114
Desempenho térmico de edifício residencial unifamiliar segundo a metodologia de cálculo presente no RCCTE A influência das condições climáticas no estudo térmico de edifícios Ricardo Miguel Antunes da Silva Ferreira Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia do Ambiente Júri Presidente: Professor Doutor Ramiro Neves Orientador: Professor Doutor Gabriel Pita Vogal: Professor Doutor Mário Nina Outubro de 2010

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Desempenho térmico de edifício residencial unifamiliar segundo a metodologia de cálculo presente no RCCTE

A influência das condições climáticas no estudo térmico de edifícios

Ricardo Miguel Antunes da Silva Ferreira

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia do Ambiente

Júri

Presidente: Professor Doutor Ramiro Neves Orientador: Professor Doutor Gabriel Pita Vogal: Professor Doutor Mário Nina

Outubro de 2010

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II

Agradecimentos

Gostaria de agradecer às pessoas que contribuíram directamente para a execução desta dissertação,

nomeadamente, o professor Gabriel Pita que teve a amabilidade de aceitar a minha sugestão de

tema, a Hector Castro pela revisão do artigo científico na língua inglesa, ao Eng.º Carlos Lopes pela

ajuda fornecida na formatação desta dissertação e à Eng.º Diana Marques pelas dúvidas esclarecidas

durante o período dispendido com a dissertação.

Um agradecimento especial ao Arquitecto José Silva Ferreira pela sua contribuição na introdução de

conceitos sobre a temática em estudo.

Por fim, agradecer aos meus pais, Catarina e Vanessa pelo apoio incondicional transmitido durante

todo o período académico, pois sem eles, não teria sido possível a conclusão do curso.

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III

Resumo

O presente trabalho insere-se na área de Desempenho Térmico de Edifícios, nomeadamente para o

sector residencial. Numa primeira abordagem, foca-se a situação energética no sector referido,

abordando-se as causas e medidas correctivas a aplicar ao aumento do consumo de energia

verificado nos últimos anos em Portugal.

Nesta dissertação são também abordados os regulamentos presentes na Legislação Portuguesa em

vigor sobre desempenho térmico de edifícios, nomeadamente os Decretos-Lei nº 78/2006, nº 79/2006

e nº 80/2006 de 4 de Abril, correspondendo ao Sistema Nacional de Certificação Energética e da

Qualidade do Ar Interior dos Edifícios (SCE), Regulamento dos Sistemas Energéticos e de

Climatização em Edifícios (RSECE) e Regulamento das Características do Comportamento Térmico

em Edifícios (RCCTE), respectivamente, por aplicação da Directiva Europeia 2002/91/CE de 16 de

Dezembro.

O principal objectivo desta dissertação consiste na verificação da possibilidade de implementar um

modelo de edifício residencial unifamiliar com determinada estrutura arquitectónica, em diferentes

concelhos de Portugal Continental, sem que os critérios abrangidos pelo RCCTE sejam infringidos.

Após a descrição detalhada da metodologia de cálculo presente no RCCTE, foram elaborados casos

de estudo baseados nos requisitos necessários a cumprir pelo regulamento para cinco edifícios de

habitação unifamiliar. Apesar de os edifícios possuírem a mesma estrutura arquitectónica, nem todos

verificam os critérios do RCCTE, derivado das condições climáticas heterogéneas existentes no País.

Este facto demonstra a importância dos dados climáticos a considerar nos estudos térmicos de

edifícios, consoante o concelho onde se inserem.

Palavras-Chave: Eficiência Energética, Térmica de Edifícios, Sector Residencial, RCCTE, Dados

Climáticos.

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IV

Abstract

This article is focused in the Thermal Performance of the Buildings area, especially for the residential

sector. On a first approach, the main concern is the energy scenery in this sector, referring some

causes and corrective measures for the energy consumption increase in Portugal in these recent

years.

This work also approaches the present regulations in the Portuguese Legislation, in the area of

thermal performance of buildings, mainly the Decrees 78/2006, 79/3006 and 80/2006, under the

European Directive 2002/91/EC.

The main objective consists in the evaluation of the possibility of implementing a single family

residential building model with a certain architectural structure for the different municipalities of

Portugal, without infringing the present RCCTE criteria.

After a detailed description of the calculation of the RCCTE methodology, the case studies are based

on the requirements to fulfill the regulation, for five single family residential buildings. Despite of the

buildings having same architectural structure, not all of them fulfilled the requirements of the

regulation, due to the diverse climate conditions existing in Portugal. This fact shows the importance of

the climate data to be considered in the thermal studies of buildings, depending on the municipality

where they are located.

Key-Words: Energy Efficiency, Buildings Thermal Performance, Residential Sector, RCCTE, Climate

Data.

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V

Índice de Conteúdos

Agradecimentos .................................................................................................................................... II

Resumo.................................................................................................................................................. III

Abstract ................................................................................................................................................. IV

Índice de Conteúdos ............................................................................................................................. V

Índice de Figuras .................................................................................................................................. IX

Índice de Quadros ................................................................................................................................. X

Lista de Acrónimos ............................................................................................................................. XII

1 Introdução ...................................................................................................................................... 1

1.1 Situação energética em Portugal ............................................................................................ 1

1.2 Regulamentação nacional e europeia sobre eficiência energética ......................................... 3

1.3 Objectivos e âmbito ................................................................................................................. 5

1.4 Organização da dissertação .................................................................................................... 5

2 Enquadramento Teórico ............................................................................................................... 7

2.1 Comparação das características gerais entre o antigo e novo RCCTE.................................. 7

3 Metodologia de Cálculo Segundo o Novo RCCTE ..................................................................... 9

3.1 Análise climática de Portugal .................................................................................................. 9

3.2 Factores solares e obstrução ................................................................................................ 10

3.2.1 Introdução ...................................................................................................................... 10

3.2.2 Cálculo dos ganhos solares brutos nas estações de aquecimento e arrefecimento .... 10

3.2.2.1 Factores solares na estação de aquecimento ........................................................... 12

3.2.2.2 Factores solares na estação de arrefecimento ......................................................... 16

3.3 Parâmetros de caracterização térmica .................................................................................. 17

3.4 Pontes Térmicas .................................................................................................................... 19

3.5 Taxas de renovação de ar ..................................................................................................... 20

3.5.1 Edifícios ventilados naturalmente .................................................................................. 20

3.5.1.1 Edifícios conformes com a NP 1037 ......................................................................... 20

3.5.1.2 Outros edifícios .......................................................................................................... 21

3.5.2 Edifícios ventilados mecanicamente ............................................................................. 23

3.6 Requisitos da qualidade térmica na envolvente de edifícios ................................................ 23

3.6.1 Inércia térmica ............................................................................................................... 23

3.6.2 Envolvente opaca .......................................................................................................... 25

3.6.3 Vãos envidraçados ........................................................................................................ 27

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VI

3.7 Requisitos energéticos .......................................................................................................... 28

3.7.1 Cálculo das necessidades energéticas ......................................................................... 28

3.7.2 Necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento (Nic)....................... 29

3.7.2.1 Perdas de calor por condução através da envolvente (Qt) ....................................... 31

3.7.2.2 Perdas de calor resultantes da renovação de ar (Qv) ............................................... 33

3.7.2.3 Ganhos térmicos úteis (Qgu) ...................................................................................... 33

3.7.3 Limitação das necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento (Ni) .. 35

3.7.4 Necessidades nominais anuais de energia útil para arrefecimento (Nvc) .................... 36

3.7.5 Limitação das necessidades nominais anuais de energia útil para arrefecimento (Nv) 39

3.7.6 Necessidades nominais anuais de energia útil na preparação de AQS (Nac) ............. 39

3.7.7 Limitação das necessidades nominais de energia útil na preparação de AQS (Na) .... 41

3.7.8 Necessidades globais anuais nominais de energia primária (Ntc) ............................... 42

3.7.9 Limitação das necessidades globais anuais nominais de energia primária (Nt) .......... 43

3.8 Programa SolTerm 5.0 .......................................................................................................... 44

3.8.1 Introdução ...................................................................................................................... 44

3.8.2 Metodologia de cálculo do programa SolTerm 5.0 recorrendo ao Editor RCCTE ........ 45

(i) Selecção da zona onde se insere o edifício ...................................................................... 45

(ii) Escolha do modelo de colector solar térmico ................................................................ 46

(iii) Utilização de dados padrão do Editor RCCTE .............................................................. 48

(iv) Execução da análise energética do sistema colector solar térmico .............................. 49

3.9 Desempenho energético de edifícios .................................................................................... 51

4 Casos de Estudo ......................................................................................................................... 53

4.1 Introdução .............................................................................................................................. 53

4.2 Estrutura arquitectónica do edifício residencial unifamiliar ................................................... 53

4.3 Edifício-modelo residencial unifamiliar em Porto de Lagos, concelho de Portimão (I1-V1) . 56

4.3.1 Medições gerais do projecto arquitectónico .................................................................. 57

4.3.2 Factores solares e de obstrução dos vãos envidraçados ............................................. 57

4.3.3 Cálculo dos paramentos ................................................................................................ 59

4.3.4 Perdas térmicas associadas à envolvente exterior, interior e renovação de ar ............ 59

4.3.5 Ganhos térmicos úteis na estação de aquecimento ..................................................... 60

4.3.6 Necessidades nominais de aquecimento (Nic) e seu valor máximo admissível (Ni) .... 60

4.3.7 Perdas térmicas totais na estação de arrefecimento .................................................... 61

4.3.8 Ganhos térmicos totais brutos na estação de arrefecimento ........................................ 61

4.3.9 Necessidades nominais de arrefecimento (Nvc) e valor máximo admissível (Nv) ....... 61

4.3.10 Necessidades nominais na preparação de AQS (Nac) e valor máximo admissível (Na)

…………………………………………………………………………………………………..62

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VII

4.3.11 Necessidades globais anuais nominais específicas de energia primária (Ntc) e valor

máximo admissível (Nt) ................................................................................................................. 63

4.3.12 Desempenho energético do edifício-modelo residencial unifamiliar ............................. 63

4.4 Edifício residencial unifamiliar em Glória, concelho de Estremoz (I1-V3) ............................ 63

4.5 Edifício residencial unifamiliar em Vale Pardinho, concelho de Alcanena (I2-V2) ................ 65

4.6 Edifício residencial unifamiliar em Donões, concelho de Montalegre (I3-V1) ....................... 66

4.7 Edifício unifamiliar em Souto Côvo, Lamego (I3-V3) ............................................................ 68

4.8 Atribuição de classe energética A aos edifícios dos concelhos de Estremoz, Alcanena,

Montalegre e Lamego ........................................................................................................................ 69

4.8.1 Alterações ao projecto térmico do edifício residencial no concelho de Estremoz ........ 70

4.8.2 Alterações ao projecto térmico do edifício residencial no concelho de Alcanena ........ 71

4.8.3 Alterações ao projecto térmico do edifício residencial no concelho de Montalegre ..... 73

4.8.4 Alterações ao projecto térmico do edifício residencial no concelho de Lamego .......... 75

5 Considerações Finais e Perspectivas de Trabalho Futuro ..................................................... 76

5.1 Considerações finais ............................................................................................................. 76

5.2 Perspectivas de trabalho futuro ............................................................................................. 78

Bibliografia ........................................................................................................................................... 79

Bibliografia Consultada ...................................................................................................................... 79

Referências Bibliográficas ................................................................................................................. 80

Sites Consultados .............................................................................................................................. 81

Anexos ..................................................................................................................................................... i

Anexo MEDIÇÕES GERAIS................................................................................................................. ii

Anexo FACTORES SOLARES ............................................................................................................ iv

Anexo FACTORES DE OBSTRUÇÃO ................................................................................................ iv

Anexo CÁLCULO PARAMENTOS .......................................................................................................v

Anexo FC IV. 1A .................................................................................................................................. vi

Anexo FC IV. 1B ................................................................................................................................. vii

Anexo FC IV. 1C ................................................................................................................................. vii

Anexo FC IV. 1D ................................................................................................................................ viii

Anexo FC IV. 1E .................................................................................................................................. ix

Anexo FC IV. 1F ...................................................................................................................................x

Anexo FC IV. 2 .................................................................................................................................... xi

Anexo FC V. 1A .................................................................................................................................. xii

Page 9: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

VIII

Anexo FC V. 1B ................................................................................................................................. xiii

Anexo FC V. 1C ................................................................................................................................. xiii

Anexo FC V. 1D ................................................................................................................................. xiv

Anexo FC V. 1E ................................................................................................................................. xiv

Anexo FC V. 1F .................................................................................................................................. xv

Anexo FC V. 1G ................................................................................................................................. xv

Anexo INÉRCIA TÉRMICA................................................................................................................ xvi

Anexo FC NAC ................................................................................................................................. xvii

Anexo FC NTC ................................................................................................................................ xviii

Anexo PORMENORES TÉCNICOS .................................................................................................. xix

Anexo PORMENORES TÉCNICOS 1 ................................................................................................ xx

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IX

Índice de Figuras

Figura 1 - Consumos de energia final em Portugal nos anos de 1999 e 2001 ....................................... 1

Figura 2 - Estrutura de consumos e custos desagregados no sector residencial em 1996 ................... 1

Figura 3 - Repartição dos consumos energéticos no sector doméstico (DGGE, 2002) ......................... 2

Figura 4 - Zonas climáticas de Inverno (à esquerda) e de Verão (à direita) para Portugal Continental. 9

Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar ........................................... 12

Figura 6 - Vista lateral (alçados) dos edifícios e determinação do ângulo de horizonte - α ................. 13

Figura 7 - Exemplos de medição do ângulo α de elementos horizontais sobrepostos ao vão

envidraçado ........................................................................................................................................... 13

Figura 8 - Exemplos de medição do ângulo β de elementos verticais sobrepostos ao vão envidraçado

............................................................................................................................................................... 14

Figura 9 - Representação esquemática de um desvão de cobertura não-habitado ............................. 19

Figura 10 - Elementos da envolvente da fracção autónoma A confinante com a fracção autónoma B

no edifício A ........................................................................................................................................... 26

Figura 11 - Elementos da envolvente da fracção autónoma do edifício A confinante com a fracção

autónoma do edifício B .......................................................................................................................... 26

Figura 12 - Elemento da envolvente interior da fracção autónoma do edifício A confinante com a

fracção autónoma do edifício B ............................................................................................................. 27

Figura 13 - Evolução da temperatura interior com e sem ganhos de calor e necessidades de

aquecimento .......................................................................................................................................... 30

Figura 14 - Factor de utilização dos ganhos térmicos (η) em função do parâmetro γ e da classe de

inércia térmica interior ........................................................................................................................... 35

Figura 15 - Evolução da temperatura interior com e sem ganhos de calor e necessidades de

arrefecimento ......................................................................................................................................... 37

Figura 16 - Exemplo de interface Clima e Local do programa SolTerm 5.0 ......................................... 46

Figura 17 - Configuração básica de um sistema solar térmico ............................................................. 46

Figura 18 - Exemplo esquemático de sistema solar térmico do tipo "kit" ............................................. 47

Figura 19 - Energia incidente diária média consoante as orientações do painel solar ......................... 48

Figura 20 - Exemplo de interface correspondente à análise energética a partir do desempenho do

sistema solar térmico ............................................................................................................................. 49

Figura 21 - Planta do piso 0 do edifício unifamiliar ............................................................................... 54

Figura 22 - Planta do piso 1 do edifício unifamiliar ............................................................................... 54

Figura 23 - Alçado voltado a Sul do edifício unifamiliar (Parede Exterior 1) ......................................... 55

Figura 24 - Alçado voltado a Norte do edifício unifamiliar (Parede Exterior 2) ..................................... 55

Figura 25 - Alçado voltado a Oeste do edifício unifamiliar (Parede Exterior 3) .................................... 56

Figura 26 - Ângulo da pala horizontal (α) com os vãos envidraçados do piso 0 e piso 1 ..................... 59

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X

Índice de Quadros

Quadro 1 - Valores máximos de Msi em função dos elementos de construção no edifício .................. 24

Quadro 2 - Classes de inércia térmica interior (It) ................................................................................. 24

Quadro 3 - Fenómenos relativos às Necessidades de Aquecimento (Nic) .......................................... 29

Quadro 4 - Fenómenos relativos às Necessidades de Arrefecimento (Nvc) ........................................ 29

Quadro 5 – Fórmulas de cálculo de Ni consoante o valor de FF .......................................................... 36

Quadro 6 - Necessidades nominais de referência de arrefecimento (Nv) ............................................ 39

Quadro 7 - Classe energética de edifícios e valores limite das respectivas classes ............................ 52

Quadro 8 - Elementos Base para a execução de estudo térmico do edifício no concelho de Portimão

............................................................................................................................................................... 56

Quadro 9 - Elementos Base para a execução de estudo térmico do edifício no concelho de Portimão

(continuação) ......................................................................................................................................... 57

Quadro 10 - Factores de obstrução do edifício para a estação de aquecimento ................................. 58

Quadro 11 - Factores de obstrução do edifício para a estação de arrefecimento ................................ 58

Quadro 12 - Balanço energético mensal e anual do sistema solar térmico para o concelho de

Portimão (output do programa SolTerm 5.0)......................................................................................... 62

Quadro 13 - Dados climáticos para a execução de estudo térmico do edifício no concelho de

Estremoz................................................................................................................................................ 64

Quadro 14 – Resultados obtidos referentes ao estudo térmico do edifício no concelho de Estremoz 64

Quadro 15 - Balanço energético mensal e anual do sistema solar térmico para o concelho de

Estremoz (output do programa SolTerm 5.0) ........................................................................................ 65

Quadro 16 - Dados climáticos para a execução de estudo térmico do edifício no concelho de

Alcanena ................................................................................................................................................ 65

Quadro 17 – Resultados obtidos referentes ao estudo térmico do edifício no concelho de Alcanena 65

Quadro 18 - Balanço energético mensal e anual do sistema solar térmico para o concelho de

Alcanena (output do programa SolTerm 5.0) ........................................................................................ 66

Quadro 19 - Dados climáticos para a execução de estudo térmico do edifício no concelho de

Montalegre ............................................................................................................................................. 67

Quadro 20 - Resultados obtidos referentes ao estudo térmico do edifício no concelho de Montalegre

............................................................................................................................................................... 67

Quadro 21 - Balanço energético mensal e anual do sistema solar térmico para o concelho de

Montalegre (output do programa SolTerm 5.0) ..................................................................................... 68

Quadro 22 - Dados climáticos para a execução de estudo térmico do edifício no concelho de Lamego

............................................................................................................................................................... 68

Quadro 23 – Resultados obtidos referentes ao estudo térmico do edifício modelo no concelho de

Lamego .................................................................................................................................................. 69

Quadro 24 - Balanço energético mensal e anual do sistema solar térmico para o concelho de Lamego

(output do programa SolTerm 5.0) ........................................................................................................ 69

Quadro 25 - Informação do fabricante para a caldeira mural de condensação Junkers ...................... 70

Page 12: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

XI

Quadro 26 - Resultados referentes à revisão do estudo térmico para o edifício no concelho de

Estremoz................................................................................................................................................ 70

Quadro 27 - Dados técnicos de pavimento em contacto com espaço não-útil ..................................... 71

Quadro 28 - Parâmetros necessários para o cálculo de 𝝉 do espaço não-útil ..................................... 72

Quadro 29 - Parâmetro a adicionar às perdas associadas à envolvente interior do edifício ................ 72

Quadro 30 - Resultados obtidos referentes à revisão do estudo térmico do edifício no concelho de

Alcanena ................................................................................................................................................ 72

Quadro 31 - Informação do fabricante relativa às bombas de calor a colocar no edifício .................... 73

Quadro 32 - Conversão de potência de bombas de calor de BTU/hr para kW .................................... 74

Quadro 33 - Resultados obtidos referentes à revisão do estudo térmico do edifício no concelho de

Montalegre ............................................................................................................................................. 74

Quadro 34 - Resultados obtidos referentes à revisão do estudo térmico do edifício no concelho de

Lamego .................................................................................................................................................. 75

Page 13: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

XII

Lista de Acrónimos

ACV – Análise de Ciclo de Vida

ADENE - Agência para a Energia

Aenv - Área máxima de vãos envidraçados

Ap – Área útil de pavimento

AQS – Águas Quentes Sanitárias

CE – Certificado Energético

CERTIF – Associação para a Certificação

CO2 – Dióxido de Carbono

COP – Coeficiente de performance de aparelhos climáticos

DCR – Declaração de Conformidade Regulamentar

DGGE - Direcção Geral de Geologia e Energia

EPS – Poliestireno Expandido Moldado

FF – Factor de Forma

GD20 – Número de graus-dias de aquecimento na base de 20°C

GLP – Gás de petróleo liquefeito

INETI - Instituto Nacional de Engenharia, Tecnologia e Inovação

LNEC – Laboratório Nacional de Engenharia Civil

𝜂 - Factor de utilização dos ganhos térmicos

Na – Limite máximo admissível das necessidades nominais para preparação de AQS

Nac - Necessidades nominais para preparação de AQS

NEGST - Next Grid Systems and Techniques

Ni - Limite máximo admissível das necessidades nominais de aquecimento

Nic - Necessidades nominais de aquecimento

NP – Norma portuguesa

Nt - Limite máximo admissível das necessidades em energia primária

Ntc - Necessidades em energia primária

Nv - Limite máximo admissível das necessidades nominais de arrefecimento

Nvc - Necessidades nominais de arrefecimento

Pa – Unidade Pascal (N/m2)

PVC - Policloreto de Vinilo

RCCTE – Regulamento do Comportamento das Características térmicas de Edifícios

Rph – Renovações de ar por hora

RQSECE - Regulamento da Qualidade dos Sistemas Energéticos da Climatização em

Edifícios

RSECE - Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização de Edifícios

SCE - Sistema de Certificação Energética e Qualidade do Ar Interior de Edifícios

U - Coeficiente de transmissão térmica

𝜏 - Coeficiente de redução das perdas térmicas para locais não-aquecidos

𝛾 - Relação entre os ganhos totais brutos e as perdas térmicas totais do edifício

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1

1 Introdução

1.1 Situação energética em Portugal

Os edifícios definem espaços onde as pessoas passam mais de 80% do tempo das suas vidas, pelo

que devem oferecer condições adequadas de conforto e de qualidade do ar interior. Os consumos

energéticos associados à satisfação destas condições assumem valores de tal forma importantes,

que o “sector dos edifícios”, integrando os edifícios de serviços e residencial, é dos que mais energia

consome em Portugal (Nascimento et al, 2005).

O parque de edifícios residenciais em Portugal apresenta um crescimento contínuo nos últimos anos,

representando em 1999, 13% do consumo em energia final, ao passo que em 2001, o consumo

energético atinge os 16%, sendo o terceiro sector mais energívoro (DGGE, 2004).

Figura 1 - Consumos de energia final em Portugal nos anos de 1999 e 2001 (Fonte: DGGE, 2004)

Em 1996, 28% do consumo total do sector residencial recorre à utilização de energia eléctrica, valor

que corresponde a cerca de 60% das despesas em energia das famílias portuguesas (DGGE, 2004).

Figura 2 - Estrutura de consumos e custos desagregados no sector residencial em 1996 (Fonte: DGGE, 2004)

Dados de 2005 apontam que o sector dos edifícios tenha sido responsável pelo consumo de 5,6 Mtep

(milhões de toneladas equivalentes de petróleo), representando cerca de 30% do consumo total de

energia primária e 62% do consumo de electricidade em Portugal (Isolani, 2008).

Em Portugal, o parque residencial engloba cerca de 3,3 milhões de edifícios, considerando-se que o

consumo de energia eléctrica nas décadas de 1980 a 2000 aumentou a uma taxa média anual de

38%

13%9%

32%

8%

Consumo de energia final - 1999

Transportes

Doméstico

Serviços

Indústria

Outros

35%

16%11%

30%

8%

Consumo de energia final - 2001

Transportes

Doméstico

Serviços

Indústria

Outros

41%

26%

2%

2%

28%

1%

Consumo por forma de energia - sector residencial

Lenhas

GPL garrafas

GPl canalizado

Gás de cidade

Electricidade

Outros

13%

24%

1%

2%

60%

Despesas com o consumo por forma de energia - sector residencial

Lenhas

GPL garrafas

GPl canalizado

Gás de cidade

Electricidade

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2

cerca de 7%, superior à verificada para as restantes fontes energéticas. Comparando dados de 1980

e de 2000, o consumo de electricidade nas habitações era de apenas 3.395 GWh em 1980, enquanto

que em 2000, o valor passa para 10.056 GWh (DGGE, 2004).

O aumento do consumo energético em edifícios é explicado em parte, devido às características

relacionadas com a estrutura de edifícios já existentes, tais como (DGGE, 2004):

Isolamento térmico insuficiente nos elementos opacos da envolvente;

Influência de pontes térmicas na envolvente do edifício;

Presença de humidade que afecta o desempenho energético e durabilidade do edifício;

Baixo desempenho térmico de vãos envidraçados e portas (perdas de calor desproporcionadas

por transmissão térmica e por infiltrações de ar excessivas);

Falta de protecções solares adequadas nos vãos envidraçados, originando sobreaquecimento

no interior dos edifícios ou aumento das cargas térmicas e das necessidades energéticas em

habitações com sistemas de arrefecimento ambiente;

Ventilação não-controlada, criando maiores necessidades energéticas de aquecimento no

Inverno, ou inversamente, ventilação insuficiente, conduzindo a maiores níveis de humidade

relativa no Inverno e sobreaquecimento no Verão, causando desconforto aos ocupantes,

fenómenos de condensação e baixo nível de qualidade do ar interior.

Outras explicações para o incremento do consumo de energia no sector residencial passam pelo

aumento do rendimento disponível das famílias, o que permite a obtenção de um maior número de

electrodomésticos, facilitando o seu dia-a-dia e o comportamento inadequado em termos de

conservação de energia, como por exemplo (DGGE, 2004):

Manutenção dos sistemas de aquecimento e/ou de arrefecimento ligados, enquanto as janelas

estão abertas;

Climatização desnecessária dos espaços, permitindo temperaturas interiores fora dos níveis

recomendados, isto é, demasiado quentes no Inverno e frios no Verão.

Em termos de utilização final da energia no sector doméstico, os consumos distribuem-se

aproximadamente com as seguintes ponderações evidenciadas na Figura 3.

Figura 3 - Repartição dos consumos energéticos no sector doméstico a nível nacional (DGGE, 2002)

50%

25%

25%

Consumos energéticos no sector doméstico

AQS

Iluminação e Electrodomésticos

Climatização

Page 16: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

3

O diagrama da Figura 3 sofre alterações significativas ao adoptarem-se medidas que permitam

melhorar a eficiência energética dos edifícios, tais como (Isolani, 2008) e (DGGE, 2004):

Comportamentos diários inteligentes e eco-sustentáveis na utilização de sistemas e

electrodomésticos que consomem energia;

Reforço da protecção térmica dos edifícios;

Controlo das infiltrações de ar;

Utilização de energia solar térmica para produção de águas quentes sanitárias (AQS), invés de

se recorrer exclusivamente a fontes energéticas como o gás e a electricidade;

Recurso a tecnologias solares passivas;

Selecção cuidadosa de electrodomésticos, caldeiras e sistemas de ar condicionado, tendo em

consideração a informação existente na etiqueta referente ao consumo de energia e aquisição

de produtos energeticamente eficientes.

Como já foi referido, as condições de conforto e de qualidade de ar interior proporcionadas por um

edifício, dependem de uma série de factores onde incluem-se as características de construção do

edifício e dos sistemas de aquecimento e arrefecimento utilizados. Assim, é essencial proceder à

avaliação correcta destas características de modo a avaliar os parâmetros que conduzem à melhoria

significativa do ambiente interior do edifício e a menores custos energéticos (Isolani, 2008).

1.2 Regulamentação nacional e europeia sobre eficiência energética

De modo a regulamentar as exigências de conforto térmico e de qualidade de ar interior em edifícios,

foi aprovado em Portugal o Decreto-Lei nº 40/90 de 6 de Fevereiro, conhecido como Regulamento

das Características de Comportamento Térmico de Edifícios (RCCTE).

O RCCTE de 1990 foi o primeiro instrumento legal a impor requisitos térmicos mínimos aos projectos

de novos edifícios e de grandes remodelações, desempenhando um papel importante na atribuição

de parâmetros de desempenho energético a edifícios e dos seus sistemas consumidores de energia.

O regulamento, estabeleceu requisitos mínimos para a maioria dos edifícios em que não há

consumos energéticos significativos, embora tenha sido aplicado a todos os edifícios. Este focava-se

essencialmente na obrigatoriedade dos edifícios possuírem níveis mínimos de isolamento térmico nas

paredes, pavimentos e coberturas, bem como sombreamento no Verão (Camelo et al, 2006).

Para edifícios em que existam consumos efectivos de energia para climatização, foi criado o

Regulamento dos Sistemas Energéticos de Climatização dos Edifícios (RSECE), publicado em Abril

de 1998 pelo Decreto-Lei nº 118/98, que veio substituir o Regulamento da Qualidade dos Sistemas

Energéticos de Climatização em Edifícios (RQSECE). O RSECE foi aplicado essencialmente a

edifícios de serviços, mas também a residenciais, caso possuíssem sistemas de aquecimento ou

arrefecimento com potência nominal superior a 25 kW.

