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EMPREENDORISMO INSTITUCIONAL: O CASO DE JOAQUIM MURTINHO Larissa R. V. de Arruda 1 Maria Teresa Miceli Kerbauy 2 RESUMO: Joaquim Murtinho (1848-1911) foi ministro da fazenda no governo Campos Sales, quando sanou as finanças da República, foi também senador e empresário. Controlou a política do seu estado natal, o Mato Grosso, durante os anos de 1892 até sua morte. Consideramos Joaquim um empreendedor individual porque ele implanta as alterações economicas do país, políticas em seu estado e institucionaliza o campo da medicina homeopática. O empreendedor individual influencia e altera as instituições, utiliza seus elementos recombina de formas incomuns em momentos oportunos, a fim de produzir mudanças. O presente trabalho pretende analisar a figura de Joaquim como empresário institucional, detendo-se primeiramente no conceito, assim como na teoria Neoinstitucional. PALAVRAS-CHAVE: Empresário Institucional, Neoinstitucionalismo, Joaquim Murtinho INTRODUÇÃO A República Velha (1889-1930) foi marcada por um período de instabilidades, especialmente em seus anos iniciais, que foram o auge da trajetória de Joaquim Murtinho, proeminente político mato-grossense. Por várias vezes Murtinho tentou se inserir na política durante o Império, mas era preterido, quando conseguiu se eleger senador foi proclamada a República. Nesse novo regime foi eleito senador na primeira eleição realizada em 1890, tendo sido reeleito por mais duas vezes. As disputas dos primeiros anos entre civis e militares em torno do poder, abrem brechas para Joaquim Murtinho mobilizar o seu grupo para dominar politicamente no estado do Mato Grosso, enquanto no Rio de Janeiro consegue indicação para o Ministério da Viação, durante o governo do vice-presidente Manuel Vitorino (1896-1897) e para o ministério da Fazenda no governo de Campos Sales (1898-1902). 1 Mestranda em Ciência Política na UFSCar. Bolsista Fapesp. E-mail: Larissa.vaccari@hotmail. com Bacharel em Sociologia e Política FESPSP. 2 Professora da Unesp Araraquara. E-mail: [email protected]. Doutora em Ciências Sociais PUC.

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EMPREENDORISMO INSTITUCIONAL: O CASO DE JOAQUIM MURTINHO

Larissa R. V. de Arruda1 Maria Teresa Miceli Kerbauy2

RESUMO: Joaquim Murtinho (1848-1911) foi ministro da fazenda no governo Campos Sales, quando sanou as finanças da República, foi também senador e empresário. Controlou a política do seu estado natal, o Mato Grosso, durante os anos de 1892 até sua morte. Consideramos Joaquim um empreendedor individual porque ele implanta as alterações economicas do país, políticas em seu estado e institucionaliza o campo da medicina homeopática. O empreendedor individual influencia e altera as instituições, utiliza seus elementos recombina de formas incomuns em momentos oportunos, a fim de produzir mudanças. O presente trabalho pretende analisar a figura de Joaquim como empresário institucional, detendo-se primeiramente no conceito, assim como na teoria Neoinstitucional. PALAVRAS-CHAVE: Empresário Institucional, Neoinstitucionalismo, Joaquim Murtinho INTRODUÇÃO

A República Velha (1889-1930) foi marcada por um período de instabilidades,

especialmente em seus anos iniciais, que foram o auge da trajetória de Joaquim

Murtinho, proeminente político mato-grossense. Por várias vezes Murtinho tentou se

inserir na política durante o Império, mas era preterido, quando conseguiu se eleger

senador foi proclamada a República. Nesse novo regime foi eleito senador na primeira

eleição realizada em 1890, tendo sido reeleito por mais duas vezes. As disputas dos

primeiros anos entre civis e militares em torno do poder, abrem brechas para Joaquim

Murtinho mobilizar o seu grupo para dominar politicamente no estado do Mato Grosso,

enquanto no Rio de Janeiro consegue indicação para o Ministério da Viação, durante o

governo do vice-presidente Manuel Vitorino (1896-1897) e para o ministério da

Fazenda no governo de Campos Sales (1898-1902).

1 Mestranda em Ciência Política na UFSCar. Bolsista Fapesp. E-mail: Larissa.vaccari@hotmail.

com Bacharel em Sociologia e Política –FESPSP. 2 Professora da Unesp Araraquara. E-mail: [email protected]. Doutora em Ciências

Sociais – PUC.

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Consideramos Joaquim Murtinho um empreendedor institucional porque ele

imprimiu mudanças tanto econômicas em nível nacional, como políticas em seu estado

natal, o Mato Grosso, como também institucionaliza o campo da medicina

homeopática e foi um médico renomado. O conceito de empresário institucional nasce

no seio da teoria Neoinstitucionalista nos anos 1980, com objetivo de sanar dois

problemas dessa teoria: o da mudança e da ação individual. O Neoinstitucionalismo

ganha espaço a partir da década de 1970, e possui três vertentes teóricas que dão

ênfase ao papel das instituições moldando e restringindo comportamentos, em um

determinismo das instituições que pouco espaço deixa para a ação individual ou para

mudança institucional.

Assim, pretendemos analisar como Joaquim Murtinho foi um empresário

institucional, partindo do conceito de empresário institucional, que só se torna

compreensível ao considera-lo inserido na teoria Neoinstitucional, já que o conceito

carrega uma crítica a essa teoria. O trabalho se compõe de mais quatro partes, na

primeira abordamos o Neoinstitucionalismo, sua formação e as suas vertentes. Na

segunda parte analisamos o conceito de empresário institucional, considerando as

abordagens e utilização de alguns autores, em seguida estabelecemos algumas

considerações sobre o papel de Joaquim Murtinho como empresário institucional, e

finalmente apresentamos as conclusões finais.

