Eja - Uma Revisão de Literatura

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  • DIVERSOS OLHARES SOBRE A EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS - EJA: uma reviso de literatura (1976-2004)1

    Poliana da Silva Almeida Santos Camargo2 Resumo: Por meio de uma reviso de literatura, acerca das pesquisas brasileiras que tiveram como foco principal de anlise a Educao de Jovens e Adultos (EJA), foi possvel o levantamento de 68 trabalhos entre artigos, dissertaes, teses e livros publicados no perodo de 1976 a 2004. Este artigo apresenta tais trabalhos, explicitando-os por meio de 05 categorias denominadas: 1) perspectivas polticas e histricas; 2) ensino, desenvolvimento e aprendizagem; 3) ensino e formao de professores; 4) percepes; 5) outras perspectivas. A grande preocupao dos estudiosos sobre as perspectivas poltica e histrica da EJA foi representada por 26 estudos, formando a primeira categoria. A segunda categoria: ensino, desenvolvimento e aprendizagem foi objeto de estudo em 20 pesquisas. Alguns estudos foram encontrados, vislumbrando outros horizontes da EJA, abordando temas como o telecurso, letramento e formao de professores, sendo possvel a localizao de 06 pesquisas (terceira categoria). Percepes sobre o processo ensino-aprendizagem tambm so objetos de 12 pesquisas, destacando o posicionamento da equipe escolar, dos professores e dos alunos sobre esse processo (quarta categoria). Intitulada outras perspectivas, a quinta categoria abrange 04 pesquisas que versam

    sobre evaso, educao de adultos presos e gnero. A reviso de literatura um importante instrumento de referncia/metodolgico para verificao de campos j pesquisados e outros inexplorados nas diversas reas de conhecimento e, principalmente, na EJA que ainda vislumbra um espao digno na educao brasileira e mundial. A socializao das pesquisas cientficas um dos mecanismos que engendram e tornam mais consistentes os processos de reconhecimento e mudanas qualitativas para esta modalidade de ensino. Palavras-chave: Educao de Jovens e Adultos ; Pesquisas; Teorias; Mtodos; Reviso de Literatura.

    1 Esta reviso de literatura origina-se da dissertao de mestrado, defendida na UNICAMP, intitulada

    Percepes de alunos jovens e adultos sobre o processo de ensino-aprendizagem. 2 Doutoranda do Programa de Ps-Graduao em Educao da Universidade Estadual de Campinas

    (FE/UNICAMP). Membro do Grupo de Estudos e Pesquisas em Educao de Jovens e Adultos

    (GEPEJA/FE/UNICAMP). Docente da Universidade Sagrado Corao (USC), dos cursos de Pedagogia e

    Licenciaturas Bauru/SP. E-mail: [email protected]

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    Introduo

    Tendo em vista o aumento do nmero de pesquisas sobre a Educao de

    Jovens e Adultos (EJA), nos ltimos anos, tornam-se imprescindveis revises de

    literatura que mapeiem temas, referenciais tericos, metodologias e principais

    resultados alcanados pelos estudos j realizados, em perodos especficos, com

    objetivo de explicitar avanos, possveis lacunas e campos fecundos e pouco

    explorados, que podero ser frteis para pesquisas posteriores nesta modalidade de

    ensino. pertinente citar trs importantes revises de literatura realizadas por

    Haddad (1987), Ribeiro (1992) e Haddad et al. (2002).

    Haddad (1987) publicou uma pesquisa (estado da arte) sobre o ensino

    supletivo no Brasil, abordando o perodo de 1971 a 1985. Os resultados foram

    categorizados em perfil da clientela; perfil da implantao; metodologia;

    professores; meios ofertados, rendimentos e funo social do ensino supletivo. J,

    Ribeiro (1992) apresentou um levantamento de pesquisas que tangenciam a

    metodologia de alfabetizao de adultos, contemplando os anos de 1971 a 1990.

    Haddad et al. (2002) realizou levantamento e anlise extensos dos estudos

    sobre a EJA, categorizando-os por temas: 1) o professor; 2) o aluno; 3) concepes e

    prticas pedaggicas; 4) polticas pblicas de educao de jovens e adultos e 5)

    educao popular e cerca de 16 subtemas, compreendendo o perodo de 1986 a 1998.

    O presente artigo um fragmento de um captulo da dissertao intitulada

    Percepes de alunos jovens e adultos sobre o processo de ensino-aprendizagem,

    de minha autoria, que foi desenvolvida vinculada ao programa de ps-graduao em

    educao, da UNICAMP Campinas/SP. Aps anlise no banco de teses da CAPES

    e outras pesquisas cientficas disponveis ao domnio pblico, evidenciamos alguns

    trabalhos j realizados que se dedicaram a EJA. Por meio da tcnica da anlise de

    contedo (BARDIN, 1977; FRANCO, 2005) os resumos e textos completos das

    pesquisas foram categorizados.

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    relevante mencionar que este artigo apresenta uma reviso de literatura com

    pesquisas que no foram localizadas e citadas nos trabalhos de Haddad (1987),

    Ribeiro (1992) e Haddad et al. (2002), correspondentes ao perodo de 1976 a 2004.

