer o seu ExP.(100, 101)
Verificou-se um menor consumo de lacticínios nos desistentes. E, dado que
os desistentes eram também os que tinham um maior consumo de bebidas
açucaradas (contudo esta diferença não teve significado estatístico), pode-se
supôr que eventualmente trocavam os lacticínios pelas bebidas açucaradas nos
lanches.
Os desistentes eram os que consumiam mais produtos doces. Este facto
pode ter estado na base de uma maior dificuldade no cumprimento da prescrição
dietética, e ter levado à desistência da CN.
O IMC é amplamente usado para classificar a Ob e o ExP, contudo é uma
medida que não distingue entre a MM e a MG.(22, 44) Uma das desvantagens
apontadas é a sua moderada correlação com a altura.(44) Neste estudo esta
correlação foi fraca, mas estatisticamente significatica. E tendo em conta que a
patologia associada à Ob é derivada do excesso de MG, a ferramenta de
monitorização ideal devia avaliar a adiposidade directamente.(12, 22)
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Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
Os aparelhos de bioimpedância são menos precisos do que as mais sofisticadas
ferramentas de pesquisa, mas oferecem uma importante vantagem prática, pelo
facto de serem baratos e simples de usar.(22, 102)
Um estudo conduzido por Fredman et al (2005), com 2554 crianças em
idade escolar, mostrou uma correlação moderada entre o IMC e a gordura
corporal (medida pelas pregas cutâneas).(44) O presente estudo encontrou uma
correlação forte estatisticamente significativa entre o IMC e %MG (obtida pela
bioimpedância). Entre o PcIMC e o PcMG encontrou-se uma associação
moderada, mas também com significado estatístico.
Estes resultados apontam o IMC como uma medida razoável da
adiposidade, que pode ser utilizada com alguma tranquilidade pelos estudos
epidemiológicos, mas que levanta algumas preocupações aos profisionais de
saúde que esperam categorizar os seus doentes com precisão quando empregam
estes métodos. Portanto, sempre que possível, deve-se aliar ao IMC uma medida
de estimativa directa da %MG aquando da avaliação da composição corporal,
para uma melhor avaliação e monitorização dos doentes.
O consumo de bebidas açucaradas pode ser um potencial factor para a
epidemia do ExP e Ob, visto estas bebidas terem elevado teor de açucar
adicionado, baixa saciedade e uma incompleta compensação em termos de
energia total.(52) Este estudo encontrou uma associação positiva estatisticamente
significativa entre o consumo de bebidas açucaradas e o PcIMC das crianças. E a
associação negativa, também com significado estatístico, encontrada entre o
consumo de bebidas açucaradas e o consumo de lacticínios, torna evidente que
uma maior ingestão de bebidas açucaradas pelas crianças poderá ser feita à
custa de uma diminuição na ingestão de lacticínios, denotando um padrão errado
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de substituição de uns pelos outros. Por isso, o consumo de bebidas açucaradas
deve ser desencorajada, e esforços no sentido de promover o consumo de
bebidas como a água e o leite devem constituir uma prioridade.
Segundo um estudo levado a cabo por Elfhag et al o factor mais importante
para a ingestão de alimentos saudáveis e não saudáveis pelas crianças foi a
ingestão alimentar dos seus pais.(103) O presente estudo encontrou associação
estatisticamente significativa entre a idade da mãe e o consumo de fruta e prática
de AF programada, revelando a idade da mãe como um factor de determinação
do padrão de e.v dos seus filhos. Filhos de mães mais velhas consumiam mais
fruta e praticavam mais AF programada. Isto poderá significar que estas mães
estariam mais sensibilizadas para a problemática da Ob e por isso cumpririam
mais à risca as prescrições, ou então, que teriam um padrão alimentar mais
saudável e consequentemente os seus filhos teriam hábitos de EV mais
saudáveis.
As associações estatiscamente significativas encontradas entre a prática de
AF programada e o consumo de fruta e produtos salgados, leva a crer que um
comportamento saudável induz outros comportamentos saudáveis (quem
praticava mais AF programada, tinha também um maior consumo de fruta e um
menor consumo de produtos salgados), ou então, que as crianças que cumpriram
as recomendações em termos de AF são também as que cumpriram as
recomendações de alimentação saudável.
A ingestão de produtos salgados e produtos doces parece contribuir para o
aumento da gordura corporal das crianças, uma vez que este trabalho encontrou
uma associação positiva estatisticamente signficativa entre o consumo destes
produtos e o PcMG das crianças.
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O peso à nascença teve uma associação positiva sem significado
estatístico com o IMC, já o comprimento à nascença teve uma correlação positiva
moderada com o IMC, com significado estatístico. Contudo, é de se referir que o
tamanho amostral era pequeno (dado ao facto de ter-se encontrado poucos
registos do comprimento à nascença na população).
