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Novembro Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre 2014 Sementes de Esperança

Sementes de Esperança | Novembro de 2014

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Folha de oração mensal em comunhão com os cristãos que sofrem www.fundacao-ais.pt

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Novembro

Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

2014

Sementes��de Esperança

2 Sementes de Esperança | Novembro 14

Intenção Geral

Pessoas em solidão

Para que as pessoas que sofrem a solidão sintam a proximidade de Deus e o apoio dos irmãos.

> A solidão é terrível e gera muito sofrimento. Podemos estar em solidão no meio de muita gente, quando somos desprezados, não acolhidos, não aceites, criticados e colocados à margem. A solidão provocada pela falta de amor gera dor, tristeza, amargura, às vezes até suicídio. Aproximemo-nos de quem sofre e está só. Sejamos presença amiga e cordial. Sejamos portadores de paz, de alegria, de amizade, de conforto, de carinho. Não deixemos que a solidão se instale no coração e na vida das pessoas para não as destruírem, as margarem, para que não sejam corações em sofrimento. O mundo cada vez mais global parece gerar mais desunião e solidão. Torna-se cruel e semeador de sofrimento. Olhemos sobretudo para os idosos em solidão, para os órfãos em solidão, para as pessoas que vivem desprotegidas e desamparadas. Rezemos por elas.

Dário Pedroso, s.j.

Intenção MissionáriaFormadores do clero e dos religiososPara que os seminaristas, os religiosos e as religiosas jovens tenham formadores sábios e bem preparados.

INTENÇÃO NACIONALPelas famílias cristãs e pelas famílias em geral, para que estejam disponíveis a acolherem nas suas vidas o «evangelho da família», colocando-se num processo contínuo de conversão para que possam cuidar, cada um dos seus membros, uns dos outros, por Deus e em Deus.

A oração é um dos pilares fundamentais da nossa missão. Sem a força que nos vem de Deus, não seríamos capazes de ajudar os Cristãos que sofrem por causa da sua fé.

Para�ajudar�estes�Cristãos�perseguidos�e�necessitados�criámos�uma�grande�corrente�de�oração�e�distri-buímos�gratuitamente�esta�Folha�de�Oração,�precisamente�porque�queremos�que�este�movimento�de�oração�seja�cada�vez�maior.�Por favor, ajude-nos a divulgá-la na sua paróquia, nos grupos de oração, pelos amigos e vizinhos. Não�deite�fora�esta�Folha�de�Oração.�Depois�de�a�ler,�partilhe-a�com�alguém�ou�coloque-a�na�sua�paróquia.

Intenções de Oração do Santo Padre

3Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

O�sínodo�extraordinário�dos�bispos�que�se�realizou�em�Roma�durante�o�mês�de�Outubro�foi�o�primeiro�momento� de� um� processo� de� discernimento� sobre�quais� caminhos� seguir� hoje� na� pastoral� do� matri-mónio�e�da�família,�para�que�os�casais�e�as�famílias�possam�viver�a�santidade�a�que�são�chamados,�preci-samente�como�casais�e�como�famílias�cristãs.�Se�não�houvesse�mais�nada�e�o�sínodo�se� limitasse�a�esta�sessão�extraordinária,�penso�que,�mesmo�assim,� já�teria�valido�a�pena,�por�causa�do�debate�que�provo-cou�e�pela�tomada�de�consciência�mais�expressa�dos�problemas�actuais�na�nossa�civilização�no�que�toca�ao�matrimónio�e�à�família.

A�opinião�pública�fixou-se�nas�questões�fracturan-tes�da�situação�actual�de�muitos�casais�e�de�muitas�famílias,� no� que� diz� respeito� aos� divorciados� e� aos�recasados�e�às�uniões�de�facto�ou�outras�entre�pes-soas�do�mesmo�sexo,�e�sobre�a�possibilidade�de�as�integrar�no� seio�da� Igreja,� para�que�não� se� sintam�descriminadas�perante�a�comunidade�ou�a�sociedade�em�geral.�Esse�debate�público�envolveu�praticamente�todas�as�camadas�sociais�e�todos�os�estados�no�inte-rior�da�Igreja.�O�questionário�enviado�foi�amplamente�comentado�e�respondido�e�o�«instrumentum�laboris»�reflectia�um�pouco�a�situação,�até�por� representati-vidade� por� áreas� geográficas,� passando� a� ideia� de�que�as�situações�fracturantes�se�encontram�mais�no�ocidente,� marcadamente� cristão,� ao� passo� que� em�África,� na� América� Latina� e� na� Ásia� a� disposição� a�respeito�da�doutrina�da�Igreja�sobre�o�matrimónio�e�a�família�era�de�maior�acolhimento.�Fica�a�ideia�de�que�a�geografia�eclesial�se�desloca�do�Ocidente�para�essas�regiões�do�mundo.�

