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JANEIRO 2015 | Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre SEMENTES DE ESPERANÇA

Sementes de Esperança | Janeiro de 2015

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Folha de oração mensal em comunhão com os cristãos que sofrem perseguição www.fundacao-ais.pt

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JANEIRO 2015 | Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

S E M E N T E S DE ESPERANÇA

2 Sementes de Esperança | Janeiro 15

Intenções de Oração do Santo Padre

Intenção Geral

Promover a paz

Para que quantos pertencem às diferentes tradições religiosas e todos os homens de boa vontade colaborem na promoção da paz.

Senhor Jesus, Príncipe da Paz, Rei do universo,Ajuda-nos a unir nossos esforços e nossas oraçõespara podermos, em comum, com o coração unido,promover a paz e a unidade, a concórdia e a estima mútua.Dá-nos a graça de olhar os outros como irmãos,para termos um diálogo digno, aberto, fraterno,para sermos capazes de descobrir o bem de cada um,para conseguirmos perdoar o que não é bom.Que todas as pessoas, das diversas religiões,busquem a graça de construir a paz, de desejar a paz.Que os nossos corações, à semelhança do teu,só desejem o bem comum e a construção da paz,para que não haja mais guerras, mais violência, mais crimes,para que haja um mundo renovado pelo amor,onde reine a paz que nasce da verdade e da justiça,que gera alegria, felicidade, vida nova e o bem estar de todos.

Dário Pedroso, s.j.

Intenção MissionáriaAno da vida consagradaA fim de que neste ano dedicado à vida consagrada os religiosos e as religiosas voltem a encontrar a alegria do seguimento de Cristo e trabalhem com zelo ao serviço dos pobres.

A oração é um dos pilares fundamentais da nossa missão. Sem a força que nos vem de Deus, não seríamos capazes de ajudar os Cristãos que sofrem por causa da sua fé.

Para ajudar estes Cristãos perseguidos e necessitados criámos uma grande corrente de oração e distri-buímos gratuitamente esta Folha de Oração, precisamente porque queremos que este movimento de oração seja cada vez maior. Por favor, ajude-nos a divulgá-la na sua paróquia, nos grupos de oração, pelos amigos e vizinhos. Não deite fora esta Folha de Oração. Depois de a ler, partilhe-a com alguém ou coloque-a na sua paróquia.

3Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

O SENTIDO CRISTÃO DA “ALEGRIA”

Reflectir

Falava-se há tempos num grupo de cristãos sobre o perfil que se tem con-vencionado atribuir ao católico que é ten-dencialmente triste, tanto no modo como celebra a fé como no modo como a vive e testemunha. Eu ainda argumentei apelan-do à característica festiva do catolicismo, com os seus folguedos e arraiais, como nas festas populares tão características do mundo latino, mas não consegui con-vencer o grupo em que estava integrado. Em todo o caso, estou convencido que tal perfil não passa de uma caricatura do que verdadeira e autenticamente deva ser a atitude do cristão perante a vida ou na vivência e testemunho da sua fé, se «ale-gre» ou se «triste». Não é, para mim, sinal evidente de alegria ter-se perdido o hábi-to do recolhimento e do silêncio orante no final das nossas celebrações eucarísticas, quando devia ser tempo de acção de gra-ças pela comunhão sacramental recebida; ou a confusão que em muitas celebrações se gera no momento da «saudação da paz». O recolhimento não é sinal de tris-teza; e o alarido não é necessariamente sinal de alegria!

No livro do Qohelet (3,1-8) diz-se que há tempo para tudo: também para a tristeza e para a alegria, pois na vida é assim, nem sempre estamos alegres, nem sempre estamos tristes. E muitas vezes na nossa vida há mais motivos para nos entristecermos do que para nos alegrarmos, e o próprio Deus sofre de tristeza pelo pecado e a ingratidão dos Seus filhos, sobretudo daqueles que Ele mais ama: foi assim que Ele se exprimiu a Santa Margarida Maria no séc. XVII e em Fátima Nossa Senhora disse aos Pastorinhos que Deus estava muito ofen-dido e pedia «consolação».

