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Os 5 ensinamentos de Dawa Gyaltsen APRESENTAÇÃO Essa é a continuação dos ensinamentos no YouTube®. Sei que muitos de vocês tem seguido meus últimos ensinamentos aqui no You Tube, ensinamentos sobre as Sílabas-Semente do Guerreiro. Tenho recebido vários relatos maravilhosos de muitas pessoas. Estou muito feliz por isso e decidi fazer mais. Pois está continuamente a beneficiar muitas pessoas e isso parece claramente uma maravilhosa, uma verdadeira ferramenta – a tecnologia é uma maravilhosa ferramenta – para quebrar os limites, muitos limites sem a qual não seríamos capazes. Não preciso ir até muitas pessoas e todas essas pessoas não precisam vir até a mim e ainda assim é possível comunicar alguns ensinamentos. Estou muito feliz de estar fazendo isso. Para aqueles que tem visto e tem naturalmente tentado seguir seriamente as práticas, estou muito feliz que estejam fazendo isso. Mas isso também é muito significativo para você, então lhe peço que dê a chance de muitos outros conhecerem. Basicamente tomando uma pequena iniciativa de juntar um punhado de endereços e informar outras pessoas que possam se beneficiar, seus amigos e por aí vai. Estou pedindo especialmente àqueles de vocês que sintam que isso lhes seja de benefício. É assim que podemos compartilhá-lo com mais pessoas. Estou pondo meu esforço e energia para fazer isto, como também meus estudantes, que estão me apoiando nisso. Na tradição Budista do Bön, nossa meta de vida é alcançar a liberação completa da Budeidade. A natureza búdica está em cada ser senciente, não apenas seres humanos, mas cada inseto e qualquer animal, todos eles tem a mesma natureza búdica. Uma parte importante do significado dessa nossa vida é alcançar isso. No Dharma, há três vias principais: uma é chamada de caminho da renúncia; basicamente você renuncia às suas negatividades, suas emoções, seus pensamentos negativos, a qualquer tempo que surjam. Assim você aprende a controlar e a renunciar. Esse é mais o caminho do Sútra. A segunda via é o caminho da transformação, a via do Tantra. Basicamente, não se renuncia às coisas, aos cinco venenos, à ignorância. Se tenta trabalhar com esses cinco venenos e transformá-los nas cinco sabedorias. Basicamente este é o caminho da transformação. E finalmente, o caminho da liberação. Esta é a via do Dzogchen, na qual você não renuncia aos cinco venenos ou a tuas emoções negativas nem sequer se tenta modificá-las. Ao invés disso, as deixa como elas são, onde elas estiverem, não as seguindo, sem elaborar sobre elas, apenas deixando tudo como é. E ao deixar estas emoções negativas como elas são, elas não tem nenhum poder próprio para continuar. O que acontece é que elas se liberam em si mesmas. Isto é chamado de “autoliberação”. A metáfora para esses três caminhos é como o exemplo da planta venenosa. A pessoas comum, ordinária, não é capaz de usá- la. Se a come, morre. Portanto, tudo que você faz é tentar renunciá-la, recusá-la. Tenta livrar-se dela. Colocá-la num lugar em que as crianças não possam tocá-la, em que ninguém possa tocá-la. Este é o caminho da renúncia. Um doutor que tenha perícia e conhecimento para transformá-la. Então o doutor adiciona algumas outras plantas medicinais e transforma aquele veneno num remédio para curar uma doença. Logo, o caminho do Tantra, da transformação, é assim. E o pavão real come o veneno, mas o pavão real não precisa renunciar ou tentar mudá-lo e transformá-lo. O pavão real come-o tal como o veneno é. O que o veneno faz ao pavão real é ressaltar a cor e a beleza da vida do pavão real. Esse é o enfoque do Dzogchen. Estes são os três principais métodos do caminho para liberação. Eles são todos importantes, igualmente importantes.

Ensinamento em cinco partes de dawa gyaltsen revisado

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“Visão é mente – Mente é vazio – Vazio é clara luz – Clara luz é união – União é gozo supremo”.

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Os 5 ensinamentos de Dawa Gyaltsen

