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EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE FLEXIBILIDADE CERVICAL

EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

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Page 1: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O

GANHO DE FLEXIBILIDADE CERVICAL

Page 2: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

De acordo com Kisner e Colby (2009), a mobilidade é definida como

capacidades das estruturas e segmentos do corpo de se moverem ou movidos,

permitindo que haja amplitude de movimento para atividades funcionais, ou como a

capacidade de uma pessoa de iniciar, controlar e manter movimentos funcionais do

corpo para conseguir efetuar tarefas motoras simples e complexas. Ela esta

associada a integridade articular e a flexibilidade, “as quais são necessárias para

que os movimentos do corpo ocorram sem dor e sem restrições durante as tarefas

funcionais da vida diária”. (KISNER E COLBY, 2009).

Vários problemas podem levar a um comprometimento da mobilidade, que

podem ser um dos seguintes exemplos: uma imobilização prolongada de um

segmento, um desalinhamento postural, um desempenho muscular comprometido

acompanhando a um distúrbio musculoesquelético ou neuromuscular, um trauma

tecidual que resulte em inflamação e dor e deformidades congênitas ou adquiridas

que limitem a mobilidade, que cause diminuição ou aumento da extensão dos

tecidos moles que podem comprometer a musculatura (KISNER e COLBY,  2009).

A flexibilidade de um corpo é uma das variantes da capacidade física

da saúde, sendo definida como a máxima amplitude fisiológica passiva em um

movimento articular que irá depender da elasticidade muscular e da mobilidade

articular, sem que ocorram lesões anatômicas e patológicas. ”As fibras colágenas

são capazes de um leve grau de extensibilidade, sendo os principais constituintes

dos ligamentos e tendões que são submetidos a uma força de tração”. (FRANKEN

apud ALTER, 1999).

As fáscias são membranas do tecido conjuntivo, que variam em espessura e

densidade de acordo com as exigências funcionais de cada músculo ou órgãos e

encontra-se, na maior parte, na forma de folhas membranosas. Pode ser dividida

em três tipos: a fáscia superficial (pele);

 a fáscia profunda,  normalmente mais rígida, mais firme e mais compacta,

 que além de proteger, ele divide o corpo separando os músculos e os órgãos viscerais

internos; a fáscia suberosa é mais profunda em volta das cavidades

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do corpo formando a camada fibrosa das membranas serosas que cobrem e sustentam

as vísceras. (FRANKEN apud ALTER, 1999).

A função da fáscia é fornecer uma estrutura que liga o músculo e assegura o

alinhamento adequado das fibras musculares, vasos sanguíneos, linfáticos  e

nervos, além de permitir que as forças sejam transmitidas por todo o tecido de forma

segura e eficaz e também fornecer as superfícies lubrificadas entre as fibras

musculares e os feixes de fibra muscular, que permitem que o músculo mude sua

forma. (FRANKEN apud ALTER, 1999).

Dentro da Bandagem Funcional temos a Correção Fascial com a finalidade de

sustentação, nutrição e proteção tissular (MORINI, 2014).

O princípio básico da bandagem funcional utiliza a técnica de

correção fascial a fim de conduzir ao longo de uma direção desejada ou um

alinhamento. As aplicações fisiológicas incluem a correção de atividades muscular,

melhorar a amplitude de movimento ativa, melhorando a circulação sanguínea e

linfática, diminuindo a dor pela supressão neurológica e reposicionamento das

articulações (MORINI, 2014).

O principal propósito desse estudo é avaliar a eficácia da bandagem elástica,

aplicada na área das fibras superiores do músculo trapézio, para ganho de

flexibilidade no movimento cervical. E como objetivos específicos, proporcionar

ganho de flexibilidade no movimento de flexão-lateral cervical.

O estudo se norteia na seguinte questão: O uso da bandagem elástica ajuda

no ganho de flexibilidade cervical?

Em resposta a este questionamento pode-se levantar a seguinte hipótese:

que o uso da bandagem elástica sobre a área das fibras superiores do músculo

trapézio pode aumentar a flexibilidade cervical.

Page 4: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

1 CONCEITOS PRELIMINARES

1.1 História da bandagem elástica

Segundo Morini (2014), não é de hoje que as bandagens são

empregadas para tratamento. Em 460 a 377 a.C, Hipócrates empregava

bandagem para manter o posicionamento após manipulação para corrigir pé

torto congênito. No ano de 1575, Ambroise Paré também realizava seus

tratamentos de correção articulares com bandagem após manipulação e, em

1743, Nicolas Andry se aproveitava de bandagens umedecidas para tratar

ligamentos articulares.

Para Morini (2014), no Egito antigo utilizavam-se as bandagens de outra

maneira, a conservação de corpos após a morte, nos processos de

mumificação.

Pode-se considerar bandagem todo material flexível utilizado como auxílio externo ao corpo humano. As bandagens podem ser classificadas como rígidas ou inelásticas (deformam plasticamente) e elásticas. São exemplos de bandagem rígida: esparadrapo, micropore, faixa crepe de gesso. Já as bandagens elásticas são as que possuem a capacidade de se esticar e voltar ao seu estado de repouso (deformação elástica) (MORINI, 2014, p.2).

De acordo com Morini (2014), muitas pessoas desconhecem que, para

fazer o uso da aplicação da bandagem (rígida ou elástica), necessita-se ter

conhecimento aprofundado de anatomia e biomecânica. Nas aplicações para

tratamentos ortopédicos ou neurológicos, a técnica não deve ser realizada por

pessoas que não sejam profissionais da área da saúde, e mesmo estes devem

possuir qualificação adequada e o entendimento das propriedades físicas da

bandagem, e também noções dos critérios de utilização.

Para Morini (2014), uma grande maioria dos terapeutas faz o uso da

bandagem elástica visando tratar condições ortopédicas, como traumas, lesões

e principalmente algias. E a utilização em pacientes com comprometimento

neurológico tem aumentado de forma considerável.