A TEORIA NEOINSTITUCIONAL

A Teoria Neoinstitucional tem como referencial o antigo Institucionalismo e o

Comportamentalsimo. Até os anos 1940 o Institucionalismo é dominante na Ciência

Política, sua tradição remonta à análise das constituições atenienses feita por

Aristóteles. O viés institucional também foi utilizado por Locke, Montesquieu, pelos

Federalistas, por Tocqueville – quando ele ressalta as instituições sociais como

explicação da bem sucedida Democracia americana. Durante o século XX a Economia

política endossa seu peso, a Sociologia também faz uso através dos trabalhos de

Durkheim. (PERES, 2008)

Na Ciência Política o Institucionalismo concentrou-se na análise das

constituições, estabelecendo modelos prescritivos do “desenho institucional” em uma

ótica normativa do que deveria ser a política, não se concentravam nos fatos

concretos e objetivos. Contudo, essa abordagem perdeu eficácia explicativa, ainda nos

anos 1930, o governo americano desvalorizou essa abordagem, pois ela não explicava

os fenômenos daquele momento, tais como o nazismo, fascismo. Assim, os estudos

de Ciência Política após a Segunda Guerra Mundial passam a focar-se na dinâmica

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mais concreta da política, usando técnicas mais avançadas de análise estatística e o

método comparativo. (PERES, 2008)

O Comportamentalismo advém da crítica ao Institucionalismo e do

behaviorismo da Psicologia de Watson. Watson altera a perspectiva da Psicologia,

antes se concentrava nos fenômenos mentais passa, a partir de então, observar

empiricamente o comportamento. Nas Ciências Sociais a vertente Comportamentalista

influencia a Sociologia de Durkheim e a Antropologia de Malinowiski, já a Ciência

Política se posiciona criticamente contra o Institucionalismo, propõe uma análise

empiricamente orientada e rigor conceitual; além de utilizar de forma pluralista as

metodologias das outras ciências, dessa perspectiva a Ciência Política foi considerada

uma ciência do comportamento. (PERES, 2008)

O Comportamentalismo fez grandes inovações metodológicas, tendo grande

preocupação com objetividade e com generalização. Defendia que somente era

possível uma Ciência Política que tivesse orientação empírica, de modo que os

cientistas políticos devem tratar somente de fenômenos observáveis, sem qualquer

especulação dedutiva. A pesquisa deveria utilizar dados quantitativos ou quantificados,

ser orientada e dirigida por teoria conceitualmente rigorosa, com análise pautada na

neutralidade axiológica, devendo ter caráter analítico e não somente descritivo.

Recomendava, também, abordagem multidisciplinar, máximo rigor metodológico e

uma lógica de inferência indutiva. O Comportamentalismo tem seu auge nos anos

1950. (PERES, 2008)

Por sua vez o Neoinstitucionalismo contém a crítica ao Comportamentalismo.

Sua maior crítica era que a Ciência Política havia sido engolida pelo

Comportamentalismo. Contrapunha-se ao axioma comportamentalista de que a

Ciência Política não poderia ser uma ciência capaz de estabelecer leis, mas também

criticava também o antigo Institucionalismo. A reação Neoinstitucionalista começa nos

anos 1960 e ganha peso durante os anos 1970, e tem uma dupla rejeição: à ausência

de cientificidade do antigo Institucionalismo e à ausência do contexto institucional do

Comportamentalismo.

As principais críticas feitas pelo Neoinstitucionalismo voltavam-se para a falta

de potencial analítico da Ciência Política, causado pela ausência do contexto

institucional. Peres (2008) destaca que Dahl defendeu que o Comportamentalismo

tinha insuficiência analítica, pois se baseia na ação dos indivíduos desconsiderando as

instituições políticas. Portanto, o comportamento seria apenas uma das dimensões do

fenômeno político. Afastaram-se, ao menos relaxam, da premissa radical da

neutralidade axiológica. Criticavam o ecletismo e a multidisciplinaridade defendendo

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que essa posição acarretava em falta de especificidade da Ciência Política. Também

criticaram o excesso de rigor teórico, que anularia a criatividade do pesquisador.

O Neoinstitucionalismo herda do antigo Institucionalismo a centralidade nas

instituições, defende que as instituições importam e moldam ou condicionam o

comportamento humano, seja o constrangendo ou restringindo este comportamento.

Herdam do Comportamentalismo o rigor metodológico e a orientação empírica da

pesquisa.

No Brasil a constituição da Ciência Política se dá em pleno diálogo com esse

debate que ocorre nos Estados Unidos. Tanto Lamounier como Lessa (2011)

destacam que já existia no país um pensamento político que datava do século XIX e

que foi importante para a constituição da disciplina. Ainda segundo o Lessa o

Pensamento Político Brasileiro constitui-se de intelectuais isolados que praticaram o

Ensaísmo histórico-sociológico. O Ensaísmo abordava temas de natureza política

utilizando narrativas Históricas, Sociológicas, Literárias, Filosóficas e Econômicas, foi

predominante até os anos 60 no país, predominando entre os anos 1930 aos anos

1960 a Escola Paulista de Sociologia e o Instituto Superior de Estudos Brasileiros –

ISEB. (FORJAS, 1997).

Em meados da década 1970 a Ciência Política firma-se enquanto disciplina,

com cientistas integrados aos temas e padrões norte-americanos, defendendo a

autonomização da política em relação a outras disciplinas. Contribuiu para este

processo a formação dos departamentos de Ciência Política e das agências de

fomento á pesquisa; em 1960 foi criado o departamento da disciplina na UFMG e em

1969 o da IUPERJ. Assim, Lessa (2011) acentua que antes de 1964 a política no

Brasil era percebida como efeito de dinâmicas sociais e históricas amplas, no pós-

1964 ela passa entender a autonomia dos fenômenos políticos e institucionais. Muitos

cientistas políticos brasileiros vão estudar nos Estados Unidos como: Fabio Wanderley

Reis, Wanderley Guilherme dos Santos e José Murilo de Carvalho (FORJAS, 1997). A

autora destaca que houve sim incorporações da Ciência Política norte-america,

entretanto também foi feito críticas por parte desses autores e também pela própria

USP, que manteve os vínculos com a Filosofia, História e Sociologia, além dos

estudos sobre o Pensamento Político Brasileiro.

Voltando ao NeoInstitucionalismo, cabe ainda discutir as questões principais

acerca da teoria. Hall e Taylor (2003) defendem que o Neoinstiucionalismo não é uma

corrente unificada, analisando o Neoinstiucionalismo dos anos 80 e 90 eles afirmam

que existem três métodos de análise que aparecem a partir do dos anos 80. As três

vertentes dessa teoria são: o Neoinstiucionalismo Sociológico, o da Escolha Racional

e o Histórico.

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O Institucionalismo da Escolha Racional afirma que o contexto institucional

explica a conduta dos atores políticos racionais. As regras do jogo condicionam a ação

dos atores. (PERISSSINOTTO, 2008) Segundo Peres (2008) as instituições interagem

com preferências já dadas e restringem as decisões. Essa abordagem focaliza nas

regras do jogo, já a cultura, as crenças, os valores, a economia são consideradas

elementos exógenos. Segundo Hall e Taylor (2003) esse enfoque é feito segundo

quatro propriedades:1) Atores compartilham preferencias e gostos, se comportam de

uma forma que possam maximizar suas satisfações, utilizando estratégias e cálculos.

