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ELEIÇÕES Gustavo Carneiro Direito do cidadão que vive em uma democracia, o voto simboliza a opinião e o desejo do povo em esco- lher um candidato para representar sua cidade, estado e país. Em tese, as eleições indicariam os melhores repre- sentantes para um determinado car- go, mas na prática não é sempre que isso acontece. Muitos eleitores sequer avaliam os projetos e planos do can- didato e escolhem nomes de pessoas que estão na mídia, como ex-jogado- res de futebol ou artistas de TV. Para José Sá, professor da Univer- sidade Metodista de São Paulo e ex- assessor de imprensa do Ministério Público do Estado de São Paulo, vo- tar é fácil. “Difícil é ver os eleitores acompanhando e cobrando ações dos candidatos que escolheram. Isto é um dever do cidadão, fundamental, como o ar que respiramos”, afirma. Para Sá, as coisas irão funcionar a partir do momento em que houver o envolvimento da população no pro- cesso democrático. “Tristes são as pessoas que acham que estão repre- sentados pelo candidato que votaram e relaxam”, comentou. Essa cobrança é essencial para que os políticos não fiquem acomodados. Uma iniciativa que passou vigorar nas eleições de 2012 foi a Lei Ficha Limpa – originada a partir de uma ini- ciativa popular, em 2008, com o obje- tivo de melhorar o perfil dos candida- tos a cargos eletivos do País. A ação popular é um instrumento previsto na Constituição Federal que permite que um projeto de lei seja apresentado ao Congresso Nacional desde que, entre outras condições, o mesmo apresente as assinaturas equivalentes a 1% de todos os eleitores do Brasil. Após circular todo o País, o proje- to foi entregue ao Congresso Nacional em 2009, com 1,3 milhão de assinatu- ras a favor e foi aprovado mais de dois anos depois, sendo declarado constitu- cional pela maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal. Por sete votos a quatro, o plenário determinou que a lei passaria a valer a partir das eleições de outubro de 2012. “A lei foi feita pelos cidadãos. Isso é revolucionário. Afinal, desde quan- do os próprios políticos teriam cora- gem de fazer uma lei para prejudicá- los?”, ressaltou José de Sá. Em janei- ro de 2013, os candidatos eleitos to- mam posse de seus cargos, mas não é porque eles estão no poder que o ci- dadão não pode fazer mais nada pela democracia. A obrigação de cada elei- tor é fiscalizar a ação de quem ajudou a eleger. O dever do cidadão vai mui- to além do que apenas votar. Dois meses se passaram des- de as últimas eleições. Mas é agora, quando aqueles que fo- ram eleitos assumem seus car- gos, que começa o verdadeiro trabalho. Para os prefeitos e vereadores, colocar em prática o que prometeram nas campa- nhas. Para os eleitores, se trata de uma obrigação cidadã: a- companhar as ações daqueles em quem votaram. Talvez pela própria história do Brasil, que nasceu colônia, vi- veu uma monarquia e ditadura, a população tenha se acostumado a não participar da vida pública. O filósofo grego Platão disse: “A desgraça de quem não gosta de política é ser governado por quem gosta”. Apesar de ter sido dita há 650 anos, a frase não poderia soar mais atual. É fácil querer se dis- tanciar da política por uma série de razões, como por conta da de- cepção provocada pelos casos de corrupção e má conduta política que vemos frequentemente. Mas é no sentido da frase de Platão que precisamos buscar o sentido de nossa obrigação política. Associações, ONGs ou mesmo pessoas físicas têm buscado acompanhar as atuações dos po- líticos de modo geral e especial- mente daqueles em quem vota- ram. Com a Internet, torna-se re- lativamente fácil verificar o pas- sado político e as ações de nos- sos governantes. Nesta edição, conversamos com especialistas e com pessoas que fizeram algo para tornar esse acompanhamento acessível. Ca- be a você agora reforçar essa consciência e também exercer seu papel de cidadão. Boa leitura! Prof. Dr. Marcio de Moraes Reitor EDITORIAL Universidade Metodista de São Paulo Ano 10 número 103 Janeiro de 2013 Após exercer o direito ao voto, agora é hora de acompanhar os candidatos eleitos arquivo Redação RR Online Quer mudanças? Tem que pegar no pé O brasileiro tem o hábito de reclamar dos políticos, mas não está engajado nos projetos da comunidade