Não� estávamos� habituados� a� que� o� debate� e� o�confronto�de�ideias�envolvessem�figuras�da�mais�alta�hierarquia�eclesial,�como�bispos�e�cardeais.�Mas�isso�foi�seguramente�salutar,�não�para�clarificação�de�posi-ções,�pois,�no�essencial�todos�estão�de�acordo,�mas�

para�traduzir�a�complexidade�das�relações�pastorais�e�quanto�ao�modo�de�lidar�com�situações�difíceis.

O�discurso�do�Santo�Padre�no�final�do�sínodo�e�o�«documento� final»� confirmam�nesta� atitude� funda-mental�da�Igreja�de�ser�fiel�à�sua�missão,�de�ser�sinal�e�como�que�sacramento�de�salvação�para�o�mundo.�Não�está�no�poder�da�Igreja�tocar�ou�mudar�a�«subs-tância�dos� sacramentos».�Neste�domínio,� como�em�todos�os�outros,� a� Igreja�não�é�um�catavento,�mas�uma�bússola.�E�o�que�eu�retirei,�para�já,�de�todo�este�debate,�vivo�e�apaixonado�sobre�o�matrimónio�e�a�família,�é�que�todos�nós�nos�devemos�colocar�num�«processo� penitencial»,� sendo� que� o� desafio,� de�hoje�e�de�sempre,�não�é�o�de�cairmos�na�tentação,�hoje�muito�fácil,�de�pretender�adaptar�a�Palavra�e�o�Pensamento�de�Deus�às�nossas�comodidades�e�à�nos-sa�alergia�à�cruz�–�que�é�a�condição�de�todo�o�discípulo�de�Jesus�-,�mas,�bem�pelo�contrário,�de�conformarmos�a�nossa�vida,�os�nossos�actos�e�as�nossas�atitudes�com�a�vontade�de�Deus.�E�no�que�diz�respeito�ao�matri-mónio�e�à�família�não�nos�devemos�esquecer�que�se�trata�de�um�«estado�de�vida�permanente»�e�não�de�um�acto�isolado.�O�mistério�do�amor,�que�parece�ser�o�que�há�de�mais�subjectivo,�é,�pelo�contrário,�o�que�há�de�mais�social�e�politico.�O�sacramento�do�matri-mónio�celebra�esta�natureza�pública�e�social�do�amor,�que,�entre�baptizados�e�quando�o�celebram�segundo�sentir�da�Igreja,�se�torna�sacramento,�sinal�público�e�eficaz�da�relação�entre�Cristo�e�a�Igreja,�relação�esta�que�se�celebra�no�matrimónio�e�na�eucaristia.�Neste�sentido�estes�sacramentos�implicam-se�mutuamente�e�não�podem,�em�caso�algum,�estar�em�contradição.�Fica�assim�sugerida�a�razão�pela�qual�os�divorciados�e�recasados�não�podem�participar�na�comunhão�sacra-mental,�pois�não�se�pode�celebrar�um�mistério�com�o�qual�o�estado�de�vida�está�em�contradição.

�P.�José�Jacinto�Ferreira�de�Farias,�scjAssistente Espiritual da Fundação AIS

SOBRE O SÍNODO DOS BISPOS

Reflectir

4 Sementes de Esperança | Novembro 14

Outrora� Ruanda,� hoje� República� Centro�Africana?� A� questão� parece� incontornável�neste� vigésimo� aniversário� do� genocídio�ruandês�durante�o�qual�morreram,�em�con-dições�muitas�vezes�atrozes,�cerca�de�800�mil�pessoas:� homens,� mulheres� e� crianças,� na�sua�maioria�tutsis.�Que�se�passou�neste�pequeno�país�da�região�dos�grandes� lagos,� considerado�a�“Suíça�de�África”�antes�da�tragédia?�O�que�transformou�

pessoas�pacíficas�em�assassinos�que�massa-cravam�a�golpes�de�machado�ou�com�armas�de�fogo�os�seus�vizinhos,�algumas�vezes�os�seus�amigos,�dentro�das�suas�casas,�à�beira�das� estradas,� e� perseguindo-os� por� toda� a�parte,� nas� florestas� ou� nos� pântanos� e� até�mesmo�nas�igrejas?�O�seu�único�crime�era�o�de�pertencerem�à�etnia�tutsi�contra�a�qual�foi,�de�repente,�lançado�um�apelo�ao�extermínio,�à� “solução� final”,� ao� genocídio.� Mas� houve�

RUANDA

Entre Abril e Julho de 1994 foram massacradas mais de 800 mil pessoas, na sua maioria tutsis. Após vinte anos e múltiplos processos, está longe de se fazer luz sobre todas as responsabilidades do último genocídio do séc. XX.

RUANDA VINTE ANOS APÓS O GENOCÍDIO, AS FERIDAS CONTINUAM ABERTAS

Superfície26.338 Km2

População10,3 milhões de habitantes

Religiões

Cristãos: 93,4 % dos quais 49,5 % CatólicosAnimistas: 1 %Muçulmanos: 1,8 %Outros: 0,2 %Sem religião: 3,6 %

Línguas

kinyarwanda, francês e inglês

5Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

RUANDA

Grupo de órfãos

acolhidos pelas

famílias da Paróquia

de Butare dançam

e cantam.

também� vítimas� entre� os� hutus� acusados�de� serem� cúmplices� dos� tutsis,� porque�qui-seram�protegê-los�ou�simplesmente,�porque�recusaram� tomar� parte� nos� massacres.� Era�preciso�matar�para�não�ser�morto.

VIU-SE DE TUDO NESTA LOUCURA COLECTIVA

Os�carrascos�eram�pessoas�comuns,�alguns�ocupando�postos�de� responsabilidade,�polí-cias,� militares,� professores,� porque� se� viu�de� tudo�nesta� loucura�colectiva,�e� também�padres,� religiosos� e� religiosas!� É� isto� que�espanta�mais�nos�julgamentos�dos�“genoci-das”� que� se� realizam� esporadicamente,� de�há�vinte�anos�para�cá.�Primeiro�no�Ruanda,�onde� cerca� de� dois� milhões� de� pessoas�foram� julgadas� por� tribunais� populares,� os�“gacaca”,�mas�também�em�diversos�países�onde�os�assassinos�se�refugiaram,�sobretudo�na� Europa.�Mas� se� a� instrução�dos� casos� e�as�condenações�pronunciadas� revelam�esta�terrível�realidade�da�falência�das�elites,�não�dão,�todavia,�uma�explicação�satisfatória.

Poder-se-á,� aliás,� dar� alguma� vez� uma�

explicação� racional� para� o� absurdo� de� um�frenesim�sanguinário?

A� História,� contudo,� dá� pistas.� O� papel�desempenhado�pelo�colonizador�branco�que�tinha�investido�primeiro�nos�Tutsis,�considera-dos�“uma�raça�superior”�no�séc.�XIX�e�durante�três� quartos� de� séc.� XX,� antes� de� fazer� um�reequilíbrio� brutal� a� favor� dos� Hutus,� não�terá� certamente� favorecido� o� entendimento�harmonioso�entre�as�duas�etnias.

Juntamente� com� as� autoridades� civis,� a�Igreja� tem�a� sua�quota�parte�de� responsabi-lidade.� Tratando-se� de� evangelização� não� se�teria�ido�longe�demais�nesta�tarefa�ao�bapti-zar� “em�catadupa”�ou�admitindo�nas�ordens�candidatos� cujo� Cristianismo� era� apenas� de�fachada?� Afinal,� foi� preciso� um� milénio� para�que�a�Europa�pudesse�ser�considerada�“cristã”,�uma�vez�que�os�costumes�dos�seus�habitan-tes�de�então�não�se�distanciavam�muito�dos�costumes�dos� ruandeses�do� final�do�séc.�XX.�Costumes�estes�prontos�a�voltar�a�mergulhar�a� Europa� no� pior� cenário,� tal� como� outrora,�como�o�demonstraram�as�guerras�religiosas,�a�Revolução�Francesa�e�o�nazismo�na�Alemanha.

6 Sementes de Esperança | Novembro 14

RUANDA

OraçãoPara que o perdão e o amor que brotam do coração de Cristo na Cruz possam curar os corações profundamente feridos dos Ruandeses, nós Te pedimos Senhor!

