ESTUDO DAS TÉCNICAS DE ALONGAMENTO ESTÁTICO E POR FACILITAÇÃO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO DESENVOLVIMENTO DA FLEXIBILIDADE EM PRATICANTES DE TAEKWONDO

Embed Size (px)

Citation preview

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    1/81

    UNIVERSIDADE DE PASSO FUNDO

    FACULDADE DE EDUCAO FSICA E FISIOTERAPIA

    CURSO DE FISIOTERAPIA

    ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO EPOR FACILITAO NEUROMUSCULAR

    PROPRIOCEPTIVA NO DESENVOLVIMENTO DAFLEXIBILIDADE EM PRATICANTES DE TAEKWONDO

    Fabrcio Lus DalfovoFernando Caiero

    Passo Fundo2005

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    2/81

    Fabrcio Lus Dalfovo

    Fernando Caiero

    Estudo das tcnicas de alongamento esttico e porfacilitao neuromuscular proprioceptiva nodesenvolvimento da flexibilidade em praticantes de

    taekwondo

    Monografia apresentada ao curso de Fisioterapia,da Faculdade de Educao Fsica e Fisioterapia,da Universidade de Passo Fundo, como requisitoparcial para obteno do grau de Fisioterapeuta,sob orientao do Prof. Anderson Vesz Cattelan.

    Passo Fundo2005

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    3/81

    Fabrcio Lus Dalfovo

    Fernando Caiero

    Estudo das tcnicas de alongamento esttico e porfacilitao neuromuscular proprioceptiva no

    desenvolvimento da flexibilidade em praticantes de

    taekwondo

    BANCA EXAMINADORA:

    _________________________________Anderson Vesz Cattelan (Orientador)

    _________________________________

    Prof. Marco Antnio Aguirre

    _________________________________

    Prof. Carlos Rafael Almeida

    __________________________________

    Prof. Mt. Gilnei Lopes Pimentel (Suplente)

    Passo Fundo2005

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    4/81

    AGRADECIMENTOS

    Fabrcio Lus DalfovoAgradeo a DEUS, em primeiro lugar que me deu aoportunidade de iniciar este curso e foras paraconclu-lo. Tenho certeza que sem Ele eu no estariaagora escrevendo estas palavras de agradecimento.A minha me querida que, mesmo com todas asdificuldades, no poupou esforos para me educar eoferecer as condies para que eu estudasse, sendosempre compreensiva, guerreira, companheira eamiga e, pelo carinho recebido por ela, nas horas

    mais difceis pelas quais passei.A meu pai Euclides e ao meu irmo dersonGustavo (in memorian) que, mesmo no estandoaqui, pessoalmente, ficariam felizes em compartilharesta vitria comigo.A minha namorada, Manuela, pela compreenso,incentivo e pacincia durante o perodo daelaborao desta monografia e, por todo o amorrecebido durante todo esse tempo de convivncia.Aos meus demais familiares que me apoiaram e,sempre acreditaram em mim. Muito Obrigado.

    Fernando CaieroEm primeiro lugar agradeo aos meus pais JooBatista e Iara, que so as pessoas mais importantesda minha vida, minha fonte de inspirao, as duas

    pessoas mais carinhosas e amveis desse mundo.Agradeo ao meu pai por ser to companheiro,amigo, parceiro de todas s horas, sempre presente

    para um abrao, por me apoiar e me dar foras paraseguir em frente em busca dos meus objetivos. A

    minha me por estar sempre ao meu lado nas horasdifceis, por nunca negar um colo carinhoso, por

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    5/81

    nunca medir esforos para me proporcionar o melhorem tudo, e por me mostrar todo dia importncia doestudo em minha vida.Agradeo aos meus irmos Eduardo e Juliana por

    serem pessoas to maravilhosas, corretas, estudiosas,amigas, e que desde criana so modelos onde euposso me espelhar para ser uma pessoa de carter.Agradeo a minha afilhada Isadora por ter nascido econseqentemente por trazer indescritvel felicidadea todos da famlia.Agradecemos ao nosso Prof. Anderson VeszCattelan por nos orientar no desenvolvimento desta

    pesquisa, sempre disposio com seu grandeconhecimento para as esclarecer as nossas dvidas,com conselhos pertinentes e engrandecedores.

    Ao nosso co-orientador Hugo Tourinho Filho, pelasua colaborao, conhecimento e dedicao

    prestados a nossa pesquisa. Academia Body Center por ter nos cedido oespao para a realizao da pesquisa.Aos participantes os quais aceitaram participar destetrabalho, se comprometendo regularmente afreqentar as sesses de alongamento.

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    6/81

    SUMRIO

    1. INTRODUO ....................................................................................................... 13

    1.1 O problema e sua importncia ........................................................................... 13

    1.2 Objetivo geral .................................................................................................... 14

    1.3 Objetivos especficos ......................................................................................... 15

    1.4 Justificativa ........................................................................................................ 15

    1.5 Definio de termos ........................................................................................... 16

    2. REVISO DE LITERATURA ............................................................................... 17

    2.1 Histrico do Taekwondo ................................................................................... 17

    2.2 Importncia das tcnicas de chutes para o Taekwondo ..................................... 182.3 Sistema msculo-esqueltico ............................................................................. 19

    2.3.1 Contrao muscular ..................................................................................... 22

    2.3.2 Tendes ........................................................................................................ 23

    2.3.3 Inervao ..................................................................................................... 24

    2.3.4 rgos sensoriais musculares ...................................................................... 24

    2.4 Receptores articulares ........................................................................................ 29

    2.5 Flexibilidade ...................................................................................................... 302.5.1 Componentes bsicos da flexibilidade ........................................................ 31

