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RODRIGO TAVANELLI HERNANDES Estudo da aderência localizada de uma amostra de Escherichia coli enteropatogênica atípica Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para a obtenção do Título de Doutor em Ciências. São Paulo 2006

Estudo da aderência localizada de uma amostra de Escherichia coli · 2017. 12. 16. · Teste de adesão..... 18 3. Teste de FAS ... e 1551-2, utilizando o soro anti-BFP..... 43 Figura

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RODRIGO TAVANELLI HERNANDES

Estudo da aderência localizada de uma

amostra de Escherichia coli

enteropatogênica atípica

Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para a obtenção do Título de Doutor em Ciências.

São Paulo 2006

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RODRIGO TAVANELLI HERNANDES

Estudo da aderência localizada de uma

amostra de Escherichia coli

enteropatogênica atípica

Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina, para a obtenção do Título de Doutor em Ciências pelo Programa de Pós-graduação em Microbiologia e Imunologia.

Orientadora: Profª. Drª. Tânia A. T. Gomes do Amaral

São Paulo 2006

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Hernandes, Rodrigo Tavanelli

Estudo da aderência localizada de uma amostra de Escherichia coli enteropatogênica atípica./Rodrigo Tavanelli Hernandes. –São Paulo, 2006. xxii, 109f.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Microbiologia e Imunologia.

Título em Inglês: Studies on the localized adherence of an atypical

enteropathogenic Escherichia coli strain. 1. Escherichia coli. 2. Aderência. 3. Intimina 4. Patogenicidade

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Este trabalho foi desenvolvido na Disciplina de Microbiologia do

Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia da Universidade

Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina (UNIFESP/EPM), com o

auxílio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo

(FAPESP).

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Aos meus pais Antonio e Maria

Minha Tia Doracy

Minha querida avó Emília

Minha Grande amiga Teresinha

Pelo Amor sempre presente:

Dedico

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Agradecimentos

À minha orientadora Profª Drª Tânia Aparecida Tardelli Gomes do Amaral pela

oportunidade de trabalhar sob sua orientação, pela confiança, ajuda e toda preocupação:

À você, toda a minha admiração e gratidão..........

Muito Obrigado!

À Profª Drª Mônica Aparecida Midolli Vieira pelos incentivos, ensinamentos e

principalmente pela amizade. Sua colaboração foi fundamental para a realização desse

trabalho.

À Profª Drª Sylvia Mendes Carneiro pela oportunidade de trabalhar em seu laboratório,

pelos ensinamentos em Microscopia Eletrônica e principalmente pela amizade.

À Profª Drª Rosa Maria Silva pelo incentivo e pela importante presença em diversos

momentos deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Waldir Pereira Elias Junior pelo constante apoio científico e valiosa

colaboração durante a realização deste trabalho.

Ao Prof. Dr. Marcelo Ribeiro da Silva Briones pelo auxílio nos experimentos de

seqüenciamento.

Às Profªs Drªs Beatriz Ernestina Cabilio Guth, Roxane Maria Fontes Piazza, Isabel

Cristina Affonso Scaletsky e Sylvia Cardoso Leão pelo apoio no desenvolvimento deste

trabalho.

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Aos docentes do Departamento de Microbiologia, Imunologia e Parasitologia que de

várias formas contribuíram para minha formação.

À Evanilde e Sandra Fabbricotti por toda ajuda técnica dada durante a realização deste

trabalho.

À Cristina, Paloma, Darcy, Vitória e Zoraide por toda cooperação que foram

essenciais para o desenvolvimento deste trabalho.

Á Magda Nisti e Paola Rossi pela colaboração durante todos estes anos.

Às queridas e eternas amigas Denise Yamamoto, Fábia Salvador, Fabiana Moreira e

Flávia Bastos pelo agradável convívio durante esses anos, pelos momentos de

descontração, incentivo e por tudo que passaram a representar para mim.

Aos amigos Cristiano, Samar e Eliane por toda amizade, apoio e torcida em todas as

fases da minha vida.

Aos amigos do Departamento de Microbiologia: Maria Cecília, Luís Fernando, Suely

Sampaio, Lucília Nishimura, Cecília Abe, Michele Rabelo, Kátia Aranda e Bianca

Bragato pela amizade e colaboração durante estes anos de convívio.

Às amigas Andreza Zamboni e Michelle Dulguer não só pelo apoio científico, mas

também pela grande amizade.

À Ana Carolina e Analy pela colaboração e conhecimentos trocados durante os

experimentos de seqüenciamento.

Á Cristina Viana pelo apoio no desenvolvimento deste trabalho e também pela

amizade.

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Ao meu Tio Adaucto e família pelo constante incentivo, apoio e carinho sempre

presentes: Muito Obrigado!

À Tia Joaninha, Tia Rosa e demais familiares: Obrigado por todo apoio e por todos os

momentos que compartilhamos juntos.

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Súmario

Página

Lista de Figuras

Lista de Tabelas

Lista de Abreviaturas e Siglas

Resumo

Abstract

Introdução......................................................................................................... 1

Objetivo............................................................................................................. 15

Material e Métodos.......................................................................................... 16

1. Amostras bacterianas..................................................................................... 16

2. Teste de adesão.............................................................................................. 18

3. Teste de FAS.................................................................................................. 19

4. Immunobloting............................................................................................... 19

5. Imunomarcação com soro anti-BFP............................................................... 20

6. Microscopia eletrônica de transmissão.......................................................... 21

7. Técnicas de manipulação e de análise de DNA…………………………..... 22

7.1 Extração de DNA plasmidial em pequena escala.................................... 22

7.2 Extração de DNA plasmidial em larga escala......................................... 22

7.3 Eluição dos fragmentos do DNA do gel de agarose................................ 22

7.4 Reações de digestão de DNA.................................................................. 23

7.5 Reação de precipitação do DNA............................................................. 23

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7.6 Extração de DNA genômico.................................................................... 23

7.7 Eletroporação........................................................................................... 24

7.8. Reação de polimerização em cadeia (PCR)........................................... 24

7.9 Perfil plasmidial (Birnboim & Doly)..................................................... 28

7.10 Construção do mutante em eae por nocaute não polar........................ 29

7.11 Mutagênese por Mini-Tn 10................................................................ 30

7.12 Pesquisa de Determinantes Genéticos de Virulência pelo ensaio de

Hibridação de Colônias (Colony blot).........................................................

31

7.13 Southern blotting.................................................................................. 33

8. Produção de anti-soro em coelho................................................................... 34

9. Curva de crescimento..................................................................................... 34

10. Absorção do anti-soro utilizando-se o mutante não aderente...................... 35

11. Seqüenciamento do DNA............................................................................. 35

Resultados......................................................................................................... 37

1. Seleção da amostra......................................................................................... 37

2. Caracterização da amostra 1551-2................................................................. 43

3. Cinética de Adesão......................................................................................... 47

4. Obtenção da amostra mutada 1551-2:eae-..................................................... 49

5. Southern-blot realizado para confirmar a mutação no gene eae da amostra

1551-2................................................................................................................

52

6. Microscopia eletrônica de transmissão.......................................................... 55

7. Complementação da amostra 1551-2:eae- com o plasmídio pCVD438........ 57

8. Construção de uma biblioteca de mutantes.................................................... 59

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9. Soro produzido com a amostra 1551-2:eae- e absorvido com o mutante não

aderente 143: caracterização e inibição de adesão.............................................

61

10. Clonagem do gene eae no vetor pMOS para seqüenciamento..................... 63

11. Seqüenciamento e Análise do gene eae da amostra 1551-2........................ 65

Discussão........................................................................................................... 67

Conclusões......................................................................................................... 74

Referências Bibliográficas............................................................................... 75

Anexos............................................................................................................... 95

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Lista de Figuras

Página

Figura 1 Representação esquemática dos genes que compõem a região

LEE...............................................................................................

5

Figura 2 Representação esquemática do translocon formado pelo sistema

de secreção tipo III e pelas proteínas secretadas...........................

7

Figura 3 Padrão de adesão localizada apresentado pela amostra E. coli

1551-2. Ensaio realizado em células HeLa, utilizando 6 horas de

contato...........................................................................................

41

Figura 4 Gel de agarose a 0,7% com perfis de bandas de DNA plasmidial

de 9 amostras de aEPEC de sorogrupos não EPEC e de E. coli R

861, contendo bandas de pesos moleculares conhecidos como

padrão............................................................................................

41

Figura 5 Microscopia Eletrônica de Transmissão da amostra 1551-2......... 42

Figura 6 Ensaio de Imunoblot de proteínas totais das amostras E2348/69

e 1551-2, utilizando o soro anti-BFP............................................

43

Figura 7 Gel de agarose com o produto de amplificação do gene bfpL das

amostras: E2348/69, 1551-2 e E. coli HB101...............................

44

Figura 8 Gel de agarose com o produto de amplificação do gene fimH

das amostras: E2348/69, 1551-2, e HB101...................................

45

Figura 9 Imunomarcação com o soro policlonal anti-BFP das amostras:

E2348/69 (A) e 1551-2 (B)...........................................................

46

Figura 10 Cinética de adesão das amostras de aEPEC 1551-2 e protótipo

de tEPEC E2348/69......................................................................

48

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Figura 11 Mapa do vetor suicida pJP5603 indicando o sítio de EcoRI onde

o fragmento de 924 pb do gene eae foi clonado para a obtenção

do plasmídio recombinante pRT2.................................................

50

Figura 12 Teste de adesão em células HeLa da amostra 1551-2 e derivada

mutante em intimina......................................................................

51

Figura 13 Ensaio de Immunoblot com soro anti-intimina de proteínas

totais das amostras 1551-2 e mutante em eae...............................

52

Figura 14 Representação esquemática dos fragmentos HindIII observados

na amostra selvagem 1551-2, e na amostra mutada em intimina

1551-2:eae-....................................................................................

53

Figura 15 Southern blot para comprovar a inserção do vetor suicida

pJP5603 em eae. Em A, observa-se um gel de agarose a 1%

com DNA das amostras 1551-2, 1551-2:eae- e do vetor pRT2,

pJP5603 + fragmento de ~924 pb de eae clonado, digerido com

HindIII...........................................................................................

54

Figura 16 Microscopia eletrônica de transmissão da interação das

amostras 1551-2 (A e B) e 1551-2:eae- (C e D) com células

HeLa..............................................................................................

56

Figura 17 Ensaio de Immunoblot com soro anti-intimina de proteínas

totais da amostra 1551-2:eae- complementada com o plasmídio

recombinate pCVD438 bem como dos controles 1551-2:eae-

(controle negativo) e 1551-2 (controle positivo)..........................

57

Figura 18 Teste de FAS das amostras 1551-2 (A) e 1551-2:eae- (B)

complementada com o gene eae da amostra E2348/69, protótipo

de tEPEC.......................................................................................

58

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Figura 19 Análise do mutante não aderente da amostra 1551-2:eae-. A:

Curva de crescimento das amostras 1551-2, 1551-2:eae- e do

mutante não aderente (143). B e C: Padrão de adesão da

amostra 1551-2:eae- (B) e do seu mutante não aderente-143 (C)

às células HeLa.............................................................................

60

Figura 20 Teste de adesão em células HeLa das amostras 1551-2 (A) e

1551-2:eae- (B) na temperatura de 18ºC (6h)...............................

62

Figura 21 Immunoblot de extrato de proteínas totais das amostras: 1551-2,

1551-2:eae-, mutante não aderente, 1551-2 cultivada à 37ºC e

1551-2 cultivada à 18ºC, utilizando o soro produzido com a

amostra 1551-2:eae- e absorvido com o mutante não aderente.....

62

Figura 22 Ensaio de inibição de adesão da amostra 1551-2:eae- com soro

absorvido com o mutante 143, realizado em células HeLa

durante 6 horas..............................................................................

63

Figura 23 Gel de agarose com o produto de amplificação do gene eae das

amostras 1551-2 e derivadas: 2) pISEQ (pMOS + fragmento de

3,1 kb clonado); 3) 1551-2; 4) pISEQ digerido com HindIII e 5)

pMOS............................................................................................

64

Figura 24 BLASTN da seqüência de 1077 nucleotídeos, obtida a partir do

sequenciamento dos clones pISEQ1, 2 e 3...................................

66

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Lista de Tabelas

Página

Tabela 1 Características e origem das amostras de E. coli e plasmídios

utilizados neste estudo.....................................................................

17

Tabela 2 Primers e condições utilizadas para os ensaios de PCR.................. 26/27

Tabela 3 Seqüência dos primers utilizados nos experimentos de

seqüenciamento…………………………………………………....

36

Tabela 4 Características clínicas, fenotípicas e genotípicas de 9 amostras de

EPEC atípicas não pertencentes a sorogrupos de EPEC que

expressam adesão localizada em 6 horas (AL6) na ausência de

Bundle forming pilus........................................................................

40

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Lista de Abreviaturas e Siglas

AA Aderência agregativa

AAF/I Aggregative Adherence Fimbria I

AAF/II Aggregative Adherence Fimbria II

AAF/III Aggregative Adherence Fimbria III

AD Aderência difusa

A/E Attaching and effacing

AL Aderência localizada

ATV Solução de associação Tripsina-Versene

BFP Bundle forming pilus

BSA Soroalbumina bovina

CNF Fator Necrotizante Citotóxico

DAEC Escherichia coli difusamente aderente

DMEM Meio mínimo essencial de Eagle modificado por Dulbecco

DNA Ácido desoxirribonucléico

dATP 2'- Desoxiadenosina 5'- Trifosfato

dCTP 2'- Desoxicitidina 5'- Trifosfato

dGTP 2'- Desoxiguanosina 5'- Trifosfato

dTTP 2'- Desoxitimidina 5'- Trifosfato

dNTPs Desoxinucleotídeos Trifosfatos

EAEC Escherichia coli enteroagregativa

EAF EPEC Adherence Factor

EAST Enteroaggregative Stable Toxin

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EDTA Ácido etilenodiaminotetracético

EHEC Escherichia coli enterohemorrágica

EIEC Escherichia coli enteroinvasora

EPEC Escherichia coli enteropatogênica

ETEC Escherichia coli enterotoxigênica

ExPEC Escherichia coli extra-intestinal

LB (caldo ou ágar) Luria Bertani

LEE locus of enterocyte effacement

LT Toxina termo-lábil

MEM Meio mínimo essencial de Eagle

MSHA Hemaglutinação manose-sensível

ORF Open reading frame

PBS Solução tampão salina fosfato

PCR Reação de polimerização em cadeia

q.s.p. quantidade suficiente para

SDS Dodecil sulfato de sódio

SDS-PAGE Eletroforese em gel de poliacrilamida contendo SDS

SFB Soro fetal bovino

SSC Solução tampão cloreto de sódio/citrato de sódio

ST Toxina termo-estável

STEC Escherichia coli produtora de toxina Shiga

Stx Shiga toxin

TE Solução tampão Tris-EDTA

TEB Solução tampão Tris-EDTA- borato

TEMED N,N, N', N'- Tetrametil-etilenodiamino

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TSB Tryptic Soy Broth

UV Ultra-violeta

UPEC Escherichia coli Uropatogênica

α 32P- dCTP Citosina trifosfato marcado com fósforo 32 radioativo

Unidades

% Porcentagem

G Grama

Kb Kilobase

kDa Kilodalton

kV Kilovolt

M Molar

mA Miliampere

Mda Megadalton

Mg Miligrama

mL Mililitro

mM Milimolar

Mm Milímetro

N Normal (normalidade)

ºC Grau centigrade

Pb Pares de base

Rpm Rotação por minuto

U Unidade

V Volt

v/v Volume/volume

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X Vezes

μg Micrograma

μL Microlitro

μm Micrômetro

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Resumo

Escherichia coli enteropatogênica (EPEC) compreende uma das seis categorias

diarreiogênicas da espécie. Atualmente, ela é dividida em duas subcategorias, EPEC

típica (tEPEC) e EPEC atípica (aEPEC), tendo por base a presença do plasmídio EAF

(EPEC adherence factor), que só ocorre entre as tEPEC.

As EPEC promovem, no epitélio intestinal, a lesão attaching and effacing (A/E),

cujos determinantes genéticos estão localizados em uma ilha de patogenicidade

denominada região LEE (locus of enterocyte effacement). Um dos genes presentes nessa

região, o gene eae, codifica uma proteína de membrana externa (intimina) responsável

pela aderência íntima às células intestinais, observada na lesão A/E.

Uma característica fenotípica marcante das tEPEC é a produção do padrão de

adesão localizada (AL), no qual são observadas microcolônias bacterianas compactas

sobre células HeLa e HEp-2, após 3 horas de contato. O padrão AL está associado com

a expressão da fímbria denominada bundle-forming pilus (BFP), que é codificada pelo

plasmídio EAF e promove agregação bactéria-bactéria, dentro das microcolônias, bem

como a interação inicial, que precede a aderência íntima mediada por intimina. Por

outro lado, a maioria das aEPEC promove a formação de microcolônias mais frouxas,

após ensaios mais prolongados (ensaios de 6 horas), o que caracteriza a chamada adesão

semelhante à AL (AL-like).

