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FEVEREIRO 2015 | Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre SEMENTES DE ESPERANÇA

Sementes de Esperança #Fevereiro de 2015

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Folha de oração em comunhão com a Igreja que sofre www.fundacao-ais.pt

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FEVEREIRO 2015 | Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

S E M E N T E S DE ESPERANÇA

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2 Sementes de Esperança | Fevereiro 15

Intenções de Oração do Santo Padre

Intenção Geral

Dignidade dos reclusos

Para que os prisioneiros, em particular os jovens, tenham a possibilidade de reconstruir uma vida digna.

PROTEGE E ABENÇOA OS JOVENS RECLUSOS

Senhor Jesus, que nos ensinastes que estavas presente em cada preso,ajuda-nos a olhá-los com particular solicitude e desejo de ajuda.Que os reclusos, sobretudo os jovens, possam encontrar sempre quem os ajude,quem os acolha, quem os faça acreditar no futuro, com ânimo e alegria.Que encontrem pessoas e estruturas que os façam recomeçar uma vida nova,mais digna, mais liberta , mais cheia de renovada esperança.Que os jovens reclusos possam encontrar, nas próprias cadeias, meios eficazesde aprendizagem, de cultura, de mudança de hábitos e defeitos, de preparação para o futuro para poderem construir uma vida nova.Que sintam que há quem se preocupe com eles, quem deseje ajudá-los,que encontrem em cada pessoa um coração amigo e disponível,que os ajude a viver em esperança um recomeço de vida digna,com critérios humanos e cristãos, para que vejam crescer em si próprios,a dignidade, a paz interior, o desejo de renovação sincera.

Dário Pedroso, s.j.

Intenção MissionáriaCasais separadosPela evangelização: a fim de que os cônjuges que se separaram encontrem acolhimento e apoio na comunidade cristã.

A oração é um dos pilares fundamentais da nossa missão. Sem a força que nos vem de Deus, não seríamos capazes de ajudar os Cristãos que sofrem por causa da sua fé.

Para ajudar estes Cristãos perseguidos e necessitados criámos uma grande corrente de oração e distri-buímos gratuitamente esta Folha de Oração, precisamente porque queremos que este movimento de oração seja cada vez maior. Por favor, ajude-nos a divulgá-la na sua paróquia, nos grupos de oração, pelos amigos e vizinhos. Não deite fora esta Folha de Oração. Depois de a ler, partilhe-a com alguém ou coloque-a na sua paróquia.

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3Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

ENTRE AS PERSEGUIÇÕES DO MUNDO E AS CONSOLAÇÕES DE DEUS

Reflectir

Os acontecimentos recentes de actos de terrorismo em Paris, que em simultâ-neo se deram noutras partes do mundo, embora não tendo recebido tanta exposi-ção mediática, levantam o grave problema da convivência pacífica, da tolerância, da liberdade, de opinião ou, mais remota-mente, o problema do ecumenismo das culturas e das religiões.

Os actos de terrorismo são em si mes-mos condenáveis; todavia é igualmente condenável a falta de respeito pelas convicções religiosas, políticas ou outras, de cidadãos tomados individualmente ou de comunidades. Os terroristas de Paris praticaram o acto movidos pelo zelo pelas suas convicções, que sistematicamente têm sido e continuam a ser desrespeitadas pela publicação que foi alvo do ataque e dos autores que estavam na origem das caricaturas. Os autores continuam a arro-gar para si o direito de dizerem mal e de ridicularizarem os símbolos mais sagrados do cristianismo, da Igreja, das grandes religiões da humanidade, considerando--se imunes, acima do direito, para além do bem e do mal, juízes sobreanos do que

seja correcto ou incorrecto, profanando os símbolos mais sagrados das grandes reli-giões monoteístas.