Page 17: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

4

Continuando no campo legislativo sobre a eficiência energética de edifícios, surge em 2002 a

Directiva Comunitária 2002/91/CE de 16 de Dezembro, com o objectivo de garantir que as normas

construtivas de edifícios são cumpridas por toda a Europa Comunitária. A Directiva, além de focar-se

na melhoria da eficiência energética, adiciona novos parâmetros que permitem a redução do

consumo de energia, correspondendo a menores emissões de CO2 resultantes do sector de edifícios.

Neste sentido, os edifícios devem consumir menor quantidade de energia, aumentando os índices de

conforto térmico e qualidade de ar interior (Directiva 2002/91/CE - Desempenho Energético dos

Edifícios).

No sentido de inverter a tendência de crescimento de consumos energéticos no sector dos edifícios,

aliado à aplicação da Directiva Comunitária 2002/91/CE, em Portugal, foi desenvolvido um novo

quadro legislativo relativo à térmica de edifícios, ocorrendo em 2006 a reformulação do RSECE e

RCCTE, através do Decreto-Lei n.º 79/2006 e do Decreto-Lei n.º 80/2006 de 4 Abril, respectivamente.

A revisão do RSECE continua a focar-se essencialmente em edifícios de serviços e residenciais caso

possuam sistemas de climatização com potência nominal superior a 25 kW, enquanto que a revisão

do RCCTE ocorre no sentido de indicar as regras a observar no projecto de todos os edifícios de

habitação e dos edifícios de serviços sem sistemas de climatização centralizados ou com sistemas de

climatização de potência nominal inferior a 25 kW, de modo que (ADENE, 2010):

As exigências de conforto térmico, sejam elas focadas no aquecimento, arrefecimento,

ventilação como garantia de qualidade do ar no interior, ou em necessidades na preparação de

AQS, possam vir a ser satisfeitas sem dispêndio excessivo de energia;

Sejam minimizadas as situações patológicas nos elementos de construção provocadas pela

ocorrência de condensações superficiais ou internas, com potencial impacte negativo na

durabilidade dos elementos de construção e na qualidade do ar interior.

Outra novidade decorrente da aplicação da Directiva Comunitária, prende-se com a implementação

de um sistema de certificação que permita fornecer informação sobre a qualidade térmica dos

edifícios (Isolani, 2008).

Deste modo, na mesma altura em que o RCCTE e RSECE são actualizados, surge o Decreto-Lei n.º

78/2006 de 4 de Abril conhecido como Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade

do Ar Interior nos Edifícios (SCE), apresentando os seguintes objectivos (ADENE, 2010):

Assegurar a aplicação regulamentar no que respeita às condições de eficiência energética, à

utilização de sistemas de energias renováveis e, ainda, às condições de garantia do ar interior,

de acordo com as exigências e disposições contidas no RCCTE e no RSECE;

Certificar o desempenho energético e a qualidade do ar interior nos edifícios, descrevendo a

sua situação efectiva, no qual deve ser incluído o cálculo de consumos de energia previstos;

Identificar as medidas correctivas ou de melhoria de desempenho aplicáveis aos edifícios e

respectivos sistemas energéticos.

Page 18: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

5

Em termos legislativos, encontram-se actualmente em vigor os Decretos-Lei n.º 78/2006 (SCE), n.º

79/2006 (RSECE) e n.º 80/2006 (RCCTE), sendo este último objecto de análise nesta dissertação,

visto possibilitar o cálculo das necessidades de energia primária presentes nos edifícios abordados

nos casos de estudo. No entanto, tanto o SCE como o RSECE contribuem directamente para o

melhoramento do desempenho energético de edifícios, reduzindo a sua dependência energética sem

que o conforto térmico dos ocupantes e a qualidade do ar interior sejam afectados.

1.3 Objectivos e âmbito

O principal objectivo desta dissertação consiste na verificação da possibilidade de implementar um

modelo de edifício residencial unifamiliar com determinada estrutura arquitectónica, em diferentes

concelhos de Portugal Continental, sem que os critérios abrangidos pelo RCCTE sejam infringidos.

Para tal, foram realizados os estudos térmicos de edifícios introduzidos nas localidades de Porto de

Lagos, concelho de Portimão; Glória, concelho de Estremoz; Vale Pardinho, concelho de Alcanena,

Donões, concelho de Montalegre, e finalmente, Souto Côvo, concelho de Lamego, de modo a tirarem-

se conclusões sobre o desempenho energéticos dos mesmos, de acordo com a zona climática onde

se inserem.

Os estudos térmicos referidos devem verificar a situação regulamentar do RCCTE, dando-se ênfase

às necessidades nominais anuais de energia útil de aquecimento (Nic), de arrefecimento (Nvc), de

energia para preparação de AQS (Nac), de energia primária (Ntc), bem como a classificação

energética do edifício, permitindo quantificar o desempenho energético dos mesmos.

O segundo objectivo desta dissertação consiste em verificar em que medida os estudos térmicos dos

edifícios referidos são alterados com a substituição ou inserção de equipamentos e/ou soluções

construtivas, com o intuito de melhorar os desempenhos térmicos dos mesmos, de forma a que

atinjam uma classe energética igual a A.

1.4 Organização da dissertação

Relativamente à organização da dissertação, esta foi estruturada em cinco secções distintas.

A primeira secção é de carácter introdutório, focado na evolução da situação energética para o sector

residencial nacional, em termos de consumo de energia final. Seguidamente aborda-se a

regulamentação sobre eficiência energética de edifícios na Legislação Comunitária e Nacional,

nomeadamente, a Directiva Comunitária 2002/91/CE de 16 de Dezembro e os regulamentos

nacionais compostos pelos Decretos-Lei n.º 78/2006 (SCE), n.º 79/2006 (RSECE) e n.º 80/2006

(RCCTE) de 4 de Abril, preparados e/ou revistos por aplicação da Directiva referida.

Na segunda secção aborda-se com maior detalhe o Decreto-Lei nº 80/2006 de 4 de Abril, designado

por Regulamento das Características do Comportamento Térmico de Edifícios (RCCTE), fazendo-se

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6

uma comparação superficial com a sua versão anterior (RCCTE 1990), de modo a evidenciarem-se

algumas das alterações significativas entre regulamentos.

Na terceira secção encontra-se representada a metodologia de cálculo do novo RCCTE. Inicialmente

estuda-se a situação climática de Portugal Continental, abordando-se de seguida os vários

parâmetros presentes no RCCTE, nomeadamente, factores solares e de obstrução, pontes térmicas,

taxas de renovação de ar e requisitos térmicos da envolvente do edifício como o coeficiente de

transmissão térmica e inércia térmica. O passo seguinte passa pela descrição dos métodos de

cálculo relativos aos requisitos energéticos, composto pelas necessidades nominais de aquecimento

(Nic), de arrefecimento (Nvc), de preparação de AQS (Nac) e de energia primária (Ntc). Nesta secção

refere-se ainda o método de funcionamento do programa SolTerm 5.0, assim como o método de

cálculo relativo ao classificação energética em termos do seu desempenho.

Na quarta secção são apresentados os casos de estudo, tendo como alvo o desenvolvimento de

estudos térmicos de edifícios residenciais unifamiliares. Numa primeira fase, analisa-se

exaustivamente o projecto térmico do edifício inserido na localidade de Porto de Lagos, concelho de

Portimão, em termos da situação regulamentar do RCCTE. Numa segunda fase, focam-se os estudos

térmicos de edifícios introduzidos nos concelhos de Estremoz, Alcanena, Montalegre e Lamego,

considerando as devidas alterações em termos de dados climáticos para cada concelho referido.

Numa última fase, os projectos térmicos são verificados com vista à melhoria da sua classificação

energética em termos de desempenho energético dos edifícios.

Por fim, na quinta secção, são discutidos os resultados obtidos através da análise dos estudos

térmicos referidos, retirando-se algumas conclusões pertinentes. Nesta secção, são também dadas

algumas indicações de trabalho futuro, baseadas no trabalho apresentado.

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7

2 Enquadramento Teórico

2.1 Comparação das características gerais entre o antigo e novo RCCTE

Tal como referido na introdução deste trabalho, em Portugal, o primeiro documento legislativo relativo

ao desempenho térmico de edifícios terá sido o Decreto-Lei n.º 40/90 de 6 de Fevereiro, tendo como

finalidade o estabelecimento de um conjunto de acções direccionadas a projectos de novas

construções e grandes remodelações de edifícios. O grande objectivo deste regulamento, passa pela

garantia das condições de conforto térmico no interior dos edifícios aos ocupantes sem dispêndio

excessivo de energia, minimizando os efeitos patológicos resultantes das condensações superficiais

nos elementos construtivos (DL n.º 40/90, Art. 1.º).

No antigo RCCTE, foi adoptada a divisão de Portugal Continental por estações de aquecimento e de

arrefecimento, possibilitando o aproveitamento da energia solar pela inserção de soluções

construtivas em edifícios. Essas soluções têm em consideração a orientação e a área de vãos

envidraçados do edifício, necessitando de sombreamento adequado na estação de aquecimento, de

forma a limitar os ganhos energéticos provenientes do exterior. Outra estratégia utilizada seria a

aplicação de isolamento térmico e vidros duplos em edifícios, pormenores técnicos que auxiliam no

cumprimento dos requisitos mínimos de qualidade térmica dos elementos opacos da envolvente

(Camelo et al, 2006).

No entanto, a primeira versão do RCCTE foi considerada como pouco exigente, tendo ficado

subjacente que no prazo de 5 anos, esta seria objecto de revisão no sentido de aumentar o seu grau

de exigência.

Em 2006, ocorre a revisão do RCCTE pelo Decreto-Lei n.º 80/2006 de 4 de Abril, através do

cumprimento da Directiva Comunitária 2002/91/CE de 16 de Dezembro de 2002, publicada a 4 de

Janeiro de 2003. A Directiva em causa, terá sido criada devido à constatação do aumento

preocupante de gastos energéticos pelos consumidores, que recorrem muitas vezes ao aquecimento

e arrefecimento ambiente através da instalação de equipamentos de climatização como o ar

condicionado. Este facto tem implicações negativas sobre o ambiente, aumentando

consequentemente a quantidade de gases de efeito de estufa na atmosfera.

Um dos pontos-chave do novo RCCTE, passa pela melhoria do desempenho energético dos edifícios,

tendo como objectivo final, a contenção dos consumos energéticos do sector. As prioridades do novo

RCCTE continuam a focar-se na promoção de estratégias que contribuam para a melhoria do

desempenho térmico de edifícios, mas também no desenvolvimento de técnicas de aquecimento e

arrefecimento passivo, principalmente as que permitam melhorar a qualidade do ambiente interior,

tendo em consideração as condições climáticas onde se insere o edifício (Camelo et al, 2006).

A versão do novo RCCTE, aplica-se a cada uma das fracções autónomas de novos edifícios

residenciais e de edifícios de serviços sem sistemas de climatização centralizados,

independentemente de serem ou não, nos termos de legislação específica, sujeitos a licenciamento

Page 21: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

8

ou autorização no território nacional, com excepção das situações previstas no n.º 9 do artigo 2º do

texto regulamentar, de modo a que, sem dispêndio excessivo de energia, sejam satisfeitas as

exigências relativas ao conforto térmico, à qualidade do ar no interior e às necessidades de águas

quentes sanitárias do edifício (DL n.º 80/2006, Art. 2.º).

O regulamento continua a analisar separadamente as estações de aquecimento e de arrefecimento,

em função da zona climática em análise, mas com dados climáticos mais detalhados e actualizados.

Outras das considerações verificadas, dizem respeito às metodologias de cálculo das necessidades

nominais de aquecimento (Nic) e de arrefecimento (Nvc), que seguem as normas europeias

abrangidas pela Directiva Comunitária 2002/91/CE. Referir ainda, a existência de novos parâmetros

de cálculo como o factor de forma do edifício (FF) e a permeabilidade ao ar das caixilharias, além de

quantificar com maior detalhe o efeito das pontes térmicas lineares e planas, obtendo-se assim, uma

melhor avaliação da qualidade térmica dos edifícios (Camelo et al, 2006).

A obrigatoriedade de implementação de sistemas solar térmicos para aquecimento de AQS em

edifícios novos, é outras das novidades presentes no novo RCCTE. No entanto, esta obrigatoriedade

apenas destina-se a edifícios com exposição solar adequada, que será explicado com maior

pormenor na subsecção 3.7.7 (Camelo et al, 2006).

Utilizando o programa SolTerm 5.0, é possível estimar a energia necessária para preparação de

AQS, permitindo a escolha do sistema térmico solar que mais se adapta às características de

utilização dos ocupantes do edifício.

A escolha do sistema térmico solar, aliado aos sistemas de climatização utilizados no aquecimento e

arrefecimento das fracções autónomas, conduzem a diferentes classes energéticas de edifícios, em

função da eficiência dos equipamentos instalados e da qualidade térmica atribuída ao mesmo.

Deste modo, a revisão do antigo RCCTE, possibilita o surgimento de um novo regulamento térmico,

caracterizado por ser mais eficiente em termos energéticos, sem descurar o conforto térmico dos

ocupantes e a qualidade do ar interior de edifícios.

Page 22: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

9

3 Metodologia de Cálculo Segundo o Novo RCCTE

3.1 Análise climática de Portugal

Segundo o RCCTE, a análise climática a considerar-se nos estudos térmicos de edifícios, consiste

em dois parâmetros essenciais: o zonamento climático e os dados de referência por concelho.

Portugal Continental encontra-se dividido em três zonas climáticas de Inverno (I1, I2 e I3) e em três

zonas climáticas de Verão (V1, V2 e V3). Na Figura 4 pode-se visualizar a delimitação das zonas

referidas (RCCTE, Anexo III, Secção 1.1).

Figura 4 - Zonas climáticas de Inverno (à esquerda) e de Verão (à direita) para Portugal Continental (Fonte: RCCTE, Anexo III, Fig. III.1 e Fig. III.2)

A delimitação das zonas climáticas de Inverno baseia-se no número de Graus-dias de aquecimento

na base de 20°C (GD20)1, enquanto que a delimitação das zonas climáticas de Verão é determinada

com base nos valores actualizados da temperatura exterior de projecto, correspondendo à

temperatura seca do ar exterior que não é excedida, em média, durante mais do que 2,5% do período

de estação convencional de arrefecimento - 1 de Junho a 30 de Setembro (Camelo et al, 2006).

Os dados climáticos de referência estão individualizados por concelho, encontrando-se ordenados

alfabeticamente e disponibilizando a seguinte informação (RCCTE, Anexo III, Quadro III.1):

Zona climática de Inverno;

Número de graus-dias de aquecimento na base de 20°C (GD20);

Duração da estação convencional de aquecimento (meses);

1 Consiste no número que caracteriza a severidade de um clima durante a estação de aquecimento e que é igual

ao somatório das diferenças positivas registadas entre uma dada temperatura de base (20ºC) e a temperatura do ar exterior durante a estação de aquecimento. As diferenças são calculadas com base em valores horários da temperatura do ar.

Page 23: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

10

Zona climática de Verão;

Temperatura externa do projecto (ºC);

Amplitude térmica (ºC).

Um pormenor a ter-se em consideração na classificação da zona climática, prende-se com a

influência da altitude e da proximidade à costa litoral.

Em termos do parâmetro altitude, podem ser consultados os Quadros III.2 e III.3 do Anexo III do

RCCTE, de modo a efectivarem-se as alterações necessárias em função da altitude, para o

zonamento climático de Inverno e de Verão, respectivamente. Relativamente à proximidade à costa

litoral, na Secção 1.2 do Anexo III do RCCTE, estão referenciadas algumas excepções em termos de

alteração da zona climática a considerar, comparativamente com o verificado no Quadro III.1 do

Anexo III do RCCTE.

Outro parâmetro climático importante a considerar num estudo térmico, consiste no valor de

referência da energia solar média mensal incidente numa superfície vertical orientada a Sul (GSul),

durante a estação de aquecimento. Este parâmetro pode ser consultado recorrendo ao Quadro III.8

do Anexo III do RCCTE.

Além da divisão de Portugal Continental por zonas climáticas, no caso particular das zonas climáticas

de Verão, consideram-se ainda que o território encontra-se dissociado em região Norte e Sul. A

região Norte abrange concelhos situados acima da linha do rio Tejo, enquanto que a região Sul

localiza-se abaixo da linha do rio Tejo, incluindo ainda os concelhos de Lisboa, Oeiras, Cascais,

Amadora, Loures, Odivelas, Vila Franca de Xira, Azambuja, Cartaxo e Santarém.

A divisão da zona climática de Verão entre Norte e Sul torna-se importante na obtenção dos valores

de temperatura do ar exterior (θatm) e da intensidade da radiação solar incidente (Ir), neste último

caso, consoante a orientação das fachadas do edifício. Os dados referidos podem ser obtidos pelo

Quadro III.9 do Anexo III do RCCTE.

3.2 Factores solares e obstrução

3.2.1 Introdução

Os ganhos solares obtidos através dos vãos envidraçados, são contabilizados no interior do espaço

útil de um edifício sob a forma de radiação, influenciando as necessidades nominais anuais de

energia útil de aquecimento (Nic) e de arrefecimento (Nvc), durante as estações de aquecimento e de

arrefecimento, respectivamente.

3.2.2 Cálculo dos ganhos solares brutos nas estações de aquecimento e arrefecimento

Na estação de aquecimento, os ganhos solares brutos são estimados através do vão envidraçado n

com orientação j, de acordo com a equação 1, correspondendo ao método de cálculo detalhado dos

ganhos solares (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.3.1.1).

Page 24: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

11

𝑄𝑠 = 𝐺𝑠𝑢𝑙 . [𝑗 𝑋𝑗 . .𝐴𝑠𝑛𝑗 ]𝑛 ∗ 𝑀 (Eq. 1)

Em que:

Gsul – Valor médio mensal da energia solar média incidente numa superfície vertical orienta a sul da área unitária

durante a estação de aquecimento (kWh/m2.mês);

Xj – Factor de orientação para as diferentes exposições (RCCTE, Anexo IV, Quadro IV.4);

Asnj – Área efectiva colectora da radiação solar da superfície n que tem a orientação j (m2);

j – Índice correspondente a cada uma das orientações;

n – Índice correspondente a cada uma das superfícies com a orientação j;

M – Duração da estação de aquecimento, em meses (RCCTE, Anexo III, Quadro III.1).

Na equação 1, o valor de Asnj deve ser calculado vão a vão, ou por grupo de vãos com características

idênticas de protecção e incidência da radiação solar, de acordo com a equação 2:

𝐴𝑠 = 𝐴.𝐹𝑠 .𝐹𝑔 .𝐹𝑤 .𝑔┴ (Eq. 2)

Em que:

A – Área total do vão envidraçado, incluindo vidro e caixilho (m2);

Fs – Factor de obstrução (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.3.3);

Fg – Fracção envidraçada (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.3.4);

Fw – Factor de correcção devido à variação das propriedades do vidro com ângulo de incidência da radiação

solar (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.3.5);

g┴ - Factor solar do vão envidraçado para a radiação incidente na perpendicular ao envidraçado, tendo em

consideração eventuais dispositivos de protecção solar (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.3.2).

O factor de obstrução (Fs), representa a redução na radiação solar que incide no vão envidraçado

devido ao sombreamento permanente causado por diferentes obstáculos (RCCTE, Anexo IV, Secção

4.3.2). Este pode ser traduzido segundo a equação 3:

𝐹𝑠 = 𝐹𝑕 .𝐹𝑜 .𝐹𝑓 (Eq. 3)

Onde:

Fh – Factor de sombreamento do horizonte por obstruções longínquas exteriores ao edifício ou por outros

elementos do edifício;

Fo – Factor de sombreamento por elementos horizontais sobrepostos ao envidraçado;

Fh – Factor de sombreamento por elementos verticais adjacentes ao envidraçado.

Neste sentido, a equação detalhada que permite o cálculo dos ganhos solares brutos para a estação

de aquecimento é composta pela equação 4.

𝑄𝑠 = 𝐺𝑠𝑢𝑙 . [𝑗 𝑋𝑗 . 𝐴 .𝐹𝑕 .𝐹𝑓 .𝐹𝑔 .𝐹𝑤 .𝑔┴]𝑛 .𝑀 (Eq. 4)

Na estação de arrefecimento, no cálculo dos ganhos solares brutos adopta-se a mesma metodologia

definida para a estação de arrefecimento, através da equação 5 (RCCTE, Anexo V, Secção 2.3)

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𝑄𝑠 = [𝑗 𝐼𝑟𝑗 . (𝐴 .𝐹𝑕 .𝐹𝑜 .𝐹𝑓 .𝐹𝑔 .𝐹𝑤 .𝑔┴)𝑛𝑗 ]𝑛 (Eq. 5)

onde Ir consiste na energia solar incidente nos envidraçados por orientação j, enquanto que as

demais variáveis tomam o mesmo significado descrito nas equações 2 e 3.

Devido aos diferentes ângulos de incidência da radiação solar resultantes das estações de

aquecimento e de arrefecimento, os factores referidos nas equações anteriores podem não tomar os

mesmos valores. Outro aspecto que altera os parâmetros referidos, prende-se com a utilização de

protecções solares móveis, tornando-se necessário o cálculo individualizado dos mesmos nas

estações de aquecimento e de arrefecimento.

3.2.2.1 Factores solares na estação de aquecimento

Nesta subsecção são abordados os factores solares para a estação de aquecimento, definindo-se o

conteúdo de cada factor referido.

Começando pelo factor de sombreamento do horizonte (Fh), o sombreamento provocado num vão

envidraçado por outras construções ou de carácter natural, depende de vários parâmetros como o

ângulo de horizonte (α), a orientação solar, clima local, a latitude do edifício e a duração da estação

de aquecimento (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.3.3 a)).

O ângulo de horizonte (α), define-se como o ângulo entre o plano horizontal e a recta que passa pelo

centro do envidraçado, considerando o ponto mais alto da maior obstrução existente entre dois

planos verticais que fazem 60º para cada um dos lados da normal ao envidraçado, tal como

representado nas Figuras 5 e 6 (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.3.3 a)).

Figura 5 - Esquema de implantação dos edifícios e obstruções a considerar (Camelo et al, 2006)

Page 26: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

13

Figura 6 - Vista lateral (alçados) dos edifícios e determinação do ângulo de horizonte - α (Camelo et al, 2006)

Quando a informação sobre as obstruções previsíveis no projecto é insuficiente ou inexistente,

devem-se adoptar valores de ângulos de horizonte correspondentes a 45º em zonas urbanas e 20°

em zonas rurais (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.3.3 a)).

Depois de determinado o ângulo de horizonte (α), recorre-se à Tabela IV.5 do Anexo IV do RCCTE,

de modo obter-se o valor do factor de sombreamento do horizonte (Fh). O cálculo de Fh é feito por vão

envidraçado ou por um conjunto de vãos de características semelhantes. Para ângulos de horizonte

superiores a 45°, adopta-se Fh correspondente ao próprio ângulo de 45° (Camelo et al, 2006).

O factor de sombreamento por elementos horizontais sobrepostos ao vão envidraçado (Fo),

corresponde à percentagem da área do envidraçado que não é sombreada por palas, varandas ou

outros elementos exteriores horizontais ou inclinados em relação ao plano horizontal. Fo depende de

parâmetros como o ângulo de incidência da radiação solar (ângulo de obstrução - α), o comprimento

da obstrução, orientação, latitude e clima local (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.3.3 b)).

Pode-se afirmar que existe uma relação directa entre a geometria do elemento de sombreamento e a

altitude solar, permitindo o cálculo da área que sombreia o vão envidraçado. Para tal, recorre-se ao

ângulo da pala (α), medido a partir do ponto médio do envidraçado, como pode-se ver na Figura 7.

Figura 7 - Exemplos de medição do ângulo α de elementos horizontais sobrepostos ao vão envidraçado (Camelo et al, 2006)

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Ainda relativamente à Figura 7, referir que no caso dos elementos horizontais serem móveis (palas,

estores ou toldos), quando recolhidos, o factor de sombreamento por elementos horizontais (Fo)

também deve ser calculado.

Após a medição do ângulo da pala e da verificação da orientação do vão envidraçado, Fo é obtido por

consulta directa da Tabela IV.6 do Anexo IV do RCCTE. Para ângulos α do elemento horizontal

superiores a 60°, adopta-se o valor de Fo correspondente ao próprio ângulo de 60° (Camelo et al,

2006).

O factor de sombreamento por elementos verticais adjacentes ao vão envidraçado (Ff), corresponde à

percentagem da área do envidraçado que não é sombreada palas verticais opacas ou outros

elementos com efeito semelhante. Ff, tal como Fo , depende de factores como o ângulo de incidência

da radiação solar (ângulo de obstrução - β), o comprimento da obstrução, orientação, latitude e clima

local (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.3.3 b)).

Mais uma vez, verifica-se a relação entre a geometria do elemento de sombreamento e a altitude

solar, permitindo o cálculo da área que sombreia o vão envidraçado. Para tal, recorre-se ao ângulo da

pala vertical (β), medido a partir do ponto médio do envidraçado, como pode-se ver na Figura 8.

Figura 8 - Exemplos de medição do ângulo β de elementos verticais sobrepostos ao vão envidraçado (Camelo et al, 2006)

À semelhança de Fo, os elementos verticais podem ser móveis (palas, portadas ou estores) e quando

recolhidos, Ff também deve ser calculado.

Após a medição do ângulo da pala vertical e da verificação da orientação do vão envidraçado, Ff é

obtido por consulta directa da Tabela IV.7 do Anexo IV do RCCTE. Para ângulos β do elemento

vertical superiores a 60°, adopta-se o valor de Ff correspondente ao próprio ângulo de 60° (Camelo et

al, 2006).

Na situação em que o vão envidraçado não é projectado com palas de sombreamento horizontais ou

verticais, deve considerar-se o produto 𝐹𝑜 .𝐹𝑓 = 0,9 , traduzindo o sombreamento provocado pelo

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15

contorno do vão, uma vez que o vão envidraçado não é habitualmente aplicado no plano da face

exterior da parede (Camelo et al, 2006).

O factor de obstrução (Fs), representa a redução na radiação solar que incide no vão envidraçado,

devido ao sombreamento permanente causado por diferentes obstáculos, entre os quais (RCCTE,

Anexo IV, Secção 4.4.3):

Obstruções exteriores ao edifício causadas por outros edifícios, orografia ou vegetação;

Obstruções criadas por elementos do edifício, nomeadamente, palas, varandas, elementos de

enquadramento do vão externos à caixilharia, entre outros.

O factor de obstrução (Fs) varia entre 0 e 1, consistindo no produto 𝐹𝑕 .𝐹𝑜 .𝐹𝑓 = 𝐹𝑠 . Deste modo,

considerando-se a existência de radiação incidente difusa e reflectida a entrar pelo vão envidraçado,

mesmo na situação em que esteja totalmente sombreado pelo horizonte ou por elementos horizontais

e/ou verticais, o produto do factor de orientação (Xj) do vão envidraçado pelo factor de obstrução (Fs),

não pode ser inferior a 0,27, ou seja, 𝑋𝑗 .𝐹𝑕 .𝐹𝑜 .𝐹𝑓 ≥ 0,27 (Camelo et al, 2006).

A fracção envidraçada (Fg), traduz a redução da transmissão de energia solar associada à existência

da caixilharia, através da relação entre a área envidraçada e a área total do vão envidraçado. Fg pode

ser obtido através da consulta directa do Quadro IV.5 do Anexo IV do RCCTE (RCCTE, Anexo IV,

Secção 4.3.4).

O factor de correcção da selectividade angular do tipo de vidro utilizado (Fw), representa a redução

dos ganhos solares causada pela variação das propriedades do vidro com o ângulo de incidência da

radiação solar directa (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.3.4).

Para vidros correntes simples e duplos, Fw assume o valor 0,9, ou seja, 𝐹𝑤 = 0,9, enquanto que para

outros tipos de envidraçados devem ser utilizados os valores de Fw fornecidos pelos respectivos

fabricantes com base na EN 410 (Camelo et al, 2006).

Finalmente, o factor solar do vão envidraçado (g┴), representa a relação entre a energia solar

transmitida para o interior do vão envidraçado em relação à radiação solar incidente na direcção

normal ao envidraçado (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.3.2).

O factor solar do vão envidraçado (g┴) é condicionado pela utilização de dispositivos móveis de

protecção solar interiores ou exteriores, nomeadamente, persianas, estores, portadas, cortinas, entre

outros. Ao recorrer-se aos dispositivos móveis referidos, admite-se que estes apresentam uma

eficácia razoável em termos de protecção solar (Camelo et al, 2006).

De acordo com o RCCTE, sempre que seja previsível a utilização de dispositivos que normalmente

permanecem fechados durante a estação de aquecimento, estes devem ser considerados no cálculo

do factor solar do vão envidraçado (g┴) (Camelo et al, 2006).

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No estudo térmico de edifícios residenciais, o cálculo de g┴, considera como parâmetro mínimo, no

caso de não estarem definidas outras protecções solares específicas, a existência de protecção

interior baseada em cortinas interiores muito transparentes e de cor clara. Adoptando o critério

referido, os valores de g┴ correspondem a (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.3.2):

g┴ = 0,70, para vidro simples incolor com cortinas interiores muito transparentes;

g┴ = 0,63, para vidro duplo incolor com cortinas interiores muito transparentes.

Para outros tipos de protecções interiores ou exteriores de envidraçados incolores, os valores de g┴

podem ser retirados directamente do Quadro V.4 do Anexo V do RCCTE, consoante o material

protector a utilizar (Camelo et al, 2006).

