Estudo da viscosidade aparente em sistemas óleo e água ... · Tabela 1. Correlações para cálculo da viscosidade relativa da emulsão..... 16 Tabela 2. Regimes de operação da

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  • Dissertao de Mestrado

    ESTUDO DA VISCOSIDADE APARENTE EM

    SISTEMAS LEO E GUA VISANDO O

    ESCOAMENTO EM OLEODUTOS

    Joo Henrique Brito Pessoa

    Natal, Dezembro de 2014

    UFRN CT NUPEG Campus Universitrio CEP: 59070-970 Natal-RN Brasil

    Fone-Fax: (84) 3215 3773 www.nupeg.ufrn.br [email protected]

    http://www.nupeg.ufrn.br/mailto:[email protected]

  • Joo Henrique Brito Pessoa

    Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o

    escoamento em oleodutos

    Dissertao de mestrado ao Corpo Docente do

    Programa de Ps-graduao em Engenharia

    Qumica - PPGEQ, da Universidade Federal do

    Rio Grande do Norte - UFRN, como parte dos

    requisitos necessrios concluso do curso de

    Mestrado em Engenharia Qumica.

    Aprovado(a) em: 19 de dezembro de 2014

    Prof. Dr. Osvaldo Chiavone-Filho

    Orientador - UFRN

    Membro Interno - UFRN

    Prof. r. Edson Luiz Foletto

    Membro Externo - UFSM

  • Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    Centro de Tecnologia

    Departamento de Engenharia Qumica

    Programa de Ps Graduao em Engenharia Qumica

    DISSERTAO DE MESTRADO

    ESTUDO DA VISCOSIDADE APARENTE EM

    SISTEMAS LEO E GUA VISANDO O

    ESCOAMENTO EM OLEODUTOS

    Joo Henrique Brito Pessoa

    Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Chiavone Filho

    Natal / RN

    DEZEMBRO /2014

  • DISSERTAO DE MESTRADO

    ESTUDO DA VISCOSIDADE APARENTE EM

    SISTEMAS LEO E GUA VISANDO O

    ESCOAMENTO EM OLEODUTOS

    Joo Henrique Brito Pessoa

    Dissertao Apresentada ao Corpo Docente do

    Programa de Ps-graduao em Engenharia Qumica

    da Universidade Federal do Rio Grande do Norte

    como Requisito Parcial para Obteno do

    Ttulo de Mestre em Engenharia Qumica.

  • PESSOA, Joo Henrique Brito Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua

    visando o escoamento em oleodutos. Dissertao de Mestrado, UFRN, Programa de Ps

    Graduao em Engenharia Qumica PPGEQ, rea de Concentrao: Petrleo, Gs e

    Energias Renovveis, Natal/RN, Brasil.

    Orientador: Prof. Dr. Osvaldo Chiavone Filho

    RESUMO. A produo de petrleo, ao longo do tempo e do grau de explotao dos

    reservatrios, traz consigo uma crescente vazo de gua de formao. Essa gua produzida

    tende a formar emulses com o petrleo tanto no prprio reservatrio como nos dutos que

    escoam a produo. A emulso formada e estabilizada por componentes do prprio petrleo

    (asfaltenos, resinas, graxas, entre outros) tende a causar um efeito de aumento de viscosidade

    do fluido e, consequentemente, um aumento na perda de carga em tubulaes. A medio da

    viscosidade desses fluidos emulsionados em fluxo um problema complexo, pois os padres

    de escoamento formados nas tubulaes diferem da configurao em que se apresenta o fluido

    dentro de um viscosmetro. Alm de toda a incerteza em termos de obteno das

    caractersticas dos fluidos escoados temos tambm o fato de que, nos sistemas de escoamento

    industriais, a malha de escoamento composta, muitas vezes, de vrias estaes de bombeio

    ao longo dos dutos de transferncia e a mistura de uma srie de petrleos de diferentes

    formaes com caractersticas distintas. Diante disto, foi montado um circuito de testes de

    escoamento das emulses gua e leo de maneira a determinar, de forma controlada, a

    viscosidade aparente das emulses variando parmetros como o teor de gua e a vazo bruta.

    Tambm foram coletados dados de um sistema real de escoamento e, atravs de um

    tratamento estatstico desses dados e o uso de equaes aplicveis ao escoamento em

    tubulaes, foi obtida a curva de viscosidade aparente em funo do teor de gua. Por ltimo,

    foram obtidos dados de viscosidade de uma srie de emulses como funo do teor de gua

    utilizando remetro Brookfield. Todos estes dados foram analisados com a finalidade de

    determinar o melhor mtodo para obteno da viscosidade aparente do fluido de trabalho e

    dessa forma obter uma melhor descrio do escoamento.

    Palavras chaves: Escoamento, emulses, viscosidade aparente, oleoduto, reometria.

  • PESSOA, Joo Henrique Brito Study of the apparent viscosity in oil and water systems

    under flow conditions. Masters Thesis, UFRN, Chemical Engineer Post Graduate Program

    PPGEQ, Research Field: Oil, Gas and Renewable Energy, Natal/RN, Brasil.

    Research Leader: Prof. Dr. Osvaldo Chiavone Filho

    ABSTRACT. The oil production over time and degree of exploitation of the reservoirs,

    carries an increasing flow of formation water. This produced water tends to form emulsions

    with oil both within the reservoir as in the ducts that drain the production. The stabilized

    emulsion formed by the oil itself components ( asphaltenes , resins, lubricants , etc.) tends to

    cause an increase in fluid viscosity effect , and consequently , an increase in pressure loss in

    pipes . The measurement of the viscosity of these emulsified fluids in flow conditions is a

    complex problem, because the flow patterns formed in the pipes differ from the configuration

    in which the fluid is introduced in a viscometer. In addition to all the uncertainty in terms of

    obtaining the characteristics of the flowing fluids the industrial flow systems presents itself

    under a complex network with several pumping stations along the transfer ducts and mixing

    oils of different characteristics. Given this, it was developed a loop test in laboratorial scale

    for emulsions of water and oil in order to determine, under a controlled manner, the apparent

    viscosity of the emulsions varying parameters such as water content and total flow rate. A

    large set of data were collected from a real system flow and , through a statistical analysis of

    these data and the use of equations for the flow in pipes, was obtained the apparent viscosity

    curve as a function of water content . Finally, viscosity data were obtained from a series of

    emulsions as a function of the water content using a Brookfield rheometer. All these data

    were analyzed in order to determine the best method to obtain the apparent viscosity of the

    working fluid and thereby obtain a better description of the flow.

    Keywords: Flow, emulsions, apparent viscosity, pipeline, rheometry

  • DEDICATRIA

    A minha filha, meus pais e minha famlia que me apoiaram durante todo meu

    processo de formao tanto pessoal como profissional.

  • AGRADECIMENTOS

    A meu orientador Prof. Osvaldo por sua colaborao tcnica ao trabalho, apoio no

    momento dos problemas, pelas ideias e sugestes.

    Aos bolsistas Rafael, Artur, Vivaldo e Gabriela que ajudaram na montagem do

    sistema, realizao dos experimentos e tratamento dos dados.

    A todo o corpo docente do PPGEQ que contribuiu com a base terica necessria ao

    desenvolvimento do trabalho, alm de contribuir com ideias durante a montagem e operao

    do sistema.

    A equipe de colaboradores do NUPEG que deu toda orientao necessria e auxiliou

    nos ensaios laboratoriais necessrios.

    A Petrobras que apoiou com a liberao parcial de carga horria de trabalho para

    dedicao ao Mestrado.

    Ao PPGEQ e a UFRN por toda a estrutura e a oportunidade para que eu pudesse

    desenvolver o trabalho, alm de todo conhecimento terico necessrio.

    Ao NUPEG e ao PRH-14 que deram o apoio tcnico e a infra-estrutura necessria ao

    trabalho.

  • NDICE

    1. INTRODUO ................................................................................................... 1

    2. REVISO BIBLIOGRFICA ............................................................................. 4

    2.1 Fluidos ......................................................................................................... 4

    2.1.1 Massa especfica e densidade relativa ......................................................... 4

    2.1.2 Viscosidade .................................................................................................. 6

    2.1.3 Caracterizao do petrleo .......................................................................... 8

    2.1.4 Tenso superficial / interfacial .................................................................... 9

    2.2 Escoamento de lquidos em tubulaes ..................................................... 10

    2.2.1 Regimes de fluxo ....................................................................................... 10

    2.2.2 Regio de entrada e fluxo plenamente desenvolvido ................................ 11

    2.2.3 Equao de Darcy-Weisbach ..................................................................... 11

    2.3 Emulses gua e leo ................................................................................ 13

    2.3.1 Classificao das emulses gua e leo .................................................... 14

    2.3.2 Escoamento das emulses ......................................................................... 15

    2.4 Contribuies da literatura no escoamento de emulses ........................... 15

    3 METODOLOGIA .............................................................................................. 18

    3.1 Levantamento da curva viscosidade aparente x teor de gua atravs de

    dados reais do campo ........................................................................................................... 18

    3.2 Levantamento da curva viscosidade aparente x teor de gua atravs de

    dados do laboratrio ............................................................................................................. 22

    3.2.1 Sistema de escoamento em escala de laboratrio ...................................... 22

    3.2.2 Testes em bancada ..................................................................................... 24

    3.2.2.1 Massa especfica ........................................................................................ 24

    3.2.2.2 Viscosidade ................................................................................................ 26

    4 RESULTADOS E DISCUSSES ..................................................................... 28

    4.1 Levantamento da curva viscosidade aparente x teor de gua atravs de

    dados reais do campo ........................................................................................................... 28