    Perspectivas Polticas e Histricas

    Vrias pesquisas enfatizaram o estudo das polticas pblicas, anlises

    histricas de momentos significativos, programas, campanhas e projetos no contexto

    da Educao de Jovens e Adultos, entre elas as de Manfredi (1976) e Marques (1977)

    que se preocuparam em fazer uma anlise sociolgica e verificar os nveis de

    aprovao ou reprovao do Movimento Brasileiro de Alfabetizao (MOBRAL).

    A educao no meio rural e no contexto do movimento dos trabalhadores sem-

    terra foi objeto de estudo de Queiroz (1984) e Barreiro (1989) que verificaram a

    necessidade de resgatar um projeto de educao popular, valorizador das

    particularidades da cultura do homem do campo e da educao popular, analisando,

    assim, a expanso do ensino pblico e particular e o resgate da cidadania. Por sua

    vez, Vasconcelos (1989) discutiu a Educao Popular no mbito da Educao de

    Adultos, enfocando a dimenso pedaggica e poltica da escola dos Autonomistas.

    Verificou dicotomias entre a Educao Popular e a Educao Formal.

    Num contexto mais atual, Bezerra Neto (1998) e Alvarino (2003) estudaram as

    prticas educativas e os efeitos do processo de Alfabetizao em Jovens e Adultos do

    Movimento Sem Terra, destacando as perspectivas e expectativas dos egressos

    alfabetizandos e dos educadores. Concluram que o projeto no gerou os efeitos

    esperados, pois no houve nmero suficiente de parcerias e nem treinamento

    adequado para os educadores.

    Carvalho (1998) e Silva (1998) investigaram a trajetria poltica educacional do

    Movimento de Alfabetizao de Jovens e Adultos (MOVA), analisaram as relaes

    entre cultura e poltica. Encontram um descompasso entre as metas polticas e as

    participaes populares, por meio dos movimentos sociais na elaborao da poltica.

    Alguns pesquisadores se interessaram pela investigao das relaes entre as

    prefeituras dos municpios, os movimentos de bairros e as universidades envolvidas

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    na Educao de Jovens e Adultos. Suas pesquisas analisaram propostas e projetos,

    enfocando aspectos polticos e pedaggicos, como o caso de Pierro (1996), Oliveira

    (1997), Amaral (2003) e Casrio (2003). Estes autores concluram que os projetos,

    apesar de apresentarem dificuldades em seu desenvolvimento, fomentaram reflexes

    acerca da necessidade de adequar metodologias, materiais e recursos didticos s

    especificidades dessa modalidade de ensino. Com isso, oportunizam uma prtica

    transformadora da alfabetizao valorizando os direitos e a dignidade das classes

    populares.

    Resgatar a histria da EJA importante para compreender seu estado atual e

    auxiliar no processo de transformaes qualitativas. Esta foi a inteno de alguns

    estudiosos que analisaram momentos especficos da histria da Educao de

    Adultos. Black (1990) realizou uma retrospectiva histrica da alfabetizao e

    educao continuada de adultos no Brasil e na Amrica Latina, evidenciando as

    diferentes influncias que contriburam para o desenvolvimento do ensino adulto.

    Concluiu que a Educao de Adultos deve ser compensadora, libertadora e

    permanente. J Rocha (1995) tentou compreender o processo de produo do

    analfabetismo, no contexto da constituio de um projeto de civilidade para o Brasil,

    em meados dos anos 20, contestando que a resoluo de todos os problemas est

    somente na Educao.

    Outro recorte histrico foi a anlise dos projetos de alfabetizao e Educao

    de Adultos, no perodo do Estado desenvolvimentista, de 1950 a 1963, realizada por

    Souza (1999) demonstrando que nesse momento a Educao era questo nacional;

    por isso, o Estado, a Igreja e a sociedade civil se organizavam, buscando a

    modernizao, a industrializao e a urbanizao do pas. Uma experincia de

    Educao Popular, na dcada de 90, foi objeto do estudo de Pereira (1999), que

    buscou resgatar a importncia da participao dos educadores e educandos na

    elaborao de um projeto poltico de sociedade.

    Os aspectos poltico e histrico so muito explorados pelos pesquisadores, no

    contexto da Educao de Adultos e muitos foram os trabalhos encontrados que

    tratam desses temas. Aps a anlise desse material, percebemos que a EJA necessita

    de polticas pblicas que garantam o direito e o acesso ao ensino pblico, gratuito e

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    de qualidade para todos, pois em algumas localidades, o atendimento educacional

    irrisrio, frente demanda de jovens e adultos interessados em iniciar ou continuar

    seus estudos. Constatamos, tambm, a urgncia no investimento para

    profissionalizao e formao de professores que atuam nessa rea, pois, os alunos,

    que conseguem chegar s escolas, encontram muitas dificuldades e alguns so

    marginalizados por mecanismos de excluso, mediados pela prpria escola.

    Outro ponto que percebemos como merecedor de ateno por parte dos

    pesquisadores, so os programas, as campanhas e os projetos promovidos por

    inmeras instituies educacionais ou empresas que viabilizaram processos de EJA,

    como o caso das pesquisas de Nelson (1997), Rabelo (1997), Chagas (1998), Lima

    (2000) e Reis (2000) que estudaram a prtica pedaggica do ensino supletivo e os

    interesses empresarias em relao educao do trabalhador e sua formao

    profissional. Os referidos pesquisadores identificaram, em algumas propostas, a

    fragilidade na formao dos alfabetizadores, o elevado ndice de evaso e a falta de

    competncia tcnico-cientfica, como obstculos ao acesso dos alunos aos bens

    culturais e tecnolgicos. Alguns desses estudos tambm puderam evidenciar as

    posturas dos educadores e contedos poltico-pedaggicos necessrios formao

    cidad, demonstrando os fatores que favorecem, desafiam e mobilizam a luta pela

    participao social e a superao dos problemas enfrentados pelos alunos jovens e

    adultos.