3.2.2.2 Factores solares na estação de arrefecimento

Nesta subsecção, são abordados os factores solares para a estação de arrefecimento. Estes têm o

mesmo significado que os referidos na estação de aquecimento, no entanto, têm em consideração

que a altitude solar é superior quando comparada com a altitude solar da estação de aquecimento,

influenciando o sombreamento da fachada do edifício, no sentido em que está mais predisposta à

radiação solar. Devido a esta condicionante, serão salientadas as respectivas alterações

relativamente à obtenção dos factores solares na estação de aquecimento.

Para o factor de sombreamento do horizonte (Fh), estipula-se que é igual a 1, ou seja, 𝐹𝑕 = 1.

O factor de sombreamento por elementos horizontais sobrepostos ao vão envidraçado (Fo), pode ser

obtido pela consulta do Quadro V.1 do Anexo V do RCCTE, após o conhecimento do ângulo da pala

(α) e a respectiva orientação do vão envidraçado.

Tal como na situação de Inverno, para protecções móveis horizontais, nomeadamente, toldos, palas

reguláveis, entre outros, considera-se que este tipo de protecções apresentam grande eficácia na sua

utilização, tendo como objectivo a minimização de ganhos solares. Neste caso, admite-se que Fo

possa ser obtido pela seguinte soma ponderada (Camelo et al, 2006):

Fo =

70% do valor de Fo obtido por consulta do Quadro V.1 na posição de totalmente activada;

+

30% do valor de Fo obtido por consulta do Quadro V.1 na posição de totalmente desactivada.

O factor de sombreamento por elementos verticais adjacentes ou sobrepostos ao vão envidraçado

(Ff), pode ser obtido pela consulta do Quadro V.2 do Anexo V do RCCTE, após o conhecimento do

ângulo da pala vertical (β) e a respectiva orientação do vão envidraçado.

À semelhança do caso de Fo, admite-se que o factor de sombreamento por elementos verticais

móveis (Ff), possa ser obtido pela seguinte soma ponderada (Camelo et al, 2006):

Page 30: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

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Ff =

70% do valor de Ff obtido por consulta do Quadro V.2 na posição de totalmente activada;

+

30% do valor de Ff obtido por consulta do Quadro V.2 na posição de totalmente desactivada.

Referir também que quando o vão envidraçado não for projectado com palas de sombreamento

horizontais ou verticais, deve considerar-se o produto 𝐹𝑜 .𝐹𝑓 = 0,90 , traduzindo o sombreamento

provocado pelo contorno do vão, uma vez que não é habitualmente aplicado no plano da face exterior

da parede (Camelo et al, 2006).

O parâmetro de fracção envidraçada (Fg), não sofre alteração durante o ano, podendo ser obtido

directamente pelo Quadro IV.5 do Anexo IV do RCCTE.

O factor de correcção da selectividade angular de vidros simples e duplos (Fw) é obtido pela consulta

do Quadro V.3 do Anexo V do RCCTE. Para outros tipos de vidros devem ser utilizados os valores de

Fw fornecidos pelos respectivos fabricantes com base na EN 410 (Camelo et al, 2006).

Finalmente, o factor solar do vão envidraçado (g┴), obtêm-se pela seguinte soma ponderada (Camelo

et al, 2006):

g┴ =

30% do valor do factor solar do vidro incolor (g┴v) sem qualquer dispositivo de protecção solar, para

as soluções correntes de vidros simples e duplos, obtido por consulta da Tabela IV.4.1 do Anexo IV;

+

70% do factor solar do vidro incolor com protecção solar activada a 100% (g┴100%) para soluções

correntes de dispositivos de protecção interior ou exterior e de vidro incolor simples ou duplo, por

consulta do Quadro V.4 do Anexo V.

Ainda relativamente a g┴, considera-se como parâmetro mínimo no caso de não estarem definidas

outras protecções solares específicas, a existência de protecção interior baseada em cortinas

interiores muito transparentes e de cor clara.

3.3 Parâmetros de caracterização térmica

O coeficiente de transmissão térmica superficial (U), corresponde à quantidade de calor por unidade

de tempo que atravessa uma superfície de área unitária desse elemento da envolvente por unidade

de diferença de temperatura entre os ambientes que ele separa (RCCTE, Anexo II, Definições),

sendo calculado pela equação 6 (RCCTE, Anexo VII, Secção 1.1):

𝑈 =1

𝑅𝑠𝑖+ 𝑅𝑗+𝑅𝑠𝑒𝑗 (Eq. 6)

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Em que:

Rj - Resistência térmica da camada j (m2.ºC/W);

Rsi, Rse - Resistências térmicas superficiais interior e exterior, respectivamente, (m2.ºC/W).

O cálculo do coeficiente de transmissão térmica superficial (U) de um elemento da envolvente,

depende de factores construtivos, nomeadamente, se consiste num elemento construído por

camadas homogéneas ou heterogéneas e se considera a inclusão ou não de espaços de ar entre

camadas (Camelo et al, 2006).

No RCCTE, Anexo VII, Secção 1.2 e 1.3, sintetizam-se os valores de referência das resistências

térmicas a adoptar nas situações correntes encontradas nos edifícios, nomeadamente ao nível das

fachadas, pavimentos, e coberturas horizontais e inclinadas.

Outra fonte de informação útil, encontra-se presente na publicação do LNEC Coeficientes de

Transmissão Térmica de Elementos da Envolvente dos Edifícios – Versão actualizada de 2006,

apresentando valores da condutibilidade térmica dos materiais correntes de construção e das

resistências térmicas das camadas não-homogéneas mais utilizadas. Nessa publicação, indicam-se

ainda os valores do coeficiente de transmissão térmica em superfície (U) das soluções mais comuns

como paredes, pavimentos e coberturas de edifícios (Camelo et al, 2006).

De acordo com o RCCTE, no caso dos espaços não-úteis, ou seja, espaços que não têm

necessidade de aquecimento e que separaram espaços interiores do ambiente exterior, o cálculo das

trocas térmicas é realizada na fronteira do espaço útil com o espaço não-útil (Camelo et al, 2006).

No cálculo do coeficiente de transmissão térmica superficial (U) de elementos que separam um

espaço útil interior de um espaço não-útil, devem ser adoptados os valores das resistências

superficiais exteriores (Rse), iguais às resistências superficiais interiores (Rsi). Deste modo, a equação

6 sofre alterações, passando a ser expressa pela equação 7:

𝑈 =1

𝑅𝑠𝑖+ 𝑅𝑗+𝑅𝑠𝑖𝑗 (Eq. 7)

Um caso bastante recorrente, consiste no cálculo de espaços não-úteis aplicado a coberturas

inclinadas sobre desvão não-habitado. A Figura 9 representa esquematicamente quais as

resistências térmicas das camadas a considerar no cálculo de U da cobertura referida (Camelo et al,

2006).

Page 32: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

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Figura 9 - Representação esquemática de um desvão de cobertura não-habitado (Fonte: Camelo et al, 2006)

Legenda da Figura 9:

1 – Revestimento exterior da cobertura + laje inclinada (espaço exterior);

2 – Desvão não-habitado (espaço não-útil);

3 – Esteira horizontal + isolamento térmico (limite entre espaço não útil e espaço útil interior);

4 – Espaço útil interior.

Referir ainda que no cálculo do coeficiente de transmissão térmica superficial (U) do desvão não-

habitado, tem-se em consideração a utilização do coeficiente de redução das perdas térmicas para

locais não-aquecidos (𝜏), podendo ser obtido através da consulta da Tabela IV.1 do Anexo IV do

RCCTE. O coeficiente 𝜏 será abordado com maior pormenor na subsecção 3.6.2.

3.4 Pontes Térmicas

Segundo o novo RCCTE, as principais perdas térmicas ocorrem nos pontos singulares da envolvente

do edifício, sendo contabilizadas individualmente através de coeficientes de transmissão térmica

lineares (Ψ), em W/m.°C.

Matematicamente, as pontes térmicas lineares são calculadas pelo produto do valor do coeficiente Ψ

pelo desenvolvimento linear (comprimento) da ponte térmica, o qual deve ser medido pelo interior

(Camelo et al, 2006).

Comparativamente com o antigo regulamento, no novo RCCTE são estipulados mais locais onde

podem ocorrer pontes térmicas na envolvente, consistindo nos seguintes casos (Camelo et al, 2006):

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Pontes térmicas lineares devidas ao contacto pavimentos térreos e de paredes com o terreno;

Ligação da fachada com pavimentos sobre locais não-aquecidos ou exteriores;

Ligação da fachada com pavimentos intermédios;

Ligação da fachada com cobertura inclinada ou em terraço;

Ligação da fachada com varanda;

Ligação entre duas paredes verticais;

Ligação da fachada com caixa de estore;

Ligação da fachada com padieira, ombreira ou peitoril.

Os locais onde podem ocorrer pontes térmicas, assim como os valores de transmissão térmica

lineares (Ψ) a adoptar, podem ser consultados pelas Tabelas IV.2 e IV.3 do Anexo IV do RCCTE. Em

alternativa, os coeficientes Ψ podem ser determinados de acordo com as metodologias descritas nas

normas europeias EN 13370 e EN ISO 10211-1 (Camelo et al, 2006).

Contudo, para as situações mais comuns acima indicadas, os valores dos coeficientes de Ψ podem

ser adoptados por defeito, no sentido de facilitar a quantificação das pontes térmicas lineares. Um

exemplo disso é a adopção do valor convencional de Ψ = 0,5 W/m.ºC, nos casos não considerados

pelas Tabelas IV.2 e IV.3 do Anexo IV do RCCTE. No entanto, esta situação não será a mais

indicada, visto ser importante quantificar Ψ com a maior precisão possível.

3.5 Taxas de renovação de ar

Por razões de higiene e de conforto dos ocupantes, é necessário que os edifícios sejam ventilados

em permanência por um caudal mínimo de ar. Neste sentido, o edifício ou fracção autónoma, deve

possuir características construtivas ou dispositivos apropriados de modo a garantir, por ventilação

natural ou mecânica, um valor mínimo de renovação de ar (RCCTE, Anexo IV; Secção 3.2).

3.5.1 Edifícios ventilados naturalmente

3.5.1.1 Edifícios conformes com a NP 1037

De modo a satisfazer as exigências da NP 1037-1, um edifício ou fracção autónoma deve apresentar

uma taxa de renovação de ar horária nominal (Rph) igual a 0,60 h-1

(RCCTE, Anexo IV; Secção 3.2).

Além do cumprimento das exigências discriminadas na norma referida, existem um conjunto de

disposições construtivas que devem ser implementadas de modo a assegurar as condições de

ventilação natural, tais como (Camelo et al, 2006):

Existência de aberturas de admissão de ar situadas em todos os compartimentos principais;

Existência de disposições que assegurem a passagem de ar dos compartimentos principais

para os compartimentos de serviços;

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21

Existência de aberturas, normalmente condutas, que permitam a evacuação de ar em todos os

compartimentos de serviços.

Inexistência de qualquer dispositivo mecânico de extracção de ar nas instalações sanitárias;

No caso de o único dispositivo de ventilação mecânica presente no edifício ou fracção

autónoma ser o exaustor de cozinha, considera-se que o edifício é ventilado naturalmente.

3.5.1.2 Outros edifícios

Para os restantes edifícios ventilados naturalmente, na obtenção de um valor convencional de Rph, é

necessário determinar-se previamente a respectiva classe de exposição do edifício à acção do vento

(Quadro IV.2, Anexo IV, RCCTE) e definir a permeabilidade ao ar da caixilharia que se pretende

utilizar (RCCTE, Anexo IV, Quadro IV.1).

Na obtenção da classe de exposição do edifício à acção do vento, tem-se em consideração os três

parâmetros seguintes (Quadro IV.2, Anexo IV, RCCTE):

Altura do edifício ou fracção autónoma acima do solo;

Região onde se situa o edifício;

Rugosidade da zona circundante.

Relativamente às regiões onde o edifício se insere, estas dividem-se em A e B. A região A

corresponde a todo o território nacional, excepto os locais pertencentes à região B, enquanto que a

região B inclui a região Autónoma dos Açores e da Madeira e as localidades situadas numa faixa de 5

km de largura junto à costa e/ou de altitude superior a 600 m.

Quanto à rugosidade da zona circundante, esta divide-se em tipo I, II e III (Quadro IV.2, Anexo IV,

RCCTE):

Rugosidade I - Edifícios situados no interior de uma zona urbana;

Rugosidade II - Edifícios situados na periferia de uma zona urbana ou numa zona rural;

Rugosidade III - Edifícios situados em zonas muito expostas (sem obstáculos que atenuem o

vento).

A classe de permeabilidade ao ar da caixilharia prevista, deve ser comprovada por resultados

efectuados em laboratório acreditado como o LNEC, sobre o protótipo representativo da série

comercial a que a caixilharia pertence. Esta é definida pelo caudal de ar que as atravessa, em função

da diferença de pressão criada entre as suas faces (Camelo et al, 2006).

Na escolha da classe de permeabilidade ao ar da caixilharia, recorre-se ao Quadro IV.1 do Anexo IV,

considerando-se quatro classes de permeabilidade ao ar, apresentadas por ordem crescente de

desempenho (Camelo et al, 2006):

Page 35: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

22

Sem classificação (série de caixilharia não ensaiada ou com permeabilidade ao ar superior ao

máximo admitido para a classe 1);

Classe 1;

Classe 2;

Classe 3.

Para se garantir um bom desempenho da caixilharia em termos de permeabilidade do ar, além de

considerar-se a classe a que pertence, deve-se ter em conta o modo de execução e a aplicação em

obra do aparelho em causa.

Quanto menor for a permeabilidade ao ar dos vãos envidraçados, maiores devem ser as

preocupações relativas à ventilação, de modo a serem minimizadas situações em que ocorram

condensações dos elementos da envolvente, garantindo assim uma boa qualidade do ar interior.

Outros parâmetros que devem-se ter em consideração na obtenção de um valor convencional de Rph,

correspondem à existência ou não de caixas de estore nos vãos envidraçados e de dispositivos de

admissão de ar nas fachadas (RCCTE, Anexo IV, Quadro IV.1).

Os valores convencionais de Rph podem sofrer eventuais correcções, de acordo com os seguintes

parâmetros (RCCTE, Anexo IV, Notas ao Quadro IV.1):

Características das aberturas de ventilação;

Área relativa dos vãos envidraçados;

Tipo de vedação prevista para as portas.

Relativamente às características das aberturas de ventilação, se estas não possuírem um mecanismo

de auto-regulação, permitindo a variação excessiva do caudal de ar (variações de caudal mais do que

1,5 vezes para diferenças de pressão entre 20 Pa e 200 Pa), pressupõe-se um aumento das perdas e

dos ganhos por renovação de ar. Nestas condições, os valores convencionais das taxas de

renovação de ar (Rph) do Quadro IV.1 do Anexo IV, devem ser agravados de 0,10 h-1

, ou seja, como

se não existissem dispositivos de admissão de ar (RCCTE, Anexo IV, Notas ao Quadro IV.1).

No que diz respeito à área relativa dos vãos envidraçados, quanto maior for a sua área, maior será o

comprimento das juntas fixas ou móveis através das quais ocorre uma parte significativa da

renovação de ar no interior do edifício. Os valores convencionais de Rph indicados no Quadro IV.1 do

Anexo IV, foram estabelecidos admitindo-se uma área máxima de vãos envidraçados (Aenv) igual a

15% da área útil de pavimento (Ap). Nestas circunstâncias, os valores de Rph devem ser agravados de

0,10 h-1

, se a percentagem relativa de área de vãos envidraçados for excedida a 15% (RCCTE,

Anexo IV, Notas ao Quadro IV.1).

Finalmente, o tipo de vedação prevista para as portas pode originar uma redução da taxa de Rph se

as juntas móveis de todas as portas exteriores do edifício ou fracção autónoma forem bem vedadas

pela aplicação de borrachas ou material semelhante que funcione como isolante. O RCCTE admite a

possibilidade de se reduzir os valores de Rph indicados no Quadro IV.1 do Anexo IV em 0,05 h-1

, para

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23

edifícios não-conformes com a NP 1037-1, cujas portas exteriores disponham do tipo de vedação

referido (Camelo et al, 2006).

3.5.2 Edifícios ventilados mecanicamente

Em alternativa à ventilação natural, a renovação de ar de um edifício ou fracção autónoma é

assegurada por sistemas mecânicos. O tipo de ventilação em causa, deve incluir não só os caudais

de ar correspondentes à ventilação mecânica, mas também aos de ventilação natural, podendo este

último ser de maior ou menor volume comparativamente ao primeiro, dependendo das situações.

Nesta dissertação, não se abordarão os conceitos de ventilação mecânica em edifícios, recorrendo-

se exclusivamente à ventilação natural dos edifícios referidos nos casos de estudo.

3.6 Requisitos da qualidade térmica na envolvente de edifícios

No Anexo IX do RCCTE, verifica-se a obrigatoriedade do cumprimento de requisitos mínimos em

termos da qualidade térmica dos elementos da envolvente. Nas subsecções seguintes, serão

abordados em maior detalhe, os parâmetros relacionados com a qualidade térmica.

3.6.1 Inércia térmica

A inércia térmica interior de uma fracção autónoma (It), consiste na capacidade de armazenamento e

restituição de calor a elementos construtivos, como paredes, pavimentos, coberturas (RCCTE, Anexo

VII, Secção 2.1).

A inércia térmica interior (It), depende da massa superficial útil (Msi) por unidade de área útil de

pavimento (Ap), quer ao nível dos elementos interiores ou da envolvente dessa fracção, podendo ser

calculada a partir equação 8 (Camelo et al, 2006).

𝐼𝑡 = 𝑀𝑠𝑖 . 𝑆𝑖

𝐴𝑝 (Eq. 8)

Em que:

Msi - Massa superficial útil do elemento i (kg/m2);

Si - Área da superfície interna do elemento i (m²);

Ap - Área útil de pavimento (m²).

A massa superficial útil do elemento (Msi), ou seja, a massa por unidade de área do próprio elemento,

depende dos seguintes pormenores (Camelo et al, 2006):

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24

Localização no edifício, podendo estar em contacto com o ambiente exterior, com espaços

não-úteis, com outras fracções autónomas ou com o terreno. Também pode localizar-se no

interior da fracção autónoma;

Constituição da sua massa superficial, nomeadamente do posicionamento de uma eventual

solução de isolamento térmico (interior, exterior ou intermédia);

Características térmicas do respectivo revestimento superficial interior.

No Quadro 1, estipulam-se os valores máximos de Msi a considerar em função de três casos

genéricos de localização dos elementos de construção no edifício ou fracção autónoma,

correspondendo a (Camelo et al, 2006):

Elementos em contacto com o ambiente exterior, outras fracções autónomas ou espaços não-

úteis (EL1);

Elementos em contacto com o solo (EL2);

Elementos de compartimentação interior da fracção autónoma (EL3).

Quadro 1 - Valores máximos de Msi em função dos elementos de construção no edifício

Localização dos elementos de construção no edifício

Valores Máximos de Msi (kg/m2) a considerar no cálculo de It

Com isolamento Sem isolamento

EL1 𝑀𝑠𝑖 = mi e 𝑀𝑠𝑖 ≤ 150 𝑀𝑠𝑖 = mt/2 e 𝑀𝑠𝑖 ≤ 150

EL2 𝑀𝑠𝑖 = mi e 𝑀𝑠𝑖 ≤ 150 𝑀𝑠𝑖 = 150

EL3 𝑀𝑠𝑖 = mi e 𝑀𝑠𝑖 ≤ 300

Fonte: Camelo et al, 2006

Referir ainda que no Quadro 1, as abreviações mi e mt, representam a massa interior do isolamento

térmico e massa total. Os parâmetros referidos, podem ser obtidos em publicações do LNEC,

nomeadamente na Caracterização Térmica de Paredes de Alvenaria - ITE 12 e Caracterização

térmica de Pavimentos Pré-Fabricados - ITE 11, em tabelas técnicas ou em documentação técnica

competente dos respectivos fabricantes (Camelo et al, 2006).

Os elementos de construção da envolvente tem em consideração as soluções de isolamento térmico

que podem ser interior, exterior ou intermédia, condicionando desta forma o valor sua massa

superficial útil. Nas Figuras VII.2 a VII.6 do Anexo VII do RCCTE, estão representados alguns dos

elementos mais comuns da envolvente.

As camadas constituintes do elemento construtivo são consideradas como soluções de isolamento

térmico, quando estas possuem uma resistência térmica igual ou superior a 0,30 m2.°C/W.

Através do cálculo da inércia térmica interior, obtêm-se a classe de inércia onde se insere o edifício

ou fracção autónoma, estando no Quadro 2 sintetizados os valores limites de It.

Quadro 2 - Classes de inércia térmica interior (It)

Classe de Inércia Massa superficial útil por metro quadrado

da área útil de pavimento, It (kg/m2)

Fraca 𝐼𝑡 < 150

Média 150 < 𝐼𝑡 < 400

Forte 𝐼𝑡 > 400

Fonte: RCCTE, Anexo VII, Quadro VII.6

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25

De modo geral, pode referir-se que uma boa inércia térmica permite ao edifício ou à fracção

autónoma um bom desempenho térmico e energético, proporcionando um aproveitamento eficaz dos

ganhos úteis na estação de aquecimento e minimizando o risco de sobreaquecimento durante a

estação de arrefecimento (Camelo et al, 2006).

3.6.2 Envolvente opaca

O coeficiente de transmissão térmica superficial da zona corrente da envolvente opaca (U),

estabelece valores máximos toleráveis para as três zonas climáticas de Inverno (I1, I2, I3) e para o

tipo de elemento da envolvente em zona corrente, nomeadamente, para paredes, coberturas,

pavimentos sobre o exterior ou sobre locais não-aquecidos. Desta forma, surge a necessidade de

caracterizar os tipos de envolventes referidos (Camelo et al, 2006):

Envolvente Exterior: conjunto de elementos do edifício ou da fracção autónoma que definem a

fronteira entre o espaço útil interior e o ambiente exterior;

Envolvente Interior: fronteira entre a fracção autónoma e ambientes normalmente não-

climatizados (garagens, marquises, armazéns, sótãos, caves não habitadas, etc.) e ainda

fracções autónomas em edifícios adjacentes.

No Quadro IX.1 do Anexo IX do RCCTE, estão patentes os valores máximos admissíveis de U em

W/m2.ºC. Um pormenor a ter em conta, prende-se com o facto de este não se aplicar a paredes ou

pavimentos em contacto com o solo, ou a espaços não-úteis em contacto com o ambiente exterior,

devido às fronteiras referidas não apresentarem requisitos térmicos (Camelo et al, 2006).

Os requisitos térmicos referentes à envolvente interior são considerados como menos exigentes

comparados com os da envolvente exterior, devido às trocas térmicas entre o espaço útil e o espaço

não-útil serem normalmente inferiores às trocas térmicas com o exterior, uma vez que a temperatura

do ar nos espaços não-úteis (θa), apresenta valores intermédios entre a temperatura da zona útil (θi) e

a temperatura do ar exterior (θatm).

Para exemplificar o que foi referido, apresentam-se as Figuras 10, 11 e 12 que demonstram exemplos

da localização dos diferentes tipos de envolventes.

Na Figura 10, verificam-se duas fracções autónomas de um edifício, em que na fracção autónoma A

percepciona-se a localização da envolvente exterior (a vermelho), a envolvente interior (a verde), a

envolvente sem requisitos térmicos devido a estar em contacto com o solo (a azul) e a envolvente

sem requisitos térmicos devido a ser um espaço que separa duas fracções autónomas localizadas no

mesmo edifício (a amarelo).

Page 39: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

26

Figura 10 - Elementos da envolvente da fracção autónoma A confinante com a fracção autónoma B no edifício A (Camelo et al, 2006)

Na Figura 11, verificam-se duas fracções autónomas de edifícios distintos, onde no edifício A

percepciona-se a localização da envolvente exterior (a vermelho), a envolvente interior (a verde) e a

envolvente sem requisitos térmicos devido a estar em contacto com o solo (a azul).

Figura 11 - Elementos da envolvente da fracção autónoma do edifício A confinante com a fracção autónoma do edifício B (Camelo et al, 2006)

A Figura 12, adaptada da Figura 11 pela necessidade de enaltecer o pormenor denominado Z,

considera que o espaço em causa engloba-se na envolvente interior da fracção autónoma do edifício

A, devido a separar duas fracções autónomas de edifícios adjacentes. Neste caso especifico, o

interior da fracção autónoma do edifício A comporta-se como um espaço útil, enquanto que a fracção

autónoma do edifício B comporta-se como um espaço não-útil, em que a parede Z consiste na entre o

espaço útil e o espaço não-útil relativamente ao edifício A.

Page 40: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

27

Figura 12 - Elemento da envolvente interior da fracção autónoma do edifício A confinante com a fracção autónoma do edifício B (Camelo et al, 2006)

A ocorrência especificada na Figura 13, obriga ao cálculo do coeficiente de redução das perdas

térmicas para locais não-aquecidos (𝜏 ), numa situação em que se pretenda calcular as perdas

térmicas associadas à área a verde.

Tal como já foi referido, a temperatura do ar nos espaços não-úteis (θa), apresenta valores

intermédios entre a temperatura da zona útil (θi) e a temperatura do ar exterior (θatm). Obtido θa, θi e

θatm, 𝜏 pode ser calculado pela equação 9 (RCCTE, Anexo IV, Secção 2.1.2):

𝜏 =𝜃𝑖−𝜃𝑎

𝜃𝑖−𝜃𝑎𝑡𝑚 (Eq. 9)

Segundo o RCCTE, dada a dificuldade em conhecer com precisão o valor de θa, admite-se que 𝜏

pode tomar os valores convencionais indicados na Tabela IV.1 do Anexo IV, para várias situações

comuns de espaços não-aquecidos, calculados com base nos valores de referência dos coeficientes

de transmissão térmica da envolvente (U).

Os valores convencionais de 𝜏 têm em consideração os seguintes factores (Camelo et al, 2006):

A relação Ai/Au, entre as áreas do elemento que separa o espaço útil interior do espaço não-

útil e do elemento que separa o espaço não-útil do ambiente exterior;

O índice de renovação de ar do espaço não-útil.

Neste sentido, o parâmetro 𝜏 permite o cálculo das perdas térmicas associadas à envolvente interior,

em espaços não-úteis como circulações comuns, espaços comerciais, armazéns, garagens, varandas

e marquises fechadas e desvãos não-habitados sob coberturas inclinadas.

3.6.3 Vãos envidraçados

Os requisitos regulamentares para os vãos envidraçados, são expressos em termos do factor solar

dos vãos envidraçados horizontais e verticais (g┴) (Camelo et al, 2006).

Page 41: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

28

Os requisitos regulamentares são aplicados a vãos envidraçados não orientados a Norte (entre

Noroeste e Nordeste), com área total superior a 5% da área útil de pavimento (Ap) do espaço onde se

inserem.

Pela Secção 3 do Anexo IX do RCCTE, nenhum vão envidraçado da envolvente com uma área

superior à referida, pode apresentar um factor solar (g┴) em que o seu dispositivo de protecção activo

a 100%, exceda os valores indicados no Quadro IX.2. Estes valores são expressos em função da

zona climática de Verão (V1, V2 e V3) onde se localiza o edifício e a sua inércia térmica.

3.7 Requisitos energéticos

3.7.1 Cálculo das necessidades energéticas

De modo a cumprir os parâmetros estabelecidos pelo RCCTE ao nível dos requisitos energéticos, o

regulamento desenvolveu métodos de cálculo detalhados, focados nas necessidades nominais

anuais de energia útil de aquecimento (Nic), de arrefecimento (Nvc), de energia para preparação de

AQS (Nac) e de energia primária (Ntc) (RCCTE, Cap. 2, Art. 4º, Secção 2).

Os parâmetros energéticos referidos no parágrafo anterior, não podem exceder o valor máximo

admissível correspondente às necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento (Ni)

(RCCTE, Cap. 3, Art. 5º, Secção 1), de arrefecimento (Nv) (RCCTE, Cap. 3, Art. 6º, Secção 1), de

preparação de AQS (Na) (RCCTE, Cap. 3, Art. 7º, Secção 1) e de energia primária (Nt) (RCCTE,

Cap. 3, Art. 8º, Secção 1), sob pena de não cumprimento do regulamento.

Segundo os autores Camelo et al (2006), as Nic e Nvc não traduzem as necessidades energéticas

reais de uma fracção autónoma, podendo ocorrer diferenças substanciais, quer por excesso, quer por

defeito, entre as condições reais de funcionamento e as admitidas ou convencionadas como as de

referência. Valores elevados das Nic e / ou Nvc, indiciam que será necessário recorrer a maiores

gastos energéticos na obtenção das condições de conforto térmico ideais, ou seja, quanto maiores

forem os seus valores, mais frios e mais quentes serão os edifícios no Inverno e no Verão,

respectivamente. No cálculo das Nic e Nvc, são tidos em conta os fenómenos descritos nos Quadros

3 e 4.

Nas subsecções seguintes, serão abordados os métodos de cálculo relativos às necessidades

energéticas, nomeadamente, para as Nic, Nvc, Nac e Ntc e os respectivos valores máximos

admissíveis Ni, Nv, Na e Nt.