A respeito do terrorismo, os cristãos em geral e nós os católicos em particular, rea-gimos hoje de um modo diferente. Temos sido formados no sentido do respeito e da tolerância, que são praticamente um bem cultural adquirido nas nossas sociedades ocidentais impregnadas pelos valores que radicam no Evangelho. Foi o Senhor que deu o exemplo, quando se dirigiu resoluta-mente para Jerusalém onde O esperava o martírio, na grande provação e agonia que O levou à cruz: «Como estavam a chegar os dias de ser levado deste mundo, Jesus dirigiu-se resolutamente a Jerusalém» (Lc 9,51). O silêncio do Senhor, mesmo o dar a cara - «se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra» (Mt 5,39); «se falei mal, mostra onde está o mal; mas, se falei bem, porque Me bates?» (Jo 18,23) - é o modelo para todo o cris-tão, e por isso nós reagimos de um modo diferente perante aqueles que nos calu-niam e nos perseguem, tanto no passado como no presente. E o Senhor advertiu os

INTENÇÃO NACIONALPor todos aqueles que entre nós são vítimas da incompreensão por estarem disponíveis à vida e procurarem, num mundo descrente, pautar as suas vidas segundo o pensamento de Deus.

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seus discípulos que, tal como Ele, seriam levados aos tribunais, seriam perseguidos e odiados por causa do Seu Nome: «Vós sereis odiados por todos, por causa do Meu nome. Mas aquele que se mantiver firme até ao fim será salvo» (Mt 10,22); mas que não tivessem medo: Ele é mais forte do que o mundo - «no mundo tereis aflições, mas tende confiança: Eu venci o mundo» (Jo 16,33) - e prometeu que, quando fossem perseguidos por causa do seu Nome, Ele estaria com eles, enviar--lhes-ia o Seu Espírito, de modo que seria Ele a defendê-los, pelo que não deviam ter medo: «quando vos levarem às sinagogas, aos magistrados e às autoridades, não vos preocupeis com o que haveis de dizer em vossa defesa, pois o Espírito Santo ensinar--vos-á, no momento próprio, o que deveis dizer» (Lc 12,11-12).

Assim foi, nos tempos mais recentes, S. João Paulo II, no seu martírio cruento na praça de S. Pedro e no martírio incruento na sua caminhada para o calvário da sua longa e dolorosa doença; assim é o Papa Francisco, na sua viagem apostólica às Filipinas, não tendo medo de se solidarizar com os povos que sofrem as intempéries do tempo, celebrando a eucaristia no meio de uma tempestade tropical. Assim são os mártires actuais da intolerância ocidental do politicamente correcto, que apontam com o dedo, como se fossem criminosos, os casais generosos na sua abertura à vida, as mães gerando os seus filhos no meio

do sofrimento, confiadas na Providência que não deixa abandonados aqueles que nela confiam; como os doentes, como o Tiago, o adolescente de 15 anos, que vive serenamente o seu linfoma e a prova da quiomioterapia, pedindo ao Senhor que o cure, se for da sua vontade.

Ao terrorismo da violência, armada ou de outros tipos mais sofisticados mas não menos perversos, é preciso opor a sere-nidade de quem vive em paz, mesmo no meio das provações, sem medo do futuro, porque sabe em quem confia e que fala e é escutado por quem ouve a voz do silêncio, mesmo no meio das tempestades desencadeadas pelas bombas, pelos tiros homicidas ou pelo ar superior e desde-nhoso de quem o despreza ou considera de outro mundo aqueles que procuram conformar a sua vida com os passos do Senhor: «se alguém quiser vir após Mim, renegue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me» (Mt 16,24).

O ano da graça de 2015 começou assim: esta é a nossa história e é assim que havemos de viver, entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus, como dizia Santo Agostinho, no seu tempo, não menos dramático do que o nosso.