2) Na vida política é eminente o dilema da ação coletiva, que se refere a tensão entre

o individual e o coletivo, o indivíduo ao tentar maximizar a satisfação de suas

preferencias acaba produzindo consequências sub-ótimas para a coletividade. Então

“... a ausência de arranjos institucionais impede cada ator de adotar uma linha de ação

que seria preferível no plano coletivo.” (Hall e Taylor,2003, p.205) Sem as instituições

os indivíduos são impedidos de agir no plano coletivo. 3) Enfatizam o papel das

inteirações estratégicas na determinação das instituições políticas, sendo as

instituições fundamentais para determinar o cálculo estratégico, que é influenciado

pelas expectativas do ator em relação ao comportamento dos outros atores, as

instituições estruturam essa interação. 4) O processo de criação das instituições se dá

devido a um acordo voluntário entre os indivíduos, elas se mantém porque oferecem

mais benefícios aos atores do que as formas institucionais concorrentes.

De acordo com Césaris (2009) o Neoinstiucionalismo Histórico surge para se

contrapor ao da Escolha Racional. A escola tenta “... recombinar certos elementos do

funcionalismo, do pluralismo e neomarxismo sob uma agenda de pesquisa histórica

neo-weberiana e neo-toquevilliana.” (CÉSARIS, 2009.p.63) Consideram que as

instituições são procedimentos, protocolos e normas, e podem afetar o comportamento

de duas maneiras: 1) através do cálculo estratégico, que daria quando os atores

examinam as opções e selecionam a que dá maior beneficio. Assim as instituições

afetam o comportamento, pois oferecem aos atores certeza do comportamento dos

demais atores. 2) A segunda maneira se contrapõe à primeira, considera que nunca o

comportamento é inteiramente estratégico, ele é também moldado pela cultura. As

instituições fornecem modelos morais e cognitivos que modelam a ação.

Segundo Hall e Taylor (2003) essa escola é mais complexa que a da Escolha

Racional, os institucionalistas históricos consideram o papel das instituições na vida

política, mas raramente afirmam que são os únicos fatores, levam em conta a relação

entre instituições e as ideias ou crenças.

O Neoinstiucionalismo Sociológico considera que as instituições moldam a

preferência dos atores. Os neoinstitucionalistas sociológicos definem de maneira mais

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global o que são instituições, elas não são somente entendidas como regras,

procedimentos ou normas, são também símbolos, esquemas cognitivos e modelos

morais. De modo que esta noção de instituições rompe a dicotomia instituição e

cultura, a cultura passa a ser vista como uma instituição. Os indivíduos são

constrangidos pela socialização a desempenhar papéis específicos internalizando as

normas. Portanto, as instituições influenciam o comportamento determinando o que

deve ser feito e quais as possibilidades de ação em um determinado contexto. As

instituições influenciam o cálculo estratégico e as preferências, como a identidade ou a

imagem que um indivíduo tem de si mesmo.

Hall e Taylor (2003) fazem uma comparação das três vertentes, acreditam que

o Neoinstiucionalismo Histórico tem uma concepção mais ampla da relação entre

instituições e comportamento, entretanto dedicou-se menos que a outras na

compreensão precisa de como as instituições afetam o comportamento. Já o

Neoinstiucionalismo da Escolha Racional fez uma relação entre instituições e

comportamento de forma precisa, com formulações de conceitos, gerando uma teoria

sistemática, e desenvolvendo os componentes instrumentais – gestão da incerteza,

importância dos fluxos de informação, a interação estratégica – o que segundo os

autores constitui um grande avanço. Entretanto, apresentam uma imagem muito

simplista das motivações humanas, tem necessidade de especificar as preferências e

objetivos dos atores, de modo que reservam pouco espaço para intencionalidade

humana na determinação das situações políticas. Enquanto que os teóricos do

Neoinstiucionalismo Sociológico explicam melhor a intencionalidade humana, definem

como as instituições influenciam as preferências ou identidades dos atores, mas não

aborda com mesmo afinco a questão de como a criação ou a reforma institucional

envolvem conflitos de poder.

“Em certos, casos, os neo-institucionalistas sociológicos parece privilegiar de

tal modo os processos macro-sociológicos que os atores em jogo parecem

desvanecer-se ao longe, tornando o resultado semelhante a uma ação sem atores.”

(Hall e Taylor, 2003, p.218) Os autores, ainda, acham surpreendente a maneira como

as três escolas não se comunicam entre si, elas ficaram refinando suas teorias durante

o tempo sem um diálogo; eles sugerem que deve existir um intercâmbio entre elas,

pois cada uma revela aspectos importantes do comportamento humano.

O CONCEITO de Empresário Institucional

Antes de adentrar no conceito de empresário institucional faz-se necessário

caracterizar o empreendedorismo, diferenciando o empreendedor do capitalista.

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Conforme Martes (2010) a larga utilização do conceito de empreendedorismo gerou

uma frouxidão conceitual acarretando no risco de perda de consistência, sendo

necessário retornar aos clássicos para reconstruir o conceito de empreendedorismo. A

autora utiliza a obra de Weber (2004) para ressaltar que o empreendedorismo só é

possível no capitalismo moderno. O empreendedor seria um tipo especial de

capitalista, ele reinveste e faz crescer sua empresa, não trabalha somente para

usufruir de sua riqueza, mas para maximizá-la. O mero capitalista tem objetivo apenas

de lucrar e explorar. Martes também utiliza a diferenciação feita por Schumpeter, muito

baseada na de Weber, segundo a qual administrar e adaptar não é empreender. O

capitalista sempre se adapta as mudanças, o empreendedor inova causando rupturas.

A inovação precisa ser grande devido a resistência que as instituições tem

perante a ação individual. Uma das principais características do empreendedor é que

ele é um agente que vê o mundo de outra forma, ele foge do padrão, vence

resistências e impõe novos padrões. Se pensarmos nessa perspectiva de ação

individual e compararmos com as considerações apontadas na seção anterior,

podemos notar que o Neoinstiucionalismo atribui pouco espaço para a ação individual.

As instituições coagem, constrangem a ação individual, mas o contrário – a ação

individual interferindo nas instituições – é pouco considerado. O conceito de

empreendorismo individual carrega essa crítica e tenta mostrar que o indivíduo

também influencia as instituições.

