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espiral Nº 16 - Julho / Setembro de 2004 boletim da associaçªo FRATERNITAS FRATERNITAS FRATERNITAS FRATERNITAS FRATERNITAS MOVIMENTO MOVIMENTO MOVIMENTO MOVIMENTO MOVIMENTO Várias vezes se ouviu esta palavra durante o XI Encontro Nacional. Ela não se referia propriamente ao encontro, mas foi dita a propósito de algumas situações aí referidas. Uma seca eram muitas homilias de missas dominicais, mesmo certas celebrações dominicais no seu conjunto, muitas das missas para os jovens, as celebra- ções da Semana Santa, a reza do terço, alguns cursos sobre temas teológicos, algumas exortações pastorais, algumas decisões das autoridades, etc. Porque é que essas coisas hão de ser uma seca? Para responder a esta questão é preciso considerar dois aspectos, um objectivo e outro subjectivo. Em primeiro lugar, é uma seca: Quando o que nos dizem é seco, não vem do cora- ção, não é algo de reflectido e vivido, nem é oferecido gratuitamente, sem esperar qualquer benefício em tro- ca. Quando se trata de um discurso muitas vezes repeti- do, feito de lugares comuns sem qualquer novidade, conversa previsível, rotineira, árida. Quando o que se diz não vem ao encontro dos pro- blemas reais dos destinatários, ou quando as soluções apontadas não são exequíveis e, consequentemente, não podendo ajudar, não servem de nada. As soluções têm de ser para gente de carne e osso, com problemas reais ou existenciais, pois foi exactamente para os seres des- te mundo que Jesus incarnou. Quando se teoriza uma estrutura de realidades mui- to bonitas, mas não acessíveis à generalidade das pes- soas. Apresentar um ideal carismático como caminho normal para pessoas comuns, é estar a forçar a nature- za. Então, quando a natureza se rebela, o descalabro é total. Se não existe a clarividência suficiente para reco- nhecer isso, fica aberta a porta a inúmeras aberrações, com as incontáveis consequências nefastas que infeliz- mente todos nós conhecemos. E muita infelicidade. Quando a mensagem a transmitir não consegue pas- sar, quer porque não foi tornada inteligível, quer por ser irrealista. Os valores evangélicos são perenes, mas a linguagem que os veicula tem de ser inteligível aos des- tinatários de hoje, às suas mentalidades e aos seus anseios. Quando não se consegue criar empatia comunitária, onde cada um se sinta parte actuante da assembleia, que é o caminho para a experiência da presença de Jesus na fracção do pão. Acontecendo essa experiência comuni- tária, ela transborda para a vida comum, avivando a res- ponsabilidade pelo irmão que está ao nosso lado, seja ele simpático ou não, e a vontade de empreender em comum um caminho de paz, de entendimento, de per- dão. SumÆrio: Em memória do Dr. António Gil 3 Encontro Regional de Lamego 4 / 5 Deixemos de nos comer uns aos outros 7 Breves... 7 O Meu Testamento 8 “Uma seca” (continua na pág. 2)

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espiralNº 16 - Julho / Setembro de 2004

boletim da associação F R A T E R N I T A SF R A T E R N I T A SF R A T E R N I T A SF R A T E R N I T A SF R A T E R N I T A S M O V I M E N T OM O V I M E N T OM O V I M E N T OM O V I M E N T OM O V I M E N T O

Várias vezes se ouviu esta palavra durante o XIEncontro Nacional. Ela não se referia propriamente aoencontro, mas foi dita a propósito de algumas situaçõesaí referidas. Uma seca eram muitas homilias de missasdominicais, mesmo certas celebrações dominicais no seuconjunto, muitas das missas para os jovens, as celebra-ções da Semana Santa, a reza do terço, alguns cursossobre temas teológicos, algumas exortações pastorais,algumas decisões das autoridades, etc.

Porque é que essas coisas hão de ser uma seca?Para responder a esta questão é preciso considerar

dois aspectos, um objectivo e outro subjectivo.Em primeiro lugar, é uma seca:Quando o que nos dizem é seco, não vem do cora-

ção, não é algo de reflectido e vivido, nem é oferecidogratuitamente, sem esperar qualquer benefício em tro-ca.

Quando se trata de um discurso muitas vezes repeti-do, feito de lugares comuns sem qualquer novidade,conversa previsível, rotineira, árida.

Quando o que se diz não vem ao encontro dos pro-blemas reais dos destinatários, ou quando as soluçõesapontadas não são exequíveis e, consequentemente, nãopodendo ajudar, não servem de nada. As soluções têmde ser para gente de carne e osso, com problemas reaisou existenciais, pois foi exactamente para os seres des-te mundo que Jesus incarnou.