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29

Quadro 3 - Fenómenos relativos às Necessidades de Aquecimento (Nic)

Perd

as Transmissão

Envolvente exterior e envolvente interior: paredes, pavimentos, coberturas, vãos envidraçados

Pontes térmicas lineares e planas: Ligação entre paredes verticais

Ligação da fachada com pavimentos: térreos, interiores, exteriores, intermédios

Ligação da fachada com: cobertura inclinada ou terraço, padieira, ombreira ou peitoril, varanda, caixa de estore

Ventilação Natural ou mecânica

Gan

ho

s Internos

Ocupantes Equipamentos Iluminação

Solares Vãos envidraçados

Fonte: Camelo et al, 2006

Quadro 4 - Fenómenos relativos às Necessidades de Arrefecimento (Nvc)

Perd

as Transmissão

Envolvente exterior: paredes, pavimentos, coberturas, pontes térmicas planas e vãos envidraçados

Ventilação Natural ou mecânica

Gan

ho

s

Internos Ocupantes Equipamentos Iluminação

Solares

Vãos envidraçados

Elementos opacos exteriores

Fonte: Camelo et al, 2006

3.7.2 Necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento (Nic)

As necessidades nominais de aquecimento (Nic), são calculadas mediante a duração convencional

da estação de aquecimento, correspondendo à energia útil necessária para manter a temperatura de

referência constante no interior do edifício ou fracção autónoma (RCCTE, Anexo IV, Secção 1).

Segundo o regulamento, a manutenção da temperatura de referência (20ºC), não representa

necessariamente o consumo real dessa da fracção autónoma, já que em geral, os seus ocupantes

não impõem permanentemente situações iguais às de referência, podendo mesmo ocorrer diferenças

substanciais, quer por excesso, quer por defeito, entre as condições reais de funcionamento e as

admitidas ou convencionadas como as de referência (RCCTE, Anexo IV, Secção 1).

No entanto, o método de cálculo das Nic, além de prever as necessidades energéticas reais de um

edifício ou fracção autónoma, possibilita a comparação de edifícios desde a fase de licenciamento, do

ponto de vista do comportamento térmico (RCCTE, Anexo IV, Secção 1).

O método de cálculo descrito mais abaixo, foi baseado na norma europeia EN ISO 1370, adaptado à

realidade de construção e à prática de utilização dos edifícios em Portugal. Uma das simplificações

Page 43: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

30

verificadas no cálculo das Nic, passa pela consideração do comportamento do edifício ou fracção

autónoma ser encarada como um todo e mantido permanentemente à mesma temperatura de

referência (RCCTE, Anexo IV, Secção 1).

No interior das fracções autónomas, a situação ideal passa pela manutenção da temperatura de

referência através de ganhos internos e solares, de modo a minimizarem-se os gastos energéticos.

No entanto, quando a temperatura interior sobe acima do valor de referência, muitas vezes devido a

excesso de ganhos internos e solares, ocorre um sobreaquecimento do meio interior, o que pode ser

indesejável ou inútil, consistindo em ganhos não-úteis. A Figura 13 traduz esquematicamente o que

foi referido (Camelo et al, 2006).

Figura 13 - Evolução da temperatura interior com e sem ganhos de calor e necessidades de aquecimento (Camelo et al, 2006)

As Nic resultam do somatório de três parcelas, de acordo com a equação 10 (RCCTE, Anexo IV,

Secção 1).

𝑁𝑖𝑐 =(𝑄𝑡+𝑄𝑣−𝑄𝑔𝑢 )

𝐴𝑝 (Eq. 10)

Em que:

Nic - Necessidades nominais de aquecimento (kWh/m2.ano);

Qt - Perdas de calor por condução através da envolvente do edifício (W/ºC);

QV - Perdas de calor resultantes da renovação de ar (W/ºC);

Qgu - Ganhos de calor úteis, resultantes da iluminação, dos equipamentos, dos ocupantes e dos ganhos solares

através dos envidraçados (kWh/ano);

Ap - Área útil de pavimento do edifício/fracção autónoma (m2).

As parcelas relacionadas com as perdas e ganhos de calor (Qt, Qv e Qgu), apresentam-se em regime

instacionário, no entanto, devem ser abordadas em regime permanente já que são integradas ao

longo da estação de aquecimento. Neste sentido, os efeitos instacionários são compensados e

podem ser desprezados (RCCTE, Anexo IV, Secção 1).

Page 44: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

31

3.7.2.1 Perdas de calor por condução através da envolvente (Qt)

Na estação de aquecimento, as perdas de calor por condução através da envolvente durante (Qt)

ocorrem ao nível das paredes, envidraçados, cobertura e pavimento, devido à diferença de

temperatura entre o interior e o exterior do edifício, através da soma de quatro parcelas segundo a

equação 11 (RCCTE, Anexo IV, Secção 2).

𝑄𝑡 = 𝑄𝑒𝑥𝑡 + 𝑄𝑙𝑛𝑎 + 𝑄𝑝𝑒 + 𝑄𝑝𝑡 (Eq. 11)

Em que:

Qt - Perdas de calor por condução através da envolvente (W/ºC);

Qext – Perdas de calor pelas zonas correntes das paredes, envidraçados, coberturas e pavimentos em contacto

com o exterior (W/ºC);

Qlna – Perdas de calor pelas zonas correntes das paredes, envidraçados e pavimentos em contacto com locais

não aquecidos (W/ºC);

Qpe – Perdas de calor pelos pavimentos e paredes em contacto com o solo (W/ºC);

Qpt – Perdas de calor pelas pontes térmicas lineares existentes no edifício (W/ºC).

As perdas de calor pelas zonas correntes de paredes, pontes térmicas planas, envidraçados,

coberturas e pavimentos em contacto com o exterior (Qext), são calculadas em cada momento para

cada um desses elementos. A energia necessária para compensar essas perdas em cada elemento

da envolvente exterior é apresentada pela equação 12 (RCCTE, Anexo IV, Secção 2.1.1).

𝑄𝑒𝑥𝑡 = 0,024 . 𝑈𝑗 .𝐴𝑗 .𝐺𝐷𝑗 (Eq. 12)

Em que:

Qext – Perdas de calor pelas zonas correntes das paredes, envidraçados, coberturas e pavimentos em contacto

com o exterior (W/ºC);

Uj – Coeficiente de transmissão térmica do elemento j da envolvente opaca ou envidraçada (W/m2.ºC);

Aj – Área do elemento j da envolvente medida pelo interior (m2);

GD – Número de graus-dias da localidade em que o edifício se situa (ºC.dias).

As perdas de calor pelas zonas correntes das paredes, envidraçados e pavimentos em contacto com

locais não-aquecidos (Qlna), incidem sobre elementos como armazéns, arrecadações, garagens,

corredores, escadas de acesso dentro do edifício e sótãos não-habitados. A energia necessária para

compensar essas perdas em cada elemento da envolvente em contacto com um local não-aquecido,

é dada pela equação 13 (RCCTE, Anexo IV, Secção 2.1.2).

𝑄𝑙𝑛𝑎 = 0,024 . 𝑈𝑗 .𝐴𝑗 .𝐺𝐷 . 𝜏𝑗 (Eq. 13)

Em que:

Qlna – Perdas de calor pelas zonas correntes das paredes, envidraçados e pavimentos em contacto com locais

não aquecidos (W/ºC);

Page 45: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

32

Uj – Coeficiente de transmissão térmica do elemento j da envolvente (W/m2.ºC);

Aj – Área do elemento j da envolvente medida pelo interior (m2);

GD – Número de graus-dias da localidade em que o edifício se situa (ºC.dias);

𝜏 – Coeficiente de redução das perdas térmicas para locais não-aquecidos.

As perdas de calor pelos pavimentos e paredes em contacto com o solo traduzem as perdas unitárias

de calor, ou seja, por grau centígrado de diferença de temperatura entre os ambientes interior e

exterior, através dos elementos de construção em contacto com o terreno (Lpe), de acordo com a

equação 14 (RCCTE, Anexo IV, Secção 2.2).

𝐿𝑝𝑒 = 𝛴𝑗 𝜓𝑗 .𝐵𝑗 (Eq. 14)

Em que:

Lpe – Perdas unitárias de calor através dos elementos de construção em contacto com o terreno (W/ºC);

Ψj – Coeficiente de transmissão térmica linear do elemento j em contacto com o terreno ou da ponte térmica

linear j (W/m. ºC);

Bj – Desenvolvimento linear do elemento j em contacto com o terreno ou da ponte térmica linear j medido pelo

interior (m).

O coeficiente de transmissão térmica linear (𝛹), é função da diferença de nível (Z) entre a face

superior do pavimento e a cota do terreno exterior. O valor de Z é negativo se a cota do pavimento for

inferior à do terreno exterior, e positivo caso contrário (Camelo et al, 2006).

Para obtenção do valor do coeficiente de transmissão térmica linear (𝛹), recorre-se às Tabelas IV.2.1

e 2.2 do Anexo IV do RCCTE.

A energia necessária para compensar as perdas lineares em cada elemento da envolvente em

contacto com o solo pode ser obtida pela equação 15 (RCCTE, Anexo IV, Secção 2.3).

𝑄𝑝𝑒 = 0,024 . 𝐿𝑝𝑒 .𝐺𝐷𝑗 (Eq.15)

Em que:

Qpe – Perdas de calor pelos pavimentos e paredes em contacto com o solo (W/ºC);

Lpe – Perdas de calor unitárias através dos elementos de construção em contacto com o terreno (W/ºC);

GD – Número de graus-dias da localidade em que o edifício se situa (ºC.dias).

As perdas térmicas lineares unitárias por grau centígrado de diferença de temperatura entre os

ambientes interior e exterior (Lpt), através das pontes térmicas existentes no edifício, são calculadas

segundo a equação 16 (RCCTE, Anexo IV, Secção 2.3).

𝐿𝑝𝑡 = 𝛴𝑗 𝜓𝑗 .𝐵𝑗 (Eq. 16)

Em que:

Lpt – Perdas de calor lineares unitárias através das pontes térmicas (W/ºC);

Page 46: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

33

Ψj – Coeficiente de transmissão térmica linear do elemento j em contacto com o terreno ou da ponte térmica

linear j (W/m. ºC);

Bj – Desenvolvimento linear do elemento j em contacto com o terreno ou da ponte térmica linear j medido pelo

interior (m).

Para obtenção do valor do coeficiente de transmissão térmica linear (𝛹), recorre-se à Tabela IV.2.3

do Anexo IV do RCCTE.

A energia necessária para compensar as perdas térmicas lineares para cada ponte térmica da

envolvente pode ser obtida pela equação 17 (RCCTE, Anexo IV, Secção 2.3).

𝑄𝑝𝑡 = 0,024 . 𝐿𝑝𝑡 .𝐺𝐷𝑗 (Eq. 17)

Em que:

Qpt – Perdas de calor pelas pontes térmicas lineares (W/ºC);

Lpt – Perdas de calor lineares unitárias através de pontes térmicas (W/ºC);

GD – Número de graus-dias da localidade em que o edifício se situa (ºC.dias).

3.7.2.2 Perdas de calor resultantes da renovação de ar (Qv)

As perdas de calor resultantes da renovação de ar (Qv) correspondem às perdas de calor por unidade

de tempo relativas à renovação do ar interior. Durante a estação de aquecimento, a energia

necessária para compensar estas perdas, é calculada pela equação 18 (RCCTE, Anexo IV, Secção

3.1).

𝑄𝑣 = 0,024 . 0,34 .𝑅𝑝𝑕 .𝐴𝑝 .𝑃𝑑 .𝐺𝐷 . (1 − 𝜂𝑣) (Eq. 18)

Em que:

Qv - Perdas de calor resultantes da renovação de ar (kWh);

Rph – Número de renovações horárias do ar interior (h-1

);

AP – Área útil de pavimento (m2);

Pd – Pé direito (m);

GD – Número de graus-dias da localidade em que o edifício se situa (ºC.dias);

ηv – Rendimento do eventual sistema de recuperação de calor (ηv=0, caso em que não haja recuperador).

3.7.2.3 Ganhos térmicos úteis (Qgu)

Os ganhos térmicos úteis (Qgu) a considerar no cálculo das Nic nos edifícios e fracções autónomas,

resultam de duas fontes (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.1):

Ganhos térmicos associados a fontes internas de calor (Qi), ou seja, os ganhos internos brutos

provenientes da iluminação, utilização de equipamentos e presença dos ocupantes.

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34

Ganhos térmicos associadas ao aproveitamento da radiação solar (Qs), ou seja, os ganhos

solares brutos obtidos através dos envidraçados.

Nem todos os ganhos térmicos totais brutos (Qg) traduzem-se em aquecimento útil do ambiente

interior, ocorrendo por vezes sobreaquecimento interior. Estes são obtidos pelo somatório dos ganhos

internos brutos (Qi) e dos ganhos solares brutos através dos vãos envidraçados (Qs) (RCCTE, Anexo

IV, Secção 4.1).

Os ganhos internos brutos (Qi) incluem qualquer fonte de calor situada no espaço a aquecer, como os

ganhos de calor associadas ao metabolismo dos ocupantes, calor dissipado pelos equipamentos e

dispositivos de iluminação, excluindo o sistema de aquecimento do edifício. Os ganhos de calor

englobados em Qi consideraram-se como constantes durante o tempo de funcionamento do edifício

(RCCTE, Anexo IV, Secção 4.2).

O método de cálculo de Qi baseia-se na equação 19 (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.2).

𝑄𝑖 = 0,72 . 𝑞𝑖 .𝑀.𝐴𝑝 (eq. 19)

Em que:

Qi - Ganhos internos brutos (kWh/ano);

qi - Ganhos térmicos internos médios por unidade de área útil de pavimento (W/m2);

M – Duração média da estação convencional de aquecimento (meses);

Ap – Área útil de pavimento (m2).

Os ganhos térmicos internos médios por unidade de área útil de pavimento (qi) são obtidos

directamente do Quadro IV.3 do Anexo IV do RCCTE, ou adoptados valores diferentes dos presentes

no quadro referido, desde que sejam devidamente justificados (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.2).

Os ganhos solares brutos obtidos através dos envidraçados (Qs) são medidos vão a vão, através do

vão envidraçado n com orientação j. A equação 4 presente na subsecção 3.2.2 representa o método

de cálculo de Qs.

Depois de se obter o valor dos ganhos térmicos brutos (Qg), é preciso converte-los em ganhos

térmicos úteis (Qgu) através do factor de utilização dos ganhos térmicos (η), pela expressão 1

(RCCTE, Anexo IV, Secção 4.1).

𝑄𝑔𝑢 = 𝜂𝑄𝑔 (Exp. 1)

Pela Secção 4.4 do Anexo IV do RCCTE, o factor de utilização dos ganhos térmicos (η), é calculado

em função da inércia térmica do edifício e da relação 𝛾 entre os ganhos totais brutos (Qg) e as perdas

térmicas totais do edifício, segundo a equação 20 (Camelo et al, 2006).

𝛾 =𝑄𝑔

𝑄𝑡+𝑄𝑣 (Eq. 20)

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35

Em que:

Qg - Ganhos térmicos totais brutos (kWh/ano);

Qt - Perdas de calor por condução através da envolvente (W/ºC);

Qv - Perdas de calor resultantes da renovação de ar (W/ºC).

Obtida a relação 𝛾, calcula-se o factor de utilização dos ganhos térmicos (𝜂) pelas equações 21 e 22,

representadas também graficamente pela Figura 14 (RCCTE, Anexo IV, Secção 4.4).

𝛾 =

1−𝛾𝑎

1− 𝛾𝑎+1 𝑠𝑒 𝛾 ≠ 1 (Eq. 21)

𝛾 =𝑎

𝑎+1 𝑠𝑒 𝛾 = 1 (Eq. 22)

Pela expressão 2, o termo a toma os seguintes valores, consoante a inércia térmica do edifício ou

fracção autónoma.

a =

1,8 − 𝑒𝑑𝑖𝑓𝑖𝑐𝑖𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑖𝑛𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎 𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑓𝑟𝑎𝑐𝑎

2,6 − 𝑒𝑑𝑖𝑓𝑖𝑐𝑖𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑖𝑛𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎 𝑡é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑚é𝑑𝑖𝑎

4,2 − 𝑒𝑑𝑖𝑓𝑖𝑐𝑖𝑜𝑠 𝑐𝑜𝑚 𝑖𝑛𝑒𝑟𝑐𝑖𝑎 é𝑟𝑚𝑖𝑐𝑎 𝑓𝑜𝑟𝑡𝑒

(Exp. 2)

Figura 14 - Factor de utilização dos ganhos térmicos (𝜼), em função do parâmetro 𝜸 e da classe de inércia térmica interior (RCCTE, Anexo IV, Gráfico IV.1)

3.7.3 Limitação das necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento (Ni)

O valor máximo admissível das necessidades nominais de aquecimento (Ni) calcula-se em função do

factor de forma (FF) do edifício ou fracção autónoma e dos graus-dias na base de 20ºC (GD20)

(RCCTE, Capitulo V, Art. 15º, Secção 1).

O factor de forma (FF) define-se como o quociente entre o somatório das superfícies da envolvente

exterior (Aext) e da envolvente interior (Aint), nas quais ocorrem trocas de calor; e o volume útil interior

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36

da fracção autónoma (V). A equação 23 corresponde a método de cálculo de FF (RCCTE, Anexo II,

definição dd)).

𝐹𝐹 =( 𝐴𝑒𝑥𝑡 )+ (𝜏𝐴𝑖𝑛𝑡 )𝑖𝑖

𝑉 (Eq. 23)

Na obtenção de Ni foram considerados outros parâmetros, nomeadamente, diversos níveis de

isolamento térmico na envolvente, áreas de vãos envidraçados entre zonas climáticas de Inverno e

tipologias de fracções autónomas, implicando diferentes valores obtidos de FF.

Considerando os parâmetros referidos no parágrafo anterior, o cálculo de FF considera a situação de

referência correspondente a uma área de vãos envidraçados igual a 15% da área útil de pavimento

(Ap), sem ganhos solares, taxa de renovação horária nominal (Rph) igual a 0,8 h-1

, valores de

coeficientes de transmissão térmica de referência (Uref) na envolvente opaca e diferentes tipos de

envidraçados. O parâmetro Uref pode ser consultado directamente pelo Quadro IX.3 do Anexo IX do

RCCTE (Camelo et al, 2006).

Depois de calculado o factor de forma (FF), Ni é obtido por diferentes expressões, consoante o valor

de FF. As expressões referidas no cálculo de Ni encontram-se presentes no Quadro 5.

Quadro 5 – Fórmulas de cálculo de Ni consoante o valor de FF

𝐹𝐹 ≤ 0,5 𝑁𝑖 = 4,5 + 0,0395 𝐺𝐷

0,5 ≤ 𝐹𝐹 ≤ 1 𝑁𝑖 = 4,5 + 0,021 + 0,037 𝐹𝐹 𝐺𝐷

1 ≤ 𝐹𝐹 ≤ 1,5 𝑁𝑖 = 4,5 + 0,021 + 0,037 𝐹𝐹 𝐺𝐷 (1,2− 0,2 𝐹𝐹)

𝐹𝐹 ≥ 1,5 𝑁𝑖 = 4,05 + 0,06885 𝐺𝐷

(RCCTE, Capitulo V, Art. 15º, Secção 1)

3.7.4 Necessidades nominais anuais de energia útil para arrefecimento (Nvc)

As necessidades nominais de arrefecimento (Nvc), consistem na energia útil que é necessário retirar

à fracção autónoma de modo a que a temperatura de referência definida no artigo 14º do capítulo V

do regulamento seja permanentemente mantida (RCCTE, Anexo V, Secção 1).

Sendo um dos objectivos do RCCTE o não-sobreaquecimento das fracções autónomas, a

temperatura de referência para a estação de arrefecimento (25ºC), deve ser mantida abaixo desse

valor, de modo a evitar-se a utilização de sistemas mecânicos. No entanto, sempre que os ganhos

internos e solares contribuam para o seu sobreaquecimento, considera-se a existência de ganhos

excessivos, os quais devem ser neutralizados, entrando-se deste modo no campo das necessidades

de arrefecimento (Camelo et al, 2006).

A metodologia de cálculo das Nvc é similar à adoptada para o cálculo das Nic. No entanto, enquanto

que no Inverno os ganhos úteis são entendidos como os que não provocam sobreaquecimento do

espaço interior, no Verão, os ganhos não-úteis consistem nos que originam necessidades de

arrefecimento. Assim sendo, muitos dos parâmetros utilizados no cálculo das Nic, são transpostos

para o cálculo das Nvc (RCCTE, Anexo V, Secção 1).

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37

A metodologia de cálculo das Nvc, corresponde à equação 24 (RCCTE, Anexo V, Secção 2.1).

𝑁𝑣𝑐 =𝑄𝑔 (1−𝜂)

𝐴𝑝 (Eq. 24)

Em que:

Nvc - Necessidades nominais anuais de energia útil para arrefecimento (kWh/m2.ano);

(1-η) - Factor de utilização dos ganhos solares e internos na estação de arrefecimento, (𝜂arref);

Ap - Área útil de pavimento da fracção autónoma (m2);

Qg – Ganhos térmicos totais brutos da fracção autónoma ou edifício (kWh/ano).

Na equação 24, a fracção de ganhos térmicos excessivos é representada pelo parâmetro (1-η),

designado também como ηarref. Este parâmetro pode ser calculado graficamente através da Figura 14

ou pelas equações 21 e 22 já referidas. No entanto, se ηarref for calculado analiticamente, é

necessário calcular primeiro a relação 𝛾 que corresponde à razão entre os ganhos térmicos totais

brutos (Qg) e as perdas térmicas, nomeadamente as associadas aos elementos da envolvente

exterior (Qext) e por renovação de ar (Qv) (Camelo et al, 2006).

Figura 15 - Evolução da temperatura interior com e sem ganhos de calor e necessidades de arrefecimento (Camelo et al, 2006)

Para as perdas associadas aos elementos da envolvente exterior (Qext), o método de cálculo

corresponde à equação 25 (Camelo et al, 2006).

𝑄𝑒𝑥𝑡 = 2,928 . ( 𝑈𝑗 .𝐴𝑗 ) 𝜃𝑖 − 𝜃𝑎𝑡𝑚 𝑗 (Eq. 25)

Em que:

Qext - Perdas associadas aos elementos da envolvente exterior (W/ºC);

Uj – Coeficiente de transmissão térmica do elemento j da envolvente opaca ou envidraçada (W/m2.ºC);

Aj – Área do elemento j da envolvente medida pelo interior (m2);

θi – Temperatura interior de referência de Verão (25 ºC);

θatm – Temperatura média do ar exterior (ºC).

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38

A metodologia de cálculo aplicada às perdas por renovação de ar (Qv) pode ser consultada na

equação 26 (Camelo et al, 2006).

𝑄𝑣 = 2,928 . 0,34 .𝑅𝑝𝑕 .𝐴𝑝 .𝑃𝑑 . (𝜃𝑖 − 𝜃𝑎𝑡𝑚 ) (Eq. 26)

Em que:

Qv - Perdas por renovação de ar (W/ºC);

Rph – Renovações horárias do ar interior (h-1

);

Ap – Área útil de pavimento (m2)

Pd – Pé direito (m);

θi – Temperatura interior de referência de Verão (25 ºC);

θatm – Temperatura média do ar exterior (ºC).

Os ganhos térmicos totais brutos (Qg), são obtidos pela soma das parcelas seguidamente descritas e

expressas pela equação 27 (RCCTE, Anexo V, Secção 2.1):

Cargas individuais devidas a cada componente da envolvente opaca, em termos de fenómenos

combinados entre a diferença de temperatura interior-exterior e da incidência da radiação solar

(Qopaco);

Cargas devidas à entrada da radiação solar através dos envidraçados (Qs);

Cargas internas devidas aos ocupantes, equipamentos e iluminação artificial (Qi).

𝑄𝑔 = 𝑄𝑜𝑝𝑎𝑐𝑜 + 𝑄𝑠 + 𝑄𝑖 (Eq. 27)

Os ganhos através da envolvente opaca exterior (Qopaco), resultam dos efeitos combinados da

temperatura do ar exterior e da radiação solar incidente. Para seu cálculo, adopta-se a equação 28

(RCCTE, Anexo V, Secção 2.1).

𝑄𝑜𝑝𝑎𝑐𝑜 = 2,928 . ( 𝑈𝑗 .𝐴𝑗 ) 𝜃𝑎𝑡𝑚 − 𝜃𝑖 + 𝑈𝑗 .𝐴𝑗𝑗 (𝛼𝑗 .𝐼𝑟 𝑗

𝑕𝑒𝑗 ) (Eq. 28)

Em que:

Qopaco - Ganhos através da envolvente opaca exterior (kWh);

Uj – Coeficiente de transmissão térmica do elemento j da envolvente opaca (W/m2 ºC);

Aj – Área do elemento j da envolvente (m2);

θatm – Temperatura média do ar exterior (ºC);

θi – Temperatura interior referência no Verão (25 ºC);

αj - Coeficiente de absorção solar da superfície exterior do elemento da envolvente j;

Irj – Energia solar incidente por orientação j (kWh/m2);

he – Condutância térmica superficial exterior elemento j (W/m2 ºC).

Na equação 28, a primeira parcela corresponde às perdas pela envolvente opaca e transparente,

pelas diferenças de temperatura entre o interior e o exterior. A segunda parcela corresponde aos

ganhos solares através da envolvente opaca. Uma vez que os valores médios da temperatura do ar

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39

exterior (θatm) são sempre inferiores a 25 ºC para estação convencional de arrefecimento (RCCTE,

Anexo III, Quadro III.9), a primeira parcela da equação 28 é nula (Camelo et al, 2006).

Os parâmetros αj e Irj podem ser retirados directamente pelos Anexos III e V do RCCTE, através da

consulta dos Quadro III.9 e Quadros V.5, respectivamente.

No cálculo dos ganhos através dos vãos envidraçados (Qs), adopta-se a mesma metodologia definida

para os Qs na estação de aquecimento. Durante a estação de arrefecimento, Qs calcula-se de acordo

com a equação 5 presente na subsecção 3.2.2.

À semelhança da metodologia utilizada para a estação de aquecimento, os ganhos internos (Qi),

podem ser calculados recorrendo à equação 29.

𝑄𝑖 = 2,928 . 𝑞𝑖 .𝐴𝑝 (Eq. 29)

Em que:

Qi - Ganhos internos (kWh);

qi - Ganhos térmicos internos médios por unidade de área útil de pavimento (W/m2);

Ap – Área útil de pavimento (m2).

3.7.5 Limitação das necessidades nominais anuais de energia útil para arrefecimento (Nv)

Tal como referido no cálculo de Ni, o limite máximo admissível das necessidades nominais de

arrefecimento (Nv) foi determinado recorrendo a estudos paramétricos de diferentes zonas climáticas

de Verão e tipologias de fracções autónomas. Os estudos referidos focam-se nas soluções

construtivas ao nível do edifício, em que no Quadro IX.3 do Anexo IX do RCCTE estão presentes os

valores dos coeficientes de transmissão térmica de referência para vários níveis de isolamento

térmico, no que diz respeito à envolvente opaca em zona corrente e envidraçados. Referir ainda que

nos estudos paramétricos, foram consideradas as orientações norte-sul e este-oeste nos cálculos

efectuados (Camelo et al, 2006).

No Quadro 6 apresentam-se os valores de Nv, em função da zona climática de Verão.

Quadro 6 - Necessidades nominais de referência de arrefecimento (Nv)

V1 (Norte) 𝑵𝒗 = 𝟏𝟔 𝒌𝑾𝒉/𝒎𝟐.𝒂𝒏𝒐 V1 (Sul) 𝑵𝒗 = 𝟐𝟐 𝒌𝑾𝒉/𝒎𝟐.𝒂𝒏𝒐

V2 (Norte) 𝑵𝒗 = 𝟏𝟖 𝒌𝑾𝒉/𝒎𝟐.𝒂𝒏𝒐 V2 (Sul) 𝑵𝒗 = 𝟑𝟐 𝒌𝑾𝒉/𝒎𝟐.𝒂𝒏𝒐

V3 (Norte) 𝑵𝒗 = 𝟐𝟔 𝒌𝑾𝒉/𝒎𝟐.𝒂𝒏𝒐 V3 (Sul) 𝑵𝒗 = 𝟑𝟐 𝒌𝑾𝒉/𝒎𝟐.𝒂𝒏𝒐

(RCCTE, Capítulo V, Art. 15º, Secção 2)

3.7.6 Necessidades nominais anuais de energia útil na preparação de AQS (Nac)

Segundo o RCCTE, os edifícios residenciais devem estimar as suas necessidades nominais para

preparação de AQS (Nac). Para tal, apresenta-se o respectivo método de cálculo, segundo a

equação 30.

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40

𝑁𝑎𝑐 =(𝑄𝑎/𝜂𝑎−𝐸𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟 −𝐸𝑟𝑒𝑛 )

𝐴𝑝 (Eq. 30)

Em que:

Nac - Necessidades nominais anuais de energia útil para a preparação de AQS (kWh/m2.ano);

Qa – Energia útil despendida com sistemas convencionais de preparação de AQS (kWh/ano);

ηa – Eficiência de conversão dos sistemas de preparação de AQS a partir da fonte primária de energia;

Esolar – Contribuição de sistemas de colectores solares térmicos para aquecimento de AQS (kWh);

Eren – Contribuição de quaisquer formas de energia renováveis para preparação de AQS, bem como de

quaisquer formas de recuperação de calor de equipamentos ou de fluidos residuais (kWh);

Ap – Área útil de pavimento (m2).