    2.5.2 Fatores que influenciam a flexibilidade ....................................................... 32

    2.5.3 Benefcios da flexibilidade .......................................................................... 35

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    7/81

    2.6 Classificaes tradicionais de alongamento ....................................................... 36

    2.6.1 Alongamento Balstico ................................................................................. 36

    2.6.2 Alongamento esttico ................................................................................... 38

    2.6.3 Facilitao Neuromuscular Proprioceptiva FNP ....................................... 39

    2.7 Procedimentos bsicos para a facilitao ........................................................... 40

    2.8 Leses na prtica esportiva ................................................................................ 42

    3 MATERIAIS E MTODOS..................................................................................... 44

    3.1 Caracterizao da pesquisa ................................................................................. 44

    3.2 Populao e amostra ........................................................................................... 44

    3.3 Controle do estudo .............................................................................................. 45

    3.4 Limitaes do estudo ..........................................................................................3.5 Instrumentos de medida ......................................................................................

    3.6 Procedimento Experimental ...............................................................................

    4545

    46

    3.7 Tratamento estatstico dos dados ........................................................................ 47

    4 RESULTADOS ........................................................................................................ 49

    5 DISCUSSO ............................................................................................................ 57

    6 CONCLUSES E RECOMENDAES ................................................................ 60

    7 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ..................................................................... 61ANEXOS ..................................................................................................................... 66

    APNDICES ............................................................................................................... 70

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    8/81

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1. Medidas com mdia e desvios padres das variveis: idade, massa corporal e

    estatura dos sujeitos analisados do grupo A, grupo B e do grupo C ..................................... 49

    Tabela 2. ANOVA ONE-WAY para identificar se h diferena entre os pr-testes dos trs

    grupos no MIE .......................................................................................................................

    50

    Tabela 3 POST HOC SCHAFF para localizar e identificar o grau de diferena entre os

    grupos .................................................................................................................................... 51

    Tabela 4. ANOVA ONE-WAY para identificar se h diferena entre os pr-testes dos trs

    grupos no MIE .......................................................................................................................

    52

    Tabela 5. POST HOC SCHEFF para localizar e identificar o grau de diferena entre osgrupos .................................................................................................................................... 52

    Tabela 6 ANOVA ONE-WAY para identificar se h diferena entre os ps-testes dos trs

    grupos no MID .......................................................................................................................

    53

    Tabela 7. POST HOC SCHAFF para localizar e identificar o grau de diferena entre os

    grupos .................................................................................................................................... 53

    Tabela 8. ANOVA ONE-WAY para identificar se h diferena entre os ps-testes dos trs

    grupos no MIE .......................................................................................................................

    54Tabela 9. POST HIC SCHAFF para localizar e identificar o grau de diferena entre os

    grupos .................................................................................................................................... 54

    Tabela 10. Teste t para amostras independentes ................................................................ 55

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    9/81

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1: Tecido conjuntivo que envolve o msculo esqueltico ........................................ 21

    Figura 2: Microestrutura muscular mostrando o stio de ligao actina-miosina ................ 22

    Figura 3: Teoria da contrao do filamento deslizante ........................................................ 23

    Figura 4: Fuso muscular ...................................................................................................... 27

    Figura 5: rgo Tendinoso de Golgi ................................................................................... 29

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    10/81

    LISTA DE ANEXOS

    ANEXO 1: Termo de consentimento .................................................................................... 67

    ANEXO 2: Posio adotada pelos sujeitos participantes da pesquisa .................................. 69

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    11/81

    LISTA DE APNDICES

    Apndice 1: Ficha de coleta de dados (grupo FNP) .............................................................. 71

    Apndice 2: Ficha de coleta de dados (grupo esttico) ......................................................... 72

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    12/81

    RESUMO

    O objetivo deste trabalho foi comparar e analisar qual das duas tcnicas dealongamento - facilitao neuromuscular proprioceptiva ou esttico - a mais eficiente paradesenvolver a flexibilidade em atletas praticantes de Taekwondo. A amostra foi composta por12 sujeitos, na faixa etria entre 16 e 29 anos, com uma mdia de 20 1 anos, que foramdivididos em: grupo A, composto por seis atletas, que realizaram o alongamento pela tcnicade facilitao neuromuscular proprioceptiva -FNP-; o grupo B, composto por seis atletas, querealizaram o alongamento pela tcnica esttica e, um terceiro grupo composto por seis noatletas que no realizaram o tratamento, formando o grupo controle, denominado grupo C. O

    perodo experimental foi de cinco semanas, consistindo de trs sesses semanais detreinamento. Para mensurar a amplitude articular de abduo do quadril, utilizou-se ogonimetro universal. Na comparao das mdias dos grupos A, B e C, atravs de uma

    anlise de varincia ANOVA, verificou-se no existir diferena significativa para um p

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    13/81

    ABSTRACT

    The objective of this study was to compare and to analyze which of the two stretchestechniques - facilitation to neuromuscular proprioceptive or static - is more efficient todevelop flexibility in athletes that practice of Taekwondo. The sample was composed for 12individuals, with age between 16 and 29 years old, average of 20 1 years, that had beendivided as follows: the group A, composed for six athletes, had carried through the allongefor the technique to proprioceptive neuromuscular facilitation - PNF -; the group B, composedfor six athletes had carried through the allonge for static technique and, one third groupcomposed group for six not athletes didnt carry through the treatment, made the controlgroup, called group C. The period of the experiment was five weeks, with three sessions perweek of training. To mesure the amplitude of articulate of abduo of the hip, universalgonimetro was used. Comparing the averages of groups A, B and C, through the analysis of

    variance ANOVA, p

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    14/81

    1 INTRODUO

    1.1 O problema e sua importncia:

    O TAEKWONDO uma modalidade milenar que foi introduzida recentemente nos

    Jogos Olmpicos, mais especificamente no ano 2000, como modalidade oficial. Uma

    modalidade com caractersticas que possibilitam ao praticante atingir autoconfiana, melhorar

    o condicionamento fsico e tambm desenvolver seu carter (GOULART, 2005).