Quando se teoriza uma estrutura de realidades mui-to bonitas, mas não acessíveis à generalidade das pes-soas. Apresentar um ideal carismático como caminhonormal para pessoas comuns, é estar a forçar a nature-za. Então, quando a natureza se rebela, o descalabro étotal. Se não existe a clarividência suficiente para reco-

nhecer isso, fica aberta a porta a inúmeras aberrações,com as incontáveis consequências nefastas que infeliz-mente todos nós conhecemos. E muita infelicidade.

Quando a mensagem a transmitir não consegue pas-sar, quer porque não foi tornada inteligível, quer por serirrealista. Os valores evangélicos são perenes, mas alinguagem que os veicula tem de ser inteligível aos des-tinatários de hoje, às suas mentalidades e aos seusanseios.

Quando não se consegue criar empatia comunitária,onde cada um se sinta parte actuante da assembleia, queé o caminho para a experiência da presença de Jesus nafracção do pão. Acontecendo essa experiência comuni-tária, ela transborda para a vida comum, avivando a res-ponsabilidade pelo irmão que está ao nosso lado, sejaele simpático ou não, e a vontade de empreender emcomum um caminho de paz, de entendimento, de per-dão.

Sumário:

Em memória do Dr. António Gil 3

Encontro Regional de Lamego 4 / 5

Deixemos de nos comer uns aos outros 7

Breves... 7

O Meu Testamento 8

“ U m a s e c a ”

(continua na pág. 2)

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Por outro lado, se digo que um dado evento é umaseca, é porque me aborreço quando nele participo. Oraeu posso aborrecer-me quer porque não estou sintoni-zado com o que lá se passa, ou porque não me esforçopor me integrar, ou porque estou noutra onda e aquilonada me diz, ou ainda porque não estou receptivo nemparticipativo. Se fui lá com o secreto objectivo de serestimulado e não o fui, então devo perguntar-me se meesforcei por me abrir, se fui suficientemente humildepara admitir que posso aprender algo, ou se tive a so-berba de quem já sabe tudo e até faria melhor. Situadonuma tal onda, não tenho hipótese de me inserir nem decolaborar. O caminho não é por aí. Nestas condiçõesquem está seco sou eu.

Como membros da Fraternitas, dada a formação querecebemos, devemos valorizar e fazer render as nossascapacidades pondo-as ao serviço dos nossos concidadãosonde quer que nos encontremos. Qualquer que venha aser o desfecho da discussão sobre o celibato obrigató-rio, determinante é a nossa situação actual e não vale apena sonhar com outras suposições. Eu penso que umcaminho de vida percorrido em coerência de princípios,

com os altos e baixos próprios da natureza humana, masem que as decisões são tomadas em consciência de acor-do com as leis que nos regem, só pode ser o mais certo eaquele que mais contribui para a instauração do Reinode Deus. Penso mesmo que foi a Providência que nosfoi conduzindo, através das vicissitudes da vida de cadaum, para esta situação, aquela em que podemos ser maisúteis. Muitos, antes de nós, já deram o seu contributo.É, por isso, mister que demos também o nosso para queas coisas melhorem e as pessoas possam ser mais feli-zes. Mesmo tendo a sensação de que não podemos mu-dar nada, seria insensato ficarmos à espera de que algode favorável aconteça. É na sociedade de hoje que te-mos de actuar para que a realidade futura, que está anascer, seja mais consentânea com os valores que de-fendemos. Mais tarde ninguém vai perguntar qual foi oêxito tivemos, mas sim o que fizemos para minorar asdificuldades de quem sofre.

E façamos isso como grupo, pois quem trabalha so-zinho soma e quem colabora multiplica.

Não será este assunto também já “uma seca”? Émelhor ficarmos por aqui.

Aveiro, 2004-09-15

João Simão

(continuação da pág. 1)

como se hão-de articular com as estruturas do governo e dosoutros estratos da nossa sociedade. As paróquias de hojenecessitam de presbíteros que se saibam relacionar com todaa comunidade.

Apesar da inegável boa vontade de todos estes homensque vêm de terras estrangeiras. tal “importação” não é a res-posta para a crise.

O estudo dos bispos nem sequer menciona como umapossibilidade a ordenação das mulheres ou dos homens ca-sados; além disso, os dois ou três bispos que se atreveram asugerir essa ideia na discussão geral, encontraram um silên-cio sepulcral como resposta.

Na Igreja primitiva, as mulheres serviam como diaconisas,e até é possível que haja evidência de que presidiam àquiloque agora chamamos celebração da Missa. A tradição nãopára num determinado momento da história; também abarcao presente. E nós temos a sorte de viver numa época em quea igualdade do homem e da mulher teve que ser reconhecidacomo uma verdade outorgada por Deus.

