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Abril Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre 2014 Sementes de Esperança

Sementes de Esperança | Abril 2014

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Folha de Oração mensal em comunhão com a Igreja que sofre. Abril de 2014 www.fundacao-ais.pt

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Abril

Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

2014

Sementes��de Esperança

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2 Sementes de Esperança | Abril 14

Intenção GeralEcologia e justiça

Para que os governantes promovam o respeito pela criação e uma justa distribuição dos bens e dos recursos naturais.

> Mais uma intenção a chamar a atenção para a ecologia, para o respeito da criação e para a justa distribuição dos bens e recursos naturais. Países riquíssimos em recursos naturais, porque mal governados ou explorados por uma elite criminosa, ou por países estrangeiros que apoiam a ditadura que governa, têm as suas populações a viver na miséria.

> Só um amor que se transforma em justiça e em respeito por todos, pode fazer surgir a equidade, a igualdade, o bem de todos. Como o mundo seria diferente se cada país pudesse viver com dignidade e seus habitantes respeitassem a criação e a justa distribui-ção dos bens e recursos naturais. Países riquíssimos, com muito petróleo, têm parte da sua população a viver na miséria. Gastam-se fabulosas somas em armamento, em armas nucleares, mas os estômagos estão vazios e as famílias sem meios de cultura.

Dário Pedroso, s.j.Intenção MissionáriaEsperança para quem sofrePara que o Senhor Ressuscitado encha de esperança o coração daqueles que experimen-tam a dor e a doença.

Intenção NacionalRezemos todos pelo Papa Francisco, para que o Senhor envie sempre sobre ele o Seu Espírito Santo, para que ele possa continuar no Seu serviço, recordando-nos a todos a simplicidade do Evangelho e como as coisas simples, mesmo sendo difíceis e porque o são, são belas.

ERRATA: Nas “Sementes de Esperança” de Março, na página 4, onde se lê “Muçulmanos: 6.4%” deve ler-se “Muçulmanos: 93%”.

A oração é um dos pilares fundamentais da nossa missão. Sem a força que nos vem de Deus, não seríamos capazes de ajudar os Cristãos que sofrem por causa da sua fé.

Para�ajudar�estes�Cristãos�perseguidos�e�necessitados�criámos�uma�grande�corrente�de�oração�e�distri-buímos�gratuitamente�esta�Folha�de�Oração,�precisamente�porque�queremos�que�este�movimento�de�oração�seja�cada�vez�maior.�Por favor, ajude-nos a divulgá-la na sua paróquia, nos grupos de oração, pelos amigos e vizinhos. Não�deite�fora�esta�Folha�de�Oração.�Depois�de�a�ler,�partilhe-a�com�alguém�ou�coloque-a�na�sua�paróquia.

Intenções de Oração do Santo Padre

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3Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Já� se� passou� um� ano� desde� que� o� Papa�Francisco�iniciou�o�seu�ministério�petrino.�Todos�nos� recordamos� daquele� momento� em� que�saudou� a� multidão� que� se� encontrava� reunida�na� Praça� de� S.� Pedro� e� pediu� humildemente�que�a�Igreja�rezasse�por�ele,�para�que�pudesse,�como� sucessor� de� Pedro,� continuar� o� serviço�de� confirmar� os� seus� irmãos� na� fé,� na� Igreja�de�Roma,�que�preside�no�serviço�da�caridade�e�da�unidade,�conforme�o�desejo�do�Senhor:�que todos sejam um.

Desde�o�primeiro�momento�o�Papa�Francisco�surpreendeu� a� Igreja� e� o� mundo,� não� pelo�que� diz� ou� faz,� que� no� fundo� se� encontra� em�continuidade� com�os� seus�antecessores,�desde�Pedro,�mas�sim�no�modo�como�diz�e�como�faz.�Neste�primeiro�ano�do�seu�pontificado,�o�Papa�Francisco,� na� linha� do� pobre de Assis� do� qual�escolheu�o�nome,�e�de�Santo�Inácio�de�Loyola,�tem�procurado�com�audácia� levar�por�diante�a�necessária�e�constante�renovação da Igreja.�

A�encíclica�Lumen Fidei tocou-me�muito�pela�insistência�no�amor�que�nos�precede.�O�sentido�último�da�existência�de�cada�homem�é�ter sido amado� desde� sempre;� o� sinal� máximo� desse�amor�é�Jesus�Cristo;�servir�esse�amor�é�a�missão�da�Igreja.�

A� Evangelii Gaudium� surpreende� pela� cora-gem� com� que� convoca� a� Igreja� para� a� missão�da�evangelização�a�partir�da�alegria,�que�resulta�da�experiência�profunda�que�constitui�o�cristão�a�partir�do�acto�reconhecido�de�ser amado�por�

Deus� que� é� amor� e� cujo� sinal� desse� amor� se�encontra�no�mistério�do�Coração de Jesus.�Tomar�a�alegria�como�programa�de�vida�e�de�acção�sig-nifica�partir�do�coração do Evangelho.

Quanto�ele� fala�das�periferias,� isso�pode�ser�entendido� sociologicamente;� mas� também�pode�sê-lo�no�sentido�de�o�homem�andar lon-ge,� de� si,� dos� outros� e� de� Deus,� e� por� isso� ir�às�periferias�é�um�desafio�a�que�a�Igreja�esteja�atenta� ao�mistério� do� pecado� e� da� iniquidade�que�coloca�o�homem�longe�de�si,�na�periferia�de�si�mesmo,�em�estado�de�alienação.

Mas� o� estilo� do� Papa� Francisco� surpreende�sobretudo�porque�torna�a�vivência�do�Evangelho�tão�simples;�mas�aí�está�também�a�maior�difi-culdade,�que�julgo�que�hoje�a�maior�parte�das�pessoas�ainda�não�se�deu�conta.�Esta�simplici-dade�como�estilo�do�Papa�Francisco,�recorda-me�um� diálogo� entre� S.� Filipe� de� Neri� e� um� dos�seus� filhos�espirituais� que�um�dia� lhe�pergun-tava:� Padre Filipe, porque é tão difícil viver o Evangelho? Porque é simples,� respondeu-lhe�o� santo.� O� estilo� da� simplicidade� que� o� Papa�Francisco� cultiva� é� assim� uma� provocação� no�bom�sentido�do�termo,�pois�a�simplicidade�do�Evangelho� passa� pela� lógica� e� pelo� caminho�da� cruz.� E� aqui� começa� e� termina� também� a�dificuldade,� que� não� sei� se� a� actual� geração�dela�já�se�apercebeu�e�se�está�disposta�a�viver�esta�aventura.�

�P.�José�Jacinto�Ferreira�de�Farias,�scjAssistente Espiritual da Fundação AIS

O estilo de Deus

Reflectir

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Rep. Centro-Africana

Os adversários do presidente centro africano Bozizé tomaram o poder pela força. Será que a subida ao poder de rebeldes muçulmanos, faz temer a chegada de uma perse-guição contra um povo maioritariamente cristão?

A�República�Centro-Africana�é,�há�mais�de�um�ano,�alvo�de�perturbações�políticas.�Mas�foi�a�24�de�Março�de�2013�que�os�acontecimentos�sofreram�uma�reviravolta�dramática:�o�Seleka,�rebelião�heteróclita�vinda�do�norte,�entra�na�capital,� Bangui,� e� destitui� François� Bozizé,�presidente� da� República� e� o� seu� Governo.�Hoje�em�dia,�o�país�e�particularmente�a�capi-tal� são�ainda�alvo�de�perturbações�e�pilha-gens.�Aos�desmandos,�infelizmente�habituais�neste�tipo�de�situações,�acresce�o�espectro�da�violência�religiosa.

