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Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga Profissional de Andebol Alexandre Rodolfo Costa Monteiro Porto, 2009

Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

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Estruturação dos sistemas defensivos

em equipas da Liga Profissional de

Andebol

Alexandre Rodolfo Costa Monteiro

Porto, 2009

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MONTEIRO, A. (2009). Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da

Liga Profissional de Andebol. Dissertação monográfica. FADEUP. Universidade

do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: ANDEBOL; ESTRUTURAÇÃO DEFENSIVA; SISTEMAS

DEFENSIVOS

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I

Agradecimentos

A elaboração deste estudo não seria possível sem a colaboração de diferentes

intervenientes, que em diferentes momentos prestaram o seu contributo. Neste

sentido, serve o presente para expressar os meus sinceros agradecimentos.

Aos meus Pais por fazerem de mim aquilo que sou hoje, por todo o apoio,

carinho e compreensão e por estarem sempre presentes.

Ao Mestre José Ireneu Moreira, meu orientador, por toda a disponibilidade,

sabedoria, motivação e acessibilidade demonstrada ao longo de todo este

processo.

À Professora Doutora Cláudia Dias e à Professora Doutora Paula Batista, pelo

auxílio prestado no tratamento dos dados.

Ao meu treinador Jorge Costa pela sua colaboração na análise dos resultados.

Aos treinadores participantes neste estudo, Carlos Resende, Jorge Rito, Paulo

Fidalgo e Paulo Queirós, pela sua atenção e disponibilidade na realização das

entrevistas.

Ao André, irmão, amigo e companheiro de toda a vida.

Ao meu núcleo familiar pelo apoio ao longo de toda a vida.

À Bi por todo o incentivo e ajuda na realização deste trabalho e principalmente

pela sua paciência e calma nos momentos mais difíceis.

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II

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Índice Geral

iii

Índice Geral

Índice Geral ........................................................................................................ iii

Índice de Quadros .............................................................................................. v

Índice de Figuras ................................................................................................ vi

I. Introdução .................................................................................................... 1

1. Pertinência e Âmbito do Estudo ............................................................... 3

2. Estrutura do Trabalho ............................................................................... 4

3. Objectivos ................................................................................................. 4

II. Revisão da Literatura ................................................................................... 7

1. Jogos Desportivos Colectivos................................................................... 9

2. Andebol .................................................................................................. 11

2.1 História do Andebol ................................................................................. 12

2.2 Defesa ..................................................................................................... 13

2.3 Sistema de jogo ...................................................................................... 19

2.4 A evolução da Defesa ............................................................................. 20

2.5 Tipos de Defesa ...................................................................................... 21

2.5.1 Defesas individuais ........................................................................... 22

2.5.2 Defesa Zonal .................................................................................... 23

2.5.3 Defesas mistas ................................................................................. 24

2.6 Sistemas Defensivos ............................................................................... 25

2.6.1 Sistema Defensivo 6:0 ...................................................................... 26

2.6.2 Sistema Defensivo 5:1 ...................................................................... 28

2.6.3 Sistema Defensivo 3:2:1 ................................................................... 30

2.6.4 Sistema Defensivo 3:3 ...................................................................... 31

2.6.5 Sistema Defensivo 4:2 ...................................................................... 32

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Índice Geral

iv

2.6.6 Sistema de Defesa Mista .................................................................. 33

III. Material e Métodos ................................................................................. 35

1. Amostra .................................................................................................. 37

2 . I n s t r u m e n t o s ................................................................................ 38

3 . P r o c e d i m e n t o s ............................................................................. 39

IV. Apresentação e Discussão dos Resultados ........................................... 41

1. Categoria 1 - Modelo .............................................................................. 43

2. Categoria 2 - Conceitos .......................................................................... 46

3. Categoria 3 – Operacionalização ........................................................... 54

V. Conclusões ............................................................................................. 61

VI. Referências Bibliográficas ...................................................................... 65

VIII. Anexo ..................................................................................................... 71

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Índice de Quadros

v

Índice de Quadros

Quadro 1. Classificação dos Jogos Desportivos segundo Teodorescu (1984) 10

Quadro 2. Organização defensiva após perda de bola .................................... 53

Quadro 3. Trabalho sectorial ............................................................................ 55

Quadro 4. Trabalho através de situações simples de defesa (1x1, 2x2) ou com mais de

4 elementos ........................................................................................................ 56

Quadro 5. Incidência no trabalho defensivo quando realiza o trabalho de ataque

......................................................................................................................... 58

Quadro 6. Trabalho Complementar. ................................................................. 59

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Índice de Figuras

vi

Índice de Figuras

Figura 1. Sistema Defensivo 6:0 ...................................................................... 28

Figura 2. Sistema Defensivo 5:1 ...................................................................... 29

Figura 3. Sistema Defensivo 3:2:1 ................................................................... 31

Figura 4. Escolha do sistema consoante adversário. ....................................... 45

Figura 5. Factores necessários para ser um bom defensor ............................. 46

Figura 6. Qualidades do bom defensor. ........................................................... 48

Figura 7. Jogadores fundamentais nos diferentes sistemas defensivos .......... 51

Figura 8. Limitações no trabalho defensivo. ..................................................... 57

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Resumo

O presente estudo tem como principais objectivos: a) Compreender

quais os princípios que os treinadores utilização na organização colectiva

defensiva; b) Conhecer as opiniões dos treinadores sobre as principais

características dos jogadores defensores; c) Verificar se o método de treino

está de acordo com os seus princípios e conceitos defensivos.

No estudo participaram quatro treinadores da Liga Portuguesa de

Andebol, com idades compreendidas entre os 37 e os 47 anos. Foi aplicado um

questionário que pretendia perceber de que forma os treinadores pensam e

estruturam o sistema defensivo. O questionário permite inferir informação

acerca do modelo de jogo defensivo, conceitos que o treinador possui sobre

aspectos defensivos e metodologia de treino. O método utilizado para o

tratamento dos dados foi a análise do conteúdo, com o auxílio do software

NVivo7.

Os principais resultados deste estudo apontam que a) o facto das

equipas terem estruturados dois ou mais sistemas defensivos, permite-lhes

realizar alternância destes consoante a equipa adversária; b) O factor mental,

aliado às capacidades físicas são características determinantes para se formar

um bom defensor; c) Para trabalhar os sistemas defensivos os treinadores

optam por um trabalho sectorial.

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I. Introdução

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Introdução

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I. Introdução

1. Pertinência e Âmbito do Estudo

O Andebol é um dos desportos colectivos mais completos, na medida

em que se trata de uma actividade de colaboração e de oposição. A

colaboração existe por parte dos jogadores de uma mesma equipa, que lutam

no terreno de jogo para introduzir a bola o maior número de vezes possível na

baliza adversária. A essa tentativa opõe-se a equipa rival, à qual se permite,

contrariamente a outros desportos, um certo nível de contacto físico para

conseguir o seu objectivo (Moreno, 1994; De Viñaspre, 2003). Assim, de

acordo com vários autores (Bayer, 1994; Constantini, 1998; Czerwinski, 1993;

Garcia, 1998; Garganta, 1996; Teodorescu, 1984) o andebol reflecte a

dialéctica de dois processos perfeitamente distintos: o ofensivo e o defensivo,

determinados respectivamente pela posse ou não posse de bola.

O andebol como no caso dos Jogos Desportivos Colectivos, o sucesso

expressa-se pela obtenção da vitória no jogo e nas competições. É por isso

importante a identificação dos factores que poderão influenciar o resultado

final.

Segundo Garganta (1998) uma das preocupações actuais no domínio da

análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais

representativas (críticas) do desfecho final dos jogos, com o intuito de perceber

os factores que induzem perturbação ou desequilíbrio no balanço

ataque/defesa. Os parâmetros que forçam essas perturbações devem ser

considerados como informação sobre a qual se deve reflectir no quadro da

preparação dos jogos e das competições.

No desporto de Alto Rendimento pretende-se que atletas e equipas

atinjam níveis de performance elevados, de forma a obterem sucesso nas

competições.

Segundo Oliveira (1995) o reduzido espaço de actuação das equipas

implica um contacto físico permanente e por vezes abusivo, principalmente

quando a capacidade técnica se mostra diminuta. Por esse motivo foi

necessário melhorar essa capacidade como forma a combater a violência e a

brutalidade que prevalecia sobre a criatividade.

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Introdução

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O trabalho defensivo teve então uma melhoria significativa nos últimos

anos, os treinadores passaram a dedicar grande parte do treino a esta

componente do jogo. Estas causas levaram a que os sistemas defensivos

fossem mais dinâmicos e eficazes, conseguindo um êxito cada vez maior em

relação ao ataque e sem necessidade de recorrer à referida dureza ou

brutalidade, mas sim à capacidade técnica e inteligência defensiva (Oliveira,

1995).

A importância que a defesa hoje em dia possui, aliada aos poucos

estudos comparativamente com o ataque, fizeram recair a minha escolha sobre

este tema.

Na realização deste trabalho, optamos não por analisar jogos, pois

consideramos que esse método é utilizado frequentemente. Recorremos a

entrevistas, na medida em que entendemos que este método vai de encontro

ao que pretendemos para este trabalho, não o restringindo a uma interpretação

pessoal, mas a uma opinião concreta dos treinadores.

Consideramos que este poderá constituir um trabalho inovador e

enriquecedor, o facto de saber como os intervenientes directos do jogo

(treinadores) estruturam o seu sistema defensivo.

Esperamos conseguir esclarecer algumas das dúvidas que possuímos

com o culminar deste trabalho.

2. Estrutura do Trabalho

O presente estudo encontra-se dividido em 7 capítulos: Introdução (I),

Revisão da Literatura (II), Material e Métodos (III), Apresentação e Discussão

dos Resultados (IV), Conclusões (V), Referências Bibliográficas (VI) e Anexo

(VII).

3. Objectivos

O presente estudo tem como principal objectivo perceber como os

melhores treinadores idealizam e estruturam os sistemas defensivos.

Apresenta, ainda, como objectivos secundários:

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Introdução

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i. Compreender quais os princípios que os treinadores utilização na

organização colectiva defensiva;

ii. Conhecer as opiniões dos treinadores sobre as principais características

dos jogadores defensores;

iii. Verificar se o método de treino está de acordo com os seus princípios e

conceitos defensivos.

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II. Revisão da Literatura

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II. Revisão da Literatura

1. Jogos Desportivos Colectivos

Existe um conjunto de modalidades desportivas que são denominadas

Jogos Desportivos Colectivos e que, segundo Bayer (1994), possuem em

comum as seguintes características: existência de um objecto (bola), que pode

ser jogador pelo jogador quer com a mão, quer com o pé ou por intermédio de

um instrumento; um terreno estandardizado, que limita a acção dos jogadores;

um alvo a atacar ou defender (baliza, cesto); os companheiros que,

cooperando, ajudam a progressão da bola; os adversários cuja posição é

preciso vencer e a existência de um regulamento que é preciso respeitar.

Teodorescu (1984), um dos responsáveis pela criação e

desenvolvimento de uma teoria dos jogos desportivos colectivos, afirma que o

jogo desportivo colectivo constitui “um processo organizado de cooperação,

realizado através da coordenação das acções dos jogadores de uma equipa –

desenrolado em condições de luta com os adversários – os quais, por sua vez,

coordenam as suas acções para desorganizar a cooperação de jogadores da

primeira equipa e onde a presença das acções tácticas colectivas, em conjunto

com as individuais, e a existência da relação de adversidade entre duas

equipas, dão origem a um grande numero de interacções, tanto no ataque

como na defesa”.

Segundo o mesmo autor, o problema dos Jogos Desportivos Colectivos

pode ser enunciado da seguinte forma: numa situação de oposição os

jogadores devem coordenar as acções com a finalidade de recuperar,

conservar e fazer progredir a bola, tendo por objectivo criar situações de

finalização e marcar golo ou ponto. A partir deste entendimento existem três

grandes categorias de sub-problemas:

No plano espacial e temporal

• No ataque – problemas de utilização da bola, individual e

colectivamente;

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• Na defesa – problemas na produção de obstáculos com a

finalidade de dificultar ou parar o movimento da bola e dos

adversários, com o intuito de recuperar a posse da bola.

No plano da informação

• Problemas ligados à produção de incerteza nos adversários e de

certezas para os colegas de equipa.

No plano da organização

• Problemas na transição de um projecto individual para um

projecto colectivo, dando o melhor de si para a equipa.

No que respeitante a uma classificação dos Jogos Desportivos,

Teodorescu (1984) refere a possibilidade de sistematiza-los de acordo com os

seguintes indicadores: ocupação do espaço, disputa de bola, deslocamento,

manejo de bola. (ver Quadro 1).

Quadro 1. Classificação dos Jogos Desportivos segundo Teodore scu (1984)

CATEGORIA CONSIDERADA CLASSIFICAÇÃO EXEMPLO

OCUPAÇÃO DO ESPAÇO Invasão Futebol, Andebol Não invasão Voleibol

DISPUTA DA BOLA Luta directa Polo aquático Luta indirecta Voleibol

DESLOCAMENTO Manual Futsal Com acessórios Hóquei em patins

MANEJO DE BOLA (PREDOMINANTE)

Mão Andebol Pé Futebol Misto Rugby

Pode-se concluir, após uma revisão da literatura sobre a classificação

dos diferentes desportos, que existem Jogos Desportivos Colectivos que, de

modo consensual, são classificados num mesmo grupo (andebol, basquetebol,

futebol, hóquei e râguebi), designado de jogos desportivos com alvo, jogos de

cooperação/oposição ou jogos de invasão, caracterizados por serem jogos de

participação simultânea num espaço comum.

No entanto, os diferentes Jogos Desportivos Colectivos de invasão

também constituem realidades diversas, com a sua própria especificidade, ou

seja, cada modalidade desportiva vai exigir comportamentos e acções

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específicas, em função da sua própria estrutura e natureza diferenciada (Bayer,

1994).

2. Andebol

O Andebol, Jogo Desportivo Colectivo, possui um conjunto de

características que o definem como pertencente a este grupo de jogos.

Podemos referir que a funcionalidade do jogo está baseada num sistema

de relações que se verificam entre os diferentes elementos indissociáveis da

sua estrutura: companheiros de equipa com quem cooperar, adversários a

superar, bola a dominar e controlar, espaço a proteger ou conquistar, baliza

para obter golo e, por último as diferentes regras a cumprir. Ambas as equipas

constituem grupos colectivos que actuam um contra o outro, coordenando as

suas acções e cujo comportamento é determinado por relações de interacção

ataque-defesa. Esta relação antagónica entre o ataque e a defesa, manifesta-

se tanto a nível individual como colectivamente e cada componente tenta criar

uma ruptura com o equilíbrio teórico existente, conseguindo, desta forma,

vantagens para si mesmo e para a sua equipa (Antón García,1998).

Segundo Moreno (1994) o andebol enquadra-se nos jogos de

cooperação oposição, nos quais as acções de jogo são resultantes das

interacções entre os participantes, onde existe um espaço comum às equipas

em confronto e há a participação simultânea dos jogadores/equipas.

Podemos no entanto distinguir o andebol dos restantes jogos

desportivos colectivos devido a uma série de características que possibilitam o

seu desenvolvimento (Cuesta, 1991). Essas características são o tamanho da

bola, o tamanho do terreno de jogo, a área de baliza e algumas regras e

regulamentos, como por exemplo o facto de as substituições puderem ser

efectuadas a qualquer altura do jogo sem ser necessário uma paragem ou

recorrer ao árbitro da partida.

A bola é pequena e facilmente se maneja com uma mão, o que faz com

que qualquer jogador a domine com facilidade. O terreno de jogo é um

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rectângulo de 40x20 o qual se permite que se jogue a bola de um extremo ao

outro com apenas um passe, este factor possibilita o aparecimento da

velocidade nas distintas acções de jogo. O facto da área de baliza só

possibilitar o uso exclusivo dos guarda-redes vai condicionar a forma de jogar

deste desporto, uma vez que, tanto no ataque como na defesa agrupam os

jogadores em zonas comuns.

Tal como referido anteriormente, é o conjunto destes factores que torna

o Andebol diferente de todos os outros Jogos Desportivos Colectivos.