Chegou o momento de apresentar este tema a uma audi-ência mais extensa, para que se afeiçoe à ideia duma Igrejamais ampla. O argumento de que as mulheres não podem serordenadas porque Jesus só escolheu homens para ser os pri-meiros apóstolos, ou porque a tradição restringiu o sacerdó-

cio exclusivamente aos homens, já não convence a maioriados católicos. Nem convence muitos teólogos e talvez atémuitos bispos. Mesmo que não houvesse escassez de clero,mesmo que tivéssemos superabundância de presbíteros mas-culinos de qualidade, teríamos que pedir à Igreja Católicaque repensasse a inclusão das mulheres nas “ Ordens Sagra-das. Não se trata de se servir das mulheres numa emergên-cia. Trata-se, creio eu, dum acto de justiça social com o qualtodos os católicos nos temos que confrontar.

Com os meus 84 anos ainda não me jubilei, mas compre-endo que os anos de serviço que me restam estão contados.Grande parte do meu exercício como presbítero teve a vercom corpos religiosos envolvidos em problemas espinhososcom a justiça, social, económica ou política. Hoje tenho quepedir à nossa Igreja que abra os olhos e que erga a sua voz afavor de outra espécie de justiça: o seu compromisso parauma maior inclusão das mulheres em postos chave de lide-rança e de responsabilidade na Igreja, inclusivamente numestudo exaustivo ou numa discussão sobre a ordenação dasmulheres.

A Igreja tem obrigação de se servir de todos os dons queDeus lhe deu; para cumprir a sua missão. A minha súplica ea minha oração a favor da Igreja que eu amo profundamente,é que ela reforce este compromisso e que queira agir emconsequência.

John J. Egan

(continuação da pág. 6)O Meu Testamento

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Com um busto esculpido embronze, inaugurado em 20 de Junhode 2004, sobre a praceta da rua a que

já fora dado o seu nome, Vila Poucaprestou nova e justa homenagem aoDr. António Gil, o insigne concidadãoque contagiou as gerações dos quecom ele conviveram com o exemploactuante de «de humanismo, pedago-gia, sabedoria e bondade», como se lêna base do mesmo busto.

Da sua vida familiar diz a sobri-nha Dulce: “foi um filho exemplar, oirmão dedicado, o marido extremosoe, enquanto tio e padrinho, ele foi pai.Afectuoso e dedicado, nele encontreisempre a protecção e a palavra ami-ga, assim como o conselho certo. Aju-dou-me a crescer, ensinou-me os prin-cípios nobres duma formação equili-brada, por isso, tanto lhe devo”. E,acrescenta D. Nimi, sua esposa, nesta

afectuosa poesia : «Ao meu compa-nheiro dedicado / Que se vestia dehumildade, / O meu eterno obrigado /

Pelo jardim de bondade / Que em VilaPouca de Aguiar, / Tão carinhosamen-te / Veio plantar... / Semeando, amo-rosamente, / A vontade de aprender, /A todos falando com amor, / Viu-seesta terra crescer...»

As palavras concisas dos familia-

res são, por sua vez, sobejamente con-firmadas e ampliadas pelos muitosamigos e admiradores no opúsculo quefoi distribuído aos presentes na sessãorealizada no Cine-Teatro e pelosintervenientes na sessão.

Nove anos após a morte, a sua fi-gura reergue-se em bronze, no centrodo espaço que lhe era particularmentequerido, a Vila Nova, voltado para anovíssima Igreja paroquial — nesteconjunto arquitectónico em que se re-via como um pai se revê nos filhos queamorosamente gerou.

A igreja encheu-se de amigos e fi-éis, durante a eucaristia de Acção deGraças, presidida por seu irmão, o Pe.José Gil, pároco de Sabrosa, conce-lebrando o pároco, Pe. SebastiãoEsteves. Notável e notória foi a au-sência do convidado por excelência, oExmº Senhor Bispo da Diocese, cujapresença a dignidade e os cargos exer-cidos pelo homenageado reclamavam.Nem veio nem mandou qualquer re-

Vila Pouca de Aguiar enaltece e perpetua no bronzea memória do Dr. António Gil

«Há momentos na vida em que uma pessoa, para ser fiel a simesma, tem de mudar. Eu mudei não de batalha, mas só detrincheira. Abandonei o presbitério sacerdotal mas não aban-donei a fé em Deus. As motivações que inspiram a minha vidacontinuam inalteráveis».