A alegria cristã não é uma cosmética para «parecer alegre», pois ela vem do interior, é um dom do Espírito Santo. S. Paulo fala desta alegria num texto da car-ta aos Tessalonicenses (1Tes 5,16-24) que é lido no terceiro domingo do Advento, o Domingo da alegria: louvar e dar graças a Deus «em todas as circunstâncias», tanto nos momentos em que tudo corre bem, como nos momentos em que tudo corre mal; na saúde e na doença, na vida e na

INTENÇÃO NACIONALPara que os «votos» que neste tempo os cristãos trocam entre si sejam verdadeiramente «cristãos»: que este seja um ano de graça e de disponibilidade do coração para realizar a «vontade de Deus», com a Virgem Maria, Mãe de Deus.

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morte. Esta «alegria» é fruto do Espirito Santo que trabalha no interior dos cora-ções dispostos a cumprir em todos os momentos a vontade de Deus, de quem é capaz de «perdoar» aos inimigos, como Jesus quando disse: «Pai, perdoai-lhes, porque não sabem o que fazem» (Lc 23,34). A «alegria» brota da consciência filial de quem reza a sério o Pai-nosso, sem o alterar, quando pede que o «Reino de Deus venha», que a «sua vontade seja feita»; que nos dê o «pão dos filhos, que é a Eucaristia; que pede que nos livre do mal ou do maligno, que nos livre do pecado. Porque se Deus nos livrar do mal, livra-nos de tudo o que possa fazer perigar o sentido da nossa vida, que está para lá dos infortúnios, das doenças, da pobreza ou da riqueza ou de uma desgraça qual-quer. Livres do mal por excelência, que é o pecado, como dizia Santo Agostinho, podemos louvar e agradecer a Deus por tudo, porque tudo concorre para o bem daqueles que Deus ama e daqueles que temem verdadeiramente a Deus do fundo do coração, daquele temor que brota da delicadeza do coração de quem não dese-ja sequer ofender quem tanto nos ama!...

Fazendo até ao extremo a vontade do Pai - «Abba, ó Pai, tudo te é possível; afasta de mim este cálice; no entanto, não se faça a minha vontade, mas a tua!» (Mc 14,36) - Jesus Cristo vive o drama da Paixão em Paz, e este é o sentido profun-do seu «silêncio» na Paixão, no meio dos

maiores sofrimentos. No tempo das gran-des perseguições – tanto na antiguidade como ainda hoje – o que impressionava os pagãos e levou muitos à conversão era a «serenidade e a paz dos cristãos» que se dirigiam para a arena, expostos às feras, cantando os salmos. E é ainda assim que hoje os cristãos autênticos vivem a alegria, no meio das provações, como aquele jovem meu «afilhado» que acompanho na sua doença, um linfoma, e que na celebração eucarística em que o ungi com o Sacramento dos Doentes rezava: «Senhor, se for da Tua vontade, que eu possa recuperar a saúde!...». Se for da Tua vontade! Confiar no Senhor, que é Bom e que é nosso Pai, aqui está a razão da «alegria dos cristãos», da sua paz, no meio das provações, como um linfoma que surpreende um jovem na frescura dos seus 15 anos. Viver estes acontecimentos como uma «visita do Senhor» e permanecer em paz, serena-mente tranquilo, é esta a alegria dos cristãos, o dom de Deus para aqueles que O amam e n’Ele confiam.

P. José Jacinto Ferreira de Farias, scjAssistente Espiritual da Fundação AIS

Reflectir

5Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Desde o dia 4 de Fevereiro que o poder é contestado pelos estudantes, apoiados pela oposição, que criticam a insegurança crescente, a inflação, que é das mais ele-vadas do mundo (56% ao ano), a indigên-cia alimentar e a brutalidade da repressão das manifestações, neste país rico em petróleo. D. Diego Padron, presidente

da Conferência Episcopal da Venezuela, criticou “a criminalização da contestação cívica” e as violações dos direitos do homem, quando três oponentes – um dirigente político e dois presidentes de câmara – estão presos, acusados de inci-tação à violência.

E frisou: “Denunciamos a repressão

Desde Fevereiro que a Venezuela está a ser agitada por manifes-tações de grande amplitude. Muitos pensam que o país se está a inclinar para a ditadura, incluindo a Igreja Católica que denuncia com gravidade o desvio totalitário do Governo.