A� República� Centro-Africana� é� maioritaria-mente�habitada�por�cristãos�–�protestantes�e�católicos�–�mas�o�Norte,�com�fronteira�com�o�Chade�e� o� Sudão,� conta� também� com�uma�importante�minoria�muçulmana�que�parece�muito� bem� colocada� no� novo� poder� repre-sentado� pelo� Seleka.� Deste� modo,� Michel�Djotodia� é,� contrariamente� ao� que� o� seu�nome�próprio�dá�a�entender,�um�fiel�do�Islão.�O� chefe� da� coligação� rebelde,� que� se� tinha�auto-proclamado�presidente�após�a� tomada�de� Bangui,� em� 24� de� Março,� foi� “eleito”�

República Centro-Africana: Uma rebelião qUe ameaça a paz religiosa

Superfície622.984 Km2

População4,5 milhões de habitantes

Religiões

Católicos: 20,4 %Protestantes: 15,1 %Animistas: 18,4 %Muçulmanos: 14,7 %Outros: 31,4 %

Língua Oficial

Francês e Sango

• Chade

• Líbia• Líbia • Egipto• Egipto

• Sudão• Sudão

• Niger• Niger

• Nigéria• Nigéria

• Camarões• Camarões

• Rep. Centro-Africana• Rep. Centro-Africana

• Rep. DemocráticaŁ do Congo• Rep. DemocráticaŁ do Congo

• Argélia• Argélia

• Mali• Mali

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5Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

presidente�da�República,�aquando�da�primei-ra�sessão�do�Conselho�Nacional�de�Transição�(CNT),� a� 13� de� Abril� de� 2013.� Era� o� único�candidato.�Por� isso,�a�população�de�Bangui,�alertada�sobretudo�pelos�acontecimentos�dos�países�vizinhos�como�a�Nigéria,�onde�a�seita�islâmica�Boko�Haram�espalha�o�terror,�sente--se� inquieta� com� os� novos� dirigentes.� Logo�em�26�de�Março�de�2013,�dois�dias�após�o�golpe�de�Estado,�D.�Dieudonné�Nzapalainga,�Arcebispo�de�Bangui,�alertava�a�comunidade�internacional� para� a� possibilidade� de� um�conflito� religioso� que� criaria� raízes� no�meio�da�desordem�política:�“É�preciso�proteger�os�padres,�os�pastores�e�os�imãs.�Faço�o�apelo�a�todo�o�mundo.�Os�homens�de�Deus�devem�ser�protegidos.�Esta�crise�é�política;�não�se�pode�deixá-la�desviar�para�um�cariz�religioso.”

OraçãoPara que a Ressurreição de Jesus anime o coração dos padres, missionários e religiosas que se recusam a abandonar estes seus irmãos na fé, nós Te pedimos Senhor!

ALvOS Ou dANOS cOLAteRAIS?Uma�reacção�que�não�foi�apenas�provocada�

pelo�medo,�mas�por�uma�realidade�já�a�cami-nho�de�se�instalar.�“Deste�modo”,�continuou�ele:�“Domingo�(24�de�Março),�em�frente�da�catedral,� homens� e� mulheres� que� tinham�vindo�rezar�foram�roubados�à�saída�da�igreja�por� pessoas� que� também� queriam� levar� à�força�os�seus�carros.”�Trata-se�de�“danos�cola-terais”�próprios�dos�períodos�de�perturbação�ou�preparam-se�também�aqui,�de�modo�mais�grave,�ajustes�de�conta�religiosos?

É� difícil� responder� com� exactidão� a� esta�pergunta.� Entretanto,� nomeadamente�na� Santa� Sé,� como� a� 27� de� Março� o� disse�claramente� o� Papa� Francisco,� segue-se� e�evolução�da�situação,�muito�de�perto.�Pelo�facto� da� República� Centro-Africana� não� ser�um� país� sem� litoral,� as� notícias� difundem--se�com�dificuldade.�Além�disso,�tem�poucos�amigos� verdadeiros:� durante�muito� tempo,�o� antigo� presidente� Bozizé,� apoiou-se�nos� seus� “irmãos”� da� maçonaria,� Sassou�N’Guesso�do� Congo,�Bongo� filho�do�Gabão�e�Déby�do�Chade,�mas�a�sua�ingratidão�para�

Rep. Centro-Africana

Desde�Dezembro�de�2012,�sacerdotes,�bispos,�religiosos�e�religiosas�foram�atacados�e�assaltados,�ameaçados�e�raptados,�as�missões�vandalizadas,�e�as�igrejas�saqueadas�e�profanadas.�Os�Cristãos�vivem�em�permanente�sobressalto.