“Era uma pessoa que se comovia com a fraqueza humana, que es-tava sempre pronto a dar a mão a quem lhe pedisse aquilo que estavaao seu alcance. Como resposta ao desgosto que eu, como católico,sentia por ele deixar o sacerdócio, escreveu-me uma carta, que guar-do, a justificar a sua decisão, onde diz: «Há momentos na vida em queuma pessoa, para ser fiel a si mesma, tem de mudar. Eu mudei não debatalha, mas só de trincheira. Abandonei o presbitério sacerdotal masnão abandonei a fé em Deus. As motivações que inspiram a minhavida continuam inalteráveis». A mesma fé inquebrável perpassa porestoutras palavras, já no auge da doença fatal, que me sensibilizaramtanto que jamais as poderei esquecer: «Sinto que o meu fim se aproxi-ma. Estou prestes a morrer. O meu ciclo completou-se. Deus chamapor mim»”.

Venâncio de Moura

(continua na pág. 6)

«O Dr. António Gil foi um Senhor na cultura, na honradez, na hu-mildade, na seriedade e na educação — virtudes demonstradas vivi-das e praticadas em todos os seus actos. Era um regalo ouvi-lo falarda história de Vila Pouca e das Terras de Aguiar. Um dia fui com ele aLisboa falar a determinado ministro a quem expôs com veemência osseus pedidos. Depois, a sós comigo, diz-me este governante: ‘Ao Sr.Dr. António Gil não se pode dizer que não nem enganar com falsaspromessas. A sua estatura moral e cívica é a melhor recomendaçãopara atender as suas pretensões, sempre justas e necessárias’.»

Aires Querubim, ex-Governador Civil

( 1917 —

1995 )

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página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento * [email protected] página oficial na Internet: www.geocities.com/fraternitasmovimento * fraternitas

O Encontro Regional de Lamego,

realizado na Casa de S. José, no dia 19

de Setembro de 2004, teve o seu início

com a canção “Esta manhã” do P.

Zezinho.

De seguida, o Serafim apresentou as

boas-vindas a todos os presentes. Subli-

nhou que foram convidados todos os pa-

dres casados da diocese de Lamego, ex-

ceptuando dois cujas cartas vieram de-

volvidas. Alguns, ainda, pelo telefone e

outros receberam a sua visita e a do

Macedo, que esteve consigo desde a pri-

meira hora. Salientou também o interes-

se manifesto pelo Lino. Agradeceu aos

colegas que vieram de outras dioceses e

Ordens Religiosas, especialmente ao

João Simão, Presidente da Fraternitas

– Movimento, que quiseram enrique-

cer este encontro e connosco fazer a ca-

minhada.

Foram recordados aqueles que ma-

nifestaram o desejo de estar presentes,

mas, por razões várias, não lhes foi pos-

sível: José Serafim Sousa e esposa, Alí-

pio Afonso e Maria Zélia, José Sampaio

e Antónia, António Regadas e Carla, e

António Eira e Costa.

Foi lembrado o nosso querido Có-

nego Filipe de Figueiredo, que, junto de

Deus, nos vai dando esta força para a

caminhada.

Por fim, procedeu-se à apresentação

do Cónego Dr. José Manuel Melo, liga-

do à Pastoral diocesana, convidado para

fazer uma pequena reflexão, da qual

apresentamos, de seguida, alguns aspec-

tos.

Nova Evangelização numasociedade em crise

Começou por apresentar as motiva-ções da aceitação do convite.

Primeiramente, não podia recusar oconvite de alguém, o Serafim, que vi-veu uma caminhada comum desde o pri-meiro ano de seminário. Também ima-ginou alguns dos presentes: o João daSilva, seu professor; o Lino Martins; oJoaquim Macedo, com quem já estiveraem trabalhos de paróquia, de catequesee cursos.

Depois, “quando penso em vós vejodois campos de realização: um comosacerdotes e outro como família”.

Um dos momentos mais significati-vos como padre deu-se, afirmou, quan-do foi substituir o Pe. Machado que op-tara pelo casamento. Pensou, a determi-nada altura, no Machado para ajuda navida paroquial: “realizei um Curso deRenovação Comunitária Paroquial queabriu a possibilidade a todos para co-laborar. A paróquia foi dividida em zo-nas e o Machado é escolhido por todoscomo responsável de uma das zonas.Um dia, numa festa de Nossa Senhora,esteve com outros no altar. As pessoasapreciaram a presença dele e foi moti-vo de união. O vosso papel é muito maisprofundo do que o que parece”.

A Igreja vive hoje um grande desa-fio: “o mundo precisa de uma novaevangelização” — palavras de JoãoPaulo II na Polónia. “Os cristãos vivemcomo se o não fossem. Os países da an-tiga cristandade vivem sem referência a

Jesus Cristo. Por isso perspectiva umanova evangelização: para os que não ou-viram falar de Jesus; para aqueles quefrequentam a vida cristã mas não assu-mem na sua vida os critérios de JesusCristo”. Sobre a fé dos portugueses, JoãoPaulo II afirmou que ela é rica de senti-mento, tão simples. Mas se essa fé nãofor confirmada, ela vai desfazer-se. Aquiestá o modo de ser do nosso tempo: a févive-se ligada ao tempo, ao contextoconcreto.

