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MARÇO 2015 | Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre SEMENTES DE ESPERANÇA

Sementes de Esperança | Março de 2015

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Folha de oração mensal em comunhão com os cristãos perseguidos www.fundacao-ais.pt

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MARÇO 2015 | Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

S E M E N T E S DE ESPERANÇA

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2 Sementes de Esperança | Março 15

Intenções de Oração do Santo Padre

Intenção Geral

Cientistas ao serviço do bem

Para que quantos estão comprometidos na investigação científica se ponham ao serviço do bem integral da pessoa humana.

Intenção MissionáriaContributo da mulher na IgrejaA fim de que seja cada vez mais reconhecida a contribuição própria da mulher para a vida da Igreja.

ABENÇOA, SENHOR, AS MULHERES

Senhor Jesus, que amaste Maria de Nazaré, e A dignificaste como Mãe e Mulher, que na tua vida pública cuidaste e acolheste com respeito e carinho muitas mulheres, que perdoaste à Samaritana, à adultera, que trataste com solicitude a Marta e a Maria e chorastes com elas a morte de seu irmão Lázaro, que tiveste com a viúva de Naim uma atitude de maravilhosa misericórdia e compaixão, ensina-nos, em Igreja, a respeitar a dignidade da mulher, o seu contributo específico para bem da Igreja e da Humanidade, acolhendo a sua generosidade e riqueza de coração, a sua grandeza de alma e talento feminino, e a sua visão das coisas e do mundo.

Que a Igreja, que é Mãe e Esposa, saiba acolher o contributo específico da mulher, para enriquecimento de todos, com seu jeito peculiar de doação, de amor, de entre-ga, de beleza interior, de sabedoria.

Dário Pedroso, s.j.

A oração é um dos pilares fundamentais da nossa missão. Sem a força que nos vem de Deus, não seríamos capazes de ajudar os Cristãos que sofrem por causa da sua fé.

Para ajudar estes Cristãos perseguidos e necessitados criámos uma grande corrente de oração e distri-buímos gratuitamente esta Folha de Oração, precisamente porque queremos que este movimento de oração seja cada vez maior. Por favor, ajude-nos a divulgá-la na sua paróquia, nos grupos de oração, pelos amigos e vizinhos. Não deite fora esta Folha de Oração. Depois de a ler, partilhe-a com alguém ou coloque-a na sua paróquia.

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3Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

A ZANGA COM DEUS

Reflectir

É surpreendente que na oração do Pai-

nosso todas as petições são dirigidas para

Deus e nenhuma para nós ou em nosso

favor. Em todo o caso, há uma que particu-

larmente nos agrada e que se transformou

até numa frase comum para dizer ou tra-

duzir o sentimento de alguém tão egoísta

que tudo deseja para si e nada para os

outros: «venha a nós o vosso reino!...». Mas

o «reino» que aqui se refere, na interpreta-

ção mais interesseira ou vulgar, tem a ver

com qualquer tipo de bem-estar, sobretu-

do psicológico ou material. Há também a

quarta petição sobre o «pão de cada dia»

que pedimos para que, na verdade, nada

nos falta, de novo aqui sobretudo no senti-

do material dos bens fundamentais para o

nosso sustento, desde aqueles que dizem

respeito ao comer e ao vestir, aos bens

mais elevados, mas mesmo assim, mate-

riais, da cultura, da profissão, do sucesso.

A este propósito lembro de uma história

de uma criança pobre que surpreendeu o

pároco quando escutou esta oração: «O

pão-nosso, mas com manteiga, nos dai

hoje!...». De facto, a criança era filha de

uma família muito pobre, onde o pão

seco era já uma riqueza… Providenciou o

bom do pároco para que, discretamente,

todas as manhãs, sem que soubessem

donde vinha, aparecesse a manteiga

para o pão daquela família, e qual não

foi a surpresa do pároco quando, alguns

dias mais tarde, surpreendeu a mesma

criança que agradecia ao bom Deus que

providenciava a manteiga para o seu

«pão-nosso de cada dia».

O Padre António Vieira, no seu comen-

tário ao Pai-nosso, inspirando-se, por sua

vez, em Santo Agostinho, convida-nos

a considerar que a única petição que

verdadeiramente nos diz respeito e que

INTENÇÃO NACIONAL

Por todos os que sofrem, no corpo, na alma ou no espírito, para que possam encarar com fortaleza todas as provações da vida e lê-las como uma visita de Deus que assim lhes abre os olhos e dilata o coração para coisas maravilhosas que não cabe à mente humana nem sequer imaginar.