Segundo Kase, Lemos e Dias (2013), em 1973 Dr. Kenzo Kase

desenvolveu uma técnica de bandagem elástica com o intuito de propor ao

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paciente um recurso terapêutico onde auxiliasse o corpo a busca da

homeostase entre as sessões de quiropraxia. Dr. Kenzo entendeu que os

tecidos contráteis e outros tecidos moles, como fáscias, ligamentos e tendões,

quando submetidos a estímulos gerados por um suporte externo,

consequentemente buscavam suas funções de normalidade.

A partir deste fato, Dr. Kenzo desenvolveu mais de vinte tipos de

bandagens, chegando à bandagem atual, a qual apresenta elasticidade

semelhante à pele (KASE, LEMOS e DIAS 2013).

De acordo com Kase, Lemos e Dias (2013), a utilização da bandagem

elástica cresceu rapidamente devido a sua grande aceitação entre os

profissionais da saúde, além de evidenciar, após a sua aplicação, vantagens

que a fez tornar o padrão ouro das bandagens para as intervenções em

paciente atualmente. São empregados nos diversos níveis de assistência, seja

primário (prevenção de lesões), secundário (tratamento agudos e subagudos)

ou terciário (situações crônicas de incapacidades funcionais), com resultados

resguardados e com mínimos de efeitos colaterais.

1.1.1 Características da bandagem elástica

Figura 1: Bandagem elástica.

Fonte: elaborado pelos autores, 2015.

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Para Kase, Lemos e Dias (2013), a bandagem elástica apesar de ser um

adesivo hipoalergênico, é a prova d'água, não possui qualquer substância

medicamentosa aderida e é composta de 100% algodão com adesivo 100%

acrílico termoativo.

Ela foi desenvolvida para permitir uma elasticidade longitudinal com cerca de 40% a 60% de alongamento do seu comprimento em repouso, tendo espessura e textura similares às da pele. Não apresenta elasticidade no sentido transversal. Contêm linhas que representam a distribuição da cola adesiva à imagem de impressões digitais, a fim de similar os diversos sentidos da elasticidade da pele humana. (KASE, LEMOS e DIAS, 2013, p.15).

1.1.2 Princípios básicos da bandagem elástica

Segundo Kase, Lemos e Dias (2013), a bandagem elástica pode agir na

musculatura, nas articulações, na circulação linfática, nas fáscias, na derme,

em tendões e ligamentos. Deste modo, é primordial o diagnóstico do

componente específico envolvido na causa da disfunção, que pode ser de

origem neurológica, muscular, articular, fascial ou aponeurótica, dérmica,

circulatória e linfática. O sucesso da aplicação está diretamente relacionado

com esses conhecimentos semiológicos e da aplicação correta da bandagem.

De acordo com Kase, Lemos e Dias (2013), a bandagem é constituída

por âncoras ou pontos fixos, nos quais devem ser aplicadas a zero% de tensão,

que, em geral, estão localizadas nas extremidades da bandagem. Entre elas,

localiza-se a zona terapêutica, local que recebe a tensão de tratamento para o

tecido alvo.

Recomenda-se não ser econômico nas ancoragens, pois âncoras pequenas tracionam as extremidades da bandagem sobre a pele, podendo causar irritações, microlesões, aumento do edema e até mesmo de hemorragias. Geralmente, indicam- se âncoras de 2,5 a 5 cm nas aplicações abaixo de 40% de tensão. Acima de 50% de tensão, são necessárias âncoras maiores. Além da tensão empregada, outro fator que determina ou o tamanho da âncora é o comprimento da zona terapêutica. Portanto quanto maior a zona terapêutica, maior a ancoragem. Toda ancoragem, inicial ou distal sempre deve possuir 0% de tensão (KASE, LEMOS e DIAS, 2013, p.18).

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1.1.3 Funções da bandagem elástica

Segundo Morini (2014), o objetivo na utilização da bandagem elástica,

será proporcionar um desenvolvimento neuropsicomotor e buscar a integração

sensorial corporal para melhor adaptação dos pacientes ao ambiente.

1.1.4 Função dérmica

Para Kase, Lemos e Dias (2013), a bandagem elástica, possui uma

função dérmica de analgesia do resultado da ação sensorial da bandagem

sobre mecanoreceptores através das pressões, tensões, elevações,

descompressões e trações da pele.

1.1.5 Função muscular

De acordo com Kase, Lemos e Dias (2013), a função muscular

desencadeia efeitos diretamente sobre a musculatura, estimulando e ativando

o músculo durante o movimento, onde será possível melhorar a contração

sinérgica de um músculo enfraquecido, inibido, hipotônico e desequilibrado,

diminuindo episódios de fadiga, contraturas, espasmos e lesões musculares.

Por outro lado, também podem ser observados em condições em que os

músculos se encontram hiperativos, hipertônicos e excessivamente fortes. A

bandagem agirá de forma inibitória, diminuindo as atividades musculares que

estão em excesso.

1.1.6 Função linfática

Segundo Kase, Lemos e Dias (2013), a propriedade elástica da

bandagem proporciona a elevação da pele por meio das circunvoluções e

beneficia a massagem suave da região por meio das trações e tensões

superficiais, gerando uma drenagem dos fluidos corporais, assim com os

movimentos corporais promove trocas de pressão entre a primeira camada

superficial da epiderme e derme, a hipoderme e a fáscia superficial. Levando à

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abertura e ao fechamento dos vasos linfáticos e sanguíneos devido aos seus

diversos filamentos aderidos às suas camadas superficiais da pele.