Durante um estudo anterior, sobre o potencial de virulência de 59 amostras de

aEPEC, foi observado que 9 delas produziam AL típica (em 6 horas), mesmo na

ausência de BFP. Após um amplo estudo das suas características fenotipicas e

genotipicas, uma amostra (1551-2) foi selecionada para a identificação da estrutura

responsável pela formação de microcolônias compactas. Ensaios de microscopia

eletrônica revelaram que o padrão AL da amostra 1551-2 refletia bactérias

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internalizadas e que um mutante não-polar em eae (1551-2:eae-), perdia essa

propriedade, embora continuasse aderindo de forma difusa (AD). O seqüenciamento da

região variável do gene eae revelou que a intimina da amostra 1551-2 pertence ao

subtipo omicron (ο).

Para caracterizar a adesina responsável pela AD no mutante 1551-2:eae-, foram

obtidos mutantes não aderentes utilizando-se o transposon Mini-Tn10. Um desses

mutantes foi empregado para a absorção de um soro produzido com a amostra 1551-

2:eae- Esse soro foi capaz de inibir a adesão da amostra 1551-2:eae- a células HeLa e,

em ensaios de immunoblot, revelou uma banda de aproximadamente 25 kDa.

Podemos concluir que o padrão AL da amostra 1551-2 reflete um processo de

internalização provavelmente mediado por intimina, e que novos fatores de virulência,

possivelmente uma proteína de ~25 kDa, poderiam desempenhar importante papel na

interação de amostras de aEPEC in vitro.

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Abstract

Enteropathogenic Escherichia coli (EPEC) comprise one of the 6 diarrheagenic

categories of the species. Presently, it is sub-grouped into two sub-categories, typical

EPEC (tEPEC) and atypical EPEC (aEPEC), based on the presence of the EAF (EPEC

adherence factor) plasmid, which occurs only in tEPEC.

EPEC promote, in the intestinal epithelium, an attaching and effacing lesion

(A/E) whose genetic determinants are located in a pathogenicity island named LEE

(locus of enterocyte effacement). One of the LEE genes, the eae gene, encodes an outer

membrane protein (intimin), which is responsible for the intimate adherence to the

intestinal cells, observed in the A/E lesions.

A marked phenotypic characteristic of tEPEC is the production of the localized

pattern of adherence (LA), where compact bacterial microcolonies are detected on HeLa

and HEp-2 cells, after 3 hours of contact. The LA pattern is associated with the

expression of the bundle-forming pilus (BFP), which is encoded on the EAF plasmid

and promotes bacterium-bacterium aggregation within the microcolonies as well as the

initial interaction that precedes the intimate adherence by intimin. On the other hand,

most aEPEC form microcolonies looser than those seen in LA, after more prolonged

assays (6 h assays), a phenotype that characterizes the so called LA-like pattern of

adherence.

During a previous study on the virulence potential of 59 strains of aEPEC, it was

observed that 9 of them produced typical LA, even in the absence of BFP. After an

ample analysis of their phenotypic and genotypic characteristics, one strain (1551-2)

was selected for the identification of the structure responsible for compact microcolony

formation in this strain. Electron microscopy assays have revealed that the LA pattern of

strain 1551-2 reflected, in fact, internalized bacteria, and that a non-polar mutant in eae

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(1551-2:eae-), had lost this property but maintained a strong diffuse adherence.

Sequencing experiments of the variable region of the 1551-2 intimin molecule revealed

that it corresponds to intimin subtype omicron (ο).

To further characterize the adhesin responsible for the diffuse adherence

phenotype in strain 1551-2:eae-, non-adherent mutants were obtained by transposon

mutagenesis with Mini-Tn10. One of these non-adherent mutants was then used to

absorb an antiserum produced against strain 1551-2:eae-. This absorbed antiserum

inhibited the diffuse adherence of strain 1551-2:eae- to HeLa cells and, in immunoblot

experiments, it has revealed a protein band of approximately 25kDa.

From the data presented in this study, it is possible to conclude that the LA

phenotype of aEPEC strain 1551-2 comprises, rather, an internalization process

probably mediated by intimin, and that novel virulence factors, possibly a ~25 kDa

protein, could play an important role in the interaction of aEPEC strains in vitro.

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1

Introdução

1. Escherichia coli diarreiogênica

A diarréia infecciosa tem sido considerada uma das principais causas de

mortalidade infantil nos países em desenvolvimento, onde é considerada endêmica

(Hanson et al., 1993). Suas manifestações clínicas são variáveis em característica e

severidade, relacionando-se tanto com o estado imunológico do indivíduo, como com a

natureza dos agentes etiológicos, destacando-se bactérias, vírus e protozoários (Thea &

Keusch, 1993).

As amostras de Escherichia coli associadas a infecções intestinais, denominadas

E. coli diarreiogênicas, estão classificadas em seis categorias tomando-se por base os

mecanismos de virulência específicos, as síndromes clínicas decorrentes, os sorotipos

(combinação de antígenos somáticos O e flagelares H), os aspectos epidemiológicos e

os tipos de interação com linhagens celulares cultivadas in vitro (Nataro & Kaper,

1998). As seis categorias de E. coli diarreiogênicas são: E. coli enteropatogênica

(EPEC), E. coli enterotoxigênica (ETEC), E. coli enteroinvasora (EIEC), E. coli

produtora de toxina Shiga (STEC) – EHEC (E. coli enterohemorrágica; subgrupo de

STEC capaz de causar lesão attaching and effacing), E. coli enteroagregativa (EAEC) e

E. coli difusamente aderente (DAEC). As bactérias pertencentes a cada uma dessas

categorias causam diarréia por mecanismos distintos, afetam diferentes grupos

populacionais e expressam diferentes fatores de virulência (Levine, 1987; Nataro &

Kaper, 1998).

As principais características que definem as categorias de E. coli diarreiogênicas

estão apresentadas no Quadro 1.

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2

Quadro 1. Principais características das categorias diarreiogênicas de Escherichia coli.

a, Adaptado de Nataro & Kaper (1998).

2. Escherichia coli enteropatogênica (EPEC)

O termo “E. coli enteropatogênica-EPEC” foi criado por Neter et al. (1955) para

designar determinados sorogrupos de E. coli associados à diarréia, distinguindo-os

assim dos sorogrupos de E. coli encontrados em indivíduos normais ou pacientes com

processo de infecção extra-intestinal. A classificação em sorogrupos baseia-se no tipo

de antígeno O (antígeno somático correspondente à parte polissacarídica da molécula de

lipopolissacarídeo da membrana externa). Com base nesse antígeno, as linhagens de E.

coli categorizadas como EPEC compreendem doze diferentes sorogrupos: O26, O55,

O86, O111, O114, O119, O125, O126, O127, O128, O142 e O158 (W.H.O., 1987).

A infecção por EPEC ocorre principalmente em crianças menores de um ano

(Nataro & Kaper, 1998). O principal sintoma clínico das infecções por EPEC é a

Categoria de E. coli diarreiogênica Principais características a

EPEC Gene eae, plasmídio EAF (pEAF)

ETEC Produção de toxinas termolábil (LT) e/ou

termoestável (ST)

EIEC Invasão de células em cultura de tecidos e

produção de cerato-conjuntivite em cobaia.

STEC (EHEC) Stx1 e/ou Stx2 (gene eae)

EAEC Adesão agregativa (AA)

DAEC Adesão difusa (AD)

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3

diarréia aguda, embora alguns casos de diarréia persistente também tenham sido

relatados (Levine & Edelman, 1984; Donnenberg, 1995; Fagundes-Neto, 1996).

A categoria das EPEC pode ser dividida em duas subcategorias, EPEC típica

(tEPEC) e EPEC atípica (aEPEC), tendo por base a presença de um plasmídio de alto

peso molecular denominado plasmídeo EAF – EPEC adherence factor (pEAF) (Kaper,

1996; Trabulsi et al., 2002).

O mecanismo central de patogenicidade das EPEC compreende a promoção de

uma lesão característica no epitélio intestinal denominada attaching and effacing (A/E)

(Moon et al., 1983). Essa lesão caracteriza-se pela adesão íntima da bactéria ao epitélio

intestinal e destruição localizada das microvilosidades intestinais, levando ao

surgimento de uma estrutura em forma de pedestal na superfície da célula hospedeira,

formada pelo acúmulo de actina polimerizada e outros elementos do citoesqueleto

(Rothbaum et al., 1982; Knutton et al., 1987; Silva et al., 1989; Finlay et al., 1992).

Diversas amostras da categoria STEC também produzem a lesão A/E, embora sua

propriedade de virulência principal consista na produção de uma ou mais toxinas Shiga,

que são codificadas por genes fágicos (stx) (Nataro & Kaper, 1998). Na lesão A/E,

ocorre concentração de actina polimerizada (F-actina), o que levou ao desenvolvimento

de um teste específico para identificar E. coli com atividade A/E, denominado teste de

FAS (Fluorescent-actin staining) (Knutton et al., 1989). Nesse teste, a faloidina

marcada com isotiocionato de fluresceína liga-se especificamente à actina filamentosa,

em cultura de células epiteliais, abaixo de cada bactéria aderida. O teste de FAS

representa um importante recurso no diagnóstico de EPEC e também de outros

microrganismos capazes de produzir esta lesão histopatológica peculiar.

Vários fatores estão envolvidos na formação da lesão A/E, dentre os quais uma

adesina de membrana externa de 94 kDa, a intimina, que é codificada pelo gene eae. A

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4

intimina liga-se ao seu receptor translocado Tir (Translocated intimin receptor) para

produzir uma adesão íntima e irreversível à célula epitelial, levando a crer que a

essência da infecção por EPEC deve-se a uma interação entre a região carboxi-terminal

da intimina e Tir, translocada na superfície da célula eucariótica (Frankel et al., 1998).

Estudos conduzidos por Kelly et al. (1998) demonstraram que a porção da intimina que

se liga ao receptor na célula hospedeira está localizada nos 280 resíduos de aminoácidos

da porção carboxi-terminal da molécula. Essa região da molécula de intimina que se liga

ao receptor foi denominada Int280 (Frankel et al., 1995) A alta variabilidade da região

carboxi-terminal da intimina originou uma classificação desta proteína em pelo menos

20 sub-tipos distintos de intimina. (Adu-Bobie et al., 1998; Zhang et al., 2002; Garrido

et al., 2006; Blanco et al., 2006). Esta variabilidade no C-terminal de intimina pode

estar relacionada com recombinação gênica, como forma de escape da resposta imune

do hospedeiro, ou a uma adaptação a novos nichos ecológicos, uma vez que alguns dos

diferentes sub-tipos de intimina parecem ter tropismo por diferentes segmentos

intestinais.

Além da intimina, uma série de outras proteínas, que são secretadas pela bactéria

através de um sistema de secreção tipo III (SSTT), está envolvida na formação da lesão

A/E. Essas proteínas são denominadas EPEC-secreted proteins (Esp), sendo as mais

conhecidas EspA, EspB e EspD.

Os genes que codificam a lesão A/E estão localizados dentro de uma ilha de

patogenicidade denominada locus of enterocyte effacement (região LEE – representada

na figura 1), a qual na amostra protótipo de EPEC E2348/69, apresenta ~35 kb

(McDaniel et al., 1995). A região LEE está organizada em cinco regiões de funções

conhecidas: LEE1, LEE2, LEE3, LEE5, e LEE4. Nas regiões LEE1, LEE2 e LEE3,

encontram-se os genes que codificam o SSTT. Na região LEE4, encontram-se os genes

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5

que codificam as Esps e em LEE5, localizam-se os genes eae (que codifica intimina), tir

(que codifica Tir) e cesT (que codifica um chaperone essencial para a secreção e

translocação do receptor Tir). Além desses elementos, LEE codifica proteínas efetoras

(Map, EspF, EspG, EspH, EspZ), chaperones (CesAB, CesD, CesD2, e CesF) e

proteínas reguladoras (Ler, GrlA, GrlR) (Dean et al., 2005; Deng et al., 2004). A

ativação da região LEE1 por uma proteína heterodimérica que se liga ao DNA (IHF –

Integration host factor) resulta na expressão de ler, o primeiro gene do operon LEE1.

Ler é um regulador positivo de outros genes da região LEE (Mellies et al., 1999).

No modelo proposto da patogênese de EPEC, as bactérias apresentariam uma

aderência inicial às células do hospedeiro, possivelmente mediada por uma fímbria do

tipo IV, denominada Bundle-forming pilus (BFP) e/ou pelo flagelo (Girón et al.,1991;

Girón et al., 2002). Esse contato com a célula hospedeira ativaria genes do SSTT (escN,

escV, escF, entre outros), para a formação de um complexo semelhante a uma seringa,

onde filamentos de EspA, ligados ao SSTT por EscF, formariam uma organela na

Figura 1: Representação esquemática dos genes que compõe a região LEE.

Adaptado de Dean, Maresca & Kenny (2005).

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6

superfície bacteriana que atuaria como um translocon por onde seriam injetadas nas

células hospedeiras diversas proteínas efetoras e/ou receptoras, além das proteínas que

formariam poros na membrana da célula hospedeira (EspB e EspD) (Chen e Frankel,

2005)

Em EPEC, quando Tir é translocada, o domínio extracelular passa a atuar como

receptor da intimina, enquanto que as porções amino- e carboxi-terminal ficam expostas

no citosol. Na porção carboxi, um resíduo de tirosina é fosforilado e atua como

mobilizador de proteínas do citoesqueleto: uma proteína adaptadora (Nck) recruta N-

WASP (Wiskott-Aldrich syndrom protein), que por sua vez ativa o complexo regulador

de nucleação de actina Arp2/3 (Actin related protein 2/3), culminando com a formação

do pedestal.

Apesar de não influenciarem a formação da lesão A/E, foi demonstrado que

algumas proteínas codificadas por LEE teriam alguma importância no desenvolvimento

da diarréia. EspF atuaria nas tight junctions, levando à perda de resistência elétrica

transepitelial e à indução de apoptose; EspH teria um papel na modulação da estrutura

do citoesqueleto da célula hospedeira; Map (Mitochondrial-associated protein)

interferiria na função mitocondrial e também na formação de filopódio e EspG, que

apresenta seqüência semelhante à de genes de virulência em Shigella flexneri, seria

responsável pela desestabilização da rede de microtúbulos da célula hospedeira.

Recentemente, EspZ foi descrita como uma nova proteína secretada pelo SSTT, mas sua

função permanece desconhecida (Kristen et al., 2005).

Além das proteínas codificadas por LEE, 3 proteínas descritas recentemente, que

não são codificadas por LEE, mas utilizam o SSTT para serem translocadas, podem

alterar processos celulares quando da interação com as células hospedeiras: Cif (Cycle-

inhibiting factor), responsável pela interrupção da divisão celular (Marchès et al.,

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7

2003), EspI, também denominada NleA (non-LEE encoded factor) (Mundy. et al., 2004,

Gruenheid, et al., 2001), essencial para virulência in vivo e EspJ, que atua modulando a

dinâmica da infecção (Dahan et al., 2005). A Figura 2 é uma representação esquemática

do translocon formado pelo sistema de secreção tipo III e pelas Esps.

Nas tEPEC, muitos genes da região LEE são regulados in trans por um ativador

transcricional denominado Plasmid encoded regulator (Per), que é codificado por

pEAF. O regulador Per foi descoberto primeiramente devido à sua capacidade de

aumentar a expressão de eae (Gomez-Duarte & Kaper, 1995). Embora os detalhes ainda

sejam desconhecidos, é provável que o produto do regulador per (perA, perB, e perC)

forme um complexo regulador global afetando a transcrição de vários genes localizados

tanto no cromossomo como no pEAF, permitindo dessa forma que as tEPEC respondam

Figura 2: Representação esquemática do translocon formado pelo

sistema de secreção tipo III e pelas proteínas secretadas. Adaptado de

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8

a diferentes condições ambientais e a diferentes fases de crescimento (Finlay & Abe,

1998).

Uma característica fenotípica marcante entre as tEPEC é a produção do padrão

de adesão localizada (AL), caracterizado pela formação de microcolônias bacterianas

compactas sobre a superfície de células HeLa e HEp-2, após 3 horas de contato

bactérias-células (Scaletsky et al., 1984). Aparentemente, o padrão AL está associado

com a produção de BFP, sendo que esta fimbria exerceria funções de agregação

bactéria-bactéria dentro das microcolônias bem como promoveria a aderência que

precede a aderência íntima mediada pela intimina (Girón et al., 1991).

A biogênese de BFP é codificada por um operon formado por 14 genes,

localizado no pEAF (Sohel et al., 1996; Stone et al., 1996), sendo que a regulação da

sua expressão envolve tanto genes plasmidiais (Tobe et al., 1996) como cromossômicos

(Zhang & Donnenberg, 1996), além de sinais ambientais característicos do intestino

delgado (Puente et al., 1996; Ordoñez, 1998).