PAUL KAGAME ACUSOU A FRANÇA DE SER CÚMPLICE

Os� Tutsis,� que� retomaram� o� poder� sob� a�batuta� do� presidente� Kagame,� demoram� a�perdoar�à�França�o�seu�apoio�ao�regime�pre-cedente,�dominado�pelos�Hutus.�Paul�Kagame�acusou� taxativamente� a� França� de� ser� cúm-plice� dos� genocidas,� nomeadamente� através�da� operação� militar� e� humanitária� Turquesa,�que� teria� favorecido� a� fuga� dos� principais�responsáveis� para� o� vizinho� Zaire.� Nicolas�Sarkozy� deu-lhe� uma� pequena� satisfação� ao�reconhecer,�em�2010,�“graves�erros�de�apre-ciação”�mas�sem�por�isso�“se�arrepender”,�em�nome�da�França,�como�pretendia�o�Presidente�ruandês,�que�o�recebia�em�Kigali.�Foi,�todavia,�o�primeiro�entendimento�desde�que�o�Ruanda�rompera�as�relações�diplomáticas�com�a�França�em�2006,�após�o�inquérito�do�juiz�Bruguière,�

que�concluíra�sobre�a�responsabilidade�inicial�de�Paul�Kagame,�pessoalmente,�e�dos�que�o�rodeavam,�no�atentado�de�6�de�Abril�de�1994,�contra� o� avião� do� Presidente� hútu,� Juvénal�Harabyarimana.� Imediatamente�atribuído�aos�Tutsis,�este�atentado,�no�qual�morreram�todos�os� passageiros� e� a� tripulação� francesa,� foi� o�rastilho�para�o�genocídio.�O�inquérito�da�justiça�francesa�tinha�provocado�um�clamor�em�Kigali,�que�tinha�contra�atacado�acusando�a�França�de�cumplicidade� com� os� genocidas,� num� relato�oficial,� recheado� de� mandatos� de� captura�contra�os�presumíveis�responsáveis�franceses,�entre� os� quais� Alain� Juppé� na� qualidade� de�ministro�dos�Negócios�Estrangeiros.

O� restabelecimento� das� relações� diplo-máticas� entre� o� Ruanda� e� a� França,� desde�2010,�não�chega�para�considerar�amistosas�as�relações�entre�os�dois�países.�Viu-se�bem�isso� em� 2012,� com� a� recusa� de� Kigali� de�acreditar� a� nova� embaixadora,� Hélène� le�Gall,� considerada� muito� próxima� de� Alain�Juppé�(o�que�não�a�impediu�de�se�tornar�a�“Madame� África”� de� François� Hollande...).��É� um� facto� que� Kigali� tem� apenas�

Lápide fúnebre

das Filhas da

Ressurreição,

comunidade

apoiada pela

Fundação

AIS, relativa

ao genocídio

de 1994.

Mais de 10 mil peregrinos reunidos no Santuário Mariano de Kibeho para a Festa da Assunção, no Verão de 2013.

7Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

RUANDA

interesse�em�reatar�as�boas� relações,�dado�que� a� França,� mais� ou� menos� contrita,� é�o� melhor� interlocutor� –� e� advogado� –� do�Ruanda�no�seio�da�União�Europeia.

A VERSÃO DAS AUTORIDADES DE KIGALITodavia,�o�Governo� francês�actual� terá�de�

trabalhar� arduamente� para� apresentar� o�Ruanda�à�União�Europeia�sob�uma�luz�favorá-vel.�As�autoridades�de�Kigali�continuam�presas�a�uma�versão�maniqueísta�da�história�e�cri-minalizam,�ameaçando�com�prisão�perpétua,�os� que� recusam� a� representação� unilateral�do� genocídio� de� 1994,� como� recentemente�o�denunciou�a�Caritas�Suíça�(comunicado�de�31/10/2013).� Embora� tenha� conseguido�reestruturar�as�infraestruturas�do�país�e�mes-mo�dar-lhe�um�desenvolvimento�económico�notável�–�se�bem�que�seja,�sobretudo,�a�elite�a�aproveitar�-,�o�regime�de�Kagama�é�ditatorial.�Ninguém�no�país�poderia�pôr�em�causa�impu-nemente�a�história�oficial,�segundo�a�qual�a�Frente�Patriótica�Ruandesa�(FPR)� teria�posto�fim�ao�genocídio�dos�Tutsis�pelos�Hutus,�sem�ela�própria�se�expor�a�abusos�contra�os�Hutus.�

Foi�por�isso�que�a�oponente�ruandesa,�Victoire�Ingabire,�foi�condenada�em�2012�a�oito�anos�de�prisão.�Fora�do�país,�o�cepticismo�da�antiga�procuradora� suíça� do� tribunal� internacional�para� o� Ruanda,� Carla� del� Ponte,� custara-lhe�o� seu� cargo� em�2003,� devido� à� pressão� de�Kigali,� apoiada� por� Londres� e� Washington.�Esta� opacidade,� sustentada� por� Kagame� e�os� seus� aliados� anglo-saxões,� é� o� principal�obstáculo� à� cicatrização�das� terríveis� feridas�do� Ruanda.� Só� as� organizações� de� caridade�como�a�Caritas�ou�a�AIS�ousam�promover�a�paz�com�menos�palavras�e�mais�acções,�sem�excluir� Tutsis� ou� Hutus.� Conseguem� mesmo�reunir� os� inimigos� mortais� de� ontem� em�“grupos� de� reconciliação”,� na� esperança� de�que�as�aproximações,�que�decorrem�à�luz�do�dia,�acabem�por�penetrar�as�consciências�e�os�corações�de�modo�a�apagar�o�fogo�que�ainda�arde�sob�a�cinza.

OraçãoPara que as autoridades e a comunidade internacional contribuam eficazmente para a reconciliação e a paz no Ruanda, nós Te pedimos Senhor!

As obras de

caridade das

Filhas da

Ressurreição

em Masaka

conseguem

congregar

Tutsis e Hutus.

8 Sementes de Esperança | Novembro 14

RUANDA

Kibeho, o perdão e a cura dos corações junto da Virgem MariaA� Mãe� de� Deus� apareceu� nesta� aldeia� do� sul� do�

Ruanda� entre� 1981� e� 1989.� Estas� aparições� foram�

reconhecidas�em�29�de�Junho�de�2001�pelo�Bispo�de�

Gikongoro,�D.�Augustin�Misago,�o�que� faz�de�Kibeho�

um� dos� grandes� lugares� mundiais� das� aparições�

marianas.� Aqui,� como� em� Fátima,� a� Virgem� Maria�

exprimiu� a� sua� dor� face� ao� endurecimento� dos�

corações�e�lançou�um�apelo�premente�à�conversão.�Foi�

o�caso�particular�de�15�de�Agosto�de�1982,�dia�em�que�

Maria�tinha�convidado�os�videntes�a�encontrar-se�com�

ela.�Com�eles�agrupava-se�uma�multidão�de�cerca�de�

20�mil�fiéis�o�que�tornou�este�encontro�da�Assunção�

na�primeira�grande�peregrinação�universal�a�Kibeho.�

Infelizmente,� menos� de� cinco� anos� após� a� última�

aparição,� o� genocídio� ilustrava� a� dimensão� trágica�

dos�avisos�da�Virgem.�Desde,�então�Nossa�Senhora�de�

Kibeho�tornou-se�o� lugar�por�excelência�da�cura�dos�

corações�e�do�perdão.�A�última�festa�da�Assunção�(15�

de�Agosto�de�2013)�reuniu�10�mil�peregrinos�vindos�

de�todas�as�dioceses�do�Ruanda,�dos�países�vizinhos�

(Burundi,�República�Democrática�do�Congo,�Uganda)�e�

também�de�França,�da�Polónia�e�dos�EUA.

Tribunais populares, justiça da ONU e tribunais estataisA� maioria� dos� ruandeses� julgados� por� genocídio�

compareceu�no�Ruanda�perante�tribunais�militares,�

os� “gacaca”,� entre� 2001� e� 2012.� Trata-se� de�

assembleias� aldeãs� tradicionais,� presididas� pelos�

anciãos,� e� encarregadas� de� resolver� os� litígios�

da� vida� quotidiana,� mas� cujas� competências�

tinham�sido�alargadas�ao�genocídio�dado�que�os�

acontecimentos� se� tinham� desenrolado� muitas�

vezes� entre� os� habitantes� da� mesma� aldeia.�

Doze�mil� e� duzentos� “gacaca”� tornaram�possível�

o�julgamento�de�quase�dois�milhões�de�réus,�dos�

quais� 65%� foram� condenados� a� penas� diversas�

que� iam� até� à� morte:� vinte� e� duas� pessoas�

foram�executadas�no�Ruanda�entre�1996�e�2007,�

ano� em� que� a� pena� de� morte� foi� abolida� no�

país.� Infelizmente,� é� notório� que� alguns� destes�

julgamentos�serviram�para�ajustar�contas�ou�para�

eliminar�os�adversários,�como�foi�denunciado�pela�

ONG�Human�Rights�Watch.