2.1 História do Andebol

Como qualquer desporto, colectivo ou individual, o andebol não foge à

regra da dificuldade em determinar, com clareza, as datas e os locais de

nascimento das várias modalidades que hoje em dia atraem praticantes e

espectadores.

A primeira referência a uma modalidade jogada com uma bola e à mão

consta na Odisseia de Homero, que era conhecido por jogo da Ucrânia.

Posteriormente terá sido descoberto, em 1926, um baixo-relevo datado de 600

A.C., com imagens desse jogo. Na Idade Média teriam sido praticados jogos de

bola com a mão, principalmente nas cortes, denominados então pelos

trovadores como “Jogos de Verão” (Gonçalves, 2003).

Por todo o mundo, existem referências a jogos populares, que os

perspectivam como antecessores do Andebol. Na antiga Checoslováquia

existia um jogo denominado de azena, palavra ainda hoje utilizada para

designar o andebol. Em finais do século passado o professor de educação

física, Konrad Kech, criou um jogo com características muito semelhantes. Em

1913, na Bélgica, outro professor, Lucien Dehoux, lançou o andebol das três

casas, tendo-se chegado a realizar campeonatos entre 1915 e 1918

(Gonçalves, 2003).

Apesar da tese dos uruguaios, que defendem a criação do andebol pelo

professor de mesma nacionalidade António Valeta, com posterior introdução na

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Europa, devida aos marinheiros alemães na altura detidos em Montevideu, por

ocasião do conflito mundial de 1914-1919, que ao serem posteriormente

repatriados no fim da Guerra trariam o andebol para o velho continente, é

comum aceitar o nascimento desta modalidade, na Alemanha, após a I Guerra

Mundial, sendo considerados como seus criadores os alemães Hirschmann e

Carl Schelenz (International Handball Federation).

O Andebol, na sua vertente de onze, teve a sua primeira participação em

grandes eventos internacionais nos Jogos Olímpicos de Berlim, realizados em

1936. Mais tarde, devido às condições climatéricas existentes no norte da

Europa, que inviabilizava a prática desta modalidade ao ar livre (andebol de

11), a Suécia e Dinamarca criaram a variante de sete, jogada em recintos

fechados (Falkowski, 1992).

Com o aparecimento desta alternativa a modalidade teve um enorme

desenvolvimento, originando a criação do I Campeonato Mundial, realizado em

1938 e tendo como vencedor a Alemanha. Somente a partir de 1954 passou a

haver uma maior regularidade na disputa de provas internacionais na variante

de sete que, aliado ao aumento de popularidade desta versão, levou ao

posterior desaparecimento da variante de 11 (Gonçalves, 2003).

Segundo Seco (2006) são consideradas circunstâncias que se

encontram ao redor da evolução do jogo neste início de século: a) mudanças

regulamentares, b) a adaptação ao Andebol Profissional pelos países do Leste

da Europa, c) a multiplicidade de competições, d) a disponibilidade de

informação e o uso das novas tecnologias, e e) a crescente mediatização do

andebol.

2.2 Defesa

O andebol é uma modalidade desportiva, onde os jogadores têm a

possibilidade de lutar pela posse de bola, através do contacto físico, de acordo

com o que está definido nas regras (Bregula, 1984).

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De uma forma geral a defesa constitui a situação existente no jogo em

que a posse de bola é do adversário. Na opinião de vários autores (Espar,

2001; Martini, 1980; Romero et al., 1999) constitui uma acção de oposição com

o objectivo de (1) evitar o golo, (2) perturbar o jogo ofensivo da equipa

adversária e (3) recuperar a posse de bola.

Nem sempre é fácil dissociar uns objectivos dos outros, o primeiro

objectivo é sem dúvida o mais importante dos três, no entanto os outros dois

são também eles fundamentais. Eles muitas vezes são considerados sinónimos

de um bom funcionamento defensivo (Espar, 2001).

A actividade defensiva deve ter como ponto de partida estes objectivos

preestabelecidos para o jogo. Consoante aquilo que é pretendido para a

defesa, definem-se as alternativas possíveis e elegem-se as mais convenientes

em função dos interesses e das capacidades da equipa (Garcia, 2002). Assim,

se o vencedor dos jogos é a equipa que marca mais golos, é óbvio, que o

principal objectivo do jogo defensivo será evitar que a equipa adversária

marque mais golos. Para alcançar esse objectivo, a defesa deve planear uma

série de objectivos secundários, tendo em conta que, para que o adversário

consiga golo, têm de construir situações cómodas para rematar com eficácia,

por meio de combinações ou procedimentos tácticos, a maioria das vezes em

zonas próximas da área de baliza e finalmente necessita de rematar à baliza

(Garcia, 2002).

Segundo Alonso (1987) é importante a equipa sentir que tem um sistema

defensivo próprio. Que não tem que se preocupar com o ataque adversário,

mudando de sistema, mas sim que é o adversário que tem de procurar

soluções para ultrapassar o sistema defensivo.

Existem três factores determinantes para uma boa prestação defensiva

(Alonso, 1987):

• Vontade;

• Conhecimentos;

• Capacidade.

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A vontade é considerada a alma da defesa (Alonso, 1987; Cuesta,

1989). Um defesa pode possuir uma boa capacidade física, pode conhecer na

íntegra os princípios e regras do seu sistema defensivo mas se não tiver

vontade, querer e até mesmo prazer em defender, dificilmente obterá sucesso

igual aos jogadores que realmente se aplicarem neste processo (Cuesta,

1989).

Um atleta com uma boa capacidade de execução defensiva, ao qual

estão ligados a constituição física e a técnica defensiva, possui os requisitos

idealizados para ser considerado um bom defensor. É a conjugação destes três

factores que constituem a base de sucesso para uma boa prestação defensiva

(Cuesta, 1989; Alonso, 1987; Kandija, 1988).

2.2.1 Princípios colectivos de defesa

Garcia (1998) afirma que os princípios colectivos do jogo, quer

defensivos, quer ofensivos, definem com maior precisão o papel de cada

jogador e facilitam a organização em equipa. Neste sentido, os princípios

colectivos defensivos definidos por este autor são:

• Reduções do número de erros – todas as acções do jogo se baseiam

neste princípio, através do qual os jogadores podem obter rendimentos

superiores. A equipa deve aprender a controlar o seu ritmo de acções

para evitar situações arriscadas que levem ao erro defensivo;

• Manutenções dos postos de defesa – a estruturação de uma equipa

implicam a distribuição de uma forma equilibrada no espaço defensivo.

Qualquer sistema defensivo escolhido baseia-se em condicionantes

individuais e colectivas, por isso é fundamental a manutenção nos

espaços defensivos atribuídos previamente;

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• Respeito pela disciplina táctica – a actuação individual de um jogador e

a coordenação entre jogadores dependem directamente da táctica

defensiva escolhida para determinado jogo;

• Sincronização espácio-temporal das acções – a intervenção de cada

jogador deve ser adequada às acções dos companheiros que o

precedem, este é também um factor importante para o êxito defensivo. A

ideia base deste princípio incide na coordenação de acções defensivas

entre jogadores;

• Ajuda mútua – este princípio consiste no manter de uma postura de

apoio permanente por parte de todos os jogadores defesas, como forma

a facilitar a acções dos companheiros;

• Variação e alternância dos meios tácticos de grupo individuais e

colectivos em situações similares – o domínio de um meio táctico

pressupõe a possibilidade de varias respostas e estas podem ser

utilizadas em diversas situações. O uso sistemático de uma acção

defensiva leva a uma habituação e antecipação do adversário com

relativo êxito.

Para Melendez-Falkowski & Fernandez (1985) todas as acções

defensivas estão dependentes dos estímulos fornecidos a cada momento pelos

jogadores atacantes, daí que se possa dizer que os defesas estão de certo

modo condicionados pelos factores ofensivos que vão decorrendo ao longo do

jogo. Portanto, é fundamental um esforço continuado de atenção, rapidez e

segurança nas acções defensivas

2.2.2 Características dos ocupantes na defesa

Características ou capacidades técnicas (Melendez-Falkowski &

Fernandez, 1985):

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• Domínio das posições básicas;

• Domínio de todos os tipos de deslocamentos com grande

velocidade de execução;

• Realização prática das mudanças de direcção com elevada

eficácia;

• Antecipação postural adequada;

• Conhecimento e exactidão na execução da marcação de

vigilância;

• Conhecimento e exactidão na execução da marcação de

aproximação;

• Conhecimento e exactidão na execução da marcação de

intercepção;

• Domínio de todos os tipos de bloco ao remate como meio básico

defensivo

• Domínio da acção de tirar a bola ao atacante tendo em conta os

condicionamentos das regras de jogo.

Características ou capacidades tácticas (Melendez-Falkowski &

Fernandez, 1985):

• Conhecimento, domínio e coordenação coerente com resto dos

companheiros na acção específica da flutuação;

• Conhecimento e exactidão na sua execução da mudança de

adversário;

• Boa predisposição e domínio para evitar bloqueios;

• Grande predisposição para colaboração com os seus

companheiros de equipa nas acções puramente defensivas.

Todos os jogadores que se encontrem em funções defensivas, devem

respeitar alguns princípios comuns independentemente do posto que ocupam.

Impedir que o seu adversário directo crie dificuldades com os seus

deslocamentos ou acções individuais, não deixar o adversário receber a bola

em zonas consideradas eficazes para o ataque, não permitir o remate em

condições favoráveis.

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18

Tarefas dos defesas que ocupam zonas centrais (jogadores que ocupam

zonas centrais e laterais):

Perante atacantes afastados:

• Obstruir a penetração do atacante;

• Atacar o braço do executor do remate;

• Evitar o remate à baliza;

• Dificultar a circulação de bola;

• Procurar recuperar a posse de bola;

• Evitar ser fintado pelo adversário;

• Colaborar com o seu companheiro em missão defensiva quando o

seu adversário directo não tiver a posse de bola;

Perante adversários próximos (pivots):

• Marcar adversários com marcação de aproximação;

• Evitar a recepção de bola;

• Evitar de forma regulamentar os deslocamentos do pivot, para

evitar o aproveitamento das situações criadas por este;

• Dirigir com indicações precisas o defensor da zona central que

se encontre adiantado;

• Acompanhar o seu adversário em todos os deslocamentos ate

que se possa efectuar a troca defensiva;

• Responsabilizar-se pelos ressaltos de bola na sua zona;

• Anular as combinações do pivot com os restantes

companheiros;

Tarefas dos defesas que ocupam zonas exteriores:

• Impedir a penetração dos extremos tanto para as zonas centrais como

para a ponta;

• Limitar ou reduzir ao máximo as possibilidades dos extremos;

• Impedir remates das pontas;

• Colaborar com o defesa lateral;

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19

• Procurar anular as acções individuais do seu oponente, bem como as

combinações com os restantes companheiros de equipa.

2.3 Sistema de jogo

O Andebol, enquanto jogo desportivo colectivo, tem vindo a sofrer

constante evolução. O jogo que está mais rápido, com menos espaços, e com

jogadores cada vez melhores a nível técnico e táctico. Assim, estamos perante

um andebol mais complexo e muito mais inteligente, portanto que exige mais

do ponto de vista cognitivo, da assimilação e acomodação dos vários sistemas

de jogo existentes (Ribeiro, 1999; Prudente, 2006).

Um sistema de jogo representa, segundo Garcia (1990) “a forma geral

de organização de uma equipa, a estrutura das acções dos jogadores no

ataque e na defesa, de onde se estabelecem missões precisas e princípios de

circulação e colaboração no sentido de um dispositivo previamente

estabelecidos”.

O sistema de jogo é a distribuição dos jogadores em campo durante a

partida, para de forma coordenada desenvolverem as funções de Ataque e

Defesa. È um conjunto de ordens/princípios que organizam todas as acções

dos jogadores na defesa, tanto individuais como colectivas. Capacidade de

organizar-se no espaço para explorar com eficácia as acções tácticas

escolhidas (Herrero, 2003).

São utilizadas linhas imaginárias para definir onde um determinado

número de jogadores deve actuar – como por exemplo 3:2:1, em que são

definidas 3 Linhas de Actuação com o seguinte funcionamento (Garcia, 1998):

a. A primeira linha de actuação é composta por 3 jogadores

colocados ao longo da linha dos 6metros;

b. Na segunda linha actuam 2 jogadores colocados ligeiramente à

frente da linha de 9metros;

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20

c. Na terceira linha, posiciona-se apenas 1 jogador que é o jogador

mais avançado deste sistema defensivo.

O que caracteriza fundamentalmente um sistema não e a disposição

inicial que se adopta, que será idêntica em muitas equipas, mas sim o

funcionamento das relações entre os seus jogadores (Garcia, 1990).

2.4 A evolução da Defesa

Na permanente relação com o ataque foi a defesa evoluindo e

encontrando as situações adequadas em cada momento da evolução do

Andebol. E assim podemos falar no período do domínio sueco nos anos

cinquenta com a defesa 3:3; o domínio romeno com a defesa 6:0 nos anos

sessenta; os jugoslavos e a defesa 3:2:1 nos anos setenta. Cada um desses

sistemas deu resposta ao tipo de ataque então dominante, obrigando os

técnicos à procura de novas soluções atacantes (Prudente, 1983).

Na década de oitenta a mentalidade defensiva estava sempre conotada

com uma grande passividade e dependência em relação ao ataque. O objectivo

da defesa era evitar o golo. Assim, o jogador que se encontrava em situação

defensiva, colocava-se numa situação de dependência em relação ao ataque,

ou seja, sujeitava-se passivamente às capacidades do atacante (Oliveira,

1995). O velho conceito de defesa, consubstanciado numa estrutura

expectante e previsível, que apenas procura proteger a baliza e adaptar-se ao

ataque está perfeitamente ultrapassado (Ribeiro, 1999).

Cada vez mais, defender é, recuperar a posse de bola, intervir na

actuação do atacante com criatividade acrescida, criando ao ataque situações

de dificuldade e conflito, tentando assim, condicionar e limitar a capacidade de

acção do portador da bola, dando-lhe falsos estímulos. Assim, na opinião de

Roman (2000) obrigámo-lo a falhar, tendo tudo isto como consequência: evitar

o golo.

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21

A evolução que o jogo sofreu nos últimos anos, obriga a um novo

ordenamento conceptual, que pressupõe uma estrutura defensiva

extremamente activa, com os jogadores sempre em movimento, numa procura

constante de superioridade numérica; ofensiva, no sentido de uma constante

procura da bola e da assunção duma fila de risco (liberdade e criatividade);

agressiva, no sentido de “incomodar” permanentemente os atacantes

impedindo-os de exprimirem a totalidade das suas acções técnico-tácticas;

imprevisível, no sentido de inviabilizar, de uma forma sistemática, a adaptação

do ataque (Ribeiro, 1999).

Romero et al. (1999), afirma que no andebol moderno, existe uma

grande variedade de sistemas defensivos com perfis tácticos individuais e

colectivos, adaptados à equipa adversária, às características dos jogadores e

ao seu estilo de jogo. Este mesmo autor, admite que podemos estar optimistas

relativamente ao futuro, uma vez que, a variedade no jogo defensivo está na

origem das maiores modificações e enriquecimentos a nível do jogo atacante,

já que, defender actualmente não é apenas fazer com que adversário remate

em más condições, mas sim, lutar pelos espaços de jogo; prever antecipação

para recuperar a bola; quebrar o ritmo de jogo e provocar erros aos atacantes;

enfim, impor um ritmo defensivo superior ao atacante, em busca permanente

da posse da própria iniciativa.

O jogo actual de andebol tende a ser o jogo cada vez mais rápido, com

as acções de ataque e de defesa a serem mais eficazes, com um permanente

confronto entre as intenções de quem ataca e de quem defende, num diálogo

permanente de oposição, do qual sairá vencedor quem cometer menos erros

(Teixeira, 1998). Daí a importância da defesa provocar erros e inadaptações

aos jogadores atacantes.

2.5 Tipos de Defesa

Um aspecto que nunca pode ser esquecido é o facto dos sistemas

defensivos deverem ser adaptados as características dos atletas e das

equipas. Tendo em conta estes parâmetros, o treinador deverá ser capaz de

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22

adaptar a defesa à sua equipa, para que esta em situação de jogo consiga

superar as iniciativas atacantes da equipa adversária (Oliveira, 1995; Roman,

2000).