  • 4.2 Levantamento da curva viscosidade x teor de gua atravs de dados do

    laboratrio 32

    4.2.1 Sistema de escoamento em escala de laboratrio ...................................... 33

    4.2.2 Testes em bancada ..................................................................................... 35

    5 CONCLUSO ................................................................................................... 41

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ....................................................................... 43

    ANEXOS ................................................................................................................... 46

  • NDICE DE FIGURAS

    Figura 1. Picnmetros. ................................................................................................. 5

    Figura 2. Viscosmetro rotativo. .................................................................................. 8

    Figura 3. Mtodos para medio da tenso superficial. ............................................... 9

    Figura 4. Ilustrao do experimento de Reynolds. ..................................................... 10

    Figura 5. Diagrama de Moody. .................................................................................. 13

    Figura 6. Classificao das emulses segundo as fases. ............................................ 14

    Figura 7. Fluxograma esquemtico do sistema. ......................................................... 19

    Figura 8. Fluxograma esquemtico do circuito de teste de escoamento. ................... 23

    Figura 9. Balana analtica usada para os ensaios de massa especfica. .................... 25

    Figura 10. Conjunto Remetro R/S BROOKFIELD, banho termosttico e software

    RHEO 2000. ............................................................................................................................. 26

    Figura 11. Detalhe dos cilindros concntricos do remetro R/S. ............................... 27

    Figura 12. Curva de viscosidade aparente versus teor de gua com os dados de

    escoamento do campo de produo. ......................................................................................... 28

    Figura 13. Comparao dos dados de campo com os resultados das correlaes. ..... 30

    Figura 14. Curva de viscosidade aparente x teor de gua usando os dados do sistema

    de escoamento em escala de laboratrio. ................................................................................. 33

    Figura 15. Comparao entre os dados experimentais e as correlaes da literatura. 34

    Figura 16. Curva massa especfica da mistura x teor de gua. .................................. 36

    Figura 17. Dados da viscosidade da mistura aferida no remetro (temperaturas de 30

    oC e 40 oC) em funo do teor de gua. ................................................................................... 37

    Figura 18. Comparao dos dados experimentais com as correlaes da literatura. . 39

    file:///C:/Users/cx3m/Desktop/Joo/Cursos/MESTRADO/DISSERTAO/Dissertao%20de%20Mestrado_Joo%20Henrique.docx%23_Toc405275788

  • NDICE DE TABELAS

    Tabela 1. Correlaes para clculo da viscosidade relativa da emulso. ................... 16

    Tabela 2. Regimes de operao da EB-A................................................................... 20

    Tabela 3. Massa especfica da gua destilada em funo da temperatura. ................ 25

    Tabela 4. Correlaes usadas para o clculo do ponto de inverso. .......................... 29

    Tabela 5. Clculo do ponto de inverso de fase. ........................................................ 30

    Tabela 6. Dados de campo e os dados obtidos com as correlaes da literatura. ...... 32

    Tabela 7. Dados obtidos no sistema de escoamento e os dados obtidos com as

    correlaes da literatura. .......................................................................................................... 35

    Tabela 8. Tempo de agitao para saturao mtua entre as fases. ........................... 36

    Tabela 9. Massa especfica em funo do teor de gua. ............................................ 37

    Tabela 10. Dados de viscosidade aparente obtidos no remetro a 30 C e a 40 C. .. 38

    Tabela 11. Dados obtidos no remetro e os dados obtidos com as correlaes da

    literatura. .................................................................................................................................. 40

  • Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o escoamento em oleodutos

    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 1

    1. INTRODUO

    A explotao de campos de petrleo no Rio Grande do Norte data da dcada de 70

    com a descoberta e a declarao de comercialidade dos campos de produo de petrleo no

    estado. Devido ao longo tempo de explotao das jazidas de petrleo no Rio Grande do Norte,

    os campos maduros, atualmente, tm sua explotao associada a um volume de gua muito

    elevado. Esse volume de gua elevado pode ser atribudo a fatores como o alto grau de

    explotao das reservas do Rio Grande do Norte, o uso de mtodos de recuperao secundria

    de petrleo como a injeo de gua e a injeo de vapor dgua. Esse fato traz algumas

    consequncias como a necessidade do aproveitamento da gua produzida e de escoamento

    dessa mistura bifsica leo e gua.

    O leo e gua produzidos em alguns dos campos de produo terrestres da UO-RNCE

    (Unidade de Operaes do Rio Grande do Norte e Cear) so transferidos a uma unidade

    central de tratamento, na cidade de Guamar. Boa parte desses fluidos transferida atravs de

    uma complexa malha de escoamento de lquidos que compreende dutos principais onde

    entroncam dutos provenientes das diversas estaes de bombeio de lquidos ao longo da

    malha de escoamento. Essa complexidade da malha implica numa dificuldade de

    conhecimento das caractersticas dos fluidos que escoam em determinados pontos dos dutos, e

    alm disso, causa uma grande dificuldade em termos da previsibilidade da produo, o que

    gera muitas incertezas para a tomada de decises envolvendo a necessidade de novos

    investimentos para o sistema. Dessa forma, o conhecimento mais aprofundado do processo de

    escoamento desses fluidos contribui para o gerenciamento mais adequado do sistema, de

    forma que o controle e a operabilidade da malha de escoamento de fluidos sejam preservados.

    A produo de petrleo associada a um alto volume de gua produzida apresenta a

    gerao de emulses, que podem ser de gua em leo (A/O), leo em gua (O/A) ou, at

    mesmo, emulses mltiplas (A/O/A ou O/A/O). Essas emulses podem ser formadas tanto

    nos reservatrios como no fundo dos poos, e tambm, durante o escoamento, devido ao

    turbilhonamento do fluido na passagem por vlvulas, tubulaes e acidentes. Essas emulses

    podem gerar inconvenientes como, por exemplo, o aumento da perda de carga em dutos

    (BASTIDAS, 2007).

    Na indstria do petrleo, boas estimativas de viscosidade, perda de carga, gradiente

    de presso, tamanho de gotculas e distribuio do tamanho das gotculas de emulses gua

    em leo so muito importantes para a modelagem do processo em termos de energia requerida

  • Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o escoamento em oleodutos

    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 2

    e problemas de garantia de escoamento. Contudo, apesar da importncia dessas emulses na

    indstria, poucos estudos foram publicados na literatura (KELEOLU; PETTERSEN;

    SJBLOM, 2012).

    Dada a complexidade da malha de escoamento de lquidos da UO-RNCE, o processo

    para isolar variveis de interesse no caso real impraticvel, uma vez que perturbaria de

    maneira significativa a operabilidade do sistema, trazendo riscos de perda de produo ou at

    de acidentes de processo provenientes da perturbao na malha de escoamento. A malha

    terrestre de escoamento de lquidos na UO-RNCE apresenta uma extenso de cerca de 150 km

    e os custos de bombeio so considerveis frente ao custo operacional total.

    Portanto, tendo em vista a necessidade de obteno de dados para a modelagem e

    simulao da malha de escoamento, faz-se necessrio montar um circuito de teste de

    escoamento em bancada onde se possam controlar todas as variveis e verificar a influncia

    de cada uma delas no processo de escoamento de maneira quantitativa.

    Alm disso, testes de escoamento em escala laboratorial sero importantes para o

    conhecimento do processo de transferncia de fluidos e at para testes de performance de

    produtos qumicos que auxiliam no escoamento da emulso formada entre a gua produzida e

    o petrleo. Os dados de campo tambm podero ser usados como referncia para validarmos

    as ferramentas de anlise do processo desenvolvidas, que so fundamentadas nos

    experimentos de bancada e nos modelos obtidos.

    Sendo assim, torna-se de interesse tanto cientfico como para o desenvolvimento

    industrial, o conhecimento mais aprofundado das implicaes da formao de emulses entre

    a gua produzida e o petrleo para o escoamento de lquidos.

    O trabalho tem como finalidade principal obter conhecimento mais especfico e

    rigoroso do processo de escoamento de emulses formadas entre gua produzida e petrleo

    dentro das malhas de escoamento de lquidos, visando o melhor entendimento da operao de

    transferncia entre os campos produtores e a unidade de tratamento de fluidos.

    J como objetivos especficos do trabalho podemos citar:

    a) Pesquisar trabalhos na literatura cientfica, levantando um banco de

    referncias bibliogrficas, contendo dados experimentais, mtodos de

    laboratrio, modelos matemticos e ferramentas computacionais.

    b) Definir mtodo experimental para a determinao da viscosidade aparente das

    emulses em estudo.

    c) Realizar anlise estatstica e modelagem do processo.

  • Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o escoamento em oleodutos

    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 3

    d) Realizar anlise dos trechos da malha de escoamento de lquidos existente na

    UO-RNCE com as ferramentas desenvolvidas comparando os resultados

    obtidos com os dados de campo.

    Com a finalidade de facilitar o entendimento, os estudos envolvidos no presente

    trabalho foram organizados da seguinte forma:

    1. Estudo da viscosidade aparente usando dados do campo, que consiste em:

    a. Levantamento dos dados ;

    b. Tratamento estatstico dos dados obtidos ;

    c. Anlise dos dados a partir de correlaes empricas obtidas da literatura.

    2. Estudo da viscosidade aparente usando dados de bancada, que consiste em:

    a. Desenvolvimento de sistema de escoamento em escala de laboratrio ;

    b. Experimentos no sistema de escoamento montado ;

    c. Determinao da viscosidade em equipamentos de laboratrio ;

    d. Anlise dos dados a partir de correlaes empricas obtidas da literatura.