P. José Jacinto Ferreira de Farias, scjAssistente Espiritual da Fundação AIS

Reflectir

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5Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

A primeira evangelização do mundo foi, muitas vezes, feita por mar e a “Província de África” foi influenciada pelos primeiros cristãos mais cedo do que a maior parte dos países da Europa. Os Líbios, de quem se fala no Novo Testamento (Simão de

Cirene, os habitantes da Cireneia ouvindo Pedro no Pentecostes…) não foram os únicos a responder. Os numerosos már-tires do séc. II, em Cartago - Cipriano, Felicidade e Perpétua - e os imensos ves-tígios arqueológicos revelam uma Igreja

Igreja mártir desde os primeiros séculos, a Argélia conserva ain-da uma pequena comunidade cristã, perseverante na fé, mais ou menos tolerada pelas autoridades mas, em geral, muito respeitada pela população.

ARGÉLIA UMA PEQUENA IGREJA ORANTE EM DIÁLOGO COM O IRÃO

Superfície

2.381.741 Km2 dos quais 85% de deserto

População

35 milhões de habitantes

Religiões

Muçulmanos: 97,9%

Outras religiões: 0,3%

Sem religião: 1,8%

Línguas

Dialecto árabe, francês, línguas berberes

Argélia

• Líbia• Líbia

• Tunísia• Tunísia• Marrocos• Marrocos

• Niger• Niger

• Argélia• Argélia

• Mali• Mali• Mauritânia• Mauritânia

OceanoAtlântico

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6 Sementes de Esperança | Fevereiro 15

corajosa e radiante. Santo Agostinho de Hipona (354-420) é considerado como o mais universal pensador do Ocidente cristão. Houve três papas berberes e mais de 600 dioceses, entre Marrocos e a Líbia actuais. Depois, debaixo da espada dos invasores vândalos, no séc. V e árabes no séc. VII, o Magrebe converteu-se quase todo ao Islão, conservando, todavia, uma pequena comunidade judaica e muito poucos cristãos. Muitas vezes divididos, sem mosteiros, com falta de inculturação e sob a pressão das dinastias muçulmanas, por vezes brutais, as comunidades não sobreviveram. Entre 1830 e 1962, a colo-nização reergueu uma Igreja numerosa e ardente, quase exclusivamente composta por europeus. Desde a independência que alguns religiosos ficaram ou vieram para participar na construção do novo país,

contribuindo na área da educação ou no mundo da medicina.

UMA PRESENÇA ORANTE Em Fevereiro do ano passado, D. Claude

Rault, Bispo de Ghardaïa, acolheu vinte e seis recém-chegados às quatro dioceses. Na sua homilia, citou Santa Teresa do Menino Jesus lembrando que a missão é, em primeiro lugar, um percurso interior. “Um sábio disse: ‘Dêem-me uma alavanca, um ponto de apoio e elevarei o mundo.’ O que Arquimedes não pôde obter, porque a sua busca não era de Deus, os santos obti-veram-no em plenitude. O Todo-Poderoso deu-lhes o seu ponto de apoio: Ele e ape-nas Ele e como alavanca a oração. E foi assim que eles salvaram o mundo.” Esta reflexão é quase contemporânea do Irmão Charles de Foucauld. A oração foi o pilar da sua vida. Redescobriu-lhe a dimensão

O mosteiro de Tibhirine

respira a paz enaltecida

pelos sete monges

assassinados em 1996.

Argélia

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7Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

convivendo com os Muçulmanos. Durante anos, a oração, a proximidade, a amizade foram o reflexo da misericórdia de Cristo junto de populações traumatizadas pela guerra... Ali morreram dezanove religio-sos, mas foram a prova do enraizamento desta Igreja em terra argelina.

“O povo cristão já lá não está, mas há sempre um povo na Argélia: é um povo muçulmano, mas é o povo que Deus leva a encontrar, servir e amar.” (D. Teissier, Arcebispo Emérito de Argel). É espantoso que não se constate, no dia-a-dia, qualquer sinal de agressividade. E, muitas vezes, ficamos emocionados com a generosidade de desconhecidos. Deitar por terra os a priori e maravilhar-se com as qualidades do outro é um antídoto eficaz para as tensões exacerbadas por certos meios

de comunicação social. Melhor ainda, o diálogo constrói-se com encontros mais audaciosos e com cimeiras como o “Ribât Essalâm” (Laço da Paz), fundado em 1979 por alguns cristãos e muçulmanos, entre os quais o Padre de Chergé, Prior de Tibhirine. “Rezando primeiro uns ao lado dos outros, fomos levados, pouco a pouco, a rezar uns com os outros.” (D. Claude Rault).