1.1.7 Função articular

Para Kase, Lemos e Dias (2013), a bandagem age na função articular

melhorando o desalinhamento biomecânico e instabilidade das estruturas

osteomusculares, desenvolvidos frequentemente por disfunções de

movimentos, em que, estão envolvidas a uma atividade constante e repetitiva,

a manutenção elástica e a desequilíbrios musculares como: encurtamento,

fraqueza, tensão, perda da rigidez, distonias, entre outras condições. A

bandagem atua diretamente sobre o alinhamento articular, promovendo o

equilíbrio entre os músculos agonistas, antagonista e sinergistas, permitindo o

controle dos movimentos patológicos e a reeducação motora.

1.1.8 Efeitos fisiológicos da bandagem elástica

Para Kase, Lemos e Dias (2013), a bandagem elástica proporciona

efeitos relacionados de acordo com as suas funções e os objetivos com a

aplicação da mesma seriam:

a) Aliviar a dor e as sensações anormais da pele e músculos;

b) Harmonizar o equilíbrio e suporte aos músculos durante os

movimentos;

c) Deslocar edemas linfáticos e sanguíneos;

d) Corrigir os desalinhamentos articulares e biomecânicos;

e) Criar mais espaços nos níveis epidérmicos, dérmicos e hipodérmicos.

1.1.9 Contraindicações e precauções da bandagem elástica

De acordo com Kase, Lemos e Dias (2013), é contraindicado realizar a

aplicação da bandagem elástica em regiões com atividade malignas ativas,

trombose venosa profunda ativa, sobre celulites, feridas abertas, infecções

ativas de pele e em pacientes que possuam alergias à bandagem.

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As precauções ou as situações que necessitam de um cuidado maior são: diabetes, doenças renais, sensibilidade apresentada por outras bandagens, insuficiência cardíaca congestiva, pele frágil ou em processo de cicatrização, e condições em que não foi detectada uma causa clara da disfunção em questão (KASE, LEMOS E DIAS, 2013, p. 28).

1.2 Anatomia e fisiologia muscular

Segundo Dangelo e Fattini (2002), os músculos são os elementos ativos

e os ossos são elementos passivos do movimento (alavanca biológica), dentro

do aparelho locomotor. Porém, a musculatura não assegura só a dinâmica,

mas também a estática do corpo humano. A musculatura não apenas torna

possível o movimento como também mantém unidas as peças ósseas

determinando a posição e postura do esqueleto.

A morfologia muscular descrita por Neumann (2010), tem o contorno

básico de um músculo como um todo. Eles podem apresentar diversos

formatos, influenciando a função final, sendo o mais comum o fusiforme e o

penado. Sendo que os penados apresentam fibras que chegam obliquamente

ao tendão central, contendo maiores números de fibras e gerando mais forças.

1.2.1 Mecânica muscular

Para Dangelo e Fattini (2002), a contração do ventre muscular vai

produzir um trabalho mecânico, visto pelo movimento de um segmento do

corpo. O ventre muscular não é preso ao esqueleto para que possa contrair-se

livremente. As extremidades do músculo são fixados em pelo menos dois

ossos, de maneira que cruza a articulação, e ao contrair-se há um

encurtamento do músculo e o deslocamento do membro movimentado. As

fibras musculares podem reduzir seu comprimento em cerca de um terço ou a

sua metade, em relação ao estado de repouso.

A potência do músculo esta relacionada com o tipo de fibras e o número

de fibras do ventre muscular, e a amplitude de contração depende de seu grau

de encurtamento (DANGELO e FATTINI, 2002).

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1.2.1.1 Mobilidade

De acordo com Kisner e Colby (2009), a mobilidade é definida como

capacidades das estruturas e segmentos do corpo de se moverem ou serem

movidos, permitindo que haja amplitude de movimento para atividades

funcionais, ou como a capacidade de uma pessoa de iniciar, controlar e manter

movimentos funcionais do corpo para conseguir efetuar tarefas motoras simples

e complexas. Ela esta associada a integridade articular e a flexibilidade, “as

quais são necessárias para que os movimentos do corpo ocorram sem dor e

sem restrições durante as tarefas funcionais da vida diária” (KISNER e COLBY,

2009).

Vários problemas podem levar a um comprometimento da mobilidade,

que podem ser um dos seguintes exemplos: uma imobilização prolongada de

um segmento, um desalinhamento postural, um desempenho muscular

comprometido acompanhando a um distúrbio musculoesquelético ou

neuromuscular, um trauma tecidual que resulte em inflamação e dor e

deformidades congênitas ou adquiridas que limitem a mobilidade, que cause

diminuição ou aumento da extensão dos tecidos moles que podem

comprometer a musculatura (KISNER e COLBY,  2009).

1.2.1.2 Flexibilidade

A flexibilidade de um corpo é uma das variantes da capacidade física

da saúde, sendo definida como a máxima amplitude fisiológica passiva em um

movimento articular que irá depender da elasticidade muscular e da mobilidade

articular, sem que ocorram lesões anatômicas e patológicas. ”As fibras

colágenas são capazes de um leve grau de extensibilidade, sendo os principais

constituintes dos ligamentos e tendões que são submetidos a uma força de

tração” (FRANKEN apud ALTER, 1999).

1.2.2 Músculo Trapézio

O músculo trapézio é uma camada plana de fibras musculares,

localizado na parte superior das costas. Sua origem fica na base do crânio, no

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osso occipital, no ligamento do pescoço e a série de processos espinhosos das

vértebras, desde a sétima cervical até a décima segunda torácica, e a sua

inserção fica no terço externo da borda posterior da clavícula, no acrômio e na

borda superior da espinha da escápula. A primeira porção descendente sai da

base do crânio e se insere no terço distal na clavícula, e sua ação é quando a

cabeça está livre para mover. A sua contração deprime a parte posterior do

crânio fazendo com que este se volte para o lado; “como o crânio se articula

livremente sobre um pivô, em sua base, esta ação inclinará o queixo para cima

e girará para o lado oposto” (BURKE, RASH, 1991). Quando as primeiras

porções do lado direito e esquerdo se contraem ao mesmo tempo, impedem a

rotação da cabeça e levantam o queixo com força.