©Lu

sa

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Rep. Centro-Africana

com�eles,� quando�o� recolocaram�no�poder�após�uma�primeira�revolta�do�Seleka,�levou--os�a�abandoná-lo.�Hoje,�não�há�dúvida�que�Idriss�Déby,�presidente�do�Chade,�que�triunfa�no�Mali�ao�lado�da�França�e�a�quem�a�queda�de�Kadhafi�livrou�de�um�rival�do�norte,�pre-tende�subjugar�a�República�Centro-Africana.

OS LAPIdáRIOS dA RcA?A�origem� das� tropas�militares� do� Seleka�

ainda�é�nebulosa:�diz-se�que�são�principal-mente� constituídas� e� dirigidas� por� muçul-manos� vindos� do� Chade,� talvez� da� Líbia� e�ainda� do� Darfur� (Djandjawid).� Nourredine�Adam,� o� general� mais� carismático,� é� um�centro-africano� muçulmano� oriundo� do�Norte� e� treinado� pelos� Israelitas.� Também�é�certo�que�a�rebelião�teria�sido�financiada�pelos� lapidários� da� RCA� que� Bozizé� tinha�espoliado.� Contudo,� se� os� muçulmanos� do�norte,� que� consideram� terem� sido� muitas�vezes�maltratados�pelos�regimes�anteriores,�estão�certamente�animados�por�um�desejo�de�vingança,�o�grande�medo�das�pessoas�do�sul� foi� também�criado�por� François�Bozizé,�

que� contava� com� estas� divisões� internas�no�país�para�se�manter�no�poder�e�obter�o�apoio�da�população�de�Bangui.�Uma�estraté-gia�que�fracassou�claramente,�mergulhando�a� nação� num� caos� indubitável.� Este� golpe�de� Estado� acontece� num� país� que,� não� o�esqueçamos,�sofre�de�uma�crise�humanitá-ria� crónica:� a� esperança� de� vida� é� apenas�de�48�anos,�a�mais�fraca�do�mundo�a�seguir�ao�Malaui;�a�mortalidade�infantil�é�superior�à�contabilizada�na�Somália�durante�a�fome�de� Julho� de� 2011;� os� habitantes� sofrem�geralmente�de�paludismo,�sida,�tuberculose,�desnutrição�e�sarampo,�que�provocam�todos�os�anos�milhares�de�mortos.�

A� energia� eléctrica� e� as� comunicações�foram� cortadas� durante� algum� tempo� em�Bangui.� Nas� aldeias,� comunidades� inteiras�foram� privadas� dos� serviços� básicos� de�saúde,� escolares� ou� de� géneros� alimen-tícios.� Segundo� fontes� da� Cruz-Vermelha�Centro-Africana,� calcula-se� que� a� 15� de�Abril�só�na�capital�119�pessoas�tenham�sido�mortas,� 272� feridas� e� 146� traumatizadas�psicologicamente,�especialmente�por�causa�

Os�bispos�receiam�o�clima�de�tensão�que�reina�no�país:�falta�de�governação�e�atenção�aos�direitos�humanos…�A�Igreja�é�praticamente�a�única�organização�que�continua�a�prestar�auxílio�à�população.�Tudo�o�resto�deixou�de�funcionar.