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4 Sementes de Esperança | Março 15

havemos de pedir com intensidade, é a

última, aquela na qual pedimos «não nos

deixeis cair na tentação, mas livrai-nos do

mal». Porque, comenta o Padre António

Vieira, inspirando-se em Santo Agostinho,

o «mal» é a única coisa da qual devemos

pedir a Deus que nos livre, sendo que o

mal, neste contexto, é o pecado, afastar-

-se de Deus, não realizar a sua vontade,

que é o conteúdo mais importante de todo

o Pai-nosso traduzido na terceira petição:

«seja feita a vossa vontade assim na terra

como no céu».

Se, como dizia Santo Ireneu, a glória de

Deus consiste na vida do homem, mas a

vida do homem consiste na visão de Deus,

então pedir a Deus que a sua vontade se

cumpra em nós é o mesmo que pedir que

não nos deixe cair na tentação de a não

querer realizar, porque isso é o verdadeiro

e autêntico mal que nos danifica. E se isto

acontecer, se pedirmos verdadeiramente

e com convicção que Deus nos livre da

tentação e do mal, então nada nos fará

mal, passaremos por todas as provações

da vida envolvidos na sua protecção que

nos dá a paz. E neste sentido não cairemos

na tentação de nos zangarmos com Deus,

porque havendo a coincidência das vonta-

des, que são uma só, estaremos sempre

em paz, mesmo no meio das provações.

É isto que continua a acontecer hoje na

vida de tantos cristãos que de um modo

cruento ou incruento são perseguidos por

serem cristãos. Recordo aqui o testemunho

de Suheila, uma refugiada cristã no campo

dos refugiados em Ankawa, perseguidos

pelos fundamentalistas do estado islâmico

que, no meio de tantas dificuldades, mas

ajudados por tantos cristãos e homens

de boa vontade que apoiam a Fundação

AIS, dizia, com ar agradecido: «Estamos

vivos» e «por aqui ninguém está zanga-

do com Deus!...». E como poderia ser de

outro modo se, desde o mistério da cruz,

o Senhor se identifica com todos os que

são perseguidos por causa da justiça e do

seu Nome?

P. José Jacinto Ferreira de Farias, scj

Assistente Espiritual da Fundação AIS

Reflectir

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5Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Mais de 50% de desempregados, polí-ticos que não se entendem sobre nada e graves tensões interétnicas. O quadro não é cor-de-rosa para a Bósnia-Herzegovina, pequeno país dos Balcãs entalado entre a Croácia, a Sérvia e o Montenegro. Na fron-teira entre as culturas ocidental e oriental, este jovem Estado acolhe, ao mesmo tempo, três nações e três religiões.

A 28 de Junho de 2014, a capital Sarajevo comemorou os 100 anos do assassinato do arquiduque Francisco Fernando, acon-tecimento que desencadeou a primeira

guerra mundial. A comemoração pre-tendia dar ares de reconciliação e, sem dúvida, criar uma diversão após meses de manifestações dos bósnios contra a pobreza e o poder instituído. Mas ninguém se deixou enganar e até os políticos se mantiveram longe das atenções. Não há unidade. “Todavia, desde 1914, explica o Cardeal Puljic, Arcebispo de Sarajevo, que se tinha instalado uma certa tolerância entre as comunidades.” Hoje, os muçul-manos bósnios representam o grupo mais importante da população (50%) seguidos

Mais de vinte anos após a sua independência e depois das eleições legislativas de Outubro de 2014, a Bósnia-Herzegovina causa inquietação. Um sistema político pervertido, a descida do nível de vida e o aumento do desemprego não são indicadores de um futuro radioso. A isto, acresce uma radicalização do Islão, que não deixa de preocupar os Cristãos que lá vivem.

BÓSNIA-HERZEGOVINA O INTERMINÁVEL PÓS-GUERRA

Superfície

51.210 Km2

População

3,8 milhões de habitantes

Religiões

Cristãos: 52,3%

Ortodoxos: 37,9%;

Católicos: 14,2%;

Outros: 0,2%

Muçulmanos: 45,2%

Sem filiação religiosa: 2,5%

Bósnia-Herzegovina

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dos sérvios ortodoxos (30%) e dos croatas católicos (cerca de 10%).