Estudos realizados por Bieber et al. (1998) demonstraram que, além de

promover a agregação bacteriana em microcolônias, BFP estaria envolvida com o

evento de dispersão das bactérias dos mesmos agregados e que uma amostra mutante

nessa capacidade de dispersão apresentava uma virulência 200 vezes inferior, quando

comparada com a amostra selvagem. Esse fenômeno de agregação e dispersão foi

também examinado por Knutton et al. (1999), sendo associado às alterações na

conformação da estrutura quaternária de BFP, cujos feixes de filamentos ficariam

progressivamente maiores e mais espessos. Com a dispersão, as bactérias poderiam

infectar outros sítios promovendo uma colonização mais eficiente da mucosa do

intestino delgado. Essas evidências, no entanto, levaram a hipóteses controversas sobre

o papel de BFP na aderência inicial de tEPEC às células intestinais, uma vez que Hicks

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9

et al. (1998) sugeriram que BFP não estaria envolvida no estágio inicial de aderência de

tEPEC a tecidos intestinais humanos mantidos in vitro, mas apenas na formação do

complexo tridimensional das microcolônias.

As aEPEC, por sua vez, apresentam como principal característica a presença da

região LEE e ausência de pEAF e dos genes stx. Embora pertençam aos mesmos

sorogrupos das tEPEC, seus antígenos flagelares são distintos, conseqüentemente,

amostras típicas e atípicas de EPEC pertencem a diferentes sorotipos (Trabulsi et al.,

2002). Amostras de alguns sorotipos de aEPEC apresentam fatores de virulência

adicionais como a expressão da toxina enteroaggregative E. coli heat-stable toxin

(EAST-1) nos sorotipos O128:H2 e O119:H2 (Dias, 1998), enterohemolisinas no

sorotipo O111:H9 (Campos et al., 1994), o padrão de adesão agregativa a células

epiteliais no sorotipo O125:H6 (do Valle et al., 1997) e a adesina afimbrial AfaE-1 no

sorotipo O55:H7 (Keller et al., 2002). A grande maioria das amostras de aEPEC não é

capaz de produzir AL em ensaios de aderência de 3 horas; de modo geral, essas

amostras apresentam a formação de microcolônias mais frouxas, visualizadas após

ensaios mais prolongados (ensaios de 6 horas) promovendo a chamada adesão

semelhante à AL (AL-like) (Rodrigues et al., 1996). As principais características que

diferem as tEPEC das aEPEC encontram-se listadas no Quadro 2.

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10

Quadro 2: Principais características entre EPEC típica (tEPEC) e EPEC atípica

(aEPEC).

tEPEC aEPEC

Lesão A/E Presente Presente

pEAFa Presente Ausente

Genes stx Ausente Ausente

Expressão de BFP Presente Ausente

Padrão de adesão AL (3 horas) AL-like/AD/AL(6 horas)

Principais sorotipos O55:H6, O86:H34, O111:H2,

O114:H2, O119:H6, O127:H6,

O142:H6, O142:H34

O26:H11, O55:H7, O55:H34,

O86:H8, O111ac:H8, O111:H9,

O111:H25, O119:H2b, O125ac:H6,

O128:H2b

a detectado por hibridação com uma seqüência críptica de pEAF (sonda EAF) b contêm o operon bfp incompleto (Bortolini et al., 1999)

Pelo menos até meados da década de 90, tEPEC foi a causa principal de diarréia

infantil no Brasil (Trabulsi et al., 1961; Toledo et al., 1983; Trabulsi et al., 1985; Gomes

et al., 1991; Rosa et al., 1998; Scaletsky et al., 1999) e outros países em

desenvolvimento, embora fosse rara em países desenvolvidos (Nataro & Kaper, 1998).

Atualmente, aEPEC parece apresentar um maior significado em diarréia em países

desenvolvidos e alguns estudos preliminares vêm sugerindo que esse grupo tem

emergido como causa importante de diarréia também nos países em desenvolvimento

(Trabulsi et al., 2002, Franzolin et al., 2005).

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11

3. Adesinas em Escherichia coli diarreiogênicas

A existência de fatores de aderência adicionais a intimina tem sido então

sugerida, e diversos estudos utilizando modelos com linhagens celulares epiteliais e

intestinais in vitro têm sido realizados, no sentido de investigar a existência e a natureza

de novas adesinas tanto em amostras de STEC como em amostras de aEPEC.

Tarr et al. (2000) identificaram, no DNA de uma amostra de E. coli O157:H7,

um gene cromossômico associado com aderência, que codifica uma proteína similar à

proteína IrgA de Vibrio cholera (Goldberg et al., 1992). Essa proteína de 67 kDa foi

denominada adesina homóloga a IrgA (Iha).

Estudo realizados por Nicholls et al. (2000), em amostras de STEC-LEE

positivas, caracterizaram o locus gênico efa 1 (fator de aderência de EHEC), o qual foi

responsável pela adesão de STEC O111:H- em culturas de células CHO. LifA

(lymphostatin) é uma proteína de 365 kDa homóloga a Efa 1 encontrada em amostras de

EPEC.

Tatsuno et al. (2001) investigaram o papel do plasmídio pO157 na aderência de

E. coli O157:H7 (cepa Sakai) e relataram a importância de um gene denominado toxB

na aderência dessa amostra e na inibição de ativação de linfócitos gastrointestinais

murinos e humanos.

Torres et al. (2002) descreveram no cromossomo de EHEC O157:H7, cepa

EDL933, um operon fimbrial com alta homologia ao operon da fímbria polar longa

(LPF) de Salmonella enterica serovar Typhimurium. Esse estudo revelou que LPF

participa no aumento da aderência de E. coli O157:H7 a células eucarióticas e tem

importante papel na formação de microcolônias bacterianas. No mesmo ano, Doughty et

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12

al. (2002) descreveram um operon fimbrial relacionado à LPF em amostras de STEC

pertencentes ao sorotipo O113:H21 (lpfO113).

Paton et al. (2001) ao estudar o megaplasmídeo de uma amostra de STEC

O113:H21 (98NK2) identificou um gene denominado saa que codifica uma adesina

autoaglutinante. Essa adesina autoaglutinante (Saa) foi a primeira a ser descrita em

amostras de STEC LEE-negativas.

Estudos recentes conduzidos por Scaletsky et al. (2005) identificaram a

existência de uma nova adesina em uma amostra de aEPEC do sorotipo O26:H11. Um

inserto de aproximadamente 15 kb da região genômica dessa amostra denominada locus

for diffuse adherence (lda), confere aderência difusa em células HEp-2 quando expressa

em E. coli K-12. Surpreendentemente, ensaios de mutagênese sítio dirigida no gene

ldaG (subunidade estrutural) não mostrou nenhuma alteração no padrão de aderência da

amostra original.

Os genes envolvidos com a biogênese da fímbria tipo 1 estão organizados em

um operon cromossômico, presente na maioria das amostras de E. coli

independentemente de sua origem (Orndorff & Bloch, 1990). O produto do gene fimH

(FimH) determina a ligação aos receptores celulares e também tem capacidade de ligar-

se à fibronectina (Krogfelt et al., 1990).

4. Escherichia coli enteropatogênica atípica (aEPEC) em sorogrupos não

EPEC

Em estudos epidemiológicos conduzidos em São Paulo pelo laboratório da Dra.

Tânia Gomes em colaboração com o Centers for Disease Control and Prevention de

Atlanta, Ga., U.S.A., a região LEE (avaliada pela presença do gene eae) foi encontrada

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em um grupo de amostras de E. coli não pertencentes aos sorogrupos de EPEC, as quais

eram desprovidas de pEAF e dos genes stx (E. coli eae+ EAF- stx-) (Gomes et al., 1998).

Com base nessas características genéticas tais amostras foram, posteriormente,

classificadas como EPEC atípicas. Amostras de EPEC atípicas, não pertencentes a

sorogrupos de EPEC, foram isoladas tanto de crianças diarréicas como de algumas

crianças sem alterações gastrointestinais (Gomes et al., 1998).

Com o intuito de caracterizar o potencial de virulência dessa coleção de

amostras, Vieira et al. (2001) realizaram uma extensa análise genotípica e fenotípica

dessas amostras. Essa análise revelou uma diversidade de combinações de genes de

virulência das demais categorias patogênicas de E. coli. Entretanto, um sub-grupo,

desprovido de quaisquer desses marcadores, apresentando apenas o gene eae, foi o

único que mostrou associação epidemiológica com diarréia (Vieira et al., 2001).

Portanto, no nosso entender, esse sub-grupo é de grande interesse, uma vez que, em

diversos estudos epidemiológicos sobre a diarréia aguda, cerca de 20 a 30% dos casos

ainda permanecem sem diagnóstico (Gomes et al., 1991; Rosa et al., 1998).

Vieira et al. (2001) verificaram também que, com a exceção de uma única

amostra, que causou destacamento celular, todas as demais amostras de sua coleção

aderiam às células HeLa e Caco-2, a maioria exibindo o padrão AL-like ou variações do

padrão AL. No entanto, um grupo de 9 amostras apresentou a formação de

microcolônias compactas compatíveis com AL, embora apenas em ensaios de 6 horas

(AL6). Foi investigada, nessas amostras, a presença do gene bfpA, que codifica a

subunidade estrutural da fímbria BFP (Donnenberg et al., 1992; Sohel et al., 1993) e

verificou-se que eram desprovidas do referido gene. Tal resultado levou-nos a um

estudo preliminar onde investigamos, por meio de immunoblot, com soro policlonal

anti-BFP, se algumas dessas amostras eram capazes de expressar BFP, e o observado foi

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14

que nenhuma delas apresentou bandas compatíveis com a dessa fimbria. Esse resultado

lêvantou uma importante questão: Que tipo de estrutura estaria mediando a interação

bacteriana evidente no padrão AL? Essa estrutura teria papel na aderência a células

cultivadas ou mantidas in vitro?

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15

Objetivo

O presente estudo tem como objetivo principal identificar e caracterizar a

estrutura relacionada à formação de microcolônias bacterianas compactas,

características do padrão AL (6 h), em uma amostra de EPEC atípica, desprovida de

BFP e não pertencente a sorogrupos de EPEC.

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16

Material e Métodos

1. Amostras bacterianas

As 9 amostras de aEPEC, produtoras de AL6, estudadas foram isoladas de 5

crianças (16 a 41 meses de idade) com diarréia e 4 crianças sem diarréia na cidade de

São Paulo, São Paulo, Brasil (Vieira et al., 2001). Elas pertenciam a pelo menos 8

sorotipos distintos compreendendo, portanto, clones distintos (Vieira et al., 2001).

Inicialmente, todas as amostras foram avaliadas quanto à pureza, por meio de

testes bioquímicos convencionais, e quanto à manutenção das propriedades de

virulência já estabelecidas, conforme Vieira et al. (2001).

Nos diversos experimentos que compõem este estudo, foram utilizadas, como

controles, as seguintes amostras: E. coli E2348/69 (amostra protótipo de tEPEC,

sorotipo O127:H6, produtora de AL) e as amostras não patogênicas E. coli-K12 HB101

e DH5α. Na Tabela 1, encontram-se listadas todas as amostras bacterianas e plasmídios

utilizados neste estudo bem como suas principais características.

Os cultivos bacterianos foram realizados em caldo Luria Bertani (LB-anexo 1.1),

ágar MacConkey (Difco Laboratories) e Dulbecco`s Modified Eagle Medium (DMEM),

conforme as necessidades experimentais. Todas as amostras foram conservadas a -70ºC

em caldo Luria-Bertani (LB), acrescido de 20% de glicerol (LB-glicerol).

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17

Tabela 1: Características e origem das amostras de E. coli e plasmídios utilizados neste

estudo

Amostra ou plasmídio

Características relevantes Referência ou origem

0471-1

0621-6

1331-2

1551-2

2041-1

1112-6

2932-2

3522-6

4632-3

Amostras de aEPEC, sorogrupo não EPEC, que expressam AL6 Vieira et al. (2001)

1551-2:eae- Amostra 1551-2 mutada no gene eae Este estudo

E2348/69 Amostra protótipo de tEPEC do sorotipo O127:H6 Levine et al. (1985)

CVD206 E2348/69 mutada em eae Donnenberg & Kaper 1991

HB101 E. coli híbrida B/K-12 (Sm) Boyer & Roulland-Dussoix, 1969

DH5α E. coli supE44 ΔlacU169 (φ80 lacZ ΔM15) hsdR17 Sambrook et al., 1989

DH5αλpir DH5α lisogenizada com λpir (Nal) Elliott & Kaper, 1997

S17αλpir Pro, res-, mod+, RP4-2, Tc::UM-Km::Tn7 (SM) Simon et al., 1983

R861 Amostra de E. coli portadora de plasmídios de pesos moleculares conhecidos

Central Public Health Laboratory, Londres, Reino Unido

pJP5603 Plasmídio vetor suicida de baixo número de cópias contendo o replicon R6K; 3,1kb (Km)

Penfold & Pemberton, 1992

pGEM-T Easy Vetor plasmidial utilizado para clonagem de produtos amplificados por PCR

Promega

pMOSBlue Vetor plasmidial utilizado para clonagem de produtos Blunt

Amersham Biosciences

pRT1 pGEM-T Easy contendo um fragmento de ~924pb amplificado com os primers AE11/AE12

Este estudo

pRT2 pJP5603 contendo um fragmento EcoRI de ~924pb do gene eae extraído de pRT1

Este estudo

pISEQ1, 2 e 3 pMOSBlue contendo um fragmento de ~3kb amplificado com os primers AE11/escD

Este estudo

pCVD438 pACY184 contendo o gene eae da amostra E2348/69 Donnenberg & Kaper 1991

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18

2. Teste de Adesão

O padrão de adesão das amostras empregadas neste estudo foi avaliado em testes

em células HeLa, empregando-se a metodologia descrita por Cravioto et al (1979).

Monocamadas celulares incompletas, dispostas em microplacas de 24 orifícios contendo

lamínulas de vidro de 13 mm (preparadas no laboratório de cultivos celulares da

Disciplina de Microbiologia), foram lavadas com PBS (anexo 2.1) esterilizado e 1 mL

de Dulbecco Modified Essential Medium (DMEM) (anexo 2.2), acrescido de 2% de soro

fetal bovino e 1% de D-manose (anexo 2.3), foi adicionado a cada orifício da placa. Em

seguida, 20 uL de cultura bacteriana (cultivo em LB overnight) foram adicionados à

preparação e, após 6 h de incubação a 37oC (com intervalo para lavagem e troca de

meio após 3 horas), as preparações foram lavadas com PBS esterilizado, fixadas com

metanol e coradas com solução de May Grünwald (anexo 2.5) por 5 minutos e com

solução de Giemsa (anexo 2.6) por 20 min. As lamínulas foram observadas ao

microscópio óptico em aumento de imersão.

O ensaio de cinética de adesão, realizado para amostras selecionadas, foi

conduzido conforme a metodologia descrita acima, porém com os seguintes períodos de

incubação: 1 h, 2 h, 3 h, 4 h (3 h+1 h), 5 h (3 h+2 h) e 6 h (3 h+3 h). Após os diferentes

períodos de incubação, as preparações foram lavadas, fixadas, coradas e examinadas

como descrito acima.

Para a pesquisa da termorregulação da aderência, os ensaios de adesão foram

incubados à 18ºC por 3 horas. Após esse período, a monocamada foi lavada com PBS,

um novo meio foi adicionado e a placa foi reincubada à 18ºC por mais 3 horas. Em

seguida, as preparações foram lavadas, fixadas, coradas e examinadas como descrito

acima.

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19

3. Teste de FAS (Fluorescent actin-staining)

A capacidade de causar acúmulo de actina em células HeLa foi avaliada pelo

teste de FAS (Knutton et al., 1989). Para essa finalidade, foi realizado um teste de

adesão, em cujo final, as células foram fixadas com solução de formaldeído a 3%

(anexo 3.1), lavadas e permeabilizadas com Triton X-100 a 1% (anexo 3.2), durante 5

minutos. Após lavagens, as preparações foram tratadas com FITC-faloidina (solução de

isotiocianato de faloidina marcada com fluoresceína) a 5 μg/mL (anexo 3.3) e lavadas

novamente. Em seguida, as lamínulas foram montadas em lâmina de vidro com 10 μL

de glicerol a 90% em PBS e analisadas por microscopia de fluorescência.

4. Immunoblotting

As amostras foram pré-cultivadas em LB por 18 h a 37ºC. A seguir, foram

inoculados 100 μL destas culturas em 10 mL de DMEM e esse volume foi incubado a

37ºC, sob agitação constante, por um período de aproximadamente 6 h. Em seguida, as

culturas foram centrifugadas a 15.000 g por 15 minutos, os sedimentos foram

ressuspensos em 150 μL de tampão de amostra (anexo 4.1) e posteriormente, as

suspensões foram fervidas por 10 minutos, segundo a metodologia descrita por

Laemmli (1970).