“Estudos eletromiográficos indicam que o trapézio funciona, em tais

movimentos, como um músculo acessório; e só é incluído no movimento

quando este se processa contra uma forte resistência” (BURKE, RASH, 1991).

O trapézio superior, o elevador da escápula e as digitações superiores

do serrátil anterior formam uma unidade que proporciona sustentação passiva

do ombro, elevação do mesmo e o componente superior do par de forças

necessárias para a rotação escapular (BURKE e RASCH, 1991).

Segundo Neusmann (2010), a maioria dos músculos do complexo do

ombro se encaixa em uma das duas categorias funcionais: estabilizadores

proximais ou mobilizadores distais. Sendo que o trapézio inclui-se nos

estabilizadores proximais, que são músculos que se originam na coluna, nas

costelas e no crânio e se inserem na escapula e na clavícula.

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Figura 2: Músculos do pescoço e tronco.

Figura 3: Músculo trapézio.

Page 13: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

1.3 Movimentos ativos da coluna cervical

São vários movimentos que a coluna cervical consegue realizar. Os

movimentos de flexão, extensão, flexão lateral direita e esquerda, rotação

direita e esquerda, movimentos combinados, movimentos repetitivos e

posições sustentadas. A amplitude na flexão é de no máximo de 80º a 90º; na

extensão é limitada a 70º; na flexão lateral é de 20º a 45º e na rotação é de 70º

a 90º. Sendo que o músculo trapézio atua somente nas extensões da cabeça e

pescoço, rotação da cabeça e flexão lateral da cabeça (MAGEE, 2005).

1.4 Fáscia Muscular

As fáscias são membranas do tecido conjuntivo, que variam em

espessura e densidade de acordo com as exigências funcionais de cada

músculo ou órgãos e encontra-se, na maior parte, na forma de folhas

membranosas. Pode ser dividida em três tipos: a fáscia superficial (pele);

 a fáscia profunda,  normalmente mais rígida, mais firme e mais compacta,

 que além de proteger, ele divide o corpo separando os músculos e os órgãos

viscerais internos; a fáscia suberosa é mais profunda em volta das cavidades

do corpo formando a camada fibrosa das membranas serosas que cobrem e

sustentam as vísceras (FRANKEN apud ALTER, 1999).

A função da fáscia é fornecer uma estrutura que liga o músculo e

assegura o alinhamento adequado das fibras musculares, vasos sanguíneos,

linfáticos  e nervos, além de permitir que as forças sejam transmitidas por todo

o tecido de forma segura e eficaz e também fornecer as superfícies lubrificadas

entre as fibras musculares e os feixes de fibra muscular, que permitem que o

músculo mude sua forma (FRANKEN apud ALTER, 1999).

Segundo Dangelo e Fattini (2002), a espessura da fáscia muscular varia

de músculo para músculo, dependendo de sua função. Às vezes a fáscia

muscular é muito espessada e pode contribuir para prender o músculo ao

esqueleto. Para que os músculos possam exercer eficientemente um trabalho

de tração ao se contrair, é necessário que eles estejam dentro de uma bainha

elástica de contenção, papel executado pela fáscia muscular.

Os princípios básicos da bandagem funcional utilizam a técnica de

correção fascial a fim de conduzir ao longo de uma direção desejada ou um

Page 14: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

alinhamento.  Suas aplicações fisiológicas incluem a correção de atividades

musculares melhorando a amplitude de movimento, ativa a circulação

sanguínea e linfática, diminuição da dor pela supressão neurológica e

reposicionamento das articulações (MORINI, 2014).

Figura 4: Fáscia.

1.4.1 Anatomia da fáscia

Duas grandes fáscias envolvem mais ou menos por completo o corpo humano: a fáscia superficialis e a aponeurose superficial. Constitui parte da blindagem tissular, o invólucro humano é mais ou menos comparável em qualquer região corporal. Ele compreende a pele, um panículo adiposo de espessura variável, a fáscia superficialis, o tecido subcutâneo no qual caminham os vasos e nervos assim como suas ramificações, a aponeurose superficial (BIENFAIT, 1999, p. 25).

Page 15: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

1.4.1.1 A fáscia superficialis

A fáscia supercialis dá origem no ápice do crânio pela aponeurose

epicraniana, que vai dos músculos frontais aos occipitais e, lateralmente, da

inserção aos auriculares. Ela está ligada a aponeurose temporal ou uma faixa

de tecido conjuntivo frouxo que se modifica, sob arcada zigomática, em fáscia

supercialis, após ter-se inserido nos dois lábios do bordo superior dessa arcada.

Não existe fascia superficialis na face, os músculos ligam-se diretamente a pele.

Ela recobre todo o ombro e a região axilar. E uma fascia frouxa que se

interrompe nas regiões de tensão que são as mesmas de ocorrência de

escaras. É o ponto de partida de todos os vasos linfáticos periféricos. As

queimaduras superficiais extensas são graves por causa da lesão dessas

fáscias (BIENFAIT, 1999).

1.4.1.2 Aponeurose superficial

A aponeurose superficial é o invólucro do corpo, ele recobre toda a face

externa. De espessura e textura variáveis, está presente em todas as regiões,

sendo a mais importante de toda a anatomia. É o conjunto de todas as

aponeuroses. É o ponto de partida de todas as aponeuroses musculares. Tem

espessura variável porque tem a capacidade de desdobrar-se. A aponeurose

anterior se prolonga e envolve os trapézios na parte posterior (BIENFAIT,

1999).