Uma limitação deste estudo foi o facto de não se ter verificado os efeitos da
CN nestas crianças após um maior tempo de seguimento. Esta limitação existiu,
sem dúvida, como consequência daquela que considero ter sido a principal
limitação do estudo, o pouco tempo disponível para executar o mesmo.
7. Conclusões
Actualmente, a Ob infantil é sem dúvida o maior problema de saúde pública
dos países desenvolvidos.
Do presente estudo concluiu-se que a CN é uma abordagem eficaz, uma
vez que permitiu a redução do IMC e levou à aquisição de hábitos de EV
saudáveis por parte das crianças. Mostrou a necessidade de se criar uma
referência consensual e universal para definir a Ob infantil. Deu a conhecer
características específicas das crianças que desistem da CN, permitindo desta
forma o seu imediato reconhecimento, e a consequente adopção de abordagens
adequadas para evitar a provável desistência.
Continuar a investigar novas abordagens que possam ser eficazes no
tratamento da Ob infantil é sem dúvida o caminho a seguir. Mas também penso
que é bastante pertinente e urgente, em termos de pesquisas futuras, os
investigadores debruçarem-se sobre estudos com o objectivo de determinar os
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Trabalho de Investigação Ceomara Pina 2008/2009
mediadores e os moderadores da eficácia das diferentes abordagens, e a
extensão da intensidade necessária para que os bons resultados destas
intervenções possam perdurar no futuro.
Os esforços devem todos convergir no sentido de se encontrarem métodos
de prevenção e tratamento eficazes a longo prazo, em prol de uma infância
saudável, mais do que merecida pelas crianças de todo o mundo.
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Índice de Anexos
Anexo 1 – Caracterização inicial das crianças por géneros a1
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a2
Sexo N Média dp p
Peso à nascença (kg) Feminino 34 3,3 0,47 0,423
Masculino 21 3,5 0,60
Tempo de amamentação
(em meses)
Feminino 30 11,2917 14,65 0,015
Masculino 19 4,1579 3,35
Idade da mãe Feminino 26 35,1 5,17
Masculino 20 34,9 7,90 0,897
Idade do pai Feminino 26 37,2 5,24
Masculino 20 38 7,83 0,698
AF escola Feminino 7 01H27m 01H00m
Masculino 11 01H49m 01H13m 0,534
AF organizada fora da
escola (horas/semana)
Feminino 35 01H13m 01H22m
Masculino 34 01H27m 01H44m 0,528
Agua corporal (kg) Feminino 11 20,7 4,12
Masculino 13 20,2 5,06 0,809
Bebidas açucaradas Feminino 42 0,9 1,026 0,616
Masculino 37 1 1,013
Data inicial Feminino 42 Out/05
Masculino 37 Abr/05 0,211
Estatura inicial em metros Feminino 42 1,34 0,10
Masculino 37 1,32 0,12 0,664
Fruta Feminino 42 0,98 1,04 0,649
Masculino 37 1,08 0,98
Produtos hortícolas Feminino 42 0,90 0,75 0,479
Masculino 37 0,78 0,75
Idade (anos) Feminino 42 7,5 1,43 0,329
Masculino 37 7,9 2,00
IMC (kg/m2) Feminino 42 23,9 2,97 0,155
Masculino 37 24,9 3,33
Lacticínios Feminino 42 2,8 1,30 0,941
Masculino 37 2,9 1,31
MG (kg) Feminino 16 13,2 4,43 0,565
Masculino 13 14,5 7,29
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a3
MM (kg) Feminino 16 27,3 4,61 0,904
Masculino 13 27,6 6,92
n º refeições Feminino 42 4,98 0,92 0,880
Masculino 37 4,95 0,84
Produtos doces Feminino 42 1,81 1,34 0,933
Masculino 37 1,78 1,35
PcIMC Feminino 42 97,1 3,19 0,089
Masculino 37 98,2 2,44
PcMG Feminino 17 94,1 5,09 0,870
Masculino 13 93,5 13,23
%MG Feminino 17 31,6 4,77 0,618
Masculino 13 33,1 11,34
Peso (kg) Feminino 42 43,3 10,94 0,565
Masculino 37 44,8 11,94
Produtos salgados Feminino 42 0,6 0,88 0,218
Masculino 37 0,8 0,99
AS Feminino 9 02H43m 01H25m 0,136
Masculino 4 01H30m 00H42m
zIMC Feminino 42 2,0 0,37 0,004
Masculino 37 2,3 0,51
Tabela a1. Caracterização inicial das crianças por género