As proteínas separadas através de SDS-PAGE (eletroforese em gel de

poliacrilamida contendo dodecil sulfato de sódio) a 12% (anexo 4.4) foram transferidas

para membrana de nitrocelulose por eletroforese. As membranas foram bloqueadas por

2 h com soroalbumina bovina (BSA a 3% - anexo 5.2) em solução de Tris pH 7,3

contendo Tween 20 à 0,05% (anexo 5.3). Em seguida, foram tratadas por 1 hora com o

soro policlonal diluído 500 vezes em Tampão Tris (anexo 5.3). Após as lavagens, foi

adicionado o anticorpo secundário, anti-imunoglobulina de coelho, produzido em cabra

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20

e conjugado com fosfatase alcalina (Sigma Chemical Co. – St. Louis, MO, USA) a uma

diluição de 1:2000, durante 1 h. As membranas foram reveladas pela imersão em

solução do substrato diaminobenzidina. O soro anti-BFP foi gentilmente cedido pelo Dr.

Jorge Girón (University of Arizona, Tucson, AZ), o soro anti-intimina universal foi

gentilmente cedido pelo Dr. Gad Frankel (Imperial College of Science, Technology and

medicine, Londres, Reino Unido) e o soro produzido contra a amostra 1551-2:eae-, foi

obtido neste estudo.

5. Imunomarcação com o soro anti-BFP

As amostras foram primeiramente cultivadas em LB (anexo 1.1), por 18 h a

37ºC. Após o crescimento, foi realizada uma diluição 1:100 em DMEM (anexo 2.2)

acrescido de 2% de soro fetal bovino, e incubadas por 3 h a 37ºC sem agitação. Após

esse período de incubação, as amostras foram centrifugadas durante 5 minutos a 700g, o

DMEM foi retirado e o sedimento, lavado com 1 mL de PBS esterilizado. Novamente

as amostras foram centrifugadas nas mesmas condições e o sedimento foi ressuspenso

em 100 μL de PBS esterilizado. De cada suspensão foram aplicados 10 μL em tela para

microscopia eletrônica. Após 5 minutos, o excesso das suspensões foi retirado e 10 μL

do soro anti-BFP, diluído 1:5 em PBS-BSA a 1%, pH 8,0, foram aplicados à

preparação.

Após 1 hora à temperatura ambiente, as telas foram submetidas a 5 lavagens

consecutivas com PBS-BSA a 1%, pH 7,2, e então, adicionados 10 μL do conjugado

proteína A-ouro coloidal, diluído 1:10 em PBS-BSA a 1%, pH 7,2. Após 1 hora, as

preparações foram lavadas 5 vezes com PBS-BSA a 1%, pH 7,2 e 5 vezes com água

bidestilada, e coradas com molibdato de amônio a 2% para posterior análise em

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21

microscópio eletrônico de transmissão Leo 906E, no laboratório de Biologia Celular do

Instituto Butantan, em colaboração com a Drª Sylvia Mendes Carneiro.

6. Microscopia eletrônica de transmissão

Primeiramente, foi realizado um ensaio de interação de 6 horas com células

HeLa cultivadas até a obtenção de monocamadas semi-confluentes, sobre lamínulas de

vidro colocadas nos poços de microplacas de 24 orifícios. Após esse período de

interação, as células foram lavadas três vezes com PBS e fixadas em solução fixadora

durante, no mínimo, 2 horas.

Resumidamente, as células foram pós-fixadas com tetróxido de ósmio a 1%

(anexo 6.3) e desidratadas em gradiente de etanol (Merck). A embebição e inclusão do

material foram feitas em resina Spurr (Spurr, 1969) da seguinte maneira: cápsulas de

gelatina transparente foram preenchidas com a resina e emborcadas sobre as lamínulas,

previamente recobertas por uma fina camada de resina, no local de maior densidade de

material. As lamínulas com as cápsulas mantidas na vertical foram levadas para

polimerizar em estufa a 70ºC durante 2 horas.

Em seguida, as lamínulas foram retiradas com jato de N2 líquido e as cápsulas

com material foram levadas ao ultramicrótomo MT6000 (Sorvall) para a confecção de

cortes finos (60-70 nm). Os cortes foram coletados em grades de cobre e contrastados

com acetato de uranila a 2% (anexo 6.4) e citrato de chumbo (anexo 6.5) (Reynolds,

1963).

O exame do material e as micrografias eletrônicas foram feitos ao Microscópio

Eletrônico de Transmissão Leo 906E, no laboratório de Biologia Celular do Instituto

Butantan em colaboração com a Drª Sylvia Mendes Carneiro.

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22

7. Técnicas de manipulação e de análise de DNA

Exceto quando indicado, as técnicas de manipulação e de análise de

DNA utilizadas estão descritas em Sambrook et al. (2001) e Ausubel et al. (1995).

7.1 Extração de DNA plasmidial em pequena escala

A extração de DNA plasmidial em pequena escala foi realizada utilizando-se o

kit Wizard® Plus SV Minipreps DNA Purification System (Promega, Madison, WI,

USA), conforme recomendações do fabricante.

7.2 Extração de DNA plasmidial em larga escala

O kit Qiagen – Plasmid Midi (Quiagen Inc., EUA) foi empregado para a

extração de DNA em larga escala, segundo recomendações do fabricante. Os

sedimentos de DNA foram ressuspensos em TE (anexo 7.5) e analisados quanto a

sua pureza e concentração em gel de agarose.

7.3 Eluição dos fragmentos do DNA do gel de agarose

Após separação e visualização dos fragmentos de DNA, estes foram eluídos do

gel utilizando o kit: Wizard® SV Gel and PCR Clean-Up System (Promega, Madison,

WI, USA), conforme recomendações do fabricante.

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23

7.4 Reações de digestão de DNA

As reações de digestão com as enzimas de restrição foram realizadas em um

volume final de 20 μL. As reações foram realizadas empregando-se os tampões e as

temperaturas apropriadas, de acordo com as recomendações do fabricante para cada

enzima de restrição empregada neste estudo.

7.5 Reação de precipitação do DNA

O DNA foi precipitado pela adição, a uma solução de 100 μL de DNA em

tampão TE, de 10 μL de acetato de sódio 3 M (pH 4,8) e 300 μL de etanol (p.a.), a

solução foi homogeneizada e incubada a -70ºC durante 1 hora. Após este período a

solução foi centrifugada a 4ºC durtante 15 minutos a 16.000 g, o sobrenadante foi

então descartado e 800 μL de etanol 80% foram acrescentados para lavagem do

sedimento. A solução foi novamente centrifugada a 16.000 g por 5 minutos. Após

essa centrifugação todo etanol foi removido e o sedimento foi seco à temperatura

ambiente e então ressuspenso em água ou no tampão de interesse.

7.6 Extração de DNA genômico

A extração de DNA genômico foi realizada utilizando-se o Easy-DNA™ Kit

(For genomic DNA isolation – Protocol #3 – Invitrogen, USA), conforme

recomendações do fabricante.

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24

7.7 Eletroporação

O DNA recombinante foi transformado em células bacterianas competentes

através de eletroporação. As células competentes foram preparadas segundo

metodologia descrita por Ausubel et al., (1995), aliquotadas em volumes de 40 μL e

mantidas à -70ºC.

Para a transformação, as células competentes foram descongeladas em gelo e 1

μL de DNA plasmidial foi adicionado à alíquota de células competentes. Essa

msitura foi transferida para cubetas apropriadas de 0,2 cm (Biorad, EUA),

previamente resfriadas. Para eletroporação foi utilizado um eletroporador GenePulse

(Biorad, EUA), a 2,5 kV, 25 μF e controle de pulso de 200Ω.

Após a eletroparação foi adicionado imediatamente 1 mL de mio SOC (anexo

10) à reação, e a mesma foi incubada à 37ºC durante 1 hora sob agitação a 250 r.p.m.

Em seguida, os cultivos foram plaqueados em diferentes volumes em agar LB (anexo

1.1) contendo antibioóticos apropriados e as placas incubadas à 37ºC por 18 horas.

7.8. Reação de polimerização em cadeia (PCR)

A técnica de PCR utilizou DNA molde obtido a partir de uma colônia bacteriana

cultivada em meio sólido (16-18 horas a 37ºC), ressuspensa em 300 μl de água

bidestilada esterilizada e submetida à fervura durante 10 minutos. As reações foram

realizadas em banho de gelo, em tubos tipo Eppendorf de 0,2 ml, onde foram

colocados o DNA molde (lisado bacteriano) e todos os reagentes (Invitrogen, USA)

descritos a seguir:

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25

Tampão PCR (10 x)..................................................................... 1x

dNTPs (1 mM)............................................................................ 0,2 mM*

MgCl2 (50 mM)........................................................................... 1,5 mM

Primer F...................................................................................... 100 pmoles

Primer R...................................................................................... 100 pmoles

Taq DNA polimerase (5U/μl)...................................................... 2,5 U

DNA molde................................................................................. 5,0 μl

Água bidestilada esterilizada q.s.p. ............................................. 50,0 μl

* Concentração final de cada nucleotídeo em uma reação.

Em seguida, as preparações foram colocadas em um aparelho termociclador

(GeneAMP PCR System 2400, Perkin Elmer Cetus, Norwalk, CT, USA) e

submetidas a ciclos específicos de condições de desnaturação, anelamento e

extensão. As seqüências nuleotídicas dos primers utilizados estão descritas na Tabela

2.

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26

Tabela 2: Primers e condições utilizadas para os ensaios de PCR

Marcadores Descrição Seqüências (5’ – 3’) Condições Tamanho do fragmento

Referências

desnaturação Anelamento extensão

saa STEC autoagglutinating adhesion

CGT GAT GAA CAG GCT ATT GC ATG GAC ATG CCT GTG GCA AC

94ºC 30 seg.

58ºC 1min.

72ºC 40 seg.

119 pb Jenkins et al. 2003

paa porcine A/E-associated gene

CTC GAG AGT GCC TTT CCT GG GGA TCC ATG AGG AAC ATA A

94ºC 45 seg.

55ºC 30 seg.

72ºC 90 seg.

760 pb Batisson et al. 2003

toxB Plasmidial locus found in EHEC O157:H7 implicated in adhesion

TAA AGC AGA AAA ATG CGA CAG AAG AT TAG TAA GTA GAG TAG AAC TGG GGG ATG

94ºC 1min.

64ºC 1min.

72ºC 1min.

250 pb Badea et al. 2003

iha IrgA homologous adhesion

CAA ATG GCT CTC TTC CGT CAA TGC CAG GTC GGG GTT ACC AAG T

94ºC 1 min.

59ºC 1 min.

72ºC 1min.

925 pb Szalo et al. 2002

ldaG Locus for diffuse adherence

AAA GAT CTG TGA TGA GGT TCA GGT GAA G AAA TCT AGA TGC AGA CGC AAC TAC AGC CA

94ºC 1min.

55ºC 1min.

72ºC 2min.

920 pb Scaletsky et al. 2005

lpfAO113 long polar fimbria

ATG AAG CGT AAT ATT ATA G TTA TTT CTT ATA TTC GAC

94ºC 1min.

52ºC 50seg.

72ºC 1min.

573 pb Doughty et al. 2002

ler LEE-encoded regulator

CAT CCG TGA TGG TCT GCT GAC C ACA GCT GAC GGC CCA CCC AG

94ºC 1min.

65ºC 1min.

72ºC 1min.

391 pb Deng et al. 2001

eae ι Intimina Iota TTT ATC CTG CTC CGT TTG CT

CCC GAA TTC GGC ACA AGC ATA AGC 94ºC

30seg. 52ºC 1min.

72ºC 2min. 30seg.

2.685 pb Zhang et al. 2002

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27

Tabela 2 (continuação) - Primers e condições utilizadas para os ensaios de PCR.

* Fragmento amplificado com Elongase® Amplification System (Invitrogem, USA)

Marcadores Descrição Seqüências (5’ – 3’) Condições Tamanho do fragmento

Referências

desnaturação Anelamento extensão

eae ζ Intimina Zeta TAG TTG TAC TCC CCT TAT CC

CCC GAA TTC GGC ACA AGC ATA AGC 94ºC

30seg. 53ºC 1min.

72ºC 2 min.

30seg.

2.430 pb Zhang et al. 2002

eae (AE11/AE12)

Região conservada do gene eae

CCC GGC ACA AGC ATA AGC TAA ATG ACT CAT GCC AGC CGC TCA

94ºC 1min.

68ºC 1min.

72ºC 1min.

924 pb Gannon et al. 1993

cat Gene que confere resistência ao cloranfenicol encontrado no plasmidio pBSL181.

GGG CAC CAA TAA CTG CCT TA

TGT GAC GGA AGA TCA CTT CG 94ºC 1min.

60ºC 1min.

72ºC 1min.

1.000 pb

Este estudo

bfpL Bundle-forming pillus GAG TGG TGT CAC AGG GCT TCT GTT

ACA GTT CTG GTG GTG CTA TCC CGT 94ºc

30seg. 58ºC

30seg. 72ºC 1min.

~500 pb Drª Rosa Maria Silva (comunicação pessoal)

fimH Fímbria tipo I GAC GTC ACC TGC CCT CCG GTA

TGC AGA ACG GAT AAG CCG TGG 94ºC

30seg. 63ºC

30seg. 72ºC 1min.

~508 pb Johnson & Stell 2000

eae (AE11/escD)

Intimina CCC GGC ACA AGC ATA AGC TAA

CAG AAC ATT CAG CCG TAC 94ºC

30seg. 57ºC

30seg. 68ºC 5min.

~3.100 pb* Gannon et al., 1993; este estudo

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28

7.9 Perfil plasmidial (Birnboim & Doly)

A análise do perfil plasmidial foi realizada por meio da extração dos plasmídios

por lise alcalina, segundo metodologia descrita por Birnboim & Doly (1979).

As amostras em estudo foram semeadas em LB (anexo 1.1) e incubadas a 37ºC

durante 12-18 horas, sob agitação. Após esse período, as culturas foram centrifugadas, o

sobrenadante desprezado e o sedimento ressuspenso em 100μL de solução I (anexo 7.1).

Depois de um período de 30 minutos em banho de gelo, foram adicionados 200 μL de

solução II (anexo 7.2). Depois de homogeneizadas, as preparações foram adicionadas de

150 μL de solução III (anexo 7.3) e, após 15 minutos de centrifugação a 16.000g, 100

μL da solução de acetato de sódio (anexo 7.4) foram acrescentados juntamente com 250

μL de etanol a 80%, e as preparações foram incubadas por 30 minutos a -20ºC. Após

este intervalo, as amostras foram centrifugadas por 5 minutos a 16.000g, o sobrenadante

aspirado e 2 volumes de etanol a 70% foram adicionados, deixando as amostras à

temperatura ambiente por 2 minutos. As preparações foram novamente centrifugadas

por 2 minutos e os sobrenadantes aspirados. Depois de secos em temperatura ambiente,

os sedimentos foram suspensos em 20 μL de TE (anexo 7.5).

Após a extração, o DNA plasmidial foi analisado através de eletroforese em gel

de agarose (0,7%). As bandas de DNA plasmidial da amostra E. coli R861 foram

utilizadas como marcadores de pesos moleculares conhecidos.

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29

7.10 Construção do mutante em eae por nocaute não polar

A estratégia de mutagênese não-polar foi empregada com a finalidade de se

obter uma derivada da amostra 1551-2 que não expressasse intimina. Para atingir este

objetivo, foi utilizado o vetor suicida pJP5603, clonado com parte do gene a ser

nocauteado (Penfold & Pemberton, 1992).

Inicialmente, um fragmento de 924 pb do gene eae foi amplificado, a partir da

amostra selvagem 1551-2, e clonado no vetor pGEM – T Easy (Promega, Madison, WI,

USA). Após ligação, células competentes de E. coli JM109 foram transformadas por

eletroporação e plaqueadas em agar LB contendo ampicilina (100 μg/ml), IPTG

(isopropil-β-D-tiogalactopiranosídio) (0,5 mN) e X-Gal (5-bromo-4-cloro-3-indolil-β-

D-galactosídio) (80 μg/ml), conforme descrito pelo fabricante. As colônias brancas,

resistentes a ampicilina, foram selecionadas para confirmação da presença do inserto

por PCR e por reações de digestão com EcoRI. Após essa etapa de clonagem, o

fragmento do gene eae clonado em pGEM – T Easy foi extraído do vetor com EcoRI,

eluído do gel utilizando o kit Wizard® Plus SV Minipreps DNA Purification System

(Promega, Madison, WI, USA), e ligado ao vetor pJP5603 (Km) no sítio de EcoRI.

Após ligação, as células competentes de E. coli DH5αλpir foram transformadas também

por eletroporação e plaqueadas em ágar LB contendo canamicina (50 μg/mL) e X-Gal

(80 μg/ml). As colônias brancas, resistentes a canamicina, foram selecionadas e testadas

para a presença do inserto por PCR. As colônias que apresentaram o inserto foram

armazenadas a –70ºC em LB-glicerol contendo canamicina. Em seguida, o DNA

recombinante foi extraído e transferido para E. coli S17-λpir por eletroporação.