Os vários tipos de defesa que se podem observar na competição

adquirem três formas completamente distintas, que tradicionalmente são

usadas em quase todos os desportos colectivos e às quais o andebol não ficou

alheio. Os tipos de defesa classificam-se em três grupos: sistemas individuais,

zonais e mistos (Garcia, 2002; De Viñaspre, 2003).

Cada um destes tipos de defesa dá prioridade a um determinado

elemento particular do jogo: o espaço destinado; a bola; um adversário

concreto ou o oponente directo da zona; os companheiros mais próximos

(Garcia, 2002).

2.5.1 Defesas individuais

Este tipo de defesa, na qual se engloba a defesa “homem a homem”

está na base da formação e desenvolvimento de qualquer jogador e, tal como

em qualquer tipo de organização defensiva devemos ter constantemente a

consciência da necessidade de trabalho colectivo e uma boa atitude defensiva,

já que a agressividade é fundamental para que o objectivo seja atingido

(Ferreira, 2003).

A organização defensiva, apesar de ser individualizada e ter uma

relação directa de 1 contra 1, não pode ser considerada em essência uma

organização descomprometida com o resto da equipa. Um princípio que por

muitas vezes é esquecido e que possui grande apelo colectivo é a protecção

do alvo a ser defendido (Garcia, 2002).

Outro factor de grande apelo colectivo é o facto de que a defesa

individual terá um grande êxito principalmente se for capaz de criar um conceito

de pressão contra a equipa ofensiva, de forma que obrigue a equipa atacante a

realizar passes com alto grau de risco. Isso é possível se as linhas de passe

forem constantemente fechadas e se em uma situação de extrema pressão,

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23

torna-se possível que uma defesa individual seja transformada numa defesa

grupal sobre o jogador em posse de bola. Ou seja, cria-se uma situação tão

propícia para a recuperação da posse da bola, que mesmo deixando um

jogador adversário livre, o jogador em posse de bola não consegue dirigir o

passe a este jogador (Herrero, 2003).

Outro factor que rege a defesa individual é transmitir a ideia que mais do

que marcar um determinado jogador, existe também a possibilidade de

“marcar” as linhas de passe as quais o jogador em posse de bola possui,

possibilitando a antecipação da trajectória da bola por parte dos marcadores.

Isso é bastante comum quando um marcador indirecto intercepta a bola - ou

seja, aquele que não marcava directamente o possível receptor da bola abre

mão da sua defesa individualizada em detrimento da possibilidade de antecipar

a trajectória que a bola está a realizar (Herrero, 2003).

Outro ponto especial da marcação individual está no facto de que apesar

de ser individual, em algumas situações passa a ser vantajosa a ideia de trocas

de marcação, ou seja, visando manter a ideia de que cada 1 é responsável por

apenas 1 jogador (Falkowski & Fernandez, 1988).

De Viñaspre (2003) afirma que as defesas individuais são os principais

sistemas usados na iniciação do Andebol. As equipas de adultos costumam

recorrer a este tipo de defesa perante situações em que a defesa necessite de

recuperar bolas urgentemente, e para isso pressionam a equipa atacante em

todo o campo (defesa individual em todo o campo) ou então apenas em meio-

campo (defesa individual em meio-campo). Requer doses elevadas de

preparação física e psicológica para aguentar esta situação durante muito

tempo.

2.5.2 Defesa Zonal

Segundo Fernandez & Falkowski (1988) a defesa à zona é uma defesa

em bloco, em que os jogadores se movimentam em função da circulação de

bola.

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A diferença existente entre a defesa individual e a defesa à zona, é que

na defesa á zona não é destinado nenhum adversário directo exclusivo a cada

defensor, mas sim uma determinada zona na qual ele tem que se defrontar

com o jogador atacante. Logo que este tenha deixado a sua zona de acção, um

outro defensor fica responsável pela acção ofensiva na sua zona e o defensor

assim liberado pode receber outro atacante que vem para a sua zona de

defesa (Martini, 1980).

O sucesso das defesas á zona está relacionado técnica individual de

defesa, o jogador defesa necessita de dominar os fundamentos de jogo para

conseguir depois aplicar em qualquer defesa zonal. Torna-se fundamental que

o jogador em situação de jogo domine os procedimentos técnicos defensivos (o

bloco, marcação etc.), assim como as estruturas tácticas fundamentais

(flutuação, deslocamentos, ajuda defensiva, etc.) pois insuficiências nestes

aspectos comprometem toda a organização defensiva (Pontes, 1987).

Existem três leis fundamentais a cumprir na defesa á zona (Silva, 2001;

Herrero, 2003):

• Anulação da ligação atacante, e do ataque activo a defesa . Esta lei

pretende que a defesa corte sistematicamente as linhas de passe;

• Superioridade numérica . Tentar criar sempre uma situação de

superioridade numérica da defesa em relação ao atacante com posse de

bola;

• Contra movimento . Com esta lei pretende-se que o defesa obrigue o

atacante adversário a alterar a sua trajectória, de forma a evitar

situações de rotura no sistema defensivo.

2.5.3 Defesas mistas

A denominação geral deste tipo de defesa dá-nos a ideia do seu

funcionamento. A defesa mista caracteriza-se pela existência simultânea de

defesa zonal e de marcação individual (Martini, 1981).

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25

Geralmente um grupo importante de defensores actua conforme os

parâmetros da defesa zonal e um dos jogadores assume pautas individuais.

Este tipo de defesa pode, na opinião de Garcia (2002) assumir distintas

variantes: combinada a um ou vários jogadores atacantes concretos ou

combinada a uma zona. Pode igualmente, nestes dois casos assumir duas

vertentes: estrita ou à distância. No primeiro, caso deve actuar-se

permanentemente em proximidade do atacante eleito, no entanto, no segundo

caso permite-se uma maior possibilidade de realização de ajudas (Garcia,

2002).

2.6 Sistemas Defensivos

As emergências da equipa são todas as acções que se desenvolvem em

termos colectivos, sob a forma de sistemas defensivos, atacantes ou

combinações tácticas (Soares, 1985 apud Sousa, 2000).

No Andebol, os sistemas de jogo são identificados pelo seu efectivo

numérico e pelo seu posicionamento em campo (Barbosa, 1999).

Segundo Teodorescu (1984) os sistemas de jogo traduzem a forma geral

de organização de uma equipa, a estruturação das acções na defesa e no

ataque, a partir das quais se estabelecem missões precisas e princípios de

circulação e colaboração em torno de um dispositivo previamente estabelecido.

Independentemente do sistema de jogo em causa, é comum a todos

eles a disposição inicial, ou seja, a distribuição de base dos jogadores de

campo em estruturas geométricas simples: linhas, quadrados, triângulos, etc.,

bem como um funcionamento das relações estabelecidas entre jogadores a

partir da disposição inicial. Estas relações agrupam-se em pequenas

substruturas onde os jogadores se especializam no cumprimento das tarefas e

missões concretas, tendo desta forma responsabilidade no funcionamento do

colectivo, cuja forma prática são os diferentes meios utilizados na conexão e o

seu ritmo de desenvolvimento (Barbosa, 1999).

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26

Segundo Espina (1998) os sistemas defensivos são situações espaço-

temporais que uma equipa adopta para impedir que a equipa atacante consiga

progredir no terreno e marcar golo.

O reduzido espaço de actuação das equipas e o conteúdo das regras e

a sua aplicação provocam um contacto físico permanente e estimulam, por

vezes, a sua utilização abusiva e faltosa, sempre que a capacidade técnica se

revele insuficiente (Oliveira, 1995).

Durante longos anos se afirmou como prioridade a melhoria dessas

capacidades como arma para combater a violência, a brutalidade, a

prevalência da força sobre a criatividade. O trabalho defensivo teve, por via

disso, nos últimos anos, uma melhoria significativa como reflexo do empenho

dos treinadores nesse domínio, que lhes passaram a dedicar uma grande parte

dos seus treinos (Oliveira, 1995).

Os sistemas defensivos ganharam assim em dinamismo e capacidade

de movimentação e eficácia, conseguido o êxito num cada vez maior número

de situações, não por acção da força, da dureza ou até da brutalidade, mas sim

da capacidade técnica, da inteligência e da argúcia dos seus componentes

(Ribeiro, 1999).

A organização em sistemas e a sua maior ou menor rigidez,

profundidade ou agressividade veio-se transformando ao longo dos tempos,

transformando o próprio jogo.

2.6.1 Sistema Defensivo 6:0

Aparecido nos anos 60, foi divulgado principalmente através da Roménia

e URSS, países que dominavam a competição na época (Pintado, 1994).

O seu desenvolvimento e os conceitos em que se baseava, teve grande

influência na procura de jogadores de elevada estatura de forma a constituir o

bloco central dessa defesa (Prudente,1983).

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27

É um sistema que no entanto tem acompanhado a evolução do próprio

jogo ao longo dos tempos, e a ela se foi adaptando (Oliveira, 1995).

Se na antiguidade era considerada uma defesa passiva, onde os

jogadores assentavam a sua eficácia baseada na altura do bloco central, o

aparecimento de jogadores capazes de ultrapassar esse bloco fez com que a

defesa se tornasse mais dinâmica e agressiva. Deixaram de ser defesas

estáticas na medida em que ocupavam apenas as suas zonas defensivas e

passaram a ser defesas mais rápidas, capazes de cortar linhas de passe, de

sair ao portador de bola e recuperar rapidamente o seu posto na zona

defensiva (Federação de Andebol de Portugal).

A utilização deste sistema defensivo é adequado (Federação de Andebol

de Portugal; Espar, 2001):

• Quando o ataque não tem rematadores;

• Quando adversário tem uma boa relação entre as linhas de ataque e o

seu pivot;

• Perante equipas com bons extremos.

Características (Federação de Andebol de Portugal):

• Grande amplitude;

• Alguma profundidade;

• Facilita ao ataque a circulação da bola;

• Facilita as ajudas;

• Favorece contra-ataque directo;

• Necessita perfeita sincronização nas trocas de marcação.

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28

2.6.2 Sistema Defensivo 5:1

O sistema defensivo 5:1 aparece naturalmente, como uma transição

entre os sistemas de uma e os de duas linhas, nomeadamente do 3:3 e do 6:0

(Espar, 2001).

Oliveira (1995) considera que este sistema é dos mais utilizados,

referindo que a preferência pelo 5:1, se baseia por este combinar algumas das

qualidades mais importantes para o êxito, pois é um sistema medianamente

profundo e suficientemente largo, contendo a capacidade de grande adaptação

aos sistemas atacantes adversários.

Na sua origem, surgiu com o propósito de reduzir as possibilidades de

circulação de bola, com a finalidade de dificultar a construção de jogo ofensivo

da equipa adversária. Posteriormente, e devido à evolução do ataque,

empregou-se este sistema com a finalidade de obrigar a concentrar a

actividade da equipa atacante numa zona ofensiva que permitisse diminuir a

eficácia dos remates e também destruir a estruturação do jogo ofensivo

adversário (Romero et al., 1999).

Falkowski & Fernandez (1988) dizem que este tipo de defesa surge da

desvalorização da zona dos extremos, valorizando as zonas de maior ângulo

de remate.

Figura 1. Sistema Defensivo 6:0

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A utilização deste sistema defensivo é adequado (Federação de Andebol

de Portugal; Espar, 2001; Romero et al., 1999):

• Equipas que finalizem constantemente na zona central;

• Equipas que possuam um central bom rematador e ou bom organizador;

• Equipas que possuam bons laterais a rematar na zona central.

Características (Espar, 2001; Romero et al., 1999):

• Defesa mais agressiva;

• Protege zona central;

• Dificulta organização jogo ofensivo;

• Maior densidade na zona da bola.

Figura 2. Sistema Defensivo 5:1

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2.6.3 Sistema Defensivo 3:2:1

Este sistema defensivo foi criado por Vlado Stenzl e utilizado

formalmente pela primeira vez, pela selecção da Jugoslávia, nos Jogos

Olímpicos de Munique em 1972. Representou uma revolução nos conceitos

defensivos e continua a ser nos dias de hoje uma referência, até pelas

transformações e adaptações que tem vindo a sofrer desde então (Oliveira,

1995).

Segundo Hasanefendic (1986) trata-se duma defesa universal, isto é,

uma defesa que é ao mesmo tempo zonal, individual e combinada. De acordo

com o sistema ofensivo que se enfrenta, reage para se converter em cada uma

das anteriormente mencionadas.

É caracterizado pela disposição dos jogadores em três linhas defensivas

sendo profundo, pouco amplo e denso (Silva, 2000). É fruto da combinação do

sistema 3:3, de grande profundidade e dos sistema 5:1, de maior amplitude

(Fernandez & Falkowski, 1998).

A utilização deste sistema defensivo é adequado para (Federação de

Andebol de Portugal; Silva, 2000):

• Equipas com bons rematadores e menor mobilidade;

• Equipa adversária possui uma 2ª linha ofensiva frágil;

• Equipa adversária utiliza combinações ofensivas fechadas.

Características:

• Defesa muito agressiva e profunda

• Dificulta organização jogo ofensivo

• Domínio trocas marcação e jogo individual

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2.6.4 Sistema Defensivo 3:3

Surgiu na década de 50 através da equipa sueca que obteve excelentes

resultados com este tipo de defesa, chegando mesmo a ser campeã. Aliás,

este foi um sistema muito usado pelas equipas nórdicas, principalmente pelos

suecos, nos primeiros tempos do Andebol de Sete, e, posteriormente, caiu em

desuso ao, nível da alta competição internacional (Oliveira, 1995).

É um sistema pouco largo e muito profundo, muito “vulnerável” nas

pontas e eventualmente no seu interior, que deve ser utilizado contra equipas

muito fortes atleticamente e pesadas, por isso com pouca mobilidade,

principalmente na sua primeira linha (Trosse, 1993).

Este sistema é muito profundo e cria uma grande divisão entre duas

linhas, originando amplos espaços de penetração. E um sistema defensivo de

extrema responsabilidade individual, que acarreta grandes níveis de risco

(Trosse, 1993).

A utilização deste sistema defensivo é adequado (Federação de Andebol

de Portugal):

• Equipas com uma 1º linha forte;

• Equipa adversária possui uma 2ª linha ofensiva frágil.

Figura 3. Sistema Defensivo 3:2:1

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Características (Silva, 2001):

• Defesa muito agressiva e profunda;

• Dificulta organização jogo ofensivo;

• Obriga a equipa adversaria a jogar longe da baliza.

2.6.5 Sistema Defensivo 4:2

Para Oliveira (1995) o sistema 4:2 é um sistema defensivo organizado

em duas linhas, profundo mas pouco largo e conjuntamente com o 3:3, se

consideram ser sistemas históricos da evolução do andebol.

Falkowski e Fernandez (1988) dizem que este sistema, tal como o 5:1,

surge da desvalorização da zona dos extremos. Em função da posição da bola,

os extremos basculam até ao centro deixando espaços livres na zona dos

extremos oposta à da bola.

Este autor diz que o 4:2 se baseia em valorizar as zonas de maior

ângulo de remate.

Martini (1980) diz que uma das desvantagens deste sistema reside no

facto de ser uma defesa aberta e por isso fraca perante situações de um contra

um. Em contra partida, Falkowski e Fernandez (1988) dizem que à priori este

sistema parece ser aberto mas o seu funcionamento transforma-o numa defesa

fechada e compacta.

O dispositivo inicial deste sistema, consiste na presença de dois

jogadores avançados na 2º linha defensiva, enquanto os restantes evoluem na

1º linha defensiva. Esta característica confere-lhe grande profundidade e

razoável protecção da zona central, embora os espaços criados entre duas

linhas defensivas, o debilitem em algumas circunstâncias.

A utilização deste sistema defensivo é adequado quando estamos

perante equipas com dois bons laterais rematadores (Federação de Andebol de

Portugal).

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Características (Federação de Andebol de Portugal):

• Defesa muito agressiva e profunda;

• Dificulta organização jogo ofensivo;

• Obriga a equipa adversaria a jogar longe da baliza;

• Facilita a 1º fase do contra-ataque.