APRESENTAÇÃO

Essa é a continuação dos ensinamentos no YouTube®. Sei que muitos de vocês tem seguido meus últimos ensinamentos aqui no You Tube, ensinamentos sobre as Sílabas-Semente do Guerreiro. Tenho recebido vários relatos maravilhosos de muitas pessoas. Estou muito feliz por isso e decidi fazer mais. Pois está continuamente a beneficiar muitas pessoas e isso parece claramente uma maravilhosa, uma verdadeira ferramenta – a tecnologia é uma maravilhosa ferramenta – para quebrar os limites, muitos limites sem a qual não seríamos capazes. Não preciso ir até muitas pessoas e todas essas pessoas não precisam vir até a mim e ainda assim é possível comunicar alguns ensinamentos. Estou muito feliz de estar fazendo isso. Para aqueles que tem visto e tem naturalmente tentado seguir seriamente as práticas, estou muito feliz que estejam fazendo isso. Mas isso também é muito significativo para você, então lhe peço que dê a chance de muitos outros conhecerem. Basicamente tomando uma pequena iniciativa de juntar um punhado de endereços e informar outras pessoas que possam se beneficiar, seus amigos e por aí vai. Estou pedindo especialmente àqueles de vocês que sintam que isso lhes seja de benefício. É assim que podemos compartilhá-lo com mais pessoas. Estou pondo meu esforço e energia para fazer isto, como também meus estudantes, que estão me apoiando nisso. Na tradição Budista do Bön, nossa meta de vida é alcançar a liberação completa da Budeidade. A natureza búdica está em cada ser senciente, não apenas seres humanos, mas cada inseto e qualquer animal, todos eles tem a mesma natureza búdica. Uma parte importante do significado dessa nossa vida é alcançar isso. No Dharma, há três vias principais: uma é chamada de caminho da renúncia; basicamente você renuncia às suas negatividades, suas emoções, seus pensamentos negativos, a qualquer tempo que surjam. Assim você aprende a controlar e a renunciar. Esse é mais o caminho do Sútra. A segunda via é o caminho da transformação, a via do Tantra. Basicamente, não se renuncia às coisas, aos cinco venenos, à ignorância. Se tenta trabalhar com esses cinco venenos e transformá-los nas cinco sabedorias. Basicamente este é o caminho da transformação. E finalmente, o caminho da liberação. Esta é a via do Dzogchen, na qual você não renuncia aos cinco venenos ou a tuas emoções negativas nem sequer se tenta modificá-las. Ao invés disso, as deixa como elas são, onde elas estiverem, não as seguindo, sem elaborar sobre elas, apenas deixando tudo como é. E ao deixar estas emoções negativas como elas são, elas não tem nenhum poder próprio para continuar. O que acontece é que elas se liberam em si mesmas. Isto é chamado de “autoliberação”. A metáfora para esses três caminhos é como o exemplo da planta venenosa. A pessoas comum, ordinária, não é capaz de usá-la. Se a come, morre. Portanto, tudo que você faz é tentar renunciá-la, recusá-la. Tenta livrar-se dela. Colocá-la num lugar em que as crianças não possam tocá-la, em que ninguém possa tocá-la. Este é o caminho da renúncia. Um doutor que tenha perícia e conhecimento para transformá-la. Então o doutor adiciona algumas outras plantas medicinais e transforma aquele veneno num remédio para curar uma doença. Logo, o caminho do Tantra, da transformação, é assim. E o pavão real come o veneno, mas o pavão real não precisa renunciar ou tentar mudá-lo e transformá-lo. O pavão real come-o tal como o veneno é. O que o veneno faz ao pavão real é ressaltar a cor e a beleza da vida do pavão real. Esse é o enfoque do Dzogchen. Estes são os três principais métodos do caminho para liberação. Eles são todos importantes, igualmente importantes.

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ENSINAMENTO EM CINCO PARTES DE DAWA GYALTSEN

Estes são os ensinamentos em cinco partes de Dawa

Gyaltsen: �Visão é mente � Mente é vazio � Vazio é clara luz � Clara luz é união � União é gozo supremo�.

O que significa isso? Basicamente tua visão pode ser interior ou exterior, porém a visão se refere particularmente as visões interiores, como a visão do medo, ou a dor temerosa, o medo relacionado ao sofrimento, o medo relacionado à confusão, o medo relacionado à aversão.

Todas as histórias relacionadas com o medo são visões interiores. Se fechares os olhos, reconhecerás que todo ódio está somente em tua mente. Está em tua visão. Provavelmente muito pouco está de fato lá fora. Quando olhas todas essas coisas na tua mente reconheces que essa é tua visão. Se entenderes verdadeiramente que esta é tua visão interior, que o percebido está em tua mente, então o que acontece? Compreendes então que a visão é somente minha mente. Foi somente minha mente que criou essa visão.

E logo a segunda pergunta chega: �O que é a mente?�. Nesse momento fazemos a segunda parte da prática: buscar a própria mente. O que é a minha mente? Onde está minha mente? Quem sou eu? Como vejo a minha mente? De onde provém? Onde permanece? Aonde se dirige? Está em algum lugar?

Buscas a mente interiormente, direta e claramente, sem análises. Ao fazeres isso, obténs uma experiência interior. A experiência interior de não encontrar nada! Ao invés disso, encontras vastidão interior, abertura interior, despertar interior. Esta é a experiência que tens. Quando experimentas isso, quando procuras e não podes encontrar nenhuma mente para assinalar, essa é a experiência da segunda parte da prática.

Não posso encontrar a mente, a mente é basicamente vazia. Então vem a pergunta: �De que se trata esse vazio?�. De que se trata esse espaço? De que se trata esse nada? De que se trata esse ilimitado? A viagem não se detém aqui ao não encontrares a tua mente. A viagem continua.

Então, o terceiro passo é investigar o que é esse vazio. A razão pela qual é importante formular esta pergunta: �O que é este vazio?�, é porque muitas vezes, quando procuramos a mente e não encontramos nada, caímos numa experiência niilista. �Ah!, não há nada aí... logo, não há nada com que nos preocupar e caímos no niilismo, na negação, e numa falta de consciência alerta na prática.

É por isso que formulas a pergunta: �O que é este vazio?�, e é por isso que se diz: �Vazio é clara luz�. Então ao formular esta pergunta: Como procurar? Olhas o espaço. Não há nada, porém podes estar plenamente consciente desse nada; podes estar plenamente desperto nesse nada. Podes estar plenamente vivo nesse nada, como o sol brilhando no céu claro sem nuvens. O sol é uma parte muito importante nesse vazio, nesse céu vazio. Olhas o céu claro, olhas o sol. Olhas esse vazio, essa abertura, e olhas a consciência aberta da mente. É por isso que a terceira parte é chamada: �Vazio é clara luz�.