O� Tribunal� Penal� Internacional� para� o� Ruanda�

(TPIR),� que� deveria� encerrar� no� final� do� ano� de�

2014,� vinte� anos� após� a� sua� constituição� por�

uma� resolução� do� Conselho� de� Segurança� da�

ONU,� condenou� dezenas� de� responsáveis� pelos�

massacres,� alguns� a� prisão� perpétua� enquanto�

outros�eram�absolvidos.�Mas�o�seu�funcionamento�

não� foi� isento� de� críticas:� foram� denunciadas� a�

sua�lentidão�e�a�sua�parcialidade,�dado�que�certas�

personalidades� ruandesas�no�poder�em�Kigali� se�

tornaram�intocáveis.

Finalmente,� outros� genocidas� foram� julgados�

por� crimes� de� guerra� ou� por� crimes� contra� a�

Humanidade�pelos� tribunais� regulares�dos�países�

em� que� haviam� encontrado� refúgio� na� Europa�

entre�outros�(EUA,�Canadá...).�

O genocídio fez muitas viúvas e órfãos.

9Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Oração

D.� Nuno� Álvares� Pereira� não� é� apenas� o� herói� nacional,� homem� corajoso,� austero,�coerente,�amigo�da�Pátria�e�dos�pobres,�que�os�cronistas�e�historiadores�nos�apresentam.�Ele�é�também�um�homem�santo.�A�sua�coragem�heróica�em�defender�a� identidade�nacional,� o� seu�desprendimento�dos�bens�e�amor�aos�mais�necessitados�brotavam,�como�água�da�fonte,�do�amor�a�Cristo�e�à�Igreja.�A�sua�beatificação,�nos�começos�do�século�XX,�apresentou-o�ao�povo�de�Deus�como�modelo�de�santidade�e�intercessor�junto�de�Deus,�a�quem�se�pode�recorrer�nas�tribulações�e�alegrias�da�vida.Conscientes� de�que� todos� os� santos� são� filhos� do� seu� tempo�e�devem� ser� vistos� e�interpretados�com�os�critérios�próprios�da�sua�época,�desejamos�propor�alguns�valores�evangélicos�que�pautaram�a�sua�vida�e�nos�parecem�de�maior�relevância�e�actualidade.Os�ideais�da�Cavalaria,�nos�quais�se�formou�D.�Nuno,�podem�agrupar-se�em�três�arcos�de�acção:�no�plano�militar,�sobressaem�a�coragem,�a�lealdade�e�a�generosidade;�no�campo�religioso,�evidenciam-se�a�fidelidade�à�Igreja,�a�obediência�e�a�castidade;�a�nível�social,�propõem-se�a�cortesia,�a�humildade�e�a�beneficência.�Foram�estes�valores�que�impregnaram�a�personalidade�de�Nuno�Álvares�Pereira,�em�todas�as�vicissitudes�da�sua�vida,�como�documentam�os�seus�feitos�militares,�familiares,�sociais�e�conventuais.Fazia�também�parte�dos�ideais�da�Cavalaria�a�protecção�das�viúvas�e�dos�órfãos,�assim�como�o�auxílio�aos�pobres.�Em�D.�Nuno,�estes�ideais�tornaram-se�virtudes�intensamente�vividas,�tanto�no�tempo�das�lides�guerreiras�como�principalmente�quando�se�desprendeu�de�tudo�e�professou�na�Ordem�do�Carmo.�Como�porteiro�e�esmoler�da�comunidade,�acolhia�os�pobres�de�Lisboa,�que�batiam�às�portas�do�convento�e�atendia-os�com�grande�humildade�e�generosidade.�Diz-se�que�teve�aqui�origem�a�«sopa�dos�pobres».Levado�pela�sua�invulgar�humildade,�iluminada�pela�fé,�desprendeu-se�de�todos�os�seus�bens�–�que�eram�muitos,�pois�o�Rei�o�tinha�recompensado�com�numerosas�comendas�–�e�repartiu-os�por�instituições�religiosas�e�sociais�em�benefício�dos�necessitados.�Desejoso�de�seguir�radicalmente�a�Jesus�Cristo,�optou�por�uma�vida�simples�e�pobre�no�Convento�do�Carmo�e�disponibilizou-se�totalmente�para�acolher�e�servir�os�mais�desfavorecidos.�Esta�foi�a�última�batalha�da�sua�vida.�Para�ela�se�preparou�com�as�armas�espirituais�de�que�falam�a�carta�aos�Efésios�(cf.�Ef�6,�10-20)�e�a�Regra�do�Carmo:�a�couraça�da�justiça,�a�espada�do�Espírito�(isto�é,�a�Palavra�de�Deus),�o�escudo�da�fé,�a�oração,�o�espírito�de�serviço�para�anunciar�o�Evangelho�da�paz,�a�perseverança�na�prática�do�bem.Precisamos de figuras como Nuno Álvares Pereira: íntegras, coerentes, santas, ou seja, amigas de Deus e das suas criaturas, sobretudo das mais débeis. São pessoas como estas que despertam a confiança e o dinamismo da sociedade, que fazem superar e vencer as crises.