2.6.6 Sistema de Defesa Mista

A denominação deste sistema indica uma ideia do seu desenvolvimento.

São sistema que aliam um sistema zonal com um ou mais jogadores a

defender de maneira individual (Martini, 1980; Garcia, 2002).

Segundo Martini (1980) existem muitas equipas que têm nas suas

fileiras um organizador ou rematador excelente, que deixa bem vincada a sua

classe em todas as suas acções de ataque. Se a defesa conseguir eliminar

esse homem, a equipa atacante perde muita acção.

Nesta linha de pensamento, também Oliveira (1995) considera que os

sistemas mistos de defesa de zona e individual são frequentemente utilizados,

por vezes de forma permanente num dado jogo, para obviar a acção influente

de um ou dois jogadores, quer a rematar quer a organizar, ou para resolver um

problema momentâneo, como por exemplo em situações de superioridade

numérica, ou em momentos finais.

Tendo em conta as opiniões atrás referidas dos diferentes autores, estes

sistemas podem ter dois tipos de actuação: i) combinada ao jogador; ii)

combinada a uma zona determinada do campo.

A definição e elucidação dos diversos pontos fulcrais, que estruturam a

defesa no andebol, foram aqui analisados de acordo com aquilo que é

referenciado na literatura. Neste sentido, o presente capítulo é encarado como

a base de suporte do nosso trabalho, que permitirá o desenvolvimento deste,

principalmente na estruturação e análises das entrevistas.

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III. Material e Métodos

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Material e Métodos

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III. Material e Métodos

1. Amostra

A amostra deste estudo foi seleccionada com base num critério

específico, o de entrevistar treinadores das equipas da Liga Portuguesa de

Andebol. Assim, a amostra do estudo foi constituída por quatro dos nove

treinadores, da época desportiva 2008/2009.

Os treinadores entrevistados têm uma idade compreendida entre os 34 e

os 47 anos e, em termos individuais, as suas situações variam entre a estreia

como treinadores principais na Liga Portuguesa de Andebol e carreiras com

vários anos de existência.

Os quatro treinadores entrevistados foram:

o Carlos Resende;

� Nasceu a 29 de Maio de 1971

� Treinador principal do FC Porto de 2006/07 a 2008/09

� Vencedor da LPA em 2008/09

� Vencedor da Taça de Portugal em 2006/07

� Vencedor da Taça da LPA em 2007/08

� Finalista da Taça de Portugal em 2007/08 e 2008/09

� Semi-finalista da LPA em 2006/07

o Jorge Rito;

� Nasceu a 16 de Outubro de 1962

� Treinador principal do Fafe em 2003/04

� Treinador principal do ABC desde 2004/05

� Finalista da Taça Challenge em 2004/05

� Vencedor da LPA em 2005/06 e 2006/07

� Vencedor da Taça de Portugal em 2007/08 e 2008/09

� Finalista da LPA em 2007/08

� Vencedor do Torneio de Abertura da LPA em 2002/03

(como adjunto)

� Finalista da Taça da LPA em 2004/05

Page 50: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

Material e Métodos

38

� Vencedor do Torneio Eixo-Atlântico em 2004/05

o Paulo Fidalgo;

� Nasceu a 12 de Julho de 1975

� Treinador principal da AM Madeira Andebol SAD desde

2007/08

� Semi-finalista da Taça de Portugal em 2008/09

� Semi-finalista da LPA em 2008/09

� Vencedor da LPA em 2004/05 como treinador adjunto

� Vencedor da Taça Presidente da República em 2006/07

como treinador adjunto.

o Paulo Queirós.

� Nasceu a 16 de Janeiro de 1968

� Treinador principal da AA Águas Santas desde 2008/09

� Treinador desde 1998/99 (Boavista)

� Treinador na AA Águas Santas desde 2002/03

� Finalista da Taça da Liga em 2005/06 e 2006/07 como

adjunto

2 . I n s t r u m e n t o s

Para a recolha dos dados foi utilizada uma entrevista estruturada,

constituída por treze perguntas abertas (ver anexo).

O questionário encontra-se dividido em três categorias – a) modelo de

jogo, no meu entender modelo de jogo é um conjunto de ideias e princípios do

treinador, que conferem uma organização colectiva e são fundamentais (para

definirem os princípios de acção da nossa equipa) para darem sentido à nossa

equipa e aquilo que dela pretendemos, b) conceitos, alguns conceitos que o

treinador possui, sobre determinados aspectos relacionados com defesa ou

características dos jogadores defensores, c) operacionalização, forma como o

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Material e Métodos

39

treinador procura colocar em prática no treino as suas ideias e princípios. Este

conjunto de categorias vai nos permitir perceber de que forma os treinadores

pensam e estruturam o sistema defensivo.

3 . P r o c e d i m e n t o s

Anteriormente à realização da entrevista foi efectuado um pré-teste, de

forma a ajustar o guião da entrevista.

Todos os treinadores foram contactados, descrevendo

pormenorizadamente o tema do estudo em causa, a sua pertinência e a sua

primordial importância, no meu entender (que os próprios treinadores

assumiriam ao aceitar colaborarem com este trabalho).

Após esta fase inicial, os treinadores foram novamente contactados via e-

mail para responderem à entrevista. O método utilizado foi o sugerido pelos

inqueridos, na medida em que referiram ser o mais viável, visto que a sua

aplicação se processou numa fase da época na qual as equipas se

encontravam a disputar os Play-offs.

O método utilizado para o tratamento dos dados foi a análise do

conteúdo, com o auxílio do software NVivo7. A análise dos resultados baseou-

se numa concordância intra-observadores especialistas na área.

Page 52: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

40

Page 53: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

41

IV. Apresentação e Discussão dos

Resultados

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42

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Apresentação e Discussão dos Resultados

43

IV. Apresentação e Discussão dos Resultados

Neste capítulo consta a apresentação e discussão dos resultados. Visto

que este é um trabalho pioneiro na área, a análise e comparação dos

resultados fica condicionada.

1. Categoria 1 - Modelo

Esta categoria 1 Modelo refere-se ao modelo de jogo como um conjunto

de ideias e princípios do treinador, que conferem uma organização colectiva e

são fundamentais (para definirem os princípios de acção da nossa equipa) para

darem sentido à nossa equipa e aquilo que dela pretendemos.

Foram analisadas apenas duas perguntas, visto que os treinadores

entrevistados não responderem objectivamente à terceira questão, que

procurava perceber se os treinadores escolhem os jogadores para colocar em

prática os sistemas defensivos por eles idealizados ou se essa escolha dos

sistemas defensivos se baseia nos jogadores existentes no plantel.

A primeira pergunta do questionário dizia respeito às opiniões dos

treinadores sobre os sistemas defensivos da sua equipa perante as equipas

adversárias. Optei por fazer uma pergunta “aberta” que originou respostas

similares e que não foram exactamente de encontro aquilo que tinha idealizado

para a resposta a esta pergunta. Os treinadores ao responderem á questão

não falaram da sua equipa em particular, mencionando apenas ideias gerais

sobre o assunto.

Carlos Resende “…claro que uma equipa que domine dois ou mais sistemas

defensivos poderá criar mais problemas ao adversário…”

Jorge Rito “…Cada equipa deve dominar no mínimo dois sistemas defensivos

diferentes, um mais fechado e outro mais aberto…”

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Apresentação e Discussão dos Resultados

44

Paulo Fidalgo”… No mínimo a equipa deve possuir uma defesa “aberta” uma

defesa “fechada” e uma defesa mista…”

Pode-se verificar que a resposta foi unânime em relação aos quatro

treinadores entrevistados, pois todos defendem que uma equipa deve possuir

dois ou mais sistemas defensivos estruturados.

No que se refere à primeira questão, todos os entrevistados entendem

que uma equipa deve possuir mais que um sistema defensivo elaborado, sendo

que Jorge Rito e Paulo Fidalgo fazem referência a importância das equipas

dominarem no mínimo um sistema defensivo “Aberto” e um sistema defensivo

“Fechado”. Carlos Resende embora partilhe da mesma ideia, afirma que

aqueles que se especializam numa determinada área têm maior tendência para

desempenha-la com maior mestria, quando comparados com aqueles que se

dispersam por várias.

As opiniões dos treinadores entrevistados vão de acordo ao mencionado

por Pastor (apud Lima, 2008), no qual afirma que qualquer equipa deve possuir

dois sistemas defensivos treinados. Também Sevim & Bilge (2007) referem que

uma equipa utiliza raramente um único sistema defensivo.

Com a segunda questão procuramos saber se a escolha do sistema

defensivo, a apresentar em determinado jogo, era influenciado pela equipa

adversária. De forma a tornarmos a questão mais clara e concreta, realizamos

uma pequena introdução. Neste sentido, as respostas foram de encontro àquilo

que realmente procurávamos saber.

A Figura 4 ilustra a opinião dos entrevistados quanto à utilização do

sistema defensivo de acordo com a equipa adversário.

Page 57: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

Figura

Carlos Resende “…Tenho sempre em conta os meus atletas na escolha do

sistema defensivo!

Jorge Rito “…A escolha do sistema defensivo depende sempre das

características físicas e técnicas dos jogadores adversários…”

Paulo Fidalgo “… Há uma correlação quando preparas um jogo…”

Paulo Queirós “…Por norma trabalhamos sempre em função das

características dos adversários…”

Podemos constatar que 75% dos inquiridos referem

sistema defensivo varia consoante o adversá

expressa uma opinião contrária.

Alonso (1987) partilha da opinião de um dos treinadores entrevistados,

onde afirma que é essencial a equipa sentir que tem um sistema defensivo

próprio, devendo ser o adversário a preocupar

ultrapassar o sistema defensivo. No entanto, o sistema defensivo pode ser

construído com base nos defensores (própria equipa), ou no

(equipa adversária).

Apresentação e Discussão dos Resultados

45

Figura 4. Escolha do sistema consoante adversário.

Tenho sempre em conta os meus atletas na escolha do

A escolha do sistema defensivo depende sempre das

características físicas e técnicas dos jogadores adversários…”

Há uma correlação quando preparas um jogo…”

Por norma trabalhamos sempre em função das

características dos adversários…”

Podemos constatar que 75% dos inquiridos referem que a escolha do

sistema defensivo varia consoante o adversário a enfrentar e,

opinião contrária.

Alonso (1987) partilha da opinião de um dos treinadores entrevistados,

onde afirma que é essencial a equipa sentir que tem um sistema defensivo

próprio, devendo ser o adversário a preocupar-se em encontrar soluções para

ultrapassar o sistema defensivo. No entanto, o sistema defensivo pode ser

construído com base nos defensores (própria equipa), ou no

75%

25%

Apresentação e Discussão dos Resultados

Tenho sempre em conta os meus atletas na escolha do

A escolha do sistema defensivo depende sempre das

Há uma correlação quando preparas um jogo…”

Por norma trabalhamos sempre em função das

que a escolha do

somente, 25%

Alonso (1987) partilha da opinião de um dos treinadores entrevistados,

onde afirma que é essencial a equipa sentir que tem um sistema defensivo

e em encontrar soluções para

ultrapassar o sistema defensivo. No entanto, o sistema defensivo pode ser

construído com base nos defensores (própria equipa), ou nos atacantes

Sim

Não

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2. Categoria 2 - Conceitos

A segunda categoria Conceitos, di

treinador possui, sobre determinados aspectos relacionados com defesa ou

características dos jogadores defensores.

A questão seguinte pretendia saber a opinião dos treinadores sobre os

factores que consideravam

defensor. Esta era uma questão de carácter mais fechado, logo a resposta dos

inquiridos foi de encontro ao pretendido.

No nosso entender a pertinência desta questão justifica

raramente ser dado ênfase

características/qualidades do bom defensor.

Na figura 5 encontra

relação aos factores que determinam um bom defensor.

Figura 5 . Factores necessários para

Carlos Resende “…O trabalho é um elemento crucial, mas a vontade como em

tudo na vida é a diferença entre o sucesso e o insucesso

Trabalho

Capacidades Volitivas

Apresentação e Discussão dos Resultados

46

Conceitos

A segunda categoria Conceitos, diz respeito a alguns conceitos que o

treinador possui, sobre determinados aspectos relacionados com defesa ou

características dos jogadores defensores.

A questão seguinte pretendia saber a opinião dos treinadores sobre os

vam ser fundamentais para se poder tornar um bom

defensor. Esta era uma questão de carácter mais fechado, logo a resposta dos

inquiridos foi de encontro ao pretendido.

No nosso entender a pertinência desta questão justifica-se pelo facto de

raramente ser dado ênfase aos factores em detrimento das

características/qualidades do bom defensor.

encontra-se expressas as opiniões dos treinadores em

relação aos factores que determinam um bom defensor.

. Factores necessários para ser um bom defensor

O trabalho é um elemento crucial, mas a vontade como em

tudo na vida é a diferença entre o sucesso e o insucesso…”

Apresentação e Discussão dos Resultados

z respeito a alguns conceitos que o

treinador possui, sobre determinados aspectos relacionados com defesa ou

A questão seguinte pretendia saber a opinião dos treinadores sobre os

damentais para se poder tornar um bom

defensor. Esta era uma questão de carácter mais fechado, logo a resposta dos

se pelo facto de

aos factores em detrimento das

se expressas as opiniões dos treinadores em

O trabalho é um elemento crucial, mas a vontade como em

4

4

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Apresentação e Discussão dos Resultados

47

Jorge Rito “…Não conheço nenhum grande defensor que não demonstre uma

enorme disponibilidade mental para a tarefa…É claro que com trabalho

específico os jogadores podem melhorar imenso, mas só serão defensores

excepcionais se tiverem motivação e prazer no desempenho das suas

funções…”

Paulo Fidalgo”… Não há ninguém que por muita apetência defensiva que

possua sem o espaço correcto de evolução de evolução defensiva se consiga

tornar num especialista defensivo. Só podes melhorar se competires e treinares

com os melhores e isso vai-te permitir ser capaz de defender ao mais alto nível,

entendo que o trabalho é a base do sucesso...”

Paulo Queirós”… Acredito que com muito trabalho se consegue chegar às

capacidades/ qualidades que pretendemos, no entanto, as capacidades

volitivas são aquelas que com mais dificuldade conseguimos lidar…”

Neste sentido, através da análise da figura anterior, podemos observar

que os principais factores que os treinadores apontaram como necessários

para ser um bom defensor são as capacidades volitivas, bem como o trabalho.

De um modo geral, todos os treinadores referem que o trabalho é a base para

o sucesso e que devido a este o jogador pode melhorar todos os aspectos

defensivos. Aliado a este surge também outro factor, a vontade, que se não

estiver presente no trabalho não permitirá ao atleta desenvolver-se de acordo

com as suas potencialidades.

As opiniões partilhadas pelos treinadores entrevistados estão de acordo

com os pressupostos apresentados por Cuesta (1989) e Kandija (1988) que

alistam a vontade, o espírito de sacrifício, a motivação e a confiança nas

próprias capacidades como factores necessários para melhorar aspectos

defensivos.

No seguimento da questão anterior, esta procurava aferir as

qualidades/características necessárias para ser considerado um bom defensor.

Page 60: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

As respostas obtidas surpreenderam no que as características fí

respeito, pois esperávamos que a totalidade dos entrevistados referencia

este aspecto.

A formulação desta questão, bem como a referente aos factores

necessários para poder ser um bom defensor, permitem responder e esclarecer

um dos objectivos a que nos propusemos neste trabalho.

A Figura 6 diz respeito à opinião dos treinadores em relação às

qualidades necessárias para s

Figura

Carlos Resende “…Um bom defe

das seguintes características: conhecer o jogo para que o possa antecipar, pró

activo, assertivo, forte mentalmente

Jorge Rito “…Um bom defensor é aquele jogador que sente prazer em

defender. Antes de mais, con

ser colocadas sempre em primeiro lugar (motivação, espírito de sacrifício,

solidariedade, perseverança) e só depois os aspectos físicos e técnicos…”

Paulo Fidalgo”… Forte fisicamente, rápido e dotado de um

defensiva evoluída…”

Paulo Queirós”… Leitura de jogo e de situação, combatividade, equilíbrio e

antecipação…”

0

1

2

3

4

Físicas

2

Apresentação e Discussão dos Resultados

48

surpreenderam no que as características fí

respeito, pois esperávamos que a totalidade dos entrevistados referencia

A formulação desta questão, bem como a referente aos factores

necessários para poder ser um bom defensor, permitem responder e esclarecer

a que nos propusemos neste trabalho.

diz respeito à opinião dos treinadores em relação às

qualidades necessárias para ser considerado um bom defensor.

