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Fahid Tahan e Carlos Augusto Cateb, membros da Comissão daVerdade da OAB-MG, relatam que militantes de esquerda, comoDilma, sofreram castigos nos porões da cidade durante a ditadura
POLÍTICA
E S T A D O D E M I N A S ● Q U A R T A - F E I R A , 2 0 D E J U N H O D E 2 0 1 2
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❚❚ REPERCUSSÃO
PRAVDA (RÚSSIA)
Documentos revelam detalhes datortura sofrida por Dilma em Minas
A presidente Dilma Vana Rousseff foitorturada nos porões da ditadura em Juiz deFora, Zona da Mata mineira, e não apenasem São Paulo e no Rio de Janeiro, como sepensava até agora. É o que revelamdocumentos obtidos com exclusividade peloEstado de Minas , que até então mofavamna sala do Conselho dos Direitos Humanosde Minas Gerais (Conedh-MG), no EdifícioMaletta, no Centro de Belo Horizonte.
FOCUS AGENCE (BULGÁRIA)
Dilma Rousseff fala desua tortura por militares
De acordo com um relato autobiográficoinédito feito pela primeira presidente danação sul-americana, publicado nasegunda-feira em meios de comunicação,ela foi submetida a tortura regular. Rousseff,64, contou suas experiências sob o regimemilitar no Brasil mais de uma década atrás.
AUFAIT (MARROCOS)
A presidente do Brasil faz relatoinédito da tortura que sofreu
Aos 22 anos, quando lutou contra a ditaduramilitar, a presidente do Brasil, DilmaRousseff, foi torturada, incluindo sessões dechoques elétricos e espancamentos quedeslocaram sua mandíbula, de acordo comdepoimento inédito dela publicado na mídia.
GIONARLLETTISMO (ITÁLIA)
Eu, guerrilheira, fui torturada
O documento com o depoimento de DilmaRousseff chegou ao jornal Estado de Minas,que publicou trechos. A presidente fala sobreuma série de ataques em Minas, incluindosessões de eletrochoque e de pau de arara.
TM NEWS (ITÁLIA)
Brasil: Presidente Dilma recontatortura sofrida sob a ditadura
Era 1970, a atual chefe de Estado tinha 22anos quando foi presa e encarceradadurante três anos no Rio, São Paulo e MinasGerais, onde aos 16 anos ela se juntou aosguerrilheiros. Segundo estimativas oficiais,cerca de 400 brasileiros foram assassinadosou desapareceram durante a ditadura.
FOTOS: REPRODUÇÃO/INTERNET
DANIEL CAMARGOS
Juiz de Fora, na Zona da Mata Mineira, foi um dosprincipais palcos do horror vivido pelos militantesque tentavam derrubar o governo militar. É o que ga-rantem dois renomados advogados mineiros quedefenderam presos políticos durante a ditadura.“Não há como negar que houve tortura. Foi um ins-trumento institucionalizado. Basta olhar todos osprocessos de presos políticos. O preso político pas-sou por tortura física ou psicológica”, afirma o advo-gado Fahid Tahan Sab, membro da Comissão da Ver-dade da Seção Mineira da Ordem dos Advogados doBrasil (OAB-MG). Fahid foi advogado de vários pre-sos políticos que estiveram em Juiz de Fora, incluin-do alguns nomes de expressão da política nacional,como o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda(PSB), e o ex-deputado federal e presidente da Fun-dação Perseu Abramo, Nilmário Miranda (PT). Na se-gunda-feira, o general de quatro estrelas Marco Antô-nio Felício da Silva disse em entrevista ao Estado deMinas que não houve tortura em Juiz de Fora.
Na análise de Fahid é uma vergonha para o paíster concedido anistia os torturadores. “É um crimecontra a humanidade”. Fahid destaca uma questão:“Se os rapazes e as moças que pegaram em armasnão têm vergonha de dizer que fizeram isso e têmaté orgulho, por que os militares tentam esconderque houve tortura?”. O próprio advogado respon-de: “Os militares têm um verdadeiro horror de quea família deles descubra o passado. Que ele pegouuma pessoa subjugada para impor humilhações etorturas. A pena deles é a própria consciência”.