1.5 Tecido conjuntivo

Segundo Bienfait (1999), a palavra fáscia no singular não representa

uma entidade fisiológica, mas um conjunto membranoso, muito extenso, no

qual tudo esta ligado, em continuidade, uma entidade funcional. Esse conjunto

de tecidos que constitui uma peça única trouxe noção de globalidade, sobre a

qual se apoiam todas as técnicas de terapia manual. A base de todas essas

técnicas, é que o menor tensionamento, seja ativo ou passivo repercute sobre

o conjunto. Todas as peças anatômicas podem dessa forma, ser considerada

mecanicamente ligada entre si, em todos os campos da fisiologia.

Page 16: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

O tecido conjuntivo representa 70% dos tecidos humanos. Assim como

todos os tecidos, o conjuntivo e formado por células conjuntivas: os blastos.

Sua função é apenas a secreção de duas proteínas de constituição: o colágeno

e a elastina. O envelhecimento do homem é uma densificação progressiva de

seu tecido conjuntivo, chegando com frequência a uma ossificação, a artrose.

Mediante da produção de novas fibras colagenosas, a densificação reduz o

volume dos espaços lacunares e a circulação dos fluidos. O tecido conjuntivo

desempenha papel considerável na circulação dos fluidos. Sendo o principal

agente dessa circulação, por suas continuas mobilidade. O papel mais

importante seria a de proteção do músculo contra si mesmo. As aponeuroses

mantém suas contrações em seus limites, evitando rupturas (BIENFAIT, 1999).

1.5.1 A função fascial

Para Bienfait (1999), a aponeurose superficial é o órgão mecânico

principal da coordenação motora. A mobilidade dessas aponeuroses é o agente

mecânico da circulação de retorno. Uma função mecânica utiliza diversos

órgãos e esses órgãos encontram-se ligados entre si pelo tecido conjuntivo, as

fáscias e aponeuroses. As solicitações mecânicas vão acompanhar conforme a

sua função e os órgãos em questão. Um órgão pode ser utilizado para várias

funções, uma mesma fáscia pode ser usada por várias cadeias. A fisiologia da

locomoção é composta por duas subfunções mecanicamente independentes

que são a função mecânica e a função estática. A função mecânica é a do

movimento, dos deslocamentos segmentares, eventual e fásica, enquanto que

a estática é da fixação dos segmentos que servem de pontos de apoio aos

movimentos ou que controlam os efeitos da gravidade, permanente e reflexa.

Sendo que as duas funções são globais.

1.5.2 Patologia da fáscia

De acordo com Bienfait (1999), não podemos considerar toda a

patologia do conjuntivo, a da propagação do vírus, a das afecções de nutrição

e eliminação, e sim as patologias mecânicas desse tecido conjuntivo fibroso,

que podem ser combatidas por meios de tratamentos fisioterapêuticos.

Page 17: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

É pela circulação de fluídos em seu feixe conjuntivo que ocorrem as

mudanças de densidade do meio interno e as possibilidades de osmose. É no

líquido lacunar que se inicia a função de eliminação linfática. Ficando fácil de

entender que toda imobilidade da fáscia, todo bloqueio de sua mobilidade

acarreta uma estase líquida. A maioria dos problemas dolorosos é decorrente

de tensões anormais que a fáscia suporta. Duas das regiões que são atingidas

com mais frequência são a coluna dorsal inferior e a coluna cervical (BIENFAIT,

1999).

A patologia mecânica mais importante do tecido conjuntivo fibroso é a

artrose. Pode assumir duas formas: a densificação-calcificação e a

degeneração da cartilagem (BIENFAIT, 1999, p. 63).

Sendo que essa densificação é acompanhada por perda de elasticidade

que provoca tensões. O envelhecimento do homem é em grande parte a

densificação do seu conjuntivo. Para essa defesa do tecido, a mucina de

ligação entre seus feixes conjuntivos fixa sais minerais e pode ir até a

calcificação, surgindo assim a artrose articular, os osteófitos e os bicos de

papagaios (BIENFAIT, 1999).

Os encurtamentos e as retrações são responsáveis pela maioria dos

desequilíbrios estáticos, sobretudo pela evolução e fixação desse e de todas as

estases tissulares, impedindo a mobilidade da fáscia. Sendo responsável por

70% dos fenômenos de artroses; a densificação do tecido conjuntivo pode

chegar facilmente á calcificação (BIENFAIT, 1999).

1.5.3 Fáscia Cervical

A fáscia cervical tem basicamente 03 lâminas: superficial, pré-traqueal e

pré-vertebral. Na parte anterolateral do pescoço, onde estas lâminas estão

intimamente associadas entre si, elas formam a bainha carótica. Sendo que a

lâmina superficial reveste todas as estruturas superficiais do pescoço, a lâmina

pré-traqueal circunda as principais vísceras, traqueia e esôfago, e a pré-

vertebral a coluna vertebral e os músculos estreitamente relacionados com ela.

A lâmina superficial prende-se nos processos espinhosos cervicais e ligamento

nucal, logo se divide para revestir ambas as faces do músculo trapézio.

(DANGELO e FATTINI, 2002).

Page 18: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

Figura 5: Fáscias cervicais superficial, pré-traqueal e pré-vertebral.

1.6 Tensegridade

Segundo Myers (2009), a geometria que aplicamos ao corpo tem sido

geralmente limitada a alavancas, ângulos e planos inclinados, com base na

teoria do "músculo isolado". Quanto à linha de investigação sobre a mecânica

newtoniana de força que sustenta nossa compreensão atual da cinesiologia,

ainda não produziu modelos convincentes de movimentos tão fundamentais

como os da caminhada humana. Uma nova compreensão da mecânica da

biologia celular está prestes a expandir o pensamento da cinesiologia e

proporção ideal do corpo humano.