Figura 6. Qualidades do bom defensor.

Um bom defensor poderá ser um atleta que reúne algumas

das seguintes características: conhecer o jogo para que o possa antecipar, pró

activo, assertivo, forte mentalmente…”

Um bom defensor é aquele jogador que sente prazer em

defender. Antes de mais, considero que as qualidades volitivas do atleta devem

ser colocadas sempre em primeiro lugar (motivação, espírito de sacrifício,

solidariedade, perseverança) e só depois os aspectos físicos e técnicos…”

Forte fisicamente, rápido e dotado de uma análise táctica

Leitura de jogo e de situação, combatividade, equilíbrio e

Mentais Técnicas Tácticas Conhecimento

3 3

0

Apresentação e Discussão dos Resultados

surpreenderam no que as características físicas diz

respeito, pois esperávamos que a totalidade dos entrevistados referencia-se

A formulação desta questão, bem como a referente aos factores

necessários para poder ser um bom defensor, permitem responder e esclarecer

diz respeito à opinião dos treinadores em relação às

nsor poderá ser um atleta que reúne algumas

das seguintes características: conhecer o jogo para que o possa antecipar, pró-

Um bom defensor é aquele jogador que sente prazer em

sidero que as qualidades volitivas do atleta devem

ser colocadas sempre em primeiro lugar (motivação, espírito de sacrifício,

solidariedade, perseverança) e só depois os aspectos físicos e técnicos…”

a análise táctica

Leitura de jogo e de situação, combatividade, equilíbrio e

Conhecimento

do jogo

4

Page 61: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

Apresentação e Discussão dos Resultados

49

Constatamos que a totalidade (100%) dos inquiridos defendem que um

bom defensor tem que possuir uma bom conhecimento do jogo, pois só assim

conseguirá intervir com elevado sucesso, uma vez que será capaz de prever

e/ou antecipar as acções do adversário. Cuesta (1989) também define que o

conhecimento das situações reais de jogo (percepção, representação mental e

inteligência-experiência) é uma das qualidades requeridas por um bom

defensor.

Ainda, três dos treinadores entrevistados referem as questões mentais

(vontade e prazer em defender) e as capacidades técnicas como

características essências para se ser um bom defensor e, ainda, dois

treinadores fazem referência às qualidades/capacidades físicas, como

características determinantes para ser um bom defensor.

Mraz (1989) e Cuesta (1989) definem como características fundamentais

de um bom defensor o rápido e tecnicamente correcto trabalho de

deslocamento (frontal, lateral e à retaguarda) e um movimento eficaz de

braços.

Mraz (1989) aponta ainda que os factores psicológicos determinam o

sucesso das acções defensivas.

A pergunta seguinte apresentava como objectivo averiguar se o domínio

de situações simples de defesa (1X1 e 2X2) permitiriam aos defensores

executar tarefas em qualquer sistema defensivo. A opção de incluir na pergunta

as situações de 1X1 e 2X2 em detrimento de outro género de situações, deveu-

se ao facto de estas serem as situações mais simples de defesa, quer

individual, quer colectivas, respectivamente.

Jorge Rito “…Não. O que eu defendo é que todos os jogadores no decorrer do

seu processo de formação deveriam aprender a resolver situações

defensivas…”

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Apresentação e Discussão dos Resultados

50

Paulo Fidalgo”… O 1x1 e o 2x2 são a base do jogo, no entanto não concordo

que permitam ao jogador defender em qualquer sistema. Estas situações são

muito limitativas…”

Paulo Queirós”… Não, por norma os jogadores defensores com intromissão do

pivôt têm de ter a capacidade de solucionar os problemas do 2x2 na mesma

linha defensiva ou em linhas diferentes que, no caso dos extremos é quase

rara esta participação…”

Após a análise das respostas supracitadas, fica bastante claro que os

treinadores entendem que o domínio das acções defensivas 1x1 e 2x2 não

permitem ao jogador defensor actuar em qualquer sistema defensivo. Porém,

poderá dotar o jogador de algumas noções e facilitar a interpretação ou

compreensão do que lhe será solicitado quando desempenhar tarefas

defensivas em qualquer sistema a utilizar pela equipa.

Prudente (1983) profere que o domínio de situações de 1X1 é essencial

para a prática de defesas zonais.

A questão seguinte era uma das que suscitava maior curiosidade da

nossa parte, por considerarmos que a partir da definição dos jogadores chave

em cada sistema defensivo podemos escolher o sistema defensivo mais

adequado. Por exemplo se o jogador chave de determinado sistema defensivo

for o jogador que actua na zona central e se a equipa possuir dois bons

jogadores capazes de desempenhar com mestria essas funções a escolha do

sistema defensivo devera privilegiar sistemas fechados (exemplo 6:0).

As opiniões dos treinadores em relação aos jogadores chaves que

compõe os diferentes sistemas defensivos estão demonstradas na figura 7.

Page 63: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

Figura 7. Jogadores fundamentais nos diferentes sistemas defe nsivos

Carlos Resende “…Todos os jogadores assumem um papel importante. No

caso de existirem elementos menos fortes serão elementos sempre alvo da

exploração do adversário, logo é muito importante que a defesa seja coesa em

termos qualitativos…”

Jorge Rito “…No 6x0: os dois defesas centrais, porque são a espinha dorsal do

sistema, os desequilíbrios defensivos acontecem mais facilmente a partir dessa

zona do campo; 5x1, 3x2x1: defesa central e defesa avançado, pelas mesmas

razões…”

Paulo Fidalgo”… Os dois defesas centrais porque são eles que comandam

toda a defesa e formam o bloco central defensivo. 5.1 O terceiro e o defesa

avançado lidera toda a defes

lado esquerdo da defesa e se ele falha tu nunca vais ter sucesso neste

sistema, 3.2.1 o os defesas da frente

desempenham funções na retaguarda

defensiva maior e porque defendem uma zona maior

Paulo Queirós”… Conforme o jogo de andebol está hoje, considero muito

importante a actuação de quaisquer defensor, independentemente da posição.

No entanto considero bastante importante a actuação do d

defesa central em 5:1 e 3:2:1 …”

Defesa Central Defesa Lateral

4

2

4 4 4

Apresentação e Discussão dos Resultados

51

Jogadores fundamentais nos diferentes sistemas defe nsivos

Todos os jogadores assumem um papel importante. No

caso de existirem elementos menos fortes serão elementos sempre alvo da

loração do adversário, logo é muito importante que a defesa seja coesa em

No 6x0: os dois defesas centrais, porque são a espinha dorsal do

sistema, os desequilíbrios defensivos acontecem mais facilmente a partir dessa

a do campo; 5x1, 3x2x1: defesa central e defesa avançado, pelas mesmas

Os dois defesas centrais porque são eles que comandam

toda a defesa e formam o bloco central defensivo. 5.1 O terceiro e o defesa

avançado lidera toda a defesa porque coordena tanto o lado direito como o

lado esquerdo da defesa e se ele falha tu nunca vais ter sucesso neste

sistema, 3.2.1 o os defesas da frente…Nas defesas mistas os defesas que

desempenham funções na retaguarda porque tem que ter uma versatilid

defensiva maior e porque defendem uma zona maior…”

”… Conforme o jogo de andebol está hoje, considero muito

importante a actuação de quaisquer defensor, independentemente da posição.

No entanto considero bastante importante a actuação do defesa avançado e

defesa central em 5:1 e 3:2:1 …”

Defesa Lateral Defesa Extremo Defesa Avançado

2

4

2 2

0

2 2

4

2 2

4

Apresentação e Discussão dos Resultados

Todos os jogadores assumem um papel importante. No

caso de existirem elementos menos fortes serão elementos sempre alvo da

loração do adversário, logo é muito importante que a defesa seja coesa em

No 6x0: os dois defesas centrais, porque são a espinha dorsal do

sistema, os desequilíbrios defensivos acontecem mais facilmente a partir dessa

a do campo; 5x1, 3x2x1: defesa central e defesa avançado, pelas mesmas

Os dois defesas centrais porque são eles que comandam

toda a defesa e formam o bloco central defensivo. 5.1 O terceiro e o defesa

a porque coordena tanto o lado direito como o

lado esquerdo da defesa e se ele falha tu nunca vais ter sucesso neste

Nas defesas mistas os defesas que

tem que ter uma versatilidade

”… Conforme o jogo de andebol está hoje, considero muito

importante a actuação de quaisquer defensor, independentemente da posição.

efesa avançado e

5.1

6.0

3.2.1

defesas mistas

Page 64: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

Apresentação e Discussão dos Resultados

52

Através da análise da figura 7, podemos verificar que temos uma opinião

unânime relativamente ao papel dos defesas centrais, sendo esta posição

considerada, pela totalidade da amostra, determinante na prática de todos os

sistemas defensivos. Também, os defesas avançados foram referenciados por

todos os inquiridos, como sendo uma posição determinante para o

desempenho com sucesso de todos os sistemas defensivos à excepção do

sistema defensivo 6:0, que não possui um defesa avançado na sua

organização defensiva. No que confere ao papel dos defesas laterais e

extremos, estes são considerados, por 50% dos inquiridos, como fundamentais

em todos os sistemas defensivos.

Neste sentido, no que diz respeito à defesa 3:2:1, Ribeiro (1988) refere

que os jogadores que ocupam as posições centrais na defesa assumem um

papel importante neste sistema defensivo, uma vez que é a zona do campo

onde frequentemente o adversário procura concretizar.

Esta pergunta surgiu por o conceito de defesa estar associado, somente,

a situações de defesa organizada. Neste sentido queríamos perceber se os

treinadores também apresentam preocupações defensivas após a perda de

posse de bola.

Na resposta a esta pergunta os treinadores foram bastantes objectivos,

respondendo aquilo que a pergunta solicitava. O facto de termos subdividido a

pergunta em duas alíneas permitiu-nos saber aquilo que concretamente

pretendíamos, ou seja, os treinadores não se limitaram a mencionar se a sua

equipa começava a defender após a perda de bola mas também, a forma como

essa missão defensiva era estruturada.

O quadro 2 mostra a opinião dos treinadores em relação à organização

defensiva após perda de posse de bola.

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Apresentação e Discussão dos Resultados

53

Quadro 2. Organização defensiva após perda de bola

Começam a defender mal perdem a

posse de bola N.º %

Sim 4 100,0

Não 0 0,0

Carlos Resende “…Por princípio os meus jogadores tentam recuperar uma

posição de equilíbrio defensivo, porque lhes “vendo” a ideia que na defesa

somos capazes de nos superiorizar ao adversário. Agora existem alguns

adversários que esporadicamente exploramos alguns elementos chave…”

Jorge Rito “…Normalmente, logo que a equipa perde a bola, colocamos

pressão sobre o jogador adversário que assume a responsabilidade da

transição ofensiva, enquanto os restantes jogadores ocupam as suas posições

no sistema…”

Paulo Fidalgo”… Tendo em conta o meu modelo de jogo em que por norma

realizo uma ou duas substituições defesa-ataque, peço aos meus jogadores

para tentarem recuperar imediatamente para uma defesa organizada de forma

a defendermos sempre com os melhores, a não ser numa situação evidente em

que se pode impedir o contra-ataque...”

Paulo Queirós”… Têm, cada um deles, definidas certas acções, mediante a

equipa e os jogadores adversários, com o intuito de recuperar a bola, atrasar o

contra-ataque directo e apoiado e, no final, ajustar as suas posições para o

ataque organizado…”

Podemos apurar, através da análise do quadro 2, que todos os

treinadores mencionam que os jogadores mal perdem a posse de bola têm

zonas de acção para iniciar, de imediato, tarefas defensivas. Sustentam que o

importante é encontrar um equilíbrio defensivo que lhes permita dificultar as

transições ofensivas adversárias. De acordo com o adversário a enfrentar

existem jogadores chave que poderão ser “anulados”, de forma a facilitar todo

o processo referido anteriormente.

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Apresentação e Discussão dos Resultados

54

A opinião registada pelos entrevistados vai de acordo ao citado por Cruz

(1986) que afirma que a “defesa começa no ataque”. O mesmo autor refere

ainda que após a perda de bola uma das principais tarefas defensivas a

adoptar é a pressão ao jogador portador de bola, direccionando-o para as

zonas laterais do terreno de jogo.

3. Categoria 3 – Operacionalização

Esta categoria diz respeito à operacionalização, ou seja, a forma como o

treinador procura colocar em prática no treino as suas ideias e princípios

abordados anteriormente.

Esta categoria permite-nos responder a outro dos objectivos a que nos

propomos neste trabalho, saber se a metodologia de trabalho esta de acordo

com os princípios e ideias atrás mencionados pelos treinadores.

Esta questão procurava averiguar a forma como os treinadores,

trabalham os diversos sistemas defensivos da sua equipa. Assim, pretendemos

saber se o trabalho é realizado utilizando os seis jogadores que compõe o

sistema defensivo, ou se esse tipo de trabalho é dividido por sectores.

Simultaneamente à análise dos resultados, percebemos que para além

de conhecer o tipo de trabalho a desenvolver para estruturar o sistema

defensivo, poderia ser também interessante, saber de que forma esse mesmo

trabalho é realizado (quais as zonas de trabalho).

O quadro 3 diz respeito à opinião dos treinadores em relação ao trabalho

sectorial.

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Apresentação e Discussão dos Resultados

55

Quadro 3. Trabalho sectorial

N.º %

Sim 4 100,0

Não 0 00,0

Carlos Resende “…Gosto de ir aumentando o grau de dificuldade dos

exercícios durante o treino, ou seja, um treino poderá iniciar com situações de

1x1 e terminar com um 6x6…”

Jorge Rito “…Ao longo do microciclo semanal vou trabalhando o sistema que

pretendo utilizar no jogo de fim-de-semana, primeiro por sectores e

posteriormente em situação de 6x6…”

Paulo Fidalgo”… Para as defesas 5.1 e 6.0 e como recebi sete jogadores

novos no início do ano trabalhei quase sempre em situações de 6x6, para

treinar a defesa 3.3 dividi o trabalho em três fases…”

Paulo Queirós”… O treino específico começa no primeiro dia de treino após o

outro jogo e, tento, através de trabalho por sectores introduzir algumas noções

do que se pretende para o próximo jogo e, a cada treino que passa, vou

ajustando e colocando mais elementos á defesa…”

Relativamente às estratégias que os treinadores habitualmente utilizam

para trabalhar os sistemas defensivos, todos eles iniciam por um trabalho de

sectores e só, posteriormente, realizam situações de 6x6 (ver quadro 3).

Kandija (1988) e Franke (1988) estabelecem como método de treino do

sistema defensivo o trabalho efectuado por sectores.

Independentemente do trabalho de estruturação do sistema defensivo,

existe todo um tipo de trabalho que não deve ser descuidado, de forma, a que

os jogadores adquiram conceitos e princípios. É neste contexto que surge a

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Apresentação e Discussão dos Resultados

56

próxima questão relacionada com o tipo de trabalho realizado para melhorar os

aspectos defensivos.

O quadro 4 refere-se ao tipo de trabalho realizado pelos treinadores para

melhorar aspectos defensivos.

Quadro 4. Trabalho através de situações simples de defesa (1x1, 2x2) ou com mais de 4 elementos

N.º %

Situações simples 3 75,0

Quatro ou mais jogadores 1 25,0

Carlos Resende “…Utilizo um pouco de tudo, dependo do objectivo

pretendido…”

Paulo Fidalgo”… Quase sempre situações que envolvam quatro ou mais

defesas. Devido as características do grupo que tenho…”

Paulo Queirós”… Depende das situações, com mais tempo para trabalhar,

começo por desenvolver acções de 1x1 e 2x2...”

Através da análise do quadro 4, podemos verificar que 75% dos

treinadores entrevistados privilegiam o trabalho defensivo baseado em

situações simples (1x1 e 2x2) e, somente, 25% utiliza situações envolvendo

quatro ou mais jogadores. Contudo, a escolha do tipo de trabalho encontra-se

intimamente relacionado com o período da época em que se encontram. Numa

fase inicial de trabalho privilegiam situações de 1X1 e 2X2.