Chegamos à quarta parte. Agora perguntas: �O que é a Clara luz?�. Busco a mente e não posso achar nada. É

totalmente vazia. Olho nesse vazio e não vejo nada. Somente vejo consciência alerta. Agora, o que é esta consciência desperta pura? Então essa é a quarta pergunta. �Clara luz é união�. Esta é a resposta a quarta pergunta.

Clara luz é união, envolve basicamente duas palavras: Claridade e luz, que estão em união. A claridade se refere ao aspecto do vazio, e a luz ao aspecto da consciência desperta. Sim, está vazio, porém tens que estar alerta. Sim, tens que estar desperto, porém sem perder a conexão com o vazio. Isso é o que diz: �Clara luz é união�. Em seguida, a palavra �união� é utilizada mais frequentemente no tantra, enquanto no dzogchen a palavra �inseparável� é mais usada. Entretanto, na experiência real não faz tanta diferença para nossos sentidos comuns. O mais importante é que na tua experiência, sintas essa união, sintas esse estado inseparável. Isso é tudo o que importa.

�Clara luz é união� é muito importante, porque quando temos experiências de luz, ou temos experiências de claridade � qualidades como compaixão ou amor surgem � às vezes há ocasiões em que perdemos a conexão com a base, com o vazio. É por isso que o aspecto da união é muito, muito importante. Então, se houver união, então descansas somente nessa experiência. Este é o fruto da quarta parte da prática.

A última parte é a quinta parte da prática. Também, simplesmente existe uma afirmação que diz: �União é gozo supremo�. A união do vazio e da claridade é gozo supremo. Então, gozo supremo é como um despertar interior, uma experiência interna, como alegria interior. Todos podem ter experiências de alegria em suas vidas comuns. Podem dizer: �Ah! É muito bonito!�, �Ah!, estou muito feliz hoje!�. Essas alegrias não são as mesmas que a experiência de �União é gozo supremo�. Este gozo é como um despertar espiritual, porque provém da realização de uma qualidade interna, a realização da natureza da mente, é um verdadeiro despertar, um verdadeiro gozo, um gozo sem esforço, um gozo espontâneo. Se olhares esta experiência, particularmente esta experiência, da qual falamos no princípio, como o trabalho com o medo, ou nossa própria mente que está relacionada com o medo e todas as emoções negativas e a dor, sofrimento e confusão relacionados com o medo, se olhares todos estes aspectos da mente, eles podem converter-se neste gozo; podem se converter neste despertar, quando alguém segue estas cinco seqüências principais. Então, uma forma simples de dizer isso seria; que começas com a dor e o medo, e quando te dás conta que essa é sua visão, que é uma visão, vês que essa visão é mente; que a mente é vazio; que o vazio é clara luz; que a clara luz é união; e então, essa visão dolorosa pode ser convertida em gozo supremo. Logo, o ponto é: A dor pode liberar-se em gozo supremo.

A 1ª. Parte da prática de Dawa Gyaltsen, o ensinamento

em cinco partes é: �Visão é mente�. Então, �O que é visão?�. Visão é algo que temos em

nossa mente, em nossa cabeça. Por exemplo: a visão do medo, a visão das cinco emoções negativas, que está relacionada com o medo, a dor causada pelos cinco venenos os quais são basicamente causados pelo medo, são todas nossas visões internas.

1ª. PARTE Nangwa sem – Visão é mente

Introdução

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Temos estas experiências devido a várias razões, por causa de um fundamento, algo chamado corpo cármico conceitual. Também podemos ver outro aspecto disso como um corpo de dor. Logo o corpo cármico conceitual cria um corpo conceitual de dor. E este corpo cármico conceitual não é somente individual, mas às vezes pode ser coletivo. Temos um corpo cármico conceitual coletivo com os membros da nossa família. Temos um corpo de dor com o país do qual fazemos parte. Compartilhamos isso com o que experimentamos individualmente. Devido a isso, algumas vezes, nossos temores não são necessariamente somente parte de nós mesmos, porém são partes de situações coletivas maiores. Então, seja coletiva ou individual, olhem essa visão, olhe-a de perto nesse momento preciso: meu medo, minhas emoções negativas, os cinco venenos relacionados com esse medo, minha dor e confusão relacionados com esse temor, minha situação que está causando alguma dor a outra pessoa, a qual também está relacionada ao meu medo interior. Podes ver muitas camadas do teu medo. Olhe justamente agora, neste preciso momento. Não falo sobre o passado, não falo sobre o futuro, estou falando deste momento preciso em tua vida. Então, esta é a visão interior. Neste momento, se olhares de perto, não há nada! Neste momento preciso, podes ser muito feliz tanto quanto puderes. Podes ser tão entusiasta quanto possível. Podes estar repleto de energia tanto quanto seja possível. Porém de alguma forma, devido aos seus condicionamentos e hábitos, escolhes despertar esse medo, e escolhes sofrer através desse medo.

Podemos mudar isso, sabendo o que nos ocorre, assim contribuímos para que isso passe.