VENEZUELA O ROBIN DOS BOSQUES JÁ NÃO TEM MAIS NADA PARA DISTRIBUIR

Superfície

916.445 Km2

População

27,2 milhões de habitantes

Religiões

Cristãos: 89,3%

Católicos: 77,6% Protestantes: 10%

Outros: 1,7%

Outras religiões: 0,7%

Sem religião: 10%

Línguas

Espanhol

Venezuela

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abusiva e desmesurada contra os mani-festantes, as torturas de que foram víti-mas muito dos detidos, e a perseguição judicial dos presidentes de câmara e deputados que se opõem ao poder (…) O Governo engana-se ao querer resolver a crise pela força, não sendo a repressão o caminho a seguir”.

Oficialmente, 150 pessoas continua-vam presas após estes dois meses de manifestações que provocaram trinta e nove mortos e mais de oitenta inquéritos devido aos abusos policiais. O responsável religioso manifestou-se a favor de uma mediação do Vaticano, para se chegar a um eventual “diálogo sincero” entre o poder e a oposição, como lembrou o pre-sidente Nicolas Maduro.

Eleito, por uma margem mínima, a 14 de Abril de 2013, Maduro, sucessor do chefe de Estado Hugo Chavez, (1999-2013), continua perante os seus apoiantes

a classificar a oposição como “terrorismo, vandalismo e fascismo”. Faz tenções de calar a contestação do movimento de estudantes e a da oposição com a repres-são feita pela guarda nacional e grupos irregulares, os “colectivos” chavistas, armados e financiados pelo Governo, que agem com total impunidade.

A origem destes protestos vem “da pretensão do partido oficial e das auto-ridades da República de instaurar o cha-mado ‘plano para a pátria’ (de Chavez), atrás do qual se esconde a instauração de um Governo totalitário”, declarou D. Padron numa conferência de imprensa. O que se passa no país “é muito grave tanto pela sua magnitude (…) como pela sua duração, violência e consequências nefastas para o nosso presente e o nosso futuro”, acrescentou.

A acusação é violenta, à imagem do clima de insurreição que o país vive.

Caracas, capital da

Venezuela, tem sido

agitada por grandes

manifestações nos

últimos meses.

Venezuela

7Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Toda a gente reconhece que o Governo é frágil mas que, para já, a sua queda não está iminente. Para sair do impasse seria necessária uma negociação entre os chavistas e a oposição, mas por agora a intransigência do poder não deixa antever nenhuma saída.

PORQUÊ ESTA EXPLOSÃO? Três motivos principais de insatisfação

arrastam actualmente os Venezuelanos para a rua, apesar da brutalidade da repressão. Em primeiro lugar, a falta dos bens de primeira necessidade: a falta de papel higiénico, agora um produto de contrabando, tornou-se um símbolo, mas as prateleiras dos alimentos também estão praticamente vazias. A Venezuela, outrora país de cultura e criação de gado, importa hoje quase tudo. O país nunca esteve tão dependente do petróleo, ape-sar dos discursos “soberanistas” do antigo

presidente Hugo Chavez. A má adminis-tração de uma gestão centrada nas mãos de incompetentes e a corrupção são as principais razões da crise económica.

Segundo motivo de insatisfação: a infla-ção recorde (56% em 2013), mina o poder de compra, sobretudo dos mais pobres. O aumento desmesurado dos preços limita o recurso ao mercado negro para a aqui-sição de bens. Por fim, há a insegurança crescente. Os 25 mil homicídios por ano (sessenta e oito por dia) é um indicador terrível: em 1998, aquando da primeira eleição de Chavez, eram 5.000. É preciso acrescentar as extorsões, os roubos, os raptos e as agressões.

Estes três factores atingem todas as camadas da população e têm um efei-to cumulativo: quinze anos no poder já não permitem rejeitar todos os erros da Quarta República como Chavez tinha o hábito de fazer.

A Igreja defende

o diálogo ao

denunciar os desvios

governamentais.

Na fotografia, a

Igreja de Tucupita.

Venezuela

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Venezuela

Para responder a este triplo desafio, Maduro, que não tem o talento nem o carisma do seu mentor – Chavez que o designou como sucessor – põe em prática a fuga para a frente. Nunca o Governo venezuelano foi tão superabundante, com uma centena de ministros e vice--ministros, sem contar com os dirigentes das empresas públicas. A influência dos militares aumentou. O poder assenta, cada vez mais, na acção brutal das milícias e “colectivos” chavistas, que são grupos paramilitares a soldo. A influência cubana não ajuda nada.