O sociólogo norte- americano Paul DiMaggio (1988) formula o conceito de

empreendedor institucional na década de 80 dentro da teoria Neoinstitucional

organizacional. Tentando responder a pergunta de como nascem novas instituições,

mostra como os agentes criam instituições ou se apoderam delas, eles tem interesse

em determinados arranjos e para fazê-los mobilizam recursos para criar ou

transformar instituições. O conceito é importante porque resolve o problema do

Neoinstitucionalismo quanto à possibilidade de mudança, diz respeito também ao

papel da ação individual, caracterizando-a como independente e proativa. A inspiração

para termo vem da teoria schumpeteriana, descrevendo o empreendedor como um

fator importante da econômica como já foi citato. O empreendedor institucional pode

ser tanto uma organização como um indivíduo, entretanto na bibliografia são escassos

estudos sobre indivíduos como empresários individuais. (MENDONÇA,2010) (

AVRICHIR e CHUEKE, 2011)

“Os empreendedores institucionais podem ser definidos como atores que

possuem interesses em determinados campos emergentes e são capazes de mobilizar

recursos suficientes para criar uma nova instituição ou transformar uma já existente.”

(DIMAGGIO, 1988 apud AVRICHIR e CHUEKE,2011). Eles têm habilidade de

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construir campos ou reproduzi-los, através da capacidade de mobilizar as outras

pessoas e formar uma coalizão política. São forças importantes para o

desenvolvimento econômico, trabalham na constituição das instituições de mercado.

( AVRICHIR e CHUEKE, 2011).

Avrichir e Chueke (2011) ressaltam que a bibliografia sobre o tema analisa

quais as condições que organização/indivíduos teriam maior probabilidade de se

engajar em processos de mudança, a posição social é um fator chave para o

empreendedorismo, também contam interesse em empreender mudanças e possuir

recursos suficientes para alterar a proposta dominante. Pessoas ou organizações com

elevada posição social tendem a investir na manutenção do status quo, enquanto que

organizações/indivíduos que ocupam posições menos centrais pouco tem a perder

com mudanças e são menos privilegiados com os arranjos existentes. Dessa forma, é

mais provável que a mudança parta de organizações que não ocupam posição central

no campo e de indivíduos que não tenham elevado status social. Entendemos campo

como:

Em termos analíticos, um campo pode ser definido como uma rede ou uma configuração de relações objetivas entre posições. Essas posições são definidas objetivamente em sua existência e nas determinações que elas impõem aos seus ocupantes, agentes ou instituições, por sua situação {situs} atual e potencial na estrutura da distribuição das diferentes espécies de poder (ou de capital) cuja posse comanda o acesso aos lucros específicos que estão em jogo no campo e, ao mesmo tempo, por suas relações objetivas com as outras posições (dominação, subordinação, homologia, etc). (BOURDIEU, 1992, p. 60).

Os autores também analisam um estudo sobre empreendedorismo institucional

feito pelos chineses Li, Feng e Jiang (2006 apud AVRICHIR e CHUEKE,2011). Os

chineses constroem conceitos para elucidar como os empresários institucionais atuam,

assinalam que o empreendedor institucional é uma pessoa inovadora que desconstrói

e ou cria Instituições. Ele tem habilidades para lidar com agentes governamentais e

com a opinião pública. Segundo os chineses há quatro abordagens utilizadas pelos

empresários institucionais:

1)Advocacia aberta: defesa pública de mudança de leis ou regulamentos,

através de declarações na mídia, fóruns, etc.

2)Persuasão privada: argumentação privada junto aos tomadores de decisão.

3)Pleitear exceção: defender que sua ideia é um caso especial e deve ser

tratada como um caso de exceção as regras.

4)Investimento ex ante com justificativa ex post: o empreendedor começa seu

negócio desviando-se dos regulamentos, depois quando alcança o sucesso, gerando

empregos e benefícios sociais, justifica sua ação anterior e tenta persuadir o governo

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a mudar regulamentos e regras para legitimar o seu comportamento. (Li, Feng e Jiang,

2006 apud Avrichir e Chueke , 2011).

O trabalho de Leca, Battilana e Boxenbaum (2008) analisa as publicações

sobre os empresários institucionais desde 1988, elas perceberam que houve

crescente aumento na utilização do conceito. As autoras ao sistematizarem a análise

sobre o empreendedorismo institucional procuram demonstrar a explicação dada por

esses estudos de como os atores se tornam empreendedores institucionais apesar da

coerção das instituições. Alguns autores levantaram que os empresários institucionais

tiveram condições favoráveis, dadas por conjunturas de crises, convulsões sociais,

rupturas, descontinuidades que perturbam o consenso socialmente construído,

contribuindo para a introdução de novas ideias. Outros estudos descreveram as

características do campo que o empresário institucional se insere para entender quais

campos são mais propícios a mudança, a heterogeneidade e a institucionalização

facilitariam a ação do empreendedorismo institucional, várias ordens institucionais ou

alternativas contribuiriam para a inovação. Quanto mais heterogêneos forem os

arranjos institucionais mais provável existir incompatibilidade e contradições,

considerados propícios para gerar mudanças.

Dorado (2005 apud LECA, BATTIANA e BOXNBAUM, 2008)

desenvolveu uma tipologia que leva em conta o grau de heterogeneidade e o grau de

institucionalização, na tentativa de determinar a extensão na qual os campos são

susceptíveis de oferecer oportunidades para a ação, isto é, para o empreendedorismo

institucional. Os campos organizacionais podem adotar uma das três formas

dominantes: 1) Campos altamente institucionalizados ou isolados da potencial

influência de outros campos e, consequentemente, de novas ideias, apresentam uma

"oportunidade opaca", o que significa que as suas características não preveem

qualquer possibilidade de ação. 2) O campo de “oportunidade transparente” oferecem

uma série de oportunidades para a ação, são caracterizados pela co-existência de

arranjos institucionais heterogêneas e um nível substancial de institucionalização. 3) O

campo de “oportunidade nebuloso” caracterizado pela institucionalização mínima e por

muitos modelos heterogêneos de práticas, pode oferecer oportunidades para a ação,

mas elas são difíceis de entender porque os agentes têm de lidar com um ambiente

altamente imprevisível.