Então, com a primeira parte da prática, sentas em uma postura confortável, fechas os olhos e olhas essa visão. Somente diga: �Visão é mente�. Somente olhas essas imagens. �Visão é mente�. Minha visão do medo é só minha mente. Minha mente está criando essas visões. Podes dizer algumas vezes somente, só para lembrar-te, e depois interiormente olhas mais de perto � mais próximo, mais próximo, mais próximo � como se estivésseis vendo uma flor. Olhas mais perto, estás olhando mais perto; olhando mais perto. Com os sentidos, estás olhando mais perto. Interiormente, com consciência desperta, não conceitual, está olhando mais perto, mais perto, mais perto, mais de perto [medita algum tempo]. Então, quando olhas mais de perto assim, o que acontece é que essas visões simplesmente se dissipam, como nuvens se dissipam no céu. Essas nuvens estão se dissipando por causa do poderoso vento sutil de tua consciência alerta, as estás soprando para longe. Portanto, essas visões são dissolvidas e não vês mais nada.

De certo modo, simplesmente já não as vês. Todos esses objetos, essas histórias, desaparecem simplesmente. Então o que fica? Apenas a mente que está tentando encontrá-las, tentando olhar onde estão. Só fica a mente; só permanece a consciência desperta. Logo, não há nada como um objeto a encontrar, porém o sujeito é deixado sozinho sem um objeto. Isso é o que significa: �Visão é mente�.

Não estou encontrando o que busco; em vez disso, estou simplesmente encontrando quem está olhando. Nessa experiência, o que ocorre? Só sentes como: Ah! Cerca de 40/50% do medo, uma parte de teu medo se dissolveu. Todos os objetos e histórias relacionados com o medo simplesmente diminuíram. Dissolveram-se. Teu corpo, tua mente, tua respiração tudo, simplesmente se tornou � Ah! � muito mais leve. E que fazes? Apenas descansas nessa

leveza da mente. Descansas cinco minutos, dez minutos, uma hora, duas horas, dependendo de tua habilidade para sentar em consciência alerta.

Se estiveres acostumado a sentar com consciência alerta, senta por mais tempo. Se não estiveres acostumado a sentar assim, senta menos tempo, mas com clareza. Existem muitos praticantes que sentam longo tempo, mas sem clareza. É melhor sentar pouco, porém com clareza. Então, ainda que seja por cinco minutos, esse é um grande começo a partir do qual poderás desenvolver. O que podes fazer é simplesmente repetir esse exercício, encontrar essa leveza, e sentar tanto quanto possas. Repete de novo, e de novo. Essa é a primeira parte da prática.

Então, a 2ª. Parte do ensinamento em cinco partes é:

�Mente é vazio�. A segunda linha é �Mente é vazio�. Esta é a resposta a segunda pergunta: Que é a mente?. Porque a primeira parte foi �Visão é mente�, então descobrimos que visão é mente, que não existe nada sólido lá fora. Porém a pergunta seguinte é: �Que é a mente?�. E a resposta, portanto é: �Mente é vazio�. Essa é apenas uma pergunta intelectual e uma resposta intelectual. Então, como é que essa pergunta se aplica a ti mesmo, em tua própria vida? Como essa resposta tem sentido na experiência, a um nível de experiência, contigo mesmo, para que se torne um fundamento ou causa para desenvolvimento? É importante estar consciente e saber disso. Como exercício, como uma prática, portanto não há como fazer a segunda parte da prática a menos que faças primeiro a primeira parte da prática. Então aqueles que não a fizeram, recomendo fortemente que a façam. Agora, se já fizeram, isso significa que da visão da dor, da visão das emoções negativas, da visão do medo � dessas visões estamos perguntando: �Que é isso?�. Claramente te dás conta que não existe nada sólido aí fora; é só minha mente. Agora, especificamente, no momento em que compreendes isso, perguntas: �Que é a minha mente?�, �Onde está minha mente?�, �De onde provém?�, �Onde permanece?�, �Aonde se dirige?�, �Tem uma cor específica, forma, localização, ou alguma consistência?�. Somente formulas estas perguntas. Porém, não é somente formular intelectualmente estas perguntas. Simplesmente olha internamente, como nossos sentidos observam, não como se analisásseis, porém como os sentidos observam. Olha com tua consciência desperta, com tua consciência desperta não conceitual. Olhe-a. �Onde está minha mente?�, �De onde provém?�, �Onde permanece?�, �Aonde se dirige?�. Apenas olhas interiormente, olhando mais de perto, mais perto, mais perto, mais perto, e faz a mesma coisa com esse medo, essa dor, esse �eu�, o ego, eles dissipam-se! Um após o outro, todos se dissipam, uma vez mais, da mesma forma anterior, como uma nuvem se dissipa, dissolvendo-se no céu. Por que estas nuvens se dissolvem no céu? Porque aqui o vento sutil de tua consciência desperta interior está soprando o ego, o medo, a dor. Devido ao vento, as nuvens internas do ego e da dor vão se dissipando no vasto céu interior. Gradualmente, lentamente, se dissipam... Se dissipam... Se dissipam. E, o que encontras? Encontras outra grande descoberta, uma abertura, uma nova dimensão de abertura que experimentas interiormente. Que sentes? Sentes muita liberação, liberdade, paz e possibilidade