A energia útil despendida com sistemas convencionais de preparação de AQS (Qa), é calculada em

função do período de utilização do sistema, sendo expresso pela equação 31.

𝑄𝑎 =𝑀𝐴𝑄𝑆 . 4187. 𝛥𝑇 . 𝑛𝑑

3600000 (Eq. 31)

Onde:

Qa - Energia útil despendida com sistemas convencionais de preparação de AQS (kWh/ano);

MAQS - Consumo médio diário de referência de AQS (litros);

ΔT – Aumento de temperatura necessário para preparação de AQS (45ºC);

nd – Número anual de dias de consumo (dias).

Em edifícios residenciais, o consumo médio diário de referência (MAQS), é calculado pela equação 32,

em que o número convencional de ocupantes de cada fracção autónoma é definido pela consulta do

Quadro VI.1 do Anexo VI do regulamento.

𝑀𝐴𝑄𝑆 = 40𝑙.𝑛º 𝑑𝑒 𝑜𝑐𝑢𝑝𝑎𝑛𝑡𝑒𝑠 (Eq. 32)

O parâmetro de aumento da temperatura (𝛥 T) toma o valor de referência de 45ºC, tendo em

consideração que a água de abastecimento proveniente da rede pública, é disponibilizada à

temperatura média de 15ºC, devendo ser aquecida até à temperatura de 60ºC (RCCTE, Anexo VI,

Secção 2.2).

O parâmetro número anual de dias de consumo de AQS (ηd) depende do período convencional de

utilização dos edifícios, podendo ser retirado directamente do Quadro VI.2 do Anexo VI do RCCTE.

O termo de eficiência de conversão dos sistemas de preparação de AQS a partir da fonte primária de

energia (ηa), pode ser obtido através do valor fornecido pelo fabricante do sistema solar térmico com

base em ensaios normalizados, ou em alternativa, utilizarem-se os valores convencionais, em que

são considerados os valores nominais dos equipamentos com pior eficiência de conversão

disponíveis no mercado (RCCTE, Anexo VI, Secção 3).

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41

De modo a que os valores de ηa possam ser utilizados directamente no estudo térmico de edifícios, é

necessário considerar a existência de isolamento das redes de distribuição água quentes internas,

com pelo menos 10 milímetros de isolamento térmico. Caso tal não aconteça, os valores de ηa sofrem

uma penalização de 0,10 (RCCTE, Anexo VI, Secção 3).

Se no projecto térmico do edifício não for considerado a utilização do sistema de preparação de AQS,

deve-se ter em conta a aplicação de um termoacumulador eléctrico com 5 centímetros de isolamento

térmico (𝜂a = 0,90) para edifícios sem alimentação a gás; ou um esquentador a gás natural ou GPL (𝜂a

= 0,50) para edifícios com alimentação a gás (RCCTE, Anexo VI, Secção 3).

O termo Esolar apenas poderá ser contabilizado para efeitos do regulamento, se os sistemas solares

térmicos forem certificados de acordo com as normas e legislação em vigor, possuindo etiqueta

CERTIF ou Solar keymark e instalados por técnicos acreditados para tal2 de modo a proporcionarem

garantia e manutenção do sistema durante um período mínimo de seis anos. Quanto ao método de

cálculo de Esolar, recorre-se à utilização do programa SolTerm 5.0 desenvolvido pelo INETI, abordado

em pormenor na subsecção 3.8 (RCCTE, Anexo VI, Secção 4).

Finalmente, o parâmetro relativo à utilização de energias alternativas de carácter renovável (Eren), em

que se admite a utilização de outros sistemas aos de preparação de AQS, nomeadamente, painéis

fotovoltaicos, recuperadores de calor de equipamentos ou fluidos residuais, entre outros, desde que

os sistemas referidos forneçam energia equivalente numa base anual igual ou superior à dos

sistemas colectores solares térmicos (RCCTE, Anexo VI, Secção 5).

Quanto ao destino final da energia renovável captada pelos sistemas alternativos, o aquecimento de

águas sanitárias poderá não ser exclusivo, desde que seja mais eficiente ou conveniente a sua

utilização dentro da fracção autónoma.

3.7.7 Limitação das necessidades nominais de energia útil na preparação de AQS (Na)

No que diz respeito ao valor máximo admissível das necessidades nominais de energia útil para

produção de águas quentes sanitárias (Na), o RCCTE refere que “(…) como resultado dos tipos e

eficiências dos equipamentos de produção de água quente sanitária, bem como da utilização de

formas de energias renováveis, cada fracção autónoma não pode, exceder um valor máximo

admissível de necessidades nominais anuais de energia útil para produção de águas quentes

sanitárias (…)” (RCCTE, Capítulo III, Art. 7º, Secção 1).

A área de painel colector solar óptima a aplicar em coberturas de terraços ou inclinadas consiste em

1 m2 por ocupante, desde que os edifícios estejam orientados numa gama de azimutes de 90º entre

Sudeste e Sudoeste. Esta área pode ser reduzida se ocorrer que mais de 50% da área de cobertura

total disponível, em terraço ou nas vertentes orientadas no quadrante sul, seja ultrapassada pela

inserção do sistema solar térmico (RCCTE, Capítulo III, Art. 7º, Secção 2).

2 (ver lista em www.aguaquentesolar.com ou via DGGE/ADENE)

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42

O sombreamento de coberturas causado por obstáculos significativos é também dito em

consideração, devendo ser evitado no período que se inicia diariamente duas horas depois da Aurora

e terminando duas horas antes do Ocaso, de modo a energia fornecida ao sistema colector solar

térmico não seja afectada.

O limite máximo admissível das necessidades de energia para preparação de AQS (Na) é calculado

em função do consumo médio diário de referência de AQS (MAQS), do número anual de dias de

consumo de AQS (nd) e da área útil de pavimento (Ap), através da equação 33.

𝑁𝑎 =0,081 𝑀𝐴𝑄𝑆 𝑛𝑑

𝐴𝑝 (Eq. 33)

3.7.8 Necessidades globais anuais nominais de energia primária (Ntc)

Após a descrição das metodologias de cálculo para as necessidades energéticas das fracções

autónomas dos edifícios é necessário converte a energia útil em energia primária, através das

necessidades globais anuais nominais de energia primária (Ntc), segundo a equação 34 (RCCTE,

Capítulo V, Art. 15º, Secção 4).

𝑁𝑡𝑐 = 0,1 . 𝑁𝑖𝑐

𝜂 𝑖 .𝐹𝑝𝑢𝑖 + 0,1 .

𝑁𝑣𝑐

𝜂𝑣 .𝐹𝑝𝑢𝑣 + 𝑁𝑎𝑐.𝐹𝑝𝑢𝑎 (Eq. 34)

Em que:

Ntc - Necessidades globais anuais nominais de energia primária (kgep/m2.ano);

Nic – Necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento (kWh/m2.ano);

𝜂i - Eficiência nominal dos equipamentos para aquecimento;

Fpui - Factor de conversão de energia útil de aquecimento para energia primária (kgep/kWh);

Nvc – Necessidades nominais anuais de energia útil para aquecimento (kWh/m2.ano);

𝜂v - Eficiência nominal dos equipamentos para arrefecimento;

Fpuv - Factor de conversão de energia útil de arrefecimento para energia primária (kgep/kWh);

Nac – Necessidades anuais de energia útil para a preparação de águas quentes sanitárias (kWh/m2.ano);

Fpua - Factor de conversão de energia útil de águas quentes sanitárias para energia primária (kgep/kWh).

No cálculo de Ntc, deve-se ter em consideração as formas de energia final utilizadas em cada uma

das necessidades energéticas referidas. Assim sendo, utilizam-se os factores de conversão (Fpu)

referidos na equação 39, permitindo converter as formas da energia útil em energia primária da

seguinte forma (RCCTE, Capítulo V, Art. 18º, Secção 1):

Electricidade: 𝐹𝑝𝑢 = 0,290 𝑘𝑔𝑒𝑝/𝑘𝑊𝑕;

Combustíveis sólidos, líquidos e gasosos: 𝐹𝑝𝑢 = 0,086 𝑘𝑔𝑒𝑝/𝑘𝑊𝑕.

Os factores de conversão (Fpu) são afectados pela eficiência nominal dos equipamentos utilizados

para os sistemas de aquecimento (ηi), arrefecimento (ηv) e de preparação de AQS (ηa). O parâmetro

de eficiência nominal (η) deve ser consultado directamente dos valores fornecidos pelos fabricantes,

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43

já que correspondem aos equipamentos efectivamente instalados e testados em ensaios

normalizados. No caso da falta de dados precisos, recorre-se aos valores de referência retirados da

Secção 2 do Artigo 18º do Capítulo V do regulamento, no entanto, não deixa de ocorrer penalização

dos resultados finais obtidos, visto serem considerados os valores nominais dos equipamentos com

pior eficiência de conversão do mercado.

O parâmetro de eficiência nominal (η) é também conhecido como COP (coefficient of performance),

representando o quociente entre a energia térmica fornecida pelo sistema de aquecimento ou

refrigeração e a energia consumida pelo mesmo. Deste modo, quanto maior for o COP, mais eficiente

será o sistema de aquecimento ou arrefecimento presente na fracção autónoma (EDP, 2010).

Durante a elaboração do estudo térmico de um edifício, se este não prever o recurso a sistemas de

aquecimento, arrefecimento ou de aquecimento de AQS, consideram-se para efeitos de cálculo de

Ntc as seguintes ponderações (RCCTE, Capítulo V, Art. 18º, Secção 6):

O sistema de aquecimento recorre a resistências eléctricas (𝐶𝑂𝑃 = 1);

O sistema de arrefecimento consiste na utilização de uma máquina frigorífica com eficiência

nominal igual a 3 (𝐶𝑂𝑃 = 3);

O sistema de preparação de AQS consiste num termo acumulador eléctrico com 50 mm de

isolamento térmico em edifícios sem alimentação de gás, ou esquentador de funcionamento a

gás natural ou GPL.

Uma nota final sobre a atribuição de COP igual a 3 em sistemas de arrefecimento, já que tal

consideração previne também a instalação futura de sistemas mecânicos de arrefecimento, se for

necessária a sua introdução em edifícios.

3.7.9 Limitação das necessidades globais anuais nominais de energia primária (Nt)

No estudo térmico de edifícios, o valor das necessidades globais anuais nominais de energia primária

(Ntc) não pode exceder o seu valor máximo admissível (Nt) (RCCTE, Capítulo III, Art. 8º, Secção 1).

No cálculo das Nt, utilizam-se os valores máximos admissíveis das necessidades de aquecimento

(Ni), arrefecimento (Nv) e preparação de AQS (Na), tal como se pode verificar pela equação 35

(RCCTE, Capítulo V, Art. 15º, Secção 5).

𝑁𝑡 = 0,9 . (0,01 .𝑁𝑖 + 0,01 .𝑁𝑣 + 0.15 .𝑁𝑎) (Eq. 35)

Em que:

Nt - Valor máximo admissível das necessidades globais anuais nominais de energia primária (kgep/m2.ano);

Ni - Valor máximo admissível das necessidades globais anuais nominais de aquecimento (kWh/m2.ano);

Nv - Valor máximo admissível das necessidades globais anuais nominais de arrefecimento (kWh/m2.ano);

Na - Valor máximo admissível das necessidades globais anuais nominais de preparação de AQS (kWh/m2.ano).

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44

Na equação 35, os factores de ponderação identificados representam os padrões típicos de consumo

nas habitações, com as ponderações referidas na Figura 3 da subsecção 1.1.

A constante 0,9 no início da equação 35 assegura que fracção autónoma cumpre os requisitos

mínimos do regulamento em termos de qualidade térmica dos sistemas de aquecimento,

arrefecimento e preparação de AQS, já que Nt terá que ser 10% mais elevado que a soma ponderada

das Ni, Nv e Na.

No cálculo de Nt estão também implícitos os valores das eficiências nominais (η) dos sistemas de

aquecimento, arrefecimento e preparação de AQS, além dos factores de conversão Fpu para energia

primária, tal como já foi referido.

Segundo os autores Camelo et al, (2006) “(…) esta equação traduz o princípio de que as habitações

não são aquecidas 24 h/dia durante toda a estação de aquecimento, nem arrefecidas durante todo o

Verão”.

3.8 Programa SolTerm 5.0

3.8.1 Introdução

O SolTerm 5.0 é um programa de análise de desempenho de sistemas solares térmicos e

fotovoltaicos, adaptado às condições climáticas e técnicas de Portugal (Aguiar e Carvalho, 2007).

A análise de desempenho de sistemas solares, baseia-se em simulações energéticas sob condições

quasi-estacionárias, ou seja, são simulados balanços energéticos no sistema para intervalos de 10

minutos, durante os quais considera-se constante o ambiente e o sistema (Aguiar e Carvalho, 2007).

De modo a que o programa possa simular balanços energéticos, devem-se introduzir as seguintes

informações necessárias ao seu funcionamento (Aguiar e Carvalho, 2007):

Configuração / dimensionamento do sistema;

Estratégias de controlo e operação;

Radiação solar horizontal e temperatura ambiente em base horária;

Obstruções e sombreamentos;

Características técnicas dos componentes;

Consumo ou “carga” do sistema em base horária média mensal.

As informações referidas, podem ser armazenadas no banco de dados do programa, no entanto, o

próprio SolTerm 5.0 já possui uma base de dados rica, em que se destacam os dados meteorológicos

por concelho de Portugal (denominados de ano meteorológico de referência por concelho) e

informação relativa aos colectores e kits de tecnologia solar térmica, ensaiados e certificados perante

as exigências regulamentares do RCCTE.

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45

Além de dimensionar sistemas solares térmicos, o programa destaca-se no campo da análise

económica, possibilitando a realização do cálculo de incentivos governamentais à energia solar.

Outro ponto forte do software, prende-se com o facto de permitir calcular a contribuição de sistemas

de energias renováveis (parâmetro Eren do método de cálculo de Nac – subsecção 3.7.6), no âmbito

do Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios (Aguiar e

Carvalho, 2007).

3.8.2 Metodologia de cálculo do programa SolTerm 5.0 recorrendo ao Editor RCCTE

Pelo programa SolTerm 5.0, é possível calcular a contribuição dos sistemas solares térmicos na

preparação de AQS, nomeadamente em termos de cálculo do parâmetro Esolar mencionado na

subsecção 3.7.6. O parâmetro em causa pode ser calculado recorrendo-se ao modo Editor RCCTE,

visto ser a metodologia mais célere e intuitiva, já que apenas é necessário fornecer a seguinte

informação ao programa (Aguiar e Carvalho, 2007):

(i) Selecção da zona onde se insere o edifício;

(ii) Escolha do modelo de colector solar térmico;

(iii) Utilização dos dados padrão do Editor RCCTE, em termos de consumos e de outros

parâmetros de dimensionamento regulamentares e/ou típicos ou de boas práticas;

(iv) Execução da análise energética do edifício.

(i) Selecção da zona onde se insere o edifício

Na interface Clima e Local, visualiza-se o mapa de Portugal, em que para cada concelho estão

disponíveis séries meteorológicas e gráficos climatológicos utilizáveis. O primeiro passo consiste na

escolha do concelho onde se localiza o edifício, de modo a possibilitar o dimensionamento do sistema

solar térmico utilizado no aquecimento de AQS (Aguiar e Carvalho, 2007).

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46

Figura 16 - Exemplo de interface Clima e Local do programa SolTerm 5.0 (Aguiar e Carvalho, 2007)

(ii) Escolha do modelo de colector solar térmico

A configuração básica do sistema solar térmico inclui um circuito primário e um sistema secundário. O

sistema primário (solar), é constituído por um campo de colectores ligados por um permutador a um

depósito. O circuito secundário (carga) inclui a tomada de água quente do depósito para o meio de

utilização e o abastecimento do depósito. As cargas térmicas consistem em consumos de energia na

forma de água quente com ou sem reaproveitamento (Aguiar e Carvalho, 2007).

No circuito secundário, encontra-se normalmente acoplado um sistema energético de apoio que

complementa a energia produzida pelo sistema primário, de forma a que se atinjam as cargas

térmicas necessárias ao funcionamento do sistema solar térmico, como pode-se ver pela Figura 17.

Figura 17 - Configuração básica de um sistema solar térmico (Aguiar e Carvalho, 2007)

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47

Apesar dos sistemas solares térmicos incluírem outros componentes e interligações necessárias ao

seu funcionamento, nomeadamente, sensores de temperatura, válvulas, sistemas de enchimento e

de purga, bombas, vasos de expansão, entre outros; as simulações realizadas pelo SolTerm 5.0

baseiam-se essencialmente em balanços energéticos, não necessitando de outros pormenores para

obter boas estimativas de desempenho térmico (Aguiar e Carvalho, 2007).

Dentro da gama de sistemas solares térmicos disponíveis no mercado, existe o sistema do tipo “kit”,

em que os componentes colector / permutador / depósito, estão integrados entre si. Estes sistemas

são geralmente utilizados na preparação de AQS domésticas, apresentando grande interessante do

ponto de vista energético e económico, visto compactarem numa área reduzida os três componentes

referidos. É possível recorrer à utilização de vários kits em paralelo, embora sejam concebidos

essencialmente para aplicação em alojamentos unifamiliares, em que normalmente é apenas

necessário recorrer à utilização de um kit (Aguiar e Carvalho, 2007).

O programa precisa de especificação quanto ao colector solar térmico a utilizar, nomeadamente, qual

o modelo, número de colectores do painel e orientação. Na interface Configuração, os parâmetros de

orientação do sistema (Inclinação e Azimute) são especialmente importantes, no sentido em que

fornecem informação em termos de inclinação em relação à horizontal, enquanto que o azimute é

igual a 0° na direcção Sul, movendo-se na direcção positiva no sentido horário a partir de Sul.

Figura 18 - Exemplo esquemático de sistema solar térmico do tipo "kit" (Aguiar e Carvalho, 2007)

A potência do sistema instalado encontra-se indicada na interface Configuração (Figura 18),

consistindo no valor nominal correspondente a 700 Watts por metro quadrado de colector instalado,

de acordo com o Projecto Europeu NEGST, devido a comparações de potência realizadas a sistemas

não-solar térmicos (Aguiar e Carvalho, 2007).

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48

Pela Figura 19, ao recorrer-se à opção Sugerir, o programa determina qual a melhor orientação em

termos de inclinação e azimute que o painel solar deve tomar. Para tal, percorre uma gama de

orientações, simulando a quantidade de radiação anual média incidente (kWh/m2) e apresentando

posteriormente os resultados obtidos, como se pode verificar pela Figura 19.

Figura 19 - Energia incidente diária média consoante as orientações do painel solar (Aguiar e Carvalho, 2007)

Analisando a Figura 19, verifica-se que o programa atribui zonas de cor conforme a quantidade de

radiação anual média incidente. As zonas a vermelho representam os valores mais elevados da

radiação anual média incidente, em função das inclinações e azimutes óptimas simuladas, devendo

ser consideradas no momento de montagem do sistema colector solar térmico (Aguiar e Carvalho,

2007).

No entanto, a sugestão realizada pelo programa não deixa de ter o seu carácter subjectivo, visto a

orientação óptima não depender apenas da inclinação e azimute dos painéis solares térmicos, mas

também de obstruções que possam ocorrer e de perfis sazonais ou diários de consumo (Aguiar e

Carvalho, 2007).

(iii) Utilização de dados padrão do Editor RCCTE

Na Secção 2.1 do Anexo VI do RCCTE, é especificado o valor regulamentar para o consumo diário

de água (MAQS), correspondendo a 40 litros por ocupante de fracção autónoma para edifícios

residenciais. Na Secção 2.2 do mesmo anexo, o parâmetro aumento de temperatura (𝛥T) toma o valor

de referência de 45ºC. Os dois parâmetros referidos são importantes na escolha do sistema colector

solar térmico, em que o primeiro influencia a capacidade de armazenagem do depósito e o segundo a

temperatura a que a AQS deve ser aquecida (60ºC).

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49

(iv) Execução da análise energética do sistema colector solar térmico

Depois de dimensionado o sistema solar térmico, o passo seguinte consiste na execução da análise

energética do sistema. O desempenho energético do sistema é calculado mediante simulações

realizadas pelo programa SolTerm 5.0, com base no passo temporal de 10 minutos, numa escala

anual de funcionamento do sistema.

De modo a simplificar a leitura de dados simulados, na interface Desempenho do Sistema Térmico,

os parâmetros energéticos são apresentados numa base mensal ou anual, consoante o parâmetro a

analisar (Aguiar e Carvalho, 2007).

Figura 20 - Exemplo de interface correspondente à análise energética a partir do desempenho do sistema solar térmico (Aguiar e Carvalho, 2007)

Analisando a Figura 20, o programa apresenta várias colunas correspondentes a parâmetros

energéticos, expressos numa base mensal. No final das colunas, realiza-se o somatório dos meses

calculados, de modo a originar valores energéticos anuais.

A primeira coluna da interface calcula a energia acumulada da radiação solar global na horizontal à

superfície (Rad.Horiz.) por unidade de área (kWh/m²). Esta pode ser obtida através do somatório da

radiação directa do Sol e da radiação difusa, por via do hemisfério celeste, por reflexão do solo e

superfícies junto ao solo (Aguiar e Carvalho, 2007).

A segunda coluna calcula a energia acumulada da radiação solar global à face dos colectores solares

no plano inclinado (Rad.Inclin.) e medida por unidade de área (kWh/m²).

A terceira coluna calcula a energia acumulada que o sistema recolhe, mas que tem de dissipar

(Desperdiçado) em kWh. O desperdício de energia recolhida advém na maioria dos casos, por

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50

ultrapassarem-se os limites de temperatura de armazenamento de água (60ºC). Referir ainda que

este conceito não deve ser confundido com as perdas térmicas em depósitos, tubagens, entre outros

(Aguiar e Carvalho, 2007).

A quarta coluna representada a laranja, corresponde à energia acumulada que o sistema fornece

para consumo (Fornecido), medido em kWh. Esta corresponde à energia final útil utilizada para

aquecimento de AQS, designada por Esolar. O parâmetro em causa corresponde ao mencionado no

RCCTE, Anexo VI, Secção 4, sendo utilizado no cálculo de Nac (Aguiar e Carvalho, 2007).

A quinta coluna representada a cinzento corresponde ao valor acumulado da energia solicitada para

consumo de AQS (Carga) em kWh. Esta corresponde ao somatório da quarta coluna (Fornecido) com

a sexta coluna (Apoio), de modo a obter-se a energia total fornecida ao sistema colector solar térmico

na preparação de AQS (Aguiar e Carvalho, 2007).

A sexta coluna calcula a energia consumida pelo sistema de apoio auxiliar (Apoio) em kWh. A energia

do sistema auxiliar complementa a energia fornecida ao sistema solar térmico, de modo a que sejam

satisfeitas as necessidades na preparação de AQS durante todo o ano (Aguiar e Carvalho, 2007).

Por baixo das colunas referidas, encontram-se outros índices medidos numa escala anual.

O primeiro índice corresponde à fracção solar, representando a percentagem de energia útil fornecida

para consumo a partir da radiação solar. Este é calculado a partir do quociente entre a energia de

origem solar fornecida para consumo (Fornecido) e o valor acumulado da energia solicitada para

consumo (Carga), ambos mensurados numa escala anual. Assim sendo, a fracção solar reflecte a

contribuição do sistema solar térmico para o consumo solicitado, consistindo na principal medida de

avaliação de desempenho dos sistemas.

Apesar de considerar-se insuficiente a utilização do parâmetro referido como critério único de

dimensionamento, este deve situar-se num intervalo entre 40% e 90%, já que para valores inferiores

o sistema encontra-se subdimensionado e para valores superiores considera-se que o sistema está

sobredimensionado (Aguiar e Carvalho, 2007).

Outro indicador de desempenho do sistema, consiste no índice rendimento global do sistema, no qual

calcula-se a razão entre a energia de origem solar fornecida para consumo (Fornecido) e a disponível

à face dos colectores solares, de acordo com a equação 36.

𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑔𝑙𝑜𝑏𝑎𝑙 𝑑𝑜 𝑠𝑖𝑠𝑡𝑒𝑚𝑎 = 𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜

(𝑅𝑎𝑑 .𝐼𝑛𝑐𝑙𝑖𝑛 . . á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙 ) (Eq. 36)

O parâmetro rendimento global do sistema apresenta-se como uma medida da eficiência do sistema

solar térmico na transferência de energia sob forma de radiação solar na preparação de AQS. Um

sistema bem dimensionado terá tipicamente rendimentos entre 20% e 60%, conforme as

características da carga térmica.

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51

O parâmetro produtividade do sistema mede a energia de origem solar fornecida para consumo, por

unidade de área dos colectores, segundo a equação 37.

𝑃𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑖𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 =𝐹𝑜𝑟𝑛𝑒𝑐𝑖𝑑𝑜

á𝑟𝑒𝑎 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑖𝑛𝑒𝑙 𝑠𝑜𝑙𝑎𝑟 (Eq. 37)

Este parâmetro está intimamente dependente dos detalhes do consumo de AQS e do nível e da

quantidade de radiação solar disponível. Se o sistema apresentar valores abaixo de 200 kWh/m², na

maioria dos casos, é de supor que o dimensionamento do sistema não é o mais correcto. A principal

utilidade do índice produtividade consiste na possibilidade de comparação de diferentes

equipamentos propostos para um determinado local e consumo esperado (Aguiar e Carvalho, 2007).

No final da interface análise energética do sistema, é possível optimizar-se as simulações de

dimensionamento dos sistemas segundo diversos critérios, como por exemplo, aumentar a fracção

solar, reduzir o desperdício solar, reduzir o fornecimento de energia de apoio e optimizar as

orientações dos colectores, conduzindo a resultados heterogéneos.

De modo a obterem-se boas estimativas de desempenho energético de sistemas colectores solares

térmicos, devem-se ter em consideração os condicionalismos exercidos pela meteorologia e consumo

de AQS do edifício, sem que se baseiem exclusivamente na optimização dos termos energéticos.

3.9 Desempenho energético de edifícios

Após a conclusão do estudo térmico do edifício, é necessária a verificação e validação do mesmo por

peritos qualificados, os quais podem emitir dois tipos de documentos comprovativos da situação

regulamentar e do desempenho energético do edifício ou fracção autónoma, nomeadamente

(ADENE, 2010):

Declaração de Conformidade Regulamentar (DCR) após verificação do projecto, devendo ser

integrada no processo de pedido de licenciamento ou de autorização de construção;

Certificado Energético e da Qualidade do Ar Interior (CE) após verificação da obra concluída,

devendo ser integrada no processo de pedido de licenciamento ou autorização de utilização.

A DCR apresenta-se como um “pré-certificado”, na medida em que os dados apenas são analisados

ao nível de projecto, passando a definitiva com a emissão do CE em que o perito verifica os requisitos

regulamentares do RCCTE in-situ no final da obra. A emissão de certificados energéticos permite

comprovar a correcta aplicação da regulamentação térmica em vigor por um prazo de validade igual a

10 anos (SCE, 2006).

No CE, inclui-se a classificação energética do edifício, tendo sido delineada uma escala de 7+2

classes (A+, A, B, B-, C, D, E, F e G), em que a classe A+ corresponde ao edifício com melhor

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desempenho energético, enquanto que a classe G corresponde ao edifício de pior desempenho

energético (ADENE, 2010).

Em edifícios novos, ou seja, edifícios com pedido de licença de construção após entrada em vigor do

Sistema Nacional de Certificação Energética e da Qualidade do Ar Interior nos Edifícios – SCE (1 de

Julho de 2007), as classes de desempenho energético de edifícios novos ou remodelados variam

apenas entre A+ e B-, enquanto que os edifícios existentes podem verificar qualquer classe (ADENE,

2010).

A classificação energética de edifícios de habitação e pequenos edifícios de serviços sem sistemas

de climatização ou com sistemas de climatização inferior a 25 kW de potência instalada calcula-se a

partir da equação 38, apresentando-se no Quadro 7 a escala utilizada na classificação energética dos

mesmos (ADENE, 2010).

𝑅 =𝑁𝑡𝑐

𝑁𝑡 (Eq. 38)

Em que:

R - Classe energética de edifícios de habitação e pequenos edifícios de serviços sem sistemas de climatização

ou com sistemas de climatização inferior a 25 kW de potência instalada;

Ntc - Necessidades globais anuais nominais de energia primária (kgep/m2.ano);

Nt - Valor máximo admissível das necessidades globais anuais nominais de energia primária (kgep/m2.ano).

Quadro 7 - Classe energética de edifícios e valores limite das respectivas classes

Ed

ifíc

ios E

xis

ten

tes

Ed

ifíc

ios

No

vo

s

Classe Energética R

𝐴 + 𝑅 ≤ 0,25

𝐴 0,25 ≤ 𝑅 ≤ 0,50

𝐵 0,50 ≤ 𝑅 ≤ 0,75

𝐵 − 0,75 ≤ 𝑅 ≤ 1,00

𝐶 1,00 ≤ 𝑅 ≤ 1,50

𝐷 1,50 ≤ 𝑅 ≤ 2,00

𝐸 2,00 ≤ 𝑅 ≤ 2,50

𝐹 2,50 ≤ 𝑅 ≤ 3,00

𝐺 𝑅 ≥ 3,00

Fonte: (ADENE, 2010)

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53

4 Casos de Estudo

4.1 Introdução

Nesta secção e numa primeira fase, será analisado o projecto térmico de um edifício unifamiliar,

idealizado para a localidade de Porto de Lagos, concelho de Portimão, visto ser um dos concelhos

com clima mais ameno em Portugal Continental (subsecção 4.3). O objectivo da análise do seu

estudo térmico, passa pela verificação regulamentar do RCCTE, nomeadamente ao nível das

necessidades nominais de aquecimento (Nic), de arrefecimento (Nvc), de preparação de AQS (Nac),

de energia primária (Ntc), bem como a sua classificação energética, permitindo quantificar o

desempenho energético do edifício. O edifício em causa será denominado de edifício-modelo daqui

para a frente.