COMUNIDADES CRISTÃS As pequenas paróquias evoluíram, os

franceses da Argélia deram lugar aos cooperadores, depois a trabalhadores de todos os continentes e, também, a mui-tos estudantes subsaarianos. A Argélia é bonita e rica apesar de, infelizmente, esta riqueza nem sempre ser bem distribuída. E o investimento na educação é grande mesmo que às vezes esteja imbuído de proselitismo muçulmano. O restauro das

Crisma de estudantes

subsaarianos por

D. Baber, Arcebispo

de Argel.

Argélia

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8 Sementes de Esperança | Fevereiro 15

Argélia

basílicas de Nossa Senhora de África, em Argel, e de Santo Agostinho, em Annaba, foi feito com a ajuda financeira da Argélia, orgulhosa do seu património.

Há também o inesperado, que é a marca do Espírito Santo. Há indivíduos que vêm pedir para conhecer Jesus e para se juntarem à Igreja. E isto, apesar do risco da opressão. E é, deste modo, que a Igreja pobre e fervoro-sa faz a experiência dos Actos dos Apóstolos (2, 47): “O Senhor aumentava todos os dias o número daqueles que tinham entrado no caminho da salvação.”

OraçãoPara que os cristãos argelinos saibam continuar a dar o seu testemunho e a pôr em prática o verdadeiro ecumenismo, nós Te pedimos Senhor!

O restauro da Basílica

de Nossa Senhora de

África foi financiado

parcialmente pelo Estado.

Em 2006, o presidente Bouteflika assinou

uma lei que autorizava a presença de

religiões não muçulmanas. No entanto,

está proibido todo o proselitismo. Os

baptizados de origem muçulmana não

são perseguidos pela justiça, mas são

vítimas de extorsão. É, sobretudo em

Cabília, e para as Igrejas evangélicas, que

estas conversões são numerosas. Mas os

Católicos, cautelosamente, vêem também

chegar muitos argelinos com diferentes

percursos, quando as televisões por satélite,

os contactos por Facebook e as deslocações

das populações fazem, ainda mais, circular

a mensagem.

Page 9: Sementes de Esperança #Fevereiro de 2015

9Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Argélia

Vista de uma mesquita

sobre os telhados de

Argel “a Branca”.

Bem-aventurado Charles de Foucauld (1858-1916)

Oficial de vida dissoluta e escandalosa, Charles

de Foucauld converteu-se em Paris. Aí, guiado

pelo abade Huvelin, encontra Deus, aos 28 anos.

“Assim que acreditei que havia um Deus, percebi

que não podia fazer outra coisa que não fosse

viver para Ele.” Ordenado sacerdote aos 43 anos

(1901), partiu para o Saara, primeiro para Beni-

Abbès, depois para Tamanrasset, no meio dos

Tuaregues de Hoggar. Queria que todo aquele

de quem se aproximasse o considerasse como

um irmão, “o irmão universal”. Queria “gritar o

Evangelho através da sua vida”, mas com grande

respeito pela cultura e pela fé daqueles no meio

dos quais vivia. “Queria ser muito bom para que

se dissesse: ‘Se o servo é assim, como será o

Mestre?’” Foi beatificado em Novembro de 2005,

por Bento XVI.