    O Tae Kwon Do uma arte marcial coreana de defesa pessoal e um moderno esporte

    de luta praticado em mais de 170 pases de todo mundo e seus praticantes somam mais de 50milhes tornando-o a arte marcial mais popular. uma arte que utiliza em uma luta 80 a 90%

    dos membros inferiores, fazendo uso constantemente de chutes. A prioridade so os chutes

    altos que, por sua vez, somam mais pontos em uma competio. Por isso, podem ocorrer

    leses como distenses e contraturas decorrentes dos esforos destas tcnicas, da a

    importncia da flexibilidade dentro desta arte marcial.

    A flexibilidade extremamente limitada indesejvel, porque se os tecidos colgenos

    que atravessam a articulao estiverem tensos, a probabilidade de eles sofrerem estiramentoou ruptura aumenta, principalmente quando a articulao forada alm de sua amplitude

    normal (HALL, 1993). O termo flexibilidade uma qualidade fsica tambm essencial sade

    geral das pessoas atletas e no atletas, pois ajuda na preveno de espasmos musculares, a m

    postura, leses musculares, tenses neuromusculares generalizadas e lombalgias (ACHOUR

    Jr, 1996; FOX & MATHEWS, 1991; FARINATTI & MONTEIRO, 1992).

    A flexibilidade reconhecida como uma qualidade motora indispensvel prtica

    desportiva. Os profissionais que atuam na rea, como os professores de educao fsica,tcnicos desportivos, fisioterapeutas..., tm como objetivos principais obter o melhor

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    15/81

    14

    rendimento do atleta, prevenir leses e desenvolver a mxima amplitude de movimento

    envolvida nas habilidades motoras esportivas.

    Os atletas praticantes de Taekwondo, por utilizarem chutes laterais visando o

    adversrio, tm a necessidade de obterem uma boa amplitude articular na abduo do quadril.

    Se a musculatura no estiver preparada, possveis leses podero ocorrer.

    Para Tubino (1984), Contursi (1986) e Dantas (1998), uma boa elasticidade muscular

    proporciona ao atleta o aperfeioamento do gesto desportivo, eficincia mecnica (melhora da

    performance e menor gasto energtico), profilaxia de leses, melhor agilidade, velocidade,

    resistncia, coordenao e fora, que so qualidades essenciais aos praticantes de Taekwondo.

    Na prtica esportiva, destaca-se um grande nmero de tcnicas utilizadas para manter

    ou ampliar a amplitude de movimento de uma articulao, e conseqentemente aflexibilidade. So os chamados exerccios de alongamento, sendo os mais utilizados e

    conhecidos: o alongamento esttico, o balstico e por facilitao neuromuscular

    proprioceptiva.

    Em razo da importncia do desenvolvimento da flexibilidade no mbito esportivo do

    Taekwondo, este estudo apresenta como problema: qual o resultado da aplicao da tcnica

    de FNP em relao ao alongamento esttico no desenvolvimento da flexibilidade no

    movimento de abduo do quadril em atletas praticantes de Taekwondo?

    1.2 Objetivo geral:

    Analisar e comparar os ndices de flexibilidade em praticantes de Taekwondo quandosubmetidos s tcnicas de alongamento esttico e por facilitao neuromuscular

    proprioceptiva no desenvolvimento da amplitude articular do quadril.

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    16/81

    15

    1.3 Objetivos especficos:

    1. Verificar os ndices de flexibilidade do quadril em praticantes de Taekwondo;

    2. Analisar qual das tcnicas de alongamento Esttico ou Facilitao

    Neuromuscular Proprioceptiva a mais eficiente para desenvolver a

    amplitude de movimento do quadril em praticantes de Taekwondo,

    proporcionando assim, melhora da performance esportiva;

    3. Colaborar para a preveno de leses atravs das tcnicas de alongamento

    muscular mais apropriada.

    1.4 Justificativa:

    A flexibilidade uma qualidade determinante em vrios esportes e no Taekwondo ela

    fundamental para a execuo de tcnicas com grande amplitude angular. Isso ocasiona um

    desempenho atltico excepcional, alm de diminuir a suscetibilidade de leses em msculos e

    tendes, permitindo assim, a obteno de arcos articulares mais amplos, possibilitando a

    execuo de movimentos e gestos desportivos que de outra forma seriam limitados.

    Segundo Dantas (1998), a flexibilidade interfere na eficincia mecnica do gesto

    esportivo, permitindo um aproveitamento mais econmico de energia e contribuindo para a

    profilaxia de leses. Salienta Sharkey apudDantas (1998), que ... as leses ocorrem quando

    um membro forado alm de sua angulao de utilizao normal. Assim, um aumento da

    flexibilidade reduzir este risco.Os encurtamentos musculares, conforme Achour Jr (1996), tambm levam a

    disfunes estticas e dinmicas interferindo na postura e na performance do dia-a-dia. Com

    o desenvolvimento da flexibilidade, o praticante de taekwondo melhora sua capacidade

    tcnica, conseguindo executar os chutes com maior preciso. Alm disso, ganha em qualidade

    de vida, pois seus movimentos nas atividades de vida diria so facilitados.

    Devido s regras do esporte, que tm como objetivo chute na altura do rosto,

    imprescindvel que se treine sempre para adquirir controle e sustentao para executar astcnicas com eficincia.