    3. Comparao dos resultados obtidos das diferentes formas analisadas.

  • Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o escoamento em oleodutos

    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 4

    2. REVISO BIBLIOGRFICA

    Este captulo est organizado nos seguintes tpicos: (1) caractersticas dos fluidos,

    (2) escoamento de lquidos em tubulaes e (3) emulses gua e leo. Com o objetivo de

    introduzir o leitor nos temas, fundamentos tericos so inicialmente observados, logo em

    seguida os trabalhos de pesquisas nos respectivos temas so descritos.

    2.1 Fluidos

    O fluido uma substncia que se deforma continuamente quando submetida a uma

    tenso de cisalhamento. Quando em repouso, esse tipo de substncia no oferece qualquer

    resistncia a uma fora de cisalhamento. O leo e a gua so alguns exemplos de fluidos.

    No estudo do escoamento de fluidos como o leo e a gua, algumas propriedades dos

    mesmos so de importncia fundamental. A seguir, citam-se algumas dessas propriedades.

    2.1.1 Massa especfica e densidade relativa

    A massa especfica de um determinado fluido dada pela razo entre a massa e o

    volume de uma determinada amostra do mesmo, como pode ser observado na equao 1:

    =

    Eq. 1

    Onde a massa especfica, m a massa da amostra de fluido e V o volume dessa

    amostra.

    Quando trabalhamos com petrleo, mais comum identific-lo pela sua densidade

    relativa. Em geral, no Brasil, utilizamos a massa especfica do leo a 20 oC em relao a

    massa especfica da gua a 4 oC. Sendo assim, a densidade relativa do leo dada por:

    20/4 =,20

    ,4 Eq. 2

    Onde d20/4 a densidade do leo a 20 oC em relao a massa especfica da gua a 4

    oC, O,20 a massa especfica do leo a 20 oC e A,4 a massa especfica da gua a 4 oC.

  • Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o escoamento em oleodutos

    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 5

    Na indstria do petrleo, trabalha-se com o grau API, que definido pela equao 3,

    a seguir.

    =141,5

    15,6/15,6 131,5 Eq. 3

    Onde o grau API do petrleo e d15,6/15,6 a densidade do leo a 15,6 oC em

    relao a massa especfica da gua a 15,6 oC.

    O equipamento usado para medio da densidade o densmetro que consiste num

    bulbo de vidro que imerso em um recipiente contendo a amostra que se quer determinar a

    densidade. Depois de um tempo para atingir o equilbrio, esse bulbo de vidro flutuar

    verticalmente em determinado nvel. Esse nvel corresponde ao fato do peso do densmetro

    ser igual ao efeito de empuxo. Quanto maior a densidade da amostra, menos o densmetro

    afundar na mesma. O nvel aonde atingido o equilbrio corresponde a densidade da amostra

    numa escala devidamente calibrada (SIMANZHENKOV; IDEM, 2003).

    Um outro mtodo bastante utilizado o mtodo do picnmetro, que consiste em usar

    um recipiente de vidro com um volume definido chamado picnmetro, mostrado na figura 1.

    Figura 1. Picnmetros.

    Fonte: (TRADELAB, 2014)

    Dessa forma, primeiro mede-se a massa do picnmetro sem a amostra (ms), depois o

    picnmetro preenchido com a amostra e mede-se a massa do picnmetro com a amostra

    (mc). A massa especfica dada ento atravs da equao 4, a seguir:

  • Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o escoamento em oleodutos

    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 6

    =()

    Eq. 4

    Onde a massa especfica, ms a massa do picnmetro sem a amostra de fluido, mc

    a massa do picnmetro com a amostra de fluido e V o volume dessa amostra no

    picnmetro.(SIMANZHENKOV; IDEM, 2003)

    2.1.2 Viscosidade

    Todo fluido em movimento oferece uma resistncia a qualquer fora que faa com

    que uma camada deslize sobre outra, e a essa resistncia d-se o nome de viscosidade. Uma

    possvel causa da existncia dessa resistncia ao fluxo a fora de atrao entre as molculas

    (MASSEY; WARD-SMITH, 2006).

    Supondo um lquido entre duas placas planas e, em determinado instante de tempo,

    uma dessas placas comea a se mover, e nesse caso teremos uma fora proporcional rea e

    velocidade de escoamento e inversamente proporcional distncia entre essas duas placas. A

    essa constante de proporcionalidade damos o nome de viscosidade e expresso que

    demonstra esse fenmeno foi dado o nome de Lei de Newton da viscosidade (BIRD;

    STEWART; LIGHTFOOT, 2004). Esta expresso indicada a seguir:

    =

    Eq. 5

    Onde a tenso de cisalhamento gerada por uma fora na direo x numa rea

    unitria perpendicular direo y, a viscosidade dinmica do fluido e

    a taxa de

    deformao do fluido.

    Os fluidos podem ser caracterizados de acordo com seu comportamento reolgico.

    Quando a tenso de cisalhamento proporcional a taxa de deformao do fluido

    o fluido tido como Newtoniano, pois obedece a lei de Newton da viscosidade. Caso

    contrrio, ele caracterizado como um fluido no Newtoniano.

    A viscosidade de um fluido no pode ser diretamente medida, mas seu valor pode ser

    calculado a partir de grandezas mensurveis e equaes apropriadas. O aparelho usado para

  • Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o escoamento em oleodutos

    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 7

    essas medidas o viscosmetro e o estudo dos mtodos para determinao da viscosidade a

    viscometria (MASSEY; WARD-SMITH, 2006).

    Alguns mtodos podem ser utilizados para a determinao da viscosidade de um

    lquido, dentre eles temos:

    1. Mtodos de transpirao: envolve um escoamento laminar por um tubo circular, a

    viscosidade ento determinada atravs da Lei de Poiseuille rearranjada da

    seguinte forma:

    =(1

    2)4

    128 Eq. 6

    Onde (1 2

    ) a diferena de presso entre dois pontos do tubo

    circular, d o dimetro interno do tubo, Q a vazo medida e l o comprimento

    do tubo.

    Portanto, pode ser medida a diferena de presso entre dois pontos do

    tubo circular (com dimetro interno e comprimento conhecidos) e tambm, a

    vazo do lquido que escoa (MASSEY; WARD-SMITH, 2006).

    2. Mtodos rotativos: uma forma simples de aplicar uma determinada taxa de

    cisalhamento conhecida a um fluido medindo a tenso viscosa produzida encher

    o espao vazio entre o anular de 2 cilindros concntricos de dimetros diferentes,

    mantendo um deles fixo e outro girando. Este tipo de viscosmetro ilustrado na

    figura 2 (MASSEY; WARD-SMITH, 2006).

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    Figura 2. Viscosmetro rotativo.

    Fonte : MASSEY; WARD-SMITH, 2006.

    2.1.3 Caracterizao do petrleo

    A caracterizao do petrleo pode ser usada para fins de determinar, dentre os tipos

    de petrleos utilizados, quais apresentam maior tendncia de formao de emulses estveis

    em funo da composio do petrleo em termos de componentes aromticos, parafnicos e

    naftnicos. Para obter tal caracterizao, a tcnica HPLC (High Performance Liquid

    Chromatography) pode ser usada.

    Tambm chamada de High Pressure Liquid Chromatography, essa tcnica de

    anlise foi desenvolvida na dcada de 60 e derivada da cromatografia em coluna. A

    cromatografia em coluna consiste na passagem de uma amostra lquida da mistura com um

    solvente por uma coluna recheada com partculas de material adsorvente. Como a coluna

    mantida aberta ao meio ambiente, o escoamento do fluido se d pela ao da fora

    gravitacional. Sendo assim, a principal limitao dessa tcnica seria o tempo necessrio para a

    separao de toda a amostra a ser analisada. Por conta disso, a tcnica de cromatografia em

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    coluna , atualmente, pouco utilizada e foi substituda pela tcnica de HPLC, que consiste em

    passar a amostra a ser analisada junto com um solvente especfico por coluna com material

    absorvente, com o detalhe que esse lquido submetido a alta presso (SIMANZHENKOV;

    IDEM, 2003).

    2.1.4 Tenso superficial / interfacial

    Na interface entre um lquido e um gs ou entre dois lquidos imiscveis, foras

    desenvolvidas na superfcie do lquido fazem com que esse tenha um comportamento

    semelhante a uma membrana disposta sobre a massa de fluido. Esse comportamento vem de

    foras coesivas desbalanceadas que atuam nas molculas do lquido na superfcie do fluido,

    enquanto isso, molculas no seio do fluido so atradas entre si. A intensidade da atrao

    molecular por unidade de comprimento chamada de tenso superficial (caso lquido / gs)

    ou tenso interfacial (caso lquido / lquido), essa tenso uma propriedade do lquido e

    funo da temperatura e do outro fluido que est em contato (YOUNG et al., 2010).

    Os principais mtodos para medir a tenso superficial esto apresentados no quadro

    da figura 3.

    Figura 3. Mtodos para medio da tenso superficial.

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    MTODOS PARA MEDIR TENSO SUPERFICIAL

    ESTTICOS:

    - mtodo da asceno capilar

    - mtodo da gota pendente

    DINMICOS

    SUPERFCIE ROMPIDA DURANTE A MEDIDA:

    - mtodo do anel de du Nuoy

    SUPERFCIE SE ENCONTRA EM MOVIMENTO DURANTE A

    MEDIDA:

    - mtodo do escoamento

    - mtodo das ondas capilares

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    2.2 Escoamento de lquidos em tubulaes

    O objetivo desta seo descrever de forma breve o mecanismo de escoamento de

    lquidos em tubulaes, mostrar a classificao do escoamento e apresentar as principais

    equaes que descrevem o processo.