Em seguimento da questão anterior, consideramos, também, importante

saber se existe algum tipo de limitações durante o desenvolvimento do trabalho

defensivo.

A figura 8, demonstra as limitações que os diferentes inquiridos utilizam

no trabalho defensivo.

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Figura

Carlos Resende “…Existem sempre algumas limitações nos exercícios

propostos em treino, dependendo do (s) objectivo (s) do mesmo

limitações temporais, de drible,

Jorge Rito “…Quando utilizo exercícios de defesa com um número reduzido de

defensores, faço-o em espaço limitados, e com duração que pode ir de 1

aos 3 minutos…”

Paulo Fidalgo”… poderão

Paulo Queirós”… imponho algumas regras que, basicamente se orientam pelo

que quero trabalhar, menos tempo de ataque

numérica com 2 ou mais elementos e

entre outras…”

Na figura 8 obse

limitações espaciais e temporais no desenvolvimento do trabalho defensivo. A

utilização de limitações técnicas é também referida por 50% dos inquiridos.

Com a pergunta que se segue, procuramos saber s

momentos específicos do trabalho defensivo e ofensivo, ou se este tipo de

trabalho pode ser realizado em simultâneo. A pergunta efectuada é directa

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

Espaciais

4

Apresentação e Discussão dos Resultados

57

Figura 8. Limitações no trabalho defensivo.

Existem sempre algumas limitações nos exercícios

propostos em treino, dependendo do (s) objectivo (s) do mesmo

limitações temporais, de drible, na pontuação, etc…”

Quando utilizo exercícios de defesa com um número reduzido de

em espaço limitados, e com duração que pode ir de 1

poderão existir limitações ao nível do espaço e do

imponho algumas regras que, basicamente se orientam pelo

que quero trabalhar, menos tempo de ataque, situações de superioridade

numérica com 2 ou mais elementos em espaço reduzido, limitações técnicas

observamos que a totalidade da amostra refere utilizar

limitações espaciais e temporais no desenvolvimento do trabalho defensivo. A

utilização de limitações técnicas é também referida por 50% dos inquiridos.

Com a pergunta que se segue, procuramos saber se no treino existem

momentos específicos do trabalho defensivo e ofensivo, ou se este tipo de

trabalho pode ser realizado em simultâneo. A pergunta efectuada é directa

Temporais Técnicas Outros

4

2

3

Apresentação e Discussão dos Resultados

Existem sempre algumas limitações nos exercícios

propostos em treino, dependendo do (s) objectivo (s) do mesmo…existem

Quando utilizo exercícios de defesa com um número reduzido de

em espaço limitados, e com duração que pode ir de 1.30 até

existir limitações ao nível do espaço e do tempo…”

imponho algumas regras que, basicamente se orientam pelo

situações de superioridade

m espaço reduzido, limitações técnicas

rvamos que a totalidade da amostra refere utilizar

limitações espaciais e temporais no desenvolvimento do trabalho defensivo. A

utilização de limitações técnicas é também referida por 50% dos inquiridos.

e no treino existem

momentos específicos do trabalho defensivo e ofensivo, ou se este tipo de

trabalho pode ser realizado em simultâneo. A pergunta efectuada é directa

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Apresentação e Discussão dos Resultados

58

relativamente ao que pretendíamos, contudo se tivéssemos colocado a questão

de outra forma, permitir-nos-ia ter uma ideia mais abrangente sobre a

metodologia utilizada.

No quadro 5 está expresso as opiniões dos treinadores relativamente à

incidência no trabalho defensivo, aquando do foco no trabalho de ataque.

Quadro 5. Incidência no trabalho defensivo quando realiza o t rabalho de ataque

N.º %

Sim 3 75,0

Não 1 25,0

Carlos Resende “…Quando o ênfase do treino é o ataque os feedbacks vão na

sua esmagadora maioria para o ataque…”

Jorge Rito “…Ao trabalhar o ataque, tento montar uma defesa que siga os

princípios defensivos da equipa adversária, neste caso o aspecto fundamental

é que a imitação esteja perto da perfeição…”

Paulo Fidalgo”… Quando trabalho o ataque tento com que a minha defesa se

aproxime da defesa que vamos enfrentar no jogo do fim-de-semana, por isso

concentro-me em grande parte nos princípios ofensivos. Se estiver a enfrentar

uma defesa parecida com a nossa poderei estar mais atento ao trabalho

defensivo e corrigir uma ou outra coisa que no meu entender não esteja bem.

Paulo Queirós”… Tento, sempre que possível estabelecer uma ponte entre o

ataque e a defesa. Não tenho por hábito estancar quaisquer acções…”

Tal como podemos observar no quadro 5, 75% dos inquiridos dá ênfase

aos aspectos defensivos, no momento do trabalho ofensivo. Apenas, 25% da

amostra refere não incidir sobre o trabalho defensivo, aquando do trabalho

ofensivo. Porém os treinadores referenciaram que a maioria das vezes que

trabalham o ataque, a defesa que estão a enfrentar é similar à defesa que

supostamente se irão confrontar no próximo jogo. Se esse sistema defensivo

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Apresentação e Discussão dos Resultados

59

for similar ao utilizado pela própria equipa a tendência para os feedbacks

defensivos será maior.

Como pensamos que o trabalho defensivo não se restringe apenas ao

trabalho realizado no pavilhão, procuramos saber se existe algum trabalho

complementar associado a este.

As respostas dos treinadores foram de encontro àquilo que pensávamos,

visto que todos os treinadores responderam afirmativamente.

O quadro 6, mostra o tipo de meios complementares usados pelos

treinadores no trabalho de defesa.

Quadro 6. Trabalho Complementar.

N.º %

Ginásio 4 100,0

Vídeo 4 100,0

Carlos Resende “…Os trabalhos que realizamos fora do recinto de jogo são no

ginásio (trabalho de força) e com o vídeo. Tanto um como o outro são muito

importantes…”

Jorge Rito “…Realizamos trabalho de ginásio durante toda a época…A

observação em vídeo dos nossos jogos e dos jogos dos nossos adversários

são um momento importante na nossa preparação…”

Paulo Fidalgo”… Realizamos trabalho de ginásio e vídeo ao longo de toda a

época…”

Paulo Queirós”… paralelamente ao treino realizo sessões de musculação,

durante todo o ano e o visionamento de vídeo…”

A totalidade dos treinadores relata utilizar dois tipos de meios auxiliares

no trabalho da defesa, sendo que um encontra-se relacionado com a elevação

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Apresentação e Discussão dos Resultados

60

das capacidades físicas (treino de ginásio) e o outro consta da visualização de

vídeos. Para ajudar a consolidar o trabalho defensivo, Prudente (1983) define

que o visionamento de vídeos é um dos factores mais importantes.

Page 73: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

61

V. Conclusões

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62

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Conclusões

63

V. Conclusões

Após a realização deste trabalho podemos concluir que:

a) Os quatro treinadores entrevistados da Liga Profissional de Andebol têm

presente nas suas equipas dois ou mais sistemas defensivos passíveis

de serem utilizados.

b) O facto das equipas em questão terem estruturados dois ou mais

sistemas defensivos, permite-lhes realizar alternância destes consoante

a equipa adversária.

c) O factor mental aliado às capacidades físicas, são características

determinantes para se formar um bom defensor.

d) Nos sistemas defensivos 5:1, 6:0, 3:2:1 e defesas mistas, os jogadores

que ocupam as posições centrais da defesa (defesas centrais e/ou

avançado) foram considerados os jogadores chave dos sistemas

supracitados.

e) As equipas evidenciam comportamentos defensivos logo após a perda

da posse de bola.

f) Para trabalhar os sistemas defensivos os treinadores optam por um

trabalho sectorial. As situações reduzidas também são utilizadas para o

trabalho dos aspectos defensivos, individuais ou envolvendo dois ou

mais jogadores.

g) Associado ao trabalho de situações reduzidas, são ainda aplicadas as

seguintes estratégias no trabalho defensivo: limitações espaciais,

temporais e técnicas.

h) O trabalho defensivo também se encontra presente quando o foco de

treino visa aspectos ofensivos.

i) O ginásio e a visualização de vídeos são meios auxiliares referenciados

como sendo parte integrante da metodologia de treino defensivo.

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64

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65

VI. Referências Bibliográficas

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66

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71

VIII. Anexo

Page 84: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

72

Page 85: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

Anexo

73

No âmbito da disciplina de Seminário da licenciatura em Desporto da

Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, estou a realizar uma

monografia tendo como tema: a defesa no jogo de andebol. Como tal, pretendo

realizar entrevistas a treinadores de equipas da liga profissional tendo como

objectivo perceber de que forma estruturam os sistemas defensivos, assim

como, perceber algumas ideias e princípios defensivos dos entrevistados.

A entrevista é dividida em 3 categorias – (Modelo, Conceitos e

Operacionalização), que correspondem a um total de 13 questões.

A primeira categoria diz respeito ao modelo de jogo.

Categoria 1 - Modelo

Entendo o modelo de jogo como um conjunto de ideias e princípios do

treinador, que conferem uma organização colectiva e são fundamentais (para

definirem os princípios de acção da nossa equipa) para darem sentido à nossa

equipa e aquilo que dela pretendemos.

1. Entende que vários sistemas defensivos estruturados permite a uma

equipa apresentar diferentes soluções consoante os diferentes adversários?

2. Quando define o sistema defensivo a utilizar deve ter em conta as

diferentes equipas que vai enfrentar, os diferentes jogadores. A forma de anular

essas mesmas equipas e/ou jogadores não pode ser encarada da mesma

forma.

Tendo em conta que existem varias formas de interpretar o mesmo sistema

defensivo, quando estrutura sistema defensivo este varia de acordo com os

jogadores e as equipas adversárias ou é independente destes?

Page 86: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

Anexo

74

3. Para colocar em prática os princípios e os pressupostos que um

treinador possui sobre defesa é necessário ter à sua disposição jogadores

capazes de interpretar aquilo que se pretende para o sistema defensivo.

A sua escolha relativamente aos sistemas defensivos baseou-se nos jogadores

que compõem o plantel ou de acordo com os seus princípios como treinador e

só à posteriori procedeu à escolha dos jogadores?

A segunda categoria diz respeito a alguns conceitos que o treinador possui,

sobre determinados aspectos relacionados com defesa ou características dos

jogadores defensores.

Categoria 2 – Conceitos

4. Passando agora a abordar não tanto os sistemas mas sim os jogadores

que interpretam esses mesmos sistemas defensivos, quais são, no seu ponto

de vista, as principais características/qualidades que um jogador deve possuir

para ser considerado bom defensor?

5. Tendo em conta que a maioria dos lances ofensivos se resolvem em

situações envolvendo um ou dois jogadores, considera que qualquer jogador

que domine os aspectos técnico-tácticos defensivos do 1x1 e 2x2 (com ou sem

pivot) está apto para defender em qualquer sistema defensivo?

6. Acha que essas qualidades (defensivas) estão ao alcance de todos os

jogadores (que jogam no mesmo nível/divisão), ou seja, se um jogador

trabalhar para esse fim consegue ser um bom defesa? Ou acredita que existem

outros factores para além do trabalho que impedem que qualquer jogador

possa ser considerado um especialista defensivo?

7. Existem jogadores que consoantes os sistemas defensivos escolhidos,

actuam em lugares fulcrais e que deles depende em grande parte a eficácia do

referido sistema.

Page 87: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

Anexo

75

Na sua opinião quais os jogadores que considera chave nos diversos sistemas

defensivos (6.0, 5.1, 3.2.1, 4.2, 3.3 defesas mistas) e porque?

8. Cada vez mais as equipas preocupam-se em recuperar a posse de bola

o mais rápido possível e em atrasar ou anular o contra-ataque adversário.

A sua equipa começa a defender mal perde a posse de bola?

Os jogadores que passaram de uma situação ofensiva para uma situação

defensiva tem definidas zonas de pressão/zonas de actuação para impedir o

contra-ataque ou simplesmente tentam recuperar defensivamente para uma

defesa organizada?

Esta categoria diz respeito à operacionalização, ou seja, a forma como o

treinador procura colocar em prática no treino as suas ideias e princípios

abordados anteriormente.

Categoria 3 – Operacionalização

9. Para estruturar/treinar o sistema defensivo escolhido, utiliza

preferencialmente os 6 jogadores que compõe a defesa ou divide esse trabalho

por sectores e só a posteriori é que trabalha de forma colectiva (situações de

6x6)? Ou utiliza outra metodologia?

10. Durante o treino privilegia situações simples de defesa (situações de 1x1

ou 2x2) ou situações que envolvam nessa função mais de quatro elementos?

11. No caso de utilizar um número reduzido de elementos nessa função

defensiva como realiza esse trabalho? Impõe algumas limitações como

condicionantes de espaço, ou de número de passes, ou outras?

12. Quando está a trabalhar situações ofensivas colectivas, existe alguma

preocupação no trabalho defensivo ou quando realiza o trabalho de ataque é

estanque em relação á defesa?

Page 88: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

Anexo

76

13. A preparação de uma equipa de andebol pode não se restringir apenas

ao trabalho realizado com bola no pavilhão. Utiliza algum tipo de trabalho

complementar com o objectivo de melhorar os aspectos defensivos: como

meios físicos (como por exemplo no ginásio, com musculação ou no pavilhão

com discos, bolas medicinais, barreiras ou outros) ou teóricos (como por

exemplo com o visionamento de vídeos, apresentações teóricas em sala, ou

outros) que entenda ser relevante para caracterizar a sua metodologia?

Page 89: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

Anexo

77

Entrevistado: Carlos Resende

Categoria 1 - Modelo

Entendo o modelo de jogo como um conjunto de ideias e

princípios do treinador, que conferem uma organização colectiva e são

fundamentais (para definirem os princípios de acção da nossa equipa)

para darem sentido à nossa equipa e aquilo que dela pretendemos.

1) Entende que vários sistemas defensivos estruturados permite a uma equipa apresentar diferentes soluções consoante os diferentes adversários?

O mais importante é que os sistemas defensivos trabalhados pela

equipa sejam perfeitamente adaptados às qualidades/habilidades dos

nossos atletas. E, claro que uma equipa que domine 2 ou mais

sistemas defensivos poderá criar mais problemas ao adversário.

Contudo, uma ressalva tem que ser feita, aqueles que se

especializam numa determinada área têm maior tendência para

desempenha-la com maior mestria, quando comparados com

aqueles que se dispersam por várias!

2) Quando define o sistema defensivo a utilizar deve ter em conta as diferentes equipas que vai enfrentar, os diferentes jogadores. A forma de anular essas mesmas equipas e/ou jogadores não pode ser encarada da mesma forma.

Tenho sempre em conta os meus atletas na escolha do sistema

defensivo! Só após os princípios defensivos estarem bem adquiridos

é que me preocupo com os adversários e as especificidades que

cada um merece.

Tendo em conta que existem varias formas de interpretar o mesmo

sistema defensivo, quando estrutura sistema defensivo este varia de

acordo com os jogadores e as equipas adversárias ou é

independente destes?

Page 90: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

Anexo

78

Numa primeira etapa tudo funciona em torno dos nossos jogadores e

como referido anteriormente, numa segunda etapa poderei adicionar

algumas especificidades em função do adversário, mas apenas

pequenas variações, por forma a não desvirtuar o nosso modelo de

jogo!

3) Para colocar em prática os princípios e os pressupostos que um treinador possui sobre defesa é necessário ter à sua disposição jogadores capazes de interpretar aquilo que se pretende para o sistema defensivo.

A sua escolha relativamente aos sistemas defensivos baseou-se nos

jogadores que compõem o plantel ou de acordo com os seus

princípios como treinador e só à posteriori procedeu à escolha dos

jogadores?

A minha escolha do modelo defensivo está sempre em sintonia com

a minha filosofia. Contudo, é crucial que seja adaptável aos recursos

existentes.

A segunda categoria diz respeito a alguns conceitos que o

treinador possui, sobre determinados aspectos relacionados com defesa

ou características dos jogadores defensores.