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    17/81

    16

    Portanto, justifica-se este estudo pelo fato de implementar e enfatizar a importncia do

    trabalho de flexibilidade na prtica da preparao fsica para o esporte, por melhorar a

    amplitude articular do quadril e conseqentemente os ndices de elasticidade muscular, e

    tambm pelo fato de estabelecer qual a melhor forma de obter ganhos na amplitude articular,

    por meio da comparao de tcnicas de alongamentos apontadas como capazes de melhorar a

    flexibilidade.

    1.5 Definio de termos:

    Flexibilidade: Qualidade motriz que depende da elasticidade muscular e da

    mobilidade articular, expressa pela mxima amplitude de movimento necessria para a

    perfeita execuo de qualquer atividade fsica eletiva sem que ocorram leses antomo-

    patolgicas (ARAJO, 1983).

    Elasticidade muscular: propriedade que possuem alguns componentes musculares dedeformarem-se sob a influncia de uma fora externa, aumentando seu comprimento e

    retornando forma original quando cessada a ao (DANTAS, 1998).

    Alongamento: o termo usado para descrever a tcnica para alongar os msculos e

    melhorar a flexibilidade (CORBIN & FOX, 1999).

    Facilitao Neuromuscular Proprioceptiva (FNP): modalidade teraputica criadanos anos de 1940 e incio de 1950 pelo Dr. Herman Kabat, com a colaborao das

    fisioterapeutas Margaret Knott e Dorothy Voss, tendo por objetivo facilitar a flexibilidade e a

    amplitude de movimento, atravs de mecanismos neurofisiolgicos que atuam sobre o fuso

    muscular, facilitando o movimento pretendido e inibindo o grupo muscular antagonista ao

    movimento (McATEE, 1998).

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    18/81

    2 REVISO DE LITERATURA

    2.1 Histrico do Taekwondo

    No ano de 670 antes de Cristo, a Coria estava dividida em trs reinos: Silla, Koguryo

    e Baekche. Dos trs reinos, Silla foi o primeiro a ser formado, mas permaneceu pequeno e

    pouco civilizado. A costa de Silla era constantemente invadida por piratas japoneses. O rei

    Gwahkkaeto, o 19 monarca da dinastia de Koguryo, enviou foras para ajudar o reino vizinho

    a lutar contra os piratas. Foi nessa altura que o Tae Kyon (a forma mais antiga do

    Taekwondo) foi pela primeira vez introduzido junto classe guerreira de Silla, ensinadodireta e secretamente a alguns guerreiros de Silla pelos primeiros mestres da arte. Estes

    guerreiros treinados no Tae Kyon tornaram-se conhecidos como Hwarangs.

    Durante a guerra da Coria, um grupo, chefiado pelo General Choi Hong Hi, juntou

    esforos e, aps diversas dissidncias, conseguiu em 1955 a unio das diversas escolas e

    estilos, sendo adotado o nome de Tae Kwon Do que significa Caminho dos ps e das mos

    (GOULART, 2005).

    Em 14 de setembro de 1964, foi criada a Associao Coreana de Taekwondo. Nosanos 70, o Taekwondo desenvolveu-se de uma forma extraordinria no mbito mundial. Em

    28 de maio de 1973, uma nova organizao mundial foi formada, a World Taekwondo

    Federation (WTF). Desde ento, a WTF tem regulamentado o Taekwondo em mbito

    internacional. Os campeonatos mundiais tm sido realizados, desde ento, em diferentes

    pases, de dois em dois anos. Sob o comando da General Association of International Sports

    Federation (GAISF), o Taekwondo foi introduzido no Comit Olmpico Internacional em

    Julho de 1980. Em 1982 o Comit Olmpico determinou uma demonstrao oficial deTaekwondo nos Jogos Olmpicos de 1988, em Seoul, Coria. Essa demonstrao foi repetida

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    19/81

    18

    posteriormente em Barcelona 92. A 4 de setembro de 1994 o Taekwondo foi admitido como

    modalidade olmpica oficial para o ano 2000, nas 27 Olimpadas de Sidney (GOULART,

    2005).

    Em atletas, o desenvolvimento da flexibilidade apresenta alguns resultados

    determinantes:

    Facilita o aperfeioamento nas tcnicas do desporto em treinamento;

    Oferece condies para uma melhoria na agilidade, velocidade e fora;

    fator preventivo contra acidentes desportivos (leses);

    Provoca um aumento na capacidade mecnica dos msculos e articulaes,

    permitindo um aproveitamento mais econmico de energia durante o esforo.

    2.2 Importncia das tcnicas de chutes para o Taekwondo

    O Taekwondo uma arte marcial que faz constantemente a utilizao de chutes.

    uma arte que utiliza em uma luta 80 a 90% dos membros inferiores. A prioridade os chutesaltos que, em uma competio, somam mais pontuao. Por isso, podem ocorrer leses aos

    esforos destas tcnicas, da a importncia da flexibilidade dentro desta arte marcial. Suas

    regras so direcionadas para este tipo de tcnicas e possibilita ao praticante executar

    treinamentos que utilizam os membros inferiores para sua execuo.

    No Taekwondo, os chutes so tcnicas mais utilizadas que os socos, portanto, dada

    ateno especial ao seu treinamento (GOULART, 2005).

    Essas tcnicas, quando treinadas em conjunto com sesses especiais de flexibilidade,trazem grandes benefcios ao atleta, como a reduo do gasto energtico, preciso do

    movimento e, se aplicados os mtodos de flexibilidade no perodo correto do treinamento,

    todas as qualidades determinantes no Taekwondo como potncia e velocidade tambm

    melhoraro, pois com a flexibilidade desenvolvida, o controle da tcnica otimizado.