Excerto�da�Nota�Pastoral�da�Conferência�Episcopal�Portuguesa�por�ocasião�da�canonização�de�Nuno�Álvares�Pereira�Fátima,�6�de�Março�de�2009

Oração ao Beato NunoSenhor nosso Deus, que destes ao bem-aventurado Nuno de Santa Maria a graça de combater o bom

combate e o tornaste exímio vencedor de si mesmo, concedei aos vossos servos que, dominando

como ele as seduções do mundo, com ele vivam para sempre

na pátria celeste. Por Nosso Senhor Jesus

Cristo, vosso Filho, que é Deus convosco na unidade do Espírito

Santo. Ámen.

SÃO NUNO DE SANTA MARIA6�DE�NOVEMBRO

10 Sementes de Esperança | Novembro 14

Meditação

APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA NO TEMPLO 21�DE�NOVEMBRO

Os�manuscritos�apócrifos�contam�que�Joaquim�e�Ana,�durante�muito�tempo�não�conseguiram�ter�filhos,�até�que�nasceu�Maria,�cuja�infância�dedicou�totalmente�e�livremente�a�Deus,�impelida�pelo�Espírito�Santo�desde�a�sua�concepção�imaculada.�Tanto�no�Oriente,�quanto�no�Ocidente�observamos�esta�celebração�mariana�nascendo�do�meio�do�povo�e�com�muita�sabedoria�sendo�acolhida�pela�Liturgia�Católica,�por�isso�esta�festa�aparece�no�Missal�Romano�a�partir�de�1505,�onde�procura�exaltar�Jesus�através�daquela�que�muito�bem�o�soube�fazer�com�a�sua�vida,�como�partilha�Santo�Agostinho,�num�dos�seus�Sermões:

“Acaso não fez a vontade do Pai a Virgem Maria, que creu pela fé, pela fé concebeu, foi escolhida dentre os homens para que dela nos nascesse a salvação; criada por Cristo antes que Cristo nela fosse criado? Fez Maria totalmente a vontade do Pai e por isto mais valeu para ela ser discípula de Cristo do que mãe de Cristo; maior felicidade gozou em ser discípula do que mãe de Cristo. E assim Maria era feliz porque já antes de dar à luz o Mestre, trazia-o na mente.”

Foi no Concílio Vaticano II, no dia 21 de Novembro de 1964, que o Papa Paulo VI consagrou o mundo ao Coração de Maria e lhe deu, solenemente, o título de Mãe da Igreja.

Excerto do artigo sobre a Apresentação de Nossa Senhora no Templo no site da Canção Nova

“Se�Jesus�é�a�Vida,�Maria�é�a�Mãe�da�Vida.

Se�Jesus�é�a�Esperança,�Maria�é�a�Mãe�da�Esperança.

Se�Jesus�é�a�Paz,�Maria�é�a�Mãe�da�Paz,�Mãe�do�Príncipe�da�Paz.”