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7Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Rep. Centro-Africana

dos� tiroteios.� Em�Bangui�e�noutras�cidades�foram� saqueados� edifícios� públicos,� estru-turas� humanitárias� e� património� da� Igreja.�Pior�ainda,�segundo�a�agência�do�Vaticano,�Fides,�estavam�implicados�no�conflito�mais�de�600.000�crianças-soldado.�

Em� contrapartida,� desde� 11� de� Abril� que�os� jovens� da� capital� se� manifestam� contra�as� pilhagens.� A� sua� acção� foi� desencadea-da� pela� morte� de� um� motorista� de� táxi� e�ameaça� aumentar� ainda� mais� a� anarquia,�mesmo�que�se�apresentem�como�grupos�de�auto-defesa.�Paralelamente,�os�militares�cha-dianos�que�constam�da�lista�da�FOMAC�(Força�Multinacional�da�África�Central)�relacionados�com� os� homens� do� Seleka� começaram� a�restabelecer� alguma� ordem� com� a� recupe-ração�das� armas�que� circulavam�na� capital.�No� plano� político,� o� Conselho� Nacional� de�Transição,� estabelecido�por�Michel�Djotodia,�é� composto� por� 105� membros� oriundos� da�sociedade� civil,� dos� grupos� religiosos� e� da�diáspora.� O� auto-proclamado� presidente�garante�também�que,�em�breve,�o�país�terá�uma�Constituição�e�que�haverá�eleições.�Tudo�

isto,� que�deslumbra�o�mais� apressado�e� se�assemelha� politicamente� a� uma� farsa,� não�responde�às�questões�de� fundo:�há�ou�não�uma� ruptura� fulcral� no� seio� da� população�centro-africana?�O�país�de�Bokassa,�embora�profundamente� subdesenvolvido,� viveu� até�agora�ao�ritmo�dos�golpes�de�Estado,�numa�certa� harmonia� civil.� Não� eram� contáveis�massacres� em� massa� nem� tensões� inter--étnicas�ou�inter-religiosas�demasiado�impor-tantes,� contrariamente� ao� que� se� passava�com�alguns�dos�seus�vizinhos.�País�pequeno,�esquecido� pelas� grandes� potências,� vivia�pobremente,�mas�sem�medo.

Ora�hoje,�o�sentimento�de�insegurança�e�o�medo�da�guerra�civil�ou�religiosa�crescem�grandemente.� É� este� o� ponto� de� vista� da�romancista� francesa� Calixthe� Beyala,� cuja�mãe�era�centro-africana,�que�evoca�as�reli-giosas�de�Bangui�“regularmente�molestadas�pelos�rebeldes”.�As�notícias�correm�depressa.�Pelo�contrário,�o�sultão�El�Hadj�Ben�Outman�de� Birao,� figura� muçulmana� de� Vakaga,�afirma� que� “o� Seleka� existe� para� diminuir�o� sofrimento� do� povo� centro-africano”.�

D.�Juan�José�Aguirre,�missionário�comboniano�e�Bispo�de�Bangassou:�“Roubaram-nos�todos�os�meios�de�transporte�para�chegarmos�às�nossas�missões.�Agora�vou�a�pé,�com�a�minha�mochila,�a�todos�os�lugares.�Há�uma�fúria�brutal�contra�a�Igreja�Católica�mas,�com�a�ajuda�de�Deus,�havemos�de�conseguir�sobreviver.”

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8 Sementes de Esperança | Abril 14

Rep. Centro-Africana

Também�assegura�que�“a�República�Centro-Africana�foi�sempre�um�Estado�laico�e�(que)�nada� irá� mudar� nesse� aspecto”.� São� belos�discursos�ou�é�a�realidade?

OraçãoPara que Deus Pai misericordioso escute os apelos dos Seus filhos, e mitigue o terror e a violência que atormentam esta nação, nós Te pedimos Senhor!

INSuSPeItO de cONdeSceNdêNcIAA� história� e� a� configuração� geo-política�

actuais�estão�sobretudo�a�favor�de�um�apa-ziguamento� religioso:� deste� modo,� Déby,� o�presidente�todo-poderoso�do�vizinho�Chade,�não�é�alvo�de�suspeitas�de�condescendência�com�os�Muçulmanos,�ainda�que�tenha�acon-tecido� aproveitar-se� deles� ocasionalmente,�aqui�e�ali.�Resta�apenas�esperar�que�os�cen-tros-africanos�pretendam�apenas�ser�temidos�neste�plano�e�que�os�ajustes�da�conta�religio-sos�não�se�adicionem�ao�caos�civil�e�político.�Tanto�mais�que�tudo�leva�a�crer�que�Michel�Djotodia�não�conseguirá�governar�sozinho�e�que�depressa�será�substituído�ou�enganado�por� políticos� mais� hábeis,� como� Nicolas�Tiangaye,�tido�como�muito�mais�moderado�e�com�a�vantagem�de�não�ser�refém�de�bandos�armados�supostamente�islâmicos.

