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Embaixador da Esperança Edição 91. Abril 2015 www.fazenda.org.br Foto: Maurício Araújo Vitral: Capela do Mosteiro Mater Christi - Guaratinguetá/SP Que surpresa a morte nos reserva?

Embaixador da Esperança - Abril de 2015

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As experiências do dia a dia servem como caminho para os jovens deixarem de lado as escolhas equivocadas do passado e optar por algo mais valioso.

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Embaixador da EsperançaEdição 91. Abril 2015

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Que surpresa a morte nos reserva?

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Eis o que é planejado aos seres vivos criados por Deus neste mundo: nascer, crescer e morrer. Ins-pirados nas experiências e ensinamentos que

nos cercam no dia a dia, cremos que algo além da morte está preparado para continuarmos a vida.

Nas Fazendas da Esperança encontram-se aqueles que vieram marcados pela morte através das drogas; pessoas que tiveram suas vidas desestruturadas de al-guma forma, que tentaram encontrar uma resposta nesse mal. Esses fatos marcam negativamente a pes-soa e impedem que o relacionamento com o próximo não exista, ou seja limitado.

Ao decidir se recuperar, o(a) jovem passa no mínimo 12 meses na Fazenda da Esperança e, através da vida em comunidade, do trabalho e da vivência do Evange-lho, descobre um estilo de vida capaz de libertar o ser humano de todos os males, e o confere a missão de ser embaixador da esperança em qualquer lugar do mun-do, levando alegria e paz a todos que o rodearem.

Depois de concluir o período de recuperação o jo-vem recebe um diploma. É uma marca importante na vida de todos eles, pois após passar pelo menos um ano na Fazenda da Esperança, acredita-se numa pes-soa motivada, pronta a colocar em prática os valores aprendidos neste tempo. Deixam para trás o “homem velho” ou “mulher velha” e recomeçam como “homens

e mulheres novos” (cf Rm 6). Ele(a) tem, agora, a ca-pacidade de expandir na sociedade as experiências vi-venciadas na comunidade e que o trouxeram da morte para a vida.

Quando está na sociedade é que surge o grande desafio: continuar sua história de “vida nova”. O passo seguinte é colocar em prática o que aprendeu na Fa-zenda da Esperança. A verdadeira mudança na vida só acontece quando o jovem – na disposição de colocar em prática esse aprendizado – vivencia a Palavra no processo de conversão, que acontece primeiro inter-namente, a partir do momento em que se consegue perdoar os atos do passado e viver as escolhas do mo-mento presente de forma livre.

Um dos momentos que mostram que o jovem é uma pessoa diferente do que era no passado acontece quando ele consegue perdoar principalmente aqueles que estão à sua volta, começando assim a recriar o ambiente de família e a restaurar os valores perdidos por causa de seu passado. É importante para cada um estar atento a cada momento e pessoa à sua volta, procurando praticar tudo o que aprendeu com o Caris-ma da Esperança; ou seja, acreditar quando ninguém crê, perdoar quem o magoou, ajudar quem precisa, doar o que não usa mais, etc.

Dentro das Fazendas é dada aos jovens a oportunidade

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A dor não é mais um problema. É a oportunidade de se doar ao outro

A partir do término da recuperação, o jovem é capaz de anunciar a vida nova

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para apagar as escolhas erradas do passado e começar a escrever a nova história. Os que estão há mais tempo co-municam essa redescoberta aos recém-chegados. Motiva-do pelas novas experiências, o jovem passa a anunciar que a vida antiga não existe mais. Assim como as duas mulhe-res que foram ao túmulo de Jesus e não o encontraram (cf Mt 28), ele anuncia – em gestos e palavras – que a morte não está mais presente, pois é uma pessoa nova.

Celso Ribeiro, ex-recupe-rando da Fazenda da Espe-rança, é um dos exemplos dos milhares de jovens que já vi-veram essa transformação nas 101 Fazendas da Esperança. Ele conta que a cada dia é necessário viver a Palavra, pois só assim é possível continuar firme na escolha deste novo estilo de vida. “Eu nasci de novo! Esta maneira que vivo hoje, não troco por nada. Acordar cedo, disposto para o trabalho, formar família com minha esposa, é ser realmente feliz. Posso dizer que eu amo a vida. Quando terminei a recuperação na Fazenda eu já havia perdido tudo, meus pais já tinham falecido, não tinha para onde ir. Estava com medo, pois como eu ia voltar? Depois de conversar com o padre responsável, procurei entregar es-sas dificuldades nas mãos de Deus e fui acolhido por uma família de amigos de infância. Posso dizer que na-quele momento ganhei uma mãe. Eu agradeço a Deus por todas as pessoas que Ele colocou em minha vida e por elas acreditarem na minha recuperação”.

De acordo com Saad Zogheib, do Movimento dos Focolares, “a Fazenda da Esperança em qualquer qua-drante cultural tem proposto não só a recuperação das dependências, mas o resgate do desígnio pessoal de cada pessoa que procura ajuda. Trata-se de medidas que abranjam a humanidade toda da pessoa, apostando nela um processo de conversão e de reumanização capaz de torna-la agente não só da própria história pessoal reedita a luz do Evangelho e dos valores mais elevados da digni-dade humana, mas de evangelização e de prevenção dos efeitos devastadores da droga”.