Bastante dependentes do petróleo venezuelano, os cubanos estão muito presentes, sobretudo através dos seus serviços de informação. Maduro é um homem formado e escolhido por Cuba, cuja orientação política está hipotecada à segurança do Estado, incapaz de se projectar no pós-guerra fria e sair dos

velhos esquemas. Este “apadrinhamento” de modo nenhum encoraja a Venezuela a corrigir a sua orientação totalitária.

CRISE ECONÓMICA O presidente do Banco Central

Venezuelano admitiu, finalmente, a 16 de Março, que o país atravessava uma “crise económica”. Uma constatação necessária, um mês e meio após o começo das per-turbações no país e catorze anos após a chegada de Hugo Chavez ao poder.

Com efeito, Chavez empenhou-se em reduzir a pobreza. Na verdade, a redução das desigualdades foi a maior da América latina na última década, o que não deixa de ser uma mais-valia no seu balanço. Posto isto, há que reconhecer que este balanço é enganador. Na realidade, ele diminuiu a economia ao deixar que o petróleo ocupasse todo o espaço e des-truísse toda a iniciativa privada.

Caracas está entre

as capitais mais

perigosas do mundo.

9Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Venezuela

A redistribuição dos rendimentos do petróleo aos sectores desfavorecidos fez aumentar a procura interna. Mas a produção de bens não acompanhou este impulso e o país, por sua vez, importa em grande escala. Concretamente, Chavez criou uma dependência total da população face à “caridade” governamental. A curto prazo isto foi uma ajuda para os pobres, o que é bom, mas com um efeito asfixiante sobre a economia, o que conduziu o país ao fracasso de hoje.

Por outro lado, o envelhecimento das infraestruturas, a falta de investimento e o aumento da dívida da empresa petro-lífera do Estado PDVSA, tornaram o ouro negro menos rentável para a Venezuela. Com a fuga massiva de capitais, em resultado do ambiente político hostil ao mundo empresarial, o país encontra-se num impasse com um risco crescente de falta de pagamento.

Em Caracas, a maior parte das pessoas gasta, por semana, seis a dez horas em filas, porque falta sempre tudo, mesmo os bens de primeira necessidade. Os chavis-tas ferrenhos dizem que é porque Chavez já não está vivo. Para Maduro, os respon-sáveis da crise são os “especuladores e os monopolistas”. A solução: activação de “um sistema superior de abasteci-mento” que possibilite a distribuição de “cartões electrónicos de racionamento”, medida cuja natureza não é para acalmar uma oposição convencida da falência do sistema.

Falta tudo nos hospitais, a começar pelos medicamentos. São frequentes as quebras de electricidade, sobretudo na província. O Estado tem hoje poucas divisas. É um facto que a Venezuela, o 11º produtor mundial de crude, produz 2.7 milhões de barris por dia, mas uma parte deste volume é dado, nomeadamente, a Cuba, emprestado a

Propaganda sobre

o petróleo junto

do aeroporto.

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Venezuela

certos países das Caraíbas ou serve para o reembolso da dívida à China.

O Governo distribui com parcimónia as divisas, ao rating preferencial de 6.3 bolívares por um dólar mas, no merca-do negro, a nota verde troca-se, neste momento, por 82 bolívares. A diferença faz a felicidade dos traficantes. Máfias poderosas apoderaram-se do controlo do comércio da gasolina, que na Venezuela é quase dada, e dos alimentos primários largamente subvencionados. A título de exemplo, o arroz custa dez vezes menos que nos países vizinhos.

Uma vez que não podem repatriar os seus lucros, as multinacionais hesitam em investir mais. A Toyota anunciou, em fins de Janeiro, a suspensão das suas activida-des. No total, o Estado venezuelano deve às empresas privadas 9.4 biliões de euros, mas o mercado venezuelano continua tão potencialmente rentável e prometedor que as multinacionais aguardam com paciência por melhores dias.

A menos que haja um aumento do preço do petróleo, a situação não vai melhorar a curto prazo, as mercadorias básicas tornar-se-ão ainda mais raras e a situação política só poderá complicar-se.

OraçãoPara que em breve a nação venezuelana conheça dias de paz e prosperidade, nós Te pedimos Senhor!

A Venezuela entre 1960 e 1998 estava em

contracorrente face ao resto da América latina, no

que respeita a golpes de estado militares e regimes

autoritários. Caracas, porto da democracia, acolhia

numerosos refugiados políticos. Em 1992, o país

sofreu duas tentativas de golpe de Estado militar,

lideradas pelo tenente-coronel Hugo Chavez.