OraçãoPara que a comunidade cristã da Rép. Centro-Africana possam contar com a ajuda e união de orações dos seus irmãos na fé de todo o mundo e, assim, ver a vida renascer, nós Te pedimos Senhor!

A tomada de poder em directo de BanguiD. Aguirre, missionário comboniano e Bispo de Bangassou, encontrava-se, precisamente em Bangui no dia 24 de Março. Dá o seu testemu-nho à AIS: “Estávamos na Missa de Domingo de Ramos quando, às 7.55 h, se ouviram tiros de armas pesadas e de metralhadoras contra o palácio. Na Casa Comboni, estávamos no centro da batalha que só durou 3 horas. Outro grupo, o Seleka, em parte composto por chadianos e janjawids sudaneses, entrou na catedral, armado até aos dentes. A Missa estava quase no fim. Os rebeldes começaram a atirar rajadas de metralhadora para o tecto ao mesmo tempo que pediam a todos os que tinham carros ou motas estacionados no adro, as chaves dos mesmos. Os fiéis atiraram-se para o chão e as crianças chora-vam aterrorizadas. Continuaram a disparar até já não haver chaves.

História de uma chegada ao poderA seguir ao acordo de Libreville, a 11 de Janeiro, Michel Djotodia, oriundo de Vakaga, enclave setentrional do país, é nomeado primeiro-minis-tro. Dois meses depois apodera-se do poder. Mas o Seleka, que quer dizer “coligação” em língua sango – a principal do país – tem pés de barro. Enquanto se suspeita que foi armada e apoiada por Idris Déby, outros rumores assinalam a pre-sença, nas suas fileiras, de janjawids, rebeldes sudaneses muçulmanos, bem como de vários bandos islâmicos. Djotodia vai certamente ter de se entender com Nicolas Tiangaye, figura muito popular da oposição democrática, primeiro--ministro do Governo de união nacional nascido dos acordos de Libreville e que é conhecido por ter grandes ambições.�

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9Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Oração

Durante o Tempo Pascal, os fiéis são convidados a recitar o Regina Coeli que substitui o tradicional Angelus. Esta oração convida-nos a alegrar-nos com o grande mistério da Ressurreição do Senhor, à semelhança de Maria.

É muito provável que tenha sido composta nos séculos X ou XI e introduzida na Liturgia pelo Papa Bento XIV em 1742. No início, tal como o Angelus, era uma oração própria dos mosteiros, mas que aos poucos foi sendo difundida entre todos os fiéis.

Esta oração pode ser recitada, ou cantada, de manhã (6h), ao meio-dia e à noite (18h).

Regina CoeliRainha�dos�Céus,�alegrai-Vos.�Aleluia.

Porque�Aquele�que�trouxeste�em�vosso�ventre.�Aleluia.

Ressuscitou�como�disse.�Aleluia.

Rogai�por�nós�a�Deus.�Aleluia.

V.�Alegrai-Vos�e�exultai,�ó�Virgem�Maria,�Aleluia.

R.�Porque�o�Senhor�ressuscitou�verdadeiramente.�Aleluia.

Oremos:�Ó�Deus,�que�Vos�dignastes�alegrar�o�mundo�com�a�Ressurreição�do�Vosso�Filho,� Nosso� Senhor,� Jesus� Cristo,� concedei-nos� que,� por� Sua� Santa� Mãe,� a� gloriosa�Virgem�Maria,�alcancemos�os�inefáveis�gozos�da�vida�eterna.�Pelo�mesmo�Jesus�Cristo,�Nosso�Senhor.�Ámen.

ReginaCoeli

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10 Sementes de Esperança | Abril 14

Meditação

Amados irmãos e irmãs!