Quem também confirma as torturas praticadasem Juiz de Fora é outro advogado membro da Co-missão da Verdade da OAB-MG, Carlos Augusto Ca-teb, que fez a defesa de diversos integrantes do Co-mando de Libertação Nacional (Colina), grupo dapresidente Dilma Rousseff. “Houve tortura em Juizde Fora. Eu mesmo portei vários bilhetes que nar-ravam as atrocidades cometidas”, lembra.
Cateb foi advogado de Ângelo Pezzuti, um doslíderes do Colina. Foi por uma suposta troca de bi-lhetes entre Pezzuti e Dilma que a presidente foitorturada em Juiz de Fora, conforme revelou comexclusividade o Estado de Minas, em série de re-portagens iniciada no domingo. A maneira comoos bilhetes entravam e saíam do Presídio de Linha-res, em Juiz de Fora, é sui generis e revela que apesardo poder e das armas, os militares podiam ser en-ganados com um pouco de esperteza.
“O pessoal dos movimentos confeccionava os bi-lhetes em papéis bem pequenos. Pegavam um maçode cigarro, tiravam o fumo dos cigarros, colocavam obilheteenroladinhoecolocavamofumonovamente.Quando chegava para falar com o Ângelo vários mi-litaresarmadosficavamobservandoaconversa.Mos-trava o maço de cigarro, colocava em cima da mesa ecomeçava a fumar. O Ângelo, ou outro preso, fazia amesma coisa. No fim da conversa eu pegava a carte-la de cigarro dele e ele pegava a minha. Enquanto es-tava preso, ele também fazia os bilhetes e levava pa-ra o pessoal do movimento”, relata Cateb.
O que atesta as péssimas condições em Linharessão as greves de fome feitas pelos presos políticos. Aprimeirafoiemmarçode1971,quando42 homensemulheresficaram13diassemcomer.Cincomesesde-pois, 50 presos voltaram a fazer outra greve de fome.
GUERRILHA CateblembraqueoacessoparaLinharesera uma rua estreita, na beira de um rio, em que pas-sava apenas um carro. A historiadora Isabel CristinaLeitefezumtrabalhodeconclusãodecurso,em2006,na Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), focan-do o Colina. No trabalho, Leite escreveu sobre a Peni-tenciária de Linhares: “A Penitenciária Regional JoséEdson Cavalieri foi inaugurada em 1966 com presosvindos de Belo Horizonte. Ficou conhecida por Peni-tenciária de Linhares por causa da sua localização – oBairrodeLinhares,emJuizdeFora.Arecepçãodepre-sos políticos começou em 1967, com militantes pre-sos na Guerrilha do Caparaó, contudo, somente em1969 é que chegam os primeiros integrantes da guer-rilha urbana – integrantes da Colina e Corrente.”
De acordo com a pesquisa da historiadora, os pre-sos se referiam a Linhares como um purgatório. Afrase usada pelos detentos era: “Sair do inferno e cairno purgatório”. Isso é, sair do local onde aconteciamas torturas e ir para a prisão. Porém, as torturas maiscruéis aconteciam fora da prisão. Como aconteceucom a presidente Dilma, que foi levada para outrolocal na cidade para ser torturada. “Os militares esta-vam empenhados em uma espécie de guerra sagra-da para impedir um iminente perigo de revoluçãosocialista”, diz Fahid, sobre a convicção dos militares.
Advogados confirmamtortura em Juiz de Fora
Houve tortura em Juiz de Fora. Eumesmo portei vários bilhetes que
narravam as atrocidades cometidas■■ Carlos Augusto Cateb,
advogado
Presídio de Linhares, em Juiz de Fora. Presos políticos de Belo Horizonte eram levados para o local
BETO NOVAIS/EM/D.A PRESS
HENRIQUE VIARD/TRIBUNA DE MINAS - 13/5/04
LEIA AMANHÃMAIS DETALHES SOBRE A TORTURA SOFRIDA PORDILMA EM MINAS NO PERÍODO DA DITADURA