    As pesquisas de Costa (1987), Soares (1987) e Burgos (1990) demonstraram

    possibilidades positivas de trabalho, com tecnologias na Educao Popular,

    introduzindo a utilizao da televiso e do rdio, na transmisso de programao

    educativa. Num contexto mais atual, Braga (1996) descreveu e analisou a

    implantao do projeto de informtica educativa, num programa de alfabetizao e

    educao continuada de jovens e adultos e apontou para a importncia da relao de

    poder, cultura e tempo na informatizao da educao do trabalhador-estudante.

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    Ensino, Desenvolvimento e Aprendizagem

    Podemos citar, tambm, os estudos, cujos objetivos se centravam na

    verificao do desempenho de jovens e adultos, em atividades matemticas,

    analisando como os adultos no escolarizados registravam a linguagem matemtica.

    A seguir, podemos verificar como cada um dos pesquisadores analisou aspectos

    diferenciados na rea Matemtica, em diversos contextos.

    Ferreira (1998) identificou e analisou as crenas em relao Matemtica,

    desenvolvendo cinco estudos de caso com estudantes do curso noturno de uma

    escola pblica. Fantinato (2003) buscou compreender as relaes entre os

    conhecimentos matemticos construdos por jovens e adultos trabalhadores, na vida

    cotidiana e os conhecimentos matemticos escolares, no momento do regresso deles

    ao ensino fundamental, por meio de representaes quantitativas e espaciais, sobre

    os aspectos do cotidiano. Utilizaram a etnomatemtica como ferramenta, para

    compreender as razes socioculturais do conhecimento matemtico. Os autores

    identificaram algumas fragilidades entre a articulao dos conhecimentos

    matemticos trabalhados na escola e aqueles utilizados pelos alunos.

    O conhecimento numrico de jovens e adultos pouco escolarizados ou no-

    escolarizados sobre o conceito de nmero e suas elaboraes, a partir de situaes-

    problema de contagem, cuja soluo envolve a criao de abstraes elementares do

    conceito de nmero natural e decimal, sem a sistematizao da representao escrita,

    foi estudado por Toledo (1998), Abreu (1999) e Danyluk (2001). Os autores

    concluram que os adultos que no frequentaram a escola, encontram solues para

    os problemas enfrentados em seus cotidianos, como o caso de quantidades no

    representadas, por eles, de forma convencional; no entanto, se fazem entender por

    meio de outras resolues. Muitos realizam procedimentos de contagem e de clculo,

    utilizando estratgias de aproximao e estimativa, resolvem clculos mentais sem

    dificuldade, aprendem de modo informal as operaes elementares, conhecem o

    desenho, que indica um determinado nmero. Contudo, no compreendem as

    particularidades do sistema decimal de numerao. Percebeu-se que o saber

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    construdo pela vivncia, com base em suas relaes sociais, faltando, apenas, o saber

    grfico, representado pela escrita convencional e a compreenso de algumas noes

    de Matemtica.

    Maurmann (1999), por sua vez, preocupou-se em investigar o

    desenvolvimento do raciocnio lgico de adultos matriculados em classes de

    alfabetizao da Rede Pblica, por meio de resoluo de problemas lgicos de

    raciocnio dedutivo. Em seus resultados, a pesquisadora verificou que os alunos tm

    dificuldades em vrias reas do conhecimento e evidenciam maiores problemas na

    resoluo de exerccios de comparao.

    Dois autores investigaram aspectos do desenvolvimento cognitivo, lingstico

    e perceptivo, em jovens e adultos. A influncia da alfabetizao e da escolarizao no

    desenvolvimento cognitivo e lingstico de jovens e adultos foi estudada por Moraes

    (1994), concluindo que o desenvolvimento do raciocnio lgico-abstrato e lingstico

    est, intimamente, ligado ao exerccio contnuo da leitura e da escrita.

    O estudo de Ferreira (1997) com alunos adultos partiu das essncias

    fenomenolgicas a volta ao mundo da infncia e da juventude, projetos, sonhos e

    expectativas no concretizadas, sentimentos gerados pelo mundo no vivido, o

    despertar, a construo da conscincia de si mesmo e o resgate do mundo no vivido

    criando e apontando alternativas para que eles fizessem uma ressignificao de si

    mesmos.

    Como podemos verificar a seguir, a questo do desenvolvimento da leitura e

    da escrita, tambm foco de vrios estudos, no contexto da EJA. Taveira (1984),

    Arajo (1995) e Cossentini (2002) estudaram, por meio de textos e narrativas, as

    condies de reproduo do conhecimento no saber popular de alunos jovens e

    adultos e de pessoas que vivem na periferia. Esses trabalhos demonstraram a coeso

    e a intertextualidade na construo dos textos, reorganizaram o saber popular,

    reconstruindo e recriando o conhecimento dessas pessoas. Asmar (1990) objetivou

    traar o perfil de adultos analfabetos, levando em considerao os nveis de

    conhecimento da lngua escrita, correlacionando-os aos aspectos biolgicos,

    psicolgicos e socioeconmicos, comparando-os aos nveis de escrita de crianas. Os

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    resultados confirmam que os adultos tm uma superioridade em relao s crianas,

    no nvel de escrita.