Mas “desde a guerra de 91-95, as relações mudaram em detrimento dos Católicos”, prossegue. É necessário dizer que a guerra da Bósnia, desencadeada no seguimento da declaração de inde-pendência da Bósnia-Herzegovina pela Comunidade Europeia e pelos Estados Unidos, em 1992, deixou traços indelé-veis. Em quatro anos, entre 250 a 280 mil pessoas foram mortas ou declaradas desaparecidas, cerca de 500 mil foram torturadas e 2,5 milhões tornaram-se refugiadas no país ou no estrangeiro. Será, sem dúvida, necessário esperar que passe uma geração para atenuar os traumas e restaurar a confiança entre as comunida-des. Enquanto se espera, os acordos de Dayton, que puseram fim aos combates, apagarão as suas vinte velas em Outubro de 2015. Acordos que, na época, pareciam ser a solução menos má, mas que hoje parecem já não servir.

OraçãoPara que a situação social, económica e política da Bósnia-Herzegovina melhore, contribuindo para uma maior harmonia e tolerância entre o povo, nós Te pedimos Senhor!

RADICALIZAÇÃO DO ISLÃONa realidade, os acordos degeneraram

num sistema administrativo dantesco de complexidade: uma Bósnia separada em duas “entidades”: a Federação da Bósnia-Herzegovina (51% do território reagru-pando os Croatas-Bósnios) e a República Srpska (República Sérvia) com os 49% restantes, tudo gerido por um triunvirato sob a autoridade, em último grau, de um alto representante da comunidade inter-nacional. Como resultado, hoje em dia há pelo menos treze entidades governa-mentais e 160 ministérios, o que a torna provavelmente um dos Estados mais caros do mundo com despesas públicas que devoram quase 45% do PIB. E um sistema que trava toda a decisão política.

Em Sarajevo coexistem

cada vez mais mesquitas

e os vestígios da guerra

sempre presentes

(Vrhbosna).

Bósnia-Herzegovina

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7Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Paralelamente a este contexto de crise que exacerba as tensões entre as comu-nidades, o país é testemunha, de há uns anos para cá, de um Islamismo radical crescente. “A influência dos países árabes tornou-se mais forte”, explica o Cardeal Puljic “e a radicalização aumenta. Isto perturba até os muçulmanos idosos que sempre conviveram com os cristãos.” É um fenómeno que acelera a partida dos cató-licos. “Antes da guerra”, explica o cardeal, “as estatísticas apontavam para 812.256 católicos. Mas hoje, vinte anos mais tarde, o seu número foi dividido por dois, isto é 443.084.” A região pode, no entanto, vangloriar-se de ter sido evangelizada por S. Paulo no séc. I (Rm 15,9). Mas como ficar num país que não oferece nenhuma pers-pectiva de futuro nem de segurança? Para D. Pero Sudar, Bispo Auxiliar de Sarajevo: “Só a União Europeia pode propor algo de positivo em termos de futuro para os pobres cidadãos da Bósnia-Herzegovina.” Mas é um facto a constatação de que, por agora, a Europa parece estar visivelmente

ausente. À pergunta sobre se os Cristãos recebem ajuda da Europa, o Cardeal Puljic lamenta: “Muito para os outros e pouco, quase nada, para os Católicos.” Que os políticos que foram eleitos em Outubro possam trabalhar de maneira equitativa para o bem de todos.

OraçãoPara que os Católicos da Bósnia- Herzegovina se mantenham fiéis à sua identidade e dela dêem testemunho, nós Te pedimos Senhor!

Uma família pobre de Sasina (Banja Luka - Bósnia). O pai foi morto pelos soldados sérvios. As novas gerações não querem ficar. No espaço de vinte anos, o número de cristãos diminuiu para metade.

Bósnia-Herzegovina

Em 1990, a população encontra-se dividida. Os sérvios (32% da população) querem que a Bósnia-Herzegovina fique na federação jugoslava e os bósnios e os croatas (64% da população) desejam a independência. Por fim, a Bósnia-Herzegovina declarará a sua independência em Março de 1992, desencadeando quatro anos de guerra bárbara a que os acordos de Dayton, em Dezembro de 1995, puseram fim. O país divide-se em duas entidades. A Federação Bósnia e Herzegovina, e a República Srpska.