Espaço Cidadania - Janeiro/13

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Nesta edição, conversamos com especialistas e com pessoas que fizeram algo para tornar o acompanhamento da política acessível. Cabe a você agora reforçar essa consciência e também exercer seu papel de cidadão.

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ELEIÇÕES

Gustavo Carneiro

Direito do cidadão que vive emuma democracia, o voto sim boliza aopi nião e o desejo do po vo em esco- lher um candidato para re presentarsua cidade, estado e país. Em tese, aselei ções indicariam os me lho res repre- sen tantes para um determi nado car -go, mas na prática não é sempre queis so acontece. Muitos eleitores se querava liam os projetos e planos do can- d i dato e es colhem nomes de pessoasque estão na mídia, como ex-jo ga do -res de futebol ou artistas de TV.

Para José Sá, professor da Uni ver -si dade Metodista de São Paulo e ex-as sessor de im pren sa do MinistérioPú blico do Estado de São Paulo, vo -tar é fácil. “Difícil é ver os eleitoresacompanhando e co bran do açõesdos candidatos que es co lheram. Istoé um dever do ci da dão, fundamental,como o ar que respi ramos”, afirma.Pa ra Sá, as coisas i rão funcionar apar tir do momento em que houver oen volvimento da po pu lação no pro- ces so democrático. “Tristes são aspes soas que acham que estão repre-sen tados pelo candi da to que votarame relaxam”, comentou.

Essa cobrança é essencial para queos políticos não fiquem acomo da dos.Uma iniciativa que passou vi gorarnas eleições de 2012 foi a Lei Fi chaLim pa – originada a partir de uma ini-cia tiva popular, em 2008, com o obje-ti vo de me lhorar o perfil dos candi da- tos a car gos eletivos do País. A açãopopular é um instrumento pre visto naConstituição Federal que per mite queum projeto de lei seja apre senta do aoCongresso Nacional des de que, entreoutras condições, o mesmo apresenteas assinaturas equi va lentes a 1% detodos os eleitores do Bra sil.

Após circular todo o País, o proje -to foi entregue ao Con gresso Na cio nalem 2009, com 1,3 milhão de assina tu-ras a favor e foi aprovado mais de doisanos depois, sendo de cla rado constitu -

cional pela maioria dos mi nis tros doSupremo Tri bu nal Fe deral. Por se tevotos a quatro, o plenário de termi nouque a lei passa ria a valer a par tir daseleições de ou tubro de 20 12.

“A lei foi feita pelos cidadãos. Issoé revolucionário. Afinal, desde quan -do os próprios políticos teriam co ra- gem de fazer uma lei para prejudicá-

los?”, ressaltou José de Sá. Em ja nei -ro de 2013, os candidatos elei tos to -mam posse de seus cargos, mas nãoé porque eles estão no poder que o ci -dadão não pode fazer mais nada pelade mocracia. A obrigação de cada elei- tor é fiscalizar a ação de quem ajudoua eleger. O dever do cidadão vai mui -to além do que apenas votar.

Dois meses se passaram des -de as últimas eleições. Mas éago ra, quan do aqueles que fo- ram elei tos assumem seus car-gos, que co meça o verdadeirotra ba lho. Pa ra os prefeitos eve rea dores, co locar em práticao que pro mete ram nas campa- nhas. Pa ra os elei tores, se tratade uma obriga ção ci da dã: a -com pa nhar as a çõ es daquelesem quem vo ta ram.Talvez pela própria história do