    Sujeitos adultos, letrados e iletrados, de ambos os sexos, classificados em trs

    grupos, de acordo com a proficincia de leitura, foram avaliados por Nepomuceno

    (1990) com o objetivo de verificar as relaes entre as capacidades metafonolgicas

    que levam segmentao da cadeia da fala e o aprendizado da leitura nos sistemas

    alfabticos. Concluiu-se que o conhecimento dos fonemas condio prvia para o

    xito na aquisio da leitura. Santos (1992), por sua vez, investigou o processo de

    alfabetizao de adultos, numa perspectiva epistemolgica, por meio de avaliao

    cognitiva e verificou a existncia de dcifit cognitivo que se constitui como obstculo

    para a alfabetizao.

    Em contrapartida, Gervsio (1995) buscou compreender os processos

    fonolgicos que ocorrem na variedade lingustica dos adultos, em processo de

    alfabetizao, oferecendo subsdios, aos professores, para uma mudana de atitude,

    no tratamento dos erros de grafia de seus alunos. Nogueira (1995) e Simes (1995)

    objetivaram em suas pesquisas, estudar o processo de aquisio da linguagem

    escrita, em adultos, por meio da elaborao de texto, estabelecendo, as fases do

    desenvolvimento, a partir do nvel alfabtico at o nvel em que o aprendiz adulto

    seja capaz de expressar suas idias, por meio de uma linguagem compreensvel e,

    posteriormente, numa linguagem-padro. Os autores concluram que para atingir

    esse nvel de produo escrita, imprescindvel o exerccio da leitura, como suporte

    da produo textual.

    Com o objetivo de investigar as representaes sociais de escrita dos adultos,

    de ambos os sexos, Carvalho (1997) realizou uma pesquisa apontando para o fato de

    que elas se representam excludas do espao e do tempo da escrita, destacam que a

    escrita atividade da escola e de criana, delegam seu texto e sua voz a um

    representante, evidenciando o predomnio das habilidades de cpia e reproduo,

    em detrimento da criao e da expresso.

    As situaes didticas e intervenes pedaggicas investigadas por Medrano

    (2001) demonstraram interferncia no desenvolvimento da competncia de escrita

    do aluno adulto e evidenciou que eles se apropriaram da lngua escrita,

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    compreendendo que a leitura e escrita fazem parte da vida social e contribuem para a

    participao crtica na sociedade. J Luiz (2003) avaliou a memria operacional

    alas fonolgica e visuoespacial - em voluntrios analfabetos adultos, em diferentes

    estgios do processo de aquisio da leitura, antes e aps oito meses de alfabetizao.

    Verificou que houve melhora no desempenho dos participantes, na realizao das

    tarefas fonolgicas e visuespaciais, aps o perodo de alfabetizao. O ensino da

    Matemtica foi objeto de estudo de alguns autores, bem como o desenvolvimento

    cognitivo, lingustico, perceptivo, relaes interpessoais e, principalmente, a

    aprendizagem e o desenvolvimento da leitura e escrita, tambm se destacou nessa

    categoria.

    Percepes

    Investigar as percepes dos alunos, professores e equipe escolar sobre o

    processo de ensino-aprendizagem foi objeto de estudo de vrios autores. Com

    relao s pesquisas sobre as vises dos alunos e professores, acerca do processo

    ensino-aprendizagem, foi possvel verificar que os trabalhos versaram sobre temas

    como: atividades diferenciadas para cada faixa etria (ZONTA, 1990); funo social

    da escola (MARTINS, 1995); significado do retorno escola, constituio da

    identidade e construo de projetos de vida (OLIVEIRA, 1996); expectativas scio-

    educacionais e prticas educativas (FTIMA, 1997); significados atribudos

    escolarizao, destacando a aquisio da leitura e da escrita (TAVARES, 1999);

    desejos e necessidades (ALMEIDA, 2003) e elementos facilitadores/motivadores e

    dificultadores durante a entrada e permanncia no curso de alfabetizao (SANTOS,

    2003); representaes sobre o analfabeto e professor na viso de alunos e professores

    (FERNANDES, 2004). Pesquisas estas que sero explicitadas a seguir.

    Zonta (1990) analisou, por meio de questionrio e entrevista, a conscincia

    social de um grupo de 12 alunos, divididos entre as faixas etrias de 14 a 20 anos, 21

    a 30 anos e de 31 a 50 anos, de um Programa de EJA. Os resultados demonstraram

    que existem diferenas significativas entre os alunos e diferentes vises de mundo

    entre esses grupos e que o programa de educao de jovens e adultos deve

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    possibilitar a conscincia crtica, atendendo essas diferenas. Ele sugeriu, tambm,

    atividades que pudessem ser trabalhadas em cada faixa etria. Martins (1995), por

    sua vez, preocupou-se em investigar a funo social de uma escola pblica, para os

    alunos jovens e adultos, que frequentam o ensino supletivo. Seu estudo evidenciou

    que os alunos concluintes da fase de alfabetizao, demoram o dobro do tempo e os

    outros no terminam por serem excludos da escola, demonstrando que a escola no

    empreende o seu carter poltico-pedaggico e sua prtica est deslocada do contexto

    histrico e de sua funo social.