A realidade de hoje é a de uma épo-ca de crise — fim de época e início deuma nova época. Há que reencontrarnovas expressões.

A nossa vida é de incerteza e de in-segurança. Vivemos numa sociedadeum tanto cansada em reencontrar umsentido para a vida. As pessoas andamà procura de algo que as satisfaça. E nós,sem nos darmos conta, também estamosnesta nostalgia e num certo pessimis-mo. São numerosos os sinais inquietan-tes que nos lançam na necessidade denova evangelização. Existe uma crise dememória da vivência cristã.

Os símbolos da presença de Cristocorrem o risco de desaparecer. Hoje ain-da vai havendo algumas referências nasobras sociais e nos museus. Contudo,estes pouco interpelam a vida. Aquiloque é específico — o espiritual — não éreconhecido porque o mundo quer ofus-car o espiritual.

Há também na sociedade de hoje omedo de enfrentar o futuro ( um exem-plo é o das escolas portuguesas…). Tor-na-se preocupante hoje a vivência de

. . . L a m e g o. . . L a m e g o. . . L a m e g o. . . L a m e g o. . . L a m e g o

e c o s

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uma profunda solidão. Há que conside-rar graves fenómenos como: as crisesfamiliares, o conceito de família, con-flitos étnicos, a preocupação geral pe-los interesses alheios à Igreja… Há queprocurar dar um sentido à vida e culti-var as razões de esperança.

O mundo de hoje não está alheio deDeus, está com sede de Deus, mas estatem que ser descoberta. Há uma exigên-cia de liberdade e de autenticidade. Porisso a Igreja tem de ser acolhedora e fra-terna. Pede-se que a Igreja deixe de terum peso radical.

Há documentos na Igreja que preci-sam de ser reflectidos, porque não sãoconhecidos. Um deles é a Carta do iní-cio do Novo Milénio, de João Paulo II,da qual apontou alguns aspectos:

l fazer da Igreja a casa e a escola dacomunhão — eis o novo milénio quecomeça;

l saber criar espaços para o irmão, re-jeitando as tentações egoístas;

l para se implementar é preciso a ca-minhada espiritual de comunhão épreciso promover os espaços da co-munhão.”

A concluir deixou algumas notas:l Todos temos um lugar na Igreja;l O desafio do Papa ao convidar os

jovens não baptizados e não cren-tes, exige de todos nós uma respon-sabilidade;

l É fundamental a inserção na vidacristã e na sociedade;

l Vós padres casados tendes umamissão: contribuir para uma novaredefinição do ministério paroqui-

d e . . .

al na vida cristã. Qual a diferençaentre ordenar diáconos casados ousolicitar os padres casados? A in-serção no ministério poderá vir aaparecer. Há que fazer caminha-da…;

l Vós tendes uma vida familiar espe-cífica.

Foi um encontro a todos os títulosimportante e que, certamente, contribui-rá para um aprofundamento da nossaidentidade como padres casados e mai-or crescimento da fraternidade aqui, nazona de Lamego, onde ainda não se ha-via concretizado qualquer Encontro Re-gional. A semente foi lançada. Os fru-tos hão-de surgir.

Serafim Rodrigues

Elementos participantes no Encontro Regional de Lamego.

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presentante, ao que disse, pelo factodo homenageado ter solicitado a redu-

«Tinha 24 anos quando a minha vida se cruzou com a do Dr. Antó-nio Gil para, sob a sua orientação e responsabilidade, colaborar noseu grande projecto da promoção cultural das gentes transmontanasna direcção do Colégio do Vidago, iniciado em 1964. Foi meu privilé-gio poder colaborar e aprender com tão insigne mestre».

João Cândido C. Gonçalves

«Descobri no António Gil um precioso binómio pessoal: homem-sacerdote ou sacerdote-homem. Li na sua alma a vivência de um evan-gelho vivo, mais humanizado, um Cristo mais próximo dos homensde hoje! Homem íntegro, delicadeza em pessoa, revestida de amávelsorriso e olhar penetrante no intuito de ajudar ou colaborar! Homemempreendedor, tenaz, sempre projectado na construção dum futuromais feliz. Por isso revelou-me a ânsia de o Evangelho ir ao encontrodo Homem, saindo das quatro paredes das igrejas! E a sua grandezade alma quando, ao decidir contrair matrimónio, me pediu para o subs-tituir nas missas de Domingo, dizendo-me: ‘Teles, tu presides ao al-tar; fazes a homilia e dás-me a comunhão. Eu faço as leituras’! O povocompreendeu-o. Amava-o... e chorava! Dou o meu testemunho! Antó-nio Gil, homem lúcido como o sol límpido, terno como a lua a navegarno céu! Bendita a mãe que te gerou!»