A GUERRA DA BÓSNIA

O Cardeal

Puljic e

Johannes

Heereman,

o presidente

executivo

da AIS.

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8 Sementes de Esperança | Março 15

Oração

Um tempo de mortificação, que não é uma nossa habilidade ascética. A mortificação é um desabituarmo-nos do mal. Quanto mais estamos atentos, mais nos damos conta que o nosso pecado é grande. Daqui nasce o equívoco acerca de uma nossa incapacidade: um desespero que tem a mesma raiz da presunção.

De facto, a conversão nasce do encontro contínuo com Cristo. O modo com o qual Ele pro-voca a nossa conversão não o podemos prever. A Páscoa é o fim imprevisível da Quaresma.

O pecado torna-se a maior mentira quando não existe vigilância. A vigilância é: recomeçar sempre com Deus, e não buscar com as próprias forças a perfeição moral.

A verdadeira vigilância exprime-se assim: “Dá-me o tempo para que eu Te possa invocar” (Stº Agostinho).

A Quaresma é então o tempo desta consciência: existimos só com a Sua ajuda. A ânsia, e a preocupação na vida são o sinal da mesma dureza dos Fariseus. A doçura no julgar-se a si e aos outros vem só de ter o olhar em Deus, do apoiar-se n´Ele.

É, então, preciso como dote fundamental a simplicidade: seguir e basta.

Nós, pelo contrário, pecamos a maioria das vezes contra a própria simplicidade: tendemos a conceber a nossa vocação como queremos nós. Podemos chegar a experimentar irritação contra Deus que não faz a nossa vontade. Cai-se numa chantagem subtil que complica a vida. E, no entanto, na forma mais dolorosa da prova (quando Ele parece que não responde àquilo que nós esperamos) descobre-se o factor maior da educação: a atenção ao essencial, porque nos chama a Ele. As provas são uma educação ao essencial.

Por estes motivos, a Quaresma é o tempo da segurança; o tempo do amor, porque percebe-mos que Alguém nos ama. Está-se livre de todo o peso, em virtude do perdão. Penetra em nós a alegria de nos sabermos objecto da Sua salvação.

Podemos olhar-nos a nós próprios com esperança. Esse é o verdadeiro jejum, porque implica olhar só para Ele. Só para Ele que nos salva. Por isso, penitência e jejum são muito mais o realizar-se do amor do que o privar-se de algo.

D. Luigi Giussani (Apontamentos para o tempo de Quaresma)

QUARESMA É O MOMENTO DA EDUCAÇÃO A TORNARMO-NOS COMO DEUS NOS QUER

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9Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

UM POUCO DE HISTÓRIA

Nos finais do séc. XII nasciam no Monte Carmelo (em Israel) os Carmelitas que, em 1209 começaram a viver uma vida orga-nizada por meio de uma Regra. Estes pri-meiros Carmelitas dedicavam-se à oração e à meditação da Palavra de Deus. A ins-tabilidade que já naquela época existia na Terra Santa leva-os a abandonar esse lugar e a virem para a Europa. Aí estabelecidos, procuram fixar a sua identidade e fazem-no adoptando dois modelos:

- O profeta Elias: por um lado viam nele o protótipo do eremita dedicado intei-ramente à contemplação e por outro um modelo de vida mista conjugando a acção e a contemplação.

- Nossa Senhora: desenvolvem igual-mente a piedade mariana que acaba por identificá-los como a Ordem da Virgem, de tal forma que passam a ser conhecidos oficialmente com o título de Irmãos da

Bem-aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo. Título que se manteve até hoje para as Carmelitas Descalças.

SANTA TERESA DE JESUS E S. JOÃO DA CRUZ

No séc. XV aparece o ramo feminino da Ordem e no séc. XVI, Santa Teresa de Jesus, também conhecida por Santa Teresa de Ávila, ajudada por S. João da Cruz funda a Ordem dos e das Carmelitas Descalços(as)(OCD) que, nos dias de hoje, engloba três ramos: os Padres Carmelitas Descalços, as Irmãs Carmelitas Descalças e a Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares.

Todo o Carmelo Descalço está neste momento a celebrar os 500 anos do nas-cimento da nossa fundadora Santa Teresa de Jesus (2014-2015), nascida em Ávila em 28 de Março de 1515.