�Papa�João�Paulo�II

11Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Agenda

APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA NO TEMPLO 21�DE�NOVEMBRO

VISITA DA IRMÃ HANAN, DE BEIRUTE, LÍBANO

Num�dos�bairros�mais�pobres�de�Beirute,�todos�conhecem�bem� as� Irmãs� Hanna� e� Georgette,� da� congregação� das�Irmãs�do�Bom�Pastor.�Elas�são�responsáveis�pelo�centro�de�saúde�de�Santo�António.�Todos�as�procuram.�Precisam�de�assistência�médica,�precisam�de�documentos…�de�comida.�Precisam�de�tudo.�Às�vezes,�precisam�apenas�de�desabafar.�Chegam�ali�e�desabam�em�choro,�em�lágrimas�que�tradu-zem�a�tragédia�em�que�as�suas�vidas�se�transformaram.�

A�Irmã�Hanna,�assim�como�a�Irmã�Georgette,�são�verdadeiras�heroínas.�Juntas,�conseguem�dar�resposta�todos�os�dias�a�dezenas�de�pessoas�destroçadas�por�uma�guerra�que�lhes�foi�bater� à� porta,� pela� violência� terrorista� dos� jihadistas� do� Estado� Islâmico.� É� um� trabalho�desgastante.�Como�lidar�com�pessoas�que�ainda�têm�feridas�abertas�no�seu�coração,�que�não�conseguem�superar�a�dor�da�perda,�que�não�conseguem�esquecer�a�violência�por�que�passaram?�A� Irmã�Hanna�diz�que�vai�buscar�as� forças�que�não�tem�à�certeza�de�que�há�muita�gente,�no�mundo,�como�os�benfeitores�e�amigos�portugueses�da�Fundação�AIS,�que�rezam�por�ela,�que�rezam�pelo�trabalho�destas�Irmãs�do�Bom�Pastor�e�que�rezam�por�estes�cristãos�refugiados�do�Iraque�e�da�Síria.�“Precisamos�de�muita�ajuda.�A�ideia�de�que�alguém�se�preocupa�connosco,�pessoas�de�outros�países,�isso�dá-nos�esperança.�

A�mim,�dá-me�força�saber�que�alguém�em�Espanha,�França,�Portugal,�Alemanha…�se�preocupa�com�os�Cristãos�da�Terra�Santa,�do�Líbano,�da�Síria,�da�Jordânia…�Não�esta-mos�sós.�E�nunca�se�esqueçam�de�que�a�oração é a melhor arma contra a guerra!”

A Irmã Hanan, das Irmãs do Bom Pastor, vai estar entre nós para dar o seu testemunho.

> 21 de Novembro | Conferência às 21h , Igreja dos Alámos, Évora.> 22 de Novembro | Vigília de Oração às 21h, Santuário de Cristo Rei, Almada.> 25 de Novembro | Vigília de Oração às 21h, Igreja dos Congregados, Braga.

Para�mais�informações�acerca�do�programa�de�eventos�em�que�a�Ir.�Hanan�participará�em�Portugal,�esteja�atento�à�Agenda�no�site�da�Fundação:�www.fundacao-ais.pt.

Para falar desta situação dramática que se vive actualmente no Médio Oriente, a Fundação AIS convidou a Irmã Hanan. COMPAREÇA!

Destaque

SAGRADA FAMÍLIA

TRua Professor Orlando Ribeiro, 5 D, 1600-796 LISBOAel 21 754 40 00 • Fax 21 754 40 01 • NIF 505 152 304

[email protected] • www.fundacao-ais.pt

SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

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Fundação AIS Catarina Martins de BettencourtP. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Alexandra Ferreira, Ana Vieira e Félix LunguL’Église dans le monde –�AIS�França© Fundação AIS

Irmãs dos Anjos 11 Edições AnuaisGráfica ArtipolJSDesign352561/122182-3928

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“Jesus, Maria e José foram os primeiros

refugiados da Era Cristã. Inúmeras

pessoas partilhariam, mais tarde, o

mesmo destino. Desde a noite em

que o anjo despertou José e o mandou

fugir para o Egipto com o Menino e

Sua Mãe, que o mundo está repleto de

expatriados, perseguidos e refugiados,

nos quais Cristo suplica amor e apoio.

E, como naquele tempo, os pastores

trouxeram ao Menino Jesus queijo ou

leite ou uma pele de carneiro para O

aquecer e, como em toda a parte, no

percurso para o Egipto, havia pessoas

boas que ajudaram a Sagrada Família,

assim também nos cabe a tarefa de

apoiar o Cristo perseguido de hoje, em

toda a parte, onde Ele sofre necessidade

no mais pequenino dos Seus irmãos.”

Pe.�Werenfried�van�Straaten