    Das vrias tcnicas que compem o Taekwondo as que mais utilizam a flexibilidade

    so: Dolyo Tchagui, Neryo Tchagui, Furyo Tchagui e Momdolyo Furyo Tchagui.

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    20/81

    19

    2.3 Sistema msculo-esqueltico

    A motilidade uma caracterstica que a maioria dos seres vivos possuem. Esta

    capacidade apresenta-se especialmente desenvolvida nas formas animais mais evoludas,

    atravs de elementos especializados como as clulas ou fibras musculares, que so, por sua

    vez, organizadas nos msculos. As fibras musculares so excitveis semelhana das clulas

    nervosas; no entanto, diferente destas, no so especializadas na conduo de um impulso,

    mas sim, na contrao celular, de modo que sua atividade leva aos diversos movimentos,

    desde os finos delicados, at os poderosos e mais grosseiros, mediante o desenvolvimento de

    tenso e encurtamento. por causa da atividade dos msculos que o nosso corpo pode fazercom que o corao bombeie o sangue, o intestino progrida seu contedo, a pupila se dilate, e

    que um vaso sanguneo se contraia (DOUGLAS, 2002).

    De acordo com Foss e Keteyian (2000), este o msculo que est ligado aos ossos, e

    tem uma caracterstica funcional muito importante que dar movimentao ao esqueleto. Sua

    morfologia constituda por clulas multinucleares, que apresentam o formato de cilindros

    longos, e que podem atingir at 30cm de comprimento. Este msculo denominado de

    estriado pelas suas estrias transversais, visveis microscopia de luz. Alm destascaractersticas, ele apresenta um controle voluntrio, ao contrrio dos msculos liso e

    cardaco.

    O msculo esqueltico composto por uma grande quantidade de tecidos. Dentre eles,

    esto as clulas musculares, o tecido nervoso, o sangue e vrios outros tipos de tecido

    conjuntivo. A figura 1 ilustra a relao existente entre o msculo e os vrios tecidos

    conjuntivos. Os msculos individuais so separados entre si e mantidos no mesmo lugar por

    um tecido conjuntivo que denominado fscia. No msculo esqueltico, encontram-se trscamadas separadas de tecido conjuntivo. A camada localizada mais externamente, e que

    envolve todo o msculo denominada epimsio (POWERS & HOWLEY, 2000). Ao

    seccionar o epimsio observa-se pequenos feixes de fibras envolvidas por uma bainha de

    tecido conjuntivo. Esses feixes so denominados fascculos. A bainha de tecido conjuntivo

    que circunda cada fascculo chamada de perimsio (WILMORE & COSTILL 2001).

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    21/81

    20

    Fonte: (POWERS & HOWLEY, 2000).

    Figura 1 Tecido conjuntivo que envolve o msculo esqueltico.

    Finalmente, ao seccionar o perimsio, podemos observar as fibras musculares, que so

    as clulas individuais dos msculos. No entanto, para observar as fibras musculares

    necessrio o auxlio de uma lupa, devido ao tamanho extremamente reduzido das mesmas.

    Cada uma das fibras musculares tambm recoberta por uma bainha de tecido conjuntivodenominada endomsio (WILMORE & COSTILL 2001).

    Cada fibra muscular individual um cilindro fino e alongado que possui o

    comprimento do msculo. A clula muscular envolvida por uma membrana celular

    denominada de sarcolema. Abaixo do sarcolema encontra-se o sarcoplasma (POWERS &

    HOWLEY, 2000). Esta regio constitui a parte lquida da fibra muscular, e se difere do

    citoplasma da maioria das clulas por conter uma grande quantidade de glicognio

    armazenado, assim como a mioglobina (WILMORE & COSTILL 2001). Alm disso, osarcoplasma rico em gordura, fosfocreatina, ATP e centenas de filamentos proticos

    enroscados entre si, denominados de miofibrilas (FOX, BOWERS & FOSS, 1991). Estas

    ltimas so numerosas estruturas fusiformes que contm as protenas contrteis. As

    miofibrilas, em geral, so compostas por dois importantes filamentos proticos: filamentos

    espessos formados pela protena miosina, e os filamentos finos que so formados pela

    protena actina. Na prpria molcula de actina, esto localizadas outras duas protenas muito

    importantes, a troponina e a tropomiosina. Estas duas protenas representam uma pequena

    parte do msculo, todavia elas tm um importante papel na regulao do processo de

    contrao do msculo (WILMORE & COSTILL 2001).

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    22/81

    21

    As miofibrilas ainda podem ser subdivididas em outros segmentos individuais

    chamados de sarcmeros. Estes se dividem entre si por uma fina camada de protenas

    estruturais denominada de linha Z. O sarcmero possui uma poro escura denominada banda

    A, onde se localizam os filamentos de miosina, enquanto que os filamentos de actina se

    localizam principalmente na regio clara do sarcmero chamada de banda I.. J, no centro do

    sarcmero, encontra-se uma poro do filamento de miosina sem a sobreposio da actina.

    Esta rea central denominada dezona H(POWERS & HOWLEY, 2000).

    Cada molcula de miosina composta por dois filamentos proticos que so retorcidos

    conjuntamente. Uma extremidade de cada filamento envolvida numa cabea globular que

    chamada de cabea de miosina. Cada um dos filamentos possui vrias dessas cabeas que

    formam pontes cruzadas e que interagem ativamente durante a ao muscular, atravs destios ativos especializados sobre os filamentos de actina. Podemos observar na Figura 2, que

    as cabeas das pontes cruzadas da miosina esto voltadas para a molcula de actina.