2ª. PARTE Sem tongpa – Mente é vazio

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� nesse espaço. Quando ocorre isso? Quando aprendes como observar diretamente. Em outras palavras, como observar não conceitualmente, sem pensamentos, justo como os sentidos observam. Neste caso estás observando a mente, não a visão. Na segunda prática, estás observando tua mente, não a visão. Na primeira prática, observavas a visão, não a mente. Observas, observas, observas, e se dissipa. Então te sentes realmente como uma abertura completa, a 100%. Porque quando fazes a primeira prática, sentes como se a visão do medo fosse dissipada. Na segunda observação, a segunda parte da prática, sentes como que o próprio medo se dissolveu. A própria dor se dissolveu. Então, tendo a habilidade para fazer isso, uma outra vez, sentes esta plena experiência de abertura. E que fazes neste momento? O mesmo que antes? Descansas nessa abertura interior, nessa vastidão interior, sem elaborar nada, sem analisar, sem julgar, só descansas simplesmente nessa vastidão interior, onde experimentas algum sentimento de paz, sem ter medo nem dor. E não somente sem medo nem dor, porém sem o medo e a dor que estás sentindo nesse momento particular de tua vida. Este é o remédio para essa dor e medo. Isto não vai somente te ajudar a curar teu próprio medo e dor, como também vai te ajudar a curar a dor coletiva, e os medos coletivos que compartilhamos com nossa família e que compartilhamos com nossos amigos, e também num sentido mais amplo de um país, num sentido global de medo coletivo que temos. Vai ajudar. Seguramente vai ajudar as pessoas mais próximas com as quais estás emocionalmente muito ligado, porque em qualquer momento em que sintas abertura, afetas a todos os demais que se relacionam contigo. Assim, na segunda parte da prática formulas a pergunta: �Que é a mente?�, e experimentas que a mente é vazio.

Em qualquer momento dado, qualquer um, a mente está sempre clara. Então, penses somente sobre isto, por último: não importa quanta dor sintas, não importa quão temeroso estejas, não importa quanta confusão sintas, somente perceba que a qualquer momento dado, se olhares diretamente tua mente, essas nuvens vão se dissolver, e vais encontrar a paz interna, tua abertura interna. Em qualquer momento dado, �isto� sempre está aqui; tens a porta, somente tens que olhar na direção correta e da forma correta.

A 3ª. Parte dos ensinamentos é: �Vazio é clara luz�.

Porque a primeira parte foi �Visão é mente�, e a segunda foi �Mente é vazio�, agora a pergunta é: �Que é vazio?�. �Vazio é clara luz�, esta é a resposta.

Em nossa experiência dessa prática, primeiro olhamos o medo, todas as visões e sofrimentos do medo, e quando olhamos mais de perto esse medo, não encontramos nada como objeto. Então olhamos o sujeito: Que é a mente? E não pudemos encontrar nada sólido � nenhuma existência inerente da mente tampouco. A mente estava simplesmente vazia. Então, que é vazio? Esta é a busca que queremos fazer. Em tua experiência, o não encontrar nada do teu medo, seja exterior ou interiormente, o não encontrar esse medo ou esse ego, enquanto olhas mais e mais próximo no

interior, ele somente se dissolve completamente e se torna nada.

Basicamente não encontras nada. Nada. Nada. Que significa isso? Por acaso significa que não existe nada? Enquanto experimentas que �não é nada�, enquanto não encontras nada e não vês nada, que significa isso? Que não existe nada? Não! Essa é exatamente a razão pela qual a terceira pergunta é muito importante. Porque muitas vezes, filosoficamente, existem muitos sistemas de crenças e doutrinas que caem no ponto de vista niilista. E muitos praticantes, em suas experiências, caem nessa negação. Basicamente, há um ponto em que eles buscam e não vêem nada, e dizem: �Bom, está certo, não existe nada�. E vão também, novamente, da mesma maneira, em direção ao nada, muito profundamente. E esse nada pode também causar depressão, rigidez, como os militares, com rigidez em teu corpo, em tua respiração, em teu comportamento. Essa é uma pergunta muito importante. É por isso que perguntamos: Que é esse vazio? Então, �Vazio é clara luz�. Esse vazio é plenitude. Esse vazio é a origem de todas as qualidades. Esse vazio, essa abertura, é a solução.

Essa abertura é como a mãe que dá nascimento a um filho. Esse espaço é como a terra na qual cresce toda vegetação. Esse espaço é como o céu no qual as estrelas e os planetas existem. A única maneira em que podem existir é conhecendo sua potencialidade, sua luminosidade, seu aspecto de energia dinâmica. Isso se revela em uma intuição muito simples: em nossa experiência deste momento, é simplesmente uma qualidade que desperta. O despertar. Não o nada. O despertar. Ser consciente disso. Na prática, quando estás observando, quando buscas tua mente, não encontras nada. Esse é o lugar onde deixamos nossa última prática: �Não encontro nada�. Não existe ego, o �eu� não existe; não existe �minha mente� a qual possas assinalar em algum lugar. Simplesmente tornou-se um espaço. Fique consciente disto. Olhe essa consciência desperta. Sinta a consciência desperta. Essa consciência desperta é como o sol. Se não existirem nuvens no céu, olhas através do céu, claro como o sol. Então olhas a luminosidade do sol. A ausência de nuvens ajuda a ver o céu. A presença do céu permite ver a tua luminosidade. A ausência do medo como uma visão, e medo como sujeito, nos ajuda a ver nossa abertura, nossa abertura interior. A presença da abertura interior nos ajuda ver nossa consciência desperta, a qual é como luminosidade interior. Podes vê-la? Podes senti-la? Então, não é simplesmente �nada�; é um despertar pleno, um sol pleno. Somente permaneças nesse despertar, nessa vivacidade. Conecta-te com isso. Então, quanto mais te conectas com essa consciência desperta, menos probabilidade terás de cair no niilismo e na negação. Se olhares, muitas vezes as pessoas fazem práticas de sentar para meditar � visitei alguns lugares onde grupos estão fazendo prática de sentar para meditar � e pude ver que todos sentam em uma postura bastante boa no primeiro momento, e após dez minutos estão todos nessa posição [Mostra com a cabeça que estão cabeceando]. Que é isso? Isso não é consciência desperta. Essa é claramente uma postura do yoga do dormir! Estão caindo no sono! Pensam que estão descansando na natureza da mente, ou sentando-se no vazio, o que realmente não estão fazendo. Por quê? Talvez no princípio eles tenham uma experiência de vacuidade, e depois, devido à falta de claridade, caem no embotamento, e em seguida o embotamento os leva a um sono profundo. Não há despertar. Não são sequer capazes de manter sua cabeça erguida.