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Campo de

"oportunidade opaca"

Campo de

“oportunidade transparente”

Campo de

“oportunidade nebuloso”

Altamente

institucionalizado

Substancial nível de

institucionalização

Baixa

institucionalização

Isolado da influência

de outros campos

Arranjos institucionais

heterogêneos

Modelos heterogêneos

de práticas

Não prevê

possibilidade de ação

uma série de

oportunidades para a ação

Oferecem

oportunidades para ação

difíceis de ser entendidas.

Fonte: (Dorado , 2005 apud LECA, BATTIANA e BOXNBAUM, 2008)

Leca, Battilana e Boxenbaum (2008) também apontam que a posição social do

empreendedor institucional no campo é relevante, assim como foi analisado no

trabalho de grau de Avrichir e Chueke (2011). A posição social desses atores é a

chave que pode gerar impacto na percepção dos demais atores sociais, sendo assim,

atores a margem do campo organizacional seriam mais propensos a agir como

empresário institucional, entretanto encontram-se empreendedores institucionais no

centro do campo. Alguns estudos também ressaltam a importância das qualidades

individuais dos empreendedores institucionais. Os empreendedores institucionais

seriam pessoas socialmente habilidosas, no sentido de que suas ações incorporam

uma identidade coletiva, atendendo ao interesse de determinado grupo, ou seja, as

habilidades sociais os distinguem. Os empresários institucionais de sucesso tendem a

ser atores com altos níveis de capital social³3.

De modo que atores no centro do campo teriam ao seu favor a autoridade

formal, um recurso útil para os empreendedores institucionais. Autoridade formal

refere-se a um ator legitimamente reconhecido com o direito de tomar decisões

(Phillips et al, 2000:. 33). A autoridade do Estado (DiMaggio e Powell, 1983) e a

autoridade conferida pela posição oficial são autoridades formais, tal autoridade pode

ajudar os empreendedores institucionais a promover o reconhecimento de seu

discurso por outros atores.

Crouch (2005) se apropria do conceito para criticar o Neoinstitucionalismo e

enfatizar a ação individual na mudança. Considera que o NeoInstitucionalismo cai em

3 Entendido como “ … aspectos estruturais que facilitam o acesso a certos recursos (Coleman, 1988)”,

ou ainda “ … são os recursos mobilizados por um indivíduo em uma rede de relações em auxílio as

suas próprias necessidades.” (FIALHO, 2008, p.73)

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um determinismo das instituições, assim os indivíduos mais parecem estar em uma

gaiola de ferro onde nada podem fazer. Contra o determinismo Neoinstitucional

Crouch pretendeu em seu livro fornecer uma base teórica para analisar como os

atores sociais inovadores fazem algo semelhante para as instituições, ou seja, como o

indivíduo também altera as instituições. Tais atores sociais Crouch chama de

empresários institucionais, pois sua atuação através das instituições ocorrem da

mesma maneira que um empresário comum agiria diante de uma oportunidade de

negócio. Eles procuram constantemente maneiras de fazer coisas que até então foram

impossíveis, utilizam elementos das instituições recombinando com formas incomuns

em momentos oportunos, a fim de produzir mudanças. Crouch quer se apropriar do

que considera um avanço realizado pela teoria - a natureza restrita da ação humana

pelas instituições - mas desenvolver uma teoria que impossibilite a ação individual

assim como a mudança institucional.

JOAQUIM MURTINHO UM EMPRESÁRIO INSTITUCIONAL

Joaquim Murtinho nasceu em Cuiabá, Mato Grosso, filho do médico José

Antônio Murtinho. Aos treze anos foi estudar no Rio de Janeiro e nunca retornou a sua

terra natal. Formou-se em medicina - grande defensor da medicina homeopática - foi

professor e catedrático da Escola Politécnica do Rio de Janeiro. Tentou se candidatar

por três vezes a deputado geral primeiro pelo Partido Conservador e as demais pelo

Liberal, mas foi preterido todas às vezes, quando consegue se eleger senador é

proclamada a República e não chega a assumir o cargo. Em 1890 elege-se senador

por Mato Grosso e finalmente assume o cargo, que exerceu por mais duas vezes. Foi

ministro por duas vezes, assumiu a pasta da Indústria, Viação e Obras públicas

durante o governo do vice-presidente Manuel Vitorino (1896-1897), e foi ministro da

Fazenda de Campos Sales (1898-1902). Além de médico, professor e político foi

também um empresário, no Mato Grosso detinha maior parte das ações da

Companhia Mate Laranjeira, que atuava na extração da erva mate e exportava para

Paraguai, Argentina e Europa. No Rio de Janeiro foi dono da Companhia Ferro Carril

Carioca, concessionária dos serviços de bondes. Teve participação assídua na criação

do Banco Rio e Mato Grosso.

Os Murtinho foram uma oligarquia liderada por Joaquim Murtinho, que

conseguiu inúmeros benefícios para seus familiares e para os negócios da família.

Seu pai José Antônio Murtinho já havia assumido interinamente o governo de Mato

Grosso no Império, seu irmão Manuel Murtinho também havia assumido o governo

estadual no Império e foi presidente do Mato Grosso em 1892 a 1895, além de ter sido

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ministro do Supremo Tribunal Federal. O irmão mais velho de Joaquim, José Antônio

Murtinho foi senador, e seu outro irmão Francisco Murtinho foi presidente do Banco

Rio e Mato Grosso.

Defendemos que Joaquim foi um empresário institucional por ter causado três

rupturas: 1) institucionalização da medicina homeopática em detrimento da medicina

alopática, 2) as finanças foram equilibradas, consolidou a economia da República, 3)

alterou o domínio oligárquico no Mato Grosso, os Murtinho tiveram predomínio a partir

de 1892 até a morte de Joaquim.

1)No que se refere à medicina homeopática Joaquim foi curado pela

homeopatia enquanto cursava Engenharia, decide, então, cursar medicina. Desde

1865 estava matriculado em Engenharia na Escola Central no Rio de Janeiro, e em

1867 entrou em contato com as obras de Samuel Hahnemann, fundador da

homeopatia em 1779, matricula-se na Faculdade de Medicina. Formou-se em Ciências

Físicas e Naturais em 1870, dois anos depois começou a lecionar na Escola Central.