Actualmente no mundo as Carmelitas Descalças somam cerca de 13 mil mem-bros e os Carmelitas Descalços à volta de

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A ORDEM DOS CARMELITAS DESCALÇOS

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4 mil. Em Portugal as Carmelitas são perto de 140, distribuídas por nove Carmelos e os Carmelitas cerca de trinta, com casas no norte e no centro do país. Os Carmelitas seculares são cerca de 25 mil, estando cerca de 500 em Portugal.

OS EIXOS DA ESPIRITUALIDADE CARMELITA

Oração: «A oração é um trato de amiza-de, estando muitas vezes a sós com quem sabemos que nos ama», escreveu Santa Teresa. Trata-se de uma espiritualidade de intimidade, de familiaridade com o Senhor, de O sentir “companheiro nosso”, “amigo que nunca falta”. A partir da oração tudo deve convergir para o amor: a leitura, a meditação, a acção de graças, os propó-sitos para a vida, tudo deve levar a amar mais. Diz Santa Teresa:

Além disso a oração não é para procu-rar uma plenitude, um “sentir Deus”, um “encontrar-me a mim mesmo”, mas para encontrar-me com Deus, simplesmente, e de forma que esse encontro mude de facto a minha vida na prática. Desta forma, a oração não acontece apenas no tempo a ela reservado, mas trata-se de uma oração contínua, durante todo o dia, em que se procura fazer tudo numa vigilância de amor.

A união com Deus é o objetivo da vida carmelita, que acontece quando se pro-cura exercitar o amor de uns para com os

outros, o desprendimento de todas as coi-sas e a verdadeira humildade. Na verdade, no Carmelo, o papel da Comunidade é fundamental. Temos duas horas diárias de oração e duas horas diárias de recreio com a Irmãs, para realçar que é tão importante a Deus como o amor aos irmãos.

Além disso, vivemos uma vida de silên-cio e solidão, que é o húmus onde cresce a vida de união com Deus. É um separar-nos de todas as coisas para que o Senhor tenha o primeiro e o único lugar.

Mas não se trata de um silêncio nem de uma solidão “sós”, mas habitados por uma presença, a Presença de Deus. O Senhor não se encontra apenas no sacrário, mas encontra-Se também no nosso coração. Aliás, é essa a razão pela qual Ele está no sacrário. Como dizia Santa Teresinha, uma carmelita do séc. XIX “Não é para ficar no cibório de ouro que Jesus desce todos os dias do Céu, mas para encontrar outro Céu que Lhe é infinitamente mais caro que o primeiro: o Céu da nossa alma, feita à Sua imagem, o templo vivo da adorável Trindade!...” Nunca nos deveríamos sentir sós, porque “Ele não perde o cuidado de nós.” em todos os momentos e em todas as situações o olhar de Deus repousa sobre nós. Segundo as palavras de S. João da Cruz: “O olhar de Deus é amar”.

Vivemos em clausura que é uma aju-da fundamental para mergulhar mais

2015 - Ano da Vida Consagrada

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11Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

PRESENÇA E CONTACTOSCarmelo de Cristo RedentorR. Nossa Senhora da Saúde, 18, 3810 - 291 AVEIROTel. 234 342 615, E-mail: [email protected] Carmelitas Descalças - Quinta de Bande Rua do Mosteiro, 4590 - 072 CARVALHOSATel. 255 964 540 , Fax 255 964 466E-mail: [email protected] da Imaculada ConceiçãoBom Jesus, 4710 - 455 BRAGATel. 253 676 576 , E-mail: [email protected] de Santa Teresa 3000-359 COIMBRA E-mail: [email protected] Beato Nuno de Santa MariaRua Carmelo Beato Nuno, 7430 - 122 CRATOTel. 245 996 395, Fax 245 996 395 E-mail: [email protected] de Nª Sª Rainha do MundoPatacão, 8005 - 511 PATACÃOTel. 289 816 603, Fax: 289 816 603E-mail: [email protected] de São JoséAv. Beato Nuno, 361, Cova da Iria, 2495-401 FÁTIMATel. 249 531 627, E-mail: [email protected] da Santíssima TrindadeQuinta Nª Sª do Miléu, Calçada Romana, 6300-818 GUARDATel. 271 224 014, Email: [email protected] Descalças - Carmelo Santa TeresinhaRua de Santa Teresa, 9, 4900 - 310 VIANA DO CASTELOE-mail: [email protected]

profundamente na vida de oração contínua. Não se trata apenas de “não sair”, mas de “entrar dentro de si” e encontrar-se com o Senhor presente no nosso coração desco-brindo a “água viva” da qual Jesus fala à samaritana.