    Tambm existe um conjunto de filamentos finos, compostos por titina, que tem como objetivo

    estabilizar os filamentos de miosina no eixo longitudinal (WILMORE & COSTILL 2001).

    Fonte: (POWERS & HOWLEY, 2000).Figura 2: Microestrutura muscular mostrando o stio de ligao actina-miosina.

    Cada filamento de actina tem uma extremidade inserida numa linha Z, com sua

    extremidade oposta se estendendo at o centro do sarcmero, no espao entre os filamentos de

    miosina. Os filamentos de actina tambm possuem um stio ativo individual, que se conecta

    com a cabea da miosina (WILMORE & COSTILL 2001).

    Segundo Wilmore e Costill (2001), estes filamentos finos, chamados de filamentos de

    actina, so compostos por trs molculas proticas diferentes: actina, tropomiosina e a

    troponina. A actina a estrutura de suporte do filamento, a tropomiosina uma protena em

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    23/81

    22

    forma de tubo que se retorce em torno dos filamentos de actina e se encaixa na incisura

    existente entre os dois, e finalmente a troponina, que uma protena mais complexa fixando-

    se em intervalos regulares, tanto aos filamentos de actina quanto aos de tropomiosina.

    2.3.1 Contrao muscular

    A contrao do msculo esqueltico um processo complexo que envolve muitas

    protenas celulares e sistemas de produo de energia. O resultado deste processo odeslizamento da actina sobre a miosina, fazendo com que o msculo se encurte e, como

    conseqncia, desenvolva a tenso. O processo bsico da contrao muscular bem definido

    atravs do modelo do filamento deslizante, que est bem ilustrado na figura 3 (POWERS &

    HOWLEY, 2000).

    Figura 3 Teoria da contrao do filamento deslizante.

    Fonte: (POWERS & HOWLEY, 2000).

    Em suma, as fibras musculares se contraem pelo encurtamento de suas miofibrilas em

    razo do deslizamento da actina sobre a miosina, levando a uma diminuio da distncia de

    uma linha Z a outra. As cabeas das pontes cruzadas da miosina esto voltadas para a

    molcula de actina. Os filamentos de actina e de miosina deslizam um sobre o outro durante o

    ato da contrao muscular devido ao das numerosas pontes cruzadas que se estendem

    como braos a partir da miosina e se ligam actina em um estado de ligao forte. Vrias

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    24/81

    23

    evidncias mostram que as pontes cruzadas de miosina esto sempre ligadas actina, no

    entanto a fora de ligao altera entre uma ligao fraca e uma ligao forte. O

    desenvolvimento da fora e da contrao do msculo s ocorre quando as pontes cruzadas

    encontram-se no estado de ligao forte. A formao desse estado de ligao forte causa uma

    orientao das pontes cruzadas de modo que, quando elas se ligam actina, elas podem pux-

    la na direo do centro do sarcmero. Esta puxada da actina sobre as molculas de miosina

    causa o encurtamento do msculo e a gerao da fora (POWERS & HOWLEY, 2000).

    A ao do msculo um processo ativo que necessita fundamentalmente de energia.

    Alm do stio de ligao com a actina, a cabea de miosina tambm contm um stio de

    ligao para a ATP (adenosina trifosfato). A molcula de miosina se liga ATP para ocorrer a

    ao muscular, pois a ATP que fornece a energia necessria para a miosina ativar o seu stio(WILMORE & COSTILL 2001).

    A enzima ATPase est localizada sobre a cabea da miosina. Esta enzima quebra a

    ATP produzindo a ADP (adenosina difosfato), Pi (fosfato inorgnico) e energia. A energia

    que liberada atravs da quebra da ATP utilizada para ligar a cabea da miosina ao

    filamento de actina. Por isso que a ATP considerada a fonte de energia qumica da ao

    muscular (WILMORE & COSTILL, 2001).

    2.3.2 Tendes

    A rede intramuscular de tecidos conjuntivos se articula e torna-se contnua com o

    denso tecido conjuntivo dos tendes que se encontram em cada extremidade de um msculo(FOSS & KETEYIAN, 2000). Esses tendes esto rigidamente cimentados ao invlucro mais

    externo do osso, denominado peristeo, e servem para conectar o msculo esqueltico ao

    esqueleto sseo. As fibras musculares propriamente ditas no entram em contato direto com o

    esqueleto; assim sendo, a enorme tenso gerada pelos msculos suportada inteiramente por

    suas inseres tendinosas (FOX, BOWERS & FOSS, 1991). Se as fibras musculares se

    inserissem diretamente no osso, sofreriam um dano considervel com cada contrao

    muscular. Os tendes no so apenas muito mais rgidos que os msculos, mas so formados

    tambm por fibras sem vida, que so metabolicamente inativas em comparao com o

    tecido muscular. Alm disso, j que os tendes so mais resistentes que os msculos, o tendo

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    25/81

    24

    relativamente pequeno consegue suportar a tenso gerada por um msculo relativamente

    grande. Convm levar em conta seus tamanhos relativos quando o msculo sofre um aumento

    inacreditvel, como no caso dos fisiculturistas; no entanto, os tendes de conexo continuam

    bastante pequenos (FOX, 2000).

    2.3.3 Inervao

    De acordo com Foss e Keteyian (2000), os nervos destinados a um msculo contmfibras tanto motoras (eferentes) quanto sensoriais (aferentes), que penetram habitualmente no

    msculo, e saem dele, juntamente com os vasos sanguneos. As fibras eferentes ramificam-se

    repetidamente por todo o arcabouo de tecido conjuntivo do msculo alcanando, desta

    forma, todas as fibras musculares.