Bra sil, que nasceu colônia, vi-veu uma monarquia e ditadura, apopulação te nha se acostumadoa não parti ci par da vida pública.O filósofo grego Pla tão disse: “Adesgra ça de quem não gosta depolítica é ser governado porquem gos ta”. Apesar de ter sido dita há 650

anos, a frase não poderia soarmais atual. É fácil querer se dis-tanciar da política por uma sériede razões, como por conta da de- cep ção provocada pelos ca sos decorrupção e má condu ta po líticaque vemos frequentemen te. Masé no sentido da frase de Platãoque precisamos buscar o sen tidode nossa obrigação po lí ti ca. Associações, ONGs ou mesmo

pessoas físicas têm buscadoacompanhar as atuações dos po-líticos de modo geral e especial-mente daqueles em quem vota-ram. Com a In ternet, torna-se re-lativamente fá cil verificar o pas-sado político e as ações de nos-sos governan tes. Nesta edição, conversamos com

especia listas e com pessoas quefi ze ram algo para tornar esseacom panhamento acessível. Ca -be a você agora reforçar essaconsciência e também exercerseu papel de ci dadão. Boa leitura!

Prof. Dr. Marcio de MoraesReitor

EDITORIAL

Universidade Metodista de São Paulo • Ano 10 • número 103 • Janeiro de 2013

Após exercer o direito ao voto, agora é hora de acompanhar os candidatos eleitos

arquivo Redação RR Online

Quer mudanças?Tem que pegar no pé

O brasileiro tem o hábito de reclamar dos políticos, mas não está engajado nos projetos da comunidade

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Giovanna Verone

As primeiras eleições políticas fo -ram registradas no século V a.C., emAte nas, na Grécia. Naquela épo ca,mu lheres, escravos, es tran geiros e cri -an ças não votavam. Não existiam par - ti dos políticos, apenas 1/5 da po pu la- ç ão podia votar e os eleitores di vul ga - vam seu voto publicamente, cau san domuitas vezes confusões e in trigas po -líticas. No século II a.C., os ro ma nosinventaram uma urna on de os elei to-res depositavam seus vo tos, melho- rando o sistema de vo ta ç ão.

No Brasil Colônia, o sistema deele i ções já estava presente quando ospor tugueses votavam para decidirquem iria governar as cidades e vilasfun dadas. “Na segunda década do sé -cu lo XVI, a cidade de São Vicenterea lizou a primeira eleição para elegero Conselho Municipal da Vila de SãoVi cente”, conta José Veríssimo, coor-de nador do curso de Gestão Públicada Uni ver si dade Metodista de SãoPau lo.

Até os anos de 1881 as votaçõesno Brasil eram realizadas nas igrejase, antes, em cerimônias específicas pa -ra esta finalidade. A Constituição de1891 mudou a relação Igreja-Es ta do,se parando os dois. “Para ter di rei to a

vo to naqueles tempos o eleitor preci- sa va ter uma quantidade de terra sig-ni fi cativa e mais de 25 anos. Mu lhe -res, índios, escravos e assalariadosnão podiam votar”, diz Veríssimo.

A Proclamação da República, em1889, deu cabo, ao menos na teoria,ao voto censitário, que restringia apar ticipação de anal fabetos e mu lhe- res. Após a Revolução de 1930, coma re for ma do Código Eleitoral, foicriada a Justiça Eleitoral, que se tor-nou res pon sável por todo o processodas elei ções. Com base neste novo có -di go, foi instituído o voto secreto e asmu lhe res finalmente passaram a ter odi reito de ir às urnas.

“Durante a ditadura estabelecidape lo governo de Getúlio Vargas a Jus -ti ça Eleitoral foi extinta e foram esta-be lecidas novas regras. Os partidospo líticos foram abolidos, eleições li -vres fi caram suspensas e foi impostoum man dato de seis anos com eleiçãoin direta pa ra presidente”, explica Ve -rís simo. Em 1945, devido à forte opo- si ção, Var gas alterou a legislação eres ta be le ceu a Justiça Eleitoral, lan-çan do Eu rico Gas par Dutra comoseu can di dato nas eleições gerais. Ogolpe de 29 de ou tubro de 1945,organiza do pe los mi nistros militares,tirou Var gas do po der e José Linhares

FÉ E CIDADANIA

A presidente Dilma Rousseff, primeira mulher eleita para o cargo, no dia da posse

Eleições & Cidadania

GUSTAVO CARNEIRO

Claudio de Oliveira Ribeiro, pro-fessor de Teologia na UniversidadeMe todista de São Paulo, fala sobreo en volvimento entre política e re-li gião.