Em 1873 obteve o título de doutor em medicina defendendo a tese de orientação

homeopática, começou a clinicar no consultório de Duque – Estrada, um dos primeiros

médicos homeopatas do país. Foi nomeado Catedrático da cadeira de Zoologia em

1875 na Escola Politécnica (antiga Escola Central). Em 1882 teve parecer negativo da

Congregação da Faculdade de Medicina sobre a incorporação de duas cadeiras de

medicina homeopática na faculdade, é uma grande decepção. (FARIA, 1993)

(TARDELLI,2005)

Joaquim Murtinho contesta o parecer negativo sobre a incorporação da cadeira

de medicina homeopática no Jornal do Comércio, causando polêmica aberta com o

Imperador. A homeopática tinha chegado no Brasil antes de 1840, quando existiam

dois médicos homeopatas no Brasil, Duque-Estrada e o francês Emilio Germon, nesse

ano chega ao país outro médico homeopata, Bento Mure. Em 12 de janeiro de 1845

funda-se a Escola Homeopática do Brasil, mas disputas internas originam a divisão

desta em duas instituições: Instituto Hahnemanniano do Brasil e a Congregação

Médico-Homeopática Fluminense, enfraquecidas desaparecem. Em 1880 o Instituto

Hahnemanniano do Brasil é refundado, sendo Murtinho um dos fundadores e sócios

efetivos da instituição. O instituto encarrega Murtinho de divulgar na imprensa três

artigos por mês em jornal de grande circulação. O teor da matéria era a defesa da

homeopatia em detrimento da alopatia, argumentando que “a homeopatia é a medicina

experimental, a alopatia é a medicina das hipóteses.” (Joaquim Murtinho, 1880 apud

FARIA, 1993) Utilizando esses artigos divulga a homeopatia consolidando-a, e

tornando-se assim um médico famoso.

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“À semelhança da luz, a verdade procura irradiar-se.” Com essas palavras, Murtinho iniciou o primeiro artigo da série que projetaria seu nome na Corte e em Mato Grosso, sua Província natal, e lhe abriria o caminho para a realização profissional como um dos médicos de maior nomeada de sua época. (FARIA, 1993,P.91)

A médica homeopata Tardelli (2005) tratando da história da homeopatia no

Brasil, afirma que o período de 1882 a 1900 foi um período de resistência, atribuindo

essa resistência exclusivamente a Joaquim Murtinho, pois foi ele que travou polêmicas

em jornais defendendo a homeopatia. O período de 1900 a 1930 foi o período áureo

da homeopatia no Brasil. Em 1904 foi criada a cadeira para ensino da homeopatia na

Faculdade de Medicina no Rio de Janeiro. Nesse mesmo ano Murtinho é eleito

presidente do Instituto Hahnemanniano do Brasil. Ainda segundo Tardelli também

contribuiram para a queda da alopatia, defendida por Oswaldo Cruz, a revolta da

Vacina (1904) e o apoio dos militares para a homeopatia.

Joaquim Murtinho foi um dos renomados médicos de seu tempo, entre seus

clientes estavam presidentes, senadores, deputados etc. Foi médico do Visconde de

Ouro Preto – a tal tratamento o Jornal do Comércio atribui a inclusão do nome de

Murtinho na lista tríplice do Senado Imperial, quando mais tarde foi eleito senador,

entretanto Murtinho alega que se nome já estava na lista antes do inicio do tratamento

(FARIA, 1993,p.189) – Deodoro da Fonseca, Benjamim Constant, Prudente de

Moraes, Campos Sales, presidentes de estado, a alta oficialidade do Exército e da

Armada, grandes empresários, industriais, comerciantes. Podemos concluir que o

prestígio que teve como médico, somado as considerações de Tardelli (2005) sobre o

momento auge da homeopatia, que Joaquim Murtinho atuou de modo fundamental na

institucionalização da medicina homeopática no Brasil, de desprestigiada ela passou a

ganhar parcela significativa da preferência dos pacientes.

Podemos notar que Joaquim se utilizou da estratégia de advocacia aberta

nesse caso. Conforme Li, Feng e Jiang (2006) formularam, Joaquim Murtinho utiliza a

impressa para defesa pública da mudança de leis e regulamentos, lutava pela cadeira

de medicina homeopática na Faculdade de Medina, assim como pelos privilégios que

o Imperador dava aos alopatas. Escreve no Jornal do Comércio defendendo a

homeopatia e acusa o Imperador de privilegiar a alopatia, os homeopatas “viajavam

por conta própria e não tinham acesso a ordenados, empregos, títulos,

condecorações, brasões.” (FARIA, 1993,p.96) Joaquim alcança seu objetivo de

divulgar a homeopatia, foi um médico de prestigio em seu tempo, viveu o auge da

homeopatia. Faria insinua que o médico graças às polêmicas causadas no jornal

aumentou significativamente sua clientela, ficou conhecido e enriqueceu, prova disso

seria que data dessa época a compra de seu palacete em Santa Teresa, no Rio de

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Janeiro, em 1886. Dessa forma, Murtinho tinha habilidade para utilizar a imprensa

fazendo a defesa da criação de um campo em construção, o da medicina

homeopática.

2)Joaquim Murtinho defendeu também o liberalismo econômico e o

conservadorismo monetário. Desde o final do Império havia uma debate entre os

metalistas e os papelistas, os primeiros defendiam que a política monetária deveria ser

contracionista, reduzindo a moeda e o crédito. Os papelistas, ao contrário, defendiam

que a economia precisava de liquidez e crédito, deveria existir expansão da moeda e

do crédito. Os papelistas não tinham base teórica, sua defesa era feita de forma

intuitiva, foram presas fáceis para os metalistas que utilizavam David Hume e David

Ricardo, cujo argumento era favorável a implementação do padrão–ouro. Os

papelistas Barão de Mauá, Rui Barbosa e Vieira Souto encontraram dificuldades com

a predominância do padrão-ouro porque a República Velha foi o apogeu do

conservadorismo monetário. Atualmente são considerados pioneiros e causam grande

admiração, dentre os metalistas podemos citar Rodrigues Alves, Joaquim Murtinho e

Leopoldo Bulhões. (FRANCO, 2011)

Segundo Debes (1977) a escolha de Murtinho para o ministério da Fazenda

decorre da identificação liberal com o presidente Campos Sales. Desde quando

Rodrigues Alves estava na pasta, durante o governo de Prudente de Moraes, já

haviam negociações com os ingleses para obtenção de empréstimos na Inglaterra, em