Pe. Manuel Sequeira Teles, pároco de Pensalves

sus Cristo terá, agora, de agarrar noazorrague da limpidez cristã e varrertoda a poeira bafienta que a conspurca,porque contrária ao puro espírito da

menageado!Finda a Eucaristia, o presidente da

Câmara procedeu ao descerramento dabusto, saudado pela multidão com pro-longado bater de palmas. Seguiu-se asessão solene no Cine-Teatro, em queusaram da palavra cinco oradores, en-tre eles, o irmão do homenageado e opresidente da Assembleia Municipal.O Pe. José Gil para agradecer em nomede toda a família o gesto carinhoso emuito amigo que acabavam de prestarà memória de seu irmão e o presiden-te, porque impedido de falar por se lheter embargado a voz de comoção, ape-nas pôde saudar os presentes e pediruma salva colectiva de palmas pelo ho-menageado, no que foi largamentecorrespondido.

Justa e necessária homenagem aum Homem que o soube ser, como

Boa Nova. A Igreja não pode por muitomais tempo desaproveitar as “ pedrasangulares” do calibre do nosso ho-

ção ao estado laical e ter contraído umoutro sacramento —o matrimónio—,mesmo que dentro das normascanónicas. Incompreensível! Será queo actual Direito Canónico, vinte sécu-los depois de Jesus Cristo abraçar aMadalena e o Zaqueu e os escor-raçados leprosos e de o mesmo Jesuscom um azorrague varrer do templo oespírito farisaico, voltou aos tempospré-cristãos? Alguém em nome de Je-

pessoa, como cristão, como padre,como cidadão, como autarca.

Alípio

(continuação da pág. 3)Homenagem a António Gil

escassez do clero. Um estudo que ti-nham encomendado antes demonstravaque entre 1950 e 2000, a população ca-tólica dos Estados Unidos tinha cresci-do 107 por cento, enquanto o total donúmero de presbíteros apenas crescera6 por cento. A média de idade do cleroanda perto dos 60 anos. E neste momen-to há mais presbíteros com mais de 90anos do que com menos de 30.

O resultado é que 15 por cento dasparóquias do país, não têm umpresbítero fixo como pároco. Estou cons-ciente da quantidade de leigos (tanto ho-

mens como mulheres), ou freiras oudiáconos (só homens), que se têm apre-sentado para servir as necessidades dosnossos paroquianos.

Este surto generoso fala por si só dagenerosidade e boa vontade da nossagente. Mas segundo a teologia católica,e na prática, só um padre ordenado podecelebrar Missa — a fonte primordial doespírito cristão. A Missa, no entanto,está a transformar-se num bem que es-casseia cada vez mais.

Parece-me interessante que os bis-pos, durante a sua reunião, tenham con-siderado a hipótese de recorrer apresbíteros estrangeiros para preencher

os buracos. Tal solução parece-me pou-co realista. As zonas donde provêm es-tes presbíteros são todas sítios onde aproporção de católicos por cadapresbítero é superior à do nosso pais. En-tão vamos importar presbíteros de Áfri-ca, da Ásia ou da América Latina, emdetrimento dos católicos que vivem nes-sas zonas?

Será que não vamos considerar se-quer a adaptação cultural e a necessida-de de que sejam competentes na língua,o que terá que lhes ser exigido? Alémdisso, os presbíteros estrangeiros nãocompreendem muito bem a maneira

(continua na pág. 2)

(continuação da pág. 8)O Meu Testamento

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Ajudemo-nos uns aos outros (Gal

DEIXEMOS DE NOS COMER UNS AOS OUTROS!...

Já lá vai longe, no calendário, a cha-mada «Semana de Orações pela Uni-dade dos Cristãos». Triste coisa é terde se rezar para que os cristãos sejamunidos!...

Quando eu era miúdo, ao escutar abanda de música da minha aldeia, pen-sava: Como é que tantos músicos, cominstrumentos diferentes a tocar ao mes-mo tempo notas diferentes, criavam umaharmonia tão encantadora?!... A razãoera, afinal, simples: a banda de músicaera um corpo! As flautas não tocavamclarinete, nem o tambor trombone ousaxofone. Cada um, com a sua especia-lidade, mas afinados, faziam um con-junto harmónico!

S. Paulo escreveu que nós somos o«Corpo místico de Cristo». Afi-nal somos todos membros domesmo corpo. Todos diferentes,mas cada um com a sua função.Carismas diferentes, mas um sóEspírito, diria S. Paulo.

Imagina, amigo leitor, queos pés, cansados da sujeira doscaminhos, queriam trocar o seulugar pelo dos olhos? E que asmãos, servas de todo o corpo, queriamficar no lugar dos ouvidos?!...Que hor-rível monstro?! É que nem os olhos ca-minhavam, nem os pés viam, nem osouvidos ouviam, nem as mãosserviam!...Era a confusão geral numconjunto de membros desunidos, e des-truírem-se uns aos outros!...