    2.2.1 Regimes de fluxo

    O escoamento de lquidos em tubulaes pode ser classificado como laminar,

    transicional ou turbulento. Osborne Reynolds, um cientista e matemtico britnico, foi quem

    primeiro realizou experimentos para caracterizar o escoamento. Seu experimento consistiu em

    passar uma vazo de lquido por um tubo transparente, nesse lquido ele adicionou uma

    substncia corante e observou os padres de fluxo (YOUNG et al., 2010).

    A figura 4 abaixo mostra uma representao esquemtica do experimento e os

    padres de fluxo observados por Reynolds.

    Figura 4. Ilustrao do experimento de Reynolds.

    Fonte: YOUNG et al., 2010.

    Com a finalidade de caracterizar os padres de escoamento de fluidos foi definido

    ento um nmero adimensional, chamado nmero de Reynolds (Re), que a razo entre o

    produto da massa especfica do fluido (), da velocidade de escoamento (v) e do dimetro

    interno da tubulao (D) e a viscosidade cinemtica do fluido (). Sendo assim:

    C

    orante

    Rastro do corante

    Tubulao

    Entrada lisa e bem

    curvilnea

    Turbulento

    Transicional

    Laminar

    Corante

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    =

    Eq. 7

    Ento, o escoamento laminar definido, para escoamento dentro de tubulaes, pelo

    Re < 2100. O escoamento turbulento pelo Re > 4000. E a regio com 2100 < Re < 4000 a

    regio transicional, onde o fluxo muda de laminar para turbulento de forma aparentemente

    aleatria (YOUNG et al., 2010).

    2.2.2 Regio de entrada e fluxo plenamente desenvolvido

    A regio perto da entrada do fluido numa tubulao chama de regio de entrada e

    corresponde desde o ponto onde a velocidade constante ao longo do raio da tubulao e

    varia com o comprimento da mesma, at a regio onde essa velocidade varia com o raio da

    tubulao, mas constante em funo do comprimento, quando isto ocorre denomina-se de

    fluxo plenamente desenvolvido.

    O comprimento de entrada le ento definido pelo comprimento em que se chega no

    perfil de velocidade variando apenas com o raio da tubulao e pode ser calculado atravs das

    equaes 8 e 9, dependendo do regime de escoamento (YOUNG et al., 2010).

    = 0,06 REGIME LAMINAR Eq. 8

    = 4,4

    16 REGIME TURBULENTO Eq. 9

    Neste trabalho se utilizaro as equaes 8 e 9 para o dimensionamento do sistema de

    teste em bancada, uma vez que os equipamentos para medio das variveis de processo

    devero ser inseridos na regio de fluxo plenamente desenvolvido.

    2.2.3 Equao de Darcy-Weisbach

    Para determinar a diferena de presso entre dois pontos quaisquer em uma

    tubulao, pode ser utilizada a equao de Bernoulli (equao 10), desde que tenhamos um

    sistema em regime permanente com fluido incompressvel.

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    1

    +

    12

    2+ 1 =

    2

    +

    22

    2+ 2 + Eq. 10

    Onde hL denominada a perda de carga por frico e dada pela equao 11, a

    equao de Darcy-Weisbach.

    =

    2

    2 Eq. 11

    Considerando que no h variao de velocidade em determinado trecho de

    tubulao (plausvel caso o escoamento estiver plenamente desenvolvido e a tubulao no

    sofrer variao de dimetro interno), e no h diferena de cota, a equao 10 fica da seguinte

    forma:

    1

    2

    =

    =

    2

    2 =

    2

    2 Eq. 12

    A equao 12 pode ser utilizada para o clculo da diferena de presso entre 2 pontos

    numa tubulao com dimetro interno constante sem variao de cota, fluxo plenamente

    desenvolvido, fluido incompressvel e escoamento em estado estacionrio (YOUNG et al.,

    2010).

    O fator de atrito de Darcy uma funo do nmero de Reynolds e da rugosidade

    relativa da tubulao. Ele pode ser determinado atravs do diagrama de Moody (figura 5).

    Quando o escoamento se apresenta em um regime laminar, esse fator de atrito dado por

    64/Re.

    Uma outra forma de determinar o fator de atrito de Darcy utilizando equaes

    matemticas implcitas (Colebrooke-White, equao 13) ou explcitas.

    1

    = 2 log10 (

    3,7+

    2,51

    ) Eq. 13

    Onde f o fator de atrito de Darcy, a rugosidade da tubulao, D o dimetro

    interno da tubulao e Re o nmero de Reynolds do escoamento.

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    Figura 5. Diagrama de Moody.

    Fonte: YOUNG et al., 2010.

    2.3 Emulses gua e leo

    As emulses consistem em uma disperso de um lquido imiscvel (fase dispersa) em

    outro lquido (fase contnua) com dimetros de gotcula da ordem de micrmetros

    (HOSHYARGAR; ASHRAFIZADEH, 2013).

    As propriedades reolgicas de uma emulso e sua estabilidade so controladas por

    variveis como a temperatura, composio das fases, frao volumtrica da fase dispersa e

    distribuio do tamanho das gotculas (HOSHYARGAR; ASHRAFIZADEH, 2013).

    Com o passar dos anos, os reservatrios maduros incrementam as fraes de gua

    produzida. A produo do petrleo com altas fraes de gua acarreta na formao das

    emulses entre o petrleo e a gua produzida. Essas emulses podem ser formadas tanto no

    escoamento dentro do prprio reservatrio como atravs das tubulaes, vlvulas e acidentes

    de linha (BASTIDAS, 2007).

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    2.3.1 Classificao das emulses gua e leo

    As emulses formadas entre o petrleo e gua produzida podem ser classificadas,

    quanto as fases que a compem em:

    - Emulses gua / leo (A/O): onde o leo a fase contnua e a gua a fase dispersa.

    - Emulses leo / gua (O/A): onde a gua a fase contnua e o leo a fase dispersa.

    - Emulses mltiplas: leo / gua / leo (O/A/O) e gua / leo / gua (A/O/A).

    A figura 6 ilustra essas emulses.

    Figura 6. Classificao das emulses segundo as fases.

    Fonte: BASTIDAS, 2007.

    Geralmente, emulses A/O so geradas quando o BS&W (basic sediments and

    water) est abaixo da regio entre 60 a 80%, dependendo do tipo de leo. Enquanto que

    emulses O/A so geradas com BS&W acima da faixa de 60 a 80%. Dentro dessa faixa

    geralmente se encontra o ponto de inverso de fase (FILIPPOV; PANFEROV, 2012).

    As emulses formadas na produo de petrleo (O/A, A/O, A/O/A ou O/A/O) so

    comumente classificadas de acordo com sua estabilidade cintica:

    - Emulses grossas (loose emulsions): so aquelas que se separam em

    poucos minutos.

    O/A A/O

    O/A

    A/O/A O/A/O

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    - Emulses mdias (medium emulsions): so as que se separam em

    aproximadamente 10 minutos.

    - Emulses muito pequenas (tight emulsions): so aquelas que levam

    muito tempo para se separar, horas, dias, semanas e, s vezes, nem se separam

    completamente (FINK, 2011).

    2.3.2 Escoamento das emulses

    O escoamento de emulses pode ser tratado tanto como um escoamento bifsico

    lquido-lquido com escorregamento entre as fases ou sem escorregamento entre as fases. A

    hiptese sem escorregamento entre as fases uma das consideraes bsicas do modelo de

    escoamento bifsico homogneo (HAPANOWICZ, 2008).

    A viscosidade efetiva da emulso pode exceder de forma substancial tanto a

    viscosidade da fase oleosa como a viscosidade da fase aquosa. A viscosidade aparente dessas

    misturas depende de diversos fatores: viscosidade da gua e do leo, frao volumtrica da

    gua, temperatura, distribuio do tamanho das gotculas, quantidade de slidos no petrleo e

    taxa de cisalhamento (PLASENCIA; PETTERSEN; NYDAL, 2013).

    A perda de carga em um sistema onde se escoa uma emulso de petrleo e gua

    produzida depende fortemente da fase da emulso. Em emulses A/O a viscosidade do fluido

    aumenta com o BS&W causando um aumento na perda de carga por frico. Esse aumento

    chega at um determinado BS&W quando a viscosidade cai vertiginosamente para algo em

    torno da viscosidade da gua. Esse ponto onde h a queda da viscosidade chamado de ponto

    de inverso e caracteriza a mudana da emulso A/O para uma emulso O/A.

    Ainda h a possibilidade de um aumento no BS&W ocasionar um fluxo estratificado

    de gua e emulso A/O, dessa forma tambm se observa uma queda drstica da perda de

    carga, por conta da formao de um fluxo da emulso A/O por dentro de um anular de gua

    que fica em contato com a parede da tubulao (WANG; GONG; ANGELI, 2011).

    2.4 Contribuies da literatura no escoamento de emulses

    Investigaes de escoamento de emulses datam desde 1906, quando Albert Einstein

    props um modelo que calcula a viscosidade da emulso em funo da frao volumtrica da

    fase dispersa (EINSTEIN, 1906).

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    Em 1932, Taylor props um segundo modelo para viscosidade da emulso em funo

    da frao volumtrica da fase dispersa e inserindo uma correo levando em conta as

    viscosidades da fase contnua e da fase dispersa (TAYLOR, 1932).

    Uma outra equao para predio da viscosidade da emulso em funo da frao

    volumtrica da fase dispersa foi proposta por Richardson em 1933, essa equao usava um

    termo exponencial (RICHARDSON, 1933).

    Em 1937, Broughton e Squires propuseram uma modificao da equao de

    Richardson, colocando-a na forma logartmica (BROUGHTON; SQUIRES, 1937).

    Em 1989, Pal e Rhodes propuseram uma equao para determinar a viscosidade de

    emulses Newtonianas e no Newtonianas (PAL; RHODES, 1989).