    Os nervos motores, que quando estimulados acarretam a contrao de fibras

    musculares, originam-se no sistema nervoso central (medula espinhal e crebro). Por

    definio, um nervo motor e todas as fibras musculares individuais por ele inervadas recebema designao de unidade motora (FOX, 2000). O ponto onde um nervo motor (axnio)

    termina sobre uma fibra muscular conhecido como juno neuromuscular mioneural ou

    neuromuscular, ou como placa motora terminal. Estes nervos responsveis pela motricidade

    constituem cerca de 60% dos nervos que penetram nos msculos. J os nervos sensoriais

    (sensitivos), que perfazem os outros 40% dos nervos restantes, conduzem informaes acerca

    da dor e da orientao das reas corporais dos rgos sensoriais musculares at o SNC. Por

    definio, um nervo motor e todas as fibras musculares individuais por ele inervadas recebema designao de unidade motora (FOX, BOWERS & FOSS, 1991).

    2.3.4 rgos sensoriais musculares

    Os msculos e os tendes apresentam uma vasta gama de rgos sensoriais em suas

    estruturas. A dor que resulta de um exerccio fsico altamente forado aps um longo perodo

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    26/81

    25

    de inatividade, ou aquela dor resultante da ruptura de fibras musculares, constituem dois bons

    exemplos de rgo sensoriais musculares em ao. Esses receptores dolorosos, que se

    apresentam em pequeno nmero, encontram-se no apenas nas fibras musculares

    propriamente ditas, mas tambm em vasos sanguneos que irrigam as clulas musculares

    (FOX, BOWERS & FOSS, 1991).

    Outros tipos de rgos sensoriais que so encontrados no interior dos msculos e das

    articulaes so denominados proprioceptores, cuja funo a de conduzir informaes

    sensoriais para o SNC a partir dos msculos, tendes, ligamentos e articulaes. Esses rgos

    esto diretamente relacionados com a cinestesia ou o sentido cinestsico que, em geral, nos

    informa inconscientemente onde as partes do nosso corpo se encontram em relao ao meio

    ambiente. Suas contribuies permitem que possamos executar movimentos uniformes ecoordenados, alm de nos ajudar a manter uma postura corporal e tnus muscular normais

    (FOX, BOWERS & FOSS, 1991).

    Segundo Robergs e Roberts (2000), o principal receptor do msculo esqueltico o

    fuso muscular, que oferece continuamente informaes sobre o grau de contrao muscular,

    comprimento muscular e freqncia de mudanas desse comprimento para o SNC.

    Atravs dos fusos musculares, os msculos recebem a informao do nmero exato de

    unidades motoras que devem contrair-se a fim de vencer uma determinada resistncia; quantomaior for a distenso sofrida pelo msculo, maior ser a carga e igualmente maior ser o

    nmero de unidades motoras recrutadas (FOX, BOWERS & FOSS, 1991).

    Os fusos contm dois tipos distintos de terminaes nervosas sensoriais. As

    terminaes primrias, que respondem s alteraes dinmicas do comprimento muscular, e

    as terminaes secundrias que no respondem s alteraes rpidas do comprimento

    muscular; todavia, como j foi dito, eles fornecem informaes contnuas ao SNC sobre o

    comprimento esttico do msculo (POWERS & HOWLEY, 2000).O fuso muscular, mostrado logo abaixo na figura 4, estruturado por vrias fibras

    musculares modificadas contidas em uma cpsula, com um nervo sensorial em forma de

    espiral ao redor do seu centro. Estas clulas musculares modificadas so chamadas de fibras

    intrafuselares ou intrafusais, para diferenci-las das fibras regulares chamadas de fibras

    extrafuselares ou extrafusais. A poro central de um fuso muscular no capaz de se

    contrair; no entanto, as suas duas extremidades contm fibras contrteis. As extremidades so

    inervadas por finos nervos motores do tipo gama e so chamados de motoneurnios gama,

    que, ao serem estimulados, contraem as extremidades do fuso. Os nervos motores mais

    calibrosos que inervam as fibras regulares ou extrafuselares so chamados de motoneurnios

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    27/81

    26

    alfa, que quando estimulados, produzem uma contrao habitual do msculo (FOSS &

    KETEYAN, 2000).

    Figura 4 Fuso muscular

    Fonte: (WILMORE & COSTILL 2001).

    A regio central de uma fibra intrafusal no se contrai pelo fato de no possuir, ou

    possuir um nmero insuficiente de filamentos de actina e de miosina. Por essa razo, a regiocentral das fibras intrafusais pode apenas se alongar. Como o fuso muscular est fixado s

    fibras extrafusais, sempre que estas fibras so alongadas, a regio central do fuso alonga-se

    simultaneamente. Quando isto ocorre, as terminaes nervosas sensoriais, que esto

    localizadas em torno da regio central do fuso so estimuladas e mandam informaes

    medula espinhal, informando ao SNC o comprimento do msculo no momento. Na medula

    espinhal, o neurnio sensorial forma uma sinapse com o motoneurnio alfa, produzindo uma

    contrao muscular reflexa das fibras extrafusais para resistir a um maior alongamento(WILMORE & COSTILL, 2001).

    As fibras intrafusais tm a necessidade de se contrair, pois quando os msculos

    esquelticos so encurtados por uma estimulao do neurnio motor, os fusos musculares so

    encurtados de forma passiva com as fibras musculares. Se os fusos no compensarem de uma

    forma esperada, esse encurtamento causar um afrouxamento dos fusos, que iro se tornar

    menos sensveis, e como conseqncia, sofrero danos na sua funo de detector de

    comprimento, podendo levar a uma leso muscular (POWERS & HOWLEY, 2000).