A nossa vida de oração tem um objetivo que é antes de tudo eclesial, apostólico e missionário. Santa Teresinha é Padroeira Universal das Missões, partilhando este título com S. Francisco Xavier. Este percorreu milhares de quilómetros e Santa Teresinha nunca saiu do seu Carmelo. É Padroeira das Missões pelo seu zelo apostólico, pelo seu amor aos missionários. Já próxima da morte, por tuberculose, cumpria ainda uma prescrição médica de “dar uns passinhos” porque lhe faria bem. Uma Irmã surpreen-deu-a cansadíssima a dar esses passinhos e disse-lhe: “Irmã Teresa, páre de andar e descanse”, ao que Santa Teresinha respon-deu: “Irmã, estou a dar estes passinhos por um missionário que, lá longe, está cansado e desanimado para continuar. Que o meu sofrimento o alivie e dê força”. A verdade é que, anos mais tarde, um missionário deu o seu testemunho de como estando can-sado e desanimado ficou de repente cheio de força e coragem, e este relato coincidia com o dia e hora em que tal facto sucedeu.

Em linhas muito gerais, são estas algu-mas das características da vida dos e das Carmelitas Descalços/as.

2015 - Ano da Vida Consagrada

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Actualidade

CARTA DO PAPA FRANCISCOV CENTENÁRIO SANTA TERESA DE JESUSVATICANO, 15 OUTUBRO 2014

A 28 de Março de 1515 nasceu em Ávila uma menina que com o passar do tempo seria conhecida como Santa Teresa de Jesus. Ao aproximar-se o quinto centenário do seu nascimento, volto o olhar para essa Cidade para agradecer a Deus pelo dom desta grande mulher e animar os fiéis da querida diocese de Ávila e a todos os espanhóis para que conheçam a história dessa insígnia fundadora, para que leiam os seus livros, os quais, a par das suas filhas nos numerosos Carmelos espalhados pelo mundo, nos continuam a dizer quem e como foi a Madre Teresa e o que nos pode ensinar aos homens e mulheres de hoje.

Na escola da santa andarilha aprendemos a ser peregrinos. A imagem do caminho pode sintetizar muito bem a lição da sua vida e da sua obra. Ela entendeu a sua vida como caminho de perfeição pelo qual Deus conduz o homem, morada após morada, até Ele e, ao mesmo tempo, o põe em caminho para os homens. Por que caminhos quer levar-nos o Senhor seguindo as pegadas e pela mão de Santa Teresa? Gostaria de recor-dar quatro que me fazem muito bem: o caminho da alegria, da oração, da fraternidade e do tempo próprio.

Teresa de Jesus convida as suas monjas a «andar alegres servindo» (Caminho 18,5). A verdadeira santidade é a alegria, porque “um santo triste é um triste santo”. Os santos, mais do que esforçados heróis são fruto da graça de Deus aos homens. Cada santo

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13Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Actualidade

manifesta-nos um traço do multiforme rosto de Deus. Em Santa Teresa contemplamos o Deus que, sendo «soberana Majestade, eterna Sabedoria» (Poesia 2), revela-Se próximo e companheiro, tem as suas delícias em conversar com os homens: Deus alegra-Se con-nosco. E, por sentir o Seu amor, experimentava uma alegria contagiosa que não podia dissimular e que transmitia à sua volta. Esta alegria é um caminho que temos de andar durante toda a vida. Não é instantânea, superficial, barulhenta. É preciso procurá-la já «nos princípios» (Vida 13,l). Expressa o gozo interior da alma, é humilde e «modesta» (cf. Fundações 12,l). Não se alcança pelo atalho fácil que evita a renúncia, o sofrimento ou a cruz, mas que se encontra padecendo trabalhos e dores (cf. Vida 6,2; 30,8), olhando para o Crucificado e procurando o Ressuscitado (cf. Caminho 26,4). Daí que a alegria de Santa Teresa não seja egoísta nem auto-referencial. Como a do céu, consiste em «alegrar-se que se alegrem todos» (Caminho 30,5), pondo-se ao serviço dos demais com amor desinteressado. Da mesma forma que disse a um dos seus mosteiros em dificuldades, a Santa diz-nos também hoje a nós, especialmente aos jovens: «Não dei-xem de andar alegres!» (Carta 284,4). O Evangelho não é uma bolsa de chumbo que se arrasta pesadamente, mas sim uma fonte de gozo que enche de Deus o coração e o leva a servir os irmãos!