    No quadro da tabela 1 encontram-se as equaes que correlacionam a viscosidade

    relativa da emulso com a frao volumtrica da fase dispersa , as viscosidades da fase

    dispersa e contnua e , respectivamente, e o parmetro k de Richardson.

    Tabela 1. Correlaes para clculo da viscosidade relativa da emulso.

    Equao Referncia

    = + , eq. 14 EINSTEIN, 1906

    = + , (+,

    +) eq. 15 TAYLOR, 1932

    = eq. 16 RICHARDSON, 1933

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    No trabalho de Pal, de 1993, a lei da potncia foi usada para descrever as

    caractersticas reolgicas do petrleo e suas emulses com a gua (PAL, 1993).

    Em 1994, Otsubo e Prudhomme descreveram o mecanismo de como o aumento da

    frao de gua na emulso interferia no aumento da viscosidade da mesma at o ponto de

    inverso (OTSUBO; PRUD'HOMME, 1994).

    Em 1998, Mouraille et al chegaram concluso que compostos presentes no

    petrleo, como asfaltenos e ceras podem contribuir significativamente para a estabilidade das

    emulses (MOURAILLE et al., 1998). Ali e Alqam, em 2000, colocaram que as resinas

    tambm afetam a estabilidade da emulso e sugerem que a associao entre os asfaltenos e as

    resinas presentes no petrleo aumentam essa estabilidade (ALI; ALQAM, 2000). Em 2003,

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    Sjblom et al publicaram a importncia dos cidos naftnicos na estabilidade das emulses

    (SJBLOM et al., 2003).

    Foi observado por Pal e Hwang, em 1999, que as emulses gua em petrleo (A/O)

    apresentam a um comportamento de pseudoplasticidade, ou seja, a diminuio da viscosidade

    com o aumento da taxa de cisalhamento, e esse efeito tende a aumentar de acordo com o

    aumento da concentrao da fase dispersa (PAL; HWANG, 1999).

    O fenmeno de inverso de fase da emulso foi evidenciado, atravs da observao

    de uma queda brusca da viscosidade relativa de uma mistura leo e gua com o aumento do

    teor de gua da mistura acima do ponto de inverso, em um circuito de testes de escoamento,

    por Johnsen e Ronningsen, em 2003 (JOHNSEN; RNNINGSEN, 2003).

    Em 2012, Keleolu, Pettersen e Sjblom constataram a existncia de poucos

    trabalhos cientficos publicados com relao ao estudo da viscosidade aparente da emulso

    formada pelo leo e gua (KELEOLU et al., 2012).

    Em 2013, Plasencia, Pettersen e Nydal observaram o fenmeno de inverso de fase

    da emulso usando um circuito de testes de escoamento. Esse fenmeno ficou evidenciado

    devido a um dos experimentos que apresentou uma reduo significativa na perda de carga do

    sistema quando o teor de gua da mistura leo e gua era aumentado (PLASENCIA et al.,

    2013).

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    3 METODOLOGIA

    O trabalho como um todo consiste em 3 abordagens complementares sobre o mesmo

    tema, o escoamento de emulses O/A ou A/O em tubulaes industriais. Estas 3 abordagens

    so: levantamento da curva viscosidade aparente x teor de gua atravs de dados reais do

    campo; levantamento da curva viscosidade aparente x teor de gua atravs de correlaes da

    literatura e levantamento da curva viscosidade aparente x teor de gua atravs de dados de

    laboratrio (loop de teste e testes de bancada).

    3.1 Levantamento da curva viscosidade aparente x teor de gua atravs de dados

    reais do campo

    O sistema de escoamento estudado compreende a transferncia de fluidos (leo e

    gua produzida) de uma estao de bombeio A (EB-A) a uma estao de recebimento (ER)

    atravs de um duto com dimetro nominal de 16 e dimetro interno de 15,5. Alm disso,

    esse duto tem um comprimento de 55 km desde a EB-A at a ER, a rugosidade da tubulao

    de 0,0457 mm e a diferena de cota entre a EB-A e a ER de -10 m. A cerca de 27 km da EB-

    A, uma outra estao de bombeio B (EB-B), menor e com um sistema de bombeio

    intermintente, transfere sua produo pelo mesmo duto. Esse sistema est representado no

    fluxograma esquemtico da figura 7.

    O sistema de armazenamento e transferncia da EB-A conta basicamente com 2

    tanques de armazenamento, sendo 1 para o leo e outro para a gua produzida; 7 bombas de

    transferncia, sendo 3 dedicadas a transferncia do leo e com vazo nominal de 175 m/h

    cada e 4 dedicadas a transferncia da gua produzida e com vazo nominal de 230 m/h cada.

    Ainda conta com sistemas de medio de vazo (EMEDs) individualizados para o leo e para

    a gua, permitindo assim acompanhar a vazo instantnea de leo e de gua na sada da EB-

    A.

    No oleoduto observa-se um instrumento de indicador e transmissor de presso (PIT)

    que permite a obteno de dados histricos de presso na entrada do mesmo. Alm disso,

    observa-se tambm um PIT na chegada do mesmo oleoduto a ER, permitindo assim, o clculo

    da variao da presso ao longo do oleoduto citado.

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    J a EB-B conta com 3 bombas de 50 m/h cada, sendo que apenas uma dessas

    bombas opera ligada por um determinado perodo de tempo, suficiente apenas para o

    escoamento da produo (regime intermitente de operao).

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    Primeiramente, atravs de um sistema que coleta dados histricos de vazes

    instantneas de leo e de gua e presses, viabilizado pela existncia dos instrumentos

    indicadores e transmissores de vazo e de presso existentes no sistema, foi feita a coleta de

    uma gama de dados correspondente a um perodo de Fevereiro de 2013 a Fevereiro de 2014.

    Esses dados foram classificados de acordo com os regimes de operao observados

    na EB-A (funo da quantidade de bombas de leo e de gua ligadas no sistema), sendo eles

    descritos na tabela 2 a seguir.

    Figura 7. Fluxograma esquemtico do sistema de escoamento real em campo.

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    Tabela 2. Regimes de operao da EB-A.

    QTDE DE

    BOMBAS DE

    LEO LIGADAS

    QTDE DE

    BOMBAS DE

    GUA LIGADAS

    REGIME DE

    OPERAO

    NMERO DE

    INTERVALOS

    MAPEADOS

    0 3 0O3A 1

    1 0 1O0A 2

    1 1 1O1A 24

    1 2 1O2A 101

    1 3 1O3A 12

    2 1 2O1A 3

    2 2 2O2A 6

    2 3 2O3A 1

    3 1 3O1A 1

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    Em cada um desses regimes de operao foram mapeados intervalos de operao

    contnua (quantidade de intervalos indicada na tabela 2), sem variaes de quantidades de

    bombas ligadas no sistema. Alm disso, a durao desses intervalos foi comparada ao tempo

    necessrio para que um determinado elemento de fluido com uma determinada velocidade de

    escoamento sasse da EB-A e chegasse a ER. Esse tempo foi denominado de tempo de

    trnsito.

    Dessa forma foi possvel obter dados em uma ampla faixa de teor de gua do

    escoamento, determinado em funo das vazes instantneas de gua e de leo obtidas nas

    EMEDs da EB-A. Sendo assim, o teor de gua do escoamento foi calculado atravs da

    equao 17 a seguir.

    =

    + Eq. 17

    Onde QA a vazo de gua produzida na sada da EB-A e QB a vazo de leo na

    sada da EB-A.

    Atravs dos dados de presso na sada da EB-A (p1) e na chegada da ER (p2),

    puderam ser obtidos os valores da diferena de presso no oleoduto, usando a equao 18.

    = 1 2 Eq. 18

    Onde a diferena de presso entre a entrada e a sada do oleoduto.

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    Tambm foi possvel calcular a vazo bruta de lquido escoando pela tubulao

    atravs da equao 19.

    = + Eq. 19

    Onde QB a vazo bruta.

    Para cada intervalo foram calculados vazo bruta e teor de gua do escoamento e a

    diferena de presso no oleoduto. Com esses dados, tornou-se possvel o clculo da

    viscosidade aparente do fluido que est escoando.

    A partir da equao 10, considerando no haver diferena de velocidade significativa

    ao longo da tubulao, pode-se observar que a perda de carga ser dada pela expresso da

    equao 20.

    =1

    2

    + 1 2 Eq. 20

    Substituindo a equao 11 na equao 20, chegamos na equao 21.

    2

    2=

    1

    2

    + 1 2 =

    2

    2[

    (12)

    + (1 2)] Eq. 21

    Sendo que o fator de atrito funo do regime de escoamento (laminar ou

    turbulento), a rugosidade relativa da tubulao e o nmero de Reynolds que, por sua vez,

    funo, entre outras coisas, da viscosidade do fluido.

    Portanto, atravs de um clculo iterativo usando a equao de Colebrooke-White

    (equao 13), determinou-se a viscosidade aparente para cada intervalo de operao contnua

    mapeado.

    Com a finalidade de reduzir as variaes presentes no processo de transferncia dos

    fluidos causados pela operao das estaes (restries em vlvulas de controle, transientes

    nos momentos de ligar / desligar bombas, passagens de PIGs de limpeza no duto, etc.) foi

    usada uma tcnica para eliminar dados discrepantes, com a meta de, para cada conjunto de

    dados de viscosidade aparente para um dado teor de gua, obter um desvio padro mximo de

    10% da mdia do conjunto de dados.

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    Ainda foram usadas as correlaes obtidas da literatura. Todos os clculos

    necessrios foram realizados em planilhas no Excel. Os grficos gerados foram comparados

    com os grficos obtidos atravs da anlise com os dados de campo e com os dados de

    laboratrio.