    Com o objetivo de compreender o significado do retorno escola, na

    constituio da identidade e na construo dos projetos de vida, Oliveira (1996)

    investigou, por meio de entrevistas dialgicas semi-estruturadas, os processos de

    alfabetizao de 09 adolescentes e adultos de ambos os sexos, com idade entre 15 e 65

    anos. Evidenciou-se que esses alunos passam por um processo de reconstruo

    pessoal, social e poltica, construindo uma nova identidade, vislumbrando novos

    projetos para suas vidas. O retorno escola significa para eles um marco decisivo no

    restabelecimento dos seus vnculos, com o conhecimento escolar, libertando-os do

    estigma do analfabetismo e dos sentimentos de inferioridade.

    Ftima (1997) analisou as expectativas scio-educacionais de um grupo de

    alfabetizandos jovens e adultos, com faixa etria entre 18 e 45 anos, com o objetivo de

    possibilitar prticas educativas mais prximas de seus interesses. A coleta de dados

    ocorreu em duas etapas: a primeira, por meio da aplicao de questionrio a 118

    jovens e adultos e a segunda, com a realizao de entrevistas com 26 respondentes do

    questionrio. O estudo conclui que os alfabetizandos buscam a superao das

    dificuldades dirias, por meio da escolarizao. Esses jovens e adultos buscam um

    curso de alfabetizao para atender s exigncias sociais, econmicas, polticas e

    culturais da sociedade. Eles afirmam que depois que passaram a frequentar o curso

    de alfabetizao, suas vidas melhoraram, pois aprenderam a ler e escrever,

    comunicam-se melhor, aumentaram sua auto-estima, resolveram com mais facilidade

    os problemas do cotidiano, melhorando o desempenho profissional, a viso da vida e

    do mundo.

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    O estudo de Tavares (1999) preocupou-se em identificar e analisar significados

    atribudos escolarizao, destacando a aquisio da leitura e da escrita, por alunos

    da EJA. Foram participantes da pesquisa, 03 professoras e 06 alunos que

    permaneciam a mais de 03 anos estacionados na mesma etapa do processo de

    alfabetizao, sem conseguir avanar para as classes seguintes. Os instrumentos que

    deram suporte coleta de dados, foram entrevistas semi-estruturadas realizadas com

    os alunos e seus respectivos professores, materiais produzidos e utilizados em sala

    de aula e observaes participantes, caracterizando-se como um estudo de caso.

    Segundo a autora, o processo de aprendizagem oportuniza aos alunos

    sentirem-se possuidores da palavra e confiantes na participao de processos de

    letramento, em seu meio social. Eles tm conscincia de que suas aprendizagens so

    significativas, mas, que no atendem s exigncias de atividades complexas de

    leitura e escrita. Destaca, ainda, que aos professores faltam conhecimentos com

    relao ao processo de aprendizagens dos alunos, letramento e alfabetizao.

    Por outro lado, Almeida (2003) realizou uma pesquisa com 04 alunos adultos,

    de um curso de alfabetizao, com o objetivo de descobrir quais so os desejos e

    necessidades dessas pessoas. Dentre as necessidades mais relevantes, apontadas por

    esses participantes, encontram-se a de registrar clculos mentais para conquistar

    credibilidade, ajudar os filhos na realizao das tarefas, ler a bblia, obter um diploma

    e realizar compras. Em relao s dificuldades, foram citadas: o preenchimento de

    ficha de seleo para emprego, a leitura de manuais que circulam no ambiente de

    trabalho e a escolaridade insuficiente. Aprender a escrever o nome foi uma das aes

    mais significativas no processo de alfabetizao. Todos os participantes afirmaram

    que somente a escola responsvel pela aquisio da leitura e da escrita; no entanto,

    a autora chama a ateno para o fato de que eles, em alguns momentos, no se

    sentiam satisfeitos, pois no viam suas necessidades serem atendidas.

    Santos (2003) realizou pesquisa com 04 alunos egressos do Ensino

    Fundamental de Jovens e Adultos, do Centro Pedaggico de uma Universidade

    Federal, com o objetivo de verificar quais foram os elementos

    facilitadores/motivadores e dificultadores durante a entrada e permanncia deles

    nesse curso, por meio das histrias de cada um. Em suas consideraes finais, a

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    autora destaca alguns pontos dificultadores como: baixa auto-estima; histria escolar

    marcada por fracassos; trajetria de vida repleta de constrangimentos pela pouca

    escolaridade; jornada de trabalho pesada, reaes negativas de familiares (maridos,

    irmos, filhos, esposas) dos alunos por conta de retorno aos estudos; diminuio do

    tempo livre para passar com a famlia e distanciamento dos filhos. Dentre os

    elementos facilitadores/motivadores apontados, destacam-se: o passar no exame de

    seleo; acesso dos alunos ao ambiente universitrio; proposta pedaggica baseada

    na construo de conhecimentos e valorizao das experincias de vida, resgatando o

    desejo de aprender; gratuidade dos estudos; material didtico e alimentao

    fornecidos pelo projeto; carinho, ateno e respeito dos professores-monitores.