A Santa transitou também o caminho da oração, que definiu de forma bela como um «tratar de amizade estando muitas vezes a sós com quem sabemos que nos ama» (Vida 8,5). Quando os tempos são “difíceis”, são necessários «amigos fortes de Deus» para dar sustento aos fracos (Vida 15,5). Rezar não é uma forma de fugir, também não é evadir-se, nem isolar-se, mas sim avançar numa amizade que tanto mais cresce quanto mais se trata com o Senhor, «amigo verdadeiro» e «companheiro» fiel de viagem, com quem «tudo se pode sofrer», pois sempre «ajuda, dá esforço e nunca falta» (Vida 22,6). Para orar «não está a coisa em pensar muito mas sim em amar muito» (Moradas IV,1,7), em voltar os olhos para olhar aquele que não deixa de olhar-nos amorosamente e sofrer por nós pacientemente (cf. Caminho 26,3-4). Por muitos caminhos pode Deus conduzir as almas para si, mas a oração é o «caminho seguro» (Vida 213). Deixá-la é perder-se (cf. Vida 19,6). Estes conselhos da Santa têm uma actualidade perene. Sigam, pois, pelo caminho da oração, com determinação, sem deter-se, até ao fim! Isto vale particular-mente para todos os membros da vida consagrada. Numa cultura do provisório, viva a fidelidade do «para sempre, sempre, sempre» (Vida 1,5); num mundo sem esperança, mostrem a fecundidade de um «coração enamorado» (Poesia 5); e numa sociedade com

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Actualidade

tantos ídolos, sejam testemunhas de que «só Deus basta» (Poesia 9).

Este caminho não podemos fazê-lo sozinhos, mas sim juntos. Para a santa reformadora o caminho da oração transcorre na via da fraternidade no seio da Igreja mãe. Esta foi a sua resposta providencial, nascida da inspiração divina e da sua intuição feminina, aos problemas da Igreja e da sociedade do seu tempo: fundar pequenas comunidades de mulheres que, à imitação do “colégio apostólico”, seguiram Cristo vivendo simplesmen-te o Evangelho e sustendo toda a Igreja com uma vida feita oração. «Para isto vos juntou Ele aqui, irmãs» (Caminho 2,5) e tal foi a promessa: «que Cristo andaria connosco» (Vida 32,11). Que linda definição da fraternidade na Igreja: andar juntos com Cristo como irmãos! Para isso não recomenda Teresa de Jesus muitas coisas, simplesmente três: amar-se muito uns aos outros, desprender-se de tudo e verdadeira humildade, que «ainda que a digo por último é a base principal e as abraça todas» (Caminho 4,4). Como desejaria, nestes tempos, umas comunidades cristãs mais fraternas onde se faça este caminho: andar na verdade da humildade que nos liberta de nós mesmos para amar mais e melhor aos demais, especialmente aos mais pobres! Nada há mais belo do que viver e morrer como filhos desta Igreja mãe!

Precisamente porque é mãe de portas abertas, a Igreja sempre está em caminho para os homens para levar-lhes aquela «água viva» (cf. Jo 4,10) que rega o horto do seu coração sedento. A santa escritora e mestra de oração foi ao mesmo tempo fundadora e missionária pelos caminhos de Espanha. A sua experiência mística não a separou do mundo nem das preocupações das pessoas. Pelo contrário, deu-lhe novo impulso e coragem para a acção e para os deveres de cada dia, porque também «entre as panelas anda o Senhor» (Fundações 5,8). Ela viveu as dificuldades do seu tempo - tão complica-do – sem ceder à tentação do lamento amargo, mas antes aceitando-as na fé como uma oportunidade para dar um passo mais no caminho. E é que, «para fazer Deus grandes mercês a quem de verdade o serve, sempre há tempo» (Fundações 4,6). Hoje Teresa diz-nos: Reza mais para compreender bem o que acontece à tua volta e assim actuar melhor. A oração vence o pessimismo e gera boas iniciativas (cf. Moradas VII, 4,6). Este é o realismo teresiano, que exige obras em vez de emoções, e amor em vez de sonhos, o realismo do amor humilde ante um ascetismo trabalhoso! Algumas vezes a Santa abrevia as suas saborosas cartas dizendo: «Estamos de caminho» (Carta 469,7.9), como expressão da urgência em continuar até ao fim com a tarefa começada. Quando arde o mundo, não se pode perder o tempo em negócios de pouca importância. Oxalá contagie