3ª. PARTE Tongpa ösel – Vazio é clara luz

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Este é um sinal de falta de consciência desperta. É muito importante não somente ter a experiência do vazio na terceira prática, mas estar consciente desse vazio, estar no estado de consciência desperta, e familiarizar-se continuamente com a consciência desperta.

Chegamos a 4ª. parte da prática de Dawa Gyaltsen. Iniciamos com visão é mente; mente é vazio; e após

vazio é clara luz. Agora, Clara luz é união. Então a 4ª. Parte é �Clara luz é união�. Essa é uma

resposta à pergunta: �Que é a clara luz?�. A nossa experiência foi trabalhar com o medo, a dor e as emoções relacionadas com o medo. Olhamos o objeto do temor, e não foi possível encontrar nada � essa é nossa visão � nos demos conta então que somente permanece a mente. Essa é a 1ª. Parte, e na 2ª. Parte, olhamos o �Que é a mente?�. Olhamos mais próximo e não pudemos encontrar nada que fosse a mente. A mente é simplesmente vazia. E na 3ª. Parte, perguntamo-nos: �O que é esse vazio?�. O vazio não é simplesmente vazio, não é apenas o nada. Está cheio de vida, de consciência desperta: �O vazio é clara luz�. E a 4ª. Parte: �Que é essa clara luz?�. A resposta é: �Clara luz é união�. Então, se olharmos esta afirmação, �Clara luz é união�, vemos duas palavras: clara e luz. Clara refere-se ao vazio, a abertura; a vacuidade. Luz refere-se à consciência desperta, à luminosidade. E estas duas não têm uma qualidade separada; nem são duas experiências separadas. São somente uma experiência. É como sabedoria � sabedoria única, uma única esfera da totalidade. E é muito importante entender isso, por que muitas vezes, em nossas experiências, aderimos ao niilismo, ou ao eternalismo. Muitas doutrinas fazem isso e muitos meditantes, quando praticam, o fazem. Vou dar um exemplo simples: se estiveres meditando, permanecendo no espaço interno, existem dois obstáculos possíveis que podem ocorrer: um, cair no niilismo. Que significa isso? Significa que te sentes vazio, e esse vazio produz embotamento, produz falta de força vital, de consciência desperta, e adormeces. Essa é uma possibilidade. Então, é assim quando cais no niilismo. Ou, a outra possibilidade é: no momento em que sentas na natureza da mente, no momento em que sentas na meditação do vazio, te tornas um individuo criativo, mais criativo. Todas as coisas relacionadas com o trabalho surgem. Aparece tua criatividade, teus pensamentos surgem, todas as emoções surgem, basicamente, a mente torna-se mais ativa que antes. Por quê? Quando supões que descansarias, porque a mente torna-se mais ativa? Acontece simplesmente porque não tens a experiência desse espaço. Não tens conexão com essa base. Não tens conexão com essa mãe, a mãe interior, a essência interior. Portanto, estás sentindo, se defrontando, com esses pensamentos e emoções não convidados. Isso, simplesmente ocorre o tempo todo em nossa experiência. Portanto, essa é exatamente a razão pela qual é dito: �Clara luz é união�. Então, não somente filosoficamente estão em união, ou inseparáveis, senão ao nível da experiência, assim é como a pessoa deve experimentar.

Então, nestas etapas de desenvolvimento da nossa prática com o Ensinamento em cinco partes de Dawa Gyaltsen, chegamos à 4ª. Parte da experiência, onde, quando sentamos nesse espaço interior, necessitamos ter um

completo equilíbrio dessa abertura e consciência desperta, do vazio e da claridade, é muito importante. Então, repassemos brevemente: quando olhas os objetos do teu medo � tua visão � não vês nada. Depois olhas quem está olhando; olhas o sujeito do ego, e não encontras nada. A seguir olhas quem está observando. Não existe nada aí também, então experimentas interiormente um espaço pleno. Somente um espaço pleno. E estás completamente consciente disso. E essa consciência desperta não é diferente desta abertura. Essa abertura não é diferente dessa consciência desperta. Não há separação. É um estado inseparável. E então, descansas nesse estado inseparável � sem elaborar, sem analisar ou julgar. Simplesmente descansas neste estado interior inseparável de abertura e consciência desperta.