A Tensegridade ou integridade tensional foi criada e utilizada pelo

designer R. Buckminster Fuller, arquiteto, onde se refere às estruturas que

mantêm a sua integridade devido a um equilíbrio de forças de tensão

entrelaçadas contínuas através da estrutura em oposição a forças

compressivas contínuas. Ela descreve uma relação estrutural em que a forma é

de acordo com os desempenhos tensionais finitamente fechados, com um

Page 19: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

amplo e sistema contínuo, e não comportamentos do membro descontínuo e

exclusivamente local (MYERS, 2009).

A integridade depende da força tensional aplicada aos feixes de

contenções, componentes miofasciais, e não da força compressiva ou do

equilíbrio estático dos ossos. “A tensegridade tem em sua constituição uma

relação entre fáscias, músculos e estruturas ósseas (DAVIS, 2006)”.

Toda estrutura animal em movimento, incluindo a nossa, deve ser “finitamente fechada”, ou seja, autônoma e capaz de ficar coesa, independentemente de estarmos de pé apoiados nos pés, de pé apoiado sobre a cabeça ou voando pelos ares em um mergulho de cisne (MYERS, 2009, p.45).

Há duas formas de suportar objetos no nosso universo são tensão ou compressão e suspensão ou escoramentos. As paredes seguram e dão sustentação a um tijolo em cima do outro criando uma estrutura de compressão contínua. Um guindaste suspende objetos através da tensão no cabo (MYERS, 2009, p.47).

Para Myers (2009), a tensegridade fascial implica paridade do tônus,

com concessões para diferentes tipos de fibras musculares e alterações na

densidade desde a superfície até locais profundos. Conforme as informações

clínicas elas sugerem que a indução desta paridade do tônus produz um

aumento do comprimento, facilitação do movimento e adaptabilidade para o

cliente tanto nos aspectos somáticos quanto psicossomáticos.

Figura 6A: Tensegridade

Page 20: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

Figura 6B: Modelo da constituição de

tensegridade da pelve.

Figura 6C: Tensegridade do ser humano.

1.6.1 Memória fascial

Conforme Davis (2006), as memórias dos eventos ou traumas passados

pelo nosso corpo, estão enraizadas na estrutura, principalmente no sistema

fascial. Essas emoções armazenadas podem bloquear ou dificultar seu

processo de cura. Todas as células do corpo, não somente a estrutura fascial,

Page 21: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

tem uma consciência, que armazena memórias e emoções. Muitas pesquisam

sugerem que a mente e o corpo atuam um sobre o outro de forma notável. Os

pesquisadores estão conseguindo demonstrar com a ajuda de sofisticados

equipamentos laboratorial, que as emoções podem ser a causa das respostas

alteradas do sistema imune, do conjunto das glândulas e células que formam o

mecanismo de defesa do organismo.

Tem sido demonstrado repetidamente que, quando um bloqueio fascial é desfeito pela liberação miofascial, ou quando uma pessoa assume uma postura significativa durante o alongamento miofascial, os tecidos são liberados e uma memória ou emoção vem à tona. Esse evento eletrofísico produz uma alteração positiva e melhora o estado do paciente. A liberação e o alongamento miofasciais não são lineares, mas resultam em um efeito corporal total capaz de produzir grande variedade de efeitos físicos, emocionais e mentais (DAVIS, 2006).

Page 22: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

2 O EXPERIMENTO

2.1 Casuística e Métodos

2.1.1 Condições Ambientais

O ensaio clínico randomizado controlado com um assessor cego, foi

realizado nas dependências do Centro Universitário Católico Salesiano

Auxilium de Lins residente na Rua 9 de julho, n°1010 Centro, Lins SP. Os

testes e as intervenções foram realizados no período de 16 de setembro a 20

de outubro de 2015, após aprovação do comitê de ética e pesquisa do

Unisalesiano.

2.1.2 Sujeitos

No estudo participaram 30 jovens do gênero feminino, estudantes do

curso de fisioterapia Unisalesiano Lins-SP, na faixa etária de 18 a 30 anos de

idade, sedentária. As voluntárias foram divididas em três grupos, dez dessas

voluntárias formaram um grupo sem a aplicação da bandagem, dez com a

bandagem sem tensão e as outras dez com a bandagem tensionada a 25%.

Sendo que a primeira pesquisadora realizou o teste para flexibilidade

sem o conhecimento dos grupos com tensão e sem tensão, que foram

escolhidas aleatoriamente e sem conhecimento pelas voluntárias das tensões

nas aplicações pela segunda pesquisadora, e revelados somente após o

término da avaliação final.

2.1.3 Materiais

Os materiais utilizados foram: bandagem elástica; câmera digital;

flexímetro; tesoura; álcool 70%; cadeira com encosto e fixador de cabelos em

spray para aumentar a adesão da bandagem na pele.

Page 23: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

Figura 7: Materiais utilizados.

2.1.4 Testes

Foi realizado teste para flexibilidade utilizando o flexímetro: Teste de

flexão-lateral da cabeça ativo. A pessoa a ser avaliada permaneceu sentada

em uma cadeira, a coluna ficando apoiada e com a postura ereta. O flexímetro

foi colocado com a tira ao redor da cabeça, com o mostrador posicionado na

face anterior da cabeça (testa), voltado para o avaliador. Estabilizou-se a

cintura escapular, evitando a flexão lateral do tronco. Os ombros mantiveram a

mesma linha, quando realizado o movimento da cervical. O queixo posicionado

para frente, o qual evitou a rotação da cervical.

As voluntárias receberam a aplicação da bandagem quando os testes do

flexímetro e mobilização de fáscia foram positivos.

O teste do flexímetro foi positivo quando a voluntária apresentou

assimetria na flexibilidade do movimento de flexão-lateral cervical.

O teste de mobilização de fáscia aplicado bilateralmente do movimento

de flexão-lateral cervical. Neste teste a face palmar da mão do examinador

permaneceu em contato com a superfície da região das fibras superiores do

Page 24: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

músculo trapézio. A partir daí o examinador mobilizou a fáscia em duas

direções (medial e lateral), e observou se em alguma das duas mobilizações de

fáscia havia aumento da flexibilidade do lado onde o movimento de flexão-

lateral cervical foi menor.