Aqueles homens e mulheres que eram excluídos da sociedade passam a ser os instrumentos de Deus para testemunhar o novo caminho. Eles têm a certeza de que Deus é amor e que é possível construir a civilização do amor, contra todo negativismo e incerteza. Provam que a vida de morte que levavam ficou para trás e encontraram algo muito maior que traz a verdadeira felicidade.

Você, caro leitor, seja Embaixador da Esperança ou não, também pode fazer com que mais pessoas encon-trem a oportunidade de reescrever suas histórias de mor-te em vida; isso também chamamos de ressurreição.

Boletim do Embaixador - Edição 91 - abril 2015 - 3

Aconteceu comigoA minha vida antes de vir para a Fazenda foi bem sofrida. Usei drogas por 15 anos

e não tive um acompanhamento da minha família, porque minha mãe também era

usuária. Aos poucos fui perdendo as coisas, saí de casa e mudei de cidade. Mesmo ca-

sada continuei com o uso da droga e depois da morte da minha irmã eu piorei. Pouco tempo depois disso eu perdi a guarda de meus filhos, que estão sob os cuidados do conselho tutelar até hoje. Eu perdi real-

mente o sentido da vida, até que consegui pedir ajuda.

Desde que iniciei meu tratamento entendi que deveria me empenhar muito para me

recuperar. Já se passaram dez meses desde que cheguei e, assim como recebi ajuda,

procuro me colocar à disposição das meni-nas que chegam.

Uma experiência que fiz na Fazenda moti-vada pela Palavra foi de me colocar a ser-viço. Uma colega pensava em desistir do

tratamento e eu fui até ela para conversar. Assim, pude reanima-la e ela continuou

firme. Saber que de uma maneira ou outra eu posso ajudar me deixa muito feliz.

Aqui na Fazenda da Esperança aprendi a viver novamente. A reconhecer meus erros e amar ao próximo; pretendo levar o amor,

o respeito, a doação.

Meus filhos têm a esperança de ter a mãe que sempre sonharam, uma mãe que participasse da vida deles. Sei que eles

agradecem a Deus por Ele ter me dado no-vamente uma chance de poder reconstruir nossa história. Estou preparando uma nova vida, quando eu sair vou começar do zero lá fora. Não tenho nada, mas sei que

Deus está preparando algo pra mim.

Jussara Chaves, 32 anos, Juiz de Fora/MG

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Apoio pela regulamentação das Comunidades Terapêuticas

A-notável

OBRA SOCIAL NOSSA SENHORA DA GLÓRIA - FAZENDA DA ESPERANÇADepartamento Retorno à Vida - Caixa Postal 529 - CEP 12511-970 Guaratinguetá-SP Tel.: (12) 3128 8900 E-mail: [email protected]

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twitter.com/retornoavida

Nos meses de janei-ro e fevereiro aconte-ceu a campanha a favor da regulamentação do Marco Regulatório das Comunidades Terapêu-ticas. Essa mobilização nacional em prol das comunidades, buscou informar e ressaltar a

importância do trabalho dessas instituições e o respeito às metodologias utilizadas em cada instituição na recuperação do dependente quí-mico. A análise e aprovação da regulamenta-ção deve acontecer até o dia 7 de maio de 2015, que é a data prevista para conclusão desta resolução.

Representada pela CONFENACT (Confedera-ção Nacional de Comunidades Terapêuticas), as comunidades buscaram na aprovação da re-gulamentação, fortalecer as instituições sérias, que há décadas têm salvo milhares de pessoas e famílias. Ao abrir uma consulta pública, o CONAD (Conselho Nacional de Políticas sobre Drogas) deixou aberto para que alguns outros órgãos e sindicatos também se manifestassem a respeito das comunidades, por isso a importân-cia da participação popular a favor da regulamentação foi de grande valor.

O recolhimento de depoi-mentos de famílias e recu-perandos, além do preenchi-mento do abaixo assinado a favor desta importante

iniciativa para regulamentar as Comunidades Terapêuticas, marcaram esse período.

Aceitar o tratamento proposto significa também participar das atividades, inclusive religiosas, de cada instituição. As estruturas e os métodos propostos para o interno contam com uma série de requisitos e, dentre eles, está a espiritualidade, como é proposto em diversas entidades que tratam deste mal.

Frei Hans Stapel, ofm, fundador da Fazenda da Esperança, agradece a todos pela participa-ção nesta mobilização e ressalta a importância dessa movimentação em favor das Comunida-des Terapêuticas. “Quero agradecer a cada um que participou nessa luta. Fiquei muito sensi-bilizado e tocado. Senti realmente a força que chegou até nós através de vocês. Foi bonita a reação de cada um e juntos vamos continuar lutando para podermos ser como nós somos. As Comunidades Terapêuticas têm uma missão muito importante no Brasil, são tantos jovens que estão nestas comunidades. Vamos juntos lutar para que, realmente, os jovens encontrem Deus e também a força que eles têm para mu-dar. Agradeço a cada um. Foi realmente algo que me emocionou. Muito obrigado!”