Quando as visões aparecerem trabalhas com a 1ª. parte da prática: olhas a visão. Quando acontece do sujeito tomar o controle, perguntas, assim como na 2ª. Parte da prática; �Que é a mente?�. E logo a mente se dissolverá, qualquer objeto se dissolverá, e te trará de regresso a essa mesma consciência desperta e aberta, nesse estado inseparável de abertura e consciência desperta, descansa aí. Como disse antes, permanece por cinco minutos. Se estiveres acostumado a sentar na prática por mais tempo, descansa por meia hora ou uma hora. Porém, lembra sempre que sentar pouco e claro é melhor que sentar longo tempo e embotado. É importante te familiarizar com esse estado claro. Porque, imagina, em nossa vida comum, quanto tempo permanecemos nessas histórias de medo e nas emoções do medo? Quantas horas permanecemos aí consciente ou inconscientemente?

Às vezes somos conscientes disso e às vezes nem sequer nos damos conta, porém mesmo assim somos capazes de permanecer nisso. A habilidade de mudar o hábito de permanecer nesse estado de medo para o descansar no estado puro, inseparável, de abertura e consciência desperta, vai requerer algum tempo e familiaridade. O ponto aqui é simplesmente tentar relaxar nesse estado inseparável de abertura e consciência desperta, tão claramente e por tanto tempo quanto puderes. Então, repetes e tenta te familiarizar mais com isso, tanto quanto seja possível.

Esta é a última parte do ensinamento em cinco partes de

Dawa Gyaltsen. A frase é: �União é gozo supremo�. Se olharmos nossa vida diária, isso faz muito sentido. A qualquer momento que formos capazes de conectarmos, isso nos fará sentir bem.

Quando fores capaz de conectar contigo mesmo, te sentirás bem. Quando possas conectar-te com alguém mais, te sentirás bem e te sentirás bem quando as pessoas se relacionarem. Quando as pessoas estão se relacionando, um dos pontos principais de uma relação é tentar fazer uma conexão em um nível emocional, em um nível espiritual. Qualquer nível de conexão que fores capaz de estabelecer, te fará sentir bem. Quanto mais profunda a conexão que fores capaz de fazer, melhores serão os sentimentos e também menos dependente das circunstâncias externas. Muitas vezes isto é bem certo.

Se numa relação fores somente capaz de ter uma relação física, isso é uma coisa. Uma relação espiritual, uma relação mais centrada no coração, é outra experiência. As

4ª. PARTE Ösel zungjuk – Clara luz é união

5ª. PARTE Zungjuk dewa chenpo – União é gozo supremo

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conexões são fundamentais na vida humana. As crianças não podem crescer apropriadamente a menos que haja uma conexão emocional com os pais, principalmente uma conexão de amor.

Assim, da mesma forma: �União é gozo supremo�. A união trata-se de conexão. Com a conexão, ou através da conexão, muitas experiências surgem. Muitas experiências, experiências bonitas surgem. Então, a conexão entre a abertura e a consciência alerta, quando essa conexão desperta, quando essa conexão é familiar, quando essa conexão é absolutamente equilibrada, então a qualidade surge. De outra forma podes pensar: �Bem, posso descansar no vazio, porém o que vou fazer?�. Como vou ser feliz, somente descasando no vazio?�. Bom, somente descansar no vazio talvez não te faça sentir feliz, porém se estiveres descansando no estado inseparável do vazio e da clara luz, serás feliz. Por exemplo: quando não sentem nada em suas vidas, as pessoas sentem-se perdidas, não reconhecidas, não desejadas. Há rejeição, isolamento. Quando te sentes assim, o que é isso? O que estás sentindo? Estás te sentindo desconectado. Estás te sentindo desconectado de tua família; estás te sentindo desconectado de teus colegas; estás te sentindo desconectado dos teus amigos e estás te isolando. E com tua desconexão, quando te familiarizares com ela, quando permaneceres nela, é quando então começas a sentir dor e depressão. Ao contrário, quando sentes conexão com a abertura interior, conexão com a luz interior, e te familiarizas com o estado inseparável, ele trará esperança. Dará nascimento aos quatro incomensuráveis e aos dez prajnaparamitas. Dará nascimento a todas as incontáveis qualidades iluminadas. Então, em nossas pequenas experiências de meditação, nesses cinco pontos, recorda; regressamos a 1ª. Parte, onde trabalhamos com o medo. Não encontramos o objeto do medo, não encontramos o sujeito do medo. Encontras-te uma abertura; encontras-te uma luz dentro de ti mesmo. Te familiarizaste mais com essa abertura e luz. E se continuamente descansares nessa união, nessa conexão, o que se manifestará a partir desse lugar? A esperança se manifestará, porque trabalhaste com o medo. Manifestarás alegria relacionada com a esperança, porque trabalhaste com a dor relacionada com o medo. Chegará de maneira natural.

Simplesmente tens que confiar. A razão pela qual estou dizendo que tens que confiar é porque estas práticas são sobre algo que nunca ouvistes. Nunca realizastes isso em tua vida e simplesmente terás que confiar um pouquinho antes de ter a experiência. E uma vez que tenhas a experiência, confia na própria experiência. Não tens que confiar ou depender da explicação de nada mais. Então, simplesmente � eu creio que é importante aqui � confia nessa experiência e descansa nessa experiência uma vez mais, a experiência desse estado inseparável de abertura e consciência desperta, tanto quanto seja possível. Gradualmente permita � e esta é a palavra aqui, não faça, porém permita � a esperança. Permita a alegria. Permita as tuas qualidades interiores. Porque estás pronto para dar nascimento, estás pronto para transformar-te, estás pronto para mudar, porque tens suficiente familiaridade nesse espaço da união da abertura e da consciência desperta. E o gozo virá desse lugar. Então, o exemplo de �União é gozo supremo� é como o vasto céu claro e o cálido e luminoso sol.