Para os experimentos de conjugação, foi utilizada como receptora a amostra

selvagem 1551-2 que apresenta resistência ao ácido nalídixico (selecionada neste

estudo). As amostras de E. coli S17-1λpir (KmR) (doadora) e 1551-2 (NalR) (receptora)

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30

foram cultivadas por 16 a 18 h em 3 ml de caldo LB contendo os respectivos

antibióticos. Em seguida, 1 ml da doadora e 100 μl da receptora foram centrifugados a

700g, por 15 minutos, e ressuspensos em 100 μl de LB.

Os cultivos foram misturados sobre a superfície de membranas de filtração de

poros de 0,45 μm (Millipore), dispostas sobre placas de Petri contendo ágar LB. Duas

membranas foram colocadas em cada placa. Após incubação por 16 a 18 h, o

crescimento de cada membrana foi suspenso novamente em 10 ml de PBS. A seguir, 50,

100 e 150 μl da suspensão (mistura de conjugação) foram semeados em ágar LB

contendo canamicina e ácido nalidíxico.

Os mutantes aqui selecionados foram avaliados quanto à perda da capacidade de

expressar a adesina intimina por immunoblot, utilizando anti-soro específico contra

intimina, gentilmente cedido pelo Dr. Gad Frankel do Imperial College of Science,

Londres.

7.11 Mutagênese por Mini-Tn 10

O Transposon Mini-Tn10 foi empregado para a construção de um banco de

mutantes da amostra 1551-2:eae-, já mutada no gene eae, que codifica a adesina

intimina.

O Transposon Mini-Tn 10 (Alexeyev et al., 1995) foi introduzido na amostra

1551-2:eae- por conjugação entre a amostra doadora S17-λpir (que contém o plasmídio

pBSL181, com o transposon Mini-Tn10) e amostra receptora, 1551-2:eae-. As amostras

S17-λpir (pBSL181) doadora (CloR) e 1551-2:eae- receptora (NalR) foram cultivadas

por 16 a 18 horas em 3 ml de caldo LB contendo os respectivos antibióticos. Em

seguida, 1 ml da doadora e 100 μl da receptora foram centrifugados a 700g, por 15

minutos e ressuspensos em 100 μl de LB.

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31

Os cultivos foram misturados sobre a superfície de membranas de filtração de

poros de 0,45μm (Millipore), dispostas sobre placas de Petri contendo ágar LB. Após

incubação por 18 horas, o crescimento de cada placa contendo as membranas foi

suspenso em 10 ml de PBS. Foram realizados 10 eventos de conjugação.

7.12 Pesquisa de Determinantes Genéticos de Virulência pelo ensaio de Hibridação

de Colônias (Colony blot)

As amostras de aEPEC foram semeadas em 3 mL de caldo LB (anexo 1.1) e

incubadas por 16 horas em estufa a 37ºC. A seguir, foram semeadas em placas de agar

MacConkey , por meio da técnica de placas mestre e incubadas por 16 horas à 37ºC. Em

seguida, uma folha de papel de filtro Whatman nº. 541 (Whatman, New Jersey, EUA)

de mesmo diâmetro da placa foi pressionada sobre as colônias bacterianas a fim de

transferi-las para os filtros, procedendo-se à incubação dos mesmos por 1 hora à 37ºC.

Os filtros assim obtidos foram tratados segundo metodologia descrita por Maas (1983),

com solução desnaturante (anexo 8.1), expostos aos vapores de água fervente durante 3

minutos e novamente tratados com solução desnaturante por 1 minuto, à temperatura

ambiente. Após esse período, os filtros foram imersos em solução neutralizante (anexo

8.2) durante 4 minutos e colocados para secar a 65ºC.

Os fragmentos de DNA utilizados como sondas foram obtidos por PCR,

marcados com 50 μCi de [α-32P] dCTP (Amesham Biosciences UK Limited), com

atividade específica de 3.000 Ci/nmol utilizando-se o kit Ready-To-Go DNA labelling

Beads (-dCTP) (Ameshan Biosciences UK Limited), segundo especificações do

fabricante.

Os fragmentos de DNA, num total de 100ng, em volume de 45μL de água,

foram desnaturados por 5 minutos a 100ºC e, em seguida, mantidos em banho de gelo.

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32

A solução foi transferida para os microtubos do kit contendo a mistura de marcação e

delicadamente homogeneizada. Em seguida, 50 μCi de [α-32P] dCTP foram adicionados

à mistura e o tubo foi incubado a 37ºC por 20 minutos. A purificação dos nucleotídeos

marcados não incorporados foi realizada em microcolunas de Sephadex G50

ProbeQuant G50 microcolumns (Pharmacia-Biotech, New Jersey, EUA), segundo

recomendações do fabricante. O fragmento sonda assim obtido foi mantido a -20ºC até

o momento do uso.

Os filtros foram incubados durante 1 hora à 65ºC, em solução de pré-hibridação

(anexo 8.4) acrescida de 100μg/mL de DNA desnaturado de esperma de salmão

(Eppendorf, USA), sob agitação lenta. Foi empregado o volume de 5mL de solução de

hibridização por filtro. Em seguida, os filtros foram transferidos para sacos plásticos

contendo nova solução de pré-hibridação (anexo 8.4) acrescida de aproximadamente 105

cpm/mL da sonda radioativa, previamente desnaturada à 100ºC por 5 minutos. Os sacos

de hibridização foram selados e incubados por 18 horas à 65ºC sob agitação lenta. Após

este período, os filtros foram transferidos para recipientes adequados para posterior

lavagem. A seguir, a solução de hibridação contendo a sonda radioativa foi retirada, e os

filtros foram lavados por duas vezes durante 15 minutos à 65ºC, sob agitação lenta, em

solução de SSC a 0,1 x e SDS a 0,1% e duas vezes em solução de SSC a 0,1 x e SDS a

0,05%. Após este período, os filtros foram secos à temperatura ambiente e

autoradiografados, pela exposição a filmes de raio X (X-Omat-R, Eastman Kodak –

Rochester, NY, USA), em cassetes apropriados contendo tela intensificadora, por 18

horas à -70ºC. Em seguida, o filme foi revelado em revelador automático de filmes de

raios X.

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33

7.13 Southern blotting

Após separação eletroforética e visualização do DNA genômico digerido, o gel

de agarose foi submetido a dois banhos de aproximadamente 15 minutos à temperatura

ambiente com solução desnaturante (anexo 9.1). Em seguida, o gel foi submetido a dois

banhos de água para lavagem da solução desnaturante e transferido para dois banhos

consecutivos de solução neutralizante (anexo 9.2) por 15 minutos à temperatura

ambiente.

O DNA genômico da amostra 1551-2 e do seu mutante em intimina (extraído

com o kit DNA Easy – Invitrogen), digeridos com HindIII, foi tranferido do gel de

agarose para a membrana de nylon positivamente carregada, utilizando-se o aparato de

transferência Vaccugene XL – Vaccum Blotting System (Pharmacia, EUA), durante 1

hora sob vácuo a baixa pressão (50 mbar), segundo recomendação do fabricante. Após

transferência, a membrana de nylon contendo o DNA cromossômico foi retirada do

equipamento e submetida a um banho de 20 minutos à temperatura ambiente com

solução SSC 2 x, e seca ao ar. A seguir a membrana foi colocada em um recipiente, que

continha solução de pré-hibridação por 1 hora à 37ºC.

As membranas foram então submetidas à hibridação com sonda marcada

radioativamente para sequências gênicas de nosso interesse, sendo processadas e

reveladas como descrito para o Colony-blot.

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34

8. Produção de anti-soro em coelho

A amostra 1551-2:eae- foi cultivada em DMEM a 37ºC por 18 h sem agitação.

Em seguida, as células bacterianas foram coletadas e ressuspensas em 2 ml de PBS com

0,5% de formaldeído, procedimento realizado em esterilidade e mantidas a 4ºC. Para as

imunizações, o inóculo foi ajustado para uma concentração bacteriana equivalente ao

tubo 1 da escala de MacFarland (3x108 UFC/ml) em solução salina. Essa suspensão foi

inoculada por via endovenosa em coelhos albinos jovens (raça New Zealand), com

aproximadamente 60 dias de idade. O esquema de imunização foi realizado de acordo

com o descrito por Ewing (1986) e incluiu inoculações em volumes crescentes de 0,5 a

4,0 ml com intervalos de 3 dias entre as mesmas.

A sangria branca foi realizada após uma semana da última dose reforço. O

sangue coletado foi mantido por 2 horas a 37ºC e, então, centrifugado (700 g durante 10

min) para separação do soro. O soro coletado foi inativado por incubação à 56ºC por 1

hora.

9. Curva de crescimento

Para a realização da curva de crescimento, a amostra 1551-2:eae- e a amostra

mutada não aderente 143 foram cultivadas durante 18h à 37ºC. Após esse período cada

cultura foi diluída na razão 1:50, utilizando-se erlenmeyer de 250 mL contendo 20 mL

de caldo LB pré-aquecido à 37ºC. Essa suspensão foi incubada, com agitação, a 37ºC

por 30 minutos e só após esse período foi retirado 1 mL para a realização da primeira

leitura da DO600.

As leituras foram realizadas em intervalos de 20 minutos até que o teste tivesse

completado 3 horas de duração, gerando assim 10 pontos de comparação.

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35

10. Absorção do anti-soro utilizando-se o mutante não aderente

Foi realizada utilizando-se o mutante não aderente obtido neste estudo o qual foi

cultivado em 100 mL de caldo LB durante 18 horas à 37ºC. Após esse período, o cultivo

bacteriano foi dividido em 4 tubos plásticos de centrífuga e centrifugado a 5.200g por 5

minutos. Após essa centrifugação, 2 dos tubos de centrífuga foram armazenados em

geladeira e aos outros 2 tubos foram adicionados 5 mL de PBS, sendo então submetidos

à fervura por aproximadamente 1 hora. Em seguida, esses tubos foram novamente

centrifugados à 5200g por 5 minutos, o sobrenadante foi desprezado e, ao sedimento,

foi adicionado aproximadamente 1 mL de soro.

Essa mistura foi mantida por 2 horas à 48ºC, e homogeneizada a cada 15

minutos. Após 2 horas de incubação, a mistura sedimento + soro foi centrifugada à

11600 g por 30 minutos, e o sobrenadante (soro) foi transferido para outro tubo.

11. Sequenciamento do DNA

Com o objetivo de sequenciar a região C-terminal do gene eae da amostra 1551-

2, um fragmento de aproximadamente 3,1 kb foi amlificado, através de reação de PCR

com a enzima Elongase (Invitrogen, USA), utilizando-se os primers AE11/escD. Esse

fragmento foi então clonado no vetor pMOSBlue Blunt Ended Cloning Kit (Amersham

Biosciences), segundo recomendações do fabricante. Os plasmídios recombinantes

obtidos foram denominados de pISEQ1, pISEQ2 e pISEQ3

Para o seqüenciamento do inserto dos 3 clones recombinantes, pISEQ1, 2 e 3

(pMOS + gene eae da amostra 1551-2), foram utilizados os oligonucleotídeos

escD/SeqR2/SeqR3 descritos na Tabela 3, sendo os procedimentos realizados em

seqüencidador automático ABI377/96 (Applied Biosystems), utilizando terminadores de

cadeia dideoxinocleotídeos fluorescentes BigDye, com o seguinte programa: 96ºC 5

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36

min.; 25 x [96ºC 20 seg., 50ºC 10 seg.; 60ºC 4 min.]. As seqüências resultantes (reads),

em forma de cromatogramas, foram utilizadas para montar seqüências da região clonada

– contigs – com o auxílio dos programas Phred, Phrap e Consed (Gordon et al., 1988).

Tabela 3: Seqüência dos primers utilizados nos experimentos de seqüenciamento.

Primers Seqüências

escD CAG AAC ATT CAG CCG TAC

SeqR2 CCT AGA GGG GTG GTT TGT GG

SeqR3 GCT GAG TAC CAT GTA TAT TTC CCG

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37

Resultados

1. Seleção da amostra

Com o objetivo de eleger uma amostra para a caracterização da estrutura

responsável pelo padrão AL (figura 3), em ensaios de 6h, uma coleção de 9 amostras,

obtidas anteriormente em nosso laboratório, foi submetida a um ensaio de adesão para

confirmar o padrão anteriormente descrito. A coleção de amostras também foi analisada

quanto ao perfil de bandas de DNA plasmidial (figura 4), e a combinação de genes de

virulência que apresentavam (tabela 4).

Vieira et al. (2001) haviam demonstrado previamente que estas amostras eram

potencialmente capazes de promover lesões A/E, em células HeLa e em células

intestinais Caco-2, uma vez que foram positivas no teste de FAS. Neste estudo, esta

propriedade foi confirmada em células HeLa, para uma amostra selecionada (1551-2),

pela observação da formação de lesão A/E (formação de estruturas semelhantes a

pedestais, sob as bactérias aderidas intimamente, por microscopia eletrônica de

transmissão) (Figure 5).

A ocorrência de plasmídios de alto peso molecular compatíveis com pEAF foi

analisada em gel de agarose. Embora 8 das 9 amostras tenham apresentado uma ou duas

bandas de alto peso molecular (entre 27 e 110 MDa), uma amostra (1551-2) foi

desprovida de plasmídios (Figure 4; Tabela 4). Além disto, somente duas amostras

(0471-1 e 2932-2) carrearam bandas de 60-65 MDa, as quais foram compatíveis com o

tamanho de pEAF.

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38

Os sub-tipos de intimina haviam sido previamente analisados por PCR para 5 (α,

β, γ, δ, e ε) (Vieira et al., 2001) de pelo menos 16 subtipos conhecidos de intimina

(Garrido et al. 2006). Neste estudo, esta analise foi estendida para outros dois subtipos

(ι and ζ) (Zhang et al. 2002); observou-se que duas amostras carrearam intimina β,

enquanto as 7 restantes foram não tipáveis, com os primers testados.

O envolvimento de varias estruturas adesivas recém descritas em E. coli, isto é,

Saa, Paa, ToxB, Iha, Lpf e Lda, nas propriedades de aderência das amostras foi avaliada

por PCR. A presença de ler (LEE-encoded regulator) foi também avaliada. Os dados

das seqüências de virulência encontradas foram combinados com dados reportados

previamente para estas amostras (Vieira et al, 2001; Gomes et al., 2004) e estão

apresentados na Tabela 3. É interessante ressaltar que 3 amostras foram desprovidas do

gene regulatório ler, ou que as seqüências desse gene, nestas 3 amostras, diferiam nas

regiões de anelamento dos primers.

A caracterização dessa coleção de 9 amostras de aEPEC, sorogrupo não EPEC,

que expressam AL na ausência de BFP, revelou uma grande diversidade genética e de

sorotipos, porém nenhuma adesina comum, que pudesse estar envolvida com a

formação de microcolônias bacterianas compactas, foi identificada. Apenas duas

amostras foram positivas quando testadas com a sonda paa e lfpAO113 (0621-6 e 4632-3

respectivamente). Apesar de todas as 9 amostras terem sido positivas para a sonda eae,

o subtipo de intimina não pode ser determinado para a maioria das amostras, sendo o

subtipo β encontrado em apenas duas amostras (2932-2 e 4632-3).

A amostra de aEPEC 1551-2, que havia sido isolada de uma criança com

diarréia sem nenhum outro patógeno associado (Vieira et al., 2001), foi eleita para a

identificação da estrutura responsável pela formação de microcolônias bacterianas

compactas na ausência de BFP, por ser desprovida de bandas de DNA plasmidial, e de

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39

fatores adicionais de virulência, até então descritos. A ausência de bandas de plasmídios

nessa amostra demonstra que o fenótipo de interesse é codificado por genes localizados

no cromossomo bacteriano.

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40

Tabela 4. Características clínicas, fenotípicas e genotípicas de 9 amostras de EPEC atípicas não pertencentes a sorogrupos de EPEC que

expressam adesão localizada em 6 horas (AL6) na ausência de Bundle forming pilus.

Amostras Diarréia Idade do

Paciente

(meses)

Sorotipoa Bandas de DNA

plasmidial b (MDa)

Tipo de

Intimina

Genes de Virulênciad

0471-1 Sim 24 ONT:H19 60,8; 39, 3 NT eae irp2

0621-6 Sim 16 O41:H- 110,0; 88,0 NT ler eae inv paa

1331-2 Sim 35 O70:H2 81,8 NT ler eae irp2

1551-2 Sim 23 ONT: H- - NT eae

2041-1 Sim 41 ONT: H2 36,4 NT ler eae

1112-6 Não 24 R:H11,21 75,9 NT ler eae irp2 astA pet

hly

2932-2 Não 34 O153:H7 65,5 β ler eae

3522-6 Não 23 ONT:H11 75,9; 27,2 NT eae irp2 astA pet hly

4632-3 Não 16 ONT: H- 45,2 β ler eae irp2 astA lpfA a NT, não tipável com os anti-soros O1 to O173 e H1 to H56; H-, imóvel; R, rugosa (Vieira et al., 2001) b Tamanho aproximado; somente bandas de alto peso molecular (> 15 MDa) c NT, não tipável com as seqüências testadas (α, β, γ, δ, ε, ι, ζ) (Vieira et al., 2001 e este estudo). d E. coli seqüências genéticas pesquisadas: bfpA, perA, EAF, E-hly, inv, EAEC, aggR, aggC, aafC, aspU, shf, irp2, pet, pic, astA, pap, afa, sfa , daaC, cdt, cnf, hly (Vieira et al., 2001; Gomes et al., 2004); e saa, paa, toxB, iha, ldaG, lpfA e ler (este estudo).