1898 “ o país estava pronto para um esforço consolidado de ajustamento das finanças

públicas” (FRANCO, 2011, p.18); Campos Sales e Murtinho vão a Londres discutir os

detalhes do Funding Loan, que reestruturou a dívida pública através de empréstimos,

para isso o governo brasileiro deveria cumprir severas medidas de saneamento fiscal

e financeiro. O governo em três anos “saldaria seus compromisso relativos a juros dos

empréstimos federias anteriores ao funding com títulos de um novo empréstimo –

fuding loan - ... a emissão poderia se elevar a 10 milhões de libras.” (FRANCO, 1990,

p.27). Murtinho executa o plano com rigor, a receita foi aumentada através dos

impostos sobre consumo e direitos alfandegários. Houve contenção de despesas e

deflação profunda devido a grande retirada da moeda de circulação, em 1898 ocorre

redução de 6%, em 1903 são retirados 13% da moeda em circulação. (FRANCO,

1990) Segundo Carone (1970) o Funding Loan representa a interferência do

capitalismo estrangeiro nas finanças brasileiras, sendo também a contenção monetária

favorável aos importadores e ao capitalismo estrangeiro. O governo Campos Salles é

bastante impopular, os preços dos produtos populares foram encarecidos, contudo

Joaquim Murtinho implementou a política econômica mesmo sofrendo forte oposição,

portanto ele institucionaliza o equilíbrio financeiro brasileiro.

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3)No âmbito local Murtinho também imprime mudanças no seu estado natal,

através de suas alianças retira do poder qualquer oligarquia que possa fazer sombra –

retira do cenário político Generoso Ponce em 1899 e Antônio Paes de Barros em 1906

- e comanda a política de 1892 até 1911. Para isso Murtinho por inúmeras vezes

utilizou a estratégia de empreendedores individuais de persuasão privada e de pleitear

exceção, conforme já foi citado consiste argumentação privada junto aos tomadores

de decisão, e também na tentativa de argumentar que o seu caso é digno da exceção

a regra. Joaquim Murtinho conseguiu inúmeros benefícios assim: 1“Sua estratégia

política privilegiava doutrinar, influenciar e formar opinião daqueles que detinham o

poder e o controle sobre a economia do mundo real, e estes, por sua vez, reagiam

pressionando os parlamentares.” (FARIA, 1993,p.235) Do contato com políticos

consegue intervir no seu estado, beneficiar seus parentes e suas empresas. Consegue

com Deodoro da Fonseca a demissão em 1890 do presidente do Mato Grosso,

Antônio Maria Coelho, e também consegue concessões privilegiadas de estradas de

ferro para seus dois irmãos. (FARIA, 1993).

Em 1899 consegue que Campos Sales contrarie a “Política dos Governadores”,

criada por este presidente. De acordo com as regras da “Política dos Governadores” o

presidente deveria apoiar a maioria política formada nos estados Nesse ano, no

estado do Mato Grosso a maioria concentrava-se em torno de Generoso Ponce.

Para livrar-se de seu opositor político Murtinho consegue a exceção a regra:

para Mato Grosso a Política de Campos Sales não foi adotada. Realizada a eleição no

estado vence o candidato de Ponce. Murtinho mobiliza um chefe local, que utilizando-

se da luta armada anula as eleições, tudo ocorre com apoio do presidente da

República. Portanto, no período de 1892 a 1911 só se elegeram presidente do estado

os nomes que antes foram aprovados por Murtinho, assim como os candidatos para o

Senado e Câmara Federal do Mato Grosso (PONCE FILHO, 1952). Indica também

nomeação de juízes no estado (LINS, 2010), apoia grupos armados para a

manutenção de seu poder, o que causa conflitos armados nos anos de 1892, 1899 e

1906. Dessa última Disputa Oligárquica decorre o assassinado do presidente do Mato

Grosso Antônio Paes de Barros.

Entretanto, ao contrário da obra de Faria (1993) não acreditamos que os

acontecimentos de Mato Grosso se devam única e exclusivamente a vontade de

Joaquim Murtinho. Em 1892 Ponce e Murtinho unem-se contra os militares do estado

– lembrando que Joaquim nunca se envolvera pessoalmente nas disputas, ao

contrário de Generoso Ponce que lutou em 1892 e 1906 – alcançando a vitória.

Posteriormente lutam pelo poder e separam-se em 1899. A recomposição ocorre em

1906, quando Ponce e Murtinho unem-se para tirar do poder o então governador

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Antônio Paes de Barros, assassinado nessa ocasião. Esse assassinato liga-se mais a

Ponce do que a Murtinho, segundo Carone (1969) Ponce foi o mandante. Defendemos

que, no caso do Mato Grosso, existiu uma correlação de forças: Generoso Ponce não

poderia dominar o estado sem Murtinho, pois este com preponderância federal através

de seus contatos conseguiu formas de desfazer a composição estadual; e Murtinho

também precisava de alguém que executasse seus interesses, pois Ponce gozava de

grande prestígio e em torno de si aglutinavam-se as lideranças locais. Assim, nem

Murtinho era o único mandão político no estado e nem Ponce. Quando eles cindem

em 1906 tiveram que aprender a dividir o poder no estado, não sem tensões, mas eles

aprenderam até 1911, quando os dois morrem.

Na dissertação de mestrado em andamento nossa análise considera que havia

um equilíbrio, mesmo que tenso, entre as oligarquias Ponce e Murtinho. A

predominância foi dos Murtinho – tanto que seu domínio não é interrompido por 19

anos, ao contrário de Ponce que se compondo com Murtinho predomina no estado por

7 anos, passa mais 7 na dissidência e volta a compor-se com Murtinho, passando para

a situação por mais 5 anos. Os Murtinho tinham predominância política, mas

necessitavam de alguém no estado para executar o seu domínio, esse indivíduo

exercia um domínio conjunto. Um dependia do outro, o oligarca Ponce necessitava de

aliança com a esfera federal, porque no Rio de Janeiro se desfazia muitas coisas da

política de Mato Grosso. E Joaquim Murtinho precisava de Ponce, pois com ele

estavam todos os chefes locais, não tendo sido frutífero afastar-se de Ponce. Em 1906

ambos aprenderam que precisam um do outro se quisessem ter poder em Mato

Grosso.

De acordo com a literatura apresentada os empresários institucionais através

de uma conjuntura favorável empreendem a mudança. Considerando se houve para

Murtinho uma conjuntura favorável podemos notar que as instabilidades dos anos

iniciais da República contribuem para empreender a mudança no que se refere ao

âmbito local de seu estado.