Fala-se muito em ecumenismo. É anecessidade que se sente de congregartodas as pessoas num esforço comumde paz e cooperação. É óbvio que o ecu-menismo é difícil. Navega entre dois es-colhos: o relativismo (em que se pensaque todos têm razão) e ofundamentalismo (que afirma que sónós temos a razão toda).

Vejamos uma verdade mais simples:Sei que a água é feita, fundamentalmen-te, de hidrogénio e de oxigénio, porqueposso fabricar 18 gramas de água com2 de hidrogénio e 16 de oxigénio. Mas

surge agora uma primeira dificuldade:Só os ignorantes podem negar que aágua é feita de hidrogénio e oxigénio.Também só gente muito obcecada negaa evolução da vida. Só os maus negamque se deva respeitar o próximo.

Uma das tentações do crente é su-por que “ os outros” (de outras confis-sões religiosas, ou até que mudaram orumo da sua vida para um modo de vi-ver mais coerente e responsável) são to-dos ignorantes, obcecados, traidores,maus... Mas basta conviver com elespara descobrir que há protestantes, ju-deus, ortodoxos, maometanos, ateus…,que são inteligentes, cultos, humildes,sinceros. “A pessoa humana tem direi-to à liberdade religiosa (...). Os homens

têm o dever de buscar a verdade, (...)mas a verdade não se impõe senão pelasua própria força” (Vaticano II).

Uma segunda dificuldade resulta daideia do “tudo ou nada”. O crente ten-de a supor que a religião verdadeira sabetudo a respeito de todas as coisas. E porisso tudo o que se ensina na nossa Igre-

ja é uma verdade absoluta, irrefutável.Ora hoje a Igreja tem a consciência deque o Senhor Jesus não lhe deu autori-dade sobre todas as coisas, nem reve-lou todos os mistérios. Mais do que isto:A Igreja tem consciência de que há nasoutras religiões coisas muito válidas. “AIgreja Católica vê-se unida, por mui-tos títulos, com os cristãos que não pro-fessam integralmente a fé ou não guar-dam a unidade com o sucessor de Pe-dro. Há muitos que prezam a SagradaEscritura, manifestam sincero zelo re-ligioso, crêem de coração em Deus Paie em Cristo” (Constituição DogmáticaLumen Gentium).

Amigo leitor: Unidade sim!Unicidade não, porque esta eliminaria

a rica variedade dos dons do Povode Deus que para Ele caminha,embora por vias diferentes! Oecumenismo não é tentar arras-tar os outros para o nosso modode pensar. A primeira coisa a fa-zer é cada um de nós converter-se mais profundamente ao Evan-gelho, e deixar-se de«capelinhas». A segunda é inten-

sificar o diálogo e ter a humildade dereconhecer que, neste ou naquele pon-to, podemos aprender com as outras co-munidades...

Deixemos de nos comermos unsaos outros para ser possível a paz ea construção do nosso futuro.

Manuel Paiva

l VI Curso de ActualizaçãoTeológica: Decorreu em Fátima(Seminário do Verbo Divino), sobo tema “OS NOVÍSSIMOS”, com aparticipação de quase 80 pessoas.Bela iniciativa, muito aplaudida.

l Encontros Regionais:Estão na calha vários. O mais pró-

b rb rb rb rb r eeeee vvvvv e se se se se s . . .. . .. . .. . .. . . ximo será o da região Porto. Olhovivo!Outros (Lisboa, Centro, Zona Sul,...) se lhe seguirão. Importa estaratento a eles, convidar novos ele-mentos e participar.. O nosso mo-vimento deve ser isso mesmo: mo-vimento! Tu também fazes falta.Não te dispenses...Ânimo!

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espiralRua Lourinha, 429 - Hab 2 = 4435-310 RIO TINTO

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boletim daassociação fraternitas movimento fraternitas movimento fraternitas movimento fraternitas movimento fraternitas movimento

Responsável: Alberto Osório de Castro

Nº 16 - Julº/Setº de 2004

Tenho 84 anos, e como seminarista e presbítero servi aIgreja Católica e a Arquidiocese de Chicago durante 66 anos.Olho para trás com gratidão, para os bons conselheiros quetive e para as oportunidades que tive ao longo da minha vida— poder trabalhar na preparação para o matrimónio, nos as-suntos ecuménicos, nas relações raciais, na justiça social,organizando comunidades, como pastor — servindo as ne-cessidades duma grande cidade e da sua população. Na mai-or parte destas tarefas fui capaz de resolver problemas comome pareceu oportuno, e propor soluções e remédios.