    As correlaes da tabela 1 devem ser utilizadas de acordo com a fase em que se

    encontre o escoamento. Caso estejamos tratando com a regio A/O, a fase contnua a fase

    oleosa, ou seja, = , alm disso a frao volumtrica a da fase dispersa, ou seja, o teor

    de gua. Por um outro lado, caso estejamos tratando com a regio O/A, a fase contnua a

    fase aquosa, ou seja, = , alm disso a frao volumtrica a da fase dispersa, ou seja, o

    teor de leo (1 ).

    3.2 Levantamento da curva viscosidade aparente x teor de gua atravs de dados do

    laboratrio

    Para obter os dados em laboratrio foram realizadas duas metodologias diferentes:

    um sistema de escoamento em escala de laboratrio e testes em bancada (usando picnmetros,

    remetros, etc.).

    As amostras de leo e de gua utilizadas no sistema de escoamento em escala de

    laboratrio e nos testes de bancada foram obtidas dos tanques de transferncia de leo e de

    gua da EB-A, mostrados na figura 7.

    3.2.1 Sistema de escoamento em escala de laboratrio

    Um sistema de escoamento em escala de laboratrio foi montado no laboratrio do

    NUPEG do Departamento de Engenharia Qumica da UFRN. O sistema (figura 8) composto

    por:

    (1) tanque de armazenamento (20L);

    (2) bomba centrfuga de 1/3 HP;

    (3) manmetro bourdon instalado na linha de descarga da bomba;

    (4) vlvula do tipo esfera instalada na linha de descarga da bomba;

    (5) manmetro diferencial do tipo tubo em U com mercrio;

    (6) 17 m de tubulao em PVC de 1 de dimetro nominal, sendo o comprimento do

    trecho usado nas medidas de perda de carga por frico igual a 3 m;

  • Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o escoamento em oleodutos

    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 23

    (7) tomada de amostra para aferio da vazo.

    Dessa forma o fluido abastecido no tanque de 20L e, depois de verificada a escorva

    da bomba (impelidor cheio de lquido), esta pode ser ligada de forma a fazer o fluido circular

    por todo o sistema.

    Figura 8. Fluxograma esquemtico do circuito de teste de escoamento.

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    O diferencial de presso mdido atravs da leitura da diferena de cota no

    manmetro tipo tubo em U com coluna de mercrio. Cada uma das extremidades deste

    manmetro conectada a uma tomada nas extremidades do trecho de 3 m para medio.

    A medio da vazo feita atravs da tomada de amostra do sistema. A princpio,

    engata-se uma mangueira flexvel na sada da tomada de amostra cuja vlvula se encontra

    fechada, em seguida, afere-se a massa de um recipiente vazio e s ento, se direciona-se a

    mangueira ao referido recipiente e a vlvula aberta. Neste momento, deve-se cronometrar o

    tempo para recolhimento da amostra e anotar este tempo. Da deve ser medida a massa do

    conjunto recipiente + amostra e anotada, a vazo mssica obtida pela razo entre a massa da

    amostra pelo tempo de coleta. Esse procedimento foi repetido por mais duas vezes. Com a

    massa especfica da amostra (obtida usando o picnmetro) foi calculada a vazo volumtrica.

    Para obter o teor de gua das amostras no sistema de escoamento em escala de

    laboratrio inicialmente foi obtida uma curva de massa especfica da mistura x teor de gua.

    Foram preparadas misturas de 0%, 5%, 10%, 20%, 30%, 40%, 50%, 60%, 70%, 80%, 90% e

    100% de teor de gua e, usando o picnmetro, foram obtidos os valores de massa especfica

    de cada mistura preparada. Em seguida foi gerada uma curva e, com essa curva e a massa

    especfica da amostra do sistema, foi determinado o teor de gua de cada amostra.

  • Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o escoamento em oleodutos

    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 24

    Com os dados de teor de gua, vazo volumtrica, diferena de presso medida e

    massa especfica possvel, atravs de um clculo iterativo usando as equaes 13 e 21,

    calcular a viscosidade aparente em funo do teor de gua da amostra.

    3.2.2 Testes em bancada

    Basicamente duas propriedades foram estudadas: massa especfica e viscosidade.

    Antes de realizar as anlises propriamente ditas, foi necessrio a determinao do

    tempo de agitao para saturao mtua entre as fases. O procedimento consistiu em,

    basicamente, efetuar a mistura de leo e gua na proporo desejada, usando uma progresso

    nos tempos de agitao da amostra de 5 em 5 minutos. A cada agitao foi medida a

    viscosidade da amostra a temperatura ambiente e verificada a diferena entre a medida obtida

    em um determinado momento com a medida em um momento anterior. Quando se verificou

    que no ocorria mais mudanas significativa entre as viscosidades, foi determinado o tempo

    de agitao para a saturao mtua entre as fases (15 minutos).

    Para obteno da mistura entre o leo e a gua para as anlises, foram medidos

    volumes de leo e de gua referentes ao teor de gua para cada amostra, em seguida, esses

    volumes de leo e de gua foram transferidos a um bquer e procedeu-se uma agitao

    durante 15 minutos.

    3.2.2.1 Massa especfica

    Para a medio da massa especfica foi usado o picnmetro. Os materiais necessrios

    para essa anlise esto listados abaixo:

    - picnmetro;

    - termmetro;

    - proveta de 100 mL;

    - bquer;

    - agitador magntico;

    - balana analtica GEHAKA Ag200 (figura 9).

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    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 25

    Figura 9. Balana analtica usada para os ensaios de massa especfica.

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    Primeiramente, para aferio do volume do picnmetro, foi medida a massa de uma

    amostra de gua destilada a uma temperatura determinada. Em seguida, usando a tabela de

    massa especfica da gua em funo da temperatura (tabela 3), foi calculado o volume do

    picnmetro.

    Tabela 3. Massa especfica da gua destilada em funo da temperatura. TEMPERATURA MASSA

    ESPECFICA

    TEMPERATURA MASSA

    ESPECFICA

    TEMPERATURA MASSA

    ESPECFICA

    (C) (kg/m) (C) (kg/m) (C) (kg/m)

    0 999,841 10 999,700 20 998,203

    1 999,900 11 999,605 21 997,992

    2 999,941 12 999,498 22 997,770

    3 999,965 13 999,377 23 997,538

    4 999,973 14 999,244 24 997,296

    5 999,965 15 999,099 25 997,044

    6 999,941 16 998,943 26 996,783

    7 999,902 17 998,774 27 996,512

    8 999,849 18 998,595 28 996,232

    9 999,781 19 998,405 29 995,944

    Fonte: (BACCAN, 1985)

    As amostras preparadas com diferentes teores de gua tiveram sua massa especfica

    determinada usando o picnmetro cujo volume fora aferido e, dessa forma, foi obtida uma

    curva do teor de gua em funo da massa especfica da amostra.

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    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 26

    3.2.2.2 Viscosidade

    Para a medio da viscosidade foi usado o remetro R/S BROOKFIELD que usa o

    princpio rotativo com cilindros concntricos para medio da viscosidade. Os materiais

    necessrios para essa anlise esto listados abaixo:

    - proveta de 100 mL;

    - bquer;

    - agitador magntico;

    - conjunto remetro R/S BROOKFIELD (figuras 10 e 11), banho termosttico e

    software de aquisio de dados RHEO 2000 verso 2.7.

    Figura 10. Conjunto Remetro R/S BROOKFIELD, banho termosttico e software RHEO

    2000.

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

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    Figura 11. Detalhe dos cilindros concntricos do remetro R/S.

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    Para cada amostra, foi medido um volume de cerca de 40 mL e transferido ao

    recipiente para medio no remetro. Em um primeiro instante, a temperatura do banho

    termosttico ajustada em 30 C e, depois de constatado o equilbrio trmico, o aparelho

    acionado para efetuar a medio. Com a mesma amostra, foi ajustado o banho termosttico

    agora para 40 C e foi acionado o aparelho para efetuar a medio da viscosidade a 40 C. Os

    dados de viscosidade so ento exportados para uma planilha do Microsoft EXCEL.

    Com o teor de gua e a viscosidade, torna-se possvel traar a curva da viscosidade

    em funo do teor de gua.

  • Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o escoamento em oleodutos

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    4 RESULTADOS E DISCUSSES

    Neste captulo so apresentados como resultados dos estudos: os valores de

    viscosidade aparente calculados a partir dos dados de campo e a curva entre a viscosidade

    obtida e teor de gua na mistura; os valores de viscosidade calculados atravs das diversas

    correlaes obtidas na literatura; os valores de viscosidade obtidos a partir dos dados de

    experimentos em bancada e os valores de viscosidade aparente calculados a partir de dados de

    escoamento em loop de teste no laboratrio.

    4.1 Levantamento da curva viscosidade aparente x teor de gua atravs de dados

    reais do campo

    A nuvem de pontos de viscosidade obtidos a partir dos dados de campo de forma

    bruta, bem como recebendo um tratamento estatstico expurgando dados fora do limite de um

    desvio padro para cima ou para baixo com a finalidade de se obter uma amostra com um

    desvio padro de, no mximo, 10% da mdia, est apresentada na figura 12.

    Figura 12. Curva de viscosidade aparente versus teor de gua com os dados de escoamento

    do campo de produo.

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

  • Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o escoamento em oleodutos

    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 29

    Da figura 12 observa-se uma tendncia de queda da viscosidade aparente do fluido

    medida em que se aumenta o teor de gua no escoamento. Esse comportamento era esperado

    para a regio onde temos a inverso de fase da emulso A/O para a emulso O/A, ou seja,

    quando o teor de gua maior que o teor de gua no ponto de inverso.