1.�No�Evangelho�desta�noite�luminosa�da�Vigília�Pascal,�encontramos�em�primeiro�lugar�as�mulheres�que�vão�ao�sepulcro�de�Jesus�levando�perfumes�para�ungir�o�corpo�d’Ele�(cf.�Lc�24,�1-3).�Vão�cumprir�um�gesto�de�piedade,�de�afeto,�de�amor,�um�gesto�tradicionalmente�feito�a�um�ente�querido�falecido,�como�fazemos�nós�também.�Elas�tinham�seguido�Jesus,�ouviram-No,�sentiram-se�compreendidas�na�sua�dignidade�e�acompanharam-No�até�ao�fim�no�Calvário�e�ao�momento�da�descida�do�seu�corpo�da�cruz.�Podemos�imaginar�os�sentimentos�delas�enquanto�caminham�para�o�túmulo:�tanta�tristeza,�tanta�pena�porque�Jesus�as�deixara;�morreu,�a�sua�história�terminou.�Agora�se�tornava�à�vida�que�levavam�antes.�Contudo,�nas�mulheres,�continuava�o�amor,�e�foi�o�amor�por�Jesus�que�as�impelira�a�irem�ao�sepulcro.�Mas,�chegadas�lá,�verificam�algo�totalmente�inesperado,�algo�de�novo�que�lhes�transtorna�o�coração�e�os�seus�programas�e�subverterá�a�sua�vida:�vêem�a�pedra�removida�do�sepulcro,�aproximam--se�e�não�encontram�o�corpo�do�Senhor.�O�caso�deixa-as�perplexas,�hesitantes,�cheias�de�interrogações:�«Que�aconteceu?»,�«Que�sentido�tem�tudo�isto?»�(cf.�Lc�24,�4).�Porventura�não�se�dá�o�mesmo�também�connosco,�quando�acontece�qualquer�coisa�de�verdadeiramente�novo�na�cadência�diária�das�coisas?�Paramos, não entendemos, não sabemos como enfrentá-la. Frequentemente mete-nos medo a novidade, incluindo a novidade que Deus nos traz, a novidade que Deus nos pede. Fazemos como os apóstolos, no Evangelho: muitas vezes preferimos manter as nossas seguranças, parar junto de um túmulo com o pensamento num defunto que, no fim de contas, vive só na memória da história, como as grandes figuras do passado. Tememos as surpresas de Deus. Queridos irmãos e irmãs, na nossa vida, temos medo das surpresas de Deus! Ele não cessa de nos surpreender! O Senhor é assim.

Irmãos e irmãs, não nos fechemos à novidade que Deus quer trazer à nossa vida! Muitas vezes sucede que nos sentimos cansados, desiludidos, tristes, sentimos o peso dos nossos pecados, pen-samos que não conseguimos? Não nos fechemos em nós mesmos, não percamos a confiança, não nos demos jamais por vencidos: não há situações que Deus não possa mudar; não há pecado que não possa perdoar, se nos abrirmos a Ele.

(…)�Nesta�Noite�de� luz,� invocando�a� intercessão�da�Virgem�Maria,� que�guardava� todos�os� aconte-cimentos� no� seu� coração� (cf.� Lc� 2,� 19.51),� peçamos� ao� Senhor� que�nos� torne� participantes� da� sua�Ressurreição:�que�nos�abra�à�sua�novidade�que�transforma,�às�surpresas�de�Deus,�que�são�tão�belas;�que�nos�torne�homens�e�mulheres�capazes�de�fazer�memória�daquilo�que�Ele�opera�na�nossa�história�pessoal�e�na�do�mundo;�que�nos�torne�capazes�de�O�percebermos�como�o�Vivente,�vivo�e�operante�no�meio�de�nós;�que�nos�ensine,�queridos�irmãos�e�irmãs,�cada�dia�a�não�procurarmos�entre�os�mortos�Aquele�que�está�vivo.�Assim�seja.