Agora, nestes últimos momentos da minha vida, olho paraa Igreja e sinto-me perturbado. Vejo uma grande incongru-ência; e sinto necessidade de falar disso. Porque é que nãoestamos a explorar na sua plenitude os dons e os talentos dasmulheres? Elas constituem a maior parte dos fiéis das nossascomunidades por esse mundo fora. Estou consciente que metorno uma nota discordante — já que os dirigentes actuais daIgreja não vêm nenhuma razão para mudar e muito menospara tocar neste argumento. E, no entanto, com todo o respei-to, discordar responsavelmente sempre foi uma tarefa de Igre-ja; constitui uma parte daquilo que somos, daquilo que sem-pre fomos, e do que precisamos de ser.

A posição das mulheres na sociedade mudou radicalmenteporque são consideradas iguais em quase todo o mundo, enão como seres servis e inferiores. Quando eu nasci, as mu-lheres começavam a conseguir o direito de voto. Hoje em diapresidem às suas próprias empresas, administram hospitais,são presidentes de algumas nações. E no entanto, na minhaIgreja, quando mais precisamos delas, as mulheres estão au-sentes dos postos onde podiam dar um importante contribu-to.

Numa grandiosa cerimónia recente, o Papa João Paulo IIelevou às honras da púrpura cardinalícia 44 homens de todoo mundo. E no entanto, a sua única missão — repito, a única— consiste em reunirem-se em Roma quando morre o Papa,para escolherem um novo Papa. Este novo Papa vai tomardecisões que vão afectar a Igreja Universal, cujos membrosna sua maioria são mulheres. Seria assim tão inverosímil,tão afastado da realidade, que alguma senhora competente e

distinta fizesse parte deste conclave de homens? Haverá ver-dadeiras razões teológicas contra tamanho atrevimento —ou trata-se simplesmente daquilo que se repete tantas vezes:“Isso nunca se fez”?

Nos começos de Março, o meu Arcebispo, o cardealFrancis George, pregou uns exercícios espirituais ao Papajuntamente a outros 160 membros da Cúria. Senti-me orgu-lhoso que ele tenha sido escolhido para essa tarefa. Os ho-mens da Cúria são pessoas “de dentro”, são os que contro-lam o trabalho desta imensa Igreja, e as suas decisões atin-gem milhões de pessoas. Não teria sido bonito que a Cúriabeneficiasse da visão e das ideias sábias que alguma mulherilustre poderia ter levado às suas discussões, de igual paraigual?

E agora vou referir-me ao tema mais à flor da pele, quetrata das mulheres na Igreja Católica Romana. Como quasetodos sabem, estamos a viver um período de crise, causadopelo declínio do clero masculino nos Estados Unidos, na Eu-ropa, na América do Sul, e em qualquer outro sítio. Eu pensoque a Igreja devia considerar seriamente a ordenação dasmulheres (e, claro está, dos homens casados) comopresbíteros, para vir ao encontro duma verdadeira necessida-de da qual nunca se fez caso nenhum. E digo isto baseando--me na insistência de João Paulo II, que por outro lado reflec-te o decreto do Vaticano II sobre a liturgia, que “a primeira eindispensável fonte para o espírito cristão’ é a liturgia, a: Eu-caristia, a Missa. Se a fonte é esta, e não se pode conseguirporque faltam presbíteros, então perde-se o verdadeiro espiritocristão, e isso é desastroso.

Na arquidiocese de Chicago, em 1999, perdemos 31presbíteros por morte e 20 porque se jubilaram. Nesse mes-mo ano apenas se ordenaram 6 novos presbíteros em toda adiocese. Tanto quanto eu sei, na arquidiocese de Nova Iorquesó se ordenaram 5; em S. Francisco, 1; em Los Angeles, 7;em Detroit, 5; em Boston, 11; em San Antonio, 3; emDavenport, 2; em Newark, 11 (dos quais só um era naturalde lá, e dos outros 10, 9 pertenciam a um movimento especi-

al); em Washington, 4.Na sua reunião do ano passado, os

bispos americanos consideraram pelaprimeira vez formalmente o problema da

O M E U T E S T A M E N T ONa sua última vontade — enviada por Mons. John J. Egan ao jornal National Catholic Report poucos dias antes da sua morte,a 19 de Maio de 2001, o venerável presbítero diocesano de Chicago apela à ordenação das mulheres e dos homens casadosdentro da Igreja Católica Romana. “Na minha Igreja, em tempos de verdadeira necessidade” — escreveu ele então — “asmulheres estão ausentes dos lugares em que melhor podem dar o seu contributo”. Em seguida transcreve-se o textocompleto do testamento de Egan, publicado pelo mesmo National Catholic Report, pouco depois da sua morte.

(continua na pág. 6)