Numa segunda fase, utilizar-se-ão os mesmos parâmetros presentes no estudo térmico do edifício-

modelo, agora em estudos térmicos de edifícios inseridos em outros concelhos do País,

nomeadamente em Estremoz, Alcanena, Montalegre e Lamego (subsecções 4.4 a 4.7). Nos estudos

térmicos dos novos edifícios, apenas ocorrerão alterações em termos dos dados climáticos a

considerar, de acordo com cada concelho referido. O objectivo desta segunda fase continua a ser o

cálculo das Nic, Nvc, Nac, Ntc e a classificação energética dos novos edifícios, de modo a verificar se

os requisitos presentes no RCCTE continuam a ser cumpridos. Na abordagem a cada estudo térmico,

referem-se os dados climáticos do concelho em causa, assim como os resultados relativos aos

requisitos energéticos obtidos.

A terceira fase corresponde à verificação dos projectos térmicos dos novos edifícios, à excepção do

edifício-modelo do concelho de Portimão, servindo este de padrão em termos de desempenho

energético. As alterações dos estudos térmicos incidem na adição e/ou alteração de equipamentos e

pormenores construtivos, de modo a verificar-se em que medida os seus desempenhos energéticos

são alterados. O objectivo desta fase passa pela atribuição da mesma classificação energética obtida

no edifício-modelo aos novos edifícios.

Visto os vários estudos térmicos referidos terem sido baseados numa estrutura arquitectónica ainda

em fase de projecto, o pedido de licença ou autorização de construção ocorre em pleno período de

aplicação do Decreto-Lei n.º 80/2006, devendo cumprir todas as disposições e exigências verificadas

pelo RCCTE. Se tal não acontecer, terão necessariamente que ocorrer soluções correctivas ao

projecto térmico, sem que o conforto térmico dos ocupantes e o desempenho energético dos edifícios

residenciais seja prejudicado.

4.2 Estrutura arquitectónica do edifício residencial unifamiliar

A estrutura arquitectónica do edifício em análise, consiste numa moradia unifamiliar composta por

piso térreo e primeiro andar, com utilização residencial em ambos os andares e frequentada por

quatro ocupantes. O seu projecto térmico contabiliza como fracção autónoma todo o espaço

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54

composto pelo próprio edifício, no qual devem-se verificar os requisitos regulamentares em termos de

desempenho térmico.

As Figuras 21 e 22, correspondem às plantas do piso 0 e piso 1, executadas em AutoCAD 2008 para

o projecto térmico do edifício unifamiliar.

Pela Figura 21, verifica-se que o piso 0 do edifício unifamiliar é composto por cozinha, sala de

convívio, instalação sanitária, quarto e corredor de circulação. Entre as duas entradas do edifício

localiza-se a varanda dá acesso ao piso 1.

Figura 21 - Planta do piso 0 do edifício unifamiliar

Pela Figura 22, verifica-se que o piso 1 do edifício unifamiliar é composto por duas suites, cada uma

composta por área de dormir, área de estar e instalação sanitária. A entrada nas suites é feita pela

varanda que dá acesso ao piso 0.

Figura 22 - Planta do piso 1 do edifício unifamiliar

As Figuras 23, 24 e 25, representam os alçados voltados a Sul, Norte e Oeste, respectivamente. O

alçado voltado a Sul caracteriza-se por ter todas as áreas envidraçadas do edifício, num total de 12

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55

vãos envidraçados (Parede Exterior 1). O alçado voltado a Norte corresponde à Parede Exterior 2.

Finalmente, pelo alçado voltado a Oeste (Parede Exterior 3) constata-se uma pala dupla de perfil,

mais elevada no alçado Sul comparativamente com o alçado Norte e que protege os vãos

envidraçados voltados a Sul da radiação solar directa pela criação de sombreamento.

Figura 23 - Alçado voltado a Sul do edifício unifamiliar (Parede Exterior 1)

Figura 24 - Alçado voltado a Norte do edifício unifamiliar (Parede Exterior 2)

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56

Figura 25 - Alçado voltado a Oeste do edifício unifamiliar (Parede Exterior 3)

O corte lateral do alçado Sul (Parede Exterior 1), na situação de piso térreo em contacto directo com

o solo, encontra-se referenciado no Anexo PORMENORES TÉCNICOS.

4.3 Edifício-modelo residencial unifamiliar em Porto de Lagos, concelho de Portimão (I1-V1)

Depois de analisada a estrutura arquitectónica do edifício, abordam-se agora os dados climáticos,

construtivos e equipamentos a ter em consideração no estudo térmico do edifício-modelo,

sintetizados no Quadro 8.

Quadro 8 - Elementos Base para a execução de estudo térmico do edifício no concelho de Portimão

Elementos base para a execução de estudo térmico

Dados Climáticos

Localização: Porto de Lagos, Portimão

Orientação: Norte / Sul

Zona climática de Inverno: I1

Zona climática de Verão: V1

Altitude: 26 m

Alteração em função da altitude? Não

Afastamento da orla marítima: 9,30 km

Número de graus dia (GD): 940

Duração da estação de aquecimento: 5,3 meses

Temperatura exterior do ar no Verão: 31º

Energia solar média mensal incidente: 108 kWh/m2.mês

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57

Quadro 9 - Elementos Base para a execução de estudo térmico do edifício no concelho de Portimão (continuação)

Elementos base para a execução de estudo térmico

Dados Construtivos

Tipo de construção: Habitação unifamiliar, isolada

Pisos: 2

Tipologia habitacional: T3

Cor: Clara

Área de coberturas (m2): 73,30

Área útil de pavimentos (m2): 2 un x 73,30 = 146,60

Pé direito ponderado (m): 2,70

Volume (m3): 2 un x 73,30 m2 x 2,70 m = 395,82

Cobertura: Telhado: Telha Lusa + Laje aligeirada + Isolamento térmico Esteira: Duas chapas de gesso cartonado a par

Lajes: Aligeiradas

Paredes exteriores: Duplas com 35 cm esp. = Estuque projectado + Tijolo furado + Isolamento térmico + Tijolo de 11 + Reboco

Paredes interiores: Simples com 15 cm esp. com estuque projectado, revestimento lavável na Cozinha e I. S. com mínimo de 1,50

Janelas: Em madeira de pinho, com vidro duplo

Protecção de envidraçados: Estores de PVC em exterior e cortina muito fina no interior e pala na cobertura

Caixas de estore: CAIXINOVA, 261, mod. C

Portas: Maciças em madeira de pinho

Grelhas auto-reguláveis: Ventilnorte, Standard, caudal 30 m3/h

Revestimento de pavimentos: Piso superior: "Chão flutuante"

Piso inferior: Mosaico cerâmico

Zonas Húmidas: Mosaico cerâmico

Isolamento térmico: EPS Poliestireno Expandido Moldado 13-15 kg/m3 λ=0,042 (Wmk)

Equipamentos

Painéis solares: Maltesus com reservatório de 300L

Apoio de Aquecimento de AQS Esquentador Vulcano, Modelo WRDG-14, Rendimento Parcial a 30% - 78%; sem isolamento da rede de água (-10%)

Climatização: Sem climatização

4.3.1 Medições gerais do projecto arquitectónico

No Anexo MEDIÇÕES GERAIS, encontram-se para consulta os dados técnicos referentes às

medições retiradas do projecto arquitectónico do edifício medidos sempre pelo interior.

4.3.2 Factores solares e de obstrução dos vãos envidraçados

Os métodos de cálculo dos factores solares dos vãos envidraçados estão presentes nas subsecções

3.2.2.1 (estação de aquecimento) e 3.2.2.2 (estação de arrefecimento), em que os resultados podem

ser consultados com maior pormenor no Anexo FACTORES SOLARES.

No edifício-modelo, os vãos envidraçados são compostos por vidro duplo incolor, em que cada

parcela de vidro simples mede 5 milímetros de espessura.

O factor solar do vão envidraçado na estação de aquecimento (g┴) toma os valores de 0,63 para

vidros simples incolores e 0,70 para vidros duplos incolores, por considerar-se a existência de

cortinas interiores muito transparentes e de cor clara como parâmetro mínimo (RCCTE, Anexo IV,

Secção 4.3.2).

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58

Para o cálculo do factor solar do vão envidraçado na estação de arrefecimento (g┴), o parâmetro g┴v

toma o valor 0,75, enquanto que g┴100% o valor de 0,63. Pela fórmula de cálculo indicada na

subsecção 3.2.2.2, g┴ corresponde a 0,67.

Devido ao edifício-modelo considerar que não há interacção com outros edifícios ou objectos que

causem sombreamento, os factores de obstrução são calculados considerando apenas a existência

de pala horizontal na cobertura. Todos os vãos envidraçados localizam-se no alçado Sul do edifício,

deste modo, não se considera a variação de valores dos factores de obstrução entre envidraçados do

mesmo piso, visto os mesmos encontrarem-se alinhados no plano horizontal.

Nos Quadros 10 e 11, sintetizam os resultados obtidos para os factores de sombreamento dos vãos

envidraçados dos pisos 0 e 1, para as estações de aquecimento e arrefecimento, respectivamente. A

Figura 26 representa os ângulos dos vão envidraçados com a pala horizontal (α) dos pisos 0 e 1

relativamente à cobertura.

Os dados presentes nos Quadros 9 e 10 podem ser consultados com maior pormenor no Anexo

FACTORES DE OBSTRUÇÃO.

Quadro 10 - Factores de obstrução do edifício para a estação de aquecimento

Vãos Envidraçados Piso 0 Piso 1

Factor de orientação para exposição solar vinda do Sul (Xj) 1 1

Factor de sombreamento do horizonte α (Fh) 1 1

Ângulo da pala horizontal com os vãos envidraçados – α (º) 9,89 20,78

Factor de sombreamento por elementos horizontais α (Fo) 0,91 0,81

Factor de sombreamento por elementos verticais β (Ff) 1 1

𝐹𝑠 = 𝐹𝑕 .𝐹𝑜 .𝐹𝑓 0,90 0,81

Factor de correcção da selectividade angular do envidraçado (Fw) 0,90 0,90

𝑋𝑗 .𝐹𝑠 ≥ 0,27 0,90 0,81

Fracção envidraçada (Fg) 0,65 0,65

Quadro 11 - Factores de obstrução do edifício para a estação de arrefecimento

Vãos Envidraçados Piso 0 Piso 1

Factor de orientação para exposição solar vinda do Sul (Xj) 1 1

Factor de sombreamento do horizonte α (Fh) 1 1

Ângulo da pala horizontal com os vãos envidraçados – α (º) 9,89 20,78

Factor de sombreamento por elementos horizontais α (Fo) 0,88 0,74

Factor de sombreamento por elementos verticais β (Ff) 1 1

𝐹𝑠 = 𝐹𝑕 .𝐹𝑜 .𝐹𝑓 0,88 0,74

Factor de correcção da selectividade angular do envidraçado (Fw) 0,85 0,85

𝑋𝑗 .𝐹𝑠 ≥ 0,27 0,88 0,74

Fracção envidraçada (Fg) 0,65 0,65

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59

Figura 26 - Ângulo da pala horizontal (α) com os vãos envidraçados do piso 0 e piso 1

4.3.3 Cálculo dos paramentos

O método de cálculo relativo aos coeficientes de transmissão térmica dos elementos (U) do edifício-

modelo pode ser consultado na subsecção 3.3. No anexo CÁLCULO PARAMENTOS, estão

expressos os resultados obtidos de U das envolventes que compõem o edifício.

4.3.4 Perdas térmicas associadas à envolvente exterior, interior e renovação de ar

Nas perdas térmicas associadas à envolvente exterior (Qext), são consideradas as perdas

provenientes das paredes exteriores, pontes térmicas de pilares e vigas e caixas de estore

(subsecção 3.7.2.1) que correspondem a 82,51 W/ºC. As pontes térmicas lineares (Qpt - subsecção

3.7.2.1) apresentam o valor de 114,81 W/ºC. No Anexo FC IV 1A apresentam-se os resultados das

Qext e Qpt com maior pormenor.

As perdas térmicas associadas à envolvente interior (Qlna - subsecção 3.7.2.1) correspondem aos

espaços não-aquecidos. No caso de estudo, o interior da cobertura do edifício representa o único

espaço não-aquecido a considerar. O primeiro passo no cálculo de Qlna consiste na obtenção do

coeficiente de redução das perdas térmicas para locais não-aquecidos (𝜏), em que Ai é igual a 73,30

m2 e Au igual a 90,32 m

2, originando uma relação de 0,81 (subsecção 3.6.2). Pela Tabela IV.1 do

Anexo IV, o desvão não-ventilado, apresenta o valor de 𝜏 igual a 0,8, que corresponde a um valor de

Qlna igual a 27,35 W/ºC. No Anexo FC IV 1A apresentam-se os resultados das Qlna com maior

pormenor.

Page 73: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

60

As perdas associadas aos vãos envidraçados exteriores, apesar de serem consideradas como perdas

da envolvente exterior (Qext), calculam-se num anexo próprio (Anexo FC IV 1C). Considerando que

todos os envidraçados apresentam as mesmas dimensões, ou seja, compostos por vidro duplo de

espessura da lâmina de ar igual a 16 milímetros e dispositivo de oclusão nocturna com baixa

permeabilidade ao ar (2,5 W/m2.ºC), o valor associado às perdas por vãos envidraçados exteriores é

igual a 45 W/ºC. Os dados técnicos relativos à espessura da lâmina e dispositivo de oclusão foram

retirados do documento do INETI Coeficientes de Transmissão Térmica dos Elementos da Envolvente

do Edifício – ITE 50, página III.3, Quadro III.1.

O método de cálculo associado às perdas térmicas derivadas da renovação do ar (Qv) está expresso

na subsecção 3.7.2.2 pela equação 18, correspondendo a 121,11 W/ºC para um volume interior de

395,80 m3 e taxa de renovação nominal (Rph) igual a 0,90. No cálculo de Qv, considera-se que a

classe de caixilharia de janelas é do tipo “sem classificação” com caixa de estore. A classe de

exposição do edifício é do tipo 3, apresentando aberturas auto-reguladas e portas bem vedadas

(subsecção 3.5.1.2). Para mais informações sobre os resultados obtidos para Qv consultar o Anexo

FC IV 1D.

4.3.5 Ganhos térmicos úteis na estação de aquecimento

A metodologia referente aos ganhos térmicos úteis na estação de aquecimento (Qgu) encontra-se

expressa na subsecção 3.7.2.3.

Os ganhos térmicos totais brutos (Qg) correspondem a 2736,86 kWh/ano, enquanto que os ganhos

internos brutos (Qi) são iguais a 2237,58 kWh/ano.

A relação 𝛾 expressa pela equação 20, esta apresenta um valor igual a 0,525. Obtido 𝛾, calcula-se o

factor de utilização dos ganhos térmicos (𝜂) pelas equações 21 e 22, em que o termo “a” pode ser

consultado através do Anexo INÉRCIA TÉRMICA. São obtidos valores de 𝜂 iguais a 0,967 (equação

21) e 0,808 (Equação 22) recorrendo-se ao maior valor verificado (0,967).

O valor correspondente aos ganhos totais úteis na estação de aquecimento (Qgu) é obtido através da

expressão 1, correspondendo a 4811,02 kWh/ano. Para mais informações sobre o cálculo de Qgu,

consultar os Anexos FC 1E e INÉRCIA TÉRMICA.

4.3.6 Necessidades nominais de aquecimento (Nic) e seu valor máximo admissível (Ni)

A metodologia referente às necessidades nominais de aquecimento (Nic), encontra-se descrita na

subsecção 3.7.2 e expressa pela equação 10, em que o valor obtido corresponde a 31,83

kWh/m2.ano. Para mais informações sobre os resultados obtidos para as Nic, consultar o Anexo FC

IV2.

A metodologia de cálculo relativa ao valor máximo admissível das necessidades nominais de

aquecimento (Ni) encontra-se expressa na subsecção 3.7.3.

Page 74: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

61

Pela equação 23, o valor do factor de forma (FF) da fracção autónoma corresponde a 0,70,

possibilitando o cálculo de Ni pela consulta do Quadro 5, obtendo-se o valor de 48,44 kWh/m2.ano.

Para mais informações sobre os resultados obtidos para Ni, consultar o Anexo IV 1F.

Deste modo, verifica-se que os requisitos regulamentares ao nível das Nic são cumpridos, visto que

(Nic < Ni).

4.3.7 Perdas térmicas totais na estação de arrefecimento

O método de cálculo das perdas térmicas totais é abordado na subsecção 3.7.4. As perdas térmicas

totais consistem em todas perdas específicas associadas ao edifício, no caso de estudo, são

contabilizadas as perdas associadas às paredes exteriores (Anexo FC IV. 1A), as perdas associadas

aos envidraçados exteriores (Anexo FC V. 1B) e as perdas associadas à renovação de ar (anexo FC

IV. 1D).

O valor correspondente às perdas térmicas totais é igual a 2911,93 kWh.

4.3.8 Ganhos térmicos totais brutos na estação de arrefecimento

Tal como no caso das perdas térmicas totais, os ganhos térmicos totais brutos na estação de

arrefecimento (Qg) encontram-se referidos subsecção 3.7.4 pela equação 27.

Os ganhos solares pela envolvente opaca exterior (Qopaco) são obtidos pela equação 28,

apresentando o valor de 395,79 kWh. Os ganhos solares pelos vãos envidraçados exteriores (Qs) são

obtidos pela equação 5, correspondendo a 722,57 kWh. Finalmente, os ganhos internos (Qi) obtidos

segundo a equação 29, apresentam o valor de 1716,89 kWh.

O valor dos ganhos térmicos totais na estação de arrefecimento corresponde a 2835,24 kWh. Para

mais informações sobre os cálculos relativos aos ganhos térmicos totais, consultar Anexos FC V.1C,

FC V.1D, FC V.1E e FC V.1F.

4.3.9 Necessidades nominais de arrefecimento (Nvc) e valor máximo admissível (Nv)

A metodologia de cálculo relativa às necessidades nominais de arrefecimento (Nvc) encontra-se

referida na secção 3.7.4, expressa pela equação 24.

A primeira etapa passa pelo cálculo da relação 𝛾 correspondente ao quociente entre os ganhos

térmicos totais (subsecção 4.3.8 - Anexo FC V.1F) e as perdas térmicas totais (subsecção 4.3.7 -

Anexo FC IV.1A, Anexo FC IV. 1B e Anexo FC IV. 1D), com valor igual a 0,97. Apresentando inércia

térmica forte (Anexo INÉRCIA TÉRMICA), o factor de utilização dos ganhos solares para a estação

de arrefecimento (η), é expresso pelas equações 21 e 22, sendo igual a 0,818 segundo o maior valor

de η.

Page 75: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

62

Pela equação 24 obtém-se o valor das Nvc, correspondente a 3,51 kWh/m2.ano. Para mais

informações sobre os resultados obtidos das Nvc, consultar Anexo FC V1G.

Na obtenção do valor máximo admissível das necessidades nominais de arrefecimento (Nv), recorre-

se à subsecção 3.7.5, em que Nv é igual a 22 kWh/m2.ano, visto estar localizada no concelho de

Portimão, região do Sul do País e zona climática de Verão V1.

Deste modo, os requisitos do regulamento são cumpridos ao nível das Nvc, visto que (Nvc < Nv).

4.3.10 Necessidades nominais na preparação de AQS (Nac) e valor máximo admissível (Na)

A metodologia de cálculo referente às necessidades nominais para preparação de AQS (Nac), pode

ser consultada na subsecção 3.7.6, expressa pela equação 30.

Inicialmente calcula-se a contribuição do sistema térmico solar na preparação de AQS através do

parâmetro Esolar, recorrendo-se ao programa SolTerm 5.0 (subsecção 3.8).

No cálculo de Esolar, foi considerado a utilização do sistema solar térmico da marca Maltezos, modelo

3xCSW130X150, com reservatório de capacidade igual a 300 litros e área efectiva de 5,22 m2. Os

painéis solares foram montados de modo a apresentarem uma inclinação de 45º, azimute Sul (0º) e

obstruções especificadas para o concelho de Portimão.

No Quadro 12 sintetizam-se os balanços energéticos mensal e anual do sistema térmico solar.

Quadro 12 - Balanço energético mensal e anual do sistema solar térmico para o concelho de Portimão (output do programa SolTerm 5.0)

O sistema de apoio utilizado na preparação de AQS, consiste num esquentador da marca Vulcano,

modelo WRDG-14, com rendimento parcial a 30% igual a 78%, valor que sofre penalização de 10%

devido à rede de água não se encontrar isolada.

Page 76: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

63

No estudo térmico desenvolvido, considera-se a utilização do edifício por parte de quatro ocupantes

durante 365 dias, obtendo-se o valor de energia útil despendida com sistemas convencionais na

preparação de AQS igual a 3056,51 kWh/ano, segundo a equação 31.

Pela equação 30, o valor obtido para as Nac é de 14,65 kWh/m2.ano. Pelo subsecção 3.7.7, o valor

máximo admissível de Nac (Na) é obtido pela equação 33 e corresponde a 32,27 kWh/m2.ano. Para

mais informações sobre os resultados obtidos para os parâmetros Nac e Na, consultar Anexo FC

NAC.

Mais uma vez, verificam-se os requisitos regulamentares em termos das Nac, visto que (Nac < Na).

4.3.11 Necessidades globais anuais nominais específicas de energia primária (Ntc) e valor

máximo admissível (Nt)

A metodologia de cálculo relativa às necessidades nominais de energia primária (Ntc) encontra-se

presente na subsecção 3.7.8 e expressa pela equação 34. O valor obtido para Ntc é igual a 2,22

Kgep/m2.

Pela subsecção 3.7.9, o valor máximo admissível de Ntc (Nt), obtido pela equação 35, corresponde a

4,99 Kgep/m2. Assim sendo, os requisitos regulamentares ao nível das Ntc são cumpridos, visto que

(Ntc < Nt).

Para mais informações sobre os resultados obtidos para os parâmetros Ntc e Nt, consultar Anexo FC

NTC.

4.3.12 Desempenho energético do edifício-modelo residencial unifamiliar

O desempenho energético do edifício é medido consoante sua classe energética, tal como foi referido

na subsecção 3.9. Para o edifício-modelo, o valor de R expresso pela equação 38 é igual a 0,44,

correspondendo à classe energética A.

4.4 Edifício residencial unifamiliar em Glória, concelho de Estremoz (I1-V3)

Nesta subsecção, o estudo térmico do edifício em análise consiste na mesma moradia unifamiliar

considerada na subsecção 4.3, mas desta vez inserida na localidade de Glória no concelho de

Estremoz.

No Quadro 13 estão sintetizados os dados climáticos necessários para elaboração do estudo térmico

do edifício.

Page 77: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

64

Quadro 13 - Dados climáticos para a execução de estudo térmico do edifício no concelho de Estremoz

Dados climáticos para a execução de estudo térmico

Localização: Glória, Estremoz

Orientação: Norte / Sul

Zona climática de Inverno: I1

Zona climática de Verão: V3

Altitude: 330 m

Alteração em função da altitude? Não

Afastamento da orla marítima: 118 km

Número de graus dia (GD): 1460

Duração da estação de aquecimento: 6,0 meses

Temperatura exterior do ar no Verão: 36º

Energia solar média mensal incidente: 108 kWh/m2.mês

No Quadro 14, resumem-se os valores obtidos para as Nic, Ni, Nvc, Nv, Nac, Na, Ntc e Nt,

parâmetros energéticos relativos ao estudo térmico do edifício.

Quadro 14 – Resultados obtidos referentes ao estudo térmico do edifício no concelho de Estremoz

Nic Ni Nvc Nv Nac Na Ntc Nt Classe

energética

do edifício

kWh/m2.ano Kgep/m

2

62,42 72,75 10,12 32 14,56 32,27 3,16 5,30

Nic/Ni Nvc/Nv Nac/Na Ntc/Nt B

0,86 0,32 0,45 0,60

Pelo Quadro 14, verifica-se que todos os parâmetros satisfazem os requisitos mínimos do

regulamento visto que os valores limite das Ni, Nv, Na e Nt não ultrapassam os valores das Nic, Nvc,

Nac, e Ntc.

A classe energética do edifício altera-se para a B comparativamente com o edifício-modelo,

necessitando de mais energia para satisfazer as necessidades nominais de aquecimento (Nic) e de

arrefecimento (Nvc).

As Nac no estudo térmico abordado são semelhantes às do edifício-modelo, devido ao parâmetro

Esolar ser muito semelhante entre ambos. Tal facto pode comparado, consultando os Quadros 12 e 15.

Page 78: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

65

Quadro 15 - Balanço energético mensal e anual do sistema solar térmico para o concelho de Estremoz (output do programa SolTerm 5.0)

4.5 Edifício residencial unifamiliar em Vale Pardinho, concelho de Alcanena (I2-V2)

Nesta subsecção, o estudo térmico do edifício em análise consiste na mesma moradia unifamiliar

considerada na subsecção 4.3, mas desta vez inserida na localidade de Vale Pardinho no concelho

de Alcanena.

No Quadro 16 estão sintetizados os dados climáticos necessários para elaboração do estudo térmico

do edifício.

Quadro 16 - Dados climáticos para a execução de estudo térmico do edifício no concelho de Alcanena

Dados climáticos para a execução de estudo térmico

Localização: Vale Pardinho, Alcanena

Orientação: Norte / Sul

Zona climática de Inverno: I2

Zona climática de Verão: V2

Altitude: 104 m

Alteração em função da altitude? Não

Afastamento da orla marítima: 38 km

Número de graus dia (GD): 1680

Duração da estação de aquecimento: 6,0 meses

Temperatura exterior do ar no Verão: 33º

Energia solar média mensal incidente: 93 kWh/m2.mês

No Quadro 17, resumem-se os valores obtidos para as Nic, Ni, Nvc, Nv, Nac, Na, Ntc e Nt,

parâmetros energéticos relativos ao estudo térmico do edifício.

Quadro 17 – Resultados obtidos referentes ao estudo térmico do edifício no concelho de Alcanena

Nic Ni Nvc Nv Nac Na Ntc Nt Classe

energética

do edifício

kWh/m2.ano Kgep/m

2

80,24 83,03 1,41 18 15,06 32,27 3,64 5,27

Nic/Ni Nvc/Nv Nac/Na Ntc/Nt B

0,97 0,08 0,47 0,69

Page 79: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

66

Segundo o Quadro 17, verifica-se que todos os parâmetros energéticos satisfazem os requisitos

mínimos do regulamento, visto que os valores limite das Ni, Nv, Na e Nt não ultrapassam os valores

das Nic, Nvc, Nac, e Ntc.

A classe energética do edifício altera-se para a B comparativamente com o edifício-modelo,

necessitando de mais energia para satisfazer as necessidades nominais de aquecimento (Nic). Por

outro lado, o estudo térmico do edifício em análise necessita de menos energia para satisfazer as

necessidades nominais de arrefecimento (Nvc), comparativamente com o edifício-modelo.

O parâmetro Esolar, necessário para o cálculo das Nac no estudo térmico do edifício, pode ser

consultado a partir do Quadro 18.

Quadro 18 - Balanço energético mensal e anual do sistema solar térmico para o concelho de Alcanena (output do programa SolTerm 5.0)

4.6 Edifício residencial unifamiliar em Donões, concelho de Montalegre (I3-V1)

Nesta subsecção, o estudo térmico do edifício em análise consiste na mesma moradia unifamiliar

considerada na subsecção 4.3, mas desta vez inserida na localidade de Donões no concelho de

Montalegre.

No Quadro 19 estão sintetizados os dados climáticos necessários para elaboração do estudo térmico

do edifício.

Page 80: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

67

Quadro 19 - Dados climáticos para a execução de estudo térmico do edifício no concelho de Montalegre

Dados climáticos para a execução de estudo térmico

Localização: Donões, Montalegre

Orientação: Norte / Sul

Zona climática de Inverno: I3

Zona climática de Verão: V1

Altitude: 960 m

Alteração em função da altitude? Não

Afastamento da orla marítima: 87 km

Número de graus dia (GD): 2820

Duração da estação de aquecimento: 7,7 meses

Temperatura exterior do ar no Verão: 30º

Energia solar média mensal incidente: 90 kWh/m2.mês

Embora a localidade de Donões esteja a uma altitude de 960 metros, o estudo térmico não sofre

alterações em termos de zona climática a considerar, já que esta insere-se na zona climática de

Inverno I3, não havendo alteração do número de gaus-dias (GD) e duração na estação de

aquecimento (meses). Tal facto pode ser confirmado recorrendo ao Quadro III.2 do Anexo III do

RCCTE.

A mesma verificação deve ser feita para a zona climática de Verão (V1). Esta também não sofre

alteração derivada da altitude, pois apresenta a mesma temperatura exterior de projecto referida no

Quadro 19 e no Quadro III.3 do Anexo III do RCCTE.