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41

Figura 3: Padrão de adesão localizada apresentado pela amostra E. coli 1551-2. Ensaiorealizado em células HeLa, utilizando 6 horas de contato. Pode-se observar a presença deagregados compactos de bactérias aderidas em regiões localizadas das células.

Figura 4: Gel de agarose a 0,7% com perfis de bandas de DNA plasmidial de 9 amostras deaEPEC de sorogrupos não EPEC e de E. coli R 861, contendo bandas de pesos molecularesconhecidos como padrão. Observa-se a ausência de bandas de DNA plasmidial na amostra1551-2.

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42

Figura 5: Microscopia Eletrônica de Transmissão da amostra 1551-2. Observa-se nessa figuraa formação do pedestal característico detectado na lesão attaching and effacing (seta).

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43

2. Caracterização da amostra 1551-2

Uma vez eleita uma amostra que mantivesse o padrão AL, fomos verificar se ela

realmente não era capaz de expressar a fímbria BFP. Para isso, foi realizado um

immunoblot com o soro policlonal anti-BFP, e observamos que a amostra 1551-2 não

foi capaz de expressar a fímbria BFP, pois não apresentou uma banda de proteína

compatível (~18 kDa) com a observada na amostra protótipo de EPEC E2348/69,

utilizada como controle positivo (Figura 6).

Dados obtidos por Vieira et al. (2001) já indicavam que a amostra 1551-2 não

reagia com a sonda bfpA, correspondente a sub-unidade estrutural da fímbria. Mesmo

em posse dessa informação, fomos buscar, por PCR, se a amostra em questão poderia

conter algum outro gene relacionado ao operon bfp, uma vez que dados obtidos por

Bortolini et al. (1999) indicaram que algumas amostras de EPEC apresentavam uma

deleção de aproximadamente 13 kb no operon bfp, o que resultava em uma ausência de

expressão dessa fímbria. Para tanto, foram utilizados primers para o gene bfpL, sendo

que as reações não geraram amplificação na amostra 1551-2 (figura 7).

Figura 6: Ensaio de Imunoblot de proteínas totais das amostras E2348/69 e 1551-2,utilizando o soro anti-BFP. Observa-se que somente a amostra E2348/69 é capaz de produzira proteína de 18 kDa (seta), correspondente à subunidade estrutural da fímbria BFP.

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44

Também pesquisamos nessa amostra, usando PCR para o gene fimH, a presença

do operon da fímbria tipo I, e verificamos que, nesse caso, também não ocorreu a

amplificação de uma banda referente ao gene fimH (correspondente à proteína adesiva

da fímbria), o que nos indica que essa amostra não expressa a fímbria tipo I (Figura 8).

Figura 7: Gel de agarose com o produto de amplificação do gene bfpL dasamostras: E2348/69, 1551-2 e E. coli HB101. Podemos observar que aamplificação com a amostra 1551-2 não gerou um fragmento (~500 pb)correspondente ao observado na amostra E2348/69, utilizada como controlepositivo do experimento.

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45

Finalizando esta fase de caracterização da amostra 1551-2, foi realizado um

ensaio de imunomarcação com o soro policlonal anti-BFP dessa amostra e da amostra

protótipo de EPEC E2348/69, utilizada neste caso como controle positivo para a

presença da fímbria BFP. Este ensaio de imunomarcação confirmou que realmente a

amostra 1551-2 não expressa a fímbria BFP (Figura 9).

Figura 8: Gel de agarose com o produto de amplificação do gene fimH das amostras:E2348/69, 1551-2, e HB101. Podemos observar ausência de amplificação de umfragmento de ~508 pb com a amostra 1551-2, ao contrário do observado na amostraE2348/69, utilizada como controle positivo do experimento.

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46

Figura 9: Imunomarcação com o soro policlonal anti-BFP das amostras: E2348/69 (A) e1551-2 (B). Observa-se que somente na amostra E2348/69 ocorre marcação da fímbria BFP.A ausência de marcação na amostra 1551-2 indica que essa amostra não é capaz deexpressá-la. Magnitude: figura A: 12.930 x; figura B: 10.000 x.

A

B

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47

3. Cinética de Adesão

Com o objetivo de se conhecer a evolução do padrão AL da amostra 1551-2, foi

realizada uma cinética de adesão dessa amostra, em paralelo com a da amostra

E2348/69 (protótipo de tEPEC, portanto portadora de bfpA), onde foi possivel se

observar comportamentos bastante distintos.

Enquanto com a amostra protótipo E2348/69, em 2 horas de ensaio já se pode

observar microcolônias pequenas e bem compactas, para a amostra 1551-2 a tendência a

formar microcolônias compactas só começa a se pronunciar após 4 horas de incubação

(3h + 1h). A presença de microcolônias compactas bem definidas na amostra E2348/69

já pode ser observada após 3 horas de ensaio, sendo que ao final de 6 horas (3 h + 3 h),

ainda se observa a presença de microcolônias grandes e compactas. Para a amostra

1551-2, após 5 (3 h + 2 h) horas de ensaio podemos verificar o predomínio de

microcolônias pequenas e compactas, enquanto que ao final das 6 horas de ensaio (3 h +

3 h) o que se observa é a presença de microcolônias bastante compactas e muito bem

definidas (Figura 10).

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48

Figura 10: Cinética de adesão das amostras de aEPEC 1551-2 e protótipo de tEPECE2348/69. Ensaio utilizando células HeLa e diferentes períodos de incubação. Aumentomicroscópico: 1000 x

1551-2 E2348/69

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49

4. Obtenção da amostra mutada 1551-2:eae-

Para verificar o envolvimento da intimina no estabelecimento do padrão AL

compacto, decidiu-se realizar uma mutação no gene eae. Com esse objetivo, o sistema

que utiliza o vetor suicida pJP5603 foi escolhido, pois contém a origem de replicação

R6K ori, derivada de pUTKm, um fragmento de 1861 pb derivado de Tn5, conferindo

resistência à canamicina, e um fragmento de 760 pb de pSUP202, carregando o sítio

RP4 Mob para a mobilização do plasmídio (Penfold & Pemberton 1992). Este vetor é

dependente, portanto, da complementação in trans dos genes que codificam a proteína

Pir para que ocorra sua replicação estável na amostra hospedeira.

Foi amplificado por PCR um fragmento interno ao gene eae de 924 pb a partir

da amostra selvagem 1551-2 (utilizando os primers AE11/AE12). O fragmento

amplificado foi clonado no vetor pGEM-T Easy (Promega), originando o clone pRT1.

A seguir, o fragmento de eae foi extraído de pRT1, após digestão com a enzima EcoRI,

e clonado no sítio de EcoRI do vetor pJP5603, originando o plasmídio denominado

pRT2 (Figura 11). Este plasmídio foi utilizado para transformar a amostra de E. coli

DH5α-λPir. Os clones assim obtidos foram avaliados por PCR, pRT2 foi extraído e

transformado na amostra E. coli S17-λPir. Esta foi utilizada como doadora nos

experimentos de conjugação com a amostra selvagem 1551-2.

De 20 transconjugantes testados, um resistente à canamicina e que não

expressava a adesina intimina foi selecionado para estudos posteriores. Esse

transconjugante (mutante) foi denominado 1551-2:eae-.

O mutante no gene eae foi construído, portanto, pela inserção do plasmídeo

pRT2 no cromossomo da amostra selvagem por meio de recombinação homóloga. Esse

processo altera a seqüência de DNA da ORF de eae de maneira que uma proteína

truncada, resultante da fusão do gene lacZ’ de pRT2 com o gene eae nocauteado da

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50

amostra 1551-2, é transcrita sem interrupção da transcrição dos genes adjacentes (Elliot

& Kaper, 1997).

Figura 11: Mapa do vetor suicida pJP5603 indicando o sítio de EcoRI onde o fragmento de 924pb do gene eae foi clonado para a obtenção do plasmídio recombinante pRT2.

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51

A figura 12 compara o padrão de adesão da amostra 1551-2 com o da amostra

1551-2:eae-. É importante destacar nessa figura o padrão de adesão da amostra 1551-

2:eae- que, mesmo sem a presença da intimina, continua aderindo intensamente sobre

células, só que agora num padrão semelhante ao padrão de adesão difusa (AD) da

categoria diarreiogênica DAEC.

O mutante 1551-2:eae- foi avaliado quanto a perda da capacidade de expressar intimina

de 2 maneiras: por immunoblot e também pelo teste de FAS. A reação de immunoblot,

realizada com extratos protéicos totais das amostras selvagem 1551-2 e mutada 1551-

2:eae-, utilizando soro anti-intimina, revela que somente a amostra selvagem foi capaz

de expressar uma proteína de 94 kDa correspondente a intimina, ao passo que a amostra

mutada 1551-2:eae- não apresentou qualquer banda nessa altura. Assim sendo, podemos

confirmar que a amostra 1551-2:eae- deixou de expressar intimina (Figura 13).

Figura 12: Teste de adesão em células HeLa da amostra 1551-2 e derivadamutante em intimina. A: padrão de adesão da amostra selvagem 1551-2. Note apresença de microcolônias compactas e bem definidas (seta). B: padrão de adesãodifusa da amostra 1551-2:eae-, mutada em intimina.

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52

5. Southern-blot realizado para confirmar a mutação no gene eae da

amostra 1551-2

Este experimento foi realizado para demonstrar que o gene eae, que codifica a

adesina intimina, havia realmente sido interrompido pela inserção do vetor suicida

pJP5603. Na figura 14, apresentamos um esquema do resultado esperado tanto na

amostra 1551-2 como na 1551-2:eae-, provavelmente mutada no gene eae. A enzima

escolhida para este experimento foi HindIII, pois não corta o gene eae (Nº de acesso no

GenBank: AF022236), devendo, assim, gerar um fragmento de aproximadamente 10kb.

Na amostra 1551-2:eae- esse fragmento não seria observado, mas, no lugar dele, seriam

observados dois fragmentos menores.

Como podemos observar na figura 15 a amostra selvagem 1551-2 revelou uma

banda de aproximadamente 10 kb enquanto a amostra mutada revelou duas bandas.

Com base nesses dados, podemos afirmar que o gene eae da amostra 1551-2 foi

Figura 13: Ensaio de Immunoblot com soro anti-intimina de proteínas totais dasamostras 1551-2 e mutante em eae. Observa-se a presença da proteína de 94 kDareferente a adesina intimina tanto na amostra controle (E2348/69), como naamostra selvagem, mas não na amostra 1551-2:eae- mutada em eae.

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53

interrompido pela inserção do vetor suicida pJP5603 por um processo de recombinação

homóloga.

Figura 14: Representação esquemática dos fragmentos HindIII observados na amostra selvagem 1551-2, e na amostra mutada em intimina 1551-2:eae-. Observa-sea inserção do vetor suicida pJP5603 no gene eae, e os fragmentos esperados no Southern-blot. Esquema adaptado de Miller & Mekalanos 1988.

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54

Figura 12: Southern blot para comprovar a inserção do vetor suicida pJP5603 em eae. Em A, observa-se umgel de agarose a 1% com DNA das amostras 1551-2, 1551-2:eae- e do vetor pRT2, pJP5603 + fragmento de~924 pb de eae clonado, digerido com HindIII. Em B, observa-se o Southern blot do DNA cromossômicodas amostras selvagem 1551-2 e mutada 1551-2:eae- hibridizados com a sonda eae. Na amostra 1551-2,observa-se um fragmento de aproximadamente 10kb (A), enquanto, na amostra mutada, observa-se apresença de 2 fragmentos marcados pela sonda (B e C). O vetor pRT2 digerido com HindIII foi utilizadocomo controle positivo desse experimento (seta).

B

A

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55

6. Microscopia eletrônica de transmissão

Com o intuito de melhor entender os eventos que ocorrem durante o processo de

adesão da amostra selvagem 1551-2, bem como de seu mutante em intimina 1551-2:eae-

, optamos por realizar um ensaio de interação com células HeLa e análise por

microscopia eletrônica de transmissão.

Como se pode observar na Figura 16A, a amostra selvagem não só adere às

células HeLa como também as invade. É importante ressaltar que o campo ilustrado na

foto da Figura 16A revela o que pode ser observado em qualquer área examinada nas

preparações. Em pequenos aumentos, eram observadas apenas microcolônias compactas

e frouxas, mas quando maiores aumentos foram utilizados, grande parte das bactérias

dessas microcolônias encontrava-se interiorizada, de forma quase que individualizada,

dentro de estruturas que lembram vacúolos. Em alguns desses vacúolos, foi possível

detectar mais de uma bactéria, sugerindo um processo de multiplicação intracelular.

Essa observação revela que a amostra selvagem 1551-2 não só foi capaz de invadir as

células HeLa, como também foi, aparentemente, capaz de se multiplicar em seu interior.

O mesmo não foi observado com a amostra 1551-2:eae-, mutante em intimina.

Como se pode observar na Figura16D, essa amostra foi capaz de aderir às células HeLa

num padrão bem diferente do observado na amostra selvagem, mas não foi capaz de

invadi-las. O mutante em intimina perdeu a capacidade de se agregar formando

microcolônias compactas, e passou a aderir às células HeLa num padrão que nos

recorda a adesão difusa (AD).

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56

Figura 16: Microscopia eletrônica de transmissão da interação das amostras 1551-2 (A e B) e 1551-2:eae- (C e D) com células HeLa. Observa-se que somente aamostra selvagem 1551-2 foi capaz de invadir as células HeLa em ensaios de 6h,ao passo que a amostra 1551-2:eae-, mutada em intimina, foi somente capaz deaderir num padrão semelhante ao difuso. A seta indica uma microcolônia combactérias internalizadas.

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57

7. Complementação da amostra 1551-2:eae- com o plasmídio pCVD438

A mutação no gene eae da amostra selvagem 1551-2 fez com que esta perdesse a

capacidade de formar microcolônias, mas não de aderir. Tentando avaliar a similaridade

funcional do gene eae da amostra selvagem 1551-2 com o da amostra protótipo de

EPEC E2348/69, resolvemos complementar a amostra mutada em intimina, 1551-2:eae-

, com o plasmídio pCVD438, que consiste em um plasmídio recombinante contendo o

gene eae da amostra protótipo E2348/69 (Donnenberg & Kaper 1991).

Após realizada a eletroporação, as colônias resistentes a cloranfenicol foram

selecionadas e primeiramente testadas quanto a capacidade de expressar intimina por

immunoblot. Na figura 17, pode-se observar que a amostra complementada voltou a

expressar a adesina.

Figura 17: Ensaio de Immunoblot com soro anti-intimina de proteínas totais da amostra1551-2:eae- complementada com o plasmídio recombinate pCVD438 bem como doscontroles 1551-2:eae- (controle negativo) e 1551-2 (controle positivo). Observa-se apresença da proteína de 94 kDa referente a adesina intimina em todas as amostras comexceção do controle negativo.

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58

Com base nesse resultado, decidiu-se averiguar se essas amostras

complementadas com o gene eae, provenientes da amostra protótipo E2348/69,

resgatariam a capacidade de promover a lesão A/E averiguada pelo teste de FAS (Figura

18). Diferentemente do que esperávamos essas amostras não foram capazes de

promover a lesão A/E, sendo assim FAS negativas. Como controle positivo para esse

experimento, a amostra CVD206 (E2348/69 mutada em intimina) foi transformada com

o plasmídio recombinante pCVD438, onde foi possível observar que, após a

complementação, a amostra restaurou a sua capacidade de acumular filamentos de

actina avaliado através do teste de FAS.

Para melhor compreender o papel do gene eae na invasão da amostra selvagem

1551-2, o mesmo foi submetido a seqüenciamento com o objetivo de se verificar se a

intimina dessa amostra é semelhante a algum tipo já descrito, ou se seria um novo tipo

de intimina, apresentando função de invasão celular.

Figura 18: Teste de FAS das amostras 1551-2 (A) e 1551-2:eae- (B) complementada com o gene eaeda amostra E2348/69, protótipo de tEPEC. Observa-se o acúmulo de filamentos de actina somente naamostra 1551-2 em A (seta), enquanto a amostra 1551-2:eae- (B) complementada foi incapaz de induziro acúmulo dos filamentos de actina.