    Como no se observa o aumento da viscosidade a partir da viscosidade do leo puro,

    evidente que, para os teores de gua obtidos no mapeamento da operao do sistema, o

    ponto de inverso de fase da emulso no est explcito. Portanto, pode-se concluir que o

    ponto de inverso da emulso para esse leo est entre um valor de teor de gua de 0% a

    32,5%.

    Esse ponto de inverso pode ser determinado tanto por correlaes da literatura

    (tabela 4), como atravs dos dados dos experimentos de laboratrio (dados de teste de

    bancada e dados do loop de teste de escoamento).

    Tabela 4. Correlaes usadas para o clculo do ponto de inverso.

    CLCULO DO PONTO DE INVERSO

    CORRELAO REFERNCIA

    =

    +(

    ), eq. 22 (YEH; HAYNIE JR.; MOSES, 1964)

    = , , (

    ) eq. 23 (ARIRACHAKARAN; OGLESBY; BRILL,

    1989)

    = , , (

    )

    , (

    )

    +, (

    ) eq. 24

    (CHEN, 2001)

    = [ + (

    )

    (

    )

    ]

    eq. 25 (DECARRE; FABRE, 1997)

    =

    (

    )(

    ),

    +(

    )(

    ), eq. 26

    (BRAUNER; ULLMANN, 2002)

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    Foram ento calculados os pontos de inverso de fase com cada correlao listada e o

    ponto de inverso de fase usado foi a mdia obtida entre os pontos de inverso de fase das

    correlaes de Arirachakaran, Decarre & Fabre e Braunner & Ullmann, conforme consta na

  • Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o escoamento em oleodutos

    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 30

    tabela 5. As correlaes de Yeh e de Chen foram desconsideradas, pois so indicadas para

    escoamento laminar em regime estratificado, o que no se observa no sistema estudado.

    Tabela 5. Clculo do ponto de inverso de fase.

    Fonte: Elaborador pelo prprio autor.

    Em seguida, foi determinada a curva de viscosidade aparente em funo do teor de

    gua usando as correlaes citadas na tabela 1.

    Figura 13. Comparao dos dados de campo com os resultados das correlaes.

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    CORRELAO PONTO DE INVERSO (%)

    YEH ET AL., 1964 6,65

    ARIRACHAKARAN ET AL., 1989 24,58

    CHEN, 2001 28,38

    DECARRE; FABRE, 1997 31,90

    BRAUNER; ULLMANN, 2002 12,27

    MDIA (valor utilizado) 22,92

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

    Vis

    cosi

    dad

    e d

    a m

    istu

    ra (

    cP)

    Teor de gua

    EINSTEIN, 1906

    DADOS DO CAMPO

    TAYLOR, 1932

    RICHARDSON, 1933

  • Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o escoamento em oleodutos

    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 31

    Como os pontos obtidos do escoamento real no contemplaram a regio na qual se

    encontra a emulso A/O, as correlaes foram comparadas, basicamente, na regio do grfico

    onde temos a emulso O/A.

    As correlaes de Einstein e Taylor, no so adequadas na predio dos dados

    obtidos para a regio da emulso A/O, como se pode observar na figura 13. Tanto a

    correlao de Einstein como a de Taylor foram desenvolvidas para uma situao de

    escoamento de suspenses (partculas rgidas em uma mistura), o que no observado para o

    caso do escoamento bifsico leo e gua. Sendo assim, pode ser explicada a baixa aderncia

    desses modelos aos dados do escoamento real.

    J o modelo proposto pelo Richardson permite o ajuste a partir do parmetro k, e

    efetuando o ajuste pelo mtodo dos mnimos quadrados, observa-se um valor de k = 5,5748.

    Na figura 13, usando esse valor para o k, temos um bom ajuste em funo dos dados de

    campo, na regio da emulso O/A. Usando o mesmo k para a regio da emulso A/O,

    consegue-se mapear toda a curva de viscosidade aparente em funo do teor de gua.

    Para o sistema em estudo foi obtida uma viscosidade mxima (no ponto de inverso

    de fase da emulso) da ordem de 3,6 vezes a viscosidade do leo puro, fato que mostra a

    influncia em termos de restrio ao fluxo de se trabalhar escoando petrleo com um teor de

    gua prximo ao do ponto de inverso de fases. Na prtica, esse teor de gua da ordem de 15

    a 30% deve ser evitado para que se possa trabalhar em uma regio otimizada sob o ponto de

    vista do escoamento da produo.

    Na tabela 6 so apresentados os dados de campo e os dados calculados a partir das

    correlaes da literatura.

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    Tabela 6. Dados de campo e os dados obtidos com as correlaes da literatura.

    TEOR DE GUA

    VISCOSIDADE APARENTE

    DADOS DO CAMPO EINSTEIN, 1906

    TAYLOR, 1932

    RICHARDSON, 1933

    % cP cP cP cP

    0,00 214,83 214,83 214,83 214,83

    5,00 241,68 225,65 283,89

    10,00 268,54 236,48 375,15

    15,00 295,39 247,30 495,75

    20,00 322,25 258,12 655,11

    22,92 337,93 264,44 770,92

    25,00 3,13 3,13 71,33

    32,50 56,3 2,93 2,92 46,95

    35,00 2,86 2,86 40,84

    39,80 23,58 2,73 2,73 31,26

    45,00 14,37 2,59 2,58 23,39

    50,00 15,88 2,45 2,45 17,70

    55,00 9,7 2,32 2,31 13,39

    60,00 12,65 2,18 2,18 10,14

    65,00 4,72 2,04 2,04 7,67

    70,00 5,09 1,91 1,91 5,80

    75,00 4,04 1,77 1,77 4,39

    80,00 5,8 1,64 1,63 3,32

    85,00 3,33 1,50 1,50 2,52

    90,00 1,36 1,36 1,90

    95,00 1,23 1,23 1,44

    100,00 1,09 1,09 1,09 1,09

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    4.2 Levantamento da curva viscosidade x teor de gua atravs de dados do

    laboratrio

    Nesse ponto so apresentados os dados obtidos em laboratrio das duas formas

    distintas: uso de equipamentos de bancada (remetro) e uso do sistema de escoamento em

    escala de laboratrio.

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    4.2.1 Sistema de escoamento em escala de laboratrio

    Os dados levantados no sistema de escoamento em escala de laboratrio esto

    apresentados na figura 14.

    Figura 14. Curva de viscosidade aparente x teor de gua usando os dados do sistema de

    escoamento em escala de laboratrio.

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    Pode-se observar as duas regies distintas: a regio com a emulso A/O, o ponto de

    inverso de fase e a regio com a emulso O/A. O ponto de inverso se encontra com um teor

    de gua por volta de 58%. Vale ressaltar que, para essas medidas, a vazo bruta (leo e gua)

    variou entre 0,22 e 3,52 m/h, em funo das caractersticas do fluido escoado. A observao

    da inverso de fase da emulso em circuitos de teste de escoamento tambm ficou

    evidenciada nos estudos de Johnsen e Ronningsen em 2013 e de Plasencia, Pettersen e Nydal

    em 2013.

    Pode-se comprovar na prtica o comportamento de aumento da viscosidade em

    funo da adio de gua ao sistema, evidenciando a formao das emulses. Com o aumento

    da concentrao da fase dispersa (gua na emulso A/O), o grande contedo de fase externa

    causa o aumento da viscosidade. Depois do ponto de inverso de fases, o aumento da fase

    contnua (gua na emulso O/A) faz com que o contedo da fase externa diminua de forma

    gradual, atuando na diminuio da viscosidade.

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

    Vis

    cosi

    dad

    e d

    a m

    istu

    ra (

    cP)

    Teor de gua

  • Estudo da viscosidade aparente em sistemas leo e gua visando o escoamento em oleodutos

    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 34

    Tambm foram investigadas as correlaes da literatura comparadas aos dados de

    viscosidade aparente obtidos no sistema de escoamento em escala de laboratrio. A figura 15

    mostra a comparao entre esses dados e os dados experimentais.

    Figura 15. Comparao entre os dados experimentais e as correlaes da literatura.

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    Mais uma vez os modelos de Einstein e de Taylor no conseguiram uma boa

    predio da viscosidade aparente do fluido, confirmando o que se observou em relao aos

    dados do escoamento no sistema industrial.

    Por um outro lado, o modelo de Richardson, mesmo usando o mtodo dos mnimos

    quadrados para ajuste dos dados, no apresenta uma grande aderncia aos dados

    experimentais. Neste caso, o parmetro k foi usado como parmetro de ajuste e seu valor foi

    de 4,2432. Observa-se claramente a deficincia do modelo de Richardson tanto para prever o

    ponto de mxima viscosidade, como para prever a viscosidade na regio O/A.

    Para o sistema em estudo foi obtida uma viscosidade mxima (no ponto de inverso

    de fase da emulso) da ordem de 22,1 vezes a viscosidade do leo puro.

    Na tabela 7 so apresentados os dados do sistema de escoamento em escala de

    laboratrio e os dados calculados a partir das correlaes da literatura.

    0

    100

    200

    300

    400

    500

    600

    700

    800

    900

    0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

    Vis

    cosi

    dad

    e d

    a m

    istu

    ra (

    cP)

    Teor de gua

    EINSTEIN, 1906

    DADOS DO SISTEMA DEESCOAMENTO

    TAYLOR, 1932

    RICHARDSON, 1933

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    Tabela 7. Dados obtidos no sistema de escoamento e os dados obtidos com as correlaes da

    literatura.