Por mais incongruente que isto possa parecer,

estes atentados à ordem constitucional são hoje

festejados pelo regime chavista e celebrados com

um feriado, o 4 de Fevereiro.

D. Jorge Urosa, Arcebispo

de Caracas desde 2005.

11Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Senhor Deus de Paz, escutai a nossa súplica!

Tentámos tantas vezes e durante tantos anos resolver os nossos conflitos com as nossas for-ças e também com as nossas armas; tantos momentos de hostilidade e escuridão; tanto sangue derramado; tantas vidas despedaçadas; tantas esperan-ças sepultadas... Mas os nossos esforços foram em vão. Agora, Senhor, ajudai-nos Vós! Dai-nos Vós a paz, ensinai-nos Vós a paz, guiai-nos Vós para a paz. Abri os nossos olhos e os nossos corações e dai-nos a coragem de dizer: “nunca mais a guerra»; «com a guerra, tudo fica destruído”! Infundi em nós a coragem de realizar gestos con-cretos para construir a paz. Senhor, Deus de Abraão e dos Profetas, Deus Amor que nos criastes e chamais a viver como irmãos, dai-nos a força para sermos cada dia artesãos da paz; dai-nos a capacidade de olhar com benevolência todos os irmãos que encontramos no nosso caminho. Tornai-nos disponíveis para ouvir o grito dos nossos cidadãos que nos pedem para transformar as nossas armas em instrumentos de paz, os nossos medos em confiança e as nossas tensões em perdão. Mantende acesa em nós a chama da esperança para efectuar, com paciente perseverança, opções de diálogo e reconciliação, para que vença finalmente a paz. E que do coração de todo o homem sejam banidas estas palavras: divisão, ódio, guerra! Senhor, desarmai a língua e as mãos, renovai os corações e as mentes, para que a palavra que nos faz encontrar seja sempre “irmão”, e o estilo da nossa vida se torne: shalom, paz, salam! Ámen.

Papa Francisco, Invocação pela Paz, Jardins do Vaticano, 8 de Junho de 2014

ORAÇÃO PELA PAZ

Oração

12 Sementes de Esperança | Janeiro 15

2015 - Ano da Vida Consagrada

MONJAS CISTERCIENSES

HISTÓRIAA Ordem de Cister nasceu em França no ano 1098,

os Santos Fundadores Roberto, Alberico e Estêvão Harding, os três primeiros Abades, quiseram retomar a antiga observância da Regra Beneditina. A Ordem Cisterciense é uma Ordem de vida contemplativa, herdeira de tradições seculares.

Uma figura de destaque na Ordem é eviden-temente o seu Pai São Bernardo de Claraval, que contrariamente ao que pensam muitas pessoas não foi o Fundador da Ordem, já que quando ele entrou em Cister em 1112 a Ordem já estava constituída desde 1098.

São Bernardo foi o primeiro Abade de Claraval em 1115 aos 25 anos. Quando faleceu, em 1153, tinha fundado uns sessenta mosteiros. Grande místico, caracteriza-se pelo seu amor à Virgem Maria, da qual foi Cantor incomparável, com os seus inúmeros escritos, de grande valor espiritual, sendo um dos maiores escritores do séc. XII.

São Bernardo foi conselheiro de Papas e Reis, e pregou a segunda Cruzada em 1146, ele imprimiu a Ordem com a forte marca da sua personalidade.

Os Cistercienses são filhos e filhas de São Bento, e orgulham-se de seguir a sua Regra, ou pelo menos de tentar segui-la!

São Bento nasceu em Núrsia cerca do ano 480, escreveu a sua Regra dos monges por volta de 530, vindo a falecer pouco depois.

CARISMA O lema da Regra de São Bento é o “Ora et

Labora”, a vida do monge e da monja é mesmo só isso. Rezam pela humanidade inteira, apre-senta, noite e dia, diante do trono de Deus, as intenções de todos os nossos irmãos os homens. Os monges são a voz dos sem voz! Por isso dia e noite cantam os louvores de Deus, já que nada se deve “antepor ao amor de Cristo” (Regra de São Bento cap. 4-21). “A ociosidade é inimiga da alma”, (Regra de São Bento cap.48-1), por esta razão é importante para os discípulos de São Bento poderem ganhar o seu sustento com o seu trabalho.