    A seguir, apresentamos trabalhos que tiveram como foco de anlise, o

    processo de ensino-aprendizagem, na perspectiva dos alunos, dos professores e

    demais profissionais da instituio escolar. Fernandes (2004) realizou pesquisa com

    06 professores e 24 alunos, com idade variando de 12 a 26 anos. Tinha como objetivo

    analisar as representaes sociais desses participantes sobre o processo de

    alfabetizao que vivenciavam. Os dados foram coletados por meio de entrevistas

    semi-estruturadas e analisados atravs da anlise de contedo. Em suas concluses,

    afirma que os alunos veem o processo de alfabetizao como algo muito significativo,

    um meio para se chegar a melhores condies de vida e de trabalho. Com relao s

    representaes sociais dos alfabetizandos sobre o analfabeto pode-se citar que os

    alunos tm uma representao muito negativa e preconceituosa dessa condio. A

    representao positiva sobre a figura do professor est diretamente ligada ateno e

    tratamentos carinhosos direcionados aos alunos. O autor chama ateno para

    algumas contradies observadas ao analisar as falas das professoras. As

    alfabetizadoras tm uma viso negativa tambm sobre o analfabeto e desenvolvem

    uma baixa expectativa com relao a seus alunos, apesar de cultivar sentimentos de

    piedade e compaixo por eles. As professoras tm uma perspectiva positiva sobre a

    funo do professor, no entanto tm conscincia da desvalorizao dos salrios e

    desprestgio social dessa profisso.

    Em sua pesquisa, com professores dos crculos de cultura, professores e alunos

    de uma Faculdade de Educao, Lima (1997) avaliou a prtica poltico-pedaggica

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    desses professores, bem como as causas dos altos ndices de evaso dos alunos jovens

    e adultos, que deveriam freqentar os crculos de cultura. Evidencia que as reflexes

    permanentes foram extremamente importantes, contribuindo para que os professores

    preparassem suas aulas a partir da realidade dos alunos e de seus interesses

    imediatos; no entanto, o trabalho no atingiu todos os objetivos propostos, devido ao

    nmero elevado de evases. Por outro lado, Medeiros (1997) objetivou a anlise do

    ensino da leitura e escrita de um alfabetizador de uma escola pblica, evidenciando

    que as principais dificuldades do professor, no contexto construtivista de ensino, em

    relao linha de trabalho, so a m compreenso ou falta de conhecimentos

    aprofundados da teoria, falta de material nas escolas e rejeio de quem aprende.

    Uma descrio do significado do uso social da escrita e da leitura, conhecendo

    os significados da alfabetizao de jovens e adultos no contexto scio-histrico, por

    meio de pesquisa etnogrfica, foi possvel, atravs de Matos (2001) que entrevistou

    professores alfabetizadores atuantes no Programa Alfabetizao Solidria. Buscou

    informaes, por meio da observao participante, na elaborao de dirio de campo,

    realizou entrevistas semi-estruturadas e analisou documentos. Os dados foram

    estudados por meio de anlise de contedo. Concluiu que o significado da

    alfabetizao est vinculado s caractersticas regionais da comunidade e chamou

    ateno para o tempo insuficiente que os alfabetizadores tm para alfabetizar.

    O Movimento de Alfabetizao (MOVA) do Rio Grande do Sul foi o objeto de

    estudo da pesquisa de Silva (2001). Participaram do estudo 03 educadores populares,

    responsveis pelo processo de alfabetizao, 09 alunos, a Coordenadora Regional do

    MOVA, a Animadora Popular de Alfabetizao e o Apoiador Pedaggico. Esta

    pesquisa caracterizou-se como estudo de caso, cujos objetivos eram descrever,

    interpretar e compreender os significados atribudos pelos educadores populares, em

    relao alfabetizao, considerando tambm as percepes dos outros participantes.

    Os resultados demonstram que os significados atribudos ao processo de

    alfabetizao so explicitados por meio de trs categorias: 1) leitura de mundo e da

    realidade, pautada nas concepes freireanas de alfabetizao, construtivismo

    interacionista e experincias dos alunos; 2) alfabetizao como direito, em que a

    construo de conhecimentos acontecer ao longo da vida, dando maiores

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    oportunidades de conscientizao, transformao e mudana; 3) alfabetizao como

    uma ao de afeto, considerando que as experincias de afetividade influenciam no

    processo ensino-aprendizagem.

    Os alunos, professores e equipe escolar da EJA tm importantes observaes a

    fazer sobre o seu processo de ensino-aprendizagem. Dando oportunidade para que

    eles expressem suas crenas e expectativas, estamos abrindo um novo canal de

    dilogo e reflexo para entender melhor quais os mecanismos que perpassam essa

    modalidade de ensino.

    Ensino e Formao de Professores

    O Programa Telecurso que surgiu em 1978 , at hoje, um importante

    instrumento de escolarizao, para pessoas que querem estudar por meio da

    modalidade semi-presencial e a distncia. Tambm foi objeto de estudo de alguns

    pesquisadores. Iniciativas como estas, de medir o processo de ensino-aprendizagem

    por meio da tecnologia, foram estudadas por Anunciao (1987). A autora analisou

    um programa de ensino fundamental, transmitido via rdio e televiso. Nesse

    sentido, Pravadelli (1997) procurou compreender quais eram os objetivos e as

    expectativas das empresas ao adotar o programa. J, Cordenonssi (1998) analisou o

    programa, por meio de entrevistas com funcionrios do Sindicato dos Trabalhadores

    Municipais, confrontando a proposta e os fundamentos pedaggicos do programa

    com a realidade brasileira. Os autores demonstram em suas consideraes que o

    programa traz bons resultados na aprovao dos alunos, educa para o trabalho e

    responde s exigncias do mercado de trabalho; por isso as empresas buscam

    implant-lo para melhoria do nvel educacional de seus funcionrios.