    TEOR DE GUA

    VISCOSIDADE APARENTE

    DADOS DO ESCOAMENTO

    EINSTEIN, 1906

    TAYLOR, 1932

    RICHARDSON, 1933

    % cP cP cP cP

    0,0 36,50 36,50 36,50 36,50

    12,8 22,60 48,16 41,37 62,77

    28,6 83,80 62,63 47,41 123,04

    29,5 68,60 63,40 47,73 127,51

    33,3 125,00 66,85 49,17 149,71

    40,6 113,10 73,51 51,95 204,04

    41,3 112,30 74,20 52,24 210,68

    43,1 131,60 75,85 52,93 227,55

    44,8 200,20 77,41 53,58 244,65

    50,1 238,90 82,17 55,56 305,24

    51,9 255,50 83,86 56,27 330,12

    56,1 239,94 87,71 57,88 394,99

    56,9 805,38 88,45 58,18 408,69

    57,0 118,29 2,26 2,24 6,75

    58,6 55,23 2,22 2,20 6,31

    59,4 27,06 2,20 2,18 6,09

    67,6 21,16 1,97 1,96 4,32

    70,0 1,91 1,89 3,89

    75,0 1,77 1,76 3,15

    80,0 1,64 1,63 2,55

    85,0 1,50 1,49 2,06

    90,0 1,36 1,36 1,67

    95,0 1,23 1,22 1,35

    100,0 1,09 1,09 1,09 1,09

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    4.2.2 Testes em bancada

    Na tabela 8 esto apresentados os resultados do ensaio para obteno do tempo de

    agitao para saturao mtua entre as fases.

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    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 36

    Tabela 8. Tempo de agitao para saturao mtua entre as fases.

    ENSAIO 1 2 3 4

    Tempo de agitao (min) 5 10 15 20

    Viscosidade (cP) 68,7 106,1 110,8 129,2

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    Foi determinado ento, como tempo de agitao para a saturao mtua entre as

    fases leo e gua o valor de 15 minutos, uma vez que a viscosidade da mistura (varivel

    medida) apresenta valores na mesma ordem de grandeza.

    Para a aferio do volume do picnmetro, a massa de gua destilada a 27 oC obtida

    foi de 25,063 g. A massa especfica da gua destilada de 0,996512 g/mL a 27 oC

    (BACCAN, 1985). Portanto, o volume do picnmetro utilizado de cerca de 25,15 mL.

    Foi ento traada a curva da massa especfica da mistura leo e gua em funo do

    teor de gua. Essa curva est apresentada na figura 16 e os dados esto apresentados na tabela

    9.

    Figura 16. Curva massa especfica da mistura x teor de gua.

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    y = 151,35x + 862,92R = 0,974

    840

    860

    880

    900

    920

    940

    960

    980

    1000

    1020

    1040

    0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

    Mas

    sa e

    spec

    fic

    a d

    a m

    istu

    ra (

    kg/m

    )

    Teor de gua

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    Tabela 9. Massa especfica em funo do teor de gua.

    TEOR DE GUA MASSA ESPECFICA

    % (kg/m)

    0 861,871

    5 869,129

    10 866,903

    20 893,042

    30 921,869

    40 927,308

    50 939,598

    60 947,543

    70 971,873

    80 987,074

    90 1010,839

    100 998,004

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    Os dados de viscosidade da mistura em funo do teor de gua obtidos em

    experimentos com o remetro esto apresentados no grfico da figura 17 e na tabela 10.

    Figura 17. Dados da viscosidade da mistura aferida no remetro (temperaturas de 30 oC e 40

    oC) em funo do teor de gua.

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    300

    0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

    Vis

    cosi

    dad

    e d

    a m

    istu

    ra (

    cP)

    Teor de gua

    TEMPERATURA = 30 oC

    TEMPERATURA = 40 oC

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    Pode-se observar que a regio de inverso de fase se altera em funo da temperatura

    do fluido, no caso da temperatura de 30 oC o ponto de inverso de fase ficou por volta de 15%

    a 20% de teor de gua. Observa-se um ponto em 30% de teor de gua com uma viscosidade

    mais elevada, mas a tendncia de reduo da viscosidade clara. J para os ensaios a 40 oC o

    ponto de inverso observado fica entre 20% e 25% e h mais pontos fora da curva (a 30% e a

    40%). Esses pontos fora da curva podem indicar erros de anlise.

    Tabela 10. Dados de viscosidade aparente obtidos no remetro a 30 C e a 40 C.

    TEOR DE GUA

    VISCOSIDADE APARENTE

    30 oC 40 oC

    % (cP) (cP)

    0 110,8

    5 100,5

    10 119,9 31,2

    15 122,6 42,8

    20 90 52,9

    25 63,2 23,9

    30 124 52,4

    35 21,8 30,2

    40 32,3 239,1

    100 1,3

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    Na figura 18 foram comparados os dados obtidos nos ensaios com o remetro na

    temperatura de 30 oC (temperatura mais prxima da temperatura de operao do sistema de

    escoamento em escala de laboratrio).

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    Figura 18. Comparao dos dados experimentais com as correlaes da literatura.

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

    Observa-se que, para a regio da emulso A/O, a correlao de Taylor obtem um

    melhor ajuste em relao aos dados obtidos em laboratrio. Por um outro lado, na regio da

    emulso O/A, os dados se ajustam mais a correlao de Richardson com o parmetro k =

    4,5664.

    Na tabela 11 so apresentados os dados obtidos no remetro e os dados calculados a

    partir das correlaes da literatura.

    0

    50

    100

    150

    200

    250

    0,00 0,20 0,40 0,60 0,80 1,00

    Vis

    cosi

    dad

    e d

    a m

    istu

    ra (

    cP)

    Teor de gua

    EINSTEIN, 1906

    DADOS DO REMETRO

    TAYLOR, 1932

    RICHARDSON, 1933

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    Tabela 11. Dados obtidos no remetro e os dados obtidos com as correlaes da literatura.

    TEOR DE GUA

    VISCOSIDADE APARENTE

    %

    DADOS DO REMETRO

    EINSTEIN, 1906

    TAYLOR, 1932

    RICHARDSON, 1933

    cP cP cP cP

    0,00 110,8 110,80 110,80 110,80

    5,00 100,5 124,65 116,44 139,22

    10,00 119,9 138,50 122,07 174,93

    15,00 122,6 152,35 127,71 219,79

    20,00 90 3,90 3,88 50,18

    25,00 63,2 3,74 3,72 39,93

    30,00 124 3,58 3,56 31,78

    35,00 21,8 3,41 3,40 25,29

    40,00 32,3 3,25 3,24 20,13

    45,00 3,09 3,08 16,02

    50,00 2,93 2,91 12,75

    55,00 2,76 2,75 10,15

    60,00 2,60 2,59 8,08

    65,00 2,44 2,43 6,43

    70,00 2,28 2,27 5,12

    75,00 2,11 2,11 4,07

    80,00 1,95 1,95 3,24

    85,00 1,79 1,78 2,58

    90,00 1,63 1,62 2,05

    95,00 1,46 1,46 1,63

    100,00 1,3 1,30 1,30 1,30

    Fonte: Elaborado pelo prprio autor.

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    5 CONCLUSO

    Analisando todas as informaes obtidas no trabalho, conclui-se que:

    os dados de campo podem ser obtidos e devem passar por um tratamento

    estatstico prvio para eliminar intermitncias operacionais;

    apesar de no ter sido evidenciado nos dados de campo, o fenmeno de

    inverso de fase da emulso foi evidenciado tanto nos testes com o sistema

    em escala de laboratrio como nos testes com o remetro;

    a correlao de Richardson consegue prever bem a viscosidade aparente para

    regio de escoamento da emulso O/A, no caso do petrleo em estudo;

    o fato da mudana do regime de escoamento (turbulento para os dados de

    campo e laminar para os experimentos em laboratrio) pode ter influenciado

    de forma significativa os resultados da viscosidade aparente;

    outros fatores operacionais como, ajustes em vlvulas de controle, paradas e

    partidas de poos, injeo de produtos qumicos, tambm podem ter afetado

    os resultados obtidos;

    as correlaes de Einstein e de Taylor no so recomendadas para o clculo

    da viscosidade aparente do petrleo usado no estudo;

    a viscosidade aparente da emulso A/O pode chegar a at 8,5 vezes a

    viscosidade do petrleo em estudo, o que pode afetar, de maneira impactante,

    o projeto e a operao de sistemas de escoamento com teor de gua prximos

    ao do ponto de inverso de fase da emulso;

    os padres de escoamento no remetro podem ser muito diferentes dos

    padres de escoamento em tubulaes, este fato pode explicar a grande

    discrepncia dos dados obtidos no remetro em relao aos dados obtidos no

    sistema de escoamento em escala de laboratrio ;

    o sistema montado para testes de escoamento em escala de laboratrio se

    mostra promissor uma vez que apresenta a caracterstica esperada de aumento

    significativo da viscosidade com o aumento do teor de gua .

    Algumas melhorias podem ser feitas no sistema de escoamento em escala de

    laboratrio, por exemplo:

    uso de manmetros diferenciais com sinal eletrnico que permita a aquisio

    de dados em tempo real;

    uso de medidor de vazo com sinal eletrnico que permita a aquisio de

    dados em tempo real;

    substituio da bomba utilizada por uma com maior capacidade de vazo

    mesmo para o escoamento a altas viscosidades;

    instalao de variador de velocidade na bomba para permitir um controle

    mais preciso da vazo do sistema;

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    JOO HENRIQUE BRITO PESSOA DEZEMBRO/2014 42

    instalao de sistema para controle da temperatura do fluido no circuito de

    escoamento ;

    substituio do trecho de medio atual por tubulao transparente, que

    permita a visualizao do padro de fluxo e registro fotogrfico do mesmo.

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    YEH,