Quanto a sua posição no campo, ele não estava no centro se considerarmos o

1)âmbito local e o da 2)medicina, mas estava no centro do campo da 3) economia

nacional. 1) Âmbito local - Murtinho tentou se inserir na política por diversas vezes,

consegue em 1890 no Senado, o que o coloca no cenário nacional e lhe dá prestigio

em seu estado, mas ainda não assegura o predomínio na política local, que vai

acontecer somente em 1892 quando apoia Generoso Ponce utilizando-se de milícia

colocar no governo seu irmão Manuel Murtinho. 2) Na medicina também não estava no

centro, pois o prestígio e apoio governamental estavam com a medicina alopática,

Murtinho enquanto ator ocupava posição menos central no campo, corroborando com

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a literatura, e empreendeu a mudança colocando a medicina homeopática em questão

e ganhando prestígio e riqueza. 3) No âmbito da economia nacional Murtinho estava

no centro, mas alguns atores defendem segundo mostra Leca, Battilana e Boxenbaum

(2008) que empresários institucionais podem estar no centro do campo, o que lhes

acrescentaria autoridade formal, considerada um recurso útil para os empreendedores

institucionais, pois ajuda promover o reconhecimento de seu discurso por outros

atores.

É perceptível o capital social de Murtinho, ele transitava entre os círculos de

decisão influenciando tais decisões, construiu campos mobilizando as outras pessoas

e formando coalização política.

Quanto as condições do campo – que se referem ao nível de

institucionalização do campo e práticas institucionais heterogêneas, propiciando

mudanças - de acordo com a conceituação de Dorado. (2005 apud Leca, Battilana e

Boxenbaum, 2008) Dos três campos apresentados na seção anterior consideramos

que em dois campos Murtinho teve “oportunidade transparente” para mudança, e um

“oportunidade nebulosa”.

Fonte: Dorado. (2005 apud Leca, Battilana e Boxenbaum, 2008)

1)No âmbito da economia federal existia uma “oportunidade transparente” para

mudança, pois havia alguma institucionalização e os arranjos institucionais eram

heterogêneos. Como já haviam passados 9 anos desde que o novo regime se

instaurara, de modo que o governo de Prudente de Moraes, mesmo que tenha

enfrentado diversas instabilidades, já existe em curso o processo de

institucionalização da República essa frase está solta, Cardoso (2006, p.51)

argumenta que a aliança entre os republicanos históricos com os jacobinos militares

produziu um sentimento de respeito a lei, os militares não aceitariam infringir a

Constituição para derrubar o presidente. O autor denomina de “crença na ordem

republicana” torna possível a transição de Floriano para Prudente de Moraes. Assim,

Campo de Ação Tipo de oportunidade

1) Economia brasileira Oportunidade transparente

2) Medicina Homeopática Oportunidade transparente

3)Política do Mato Grosso Oportunidade nebulosa

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em um árduo processo para institucionalização do novo regime, Campos Sales e

Joaquim assumem com já alguma institucionalização, e então a completam, quando

deixam o governo o Estado está política e economicamente consolidado, no sentido

de como a República Velha é conhecida historicamente: pela “Política dos

Governadores”, pela “Política do Café com Leite”, pelo pacto das Oligarquias e pelo

Coronelismo. Portanto, com uma “oportunidade transparente” foi possível o equilíbrio

financeiro do país.

2) Na medicina também já havia alguma institucionalização das práticas, pois

antes de 1840 já existiam médicos homeopatas no país, que divulgavam a

homeopatia. Murtinho começa seus trabalhos em defesa da homeopatia em 1880.

Consideramos que existiam arranjos heterogêneos, conforme Faria (1993) e Tardelli

(2005) existiam correntes em disputa dentro da homeopatia. Assim, com a

“oportunidade transparente” a medicina homeopática ganhou credibilidade.

3)No que se refere ao Mato Grosso acreditamos existir um campo de

“oportunidade nebulosa”, isso explica como a mudança se realizou através da

violência da milícia de Ponce, com apoio de Murtinho. Entre os anos de 1889 a 1892

havia baixa institucionalização da República, foram realizados pleitos que são

anulados, elucidando a disputa local entre militares e as oligarquias, reflexo do

contexto de disputa nacional.

Nossa hipótese de que Joaquim Murtinho foi um empreendedor institucional

necessitava de uma análise com ênfase na sua importância em todos os campos em

que colaborou. Os estudos que foram feitos sobre Murtinho partem da motivação de

exaltá-lo ou criticá-lo. Seu principal biografo, Corrêa Filho (1951), partiu da admiração

por seu conterrâneo escreveu uma obra para exaltar os seus feitos. O outro estudo

sobre Joaquim foi feito por Faria (1993) sua motivação inicial foi contestar a imagem

de Joaquim Murtinho como um grande estadista, o autor se posiciona contra o

liberalismo de Murtinho, combatendo arduamente. Faria apresenta grande

conhecimento sobre Joaquim Murtinho, mas sua análise é unilateral, sem nenhum

afastamento do personagem.

CONCLUSÃO

O nascimento, influências, críticas e debates da Teoria Neinstitucional foram

recuperados tendo em vista que o conceito mobilizado continha intrínseca relação com

a teoria que está inserida, pois o conceito de empreendedor institucional é uma crítica

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a teoria Neoinstitucional. Como foi exemplificado cada um dos Neoinstitucionalismos

desenvolvem-se baseados no postulado de que as instituições moldam, constrangem

o comportamento dos indivíduos. O conceito de empresário institucional procura

resolver o problema do determinismo das instituições que engessam a ação individual

e também elucida como ocorrem mudanças em um contexto institucional. O

empresário institucional é a organização ou o individuo que de uma forma incomum e

inovadora utiliza as instituições criando rupturas e assim novos campos, nos quais tem

interesses.

Joaquim Murtinho foi um empresário institucional por ser responsável por

rupturas que criou novos campos – novo equilíbrio financeiro nacional, nova política

hegemonia no Mato Grosso, ascensão da medicina homeopática. Ressaltando que

contribuíram para mudança institucional também outros fatores, na economia é

importante a participação de Rodrigues Alves e de Campos Salles; no Mato Grosso

existia um equilíbrio mesmo que conflituoso com a oligarquia Ponce; na medicina o

apoio dos militares e a Revolta da Vacina. Cumprindo aqui delimitar o papel de

Murtinho como executor da política econômica que sanou as finanças brasileiras,

política que tinha coerência com as ideias liberais de Murtinho e Campos Salles, assim

como o seu papel de defensor da medicina homeopática, que conforme foi descrito

obteve grande notoriedade como médico, além de ser o único mandão político a

predominar na política de seu estado natal por 19 anos ininterruptos, ao contrário de

Ponce.

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