Nos grupos com bandagem elástica, sem tensão e tensionada a 25%, a

reação elástica da bandagem seguiu a mesma direção da mobilização de

fáscia que proporcionou o aumento da flexibilidade.

O teste flexibilidade foi realizado nos três grupos antes e depois de

quatro semanas, tempo utilizado para as aplicações de bandagem elástica nos

grupos experimentais.

Figura 8: Posicionamento do Flexímetro

para realização do teste.

Page 25: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

Figura 9: Teste de flexibilidade cervical

com o flexímetro.

2.1.5 Procedimentos

Antes da aplicação da bandagem elástica foi realizada a assepsia da

região com álcool 70% e aplicação do spray de cabelos para aumentar a

adesão à pele. A participante foi posicionada sentada com a cervical em flexão-

lateral. Durante o procedimento foi importante que a área estivesse desnuda,

devendo avaliar a integridade da pele antes da aplicação da bandagem elástica

e aplicada o spray de cabelo sobre a pele para aumentar adesão da bandagem.

Page 26: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

Figura 10: Bandagem elástica e o tipo de corte.

Figura 11: Aplicação da bandagem elástica sobre o músculo trapézio.

Page 27: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

Figura 12: Bandagem elástica aplicada.

2.1.6 Mensuração da bandagem e tensões

O cálculo de tensão da bandagem elástica para mensuração da

aplicação na zona terapêutica foi realizada utilizando uma amostra de 25 cm de

bandagem elástica, onde é fixada em um plano para aferição, sendo 5 cm de

comprimento de âncoras para cada lado com tensão zero e 15 cm de

comprimento de zona terapêutica ou zona móvel. Utilizando-se uma tensão

máxima de 100% nos 15 cm de zona terapêutica a bandagem passa a ter um

comprimento total de 40 cm, ou seja, a zona terapêutica foi aumentada em 15

cm. Utilizando regra de três simples foi encontrado o valor para 25% de tensão.

Sendo assim para que a bandagem tenha 25% de tensão seu comprimento

total contando zona terapêutica e as âncoras passam a ser de 28,75cm de

comprimento.

Page 28: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

2.1.7 Técnica da bandagem elástica

A técnica para aplicação da bandagem foi de acordo com a facilidade do

movimento da fáscia cervical. A aplicação consiste em um corte de 25 cm de

bandagem em forma de I, aplicada durante três semanas consecutivas, sendo

que a cada aplicação a permanência da bandagem sobre a pele foi de 5 dias e

depois um intervalo de descanso de 2 dias entre cada aplicação. Após a última

aplicação foi realizado o teste com o flexímetro 07 dias após a retirada da

bandagem.

2.2 Resultados

Tabela 1: 1ª e a 2ª avaliação, do Grupo Controle.

VOLUNTÁRIAS GC

1ª AVALIAÇÃO (º) D E

2ª AVALIAÇÃO (º) D E

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

50 42

55 50

60 52

60 50

35 45

45 30

45 35

45 40

45 35

55 52

47 54

51 51

53 54

52 50

45 50

40 45

37 35

37 37

40 44

43 46

Fonte: elaborado pelos autores, 2015.

Nota: D= Direito, E= Esquerdo; GC= Grupo Controle. Foi considerada a média de ambos os

lados

Tabela 2: Percentual da evolução do Grupo Controle

VOLUNTÁRIAS LADO DIREITO (%) LADO ESQUERDO (%)

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

-06

-07

-12

-13

29

-11

-18

-18

-11

-22

29

02

04

-

11

50

-

-08

26

12

Page 29: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

Na Tabela 1, estão descritas os graus de flexibilidade cervical do lado

direito e esquerdo do grupo controle e na Tabela 2, o percentual realizado entre

a primeira avaliação e a segunda avaliação da flexibilidade deste mesmo grupo.

Tabela 3: 1ª e a 2ª avaliação e o percentual, do Grupo Bandagem sem tensão.

VOLUNTÁRIAS (GBST)

1ª AVALIAÇÃO (º)

2ª AVALIAÇÃO (º)

Δ%

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

E 57

E 32

E 53

D 38

D 30

E 28

D 35

D 40

E 45

D 40

E 55

E 40

E 54

D 36

D 35

E 36

D 42

D 35

E 49

D 45

-04

25

02

-05

17

29

20

-13

09

13

Nota: GBST= Grupo Bandagem sem tensão

Tabela 4: 1ª e a 2ª avaliação e o percentual, do Grupo Bandagem com tensão.

VOLUNTÁRIAS (GBCT)

1ª AVALIAÇÃO (º)

2ª AVALIAÇÃO (º)

Δ%

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

E 50

D 45

E 35

D 35

D 45

E 40

E 45

E 38

D 45

E 38

E 32

D 45

E 43

D 32

D 54

E 49

E 54

E 42

D 53

E 48

-36

-

23

-09

20

23

20

11

18

26

Nota: GBCT= Grupo Bandagem com tensão

Na tabela 3, demonstra os graus de flexibilidade na primeira e segunda

avaliação do lado de menor flexibilidade e o seu percentual no referido Grupo

Bandagem sem tensão.

Na tabela 4, demonstra os graus de flexibilidade na primeira e segunda

avaliação do lado de menor flexibilidade e o seu percentual no referido Grupo

Bandagem com tensão.

Page 30: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

Tabela 5: Percentual da evolução, voluntárias do Grupo Bandagem sem tensão

e Grupo Bandagem com tensão.

VOLUNTÁRIAS GBST (%) GBCT (%)

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

-4

25

2

-5

17

29

20

-13

9

13

-36

-

23

-9

20

23

20

11

18

26

Na Tabela 5, faz uma comparação do percentual de flexibilidade entre os

grupos bandagem sem tensão e o grupo bandagem com tensão.