Qual é a importância do votopara o cidadão?O voto é sempre um canal impor-

tan te para o exercício da cidadania.É fato que o processo democráticore q uer outras formas de participa- ção além dos processos elei to rais,co mo o reforço dos movimentos so-cia is, a de fesa dos direitos huma- nos, o acom panhamento crítico econ trole de mocrático do judiciário eda mídia. Entretanto, o voto é sem-pre um canal de corresponsabili-da de, expressão po pular e de exer-cício edu cativo para a cidadania.

Qual é a sua opinião sobre oscan di datos que utilizam a religiãopa ra ga nhar votos? A relação entre religião e política

é his toricamente complexa. No Bra- sil, os políticos sempre usaram are ligião ca tólica para ganhar votosou legi ti ma ção popular. A partir dadé cada de 1980, os grupos evan gé- li cos também passaram a destacara dimensão religiosa nos proces-sos eleitorais. Gru pos não cristãos,em bora mino ri tá rios, também ado-tam esta prática. A religião deveser utilizada adequa da mente parase ganhar votos. Ou se ja, deve-sedis cutir o papel da reli gião em umes tado laico. Ela deve ser um reforço

da democracia e não um su bs titutodos fóruns de decisão po lítica.

Como as igrejas veem o pro ces -so eleitoral? A maioria das igrejas deseja ter

uma in fluência no processo eleito-ral e dentro delas há grupos que de-fen dem a democracia e, portanto,defen dem que as igrejas não podemsu bs ti tuir os par tidos políticos e odebate de mo crá tico. Mas tambémhá grupos que con sideram que ospro cessos elei torais são oportuni da- des de se for talecer as própriasigre jas. Por is so, as igrejas, tanto aca tólica como as evangélicas, con-vi vem internamen te com práticascon traditórias. De um lado, e porve zes ao mesmo tem po, estimulame criam espaços de debate em tornodas questões políticas e, de outro,es co lhem caminhos para defenderos pró prios interesses.

Como você acha que a popula- ção poderia se envolver melhorcom as eleições?Minha opinião é que o voto não de-

ve ria ser obrigatório e que os espa- ços na televisão e no rádio parapro paganda eleitoral fossem so-men te na forma de debates entre oscan didatos. Talvez isso reduzisse onú mero de pessoas envolvidas comas eleições, mas daria maior qua li-dade aos processos.

Qual relação o senhor faria entreeleições e religião?É difícil falar de religião em geral,

mas posso indicar algo sobre a mi- nha, que é a cristã. Ela requer quea fé seja vivida sempre em perma-nen te preocupação social, tendo emvis ta um mundo marcado pela jus- ti ça social e pela valorização daspessoas pobres, a exemplo do quefez Jesus. Nesse sentido, as elei-ções são oportunidades importan-tes pa ra que possam ser expressasas preo cupações sociais e como po- de mos encontrar caminhos mais a -de quados para a superação das de-si gualdades e para a prática dajus tiça.

A trajetória do proce Da Velha República aos dias de hoje, as elei

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ENTREVISTA

Roberto Stuckert Filho-PR

GUSTAVO CARNEIRO

Doutor em Ciências da Religião naárea “Religião, Sociedade e Cultura” eba charel em Teologia, o professor Oswal -do de Oli vei ra Junior é coordenador doNú cleo de Formação Cidadã da Univer-si dade Metodista de São Paulo.Com experiência nas áreas de cida da -

nia, urbanização e movimentos po pula- res, o professor acredita que o voto só temva lor real somente com o engajamen tople no da sociedade com a po lí ti ca.