A união desse sol luminoso e cálido e o vasto céu dá nascimento a muitos elementos � a terra, a água, o fogo, o ar � todos os elementos naturais vêm a existência. E a partir desses elementos naturais, imagina então as árvores

frutíferas; e imagina nesse céu claro, a calidez desse sol tocando as árvores, tocando esses frutos. E gradualmente, devido ao céu claro, devido ao calor do sol, esses frutos amadurecem. E o fruto é o gozo, para aqueles que necessitam. Então, esse é o exemplo. A alegria, a alegria interior, é o fruto que amadureceu com o calor da consciência desperta nesse vasto céu.

Então esta é a última parte, a conclusão do Ensinamento

em cinco partes de Dawa Gyaltsen. Espero que para aqueles que o seguiram do princípio ao

fim, fará sentido. Então, a minha recomendação é que voltem e vejam

desde a 1ª. Parte até a conclusão. Faça as práticas por tanto tempo quanto necessites, para que te sintas cômodo e percebas algum resultado na prática, antes de avançar para a 2ª. Parte da prática.

Aqueles que fizeram as práticas podem ver que o seu benefício é sentir muito mais alegria, muito mais significado na própria vida, e também encontrar uma solução para as situações nas quais já não desejas estar, como quando te sentes totalmente confuso, ou estás sentindo depressão, ou algo assim. Sabes que não precisas ficar sentado aí. Tens alguns métodos, alguns meios para superar. Pensa nisso. Em qualquer momento que te sintas deprimido, perdido e confuso, simplesmente pensa nisso.

Não tens que permanecer nesse lugar durante horas. Não tens que permanecer aí nem sequer durante uma hora. Não tens que permanecer aí e dormir neste lugar. Não tens que fazê-lo, porque tens uma prática. Então, confia na prática. Reza e faz a prática. Pode ser

que seja mais difícil algumas vezes, porém se confias e continuas, vais mudar seguramente. Então, enfaticamente recomendo que confies em ti mesmo e que confies na prática.

Como parte da conclusão, talvez diga somente umas poucas palavras. Sabes que temos trabalhado com o medo e todas as emoções negativas, a dor e a confusão relacionadas com o medo. Desde então, não tens que trabalhar unicamente com o medo. O medo é uma emoção fundamentalmente subjacente aos cinco venenos. Porém podes trabalhar com qualquer um dos cinco venenos. Por exemplo, demos o exemplo de trabalhar com a raiva. Quando realmente estás te sentindo irritado a raiva tem claramente um objeto. E muito frequentemente, é alguém, alguém que te decepcionou. Então, se olhas essa pessoa, essa é a tua visão. E essa é uma pessoa que está em tua cabeça, com quem estás irritado. Ela está em tua cabeça. Essa pessoa não está lá fora. Se ela estivesse lá fora, então qualquer pessoa deveria odiá-la. Porém esse não é o caso. Teu inimigo é pai de alguém, um amoroso amigo de alguém e alguém confia nela. Alguém se preocupa com ela. Alguém pensa maravilhas sobre ela. Muitas pessoas têm outra espécie de visão dela. Entretanto, ocorre que tens uma visão cármica individual dela. Está em tua cabeça. Então, olha essa visão, e digas apenas: �Visão é mente�. Visão é mente. Interiormente olha essa imagem e simplesmente diga: �Visão é mente�.

Exatamente da mesma forma que fizemos com o medo, repete o mesmo. Percebes que essa pessoa não está aí. E isso libera algo, provavelmente em nossa mente, em nosso

CONCLUSÃO

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cérebro, em nosso corpo, de alguma forma libera certa energia que te faz sentir mais leve a respeito dessa pessoa. Logo, é possível trabalhar com qualquer emoção. Quando se libera o objeto dessa emoção, libera-se o sujeito dessa emoção, o espaço ou abertura, se clareia pela consciência desperta e se fores também capaz de experimentar a união dessa consciência desperta e a abertura, então, o antídoto dessa emoção tem uma oportunidade melhor de surgir. Se estás trabalhando o ódio, quando sentes que não existe o objeto da aversão, e quando sentes que não há realmente um sujeito que está com aversão, e sentes que existe um espaço fora, e sentes que existe uma consciência desperta no interior, e sentes que tens alguma familiaridade e conexão e realização com essa consciência desperta, isso naturalmente dará nascimento ao amor.

Que significa isso? Isso significa que simplesmente sentirás mais amor, não um amor que forçadamente tentas obter, mas o amor que sem esforço se manifesta no momento preciso, na situação precisa, porque não existem mais bloqueios.

Então, como conclusão, só quero dizer que este é um ensinamento muito precioso. E é possível que, algumas pessoas digam que é demasiado colocá-lo no Youtube. Porem cada idioma tem suas limitações, cada experiência tem suas limitações. E aqueles que estão prontos para entendê-lo, o entenderão. E aqueles que não estão preparados para entendê-lo, a dakini o manterá secreto, e não poderão entendê-lo. Não importa quantos o vejam. Os que estão aptos a entendê-lo estou seguro que se conectarão, terão alguma realização e se beneficiarão.

Esta é minha prece. Obrigado, Gueshe Tenzin Wangyal Rinpoche

[Uma versão para português dos vídeos baixados do youtube por Flávio Capllonch Cardoso]