A B

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59

8. Construção de uma biblioteca de mutantes

Não só os ensaios de microscopia eletrônica de transmissão, bem como os

ensaios de microscopia óptica, realizados em células HeLa, revelaram que apesar da

amostra 1551-2:eae- não formar microcolônias, ela não perdeu a capacidade de aderir

às células HeLa em ensaios de 6 horas. Na ausência da adesina intimina, que outra

estrutura poderia estar mediando a adesão entre a amostra 1551-2:eae- e as células

HeLa?

No intuito de tentar responder essa pergunta, construímos um banco de mutantes

utilizando o vetor pBSL181 que contém o transposon mini-Tn10. Esse transposon

insere-se ao acaso no cromossomo da célula provocando mutações aleatórias. Como o

interesse era estudar a estrutura responsável pela adesão da amostra 1551-2:eae-, os

mutantes obtidos foram testados quanto à perda da capacidade aderente.

Foram selecionadas aproximadamente 2.000 colônias provenientes de vários

eventos de conjugação. Todas essas colônias foram testadas individualmente e 5

mutantes não aderentes foram então selecionados para o prosseguimento deste estudo.

Foi então realizada uma curva de crescimento dos cinco mutantes não aderentes e

apenas dois deles foram capazes de se reproduzir de forma semelhante à amostra 1551-

2:eae- . Esses dois mutantes foram então repurificados em placas de MacConkey

(contendo ácido nalidíxico, kanamicina e cloranfenicol) e novamente submetidos a teste

de adesão de 6 horas para confirmar a perda da capacidade de adesão.

Como ambos os mutantes não aderentes selecionados apresentaram resultados

muito similares, o mutante não aderente-143 foi selecionado para o prosseguimento

deste estudo. Tanto os resultados obtidos com a curva de crescimento, como o teste de

adesão às células HeLa encontram-se ilustrados na Figura 19.

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60

O mutante não aderente 143 também foi avaliado através de Southern-blot,

utilizando como sonda o gene cat, com o objetivo de avaliar se havia uma única cópia

do transposon inserido no genoma dessa amostra não aderente. O DNA genômico do

mutante não aderente 143 foi digerido com EcoRV e após hibridação com o gene cat

revelou um único fragmento de aproximadamente 2,5 kb (dados não mostrados)

Figura 19: Análise do mutante não aderente da amostra 1551-2:eae-. A: Curva de crescimento dasamostras 1551-2, 1551-2:eae- e do mutante não aderente (143). B e C: Padrão de adesão da amostra1551-2:eae- (B) e do seu mutante não aderente-143 (C) às células HeLa. Observa-se que o mutante nãoaderente (143) perdeu completamente a sua capacidade de aderir às células HeLa em ensaios de adesãode 6 horas.

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61

9. Soro produzido com a amostra 1551-2:eae- e absorvido com o mutante

não aderente 143: caracterização e inibição de adesão.

A obtenção de um mutante não aderente que preserva sua capacidade de

replicação sugere que o mesmo deixe de expressar alguma proteína fundamental para o

fenótipo que se estuda. Ao absorver o soro produzido com a amostra mutada em

intimina, 1551-2:eae- com o mutante não aderente 143, esperamos encontrar nesse soro

apenas anticorpos contra proteínas que estejam relacionadas ao processo de adesão da

amostra 1551-2:eae-.

Como muitas fímbrias bacterianas têm sua expressão inibida com

cultivos em temperaturas inferiores a 25ºC, foi realizado um teste de adesão, durante 6 h

a 18ºC, da amostra 1551-2 e da amostra 1551-2:eae-. Na figura 20, está representada a

inibição de adesão a células HeLa observada com essas amostras.

Para visualizar qual ou quais seriam as proteínas que o mutante não aderente

deixou de expressar, foi realizado um experimento de immunoblot com extratos

bacterianos totais. Na Figura 21, pode-se observar que apenas uma banda de 25 kDa foi

diferencial entre a amostra selvagem 1551-2 e o mutante não aderente 143. É importante

ressaltar que essa banda não se tornou totalmente ausente no mutante 143, mas se

apresentou muito mais tênue.

Outro dado importante revelado por essa figura é que a amostra selvagem 1551-

2 quando cultivada a 18ºC também deixa de expressar uma banda de aproximadamente

25 kDa. É importante ressaltar que são duas situações onde não se observa aderência, e

que a banda de 25 kDa encontra-se diferencialmente expressa.

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62

Figura 21: Immunoblot de extrato de proteínas totais das amostras: 1551-2, 1551-2:eae-, mutante não aderente, 1551-2 cultivada à 37ºC e 1551-2 cultivada à 18ºC,utilizando o soro produzido com a amostra 1551-2:eae- e absorvido com o mutantenão aderente. Observa-se nesse ensaio uma banda de aproximadamente 25 kDa que seencontra reduzida no mutante 143 e ausente quando a amostra 1551-2 é cultivada à18ºC.

Figura 20: Teste de adesão em células HeLa das amostras 1551-2 (A) e 1551-2:eae-

(B) na temperatura de 18ºC (6h). Tanto a amostra selvagem como a amostra mutadaem intimina tiveram sua adesão inibida nessa temperatura.

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63

Esse soro também foi utilizado para a realização de um ensaio de inibição de

adesão onde a adesão foi intensamente reduzida (Figura 22).

10. Clonagem do gene eae no vetor pMOS para seqüenciamento

Para a realização do seqüenciamento do gene eae da amostra 1551-2, foi

necessário realizar a clonagem desse gene em um vetor apropriado. Para a realização

desse experimento foi utilizado o Kit pMOS Blue Blunt End (Amersham Biosciences,

UK), que permite a clonagem de produtos de PCR. Para verificar se o fragmento de

aproximadamente 3,1 kb que continha o gene eae realmente havia sido clonado no vetor

pMOS, foi realizado um PCR utilizando os mesmos primers utilizados para a obtenção

do fragmento, bem como digestão com a enzima de restrição HindIII. Como se pode

observar na figura 23, foi possível detectar uma banda de aproximadamente 3,1 kb no

clone selecionado, compatível com a amplificada na amostra 1551-2, utilizada como

controle positivo da reação. Também se pode observar nessa figura que o DNA

Figura 22: Ensaio de inibição de adesão da amostra 1551-2:eae- com soro absorvido com omutante 143, realizado em células HeLa durante 6 horas. Em A, observa-se a amostra 1551-2:eae-, utilizada nesse experimento como controle positivo, e em B, a amostra 1551-2:eae- napresença do soro diluído 1:10. Observa-se uma intensa redução do número de bactériasassociadas ás células HeLa.

A B

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64

plasmidial do clone selecionado, após digestão com a enzima HindIII, revelou uma

banda de aproximadamente 6 kb (sendo 2,8 kb referentes ao vetor pMOS e 3,1

referentes ao fragmento clonado).

Figura 23: Gel de agarose com o produto de amplificação do gene eae dasamostras 1551-2 e derivadas: 2) pISEQ (pMOS + fragmento de 3,1 kbclonado); 3) 1551-2; 4) pISEQ digerido com HindIII e 5) pMOS. Observa-se a presença de uma banda de aproximadamente 3,1 kb tanto nopISEQ como na amostra 1551-2 utilizada como controle positivo. A digestãodo pISEQ com HindIII gerou um fragmento de aproximadamente 6 kb,referente ao pMOS (2,8 kb) com o fragmento de 3,1 kb clonado.

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65

11. Seqüenciamento e Análise do gene eae da amostra 1551-2

Com o objetivo de melhor conhecermos o gene eae da amostra 1551-2 um

fragmento de aproximadamente 3,1 kb (amplificado com os primers AE11 e escD) foi

clonado no vetor pMOS. Foram selecionados 3 clones denominados de pISEQ 1, 2 e3.

Esses 3 clones foram utilizados para o seqüenciamento de aproximadamente 1077

nucleotídeos pertencentes à região variável do gene eae denominada de Int280 (Frankel

et al., 1995). A análise da desses 1077 nucleotídeos seqüenciados revelou 98% de

identidade com o gene eae de uma amostra aEPEC do sorotipo O129:H-, pertencente ao

subtipo omicron (ο) (Figura 24). Estudos recentes (Blanco et al., 2006) identificaram

esse subtipo de intimina (omicron-ο) em outra amostra de aEPEC, sorogrupo não

EPEC, do sorotipo O84:H-.

Apesar do subtipo de intimina omicron (ο) ter sido relatado em duas amostras de

aEPEC, sorogrupo não EPEC, pertencentes aos sorotipos O129:H- e O84:H-, a

ocorrência de AL na ausência de BFP não foi reportada nessas amostras.

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66

Figura 24: BLASTN da seqüência de 1077 nucleotídeos, obtida a partir doseqüenciamento dos clones pISEQ1, 2 e 3. A análise dos 1077 nucleotídeos daregião C-terminal do gene eae da amostra 1551-2 revelou 98% de identidade com osubtipo de intimina omicron (ο).

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67

Discussão

Vários trabalhos vêm demonstrando que BFP, além de ser importante na

aderência que precede a aderência mediada por intimina, tem também importante papel

na formação das microcolônias bacterianas compactas observadas no padrão AL de

tEPEC (Trabulsi et al., 2002). Entretanto, ao caracterizar uma coleção de amostras de

aEPEC, não pertencentes aos sorogrupos clássicos de EPEC, Vieira et al. (2001)

identificaram 9 amostras que exibiam um padrão de aderência muito semelhante ao

padrão AL de tEPEC, exceto pelo fato de ser identificado apenas em ensaios mais

prolongados (6 horas) e na ausência de BFP. Como o padrão de aderência mais

freqüentemente observado entre as aEPEC é o ALL, onde se formam microcolônias

bacterianas mais frouxas do que as do padrão AL (Trabulsi et al., 2002) e, ainda, como

as aEPEC compreendem um grupo muito heterogêneo, acreditamos que estudos em

subgrupos de amostras que compartilham determinadas propriedades poderiam auxiliar

na identificação de novos fatores de virulência e/ou combinações de genes de virulência

conhecidos, confirmando seu papel enteropatogênico bem como auxiliando em seu

diagnóstico. Assim, neste estudo, inicialmente, buscamos analisar o conjunto de

amostras de aEPEC desprovidas de BFP e produtoras de AL comparando diversas

características fenotípicas e genotípicas, algumas das quais publicadas anteriormente e

outras, obtidas neste estudo.

Até a publicação de Vieira et al. (2001) a ocorrência de microcolônias

bacterianas compactas (AL) em amostras de aEPEC desprovidas de BFP não havia sido

relatada. Estudos posteriores descreveram a ocorrência de AL na ausência de BFP em

algumas amostras de aEPEC do sorotipo O26:H11 (Scaletsky et al., 2005). Nesse

estudo, foi descrito um operon, denominado LDA, responsável pela expressão de uma

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68

adesina afímbrial que confere o padrão de aderência difusa quando clonado em amostra

de E. coli-K12. Porém, os mecanismos pelos quais ocorre a formação de microcolônias

bacterianas compactas na ausência de BFP ainda permanecem desconhecidos.

Apesar do fenótipo de aderência comum, demonstramos que as 9 amostras de

aEPEC de nossa coleção são diversas com relação aos seus sorotipos, conteúdo

plasmidial, e perfil de genes de virulência. O amplo trabalho de caracterização teve o

objetivo também de tentar associar a ocorrência de AL com alguma adesina descrita nas

diversas categorias de DEC. As adesinas avaliadas por Colony-blot, nas nove amostras

produtoras de AL foram: Saa, Paa, ToxB, Iha, Lpf e Lda. Entretanto, nessa

caracterização, não pudemos associar a formação de microcolônias bacterianas

compactas a nenhuma adesina descrita até o momento. Por essa razão, uma amostra

(1551-2) foi selecionada com o intuito de se esclarecer como ocorre a formação de

microcolônias bacterianas na ausência de BFP. Essa amostra foi selecionada por ter sido

isolada de uma criança com diarréia na ausência de outro patógeno reconhecido, por não

apresentar bandas de DNA plasmídial e por ser portadora apenas da adesina intimina

entre todos os fatores testados.

Conhecendo a importância do gene eae, que codifica a adesina intimina, a

primeira pergunta foi qual seria o papel da intimina na aderência localizada de uma

amostra de aEPEC às células HeLa, na ausência de BFP. Com o objetivo de responder

essa pergunta, o sistema que utiliza do vetor suicida pJP5603 foi utilizado para obtenção

de um mutante não polar no gene eae da amostra 1551-2.

Dados da literatura revelam que a intimina desempenha diferentes papéis quanto

a sua importância na aderência às células HeLa. Donnenberg & Kaper (1991)

construíram um mutante em intimina da amostra E2348/69 denominado CVD206.

Estudos posteriores conduzidos por Cleary et al. (2004) mostraram que a capacidade da

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69

amostra CVD206 de formar microcolônias bacterianas compactas não se encontrava

comprometida, mas a sua capacidade em promover o acúmulo dos filamentos de actina,

característicos da lesão A/E, avaliado pelo teste de FAS, não pode mais ser observada.

Nesse mesmo estudo, os autores demonstraram que essa propriedade só se encontrou

comprometida quando os autores utilizaram um mutante em bfpA, denominado

UMD901. Esse mutante foi capaz de aderir fracamente às células HeLa, perdendo,

assim, a capacidade de promover a aderência localizada característica da amostra

selvagem E2348/69. Esses mesmos autores também destacaram a importância de EspA

como uma adesina transitória ao utilizar um duplo mutante (bfpA e eae) denominado de

UMD886.

Analisando nossos resultados, ao contrário do que foi reportado por Cleary et al

(2004), observamos que, na ausência de intimina, a amostra 1551-2 continua aderindo

abundantemente às células HeLa, porém em um padrão distinto do observado com

amostra selvagem. A amostra 1551-2:eae-, mutada em intima, passou a aderir em um

padrão semelhante ao padrão AD, característico da categoria DAEC. Entretanto, o mais

importante é ressaltar que a amostra mutada em intimina perdeu a capacidade de forma

microcolônias compactas observadas no padrão AL. Ensaios de microscopia eletrônica

de transmissão revelaram que as microcolônias bacterianas compactas, observadas por

microscopia óptica, na realidade, consistem em um processo de internalização

totalmente dependente de intimina, e que a ausência desta adesina, embora não tenha

comprometido a aderência da amostra às células HeLa, inibiu completamente a

formação de microcolônias compactas e, consequentemente, a sua internalização.

Se compararmos esses resultados com os obtidos por Carvalho et al. (2005) em

ensaios de inibição de adesão da amostra JPN15 (amostra E2348/69, segregante

espontânea de pEAF) com anticorpos contra a região variável de intimina, podemos

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70

observar que, enquanto o bloqueio da intimina, por anticorpo, foi capaz de inibir a

aderência dessa amostra à células HeLa o mesmo não foi observado com a amostra

utilizada neste estudo, que continuou aderindo a essa linhagem, mesmo na ausência de

intimina, embora em um padrão diferente da amostra selvagem.

Uma tentativa de complementação do gene eae da amostra 1551-2:eae- foi

realizada utilizando-se o plasmídio recombinante pCVD438, que carreia o gene eae

(subtipo α) da amostra E2348/69 (protótipo de tEPEC) (Donnenberg & Kaper 1991).

Em ensaios de immunoblot, verificamos que a amostra 1551-2:eae- (pCVD438) teve

restaurada a sua capacidade de expressar a proteína de 94 kDa (intimina).

Surpreendentemente, quando fomos avaliar o padrão de adesão da amostra

complementada, observamos que o subtipo de intimina α não foi capaz de restaurar sua

capacidade de formar microcolônias compactas como observado na amostra selvagem

1551-2. A incapacidade de restaurar a lesão A/E poderia estar relacionada com uma

incompatibilidade entre a intimina expressa por E2348/69 com a proteína Tir (receptor

de intimina, injetado pela bactéria na célula hospedeira) da amostra 1551-2; a ligação de

intimina com Tir é que resulta na modulação do citoesqueleto e conseqüente formação

da lesão A/E (Knutton et al., 1989).

Como a amostra selvagem teve o seu subtipo de intimina não determinado, entre

aqueles que foram testados, resolveu-se então clonar e seqüenciar a região variável do

gene eae da amostra 1551-2, que corresponde aos últimos 280 aminoácidos da região C-

terminal. Um recente trabalho realizado por Garrido et al. (2006) avalia a existência de

aproximadamente 20 subtipos de intimina, com base na tipagem com primers

específicos para cada subtipo, localizados dentro dessa região da intimina, que, além de

ser variável, corresponde à região que se liga ao receptor Tir. Os dados obtidos com o

seqüenciamento da Int280 da amostra 1551-2 revelaram 98% de identidade com o

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71

subtipo de intimina omicron (ο) descrito em duas amostras de aEPEC pertencentes aos

sorotipos O129:H- e O84:H- (Garrido et al., 2006; Blanco et al., 2006). Nenhum

trabalho da literatura pesquisou até o momento se existe algum envolvimento entre a

ocorrência desse subtipo de intimina com padrão AL ou com a capacidade de invadir

células HeLa.