Espaço Cidadania: Qual é a impor tân- cia do voto para o cidadão?

Oswaldo de Oliveira: Votar é parte dopro cesso de construção da cidadania,con tudo não é o único instrumento. A ci- da dania não se inicia e nem se encerracom o voto. Através da urna é possívelque o cidadão expresse sua vontadedes de que outros direitos estejam plena -men te garantidos, como educação, par-ti cipação política, democracia e liberda -de de opinião.

Espaço Cidadania: Como você achaque a população poderia se envolverme lhor com as eleições?

Oswaldo de Oliveira: A eleição é ummo mento, é parte de um longo processopo lítico e social. O envolvimento isoladoda população com o “evento” eleição nãocon tribui efetivamente para a amplia- ção da cidadania. Acredito que a par ti ci- pa ção ocorre no processo muito an teriore posterior às eleições, acompa nhando epar ticipando dos movimentos so ciais dospro cessos políticos e eco nô mi cos.

Espaço Cidadania: Levando em consi -deração o envolvimento dos candi da tose dos eleitores com a internet, co mo osenhor vê a utilização das redes sociaisnas eleições?

Oswaldo de Oliveira: Vejo as redes so-

ciais como instrumentos importantes deco municação e com um forte potencialde democratização da informação, fatores sencial para que ocorra uma maiorpar ticipação política e consequentemen -te o alargamento da cidadania. Contu -do, é preciso ter cautela, pois ao mesmotem po em que existe esta potencialida -de “democrática”, notamos uma con-cen tração da informação, o que impedeuma pluralidade de ideias e opiniões, al -go prejudicial à cidadania. Encontra-mos bons exemplos do uso das redes so-ciais em ações como o “Occupy WallStreet” e a “Primavera Árabe”. Estasmobilizações simultâneas em todo oglobo utili za ram as redes sociais comoforma de co municação e articulação etêm em co mum o fato de identificaremque na fa se atual de mundialização doca pital há um processo crescente dedes truição dos direitos mais fundamen -tais das pes soas: saúde, educação, mo-ra dia e tra balho, em decorrência da in-ten sifica ção da exploração do trabalho,ge rando um distanciamento, tambémcres cente, da relação dos indivíduoscom os valores es senciais da vida emso ciedade.

Espaço Cidadania: Qual é a relaçãoen tre eleições e cidadania?

Oswaldo de Oliveira: As eleições podemser consideradas parte do processo deconquistas da cidadania. Votar é um di - reito da pessoa. O processo eleitoral pre - c isa ser estendido e vivido para além doato de votar e todo o debate político queantecede a eleição é necessário pa ra queos direitos do cidadão sejam amplia dos.É neste debate que as contra di ções pre-sentes na sociedade virão à to na. O votonão encerra a participação do ci dadão –a cidadania é construída com a partici-pação e o debate coletivo sem pre.

Divulgação

sso eleitoral no País ções passaram por mudanças significativas

assumiu até a pos se de Dutra, emjaneiro de 1946.

Getúlio Vargas retornou à pre si- dên cia em 1951, com 50% dos vo tos.Em 1956, Juscelino Ku bits chek as su- miu a presidência até ser substituídopor Jâ nio Qua dros. Sete meses apósa posse, Jânio re nunciou, causandouma crise institu cional. “Os militaresnão queriam o vi ce João Goulart nopoder, pois acre di tavam que ele erada esquerda”, co men ta o coordena- dor de Gestão Pú bli ca. Devido àgran de resistência, Gou lart resolveues tabelecer o regime parla mentarista,que vigou por dois anos, fazendo as -sim com que os mi nis tros militares oaceitassem de volta na presidência.