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15Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Actualidade

a todos esta santa pressa para sair e percorrer os caminhos do nosso próprio tempo, com o Evangelho na mão e o Espírito no coração!

«Já é tempo de caminhar!» (Ana de São Bartolomeu, Últimas acções da vida de santa Teresa). Estas palavras de Santa Teresa de Ávila às portas da morte são a síntese da sua vida e convertem-se para nós, especialmente para a família carmelita, para os habitan-tes de Ávila e para todos os espanhóis, numa preciosa herança a conservar e enriquecer.

Querido Irmão, com a minha saudação cordial, a todos vos digo: Já é tempo de cami-nhar, andando pelos caminhos da alegria, da oração, da fraternidade, do tempo vivido como graça! Percorramos os caminhos da vida pela mão de Santa Teresa. Seus passos conduzem-nos sempre a Jesus.

Peço-vos, por favor, que rezem por mim, pois necessito. Que Jesus vos abençoe e a Virgem Santa vos proteja.

Fraternalmente, Francisco

CURSO DE LECTIO DIVINATema: A experiência de Deus em Santa Teresa de Jesus

A Fundação AIS vai organizar o seu habitual curso de Lectio Divina, de 10 a 12 de Abril, na Domus Carmeli, em Fátima, que será orientado pelo Padre Armindo Vaz, OCD.

Preço com alojamento em quarto individual e refeições – 65€

NOTA: Para facilitar o pagamento do retiro, este poderá ser efectuado faseada-mente até dia 27 de Março. De outra forma não poderemos garantir a reserva do quarto.

Agradecemos que entre em contacto com a Fundação AIS para fazer a sua inscri-ção através do telefone 21 7544000 (de 2ª a 6ª feira, das 9h00 às 18h00) ou por e-mail para [email protected].

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TERESA DE ÁVILA A MÍSTICA LUTADORA, ESCRITORA POR OBEDIÊNCIA

TRua Professor Orlando Ribeiro, 5 D, 1600-796 LISBOAel 21 754 40 00 • Fax 21 754 40 01 • NIF 505 152 304

[email protected] • www.fundacao-ais.pt

SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

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REDACÇÃO E EDIÇÃO

FONTEFOTOS

CAPAPERIODICIDADE

IMPRESSÃOPAGINAÇÃO

DEPÓSITO LEGALISSN

Fundação AIS Catarina Martins de BettencourtP. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Alexandra Ferreira, Ana Vieira e Félix LunguL’Église dans le monde – AIS França© AED; ©; “Teresa de Ávila” por François Gérard

Chambers, St Joseph Child Jesus Crying 11 Edições AnuaisGráfica ArtipolJSDesign352561/122182-3928

Isento de registo na ERC ao abrigo do Dec. Reg. 8/99 de 9/6 art.º 12 n.º 1 A

Nem todos somos levados por este caminho de perfeição, mas sim chamados a uma oração em que sentimos a presença de Deus, presença do amigo que está aí ao lado e que dá respostas.

Aqui está ao nosso alcance uma belíssima biografia ilustrada de Santa Teresa de Ávila. É o livro do Centenário. A autora, Maria Torres, é uma profunda conhecedora desta mulher do século de ouro espanhol, esse período tão fecundo da Igreja de todos os tempos e que nos deixou um tão belo exemplar. Leu atentamente todos os escritos da Santa; tem uma perspicácia muito fina ao descobrir e trazer para a luz muitos aspectos que a um leitor menos atento lhe podem escapar. Deixa-nos um belo retrato, bem completo, da sua vida e doutrina.180 páginas

Destaque

Cód. LI095€ 14,00