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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Ano 8• nº1863 Dezembro/2014 Simplício Mendes Com o grande período de seca que atinge o semiárido todos os anos, surgiu na população da comunidade Moreira, em Simplício Mendes, no Piauí, a preocupação em preservar as sementes crioulas da região. “A gente foi combinando com as pessoas pra doar sementes pra gente não deixar perder a semente crioula, né? Elas são as sementes que nossos avô plantaram e que os pais da gente ainda plantam, então a gente não quer deixar perder porque já está desaparecendo muita semente. Por isso a gente tá fazendo de tudo pra nós não deixar acabar as sementes”, explica Adélia Maurez, coordenadora da Casa de Sementes da Comunidade. Foi com essa preocupação que surgiu a idéia de montar no município de Simplício Mendes uma Casa de Sementes Crioulas. Essas sementes, chamadas de Sementes da Fartura no Piauí, fazem parte da cultura e da tradição da agricultura familiar da região e representam a esperança de boas safras. Agricultores e agricultoras doaram do pouco que tinham, sementes cultivadas em seus quintais, a fim de que a casa de sementes se fortaleça e esteja sempre pronta para ajudar no enfrentamento da seca. “Aqui não é só da comunidade, é do município de Simplício Mendes todo. Todo mundo doa um pouquim, um de um e outro de outro e assim a gente tá fazendo nossa casa de semente”, conta Adélia. A Casa de Sementes da Comunidade Moureira está funcionado temporariamente em uma sala da Associação de Moradores, enquanto sua sede termina de ser construída. Uma comissão de dez guardiões, de diversas comunidades da região, fazem o trabalho de recolher, guardar de forma adequada as sementes e conscientizar outras pessoas para a importância desse trabalho. Casa de Sementes, esperança no amanhã

Casa de Sementes, esperança no amanhã

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Com o grande período de seca que atinge o Semiárido todos os anos, surgiu na população da comunidade Moreira, em Simplício Mendes, no Piauí, a preocupação em preservar as sementes crioulas da região.

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Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas

Ano 8• nº1863

Dezembro/2014

Simplício Mendes

Com o grande período de seca que atinge o

semiárido todos os anos, surgiu na população da

comunidade Moreira, em Simplício Mendes, no

Piauí, a preocupação em preservar as sementes

crioulas da região. “A gente foi combinando com as

pessoas pra doar sementes pra gente não deixar

perder a semente crioula, né? Elas são as sementes

que nossos avô plantaram e que os pais da gente

ainda plantam, então a gente não quer deixar perder

porque já está desaparecendo muita semente. Por

isso a gente tá fazendo de tudo pra nós não deixar

acabar as sementes”, explica Adélia Maurez,

coordenadora da Casa de Sementes da Comunidade.

Foi com essa preocupação que surgiu a idéia de montar no município de Simplício Mendes uma Casa de Sementes Crioulas. Essas sementes, chamadas de Sementes da Fartura no Piauí, fazem parte da cultura e da tradição da agricultura familiar da região e representam a esperança de boas safras. Agricultores e agricultoras doaram do pouco que tinham, sementes cultivadas em seus quintais, a fim de que a casa de sementes se fortaleça e esteja sempre pronta para ajudar no enfrentamento da seca.

“Aqui não é só da comunidade, é do município de Simplício Mendes todo. Todo mundo doa um pouquim, um de um e outro de outro e assim a gente tá fazendo nossa casa de semente”, conta Adélia.

A Casa de Sementes da Comunidade Moureira está funcionado temporariamente em uma sala da Associação de Moradores, enquanto sua sede termina de ser construída. Uma comissão de dez guardiões, de diversas comunidades da região, fazem o trabalho de recolher, guardar de forma adequada as sementes e conscientizar outras pessoas para a importância desse trabalho.

Casa de Sementes, esperança no amanhã

Boletim Informativo do Programa Uma Terra e Duas Águas Articulação Semiárido Brasileiro – Piauí

“A gente tem uma intenção de plantar e multiplicar nossas sementes e fazer mais gente se aproximar de nós através dessa multiplicação pra ter mais conhecimento do que realmente é uma semente pura e que a gente não quer perder. Mesmo com pouco a gente tem visto que é uma coisa que a gente ta conseguindo resgatar”, explica Francisco Holanda, Presidente da Associação de Moradores da Comunidade Alagadiço Grande e guardião de semnetes.

As sementes adquiridas são guardadas e emprestadas a quem precisa, de forma organizada para que nunca falte. “As sementes são do município de Simplício Mendes todo. Na hora que as pessoas precisarem pra plantar é só vir aqui. Pra poder emprestar a gente vai fazer um cadastrozinho pra comprovar quem está pegando aquelas sementes, para no próximo ano as pessoas vão devolver um pouquim pra casa para gente ficar sempre renovando nossas sementes”, explicou Adélia.

A Casa de Sementes da Comunidade Moureira possui hoje uma variedade de 360 tipos de sementes e é motivo de orgulho para o município de Simplício Mendes.

“Um dia eu tava em uma reunião aqui na associação ai perguntaram quem queria ser guardião ai o primeiro foi eu”, conta com o orgulho, Raimundo Junior, 25 anos, o mais jovem dos guardiões de sementes da Casa.

“Isso ai é uma coisa que a gente tá fazendo pra o futuro dos nossos filhos”, disse Antônio Almeida, guardião de sementes que passa para seus filhos a importância do seu trabalho.

“Se a gente só planta e come todo tempo, e não guarda, um dia vai faltar, né?”, disse Adélia.

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