A Ordem Cisterciense é uma Ordem Mariana totalmente dedicada e consagrada à Virgem Rainha de Cister.

Outro pilar importante na vida Cisterciense é a leitura espiritual, sobretudo da Sagrada Escritura e o estudo, que nos deve ajudar a nutrir a nossa oração, e não a fazer de nós, pregadores e sábios segundo este mundo.

13Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

CONTACTOSMonjas CisterciensesRua 2 nº 36 - São Bento da Porta Aberta4845-026 Rio CaldoTel.: 253 39 10 45 - 91 785 09 36E-mail: [email protected] ou irmã[email protected]: www.monjascistercienses.comfacebook

Horário de oração:6.00: Ofício de Leituras6.30: Ofício de Laudes7.00: Lectio Divina8.15: Ofício de Tércia10.30: Eucaristia12.45: Ofício de SextaEntre as 13.30 e 14.00: Ofício de Noa18.00: Ofício de Vésperas com Adoração21.00: Ofício de Completas

2015 - Ano da Vida Consagrada

PRESENÇA NO MUNDO No presente, a Ordem Cisterciense conta com

cerca de 300 mosteiros nos cinco continentes. A Ordem Cisterciense da Comum Observância e

da Estrita Observância conta com mais de 7.000 membros, entre monges e monjas.

EM PORTUGAL No nosso país a Ordem de Cister teve um papel

muito importante. Houve mais de trinta mostei-ros, sendo os de maior relevo os Mosteiros de Alcobaça, de Arouca, de São João de Tarouca, de Lafões e de Santa Maria de Bouro. Os Cistercienses estiveram presentes desde 1144 até 1834. Com a supressão das Ordens religiosas nesse momento, a Ordem, como todas as outras, perdeu tudo. Actualmente, nada possuem em Portugal; os bens da Ordem, mosteiros e demais património perderam-se todos.

Hoje, estão apenas três Irmãs em São Bento da Porta Aberta, na Arquidiocese de Braga, onde foram muito bem recebidas, a viver numa casa da Arquidiocese, que foi adaptada para um pequeno mosteiro.

APELOAs Irmãs têm um enorme desejo que a sua

Ordem Cisterciense possa voltar de novo a Portugal e, com imensa fé e confiança em Deus, pedem que possam surgir muitas e santas voca-ções para a sua pequena comunidade. Por isso, pedem orações aos nossos leitores da Folha de Oração, Sementes de Esperança, para que pos-sam crescer em santidade e em número, para a maior glória de Deus e bem das almas. Deixamos também o horário de oração das Irmãs, para quem quiser unir-se a elas em oração.

As suas orações e pequenos sacríficos são ofere-cidos diariamente por todos vós.

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

14 Sementes de Esperança | Janeiro 15

Actualidade

Na sua actividade de “proclamação da verdade do amor de Cristo na sociedade”, a Igreja não cessa de se empenhar em acções de carácter caritativo guiada pela verdade sobre o homem. Ela tem o dever de mos-trar a todos o caminho da conversão, que induz a voltar os olhos para o próximo, a ver no outro – seja ele quem for – um irmão e uma irmã em humanidade, a reconhecer a sua dignidade intrínseca na verdade e na liberdade, como nos ensina a história de Josefina Bakhita, a Santa originária da região do Darfur, no Sudão. Raptada por traficantes de escravos e vendida a patrões desalmados desde a idade de nove anos, haveria de tornar-se, depois de dolorosas vicissitudes, “uma livre filha de Deus” mediante a fé vivida na consagração religiosa e no serviço aos outros, especialmente aos pequenos e fracos. Esta Santa, que viveu a cavalo entre os séculos XIX e XX, é também hoje testemunha exemplar de esperança para as numerosas vítimas da escravatura e pode apoiar os esforços de quantos se dedicam à luta contra esta “ferida no corpo da humanidade contemporânea, uma chaga na carne de Cristo”.