2.3 Discussão

A mensuração da amplitude de movimento cervical é importante na

avaliação funcional e na intervenção fisioterapêutica. Portanto, neste trabalho

foi utilizado o Flexímetro, que é um equipamento simples que dispensa

calibrações, apresenta baixo custo operacional e facilidade no seu manuseio,

informando uma medida direta em graus de amplitude de movimento (ADM) na

flexão-lateral da cervical.

De acordo com as pesquisas de Florêncio et al. (2010), que compararam

o Flexímetro com o Cervical Range of Motion (CROM), para analisar ADM

cervical, chegaram aos mesmos valores obtidos na avaliação e concluíram que

ambas as ferramentas apresentam confiabilidades aceitáveis para a prática

clínica.

Baseando-se nos princípios de que o movimento e a atividade muscular

são indispensáveis para a manutenção de um estado saudável, a utilização da

bandagem elástica segue esse princípio não restringindo ou limitando seus

movimentos (VIEGAS apud VILLAR et al., 2011).

Na área desportiva, a sua utilização é muito bem vista pelos atletas pelo

fato de não restringir o movimento e pela sua aderência à pele. Apesar da

popularidade e da crescente utilização na prática clínica, principalmente na

Page 31: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

área do desporto, a evidência que tem por base a sua utilização é escassa e de

qualidade metodológica questionável (VIEGAS apud NAKAJIMA e

BALDRIDGE, 2013).

De acordo com Lemos et al. (2014), no caso de retração fascial, tensões

fasciais ocorrem juntamente com variações anormais de mobilidade do tecido e

flexibilidade, o que consequentemente leva à degradação do movimento.

Sendo que a terapia feita com Kinesio Taping, utilizando a correção fascial

descrita por Kenzo Kase visa criar e direcionar o movimento fascial, a fim de

conduzi-lo a uma direção desejada ou em um alinhamento, com isso libertar a

fáscia de quaisquer limitações de movimento através do movimento da pele em

relação ao músculo alvo por meio de uma tensão mecânica gerada pela

bandagem elástica.

Conforme Souza (2009), o estudo clínico randomizado (ECR) é uma das

ferramentas mais poderosas para a obtenção de evidências para o cuidado à

saúde. Baseiam-se na comparação entre duas ou mais intervenções

controladas pelos pesquisadores e aplicadas de forma aleatória em um grupo

de participante.

Em uma pesquisa de Iglesias et al. (2009), para verificar efeitos a curto

prazo de Kinesio taping na dor e na melhora da ADM de movimento cervical,

em pacientes com lesões cervicais aguda, em um ensaio clínico randomizado,

observou-se logo após as primeiras vinte e quatro horas da aplicação que o

uso da bandagem diminuiu o quadro álgico e aumentou a ADM. O teste foi

realizado em 41 pessoas (sendo 21 mulheres), foram divididos aleatoriamente

em 02 grupos, sendo que o grupo experimental recebeu aplicação de Kinesio

taping na coluna cervical, aplicado com tensão e o do grupo placebo recebeu a

aplicação sem tensão. O resultado foi estatisticamente significativo para a dor e

aumento de ADM, para todas as direções da amplitude de movimento cervical.

Karatas et al. (2011), estudou 32 cirurgiões (entre 27 a 44 anos) que

trabalham no Hospital Universitário, com queixas de dor cervical e lombar e

após o quarto dia de permanência com a bandagem observou-se que os

indivíduos tiveram melhoras no quadro álgico, da performance funcional e

tiveram aumento da ADM.

Artioli e Bertolini (2014), pesquisaram a sua aplicação e os resultados

sobre a dor em 10 ensaios clínicos referentes à dor com Kinesio taping,

Page 32: EFICÁCIA DA BANDAGEM ELÁSTICA PARA O GANHO DE

avaliados por meio da escala PEDro. Sendo que seus resultados foram

semelhantes ou inferiores a outros grupos e que esse não seria o principal

tratamento de escolha, sendo ela considerada técnica adjunta ou

complementar. O que justificaria o efeito hipoalgésico seria a teoria das

comportas.

O presente estudo reforça o de Lemos et al. (2014). Eles pesquisaram o

efeito da bandagem elástica sobre as fáscias da região da coluna vertebral

lombar para o aumento da flexibilidade. Participaram 39 indivíduos do gênero

feminino com idade entre 18 a 27 anos, foram divididos em três grupos

(controle, tratados sem tensão e tratados com tensão). Nos dois grupos

tratados observaram mudanças na mobilidade da fáscia lombar. No entanto,

estes dois grupos não apresentaram diferenças significativas entre eles. Já no

presente estudo, os dois grupos que receberam aplicação de bandagem

obtiveram diferenças significativas quando comparados com o grupo controle, e

diferenças significativas também quando comparados entre os grupos que

receberam a aplicação da bandagem. Sendo o grupo tratado com tensão com

maior ganho de flexibilidade.

Luz Junior et al. (2015), relata em seu estudo que o Kinesio Taping não

é melhor que o Micropore, mas que ambos os grupos apresentaram diferenças

significantes quando comparadas ao grupo controle (não houve aplicação de

nenhuma bandagem).

Tanto os resultados do estudo de Lemos et al. (2014) como os

resultados de Luz Junior et al (2015) demonstram assim como o deste estudo,

resultados que a aplicação de uma bandagem é eficaz para o aumento de

flexibilidade. No entanto, a presença de tensão na bandagem não interfere

neste ganho de flexibilidade.

Por isso, estamos de acordo com Yazici et al. (2015), sobre o efeito de

melhora sensorial local que a presença da bandagem provoca. A melhora da

informação sensorial pode ser suficiente para aumentar a flexibilidade do

segmento estimulado.