GRANDES FIGURAS DA IGREJA CATÓLICA NA ARGÉLIA

Cardeal Lavigerie (1825-1892)

Em 1867, D. Lavigerie foi nomeado Bispo de

Argel. Aí chega com a ambição de ser o bispo

de todos. Desde a sua chegada, é-lhe oferecida

a oportunidade pela fome, que se abateu sobre

a população afectada pela febre tifoide. Recolhe

um grande número de órfãos e de crianças

abandonadas. Pouco depois, apercebe-se da

necessidade de criar um instituto para homens

e depois para mulheres: o dos Missionários de

África (Padres Brancos) e o das Irmãs Missionárias

de Nossa Senhora de África (Irmãs Brancas).

Deseja estender a acção caritativa da Igreja para

além das paróquias e dos limites da sua própria

diocese, nomeadamente para a África Negra, a

partir de 1875. Levou a cabo e consagrou, nas

colinas de Argel, em 1872, a Basílica de Nossa

Senhora de África. Foi nomeado cardeal em 1882.

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10 Sementes de Esperança | Fevereiro 15

Argélia

Um mosteiro localizado no meio das montanhas da Argélia, na década de

noventa. Oito monges católicos franceses vivem em harmonia com a população

muçulmana, até que, progressivamente, a violência e o terror tomam conta da

região. Apesar das ameaças, os religiosos decidem resistir ao terrorismo e ficar,

conscientes do preço dessa escolha. Esta é a história verídica dos monges de

Tibhirine, raptados e assassinados por um grupo de fundamentalistas islâmicos

durante a guerra civil argelina, em 1996.

Cinco meses após a obtenção do Grande Prémio do júri do festival de cinema de

Cannes, “Des hommes et des dieux” é considerado um dos filmes do ano.

“DOS HOMENS E DOS DEUSES”

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11Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Pai nosso, que estais no Céu, durante esta época de arrependimento,

tende misericórdia de nós.

Com a nossa oração, o nosso jejum

e as nossas boas obras, transformai

o nosso egoísmo em generosidade.

Abri nossos corações à vossa Palavra,

curai as nossas feridas do pecado, ajudai-nos a fazer o bem neste mundo.

Que transformemos a escuridãoe a dor em vida e alegria. Concedei-nos estas coisas

por Nosso Senhor Jesus Cristo. Ámen.

Oração

ORAÇÃO PARA A QUARESMA

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12 Sementes de Esperança | Fevereiro 15

2015 - Ano da Vida Consagrada

IRMÃS DA ALIANÇA DE SANTA MARIA

HISTÓRIAA acção de Deus na história da Aliança

de Santa Maria começou quando algumas senhoras sentiram o chamamento a uma vida de oração, consagração e comunhão com Deus e entre si, pelas mãos de Nossa Senhora. Foi no Porto que o primeiro grupo se juntou a 25 de Março de 1966.

Entre as convulsões próprias da época, o Espírito Santo foi-lhes inspirando a urgên-cia de anunciar o Evangelho e a Mensagem de Fátima, que viam como dom de Deus de importância singular. A partir de 1974 intensificaram o trabalho apostólico difun-dindo entre o povo de Deus o rosário, bem como os pedidos de Nossa Senhora de consagração e reparação. Daí nasceram os movimentos laicais ligados à congregação – Cruzada Nacional do Terço, Luzeiros de Santa Maria e Aliados Reparadores. Um pouco mais tarde surgiu também o Luzeiro dos Pastorinhos, com crianças e adolescen-tes, bem como um grupo de jovens.

Enraizada na Palavra de Deus, num

espírito de entrega filial, profunda alegria e união fraterna, a Aliança de Santa Maria foi-se constituindo como pequeno rebanho ao serviço do Senhor e do seu Reino. Em 1985 foi aprovada como Associação de Fiéis e em 2002 como Congregação Religiosa de direito diocesano, na Diocese de Braga.