Com o golpe militar em 1964,Gou lart renunciou e foi exilado parao Uruguai. “O regime militar cassoupo líticos, decretou eleições indiretas,al terou a duração de mandatos e ins- ti tuiu o voto vinculado e as sublegen -das”, conta Veríssimo. Em 1968, oAto Institucional número 5 aumentouos poderes do presidente e possibi li-tou o fechamento do Congresso Na - cional. Durante os 21 anos em que osmilitares ficaram no poder, foram elei- tos indiretamente cinco presiden tes,partidos foram extintos, res tri ções àpropaganda eleitoral e proi bi ção de

debates políticos em meios de co mu-nicação foram instituídos por lei.

Em 1979, a Arena, partido deapoio militar, e o MDB, de oposição,fo ram extintos. Em 1980, as eleiçõesdi retas para senador e governador fo -ram restabelecidas e, em 1984, o mo -vi mento Diretas Já ganhou força eapoio popular, culminando na eleiçãode Tancredo Neves, que faleceu antesde tomar posse, sendo substituídopor José Sarney. Durante o mandatode Sarney foram restabelecidas aselei ções diretas e abolida a fidelidadepar tidária. Em 1988, a ConstituiçãoCi dadã estabeleceu o voto obriga tó- rio para maiores de 18 anos.

Em 1989, Fernando Collor foi oescolhido na primeira eleição diretade um presidente após o período dedi ta dura militar. Collor foi responsá-vel por um plano econômico que aca -bou causando uma onda enorme dedesemprego. Renunciou ao cargo em1992, quando assumiu seu vice, Ita - mar Franco. Em 1995, FernandoHen rique Cardoso assumiu a pre si- dên cia e permaneceu por oito anos nocar go, devido à reeleição. Luiz Iná cioLu la da Silva se tornou presidente em2003 e permaneceu até 2011, quandoDilma Rousseff foi elei ta a primeirapre sidente mulher do País.

Escolha engajadaAs redes sociais se consolidam como um fator essencialpara um aumento da participação política no mundo atual

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Espaço Cidadania é uma publicação mensal do Instituto Metodista de Ensino Su pe rior. Tiragem: 3.000 exemplares

Conselho Diretor: Paulo Roberto Lima Bruhn (Presidente), Nelson Custodio Ferr (Vice – Presidente), Aureo LidioMoreira Ribeiro, Kátia Santos, Augusto Campos De Rezende, Carlos Alberto Ribeiro, Osvaldo Elias de Almeida,Marcos Sptizer, Ademir Aires Clavel, Oscar Francisco Alves, Regina Magna Araujo (Suplente), Valdecir Barreros(Suplente). Diretor Geral: Wilson Roberto Zuccherato. Reitor: Marcio de Mo ra es. Diretor de Comunicação: Paulo

Roberto Sal les Gar cia. Coordenação Editorial: Gerência de Comu ni ca ção do IMS e Agência de Comunicação da Fa -

cul dade de Comu nica ção Conselho Editorial: Clovis Pinto de Cas tro (pre sidente), Elena Al ves Sil va, Lu iz Roberto Al -

ves, Paulo Ro ber to Sal les Gar cia, Dag mar Sil va Pin to de Cas tro, Paulo Bes sa da Sil va, Ni ca nor Lopes, Léia de Souza.

Re dação: Giovanna Verrone e Gustavo Carneiro (alunos da Facul dade de Co mu nicação). Edição: Alexandra Martin

(MTb 26.264) e Israel Bumajny (MTb 60.545)

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Redação: Rua Alfeu Tavares, 149 • Edi fí cio Ró • Rud ge Ramos • 09640-000 • São Ber nar do do Cam po • SP

Telefone: (11) 4366-5928 E-mail: [email protected] Versão Online: www.metodista.br

Os textos podem ser reproduzidos, des de que ci tada a fon te e seus autores.

Giovanna Verone

A cada quatro anos os brasileirosvão às urnas para escolher seus go - ver nantes. Neste mês, assumem oman da to os candidatos eleitos parare presen tar a população nos cargosde pre feitos e vereadores em todo oPaís. Pa ra muitos eleitores, a partici-pa ção po lí tica terminou em novem-bro do ano pas sado, quando votou.Con tu do, pa ra ter certeza que a pes-soa escolhida por meio do voto cum- prirá as pro mes sas feitas durante ope ríodo de cam panha, a partir deago ra é preciso acompanhar de pertoa trajetória de quem elegemos.