Categoria 2 – Conceitos

4) Passando agora a abordar não tanto os sistemas mas sim os jogadores que interpretam esses mesmos sistemas defensivos, quais são, no seu ponto de vista, as principais características/qualidades que um jogador deve possuir para ser considerado bom defensor?

Um bom defensor poderá ser um atleta que reúne algumas das

seguintes características: conhecer o jogo para que o possa

antecipar, pró-activo, assertivo, forte mentalmente, etc.

Page 91: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

Anexo

79

5) Tendo em conta que a maioria dos lances ofensivos se resolvem em situações envolvendo um ou dois jogadores, considera que qualquer jogador que domine os aspectos técnico-tácticos defensivos do 1x1 e 2x2 (com ou sem pivot) está apto para defender em qualquer sistema defensivo?

Em termos físicos isso seria fantástico, mas o mais importante é

sempre a disponibilidade mental do atleta, ou seja, se um atleta, por

hipótese, não acreditar em determinado sistema nunca o conseguirá

desempenhar com a mestria necessária ou até potencial.

6) Acha que essas qualidades (defensivas) estão ao alcance de todos os jogadores (que jogam no mesmo nível/divisão), ou seja, se um jogador trabalhar para esse fim consegue ser um bom defesa? Ou acredita que existem outros factores para além do trabalho que impedem que qualquer jogador possa ser considerado um especialista defensivo?

O trabalho é um elemento crucial, mas a vontade como em tudo na

vida é a diferença entre o sucesso e o insucesso.

7) Existem jogadores que consoantes os sistemas defensivos escolhidos, actuam em lugares fulcrais e que deles depende em grande parte a eficácia do referido sistema.

Na sua opinião quais os jogadores que considera chave nos diversos

sistemas defensivos (6.0, 5.1, 3.2.1, 4.2, 3.3 defesas mistas) e

porque?

Todos os jogadores assumem um papel importante. No caso de

existirem elementos menos fortes serão elementos sempre alvo da

exploração do adversário, logo é muito importante que a defesa seja

coesa em termos qualitativos.

8) Cada vez mais as equipas preocupam-se em recuperar a posse de bola o mais rápido possível e em atrasar ou anular o contra-ataque adversário.

A sua equipa começa a defender mal perde a posse de bola?

Os jogadores que passaram de uma situação ofensiva para uma

situação defensiva tem definidas zonas de pressão/zonas de

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Anexo

80

actuação para impedir o contra-ataque ou simplesmente tentam

recuperar defensivamente para uma defesa organizada?

Por princípio os meus jogadores tentam recuperar uma posição de

equilíbrio defensivo, porque lhes “vendo” a ideia que na defesa

somos capazes de nos superiorizar ao adversário. Agora existem

alguns adversários que esporadicamente exploramos alguns

elementos chave.

Esta categoria diz respeito à operacionalização, ou seja, a forma como o

treinador procura colocar em prática no treino as suas ideias e princípios

abordados anteriormente.

Categoria 3 – Operacionalização

9) Para estruturar/treinar o sistema defensivo escolhido, utiliza preferencialmente os 6 jogadores que compõe a defesa ou divide esse trabalho por sectores e só a posteriori é que trabalha de forma colectiva (situações de 6x6)? Ou utiliza outra metodologia?

Dependendo do treino e da fase da época privilegio o tipo de trabalho

individual (1x1), grupal (2x2, 3x3, 2x3, 4x4, 5x5, 3x4, etc.)ou colectivo

(6x6, 5x6, 6x5, etc.).

Gosto de ir aumentando o grau de dificuldade dos exercícios durante

o treino, ou seja, um treino poderá iniciar com situações de 1x1 e

terminar com um 6x6.

10) Durante o treino privilegia situações simples de defesa (situações de 1x1 ou 2x2) ou situações que envolvam nessa função mais de quatro elementos?

Utilizo um pouco de tudo, dependo do objectivo pretendido.

11) No caso de utilizar um número reduzido de elementos nessa função defensiva como realiza esse trabalho? Impõe algumas limitações

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Anexo

81

como condicionantes de espaço, ou de número de passes, ou outras?

Existem sempre algumas limitações nos exercícios propostos em

treino, dependendo do (s) objectivo (s) do mesmo. Aliás incluo os

exercícios em que estamos 6x6 e existem limitações temporais, de

drible, na pontuação, etc.

12) Quando está a trabalhar situações ofensivas colectivas, existe alguma preocupação no trabalho defensivo ou quando realiza o trabalho de ataque é estanque em relação á defesa?

Eu gosto de dividir as 4 fases do jogo: defesa, CA, ataque e RD. O

que faço muitas vezes é juntar a defesa com o CA e juntar o ataque

com a RD.

Quando o ênfase do treino é o ataque os feedbacks vão na sua

esmagadora maioria para o ataque, contudo, caso exista um

comportamento defensivo inadequado claro que intervenho a fim de

o poder corrigir!

13) A preparação de uma equipa de andebol pode não se restringir apenas ao trabalho realizado com bola no pavilhão. Utiliza algum tipo de trabalho complementar com o objectivo de melhorar os aspectos defensivos: como meios físicos (como por exemplo no ginásio, com musculação ou no pavilhão com discos, bolas medicinais, barreiras ou outros) ou teóricos (como por exemplo com o visionamento de vídeos, apresentações teóricas em sala, ou outros) que entenda ser relevante para caracterizar a sua metodologia?

Os trabalhos que realizamos fora do recinto de jogo são no ginásio

(trabalho de força) e com o vídeo. Tanto um como o outro são muito

importantes!

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Anexo

82

Entrevistado: Jorge Rito

A primeira categoria diz respeito ao modelo de jogo.

Entendo o modelo de jogo como um conjunto de ideias e princípios do

treinador, que conferem uma organização colectiva e são fundamentais (para

definirem os princípios de acção da nossa equipa) para darem sentido à nossa

equipa e aquilo que dela pretendemos.

Categoria 1 - Modelo

1) Entende que vários sistemas defensivos estruturados permitem a uma equipa apresentar diferentes soluções consoante os diferentes adversários? Sim. Cada equipa deve dominar no mínimo dois sistemas defensivos diferentes, um mais fechado e outro mais aberto. No entanto, defendo que um deles deverá ser a primeira opção. No caso do ABC o 5x1 é o sistema principal sendo o 3x2x1 a segunda opção. Também no caso das situações de superioridade e inferioridade numéricas, a equipa deve dominar as opções defensivas a utilizar (5+1, 4+2, 4x2 ou 5x0, 4x1).

2) Quando define o sistema defensivo a utilizar deve ter em conta as diferentes equipas que vai enfrentar, os diferentes jogadores. A forma de anular essas mesmas equipas e/ou jogadores não pode ser encarada da mesma forma. A escolha do sistema defensivo depende sempre das características físicas e técnicas dos jogadores adversários. Se estou perante uma equipa que possue jogadores de 1ª linha com elevada estatura, pouca mobilidade, mas com grande potência de remate, opto por um sistema defensivo mais agressivo, caso contrário escolho um sistema mais recuado e consequentemente mais fechado, que privilegia o bloco e a coordenação entre o defensor e o guarda-redes.

Tendo em conta que existem varias formas de interpretar o mesmo

sistema defensivo, quando estrutura sistema defensivo este varia de

acordo com os jogadores e as equipas adversárias ou é

independente destes? Os sistemas defensivos utilizados pelo ABC

são 2: 5x1 e 3x2x1. Cada um destes dois sistemas obedece a

princípios defensivos muito rigorosos, que são específicos para os

jogadores que ocupam as diferentes zonas do campo. Desde os

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Anexo

83

escalões de formação que transmitimos esses conhecimentos aos

jovens jogadores para que haja um modelo de jogo defensivo bem

identificado.

3) Para colocar em prática os princípios e os pressupostos que um treinador possui sobre defesa é necessário ter à sua disposição jogadores capazes de interpretar aquilo que se pretende para o sistema defensivo.

A sua escolha relativamente aos sistemas defensivos baseou-se nos

jogadores que compõem o plantel ou de acordo com os seus

princípios como treinador e só à posteriori procedeu à escolha dos

jogadores? Quando um treinador tem a possibilidade de,

atempadamente, projectar uma equipa segundo as ideias em que

acredita para estruturar a defesa, é natural que procure seleccionar

os jogadores com as características físicas, técnicas e volitivas ideais

para interpretarem o sistema defensivo que escolheu. Quando essa

possibilidade não existe, então o treinador terá que escolher a

solução defensiva que mais se adeqúe às características dos

jogadores que dispõe. A realidade é muito diversa para os diferentes

treinadores.

A segunda categoria diz respeito a alguns conceitos que o

treinador possui, sobre determinados aspectos relacionados com defesa

ou características dos jogadores defensores.

Categoria 2 – Conceitos

4) Passando agora a abordar não tanto os sistemas mas sim os jogadores que interpretam esses mesmos sistemas defensivos, quais são, no seu ponto de vista, as principais características/qualidades que um jogador deve possuir para ser considerado bom defensor? Um bom defensor é aquele jogador que sente prazer em defender. Antes de mais, considero que as qualidades volitivas do atleta devem ser colocadas sempre em primeiro lugar (motivação, espírito de sacrifício, solidariedade, perseverança) e só depois os aspectos físicos e técnicos. Quanto aos aspectos físicos e técnicos, considero que para se ser bom defensor é necessário ter um trem inferior

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Anexo

84

extremamente forte para que possa realizar deslocamentos frontais, laterais e á rectaguarda, mudanças de direcção e impulsões verticais, e ainda um trem superior suficientemente desenvolvido para que tenha a capacidade de choque e de contornar bloqueios.

5) Tendo em conta que a maioria dos lances ofensivos se resolvem em situações envolvendo um ou dois jogadores, considera que qualquer jogador que domine os aspectos técnico-tácticos defensivos do 1x1 e 2x2 (com ou sem pivot) está apto para defender em qualquer sistema defensivo? Não. O que eu defendo é que todos os jogadores no decorrer do seu processo de formação deveriam aprender a resolver situações defensivas como as atrás referidas, e que se isso for feito será, naturalmente, mais fácil que estes atletas integrem, compreendam e interpretem, com maior facilidade, qualquer sistema defensivo.

6) Acha que essas qualidades (defensivas) estão ao alcance de todos os jogadores (que jogam no mesmo nível/divisão), ou seja, se um jogador trabalhar para esse fim consegue ser um bom defesa? Ou acredita que existem outros factores para além do trabalho que impedem que qualquer jogador possa ser considerado um especialista defensivo? Não conheço nenhum grande defensor que não demonstre uma enorme disponibilidade mental para a tarefa (Álvaro Rodrigues, Eduardo Ferreira, Mário Costa, Didier Dinart, Vori, Bertrand Gille....). É claro que com trabalho específico os jogadores podem melhorar imenso, mas só serão defensores excepcionais se tiverem motivação e prazer no desempenho das suas funções.

7) Existem jogadores que consoantes os sistemas defensivos escolhidos, actuam em lugares fulcrais e que deles depende em grande parte a eficácia do referido sistema.

Na sua opinião quais os jogadores que considera chave nos diversos

sistemas defensivos (6.0, 5.1, 3.2.1, 4.2, 3.3 defesas mistas) e

porque? No 6x0: os dois defesas centrais, porque são a espinha

dorsal do sistema, os desequilíbrios defensivos acontecem mais

facilmente a partir dessa zona do campo; 5x1, 3x2x1 e 3x3: defesa

central e defesa avançado, pelas mesmas razões; 4x2: os dois

defesas avançados;

8) Cada vez mais as equipas preocupam-se em recuperar a posse de bola o mais rápido possível e em atrasar ou anular o contra-ataque adversário.

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Anexo

85

A sua equipa começa a defender mal perde a posse de bola?

Normalmente, logo que a equipa perde a bola, colocamos pressão

sobre o jogador adversário que assume a responsabilidade da

transição ofensiva, enquanto que os restantes jogadores ocupam as

suas posições no sistema.

Os jogadores que passaram de uma situação ofensiva para uma

situação defensiva tem definidas zonas de pressão/zonas de

actuação para impedir o contra-ataque ou simplesmente tentam

recuperar defensivamente para uma defesa organizada? Esta

questão já está respondida anteriormente.

Esta categoria diz respeito à operacionalização, ou seja, a forma como o

treinador procura colocar em prática no treino as suas ideias e princípios

abordados anteriormente.

Categoria 3 – Operacionalização

9) Para estruturar/treinar o sistema defensivo escolhido, utiliza preferencialmente os 6 jogadores que compõe a defesa ou divide esse trabalho por sectores e só a posteriori é que trabalha de forma colectiva (situações de 6x6)? Ou utiliza outra metodologia? Ao longo do microciclo semanal vou trabalhando o sistema que pretendo utilizar no jogo de fim-de-semana, primeiro por sectores e posteriormente em situação de 6x6.

10) Durante o treino privilegia situações simples de defesa (situações de 1x1 ou 2x2) ou situações que envolvam nessa função mais de quatro elementos? Os meios e métodos de treino utilizados para trabalhar a defesa dependem muito do período da época em que nos encontramos (preparatório ou competitivo). Para dar um exemplo concreto, durante os jogos do Play-Off, em que jogaremos Domingo, quarta e sábado, o nosso trabalho defensivo será realizado praticamente em situação de 6x6, corrigindo erros observados através do vídeo e preparando algumas surpresas estratégicas.

11) No caso de utilizar um número reduzido de elementos nessa função defensiva como realiza esse trabalho? Impõe algumas limitações como condicionantes de espaço, ou de número de passes, ou outras? Quando utilizo exercícios de defesa com um número

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Anexo

86

reduzido de defensores, faço-o com a intenção de transmitir uma maior intensidade de trabalho, em espaço limitados, e com duração que pode ir de 1.30 segundos até aos 3 minutos. Para criar um verdadeiro clima de competição entre os grupos de trabalho, procuramos sempre premiar os melhores desempenhos (menos golos sofridos).

12) Quando está a trabalhar situações ofensivas colectivas, existe alguma preocupação no trabalho defensivo ou quando realiza o trabalho de ataque é estanque em relação á defesa? Ao trabalhar o ataque, tento montar uma defesa que siga os princípios defensivos da equipa adversária, neste caso o aspecto fundamental é que a imitação esteja perto da perfeição.

13) A preparação de uma equipa de andebol pode não se restringir apenas ao trabalho realizado com bola no pavilhão. Utiliza algum tipo de trabalho complementar com o objectivo de melhorar os aspectos defensivos: como meios físicos (como por exemplo no ginásio, com musculação ou no pavilhão com discos, bolas medicinais, barreiras ou outros) ou teóricos (como por exemplo com o visionamento de vídeos, apresentações teóricas em sala, ou outros) que entenda ser relevante para caracterizar a sua metodologia? Realizamos trabalho de ginásio durante toda a época 3 vezes por semana, com um programa que varia os seus objectivos em função do período de preparação. Utilizamos como exercícios de transfer, após o trabalho de ginásio, multisaltos, e bolas medicinais de diferentes quilos. A observação em vídeo dos nossos jogos e dos jogos dos nossos adversários são um momento importante na nossa preparação, pois permite visualizar os erros e facilita a sua correcção em situação de treino.

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Anexo

87

Entrevistado: Paulo Fidalgo

Entendo o modelo de jogo como um conjunto de ideias e

princípios do treinador, que conferem uma organização colectiva e são

fundamentais (para definirem os princípios de acção da nossa equipa)

para darem sentido à nossa equipa e aquilo que dela pretendemos.

Categoria 1 - Modelo

1) Entende que vários sistemas defensivos estruturados permite a uma equipa apresentar diferentes soluções consoante os diferentes adversários?

Obviamente que se tens um maior numero de recursos defensivos

para apresentar num jogo, isso permite escolher determinado

sistema consoante o adversário que vamos ter pela frente. No

mínimo a equipa deve possuir uma defesa “aberta” uma defesa

“fechada” e uma defesa mista.

2) Quando define o sistema defensivo a utilizar deve ter em conta as diferentes equipas que vai enfrentar, os diferentes jogadores. A forma de anular essas mesmas equipas e/ou jogadores não pode ser encarada da mesma forma.