HOMILIA DO SANTO PADRE FRANCISCO NA VIGÍLIA PASCAL(Sábado Santo, 30 de Março de 2013)

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11Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Meditação

Canonização Papa João XXIII e Papa João Paulo II

O�Cardeal�de�Viena�e�o�Arcebispo�de�Salzburgo�com�o�Pe.�Werenfried�numa�audiência�com�o�Papa�João�XXIII�para�analisarem�a�expansão�da�Obra.

A�afectuosa�amizade�entre�João�Paulo�II�e�o�Pe.�Werenfried�começou�no�tempo�da�guerra�fria�e�durou�quase�40�anos.

O�jovem�pastor�Karol�Wojtyla�conhecera�o�fundador�da�nossa�Obra�quando�era�ainda�porta-voz�dos�bispos�polacos.�Tratava-se�de�projectos�de�ajuda�à�Igreja�na�Polónia�sob�o�regime�comunista.�E�foi�este�jovem�Arcebispo�que�lutou�contra�o�projecto�de�uma�cidade�operária�sem�Deus�e�sem�Igreja,�como�seria�Nowa�Huta,�perto�de�Cracóvia.�Com�o�auxílio�da�Fundação�AIS,�iniciou�corajosamente�a�luta�pela�construção�de�uma�grande�igreja.

Quando�Karol�Wojtyla�foi�eleito�Sumo�Pontífice,�o�Pe.�Werenfried�pressentiu�que�se�iniciava�uma�época�promissora�e�de�desafio�para� a� Fundação� AIS.� Este� Papa� vindo� do� Leste,� da� Polónia�mártir,�era�para�a�nossa�Obra,�tenaz�defensora�da�Igreja�perse-guida,�um�sinal�especialíssimo�de�Deus.�O�Pe.�Werenfried�pôs--se�imediatamente�ao�serviço�incondicional�do�Pontificado�de�João�Paulo�II.�Assim�o�documentam�muitos�projectos�pastorais.�O�que�se�lê�no�testamento�do�Pe.�Werenfried�perpetua�apenas�o�que�ele�lealmente�praticou:�“…�que�não�apenas�a�ordem�mas�também�o�simples�desejo�do�Santo�Padre�seja�suficiente�para�que�um�projecto�seja�aprovado.”

Em 1962, o Pe. Werenfried participou no Concílio Vaticano II em Roma, na qualidade de consultor. Aí encontrou-se com sessenta bis-pos dos países da Cortina de Ferro que rece-biam ajuda directa ou indirecta da Fundação AIS. O Papa João XXIII pediu-lhe: “Porque é que pensa apenas na Igreja de Leste? Por favor, não se esqueça das necessidades da Igreja no nosso continente mais católico. Ajude também a América Latina!” O Santo Padre preocupava-se com as péssimas condi-ções sociais aí existentes e com o perigo das convulsões populares propiciarem a ascensão de regimes totalitários e ateus ao poder. O Pe. Werenfried visitou então seis países da América Latina e preparou um orçamento de ajuda de 800.000 dólares para o ano de 1963.

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SuPORTE DE VELA SãO JOãO PAuLO II

LIVRO “O BOM PAPA”

SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

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Fundação AIS Catarina Martins de BettencourtP. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Alexandra Ferreira, Ana Vieira e Félix LunguL’Église dans le monde –�AIS�França© Fundação AIS, © LUSA, © Fotografia Felici

Autor desconhecido11 Edições AnuaisGráfica ArtipolJSDesign352561/122182-3928

Isento de registo na ERC ao abrigo do Dec. Reg. 8/99 de 9/6 art.º 12 n.º 1 A

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O Papa João XXIII continua a ser uma das figuras mais amadas e notáveis na história da Igreja Católica. Carinhosamente conhecido como Il Buono Papa, ou o Papa bom, João XXIII é recordado hoje, tanto por Católicos como não--católicos, como um símbolo duradouro da paz, ecumenismo e da espiritualidade cristã. Em “O Bom Papa”, Greg Tobin narra a admirável história de João XXIII, desde a sua infância pobre em Bergamo, Itália, e o seu mandato bem sucedido como núncio apostólico numa Europa devastada pela guerra, à ascendência surpresa ao trono de São Pedro.