Segundo o jornalista Milton Jung,da rádio CBN, a melhor maneira doelei tor se envolver no processo po lí ti coé buscar informações antecipa das so breos candidatos. “Não é possível es colherum representante nos dias pró ximos às

eleições, votando sem pen sar, semestudar, sem pesquisar. Is so é um erro,pois provavelmente se rão eleitos políti-cos de baixa qualida de”, explica.

Cláudio Vieira, responsável pelopro jeto Adote um Vereador, cujo ob -je tivo é fazer com que o cidadão sigade perto as atividades parlamentaresde quem elegeu, afirma que acom pa- nhar o governante depois de eleito édar continuidade ao voto. ”A melhorma neira de conseguirmos que as po -lí ticas públicas atinjam seus objetivose que ocorra melhoria na qualidadede vida das pessoas é fiscalizando eco brando ações dos nossos governan -tes,” comenta Cláudio.

Nas eleições de 2012, as redes so -ciais tiveram um papel fundamental.Os in ternautas postaram suas opi- niões e pu deram compartilhar dadosim portan tes de candidatos. “As re desso cia is são hoje um excelente ca nal

de de bates para se tratar da po lí tica”,acre dita Jung. A internet pode ser po -si tiva não só para o povo, co mo tam-bém para o candidato. “Através dasre des sociais, podemos di minuir odis tan ciamento entre o ci da dão e oagen te político. Cada um po de trocarin for mações sobre seus bairros, suaci da de, apontando pro ble mas e su ge -rin do soluções”, disse Vieira.

PROJETOS E CAMPANHASCom a internet e as redes sociais,

nas ceram campanhas de conscientiza -ção política, como o projeto Adote umVe reador, o Movimento Bra si lei roAnô nimo e o Polútil. A iniciativa Ado - te um Vereador começou em 2008após o jornalista Milton Jung apresen -tar a proposta na rádio CBN. “A nos -sa rede tem como objeti vo di vulgar asações dos ve rea dores a partir doacom panhamento que o pró prio ci da- dão faz”, comenta Vieira. Pa ra parti- cipar, basta o elei tor escolher um ve -rea dor e montar um blog, onde co lo-cará informações e opiniões so bre ele.“Acom pa nhando durante qua tro anoso político, o cidadão consegue acumu -

lar uma quan tidade de informaçõessu ficiente pa ra ter uma cons ciênciamelhor para o voto”, con clui Jung.

Já o Movimento Brasileiro Anô ni -mo é a união de diversos jovens queatua m no anonimato e buscam compa -r tilhar suas ideias, incentivar a discus -são, além de alertar a população so brea importância do voto cons ci en te. Suaprincipal ação começou em São Pauloe teve várias cidades bra si lei ras comoparticipantes – nestes mu ni cípios fo -ram espalhadas réplicas de ur nas ele- trônicas colocadas em ci ma de lixeiraspú blicas, com os di ze res “Desta vez,vo te no Brasil, e não no li xo”.

O Polútil, por sua vez, é uma pá -gi na do Facebook criada com o obje-ti vo de unir a população e tirar a po -lui ção criada pelos políticos e suaspro pagandas, transformando cava le- tes, folhetos e cartazes em objetoscria tivos que sejam úteis para a so cie- da de. São iniciativas cada vez mais di -fun didas na sociedade e um sinal deque políticos que não cumprem comsuas promessas terão seus atos expos-tos e poderão perder nas urnas em fu -tu ras campanhas eleitorais.

fotos: Divulgação

Cada cidadão deve fazer sua parteAcompanhar o trabalho dos candidatos que assumem o mandato em janeiro de 2013

é a melhor maneira de ajudar o Brasil

Iniciativa do Movimento Brasileiro Anônimo em prol do voto conscienteÂncora da CBN, o jornalista Milton Jung foi o responsável por apresentar no rádioa proposta do Adote um Vereador