A classe de exposição do edifício ao vento também não se altera visto o edifício possuir uma altura

inferior a 10 metros e rugosidade do tipo III. Tal consideração permite que a classe de exposição do

mesmo continue igual a 3 comparada com os outros estudos térmicos abordados.

No Quadro 20, resumem-se os valores obtidos para as Nic, Ni, Nvc, Nv, Nac, Na, Ntc e Nt,

parâmetros energéticos relativos ao estudo térmico do edifício.

Quadro 20 - Resultados obtidos referentes ao estudo térmico do edifício no concelho de Montalegre

Nic Ni Nvc Nv Nac Na Ntc Nt Classe

energética

do edifício

kWh/m2.ano Kgep/m

2

149,24 136,32 1,23 16 16,67 32,27 5,77 5,73

Nic/Ni Nvc/Nv Nac/Na Ntc/Nt C

1,09 0,08 0,52 1,01

Pelo Quadro 20, verifica-se que os parâmetros energéticos não são satisfeitos ao nível das Nic e Ntc.

Desta forma, o projecto térmico terá forçosamente que sofrer alterações, nomeadamente em termos

das Nic de modo a verificar os requisitos regulamentares.

A classe energética do edifício altera-se para a C comparativamente com o edifício-modelo. Segundo

o Sistema de Certificação Energética (SCE), o estudo térmico do edifício tem de ser revisto, de modo

a baixar para uma classe energética no mínimo igual a B-, ou seja, para um quociente 𝑁𝑡𝑐/𝑁𝑡 inferior

a 1,00.

Page 81: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

68

A ilegalidade da situação será revista na subsecção 4.8.3, quando o estudo térmico do edifício

inserido no concelho em causa for verificado para a obtenção de classe energética igual a A.

O parâmetro Esolar, necessário para o cálculo das Nac do estudo térmico do edifício em Donões pode

ser consultado a partir do Quadro 21.

Quadro 21 - Balanço energético mensal e anual do sistema solar térmico para o concelho de Montalegre (output do programa SolTerm 5.0)

4.7 Edifício unifamiliar em Souto Côvo, Lamego (I3-V3)

Nesta subsecção, o estudo térmico do edifício em análise, consiste na mesma moradia unifamiliar

considerada na subsecção 4.3, mas desta vez inserida na localidade de Souto Côvo no concelho de

Lamego.

No Quadro 21 estão sintetizados os dados climáticos necessários para elaboração do estudo térmico

do edifício.

Quadro 22 - Dados climáticos para a execução de estudo térmico do edifício no concelho de Lamego

Dados climáticos para a execução de estudo térmico

Localização: Souto Côvo, Lamego

Orientação: Norte / Sul

Zona climática de Inverno: I3

Zona climática de Verão: V3

Altitude: 430 m

Alteração em função da altitude? Não

Afastamento da orla marítima: 73 km

Número de graus dia (GD): 2360

Duração da estação de aquecimento: 6,3 meses

Temperatura exterior do ar no Verão: 35º

Energia solar média mensal incidente: 90 kWh/m2.mês

No Quadro 23, resumem-se os valores obtidos para as Nic, Ni, Nvc, Nv, Nac, Na, Ntc e Nt,

parâmetros energéticos relativos ao estudo térmico do edifício.

Page 82: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

69

Quadro 23 – Resultados obtidos referentes ao estudo térmico do edifício no concelho de Lamego

Nic Ni Nvc Nv Nac Na Ntc Nt Classe

energética

do edifício

kWh/m2.ano Kgep/m

2

125,73 114,82 6,27 26 16,55 32,27 5,13 5,62

Nic/Ni Nvc/Nv Nac/Na Ntc/Nt B-

1,10 0,24 0,51 0,91

Analisando o Quadro 23, verifica-se que as Nic não satisfazem os requisitos do regulamento. À

semelhança do estudo térmico desenvolvido na subsecção 4.6, o projecto térmico terá forçosamente

que sofrer alterações de modo a cumprir o regulamento.

A classe energética do edifício altera-se para a B- comparativamente com o edifício-modelo, no

entanto, esta classificação não é valida pois o estudo térmico não verifica os requisitos do RCCTE.

A ilegalidade da situação será revista na subsecção 4.8.4, quando o estudo térmico do edifício for

verificado para obtenção de classe energética igual a A.

O parâmetro Esolar, necessário para o cálculo das Nac do estudo térmico do edifício em Souto Côvo

pode ser consultado a partir do Quadro 24.

Quadro 24 - Balanço energético mensal e anual do sistema solar térmico para o concelho de Lamego (output do programa SolTerm 5.0)

4.8 Atribuição de classe energética A aos edifícios dos concelhos de Estremoz, Alcanena,

Montalegre e Lamego

Nesta subsecção, será dado ênfase à revisão dos projectos térmicos para os edifícios inseridos nos

concelhos de Estremoz (I1-V3), Alcanena (I2-V2), Montalegre (I3-V1) e Lamego (I3-V3),

nomeadamente ao nível da adição e/ou alteração de equipamentos e pormenores construtivos com

vista à melhoria da eficiência energética dos mesmos.

Page 83: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

70

Com estas alterações, pretende-se projectar os edifícios com desempenho energético semelhante

entre si, dentro da classe energética do edifício com a melhor eficiência energética que corresponde

ao edifício inserido no concelho de Portimão (I1-V1).

4.8.1 Alterações ao projecto térmico do edifício residencial no concelho de Estremoz

A alteração relativa ao projecto térmico do edifício inserido no concelho de Estremoz, com vista à

obtenção de classe energética A, é simples e eficaz. A solução encontrada passa pela alteração do

equipamento de apoio utilizado no sistema solar térmico na preparação de AQS.

No estudo térmico abordado na subsecção 4.4, considerou-se a utilização de um esquentador da

marca Vulcano, modelo WRDG-14, com rendimento parcial a 30% igual a 78% e sem isolamento da

rede de água (-10%).

Com o objectivo de alcançar a classe energética A para o edifício em causa, opta-se pela utilização

de uma caldeira mural de condensação da marca Junkers, modelo ZWB 7-26, com rendimento parcial

a 30% igual a 97% e com isolamento da rede de água, que na prática permite considerar uma

eficiência de conversão do sistema de apoio de preparação de AQS (𝜂a) igual a 97%. A ficha técnica

cedida pelo fabricante relativa à caldeira mural encontra-se sintetizada no Quadro 25.

Quadro 25 - Informação do fabricante para a caldeira mural de condensação Junkers

Modelo Potência máxima útil Potência mínima útil Consumo energético Compatível com

solar

ZWB7-26

Aquecimento (kW) Aquecimento (kW) máx. potência (kW) Sim (+) kit solar

21,8 7,8 20,8

Rendimento nominal 100%

Rendimento parcial 30%

Caudal AQS Tª de avanço

Maior ou igual que: (l/min) desde ºC até ºC

106,00% 97,00% 12,0 35 90

Com a alteração do sistema de apoio à preparação de AQS, o Quadro 26 resume os valores obtidos

para as Nic, Ni, Nvc, Nv, Nac, Na, Ntc e Nt, parâmetros energéticos relativos à revisão do estudo

térmico abordado na subsecção 4.4.

Quadro 26 - Resultados referentes à revisão do estudo térmico para o edifício no concelho de Estremoz

Nic Ni Nvc Nv Nac Na Ntc Nt Classe

energética

do edifício

kWh/m2.ano Kgep/m

2

62,42 72,75 10,12 32 5,39 32,27 2,37 5,30

Nic/Ni Nvc/Nv Nac/Na Ntc/Nt A

0,86 0,32 0,17 0,45

Page 84: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

71

Comparando os Quadros 14 e 26, a alteração referida incide sobre o valor das necessidades de

energia útil na preparação de AQS (Nac), reformulando posteriormente o valor das necessidades de

energia primária (Ntc) e consequentemente a classe energética do edifício.

A alteração do equipamento de apoio utilizado no sistema solar térmico na preparação de AQS

apresenta-se como fundamental, já que o esquentador referido apenas apresenta um rendimento

nominal de 68% (considerar situação que a rede de água não é isolada), ao passo que a caldeira

mural de condensação apresenta o valor de 97%. Deste modo, existe uma clara diminuição de perda

de energia no aquecimento de AQS, situação que altera positivamente a sua classe energética.

4.8.2 Alterações ao projecto térmico do edifício residencial no concelho de Alcanena

As alterações referentes ao projecto térmico do edifício para a localidade de Vale Pardinho, concelho

de Alcanena, com vista à obtenção de classe energética A em termos de eficiência energética, são

mais complexas quando comparadas com o caso anterior.

Pelo estudo térmico da subsecção 4.5, o valor das necessidades nominais de aquecimento (Nic) é

elevado, ou seja, são necessárias quantidades de energia consideráveis para aquecimento do

edifício. Este facto decorre do edifício estar inserido numa zona climática de Inverno mais agreste

(I2), comparativamente com o edifício-modelo (I1).

Uma das soluções encontradas para alterar a classe energética do edifício em causa passa pelo

isolamento da laje do piso térreo, de modo a evitar-se o contacto directo com o solo, permitindo

minimizar as perdas energéticas do edifício. Outra das soluções encontradas, consiste na alteração

do equipamento de apoio utilizado no sistema solar térmico na preparação de AQS.

À semelhança da solução encontrada para a subsecção 4.8.3, o equipamento de apoio utilizado no

sistema térmico na preparação de AQS, será a caldeira mural de condensação da marca Junkers,

modelo ZWB 7-26, em que os dados técnicos estão referidos no Quadro 25.

O isolamento da laje do piso térreo é feito mediante a inserção de blocos de laje aligeirada com 30

milímetros de espessura, em que os pormenores técnicos estão representados no Anexo

PORMENORES TÉCNICOS 1. No Quadro 27 estão expressos os dados técnicos relativos ao

pavimento do piso térreo.

Quadro 27 - Dados técnicos de pavimento em contacto com espaço não-útil

Constituição e (m) λ (W/m.ºC) R (m².ºC/W)

Mosaico Cerâmico, densidade 2200-2400 kg/m2 0,008 1,040 0,01

EPS Poliestireno Expandido Moldado > 20 kg/m3 0,080 0,037 2,16

Betonilha de regularização 1800-2000 kg/m2 0,020 1,300 0,02

Laje Aligeirada, blocos > 0,30, 2 faixas 0,180

0,30

Rse + Rsi - - 0,34

Total 0,288

2,83

U (1/R) = 0,35

Page 85: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

72

Tratando-se então de um pavimento em contacto com um espaço não-útil, pois é criada uma caixa-

de-ar entre o pavimento e o solo, é necessário calcular o parâmetro 𝜏. Os dados para seu cálculo

estão patentes no Quadro 28, recorrendo-se numa fase final à Tabela IV.1 do Anexo IV do RCCTE.

Quadro 28 - Parâmetros necessários para o cálculo de 𝝉 do espaço não-útil

Local Função Ai (m2) Au (m

2) (Ai / Au) 𝜏

Desvão sanitário Sem Função 73,30 12,04 6,09 0,6

O índice 𝜏 possibilita a adição do valor das perdas de calor associadas a pavimentos sobre espaços

não-úteis à tabela de Qlna (subsecção 3.7.2.1), de acordo com o Quadro 29..

Quadro 29 - Parâmetro a adicionar às perdas associadas à envolvente interior do edifício

Pavimentos sobre espaços não-úteis Área (m2) U (W/m

2ºC) 𝜏 A.U.𝝉 (W/ºC)

Pavimento sobre desvão sanitário, com a altura de 0,30 cm

73,30 0,35 0,60 15,57

Com as alterações referidas ao projecto térmico, o Quadro 30 resume os valores obtidos para as Nic,

Ni, Nvc, Nv, Nac, Na, Ntc e Nt, parâmetros energéticos relativos à revisão do estudo térmico

abordado na secção 4.5.

Quadro 30 - Resultados obtidos referentes à revisão do estudo térmico do edifício no concelho de Alcanena

Nic Ni Nvc Nv Nac Na Ntc Nt Classe

energética do

edifício

kWh/m2.ano Kgep/m

2

64,77 89,94 1,41 18 5,89 32,27 2,40 5,33

Nic/Ni Nvc/Nv Nac/Na Ntc/Nt A

0,72 0,08 0,18 0,45

Comparando os Quadros 17 e 30, as alterações referidas incidem sobre as necessidades nominais

de aquecimento (Nic) e as necessidades nominais de energia útil na preparação de AQS (Nac), que

posteriormente alteram as necessidades nominais de energia primária (Ntc) e consequentemente a

classe energética de eficiência do edifício.

O isolamento da laje do piso térreo contribui directamente para o valor obtido de Nic, no sentido em

que consegue-se conservar mais energia no edifício, sendo necessário fornecer menor quantidade

para seu aquecimento.

A utilização da caldeira mural como sistema de apoio à preparação de AQS, apresenta o mesmo

significado referido na subsecção 4.8.1, existindo uma clara diminuição da perda de energia no

aquecimento de AQS.

Estas duas alterações ao projecto térmico permitem obter uma classe energética A no edifício

inserido na localidade de Vale de Pardinho, concelho de Alcanena.

Page 86: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

73

4.8.3 Alterações ao projecto térmico do edifício residencial no concelho de Montalegre

As alterações referentes ao projecto térmico do edifício para a localidade de Donões, concelho de

Montalegre, com vista à obtenção de classe energética A em termos de eficiência energética, passam

pela adição de bombas de calor e o isolamento da laje do piso térreo.

Quanto ao número de bombas de calor, considera-se a colocação de uma unidade em cada quarto,

num total de três unidades. Os três equipamentos da marca Sanyo apresentam capacidade nominal

igual a 9000 BTU/hr, com unidade interior de modelo SAP-KR 94EH e unidade exterior de modelo

SAP-CR 94EH. Para a sala de estar e cozinha considera-se a utilização de duas bombas de calor da

marca Sanyo com capacidade nominal de 18000 BTU/hr, unidade interior de modelo SAP-KR 184EH

e unidade exterior de modelo SAP-CR 184EH/DH.

A diferença entre as capacidades nominais das bombas de calor dos quartos e sala de estar/cozinha

explica-se pelo facto destas duas últimas divisões referidas serem os locais com as maiores

necessidades de aquecimento e arrefecimento no edifício, de modo a manterem constantes as

temperaturas referência previstas pelo regulamento durante as estações de aquecimento e de

arrefecimento.

No Quadro 30 encontra-se a informação indicada pelo fabricante relativa às bombas de calor, obtida

perante condições nominais de temperatura interior e exterior, em que é garantido uma amplitude de

temperatura de arrefecimento do ar interior entre 19°C e os 27°C, com condições de temperatura

exteriores entre os 24°e 35°C. Quanto à temperatura de aquecimento do ar interior, em que a

temperatura de referência é igual a 20°C, as condições de temperatura exteriores devem variar entre

os 6°C e 7°C.

Quadro 31 - Informação do fabricante relativa às bombas de calor a colocar no edifício

Fonte: Sayno, 2010

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74

A potência dos aparelhos de climatização é expressa em Watts ou BTU/hora (1 BTU /hora = 1 Watt x

3,413), exprimindo a capacidade de desempenho energético dos mesmos (ECO EDP, 2010).

A escolha de um equipamento de climatização deve ser efectuada tendo em consideração a

qualidade térmica do edifício, no entanto, não devem ser adquiridos sem ter o apoio de um técnico

qualificado para tal. O quadro 32 representa a conversão da potência nominal de BTU/hora para

Watts, unidade utilizada nos regulamentos RCCTE e RSECE.

Quadro 32 - Conversão de potência de bombas de calor de BTU/hr para kW

Potência do Equipamento

BTU/hr kW

9000 2,6

18000 5,3

Fonte: ECO EDP, 2010

Pelo Quadro 32, o somatório da potência nominal das cinco bombas de calor corresponde a 18,4 kW,

valor abaixo dos 25 kW permitido pelo RCCTE para climatização de edifícios.

No isolamento da laje do piso térreo consideram-se as mesmas características técnicas presentes no

Quadro 27. O valor de 𝜏, assim como o valor das perdas associadas à envolvente interior (Qlna), não

sofrem alterações, podendo ser consultados directamente pelos Quadros 28 e 29 respectivamente.

A adição de bombas de calor e o isolamento da laje do piso térreo alteram significativamente o valor

dos paramentos energéticos verificados na subsecção 4.6. No Quadro 33, resumem-se os valores

obtidos para as Nic, Ni, Nvc, Nv, Nac, Na, Ntc e Nt relativas à revisão do estudo térmico abordado na

subsecção referida.

Quadro 33 - Resultados obtidos referentes à revisão do estudo térmico do edifício no concelho de Montalegre

Nic Ni Nvc Nv Nac Na Ntc Nt Classe

energética

do edifício

kWh/m2.ano Kgep/m

2

112,74 147,91 1,23 16 16,67 32,27 2,35 5,83

Nic/Ni Nvc/Nv Nac/Na Ntc/Nt A

0,76 0,08 0,52 0,40

Comparando os Quadros 20 e 33, as alterações incidem sobre as necessidades nominais de

aquecimento (Nic), que posteriormente alteram as necessidades de energia primária (Ntc) e

consequentemente a classe energética de eficiência do edifício.

A adição do grupo de bombas de calor não resolve por si só a questão do valor das Nic ser inferior a

Ni. Tal acontece devido ao edifício continuar a perder energia pelo contacto directo do pavimento do

piso térreo com o solo, fazendo com que o regulamento não seja cumprido ao nível das Nic.

O isolamento da laje do piso térreo apresenta-se como pormenor construtivo essencial no

cumprimento do RCCTE, possibilitando a conservação de energia e reduzindo o valor da quantidade

a fornecer ao edifício.

Page 88: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

75

A inserção de cinco bombas de calor e isolamento da laje do piso térreo permitem a alteração da

classe energética para a designação A no edifício inserido na localidade de Donões, concelho de

Montalegre.

4.8.4 Alterações ao projecto térmico do edifício residencial no concelho de Lamego

As alterações referentes ao projecto térmico do edifício para a localidade de Souto Côvo, concelho de

Lamego, com vista à obtenção de classe energética A em termos de eficiência energética, são em

tudo semelhante às referidas na subsecção 4.8.3, ou seja, a adição de um conjunto de bombas de

calor e o isolamento da laje do piso térreo.

No estudo térmico do edifício é considerado novamente a adição de cinco bombas de calor, três para

os quartos com potência nominal de 9000 BTU/hr e duas bombas de calor com potência nominal de

18000 BTU/hr (mesma marca e modelos de unidade interior e exterior referidos na subsecção 4.8.3).

O isolamento da laje do piso térreo apresenta os mesmos dados técnicos referidos na subsecção

4.8.2 (Quadro 27), assim como o valor do parâmetro 𝜏 e a adição do valor das perdas associadas à

envolvente interior (Quadros 28 e 29).

O Quadro 34 resume os valores obtidos para as Nic, Ni, Nvc, Nv, Nac, Na, Ntc e Nt, parâmetros

energéticos relativos à revisão do estudo térmico abordado na subsecção 4.7.

Quadro 34 - Resultados obtidos referentes à revisão do estudo térmico do edifício no concelho de Lamego

Nic Ni Nvc Nv Nac Na Ntc Nt Classe

energética

do edifício

kWh/m2.ano Kgep/m

2

95,17 124,52 6,27 26 16,55 32,27 2,24 5,71

Nic/Ni Nvc/Nv Nac/Na Ntc/Nt A

0,76 0,24 0,51 0,39

Comparando os Quadros 23 e 34, as alterações incidem sobre as necessidades nominais de

aquecimento (Nic), que posteriormente alteram as necessidades de energia primária (Ntc) e

consequentemente a classe energética de eficiência do edifício.

Mais uma vez, a adição do grupo de bombas de calor ao edifício não resolve só por si a questão do

valor das Nic ter que ser inferior às Ni, pelo que foi explicado na subsecção 4.8.2.

A inserção de cinco bombas de calor, bem como o isolamento da laje do piso térreo, permitem a

alteração da classe energética para a designação A no edifício inserido na localidade de Souto Côvo,

concelho de Lamego.

Page 89: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

76

5 Considerações Finais e Perspectivas de Trabalho Futuro

5.1 Considerações finais

Nesta dissertação, foi realizado um esforço de compilação sobre a informação pertinente à projecção

térmica em edifícios, com vista à verificação dos requisitos mínimos presentes no RCCTE.

A principal conclusão que se retira deste trabalho, consiste no facto de se demonstrar que nem todos

os edifícios idealizados com uma determinada constituição arquitectónica podem ser implementados

nos diversos concelhos de Portugal Continental, derivado das condições climáticas heterogéneas

existentes no País. Este facto demonstra a importância dos dados climáticos a considerar nos

estudos térmicos de edifícios, consoante o concelho onde o mesmo se insere.

A variabilidade das condições climáticas influência directamente a quantidade de energia fornecida

aos edifícios, em termos das necessidades nominais de aquecimento (Nic), de arrefecimento (Nvc) e

na preparação de AQS. Tal facto constata-se na classe energética obtida para o edifício na localidade

de Porto de Lagos, concelho de Portimão (classe A) e para o edifício inserido na localidade de

Donões, concelho de Montalegre (classe C). Apesar dos dois estudos térmicos variarem apenas nos

dados climáticos a considerar, devido à zona climática do concelho de Montalegre (I3), os seus

gastos com o aquecimento são bastante mais elevados comparativamente com o edifício no concelho

de Portimão (I1), pelo facto de Montalegre possuir uma maior duração da estação de aquecimento e

um maior número de graus-dias (7,7 meses, 2820ºC.dias) que Portimão (5,3 meses, 940ºC.dias), o

que atesta a severidade do clima no concelho de Montalegre.

Outro pormenor climático que influência o desempenho térmico de edifícios, prende-se com os gastos

energéticos no aquecimento de AQS. Pelos resultados obtidos em termos das Nac, percepciona-se

que existem menores gastos na preparação de AQS nos concelhos a Sul de Portugal (Portimão e

Estremoz), comparado com os concelhos do Norte de País (Montalegre e Lamego). Tal ocorrência

explica-se pelo facto de existir maior quantidade de radiação solar disponível no Sul do País, o que

permite um maior aproveitamento de radiação solar por parte dos sistemas colectores solares

térmicos implantados na cobertura dos edifícios. Por outro lado, verifica-se uma queda abrupta dos

gastos energéticos na preparação de AQS nos concelhos de Estremoz e Alcanena pela utilização de

caldeira mural de condensação como sistema de apoio aos colectores solares, devido ao seu elevado

rendimento (97%), o que permite minimizar perdas energéticas. Neste sentido, o aquecimento de

AQS por via de sistemas colectores solares térmicos apresenta-se como solução de grande utilidade

na racionalização de energia, com maior incidência nos meses correspondentes à estação de

arrefecimento devido à maior disponibilidade de radiação solar em Portugal.

Ainda na linha de raciocínio do parágrafo anterior, uma das críticas que se pode fazer ao RCCTE

consiste no elevado peso que as Nac apresentam nas equações referentes às necessidades globais

anuais nominais de energia primária (Ntc) e seu valor máximo admissível (Nt) - equações 34 e 35,

respectivamente. Pela equação 34, verifica-se que Nic e Nvc apresentam uma ponderação 10 vezes

inferior às Nac, permitindo que pequenas alterações na modelação do parâmetro em causa tenham

Page 90: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

77

um impacte considerável no cálculo final de Ntc. O mesmo ocorre na equação 35 em que o cálculo de

Nt é influenciado pela baixa ponderação de Ni e Nv relativamente a Na.

Outra das conclusões retiradas consiste no grau de isolamento dos elementos exteriores que os

edifícios devem possuir, com o intuito de minimizar perdas e ganhos excessivos de energia. De modo

a minimizarem-se tais ganhos e perdas energéticas, devem ser introduzidas soluções construtivas

que permitam atingir um maior nível de conservação de energia. Neste trabalho, essas medidas

passaram pela qualidade e quantidade de isolamento térmico utilizado em elementos exteriores,

nomeadamente, em paredes, cobertura, piso térreo, pilares, vigas e portas; e pela utilização de

estores protectores de envidraçados compostos por vidro duplo, caixilharia redutora de infiltrações de

ar e pala horizontal na cobertura.

Apesar das soluções construtivas apresentadas, na estação de aquecimento, os ganhos térmicos

resultantes dos envidraçados e internos não são suficientes para compensar os gastos com as Nic.

Por outro lado, às Nvc pressupõem-se gastos energéticos bastante inferiores quando comparados

com as Nic, pelo facto de haver no edifício soluções construtivas exclusivamente dedicadas à

minimização de ganhos energéticos não-úteis, como o sombreamento causado pela pala na

cobertura e a existência de sistemas que protegem os envidraçados da radiação solar directa,

nomeadamente os estores. Os sistemas referidos, aliados ao poder da ventilação natural dos

edifícios, resolvem em grande parte os problemas relacionados com o sobreaquecimento das

fracções autónomas.

À excepção do edifício-modelo, a atribuição de classe energética A aos edifícios em estudo só é

atingida pela introdução de soluções construtivas ou de equipamentos que influenciem a climatização

ou a minimização de perdas energéticas dos mesmos.

No caso do edifício inserido no concelho de Estremoz, a revisão do seu estudo térmico com vista à

alteração da sua classe energética, passa pela substituição do esquentador por caldeira mural de

condensação pelas razões já referidas.

Para o edifício inserido no concelho de Alcanena, a revisão do seu estudo térmico com vista à

alteração da sua classe energética, consiste na introdução caldeira mural de condensação em

substituição do esquentador tal como referido; e pela solução construtiva de isolamento da laje do

piso térreo. Com o isolamento do piso térreo, pressupõe-se a conservação de maior quantidade de

energia, possibilitando menores gastos com o aquecimento do edifício.

Ainda relativamente à laje do piso térreo, referir que pelo facto do RCCTE não considerar a existência

de requisitos térmicos de pavimentos em contacto com o solo, tal situação deve ser revista numa

futura revisão do RCCTE, pois como foi demonstrado, verifica-se uma clara perda energética pelo

insuficiente isolamento da laje do pavimento, prejudicando o desempenho energético de edifícios.

Nos casos dos edifícios inseridos nos concelhos de Montalegre e Lamego, visto serem semelhantes

em termos do seu comportamento térmico, as soluções encontradas para alteração das suas classes

Page 91: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

78

energéticas passam pelo isolamento do piso térreo (vantagens explicadas nos parágrafos anteriores)

e pela inserção de bombas de calor para climatização dos edifícios. Nestes casos, foi tido em

consideração a escolha de equipamentos com COP elevado (inserção de três bombas de calor com

potência nominal de 2,6 kW nos quartos e duas bombas de calor com potência nominal de 5,3 kW na

sala de estar e cozinha, com COP entre 3,21 e 3,22 em termos de arrefecimento, respectivamente.

As soluções referidas, aliadas às características de isolamento térmico consideradas, proporcionam a

redução drástica de gastos energéticos com as Nic, influenciando favoravelmente as classes

energéticas dos edifícios em causa, reflectindo-se nos melhores desempenhos energéticos obtidos.

Referidas as soluções técnicas a adoptar com vista à melhoria da eficiência energética de edifícios,

importa salientar o parâmetro baseado na utilização racional da energia por parte dos ocupantes, o

que implica a alteração de comportamentos através adopção de atitudes que permitam uma melhor

utilização da energia e de equipamentos, mantendo os mesmos níveis de conforto ambiente nos

edifícios.

Concluindo, é inquestionável a necessidade dos ocupantes de edifícios viverem numa simbiose de

soluções construtivas e de boas práticas correntes do dia-a-dia, de forma a minimizarem-se os gastos

energéticos resultantes do sector residencial.

5.2 Perspectivas de trabalho futuro

De modo a aprofundar a informação resultante dos casos de estudo analisados entre as subsecções

4.8.1 e 4.8.4, seria interessante complementa-los com estudos económicos relativos aos custos

associados à construção e inserção de sistemas de aquecimento / arrefecimento nos edifícios

referidos, de modo a perspectivar em que localidade seria mais económico a construção do edifício

residencial unifamiliar a longo prazo.

No campo das necessidades nominais de aquecimento (Nic) e de arrefecimento (Nvc), poderia ter

interesse a inclusão de soluções arquitectónicas passivas solares como a inserção de paredes de

trombe, chaminés solares, ou clarabóias, de modo a perspectivar-se em que medida essas soluções

influenciariam os gastos energéticos com as Nic e Nvc.

Outra vertente de prolongação de estudo poderia passar pela estimação do tempo de vida útil dos

edifícios referidos, reunindo-se um conjunto de informação útil sobre os materiais aplicados na sua

reabilitação, de modo a promover a avaliação integrada de todos os impactes ambientais associados

à actividade, com identificação das oportunidades para a sua minimização. A Análise de Ciclo de Vida

(ACV) dos processos de reabilitação dos edifícios existentes permitiria identificar a origem dos

impactes ambientais e possibilitar a sua mitigação através do uso eficiente de materiais e energia.

Deste modo, seria possível identificar os pontos de actuação passíveis de melhoria, com a

consequente redução do consumo de recursos e das emissões ambientais, passando também pela

economia de custos.

Page 92: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

79

Bibliografia

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i

Anexos

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ii

Anexo MEDIÇÕES GERAIS

COBERTURAS

Nome Un N.º

Partes Comp. Larg. Alt.

Área parc.

Perímetro parc.

Área total

Perímetro total

Área da cobertura

m2

1 15,27 4,80 - 73,30

0,00

- 73,30

Perímetro da cobertura

m

2 15,27

30,54

2

4,80

9,60

-

40,14

PAREDES EXTERIORES

Alçado Sul / Parede Exterior 1 - P. Ext. 1

Nome Un N.º

Partes

Comp. Larg. Alt. Área parc.