    Outro aspecto relevante, no processo de aprendizagem da leitura e escrita, que

    vem sendo atualmente estudado o letramento. Lima (2001) procurou identificar as

    necessidades de letramento de jovens e adultos nada ou pouco escolarizados, como

    eles mesmos as concebiam, para confront-las com as concepes dessas

    necessidades na viso de formandos de magistrio e professores alfabetizadores de

    adultos. Verificou-se que as concepes dos jovens e adultos so condicionadas pela

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    situao de letramento, de seus contextos de convivncia e cursos de alfabetizao

    que frequentam. As concepes dos formandos e alfabetizadores so influenciadas

    pelas escolas de formao e cursos complementares, resultando em diferentes

    concepes sobre as necessidades de letramento, para cada grupo.

    importante discutir tambm, como se formam os professores que atuam ou

    atuaro na EJA e se os cursos de formao esto atendendo s especificidades que

    essa modalidade de ensino exige, no sentido de proporcionar uma educao de

    qualidade para aqueles que ficaram, tanto tempo, sem frequentar a escola.

    Algumas pesquisas j demonstram essa preocupao. Vianna (2001) estudou o

    papel do Coordenador Pedaggico na formao continuada de professores em

    servio na Educao de Jovens e Adultos. Teles (2003) analisou o processo de

    constituio dos professores, que atuavam nas sries iniciais do ensino fundamental

    da Educao de Jovens e Adultos, estabelecendo uma relao entre a formao do

    sistema pblico de ensino e aquela executada pelo movimento popular. Os autores

    refletem sobre questes terico-prticas, dirigidas reformulao curricular dos

    cursos de formao de professores, apontando caminhos para uma formao que

    leve em considerao a constituio mtua e recproca dos sujeitos, em suas

    condies histrico-culturais, defendendo a formao de um profissional reflexivo,

    que possa constituir uma prtica educativa e, efetivamente, emancipadora.

    Outras Perspectivas

    A questo da evaso, nos cursos de alfabetizao e educao continuada de

    adultos, um campo que merece ateno dos pesquisadores. Somente um trabalho

    foi localizado, tendo como foco esse tema, a saber: Fonseca (1996) estudou os fatores

    determinantes da evaso, numa experincia educativa realizada com jovens e adultos

    trabalhadores da indstria da construo civil. Apontou possveis caminhos de

    democratizao social e educacional que podem minimizar o problema da evaso.

    Tambm houve interesse de alguns autores em investigar como a educao de

    adultos acontece nas prises. o caso de Leite (1997) e Portugus (2001) refletindo

    sobre o papel da educao escolar para jovens e adultos, em contextos prisionais

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    programas de reabilitao do sistema penal do Estado de So Paulo e o processo de

    ressocializao dessa clientela. Discutiram as possibilidades para o desenvolvimento

    de um processo educativo, num ambiente altamente hostil, como os das

    penitencirias, cujos mecanismos organizacionais se pautam nos aspectos da

    punio, de controle e da vigilncia. Destacam que a educao compe a rea de

    reabilitao e no permanece neutra no processo de subjugao e resistncia dos

    encarcerados; no entanto, procuraram delinear possibilidades para que as

    prerrogativas da administrao penitenciria, no intervenham nas prticas

    educativas. Afirmam ainda que a contradio entre educao e reabilitao

    penitenciria explcita nesse contexto, pois enquanto a primeira luta pelo

    desenvolvimento das potencialidades e reabilitao dos sujeitos, a segunda tenta

    anul-los sem possibilidades de transformaes.

    Outro ponto, merecedor de ateno, o grande nmero de mulheres que

    frequentam os Cursos de Alfabetizao de Jovens e Adultos. Com intuito de entender

    quais eram as necessidade e dificuldades das mulheres de camadas populares que

    tentavam estudar, Nogueira (2003) criou subsdios para o estudo de gnero na EJA,

    discutindo a poltica educacional. Em sua concluso, afirma que para a mulher que

    decide voltar a estudar, so vrias as dificuldades enfrentadas entre a matrcula e a

    permanncia nas aulas, ou seja, contar com o apoio do marido, parentes, filhos,

    patroas ou com a violncia fsica e psicolgica; luta solitria pela sobrevivncia;

    deixar de ser obediente ao marido e brigar pelo seu direito de estudar; assumir, no

    contexto profissional, a opo pelo estudo e enxergar que o marido no tem o direito

    de impedir que ela prossiga seus estudos. Sentar nos bancos escolares representa o

    nascimento de uma nova vida, valorizada e reconhecida, por ser algum que

    adquiriu conhecimentos no contexto escolar. Constata-se, tambm, a carncia de

    estudos, cuja abordagem seja esta temtica, e a necessidade de polticas pblicas que

    viabilizem o enfoque de gnero, na organizao dos currculos ou projetos

    destinados a essa modalidade de ensino.