FUNDADORAS As nossas fundadoras eram professoras

na cidade do Porto, a Maria Áurea Soares era natural de Esmoriz e a Maria Clara Pereira de Cinfães do Douro. Eram mulhe-res que, em plena década de sessenta, se distinguiam por uma inteligência e força de vontade invulgares, e que, apesar das suas diferenças de idade, personalidade e origem, encontraram uma na outra a mesma força do Espírito, o mesmo amor a Nossa Senhora, a quem tratavam por “Mãe”, e esta consciência da importância da Mensagem de Fátima. Por isso, em 1966 deixaram tudo para se lançarem nes-ta missão. A Maria Clara destacou-se por um carácter compassivo, sensível, vivido

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13Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

PRESENÇA E CONTACTOSComunidade de Guimarães: Casa Mãe: Rua de Santa Maria, 2, 4800-443 GUIMARÃES. Tel. 253416144; Fax: 253416133; [email protected] de Estarreja: Trav. do Major Ferreira, 11 – Póvoa de Cima 3860-403 ESTARREJA Tel. 234845267; [email protected] de Coimbra: Casa Episcopal; R. do Brasil, 45, 3030-175 COIMBRA Tel. 239708320; Fax 239708321; [email protected] de Fátima: R. Anjo de Portugal, 33, 2495-415 FÁTIMA Tel. 249532406; Fax 249533171; [email protected] de Formação: Rua de Santa Clara, 23, 2495-426 FÁTIMA Comunidade de Lisboa: Bairro de Belém, Rua 17, nº 16, 1400-097 LISBOA Tel. 213629307; [email protected]

2015 - Ano da Vida Consagrada

em gestos maternais, por vezes heróicos. Enquanto a Maria Áurea era a mulher artis-ta, de uma vasta cultura, a que unia o dom da palavra. Sobretudo, eram “duas almas de fogo”. A Maria Clara faleceu em 1994 e a Maria Áurea em 2001. Delas guardamos um testemunho de Fé, de confiança na Palavra de Deus e a força da Unidade que assumimos como voto

CARISMA O nosso carisma é cooperar na Nova

Evangelização através do Coração Imaculado de Maria, com este rosto concreto da Mensagem de Fátima. Isto configura-se num estilo de viver alicerçado nas verdades do Evangelho, anunciadas por Nossa Senhora na Cova da Iria. Salientamos a centralida-de de Deus na nossa vida, o amor a Jesus Eucaristia, o amor ao Imaculado Coração de Maria e à Igreja, este desejo de conversão em ordem à santidade e um zelo, no Mistério da Comunhão dos santos, por participarmos na História da Salvação. Esta forma de viver também se traduz em diversas actividades apostólicas e na difusão da Mensagem de Fátima entre os grupos com quem trabalha-mos: crianças, jovens e adultos nas paróquias, salientando sobretudo a oração do rosário, o pedido de Nossa Senhora da reparação dos Primeiros Sábados, da consagração, da penitência em ordem à conversão. Também colaboramos nas igrejas locais onde estamos inseridas, na pastoral da tarefa evangeliza-dora das dioceses, de acordo com as necessi-dades do momento.

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14 Sementes de Esperança | Fevereiro 15

BEATOS FRANCISCO E JACINTA MARTO – 20 FEVEREIRO

AS CRIANÇAS DO REINO

Actualidade

O Convite a ser criançaReabrem-se, em Fátima, páginas do Evangelho. Como aquela em que Jesus abraça a vulnerabilidade de uma criança para a constituir sacramento do Reino (Mt 18, 3-5). Da essência do que é frágil, dependente, inocente, recebido e oferecido como dom, faz-se o Reino da vida em abundância. O gesto de Jesus, anunciado como boa notícia, tem a força do escândalo. Fazer-se criança, torna-do programa de vida para o discípulo de Cristo, significa carregar a força da contracultura num mundo demasiado preenchido com o orgulho oco dos poderosos e dos soberbos, dos seus esquemas, dos seus conflitos. É dos simples que reza a História de Deus. Porque são os simples que acolhem de Deus a revelação da sua própria história.