Área total

Quantidades, Alçado Sul

Paramento superior m

2

1 15,27

2,70 41,23 41,23

Paramento inferior 1 15,27

2,70 41,23 41,23

Pilares

m2

3

0,25 2,51 1,88 1,88

3

0,25 2,51 1,88 1,88

Vigas

m2

1 15,27

0,19 2,90 2,90

1 15,27

0,19 2,90 2,90 9,57 Área - Pilares e vigas

Janelas

m2

6

1,50 1,00 9,00 9,00

6

1,50 1,00 9,00 9,00 18,00 Área - Janelas

Caixas de estore

m2

6

1,70 0,26 2,65 2,65 5,30 Área - Caixas de estore

6

1,70 0,26 2,65 2,65 60,00 Comprimento - Padieiras, ombreiras ou peitoris

Portas

m2

0,00 Área - Portas

Alvenarias m2

49,59 49,59 Área - Paredes

Alçado Norte / Parede Exterior 2 - P. Ext. 2

Nome Un N.º

Partes

Comp. Larg. Alt. Área parc.

Área total

Quantidades, Alçado Norte

Paramento superior m

2

1 15,27

2,70 41,23 41,23

Paramento inferior 1 15,27

2,70 41,23 41,23

Pilares

m2

3

0,25 2,63 1,97 1,97

3

0,25 2,51 1,88 1,88

Vigas m

2

1 15,27

0,07 1,07 1,07

1 15,27

0,19 2,90 2,90 7,83 Área - Pilares e vigas

Janelas

m2

0,00

0,00 0,00 Área - Janelas

Caixas de estore

m2

0,00 0,00 Área - Caixas de estore

0,00 20,00 Comprimento - Padieiras,

ombreiras ou peitoris Portas

m

2

2

1,00 2,00 4,00 4,00

2

1,00 2,00 4,00 4,00 8,00 Área - Portas

Alvenarias m2

66,63 66,63 Área - Paredes

Page 97: esempenho térmico de edifício residencial unifamiliar ... · Figura 5 - Planta de implantação dos edifícios e obstruções a considerar..... 12 Figura 6 - Vista lateral (alçados)

iii

Alçado Este / Parede Exterior 3 - P. Ext. 3

Nome Un N.º

Partes

Comp. Larg. Alt. Área parc.

Área total

Quantidades, Alçado Este

Paramento superior m

2

1 4,80

2,70 12,96 12,96

Paramento inferior 1 4,80

2,70 12,96 12,96

Pilares m2

0,00

0,00

Vigas m2

1 4,80

0,19 0,91 0,91

1 4,80

0,19 0,91 0,91 1,82 Área - Pilares e vigas

Janelas m2

0,00 Área - Janelas

0,00 0,00

Caixas de estore m2

0,00 0,00 Área - Caixas de estore

0,00 0,00 Comprimento - Padieiras,

ombreiras ou peitoris

Portas m2

0,00 Área - Portas

Alvenarias m

2

24,10 24,10 Área - Paredes

Alçado Oeste / Parede Exterior 4 - P.Ext 4

Nome Un N.º

Partes

Comp. Larg. Alt. Área parc.

Área total

Quantidades, Alçado Oeste

Paramento superior m

2

1 4,80

2,70 12,96 12,96

Paramento inferior 1 4,80

2,70 12,96 12,96

Pilares m2

0,00

0,00

Vigas m2

1 4,80

0,19 0,91 0,91

1 4,80

0,19 0,91 0,91 1,82 Área - Pilares e vigas

Janelas m2

0,00

0,00 0,00 Área - Janelas

Caixas de estore m2

0,00 0,00 Área - Caixas de estore

0,00 0,00 Comprimento - Padieiras,

ombreiras ou peitoris

Portas m2

0,00 Área - Portas

Alvenarias m2

24,10 24,10 Área - Paredes

Quantidades por actividade

Alçado Sul Paredes Área 49,59

Portas Área 0,00

Caixas de estore

Área 5,30

Alçado Norte Paredes Área 66,63

Portas Área 8,00

Caixas de estore

Área 0,00

Alçado Este Paredes Área 24,10

Portas Área 0,00

Caixas de estore

Área 0,00

Alçado Oeste Paredes Área 24,10

Portas Área 0,00

Caixas de estore

Área 0,00

Alçado Sul Janelas Área 18,00

Pilares/vigas Área 9,57

Padieras, ombreiras ou

peitoris

Área 60,00

Alçado Norte Janelas Área 0,00

Pilares/vigas Área 7,83

Padieras, ombreiras ou

peitoris

Área 20,00

Alçado Este Janelas Área 0,00

Pilares/vigas Área 1,82

Padieras, ombreiras ou

peitoris

Área 0,00

Alçado Oeste Janelas Área 0,00

Pilares/vigas Área 1,82

Padieras, ombreiras ou

peitoris

Área 0,00

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iv

Anexo FACTORES SOLARES

Estação de Aquecimento:

Nota - Considerar no cálculo solar de vãos envidraçados do sector residencial a existência de, pelo menos, de cortinas interiores muito transparentes de cor clara.

g┴ = 0,70 Vidro simples incolor

g┴ = 0,63 Vidro duplo incolor

Estação de Arrefecimento

Nota - Saber sempre em todos os casos:

1º g┴v Factor solar do vidro

2º g┴100% Factor solar do vidro com cortina ou outro dispositivo

de modo a que:

g┴ = 0,3 x g┴ (vidro) + 0,7 x g┴ (protecção)

Dados:

Factor solar do vidro (g┴ v) = 0,75

Factor solar do vidro e cortina muito transparente (g┴100%) = 0,63

Factor solar do vidro com protecção 100% activa (g┴) = 0,666

Anexo FACTORES DE OBSTRUÇÃO

Factores de Sombreamento: Estação de Aquecimento (Inverno)

J1,0 J2,0 J3,0 J4,0 J5,0 J6,0 J1,1 J2,1 J3,1 J4,1 J5,1 J6,1

Xj 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Somb. Horizonte α (Fh) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Pala Horizontal α (º) 9,89 9,89 9,89 9,89 9,89 9,89 20,78 20,78 20,78 20,78 20,78 20,78

Somb. Ele. Horizontal (Fo) 0,911 0,911 0,911 0,911 0,911 0,911 0,813 0,813 0,813 0,813 0,813 0,813

Somb. Ele. Vertical β (Ff) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Fs = Fh . Fo . Ff 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,81 0,81 0,81 0,81 0,81 0,81

Selectividade Angular (Fw) 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90

Xj . Fs ≥ 0,27 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,81 0,81 0,81 0,81 0,81 0,81

Fracção envidraçada (Fg) 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65

Factores de Sombreamento: Estação de Arrefecimento (Verão)

J1,0 J2,0 J3,0 J4,0 J5,0 J6,0 J1,1 J2,1 J3,1 J4,1 J5,1 J6,1

Somb. Horizonte α (Fh) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Pala Horizontal α (º) 9,89 9,89 9,89 9,89 9,89 9,89 20,78 20,78 20,78 20,78 20,78 20,78

Somb. Ele. Horizontal (Fo) 0,878 0,878 0,878 0,878 0,878 0,878 0,744 0,744 0,744 0,744 0,744 0,744

Somb. Ele. Vertical β (Ff) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

Fs = Fh . Fo . Ff 0,88 0,88 0,88 0,88 0,88 0,88 0,74 0,74 0,74 0,74 0,74 0,74

Fracção envidraçada (Fg) 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65

Selectividade Angular (Fw) 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85 0,85

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v

Anexo CÁLCULO PARAMENTOS

Coeficientes de Transmissão Térmica

Descrição do elemento:

Cobertura:

Telhado: Telha Lusa, Laje maciça com 21 cm, isolamento térmico.

Esteira: Duas chapas de gesso cartonado a par.

(Forma um espaço não-útil, não ventilado)

Constituição e (m) λ (W/m.ºC) R (m².ºC/W)

Telha Lusa 0,015 0,500 0,03

Laje maciça em betão armado, percentagem de armadura 1-2% 0,160 2,300 0,07

EPS Poliestireno Expandido Moldado 13-15 kg/m3 0,080 0,042 1,90

Rse + Rsi - - 0,14

Total 0,255

2,14

U (1/R) = 0,47

Paredes exteriores

Constituição e (m) λ (W/m.ºC) R (m².ºC/W)

Reboco esponjado com densidade 1800-2000 kg/m3 0,015 1,300 0,01

Pano de tijolo cerâmico, furado, espessura 11 cm 0,110

0,27

Espaço de ar não ventilado

0,020

0,16

EPS Poliestireno Expandido Moldado 13-15 kg/m3 0,080 0,042 1,90

Pano de tijolo cerâmico, furado, espessura 11 cm 0,110

0,27

Reboco esponjado com densidade 1800-2000 kg/m3 0,015 1,300 0,01

Rse + Rsi - - 0,17

Total 0,350

2,80

U (1/R) = 0,36

Ponte térmica de pilares e vigas

Constituição e (m) λ (W/m.ºC) R (m².ºC/W)

Reboco esponjado com densidade 1800-2000 kg/m3 0,015 1,300 0,01

Pilar/viga em betão armado, aço > 2% do volume 0,250 2,500 0,10

EPS Poliestireno Expandido Moldado 13-15 kg/m3 0,060 0,042 1,43

Reboco esponjado com densidade 1800-2000 kg/m3 0,015 1,300 0,01

Rse + Rsi - - 0,17

Total 0,340

1,72

U (1/R) = 0,58

Ponte térmica de caixa de estore

Constituição e (m) λ (W/m.ºC) R (m².ºC/W)

Reboco esponjado com densidade 1800-2000 kg/m3 0,015 1,300 0,01

EPS Poliestireno Expandido Moldado 13-15 kg/m3 0,060 0,042 1,43

Caixa de estore normalizada, Caixinova, 260. mod. C 0,255

1,10

Reboco esponjado com densidade 1800-2000 kg/m3 0,015 1,300 0,01

Rse + Rsi - - 0,17

Total 0,345

2,72

U (1/R) = 0,37

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vi

Porta exterior em madeira resinosa, semi-densa.

Constituição e (m) λ (W/m.ºC) R (m².ºC/W)

Madeira resinosa densa, em protecção exterior 0,022 0,180 0,12

EPS Poliestireno Expandido Moldado 13-15 kg/m3 0,020 0,042 0,48

Folha de madeira de casquinha, colada, em interior 0,001 0,015 0,07

Rse + Rsi - - 0,17

Total 0,043

0,84

U (1/R) = 1,20

Anexo FC IV. 1A

Perdas associadas à Envolvente Exterior

Paredes Exteriores

Área m

2

U W/m

2ºC

A.U W/ºC

S PAREDE 1 - Parede Ext. 1 49,59 0,36 17,72

N PAREDE 2 - Parede Ext. 2 66,63 0,36 23,82

E PAREDE 3 - Parede Ext. 3 24,10 0,36 8,61

W PAREDE 4 - Parede Ext. 4 24,10 0,36 8,61

N PAREDE 2 - Porta Ext. 1 8,00 1,20 9,58

S PAREDE 1 - Pontes térmicas Pilares/viga 1 9,57 0,58 5,56

N PAREDE 2 - Pontes térmicas Pilares/viga 2 7,83 0,58 4,55

E PAREDE 3 - Pontes térmicas Pilares/viga 3 1,82 0,58 1,06

W PAREDE 4 - Pontes térmicas Pilares/viga 4 1,82 0,58 1,06

S PAREDE 1 - Pontes térmicas Caixas de Estore 1 5,30 0,37 1,95

198,76 Total parcial 82,51

Pontes Térmicas Lineares Ligações entre:

Comprimento m

Ψ W/mºC

B.Ψ W/ºC

Fachada com pavimentos térrreos 40,14 1,80 72,25

Fachada com pavimentos sobre locais não aquecidos / exteriores

0,00

Fachada com pavimentos intermédios 36,89 0,25 9,22

Fachada com cobertura inclinada ou terraço 40,14 0,50 20,07

Fachada com varanda 3,25 0,40 1,30

Duas paredes verticais 30,48 0,20 6,10

Fachada com caixa de estore 5,30 0,00 0,00

Fachada com padieira, ombreira ou peitoril 80,00 0,20 16,00

Laje de escada entre o r/c e o 1.º andar 6,40 0,50 3,20

Fachada com palas 31,94 0,50 15,97

Total parcial 144,11

Perdas pela envolvente exterior da Fracção Autónoma W/ºC Total geral 226,62

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vii

Anexo FC IV. 1B

Perdas associadas à Envolvente Interior

Coberturas interiores (tectos sob espaços não-úteis) Área m

2

U W/m

2ºC

𝝉 A.U.𝝉 W/ºC

Cobertura geral, com isolamento no interior do desvão 73,30 0,47 0,80 27,35

Total parcial 27,35

Perdas pela envolvente interior da Fracção Autónoma W/ºC Total geral 27,35

Incluir obrigatoriamente os elementos que separam a Fracção Autónoma dos seguintes espaços:

Zonas comuns em edifícios com mais de uma Fracção Autónoma;

Edifícios anexos;

Garagens, armazéns, lojas e espaços não-úteis similares;

Sótãos não-habitados.

Nota - Vão envidraçado, Simples, Vidro duplo, Espessura lâmina de ar de 16 mm, Dispositivo de oclusão nocturna com baixa permeabilidade ao ar (estore) W/(m

2.ºC) = 2,5

Anexo FC IV. 1C

Perdas associadas aos Vãos Envidraçados Exteriores

Vãos Envidraçados Exteriores U

W/m2ºC

Área m

2

U.A W/ºC

Verticais:

J1,0 2,50 1,50 3,75

J2,0 2,50 1,50 3,75

J3,0 2,50 1,50 3,75

J4,0 2,50 1,50 3,75

J5,0 2,50 1,50 3,75

J6,0 2,50 1,50 3,75

J1,1 2,50 1,50 3,75

J2,1 2,50 1,50 3,75

J3,1 2,50 1,50 3,75

J4,1 2,50 1,50 3,75

J5,1 2,50 1,50 3,75

J6,1 2,50 1,50 3,75

Horizontais:

Total geral = 18,00 45,00

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viii

Anexo FC IV. 1D

Perdas associadas à Renovação do Ar

Área útil de pavimento (Ap) 146,59 m2

×

Pé-direito médio 2,70 m

=

Volume interior (V) 395,80 m3

VENTILAÇÃO NATURAL

Cumpre NP 1037-17 (S ou N)? N

Se Sim: Rph = 0,60

Se Não:

Classe da caixilharia (s/c, 1, 2 ou 3)? s/c.

Taxa de Renovação Nominal

Caixas de estore (S ou N)? S

Rph = 0,90

Classe de exposição (1, 2, 3 ou 4)? 3

Aberturas auto-reguladas? (S ou N)? S

Área de Envidraçados > 15% Ap?

(S ou N)? N

Portas exteriores bem vedadas?

(S ou N)? S

Volume interior (V) 395,80 m3

×

Taxa de Renovação Nominal 0,90 Rph

×

0,34

=

Total = 121,11 W/ºC

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ix

Anexo FC IV. 1E

Ganhos Úteis na estação de Aquecimento

Ganhos Solares:

Orientação do vão

envidraçado

Tipo: Simples

Áream

2

Factor de Orientação

Xj

Factor Solar

g┴

Factor de Obstrução Fs = Fh.Fo.Ff

Fracção Envidraçada

Fg

Factor de Selecção

Fw

Área Efectiva

Ae m2

Verticais:

S J1,0 1,50 1,00 0,63 0,90 0,65 0,90 0,50

S J2,0 1,50 1,00 0,63 0,90 0,65 0,90 0,50

S J3,0 1,50 1,00 0,63 0,90 0,65 0,90 0,50

S J4,0 1,50 1,00 0,63 0,90 0,65 0,90 0,50

S J5,0 1,50 1,00 0,63 0,90 0,65 0,90 0,50

S J6,0 1,50 1,00 0,63 0,90 0,65 0,90 0,50

S J1,1 1,50 1,00 0,63 0,81 0,65 0,90 0,45

S J2,1 1,50 1,00 0,63 0,81 0,65 0,90 0,45

S J3,1 1,50 1,00 0,63 0,81 0,65 0,90 0,45

S J4,1 1,50 1,00 0,63 0,81 0,65 0,90 0,15

S J5,1 1,50 1,00 0,63 0,81 0,65 0,90 0,15

S J6,1 1,50 1,00 0,63 0,81 0,65 0,90 0,15

Horizontais:

Total 4,78

Área efectiva total equivalente na orientação Sul

4,78 m2

×

Radiação incidente num envidraçado a Sul (Gsul) na Zona 1 do Quadro 8 (Anexo III)

108 kWh/m2.mês

×

Duração da estação de aquecimento 5,3 meses

=

Ganhos solares brutos 2736,86 kWh/ano

Ganhos Internos:

Ganhos internos médios (Quadro IV.3) 4 W/m2

×

Duração da estação de aquecimento 5,3 meses

×

Área útil de pavimento (Ap) 146,59 m2

×

0,72

=

Ganhos Internos Brutos 2237,58 kWh/ano

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x

Ganhos Totais Úteis:

𝑌 =

Ganhos Solares Brutos + Ganhos Internos Brutos

Necessidades Brutas de Aquecimento (FC IV 2)

𝑌 = 0,525 γ ≠ 1 η = 0,967

γ = 1 η = 0,808

Inércia do edifício

Forte a = 4,2

Factor de utilização dos ganhos solares (aquec.) 𝜂 = 0,967

×

Ganhos Solares Brutos + Ganhos Internos Brutos

4974,44 kWh/ano

=

Ganhos Totais Úteis:

4811,02 kWh/ano

Anexo FC IV. 1F

Valor máximo das Necessidades de Aquecimento (Ni)

Factor de Forma (FF)

Áreas:

Paredes Exteriores

198,76 m2

Coberturas Exteriores

0,00 m2

Pavimentos Exteriores

0,00 m2

Envidraçados Exteriores

18,00 m2

Áreas equivalentes (A.𝜏):

Paredes Interiores

0,00 m2

Coberturas Interiores

58,64 m2

Pavimentos Interiores

0,00 m2

Envidraçados Interiores

0,00 m2

Área Total:

275,39 m2

/

Volume:

395,80 m3

=

FACTOR DE FORMA =

0,70

Graus-dia no local (ºC . dia)

940,00

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xi

FF ≤ 0,5 Ni = 41,63 kWh/m2.ano

0,5 < FF ≤ 1 Ni = 48,44 kWh/m2.ano

1 < FF ≤ 1,5 Ni = 51,39 kWh/m2.ano

FF > 1,5 Ni = 68,77 kWh/m2.ano

Necessidades Nominais de Aquecimento máximas

Ni = 48,44 kWh/m2.ano

Anexo FC IV. 2

Cálculo do Indicador Nic:

Perdas térmicas associadas a: W/ºC

Envolvente Exterior (FC IV. 1A) 226,62

Envolvente Interior (FC IV. 1B) 27,35

Vãos Envidraçados (FC IV. 1C) 45,00

Renovação de Ar (FC IV. 1D) 121,11

Coeficiente Global de Perdas 420,08 W/ºC

×

GD no local 940,00

×

0,024

=

Necessidades Brutas de Aquecimento 9477,09 kWh/ano

-

Ganhos Totais Úteis (FC IV. 1E) 4811,02 kWh/ano

=

Necessidades de Aquecimento 4666,06 kWh/ano

/

Área Útil de pavimento (Ap) 146,59 m2

=

Necessidades. Nominais de Aquecimento - Nic 31,83 kWh/m2.ano

Necessidades Nominais de Aquecimento máximas. - Ni 48,44 kWh/m2.ano

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xii

Anexo FC V. 1A

Perdas térmicas totais

Perdas associadas às paredes exteriores (U.A) (FC IV. 1a) 82,51 W/ºC

+

Perdas associadas aos pavimentos exteriores (U.A) (FC IV. 1a) 0,00 W/ºC

+

Perdas associadas às coberturas exteriores (U.A) (FC V. 1b) 0,00 W/ºC

+

Perdas associadas aos envidraçados exteriores (U.A) (FC V. 1b) 45,00 W/ºC

+

Perdas associadas à renovação de ar (FC IV. 1d) 121,11 W/ºC

=

Perdas específicas totais (Q1a) 248,63 W/ºC

Temperatura interior de referência

25 ºC

-

Temperatura média do ar exterior na estação de arrefecimento 21 ºC

=

Diferença de temperatura interior-exterior

4 ºC

×

Perdas específicas totais (Q1a) 248,63 W/ºC

×

2,928

=

Perdas térmicas totais (Q1b) 2911,93 kWh

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xiii

Anexo FC V. 1B

Perdas associadas a coberturas e envidraçados exteriores

Perdas associadas aos envidraçados exteriores

Envidraçados exteriores U

W/m2ºC

Área m

2

U.A W/ºC

Verticais:

J1,0 2,50 1,50 3,75

J2,0 2,50 1,50 3,75

J3,0 2,50 1,50 3,75

J4,0 2,50 1,50 3,75

J5,0 2,50 1,50 3,75

J6,0 2,50 1,50 3,75

J1,1 2,50 1,50 3,75

J2,1 2,50 1,50 3,75

J3,1 2,50 1,50 3,75

J4,1 2,50 1,50 3,75

J5,1 2,50 1,50 3,75

J6,1 2,50 1,50 3,75

Horizontais:

Total geral 18,00 45,00

Nota: O valor de U das coberturas a usar nesta ficha corresponde à situação de Verão

Anexo FC V. 1C Ganhos solares pela envolvente opaca

Por orientação e horizontal

S N E W N S N E W S

Área A (m2) 49,59 66,63 24,10 24,10 8,00 9,57 7,83 1,82 1,82 0,58

× × × × × × × × × ×

U (W/m2ºC) (Anexo Cálculo

Paramentos)

0,36 0,36 0,36 0,36 1,20 0,58 0,58 0,58 0,58 0,37

× × × × × × × × × ×

Coeficiente de absorção, α 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4 0,4

= = = = = = = = = =

α.U.A (W/ºC) 7,09 9,53 3,44 3,44 3,83 2,22 1,82 0,42 0,42 0,09

× × × × × × × × × ×

Intensidade de radiação solar da estação de arrefecimento (kWh/m

2)

380 200 420 430 200 380 200 420 430 380

× × × × × × × × × ×

0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04 0,04

= = = = = = = = = = Total geral

Ganhos solares pela envolvente opaca exterior (kWh)

107,76 76,21 57,88 59,25 30,66 33,79 14,54 7,12 7,29 1,30 395,79

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xiv

Anexo FC V. 1D

Ganhos solares pelos envidraçados exteriores

Por orientação e horizontal

Orientação S S S S S S S S S S S S

Vão J1,0 J2,0 J3,0 J4,0 J5,0 J6,0 J1,1 J2,1 J3,1 J4,1 J5,1 J6,1

Área A (m2) 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50 1,50

× × × × × × × × × × × ×

Factor solar g┴ 0,253 0,253 0,253 0,253 0,253 0,253 0,253 0,253 0,253 0,253 0,253 0,253

× × × × × × × × × × × ×

Fracção envidraçada, Fg

0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65 0,65

× × × × × × × × × × × ×

Factor de obstrução, Fs

0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,90 0,81 0,81 0,81 0,81 0,81 0,81

Factor de selectividade, Fw

× × × × × × × × × × × ×

0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75 0,75

Área efectiva, Ae (m

2)

= = = = = = = = = = = =

0,17 0,17 0,17 0,17 0,17 0,17 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15 0,15

Ir

× × × × × × × × × × × ×

380 380 380 380 380 380 380 380 380 380 380 380

Ganhos solares pelos vãos envidr.ext. (kWh)

= = = = = = = = = = = = Total geral

63,27 63,27 63,27 63,27 63,27 63,27 57,16 57,16 57,16 57,16 57,16 57,16 722,57

Anexo FC V. 1E

Ganhos Internos

Ganhos internos médios (W/m2) 4,00

×

Área útil de pavimento (m2) 146,59

×

2,928

=

Ganhos Internos totais 1716,89 kWh

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Anexo FC V. 1F

Ganhos Totais na estação de Arrefecimento

Ganhos solares pelos vãos envidraçados exteriores (FC V.1D) 722,57 kWh

+

Ganhos solares pela envolvente opaca exterior (FC V.1C) 395,79 kWh

+

Ganhos internos (FC V.1E) 1716,886 kWh

=

Ganhos térmicos totais

2835,24 kWh

Anexo FC V. 1G

Valor das Necessidades Nominais de Arrefecimento (Nvc)

Ganhos térmicos totais (FCV. 1F) 2835,24 kWh

/

Perdas térmicas totais (FCV. 1A) 2911,93 kWh

=

𝛾 0,97

γ≠ 1 η = 0,818

γ = 1 η = 0,808

Inércia do edifício Forte

a = 4,2

1,00

-

Factor de utilização dos ganhos solares, 𝜂 (arrefecimento) 0,818

=

0,18

×

Ganhos térmicos totais (FCV. 1F) 2835,24 kWh

=

Necessidades brutas de arrefecimento 515,12 kWh/ano

TOTAL 515,12 kWh/ano

/

Área útil de pavimento (Ap) 146,59 m2

=

Necessidades nominais de arrefecimento - Nvc 3,51 kWh/m2.ano

Necessidades nominais de arrefecimento máximas - Nv 22 kWh/m2.ano

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Anexo INÉRCIA TÉRMICA

Cálculo da inércia térmica interior - Ir

Elemento de construção Msi

Kg/m2

Si m

2

Fact. Cor. r

Msi.r.Si kg

Cobertura 20,41 73,30 1,00 1495,97

P. Ext. 1 150,00 49,59 1,00 7437,96

P. Ext. 2 150,00 66,63 1,00 9994,92

P. Ext. 3 150,00 24,10 1,00 3614,40

P. Ext. 4 150,00 24,10 1,00 3614,40

Pilares/vigas - S 150,00 9,57 1,00 1435,14

Pilares/vigas - N 150,00 7,83 1,00 1173,78

Pilares/vigas - E 150,00 1,82 1,00 273,60

Pilares/vigas - W 150,00 1,82 1,00 273,60

Pavimento intermédio (pavimento 1º piso) 332,00 73,30 1,00 24335,60

Pavimento térreo (pavimento piso 0) 17,60 73,30 1,00 1290,08

Paredes internas, 1.º andar 150,00 44,49 1,00 6673,50

Paredes internas, r/c. 150,00 52,08 1,00 7812,00

Total = 67928,98

/

Área útil de pavimento (m2)

146,59

=

Massa superficial útil por m2 de área de pavimento, It

(kg/m2)

463,39

Inércia Térmica Interior Forte

a = 4,20

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Anexo FC NAC

Necessidades de energia na preparação de AQS

Número de ocupantes 4

×

40 litros

=

Consumo médio diário de referência MAQS 160 litros

×

4187

×

Aumento de temperatura ΔT 45 ºC

×

Número de dias de consumo de AQS nd 365 dias

/

3600000

=

Energia despendida com sistemas convencionais de preparação de AQS - Qa

3056,51 kWh/ano

/

Eficiência de conversão desses sistemas de preparação de AQS - ηa 0,68

-

Contribuição de sistemas de colectores solares para aquecimento de AQS Esolar

2347,00

-

Contribuição de energias renováveis Eren 0,00

=

Necessidades de energia para preparação de AQS Nac 2147,87 kWh/ano

/

Área útil de pavimento (m2) 146,59

=

Necessidades de energia na preparação de AQS - Nac 14,65 kWh/m2.ano

Necessidades máximas de energia na preparação de AQS - Na 32,27 kWh/m2.ano

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Anexo FC NTC

Necessidades globais anuais nominais específicas de energia primária (Ntc)

Necessidades nominais de aquecimento - Nic 31,83 kWh/m2.ano

Eficiência nominal dos equipamentos para aquecimento ηi 1,00

Necessidades nominais de arrefecimento - Nvc 3,51 kWh/m2.ano

Eficiência nominal dos equipamentos para arrefecimento ηv 3,00

Necessidades de energia para preparação de AQS - Nac 14,65 kWh/m2.ano

Factor de conversão, Fpu, para Nic 0,290 kgep/kWh

Factor de conversão, Fpu, para Nvc 0,290 kgep/kWh

Factor de conversão, Fpu, para Nac 0,086 kgep/kWh

Necessidades nominais de aquecimento máximas - Ni 48,44 kWh/m2.ano

Necessidades nominais de arrefecimento máximas - Nv 22,00 kWh/m2.ano

Necessidades máximas de energia para preparação de AQS - Na 32,27 kWh/m2.ano

Necessidades globais anuais nominais específicas de energia primária - Ntc

2,22 Kgep/m2.ano

Necessidades globais máximas nominais anuais específicas de energia primária - Nt

4,99 Kgep/m2.ano

Classe Energética do Edifício A

Fpu (electricidade) = 0,290

Fpu (sólidos, líquidos e gasosos) = 0,086

Classe energética de edifícios Ntc/Nt

A+ 0 - 0,25

A 0,25 - 0,50

B 0,50 - 0,75

B- 0,75 - 1,0

C 1,0 - 1,5

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xix

Anexo PORMENORES TÉCNICOS

Corte lateral do alçado Sul na situação da laje do piso térreo em contacto directo com o solo

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Anexo PORMENORES TÉCNICOS 1

Corte lateral do alçado Sul na situação de isolamento da laje do piso térreo