A mutação no gene eae revelou não só que a formação de microcolônias

compactas é um processo dependente de intimina, como sugeriu a existência de uma

nova adesina que medeia uma adesão difusa do mutante em intimina às células HeLa.

Com o objetivo de realizar uma caracterização inicial dessa adesina resolvemos

investir na construção de um banco de mutantes não aderentes. Nossa opção por realizar

um banco de mutantes e não clonar o referido gene, baseia-se no fato de que a aderência

de amostras de DEC tem se mostrado um fenótipo multifatorial e muitas vezes

dependente de grandes regiões de DNA cromossômico.

Após a obtenção desse banco de mutantes não aderentes (utilizando o transposon

Mini-Tn10), as amostras resultantes foram analisadas quanto à manutenção de sua

capacidade de multiplicação pela construção de uma curva de crescimento. Esse

cuidado foi tomado com o intuito de avaliar se o fato das bactérias não aderirem às

células HeLa poderia estar relacionado com a perda da sua capacidade de adesão ou

com algum comprometimento com a sua capacidade de replicação ocasionada pela

inserção do transposon em algum gene não propriamente relacionado à aderência da

amostra 1551-2.

Um mutante com capacidade normal de multiplicação foi, então, utilizado para a

absorção de um soro policlonal produzido com a amostra mutada em intimina. Esse

experimento foi conduzido com o objetivo de se evidenciar alguma proteína que

estivesse presente na amostra selvagem, mas não no mutante não aderente, para que,

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72

posteriormente, se pudesse averiguar o envolvimento dessa proteína com a adesão

difusa da amostra 1551-2:eae-.

Após realizada a etapa de seleção acima descrita foi selecionado, para a

continuidade deste estudo, o mutante não aderente 143. O soro absorvido com esse

mutante revelou uma banda de aproximadamente 25 kDa que se encontrava presente

tanto na amostra selvagem (1551-2) como na amostra mutada em intimina (1551-2:eae-

), mas muito reduzida no mutante não aderente 143. Como muitas adesinas são

termorreguladas, fomos averiguar se essa proteína de ~25 kDa também se encontrava

ausente quando a amostra era cultivada a 18ºC, condição onde a adesão da amostra

1551-2:eae- encontra-se totalmente comprometida. Pudemos observar que o soro não foi

capaz de detectar a presença dessa proteína em extrato total da amostra 1551-2 à 18ºC.

Portanto, tem-se aqui duas situações onde a aderência da amostra 1551-2 se encontra

comprometida e em que essa proteína de ~25 kDa, encontra-se diferencialmente

expressa. Esses dados nos levam a acreditar que essa proteína possa desempenhar

importante papel na aderência da amostra 1551-2 às células HeLa em ensaios de 6

horas. Nossa hipótese pode ser reforçada pelo fato do soro absorvido com o mutante não

aderente, e que reconhece a proteína de ~25 kDa em ensaios de immunoblot, ser capaz

de inibir a aderência da amostra 1551-2:eae- em ensaios de inibição de adesão realizado

na presença desse soro.

Até o presente momento, os dados obtidos sugerem que a intimina teria, na amostra

selvagem 1551-2, um papel muito mais importante do que o esperado. Poucos ou quase

que nenhum trabalho da literatura tem dado muito importância ao processo de invasão

observado dentre as EPEC. Consideramos que esse fato não poderia passar

despercebido dentro de nosso estudo uma vez que o que encontramos não foram apenas

algumas bactérias interiorizadas como conseqüência de um evento não muito bem

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73

esclarecido (conforme se observa na literatura com amostras de EPEC típicas), mas sim,

um evento extremamente comum em nosso ensaio. É lógico que também foram

observadas bactérias extracelulares, mas que talvez, em ensaios mais prolongados,

pudessem também invadir. O que nos chamou a atenção foi o fato da amostra 1551-

2:eae-, mutada em intimina, não demonstrar qualquer tendência à invasão. Devemos

ressaltar que, com base no descrito na literatura, a mutação que realizamos em nossa

amostra foi direcionada, não provocando alteração em nenhum outro gene que não o da

adesina intimina. Com base nessas informações poderíamos atribuir à intimina a

capacidade da amostra selvagem 1551-2 em invadir as células HeLa? Acreditamos que

para responder essa pergunta mais estudos seriam necessários, mas temos aqui um forte

indicativo de que, se não a única responsável, a intimina tem papel fundamental nos

resultados aqui descritos.

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74

Conclusões

A formação do padrão AL6 em uma amostra de aEPEC selecionada é

resultante, na realidade, de um processo de internalização mediado

principalmente pela expressão de intimina.

O fato de que uma mutação não-polar, no gene eae de uma amostra de

aEPEC analisada neste estudo (1551-2), não aboliu por completo a adesão

dessa amostra às células HeLa, reforça a idéia de que novas adesinas devem

contribuir para a patogênese de amostras de aEPEC isoladas em nosso meio.

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95

Anexos

1. Meios de Cultura, Soluções e Reagentes

Os meios de cultura, sais e açúcares utilizados, quando não especificados, foram

de procedência Difco (Difco laboratories, Michigan, EUA), Merck (Merck Chemical,

New Jersey, EUA) e Synth (Labsysnth S. A., Diadema, SP). Os demais reagentes

utilizados foram provenientes da Sigma (Sigma-Aldrich Chemical, Missouri, EUA),

Invitrogen (Life Tecnologies Ic, Gaithenesburg MD, EUA), Amersham (Amersham

Pharmacia Biotech AB, Uppsala, Sweden), tendo sido preparados conforme

especificações dos fabricantes.

Os meios de cultura, obtidos sob a forma desidratada foram preparados com

água destilada e purificada pelo sistema Mili-Q (Milipore Inc., Massachusetts, EUA) e

autoclavados a 121ºC por 15 minutos. Foram utilizados os meios ágar MacConkey, ágar

nutriente e o caldo de soja tripticase (TSB – Triptic Soy Broth – Difco Laboratories,

Michigan, EUA).

1.1 Caldo Luria Bertani (LB)

Triptona 10 g

Extrato de levedura 5 g

Cloreto de Sódio 10 g

Água bidestilada q.s.p. 100 mL

Todos os elementos foram adicionados à água destilada e o meio esterilizado,

em autoclave a 121ºC por 15 minutos. Para a preparação de LB ágar, foi adicionado à

solução acima 2% de bacto agar (Difco).

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96

2. Soluções e meios de cultura utilizados para os testes de adesão em células

HeLa

2.1 Solução tampão salina Fosfato (PBS)

NaCl 136,9 mM

KCl 2,7 mM

Na2HPO4 8,1 mM

KH2PO4 1,5 mM

Os sais foram dissolvidos em água destilada e a solução foi autoclavada a 121ºC

durante 15 minutos. Para a solução salina fosfato com pH 7,2, o pH foi ajustado com

ácido clorídrico.

2.2 Dulbecco´s Modified Eagle Médium (DMEM)

O meio foi dissolvido em água bidestilada, conforme recomendações do

fabricante. O pH foi ajustado para 7,0 com uma solução de bicarbonato de sódio a 7,5%;

o meio foi acrescido de 10% ou 2% de soro fetal bovino (SFB), conforme a

necessidade. Em seguida, o meio foi filtrado em membranas de acetato de celulose com

poros de 0,22 μm (sistema de filtração Millipore Corporation, EUA) e armazenado a

4ºC.

2.3 Solução estoque de D-manose

A solução de D-manose foi preparada em água bidestilada na concentração final

de 10% e esterilizada em vapor fluente por 1 hora. A solução foi armazenada a 4ºC até o

momento do uso.

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97

2.4 Solução tampão de S∅rënsen

Solução A

KH2PO4 0,64 g

Água bidestilada q.s.p. 70 mL

Solução B

Na2HPO4 2,36 g

Água bidestilada q.s.p. 250 mL

Para a solução final foi adicionado 69,6 mL da solução A em 230,4 mL da

solução B. Essa solução foi armazenada a 4ºC até o momento do uso.

2.5 Solução corante de May-Grünwald

Após dissolução total de 0,2g do corante em 100 mL de metanol (p.a.), em

banho-maria a 65ºC, a solução foi filtrada em papel de filtro comum e armazenada à

temperatura ambiente. No momento do uso, foi diluída na proporção 1:2 (v/v) em

tampão de Sφrënsen.

2.6 Solução corante de Giemsa

A solução comercial foi diluída no momento do uso na proporção 1:3 (v/v) em

tampão de Sφrënsen.

3. Soluções e Reagentes utilizados no teste de FAS

3.1 Solução de formadeído a 3%

O formadeído (Merck) foi diluído em PBS no momento do uso

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3.2 Solução de Triton X-100 a 1%

Triton X-100 (Sigma) foi diluído em PBS esterilizado, no momento do uso.

3.3 Solução de isoticianato de faloidina marcado com fluoresceína a 5 μg/mL

A solução foi preparada dissolvendo-se 100 μg de isotiocianato de faloidina

(Sigma) em 2 mL de PBS esterilizado. O armazenamento foi em alíquotas, em tubos

escuros, à temperatura de -20ºC. No momento do uso, após o descongelamento, a

alíquota foi diluída em PBS, obtendo-se uma concentração final de 5 μg/mL.

4. Soluções usadas na eletroforese de proteínas em SDS-PAGE

4.1 Tampão de Amostra (5x)

Tris-HCl a 1 M (pH6,8) 60 mM

Glicerol 25%

SDS a 10% 2%

2-mercaptoetanol 14,4 mM

Azul de Bromofenol 0,1%

Água destilada q.s.p. 10 mL

A solução foi mantida a 4ºC

4.2 Solução de Acrilamida bis-Acrilamida

Acrilamida 30 g

N,N, - metilenobisacrilamida 0,8 g

Água destilada q.s.p. 100 mL

A solução foi filtrada em papel de filtro e armazenada em frasco escuro à 4ºC.

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4.3 Gel de Empacotamento

Acrilamida 870 μL

Tris-HCl 1 M (pH6,8) 660 μL

SDS a 10% 52 μL

Persulfato de amônio 52 μL

TEMED 5 μL

Água destilada 3,57 mL

4.4 Gel de Corrida a 12%

Acrilamida 4,0 mL

Tris-HCl 1M (pH8,8) 1,3 mL

SDS a 10% 100 μL

Persulfato de amônio 100 μL

TEMED 4 μL

Água destilada q.s.p. 4,5 mL

4.5 Tampão de Eletroforese

Trisma base (Sigma) 25 mM

Glicina pH 8,3 (Sigma) 250 mM

Os componentes foram dissolvidos em 200 mL de água destilada. No momento

da corrida, foi utilizado o tampão diluído 10 vezes adicionado de SDS para uma

concentração final de 1%.

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100

5. Soluções para Immuno-blot

5.1 Tampão de Transferência

Trisma base 8,7 g

Glicina 43,2 g

Metanol 600 mL

Água destilada q.s.p. 3000 mL

Os componentes do tampão foram dissolvidos em água e a solução conservada à

4ºC.

5.2 Tampão de Bloqueio

Soroalbumina bovina (BSA) 3%

A soroalbumina foi dissolvida em tampão Tris e conservada à 4ºC.

5.3 Tampão Tris

Tris-HCl a 1 M pH 7,3 10,0 mL

BSA (Sigma) 1,0 g

Tween-20 (Synth) 0,5 mL

NaCl 9,0g

Água destilada q.s.p. 1000 mL

Os componentes foram dissolvidos em água e o tampão resultante conservado a

4ºC.

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101

6. Soluções utilizadas para a realização da Microscopia Eletrônica de

Transmissão e Imunomarcação

6.1 Solução Fixadora

Solução de aldeído glutárico a 1,5% (Sigma), paraformaldeído a 1% (Sigma) em

solução fosfato a 0,1 M pH 7,3.

6.2 Solução de tampão cacodilato de sódio a 0,4 M pH 7,2

O cacodilato de sódio foi dissolvido em água bidestilada e o pH ajustado com

HCl a 0,2 M. A solução final foi conservada a 4ºC.

Para as lavagens, durante o processamento do material para microscopia

eletrônica, esta solução foi utilizada na concentração de 0,1 M.

6.3 Tetróxido de ósmio a 4%

O tetróxido de ósmio (EMS – Electron Microscopy Sciences, Enc., USA) é

vendido na forma de cristal embalado em ampolas contendo 1 g. A ampola foi

cuidadosamente lavada externamente para a eliminação total da gordura e sujeira.

Dentro da capela, a ampola foi colocada em um frasco escuro contendo 25 mL de água

destilada e foi quebrada com um bastão de vidro. A preparação foi homogeneizada e

mantida à temperatura ambiente, durante 24 horas, a fim de permitir a dissolução

completa dos cristais. Após este período, a solução foi armazenada a 4ºC. No momento

do uso, esta solução foi diluída a 1% em tampão cacodilato de sadio a 0,1% (anexo 6.2)

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102

6.4 Acetato de uranila aquosa a 2%

No preparo desta solução, 2 g de acetato de uranila foram dissolvidos em 100

mL de água destilada. A solução foi filtrada e armazenada, em frasco escuro, à

temperatura ambiente.

6.5 Citrato de chumbo

Nitrato de chumbo 1,33 g

Citrato de sódio 1,76 g

Um volume de 100 mL de água destilada foi fervida e resfriada imediatamente

antes da sua utilização no preparo desta solução.

O nitrato de chumbo e o citrato de sódio inicialmente dissolvidos em 30 mL de

água destilada, em um balão volumétrico. A preparação foi vigorosamente agitada

durante 5 minutos e posteriormente, agitada moderadamente durante mais 30 minutos,

até a dissolução completa dos reagentes e a formação de uma solução leitosa. Uma

solução de NaOH a 1 M, preparada no momento do uso, foi adicionada à preparação,

até que esta se tornasse transparente. Em seguida, adicionou-se um volume de água

destilada suficiente para se completar 50 mL de solução. Esta solução corante foi

mantida no mesmo frasco, em descanso, por pelo menos um dia antes de ser utilizado.

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103

7. Soluções utilizadas para a extração de DNA plasmidial (Birnboim &

Doly)

7.1 Solução lítica para extração de DNA plasmidial (Solução I)

Na2EDTA.H2O 10 mM

Tris-HCl 25 mM

Glicose 50 mM

Lisozima 2 mg/mL

A solução foi preparada somente no momento do uso, imersa em banho de gelo.

7.2 Solução de lise alcalina (Solução II)

NaOH 0,2 N

SDS 1%

O SDS foi dissolvido em água bidestilada esterilizada. Após a dissolução, a

solução de NaOH foi acrescentada e o volume final completado com água bidestilada

esterilizada. A solução foi mantida à temperatura ambiente e preparada no momento do

uso.

7.3 Solução de acetato de sódio a 3 M pH 4,8 (Solução III)

O preparo da solução foi feito dissolvendo acetato de sódio anidro (CH3COONa)

em água bidestilada, e o pH foi ajustado com ácido acético glacial. Em seguida, esta

solução foi autoclavada (121ºC durante 15 minutos) e mantida à temperatura ambiente

até o momento do uso.

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104

7.4 Solução de acetato de sódio (Solução IV)

Acetato de sódio 0,1 M

Tri-HCl – pH 8,0 0,05 M

O acetato de sódio foi dissolvido em água bidestilada e, após a adição do Tris-

HCL, o volume foi completado com água bidestilada esterilizada. A solução foi mantida

à temperatura ambiente.

7.5 Solução tampão Tris-EDTA (TE) – pH 8,0 (10x)

Trizma base 100 mM

Na2EDTA 10 mM

Inicialmente o Na2EDTA foi dissolvido a quente com uma parte de água

destilada, adicionando-se, em seguida, Trizma base e ajustando o pH com HCl.

Completar o volume da solução, autoclavar a 121ºC por 15 minutos.

8. Soluções usadas para Colony-blot

8.1 Solução desnaturante

NaOH 0,5 M

NaCl 1,5 M

8.2 Solução Neutralizante

Tris base 1 M pH 7,0

NaCl 2 M

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8.3 Solução salina padrão com citrato (SSC) 20X pH 7,0

NaCl 3,0 M

Citrato de sódio 0,3 M

Os sais foram dissolvidos em água bidestilada e a solução resultante foi

esterilizada por autoclavação e conservada à temperatura ambiente.

8.4 Solução de Pré-Hibridização

SDS a 10% 0,1%

Solução de Denhardt (Eppendorf, New York, USA) 2 x

SSC 5 x

A solução foi preparada no momento do uso, sendo os componentes adicionados

à água bidestilada até dissolução completa.

9. Soluções usadas para Southern-blot.

9.1 Solução desnaturante

NaOH 0,5 M

NaCL 1,5 M

9.2 Solução neutralizante

Tris base 1 M pH 7,0

NaCL 2 M

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106

10. Meio SOC

Triptona 2,0 g

Extrato de levedura 0,5 g

NaCL (1M) 1 mL

KCl (1M) 0,25 mL

Água destilada q.s.p. 100 mL

Na hora do uso adicionar 20 mM de Mg++ e 20 mM de glicose.