Mas não é sem resistência que escutamos o desafio a ser criança. Já Nicodemos, e com ele uma humanidade perplexa, se questionava: “Mas como pode isso ser?” (Jo 3,9) Como pode ser que o homem, apostado, desde sempre, na aventura da autonomia e da satisfação da sua própria vontade, se abandone, reconhecido, como uma criança, nos braços do Pai? Como pode ser que aceite o desafio da confiança incondicional, como uma criança, apesar dos seus medos, das suas feridas, dos desenganos da vida? Como pode o homem reaprender o assombro e o temor inocente diante da beleza e da graciosidade da vida, como uma criança?

Jesus insiste. A vida em abundância é abandono reconhecido, dom acolhido e oferecido, confiança no abraço de Deus, assombro diante da sua misericórdia. Como uma criança.

É saborear o valor inigualável de cada momento com o deslumbramento eterno de uma criança. É aprender a graciosidade da vida – acolhida da Misericórdia de um Deus que se define com o léxico do Amor – com a Criança Eterna que é o próprio Cristo. De facto, a criança que Jesus abraça está, também ela, ao colo de uma criança. Da Criança Eterna que é Jesus.

Porque, mesmo homem adulto, Jesus continua a ser aquele que «está» no Pai (Jo 1,18). Ele é o Filho, essa é a sua identidade. Nada o define melhor do que esse abandono que se deixa amar pelo Amor primeiro, do que esse mistério de intimidade com um Pai que se deixa tocar, do que esse abraço omnipresente que preenche a vida de sabor e de sentido.

Jesus insiste. Há que nascer do alto, deixar-se encantar com a alegria da vida, deixar-se viver o encanto da confiança. Como uma criança. Como quem renasce a cada instante. Como quem acolhe como seu o projecto de vida do Pai. Habitar o Reino é ser filho no Filho (Rm 8,29), criança na Criança Eterna. E tornar-se criança é receber-se como dom e dar-se, na generosidade de quem vive na senda de Jesus, partilhando a vida como uma eucaristia.

Page 15: Sementes de Esperança #Fevereiro de 2015

15Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Actualidade

Os pastorinhos, filhos da Misericórdia Em Fátima, é renovado este convite a habitar o Reino, como filhos no Filho, crianças na Criança Eterna. Ao jeito de Jesus, que colocou uma criança «no meio deles» (Mt 18,2), também ali, na aridez da Cova da Iria, as crianças são apresentadas «no meio deles», no centro de um acontecimento que pretende falar a todos os homens e mulheres, e são constituídas como primícias de uma boa notícia renovada. Quando a Senhora de branco as convida a fazerem da sua vida uma oferta generosa a Deus, as crianças de Fátima são feitas testemunhas de um Reino de Misericórdia, da Cidade dos que se acolhem e doam como crianças.

O escândalo não é menor em Fátima do que fora na Galileia. Para um mundo absorto nas suas indefinições, ocupado com a desconfiança mútua que se faz violência, absorvido pela utopia de preencher, sozinho no seu orgulho, o vazio que escava no seu interior, nada haveria a aprender de umas crianças pobres e incultas. A simplicidade e a pequenez eram pedra de estorvo, na Galileia de Jesus, na Fátima de 1917, no mundo todo de todos os tempos. Mas, a gramática de Deus escreve-se com o paradoxo. E do que é impotente, Deus faz força, e do que é desprezado, Deus faz sacramento da Vida em abundância. Loucura e escândalo para um mundo prepotente, mas sabedoria para quem, na humildade da sua verdade, compreende que a vida plena é eco da lógica do dom (1Cor 1,18). Poucos poderiam esperar que a humildade do coração de três crianças impotentes irradiasse a luz da misericórdia. Só os que habituaram o olhar a perscrutar a profundidade e a intensidade da vida na humildade das coisas simples, como uma criança, puderam compreender que é pela boca das crianças, dos simples e humildes, que se revela o Reino (Sl 8,3).