Tendo em conta que existem varias formas de interpretar o mesmo

sistema defensivo, quando estrutura sistema defensivo este varia de

acordo com os jogadores e as equipas adversárias ou é

independente destes?

Há uma correlação porque quando preparas um jogo ou uma época

tu olhas para a tua equipa e vês quais o sistema que melhor se

adapta as características deles, nesta altura da época e tendo em

conta o trabalho já realizado posso dizer que escolhemos o sistema

defensivo de acordo com o adversário.

3) Para colocar em prática os princípios e os pressupostos que um treinador possui sobre defesa é necessário ter à sua disposição jogadores capazes de interpretar aquilo que se pretende para o sistema defensivo.

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Anexo

88

A sua escolha relativamente aos sistemas defensivos baseou-se nos

jogadores que compõem o plantel ou de acordo com os seus

princípios como treinador e só à posteriori procedeu à escolha dos

jogadores?

O treinador não pode ser “estanque” e têm que se adaptar ao

projecto que tem pela frente. Há equipas em que é possível escolher

com antecedência os jogadores de acordo com a filosofia dos

treinadores mas há outras equipas em que isso não é possível,

então devemos sempre optar pelo sistema que garanta rendimento.

A segunda categoria diz respeito a alguns conceitos que o

treinador possui, sobre determinados aspectos relacionados com defesa

ou características dos jogadores defensores.

Categoria 2 – Conceitos

4) Passando agora a abordar não tanto os sistemas mas sim os jogadores que interpretam esses mesmos sistemas defensivos, quais são, no seu ponto de vista, as principais características/qualidades que um jogador deve possuir para ser considerado bom defensor?

Forte fisicamente, rápido e dotado de uma análise táctica defensiva

evoluída. Estes factores vão-lhe permitir ganhar os duelos

individuais, o jogador pode ser muito bom analisar ou escolher o

momento certo de executar a acção defensiva mas se não possuir

uma boa condição física não vai ter sucesso.

5) Tendo em conta que a maioria dos lances ofensivos se resolvem em situações envolvendo um ou dois jogadores, considera que qualquer jogador que domine os aspectos técnico-tácticos defensivos do 1x1 e 2x2 (com ou sem pivot) está apto para defender em qualquer sistema defensivo?

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Anexo

89

O 1x1 e o 2x2 são a base do jogo, no entanto não concordo que o

1x1 permita ao jogador defender em qualquer sistema. Esta situação

é muito limitativa, muito básica, só poderás utilizar esse jogador para

defesas abertas (muito individualizadas). O 2x2 onde estão

englobados todas as variáveis é possível avaliar todos os princípios

defensivos.

6) Acha que essas qualidades (defensivas) estão ao alcance de todos os jogadores (que jogam no mesmo nível/divisão), ou seja, se um jogador trabalhar para esse fim consegue ser um bom defesa? Ou acredita que existem outros factores para além do trabalho que impedem que qualquer jogador possa ser considerado um especialista defensivo?

Não há ninguém que por muita aptência defensiva que possua sem o

espaço correcto de evolução de evolução defensiva se consiga tornar

num especialista defensivo. Só podes melhorar se competires e

treinares com os melhores e isso vai-te permitir ser capaz de

defender ao mais alto-nivel, entendo que o trabalho é a base do

sucesso.

7) Existem jogadores que consoantes os sistemas defensivos escolhidos, actuam em lugares fulcrais e que deles depende em grande parte a eficácia do referido sistema.

Na sua opinião quais os jogadores que considera chave nos diversos

sistemas defensivos (6.0, 5.1, 3.2.1, 4.2, 3.3 defesas mistas) e

porque?

6.0 Os dois defesas centrais porque são eles que comandam toda a

defesa e formam o bloco central defensivo. 5.1 O terceiro e o defesa

avançado lidera toda a defesa porque coordena tanto o lado direito

como o lado esquerdo da defesa e se ele falha tu nunca vais ter

sucesso neste sistema, 3.2.1 o 4.2 e o 3.3 os defesas da frente

porque quando abres a defesa os jogadores da frente não podem ser

batidos nos duelos individuais senão não terás sucesso neste

sistema. Nas defesas mistas os defesas que desempenham funções

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Anexo

90

na retaguarda tem que ter uma versatilidade defensiva maior e

porque defendem uma zona maior.

8) Cada vez mais as equipas preocupam-se em recuperar a posse de bola o mais rápido possível e em atrasar ou anular o contra-ataque adversário.

A sua equipa começa a defender mal perde a posse de bola?

Os jogadores que passaram de uma situação ofensiva para uma

situação defensiva tem definidas zonas de pressão/zonas de

actuação para impedir o contra-ataque ou simplesmente tentam

recuperar defensivamente para uma defesa organizada?

Tendo em conta o meu modelo de jogo em que por norma realizo

uma ou duas substituições defesa-ataque , peço aos meus jogadores

para tentarem recuperar imediatamente para uma defesa organizada

de forma a defendermos sempre com os melhores, a não ser numa

situação evidente em que se pode impedir o contra-ataque.

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Anexo

91

Esta categoria diz respeito à operacionalização, ou seja, a forma como o

treinador procura colocar em prática no treino as suas ideias e princípios

abordados anteriormente.

Categoria 3 – Operacionalização

9) Para estruturar/treinar o sistema defensivo escolhido, utiliza preferencialmente os 6 jogadores que compõe a defesa ou divide esse trabalho por sectores e só a posteriori é que trabalha de forma colectiva (situações de 6x6)? Ou utiliza outra metodologia?

Para as defesas 5.1 e 6.o e como recebi sete jogadores novos no

inicio do ano trabalhei quase sempre em situações de 6x6, para

treinar a defesa 3.3 dividi o trabalho em três fases.

10) Durante o treino privilegia situações simples de defesa (situações de 1x1 ou 2x2) ou situações que envolvam nessa função mais de quatro elementos?

Quase sempre situações que envolvam quatro ou mais defesas.

Devido as características do grupo que tenho, que são jogadores

com alguma experiencia e porque entendo que a este nível já tem

que dominar os conceitos individuais na integra senão não vão ter

sucesso. Só uso situações simples de 1x1 ou 2x2 em determinada

altura da época com o objectivo de ”dar” carga física.

11) No caso de utilizar um número reduzido de elementos nessa função defensiva como realiza esse trabalho? Impõe algumas limitações como condicionantes de espaço, ou de número de passes, ou outras?

Tudo depende do tipo de defesa que pretendes, o espaço que

ocupam dois defesas no 5.1 não e igual ao espaço ocupado no 6.0

ou 3.2.1 por isso poderá existir limitações ao nível do espaço e do

tempo.

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Anexo

92

12) Quando está a trabalhar situações ofensivas colectivas, existe alguma preocupação no trabalho defensivo ou quando realiza o trabalho de ataque é estanque em relação á defesa?

Quando trabalho o ataque tento com que a minha defesa se

aproxime da defesa que vamos enfrentar no jogo do fim-de-semana,

por isso concentro-me em grande parte nos princípios ofensivos. Se

estiver a enfrentar uma defesa 5.1 parecida com a nossa aí sim

poderei estar mais atento ao trabalho defensivo e corrigir uma ou

outra coisa que no meu entender não esteja bem.

13) A preparação de uma equipa de andebol pode não se restringir apenas ao trabalho realizado com bola no pavilhão. Utiliza algum tipo de trabalho complementar com o objectivo de melhorar os aspectos defensivos: como meios físicos (como por exemplo no ginásio, com musculação ou no pavilhão com discos, bolas medicinais, barreiras ou outros) ou teóricos (como por exemplo com o visionamento de vídeos, apresentações teóricas em sala, ou outros) que entenda ser relevante para caracterizar a sua metodologia?

Realizamos trabalho de ginásio durante toda a época 2 vezes por

semana assim como trabalho de pliometria.

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Anexo

93

Entrevistado: Paulo Queirós

Categoria 1 - Modelo

Entendo o modelo de jogo como um conjunto de ideias e

princípios do treinador, que conferem uma organização colectiva e são

fundamentais (para definirem os princípios de acção da nossa equipa)

para darem sentido à nossa equipa e aquilo que dela pretendemos.

1) Entende que vários sistemas defensivos estruturados permite a uma equipa apresentar diferentes soluções consoante os diferentes adversários?

Sim, estruturalmente, adaptamos alguns sistemas defensivos perante

a equipa adversária mas, também, mediante as contingências da

nossa própria equipa.

2) Quando define o sistema defensivo a utilizar deve ter em conta as diferentes equipas que vai enfrentar, os diferentes jogadores. A forma de anular essas mesmas equipas e/ou jogadores não pode ser encarada da mesma forma.

Tendo em conta que existem varias formas de interpretar o mesmo

sistema defensivo, quando estrutura sistema defensivo este varia de

acordo com os jogadores e as equipas adversárias ou é

independente destes?

Sim, cada jogador é diferente e cada um deles tem várias trajectórias

que temos de anular, pressionar mais nas trajectórias mais fortes de

cada um. Por norma trabalhamos sempre em função das

características dos adversários, do pressuposto sete inicial e suas

alterações de forma a moldarmos a nossa defesa a todas as

possibilidades de acção da equipa adversária

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Anexo

94

3) Para colocar em prática os princípios e os pressupostos que um treinador possui sobre defesa é necessário ter à sua disposição jogadores capazes de interpretar aquilo que se pretende para o sistema defensivo.

A sua escolha relativamente aos sistemas defensivos baseou-se nos

jogadores que compõem o plantel ou de acordo com os seus

princípios como treinador e só à posteriori procedeu à escolha dos

jogadores?

Em parte sim, em parte não. Consegui com os meios financeiros

disponíveis encontrar algumas soluções que preenchessem os

espaços ofensivos e defensivos na tentativa de melhorar a

qualidade.

A segunda categoria diz respeito a alguns conceitos que o

treinador possui, sobre determinados aspectos relacionados com defesa

ou características dos jogadores defensores.

Categoria 2 – Conceitos

4) Passando agora a abordar não tanto os sistemas mas sim os jogadores que interpretam esses mesmos sistemas defensivos, quais são, no seu ponto de vista, as principais características/qualidades que um jogador deve possuir para ser considerado bom defensor?

Leitura de jogo e de situação, combatividade, equilíbrio e

antecipação.

5) Tendo em conta que a maioria dos lances ofensivos se resolvem em situações envolvendo um ou dois jogadores, considera que qualquer jogador que domine os aspectos técnico-tácticos defensivos do 1x1 e 2x2 (com ou sem pivot) está apto para defender em qualquer sistema defensivo?

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Anexo

95

Não, por norma os jogadores defensores com intromissão do pivôt

têm de ter a capacidade de solucionar os problemas do 2x2 na

mesma linha defensiva ou em linhas diferentes que, no caso dos

extremos é quase rara esta participação.

6) Acha que essas qualidades (defensivas) estão ao alcance de todos os jogadores (que jogam no mesmo nível/divisão), ou seja, se um jogador trabalhar para esse fim consegue ser um bom defesa? Ou acredita que existem outros factores para além do trabalho que impedem que qualquer jogador possa ser considerado um especialista defensivo?

Acredito que com muito trabalho se consegue chegar às

capacidades/ qualidades que pretendemos, no entanto, as

capacidades volitivas são aquelas que com mais dificuldade

conseguimos lidar. Conseguimos trabalhar o físico, a lateralidade, a

força, a velocidade, mas a “cabeça”, muito dificilmente. No entanto e

para finalizar, penso que existem atletas para desempenhar algumas

tarefas especificas e que se quisermos colocar esses atletas a

desempenhar a função em qualquer lugar do terreno de jogo,

teremos muita dificuldade em garantir os mesmos resultados.

7) Existem jogadores que consoantes os sistemas defensivos escolhidos, actuam em lugares fulcrais e que deles depende em grande parte a eficácia do referido sistema.

Na sua opinião quais os jogadores que considera chave nos diversos

sistemas defensivos (6.0, 5.1, 3.2.1, 4.2, 3.3 defesas mistas) e

porque?

Conforme o jogo de andebol está hoje, considero muito importante a

actuação de quaisquer defensor, independentemente da posição.

Damos mais importância muitas vezes à zona central porque

realmente, em termos estatísticos, a bola circula lá muitas vezes e a

acção de um elemento como o pivôt consegue, muitas vezes criar as

dificuldades necessárias para podermos pensar que conseguimos a

superioridade numérica posicional ou não. No entanto, considero

bastante importante a actuação do defesa avançado em 5:1 e 3:2:1

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Anexo

96

e, nesta última, também a acção do defesa central porque, no defesa

avançado pretende-se impor a distância que queremos relativamente

ao central e laterais e, no 3:2:1, o papel do defesa central em jogar

1x1 com o pivôt e ainda tentar criar superioridade numérica

defensiva são factores chaves para o êxito que pretendemos.

8) Cada vez mais as equipas preocupam-se em recuperar a posse de bola o mais rápido possível e em atrasar ou anular o contra-ataque adversário.

A sua equipa começa a defender mal perde a posse de bola? Por

lógica sim.

Os jogadores que passaram de uma situação ofensiva para uma

situação defensiva tem definidas zonas de pressão/zonas de

actuação para impedir o contra-ataque ou simplesmente tentam

recuperar defensivamente para uma defesa organizada?

Têm, cada um deles, definidas certas acções, mediante a equipa e

os jogadores adversários, com o intuito de recuperar a bola, atrasar

o contra-ataque directo e apoiado e, no final, ajustar as suas

posições para o ataque organizado.

Esta categoria diz respeito à operacionalização, ou seja, a forma como o

treinador procura colocar em prática no treino as suas ideias e princípios

abordados anteriormente.

Categoria 3 – Operacionalização

9) Para estruturar/treinar o sistema defensivo escolhido, utiliza preferencialmente os 6 jogadores que compõe a defesa ou divide esse trabalho por sectores e só a posteriori é que trabalha de forma colectiva (situações de 6x6)? Ou utiliza outra metodologia?

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Anexo

97

O treino específico começa no primeiro dia de treino após o outro

jogo e, tento, através de trabalho por sectores introduzir algumas

noções do que se pretende para o próximo jogo e, a cada treino que

passa, vou ajustando e colocando mais elementos á defesa.

10) Durante o treino privilegia situações simples de defesa (situações de 1x1 ou 2x2) ou situações que envolvam nessa função mais de quatro elementos?

Depende das situações, com mais tempo para trabalhar, começo por

desenvolver acções de 1x1 e 2x2.

11) No caso de utilizar um número reduzido de elementos nessa função defensiva como realiza esse trabalho? Impõe algumas limitações como condicionantes de espaço, ou de número de passes, ou outras?

No geral não, especificamente e quando pretendo orientar o treino

para o jogo passivo, para a resolução rápida de situações, quando

pretendo criar alguma disfunção defensiva por trocas sucessivas,

imponho algumas regras que, basicamente se orientam pelo que

quero trabalhar, menos tempo de ataque tempo determinado para

atacar, situações de superioridade numérica com 2 ou mais

elementos em espaço reduzido, entre outras.

12) Quando está a trabalhar situações ofensivas colectivas, existe alguma preocupação no trabalho defensivo ou quando realiza o trabalho de ataque é estanque em relação á defesa?

Tento, sempre que possível estabelecer uma ponte entre o ataque e

a defesa. Não tenho por hábito estancar quaisquer acção. Mesmo

trabalhando a defesa com os elementos que quero, tenho

preocupação nas acções ofensivas dos restantes jogadores.

13) A preparação de uma equipa de andebol pode não se restringir apenas ao trabalho realizado com bola no pavilhão. Utiliza algum tipo de trabalho complementar com o objectivo de melhorar os aspectos defensivos: como meios físicos (como por exemplo no ginásio, com musculação ou no pavilhão com discos, bolas medicinais, barreiras ou outros) ou teóricos (como por exemplo com o visionamento de

Page 110: Estruturação dos sistemas defensivos em equipas da Liga ... · análise do jogo prende-se com a necessidade de identificar as acções mais representativas (críticas) do desfecho

Anexo

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vídeos, apresentações teóricas em sala, ou outros) que entenda ser relevante para caracterizar a sua metodologia?

Sim, paralelamente ao treino realizo sessões de musculação, durante

todo o ano e o visionamento de vídeo como factor relevante na

competição, analisando o aspecto colectivo e individual dos

adversários.