DIA MUNDIAL DA PAZ – 1 JANEIRO 2015

15Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

Actualidade

Nesta perspectiva, desejo convidar cada um, segundo a respectiva missão e responsa-bilidades particulares, a realizar gestos de fraternidade a bem de quantos são mantidos em estado de servidão. Perguntemo-nos, enquanto comunidade e indivíduo, como nos sentimos interpelados quando, na vida quotidiana, nos encontramos ou lidamos com pessoas que poderiam ser vítimas do tráfico de seres humanos ou, quando temos de comprar, se escolhemos produtos que poderiam razoavelmente resultar da exploração de outras pessoas. Há alguns de nós que, por indiferença, porque distraídos com as preocupações diárias, ou por razões económicas, fecham os olhos. Outros, pelo contrário, optam por fazer algo de positivo, comprometendo-se nas associações da sociedade civil ou praticando no dia-a-dia pequenos gestos como dirigir uma palavra, trocar um cum-primento, dizer “bom dia” ou oferecer um sorriso; estes gestos, que têm imenso valor e não nos custam nada, podem dar esperança, abrir estradas, mudar a vida a uma pessoa que tacteia na invisibilidade e mudar também a nossa vida face a esta realidade.

Temos de reconhecer que estamos perante um fenómeno mundial que excede as com-petências de uma única comunidade ou nação. Para vencê-lo, é preciso uma mobilização de dimensões comparáveis às do próprio fenómeno. Por esta razão, lanço um veemente apelo a todos os homens e mulheres de boa vontade e a quantos, mesmo nos mais altos níveis das instituições, são testemunhas, de perto ou de longe, do flagelo da escravidão contemporânea, para que não se tornem cúmplices deste mal, não afastem o olhar à vista dos sofrimentos de seus irmãos e irmãs em humanidade, privados de liberdade e dignidade, mas tenham a coragem de tocar a carne sofredora de Cristo, o Qual Se torna visível através dos rostos inumeráveis daqueles a quem Ele mesmo chama os “meus irmãos mais pequeninos” (Mt 25, 40.45).

Sabemos que Deus perguntará a cada um de nós: Que fizeste do teu irmão? (cf. Gen 4, 9-10). A globalização da indiferença, que hoje pesa sobre a vida de tantas irmãs e de tantos irmãos, requer de todos nós que nos façamos artífices duma globalização da soli-dariedade e da fraternidade que possa devolver-lhes a esperança e levá-los a retomar, com coragem, o caminho através dos problemas do nosso tempo e as novas perspectivas que este traz consigo e que Deus coloca nas nossas mãos.

Excerto da Mensagem do Papa Francisco para o XLVIII Dia Mundial da Paz

“VIM PARA ADORAR-TE”

TRua Professor Orlando Ribeiro, 5 D, 1600-796 LISBOAel 21 754 40 00 • Fax 21 754 40 01 • NIF 505 152 304

[email protected] • www.fundacao-ais.pt

SEMENTES DE ESPERANÇA - Folha de Oração em Comunhão com a Igreja que Sofre

PROPRIEDADEDIRECTORA

REDACÇÃO E EDIÇÃO

FONTEFOTOS

CAPAPERIODICIDADE

IMPRESSÃOPAGINAÇÃO

DEPÓSITO LEGALISSN

Fundação AIS Catarina Martins de BettencourtP. José Jacinto Ferreira de Farias, scj, Maria de Fátima Silva, Paulo Aido, Alexandra Ferreira, Ana Vieira e Félix LunguL’Église dans le monde – AIS França© AED; © Fundação AIS

© BRADI BARTH 11 Edições AnuaisGráfica ArtipolJSDesign352561/122182-3928

Isento de registo na ERC ao abrigo do Dec. Reg. 8/99 de 9/6 art.º 12 n.º 1 A

Toda a vez que estivermos diante de Jesus

no Santíssimo Sacramento, esteja Ele

exposto ou no sacrário, devemos colocar-

nos numa atitude de despojamento e

professarmos a fé, recebermos o Seu Amor

e oferecermo-nos em amor. Na Adoração

Eucarística deixemos que Jesus nos tome,

invada o nosso íntimo e nos transforme. A

Adoração é um convite de um Deus que é

Pai essencialmente para encontrar Cristo

numa relação viva e profunda, numa

relação transformante da nossa vida.

Pe. Marco Luís

A ideia deste livro surgiu no enquadramento da Adoração Solene do Santíssimo Sacramento, que decorre de segunda a sexta, todas as manhãs, na Igreja do Seixal, Diocese de Setúbal. O livro está estruturado em quatro semanas, tendo cada semana uma intenção específica: pela Vida Matrimonial, pela Vida Consagrada, pelos Sacerdotes e pela Paz e Cristãos Perseguidos. Em cada dia há meditações, orações, pontos de reflexão, com a Palavra de Deus como apoio.

206 páginas

Destaque

Cód. LI094€ 1,00