A vida do Francisco e da Jacinta descreve-se com as linhas dessa humildade: as suas vidas efémeras, a sua tenra idade, a educação rudimentar, a terra agreste, pacata e isolada onde cresceram. Se a história do mundo não lhes auguraria qualquer relevância, eles tornam-se, pelo acolhimento filial e humilde do apelo do Deus que se revela na história, e pelo dom, acolhido e oferecido, de si mesmos, depositários vivos da presença do Coração desse mesmo Deus na história do mundo. Esta é a marca substancial das vidas destas crianças, o mesmo cunho paradoxal que caracteriza a medula da história da salvação: a desproporção infinita entre a história dos soberbos e dos poderosos, com os seus esquemas, estratégias e conflitos, e a história dos humildes, que, na verdade da sua existência, são convidados a ser fermento de transformação da humanidade. A história de Deus, que é de misericórdia e salvação, conta-se pela voz dos que dele acolhem a revelação da sua própria história. Como os pastorinhos, que numa tarde de Maio, viram o seu reflexo em Deus, “que era essa luz” intensa que as mãos da Senhora ofereciam. Quando Deus lhes devolve a verdade do que são, “mais claramente que [...] no melhor dos espelhos,” os pequenos pastores tornam-se, então, verdadeiras crianças do Reino.

Eis a conversão: acolher-se humildemente na sua verdade, como filhos da Misericórdia. Desde o início do aconte-cimento- Fátima, os pequenos pastores são convidados a este mergulho na sua verdade, revelada no Coração de um Deus que tem, para eles, “desígnios de misericórdia”. Um Deus que é Misericórdia só pode ter, para os seus filhos, desígnios de misericórdia. E quando o Anjo introduz os pastorinhos na contemplação e na adoração, eles são devolvidos à sua casa paterna. Porque contemplar a Trindade é escavar uma profundidade interior onde a luz de Deus ilumina a nossa verdade e nos revela como seus filhos amados.

(…)

O acontecimento-Fátima é esse convite, renovado. Na certeza de que só aprende a sabedoria da misericórdia quem, ao jeito da Criança do Reino, se deixa renascer das entranhas de Deus.

Pedro Valinho Gomes - (Postulação de Francisco e Jacinta Marto)

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FOUCAULD NO DESERTO

TRua Professor Orlando Ribeiro, 5 D, 1600-796 LISBOAel 21 754 40 00 • Fax 21 754 40 01 • NIF 505 152 304

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SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

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Fundação AIS Catarina Martins de BettencourtP. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Alexandra Ferreira, Ana Vieira e Félix LunguL’Église dans le monde – AIS França© Fundação AIS; © AED; © Raphaëlle AUTRIC

© “A Light to the Gentiles” Greg Olsen 11 Edições AnuaisGráfica ArtipolJSDesign352561/122182-3928

Isento de registo na ERC ao abrigo do Dec. Reg. 8/99 de 9/6 art.º 12 n.º 1 A

Viver como monge, silencioso e em

clausura, sem título de capelão nem de

pároco, simplesmente monge, rezando e

administrando os sacramentos. O objectivo

é duplo: 1º Impedir que os nossos soldados

morram sem sacramentos em lugares onde a

febre os mata em grande número e onde não

existe nenhum padre; 2º e, sobretudo, fazer

o maior bem que actualmente se possa fazer

às populações muçulmanas tão numerosas e

tão abandonadas. Levando para o meio delas

Jesus no Santíssimo Sacramento, tal como a

Santíssima Virgem santificou João Baptista

levando Jesus até junto dele.

A vida de Charles de Foucauld foi um exemplo de coragem e de coerência. Neste livro, da responsabilidade de Maurice Serpette, os leitores podem conhecer melhor o percurso de vida de Foucauld, desde o seu nascimento, em Estrasburgo em 1858, até à sua morte, a tiro, entre o povo Tuaregue, em 1916, no auge do primeiro conflito mundial.

306 páginas

Destaque

Para 5 ou mais exemplares 3,00€ cada um.

Cód. LI007€ 5,00€ 4,00

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