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    Consideraes Finais

    A grande preocupao dos estudiosos da EJA foi a anlise do aspecto poltico

    e o desenvolvimento da leitura e escrita. Entretanto, a anlise de momentos histricos

    marcantes, campanhas e projetos so temas, nos quais os pesquisadores, tambm,

    lanam seus olhares. Contudo, questes relacionadas ao ensino da Matemtica

    tambm se destacam entre as pesquisas. Alguns estudos foram encontrados,

    vislumbrando outros horizontes, tais como formao de professores, letramento,

    educao de adultos presos, evaso e gnero, no entanto, o interesse em pesquisar

    esses temas citados, aparece com menos frequncia, evidenciando espaos de

    fomentao para novos olhares e pesquisas, como pode ser constatado na Tabela 1.

    Alm das peculiaridades de cada trabalho e dos resultados socializados

    necessrio tecer algumas anlises decorrentes da reviso de literatura. Alguns

    autores chamam a ateno para a questo da educao no campo e educao

    popular, que continuam ainda, na contemporaneidade, no sendo tratadas com a

    importncia que mereciam. possvel observar que vrios autores destacam a

    necessidade de uma formao adequada para os professores que atuaro na EJA,

    assim como a constituio da profissionalizao docente para aqueles que j

    ministram aulas nessa modalidade. Apesar das carncias nas formaes inicial e

    continuada apontadas por vrios estudiosos, elas ainda no foram superadas nos

    dias atuais. As reas de conhecimento e habilidades da matemtica e da lngua

    portuguesa foram exploradas por diversos pesquisadores, no entanto, outras reas,

    tais como artes, cincias, histria, geografia no foram abordadas.

    Vrios autores preconizam o processo de ensino-aprendizagem na EJA,

    destacando os saltos qualitativos na vida acadmica, profissional e pessoal dos

    alunos jovens e adultos, apesar de problemas evidenciados em alguns contextos.

    TABELA 1 QUANTIDADE DE PESQUISAS POR CATEGORIAS E TEMAS

    CATEGORIAS TEMAS NMERO DE PESQUISAS

    LOCALIZADAS

    (1976-2004)

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    Perspectivas Polticas e Histricas

    Polticas pblicas 13

    Programas, campanhas e projetos 09 Histria e anlise de documentos 04

    Ensino, Desenvolvimento e Desenvolvimento e aprendizagem da leitura e escrita

    12

    Aprendizagem Ensino da matemtica 06 Desenvolvimento cognitivo e lingstico 02

    Formao de Professores e Formao de professores 02 Ensino Letramento 01

    Telecurso 03 Percepes Processos de ensino-aprendizagem 12

    Outras Perspectivas Gnero 01 Evaso 01 Educao de adultos presos 02 TOTAL 68 FONTE: CAMARGO, 2005, p. 110.

    Outro elemento significativo, possvel de ser observado no levantamento

    geral, foi o nmero de pesquisas por ano de realizao. Percebemos um maior

    nmero de pesquisas nos anos de 1995, 1996, 1997 e 1998. Talvez alguns

    acontecimentos histricos possam explicar a maior frequncia de estudos nesse

    perodo. Nos anos de 1993 a 1994 o Plano Decenal de Educao abordava questes

    sobre o acesso e continuidade ao ensino de jovens e adultos desescolarizados. Em

    1996, a homologao da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional

    LDBEN n. 9394/96 foi um marco na histria da educao do Brasil, estabelecendo

    a EJA como uma modalidade de ensino, dando novos rumos para a educao em

    geral. No ano de 1997, o Programa Alfabetizao Solidria nasceu com novas

    perspectivas de alfabetizao em diferentes localidades. Todavia, na atualidade,

    temos muito que investigar sobre a EJA.

    Ao longo de 28 anos (1976 a 2004), pesquisas significativas foram realizadas,

    contudo, nos ltimos 10 anos (2005-2014) um salto quantitativo e qualitativo j pode

    ser percebido, nos estudos contemporneos sobre a EJA, demonstrando um campo

    profcuo e j extenso para a realizao de uma nova reviso de literatura.

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    OTHER VIEWS ON EJA - YOUTH AND YOUNG ADULT EDUCATION: a review

    of literature (1976-2004) Abstract: As a result of a review of literature about Brazilian researches which had as main focus the analysis of the Youth and Young Adult Education program EJA, it was possible the survey of 68 works including articles, dissertations, theses, and books, published from 1976 to 2004. This paper presents such works, grouping them under 05 categories: 1) historical and political perspectives, 2) teaching, learning and development, 3) education and teacher training, 4) perceptions, and 5) other perspectives. The major concern of scholars about EJAs political and historical prospects was represented by 26 studies, which compose the first category. The second category, Teaching, learning and development, was studied by 20 studies. Some studies eliciting new horizons for EJA were found, which approached issues such as the telecourse, literacy and teacher training; 06 studies were listed (third category). Perceptions of the teaching-learning process are also objects of 12 studies, highlighting the school staffs, teachers and students opinion about this process (fourth category). Entitled as "Other Perspectives", the fifth category includes 04 studies that deal with student evasion, adult prisoners education and gender. Review of literature is an important reference and methodological tool to reveal fields already researched and others yet-to-be-explored in various areas of knowledge, and, in EJA, especially, since it still claims for worthy recognition in Brazilian as well as worldwide education. The dissemination of scientific researches is one of the means that generate and make the recognition processes and qualitative changes to be more consistent for this type of education. Keywords: Youth and young Adult Education ; Researches; Theories, Methods, Review of Literature. Referncias

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