    O fuso muscular extremamente sensvel tanto velocidade na mudana do

    comprimento muscular quanto ao comprimento final alcanado pelo msculo. Isso pode ser

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    28/81

    27

    exemplificado atravs de uma situao cotidiana onde um msculo encontra-se numa

    contrao estvel (sustentada), como aquela observada quando o cotovelo flexionado e

    assim mantido contra uma carga (por exemplo, ao segurar um livro). O tipo de estiramento

    aplicado ao msculo em virtude da carga chamado de estiramento tnico e est diretamente

    relacionado com o comprimento final das fibras musculares. Se a carga aplicada for pequena,

    as fibras iro ser distendidas de forma moderada e a freqncia da descarga dos impulsos

    sensoriais provenientes do fuso ser baixa (FOX, BOWERS & FOSS, 1991).

    Se ocorrer um aumento inesperado na carga que est sendo sustentada, como ocorre

    quando se coloca um outro livro sobre o primeiro que est sendo mantido, o msculo sofrer

    um novo estiramento, que ser evidenciado atravs do abaixamento do antebrao, induzido

    por essa nova carga. A contrao reflexa, desencadeada pelo fuso subseqente a esse aumentoinesperado da carga, recolocar o antebrao no seu nvel normal. No entanto, haver uma

    supercompensao; isto , no incio a contrao ser maior do que a necessria. Conclui-se

    que quanto maior e mais brusco for o aumento da carga, maior sero a freqncia de descarga

    do fuso, a contrao e a supercompensao. Com este tipo de estiramento, denominado de

    estiramento fsico, o fuso responde ao ritmo ou velocidade de mudana no comprimento das

    fibras, e no ao comprimento em si (FOX, BOWERS & FOSS, 1991).

    Alm dos estiramentos tnicos e fsicos j citados acima, existe uma outra maneirapela qual o fuso pode ser distendido, que atravs do sistema gama. Esse sistema formado

    pelos motoneurnios gama, que podem ser estimulados diretamente pelos centros motores

    localizados no crtex cerebral atravs de suas conexes nervosas com o feixe piramidal da

    medula espinhal. Como sabemos, os motoneurnios gama fazem com que as extremidades do

    fuso se contraiam. Quando isso ocorre, a poro central do fuso distendida e estimula assim

    o nervo sensorial. Entende-se com isso que o fuso muscular pode ser ativado exclusivamente,

    sem a participao do restante do msculo (FOX, 2000).Para se explicar melhor como funciona o sistema gama, volta-se ao exemplo da pessoa

    segurando um livro numa posio fixa. O estiramento tnico imposto a todo o msculo,

    criado pela carga, fornece a informao que mantm a carga em uma posio relativamente

    fixa. Todavia, os neurnios gama tambm so estimulados por impulsos enviados diretamente

    pelo crtex motor. Com isso as extremidades do fuso se contraem, o nervo sensitivo

    estimulado, envia impulsos at o SNC e gera informaes acerca do nmero de unidades

    motoras necessrias para manter a posio inicial. Essa informao adicional torna possvel a

    produo de um movimento coordenado e uniforme (FOSS & KETEYAN, 2000).

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    29/81

    28

    Um outro tipo de rgo sensorial rgo Tendinoso de Golgi (OTG), que se situa

    dentro dos tendes musculares e imediatamente adiante de suas inseres nas fibras

    musculares (Figura 5).

    Figura 5 rgo Tendinoso de Golgi.

    Fonte: (POWERS & HOWLEY, 2000).

    um rgo estimulado pela tenso produzida por esse pequeno feixe de fibras

    musculares. O rgo tendinoso possui uma resposta dinmica e uma resposta esttica,

    respondendo com intensidade quando a tenso do msculo aumenta subitamente, mas dentro

    de uma pequena frao de segundo ele se acomoda em um nvel inferior de disparo constante,que quase diretamente proporcional tenso muscular. Assim, o rgo tendinoso de Golgi

    proporciona ao sistema nervoso uma informao instantnea do grau de tenso de cada

    pequeno segmento de cada msculo. As fibras do tipo Ib transmitem sinais tanto para reas

    localizadas na medula como para reas cerebrais distantes, tais como cerebelo e crtex

    cerebral. Estes sinais so transmitidos para o crtex cerebral por meio de vias longas, como os

    feixes espinocerebelares e outros feixes. O sinal local na medula excita o interneurnio

    inibitrio nico que, por sua vez, inibe o motoneurnio anterior. Esse circuito local inibediretamente o msculo individual, sem afetar os msculos adjacentes. Por vezes, o reflexo

    causado pela estimulao do rgo tendinoso quando submetido a um aumento da tenso

    muscular (os sinais so transmitidos para a medula espinhal para causar efeitos reflexos no

    prprio msculo estimulado) inteiramente inibitrio, exatamente contrrio ao reflexo do

    fuso muscular. Outra provvel funo do reflexo do rgo de Golgi a de equalizar as foras

    contrteis das fibras musculares dispersas, isto , as fibras que esto exercendo tenso

    excessiva so inibidas, enquanto as que esto exercendo tenso muito baixa tornam-se mais

    excitadas (GUYTON, 1992).

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    30/81

    29

    Vemos ento que a principal diferena entre o fuso muscular e o OTG que enquanto

    o fuso apresenta caracterstica facilitatria (contrao muscular) os OTGs so estruturas

    inibitrias (relaxamento muscular). Essa caracterstica pode ser interpretada como uma funo

    protetora, pois, durante as tentativas de levantar cargas extremamente pesadas que poderiam

    causar leses, os OTGs induzem o relaxamento dos msculos atravs dos estmulos sensoriais

    j comentados (FOX, 2000).

    Um exemplo clssico do OTG em ao dado pela queda-de-brao. Sugere-se que a

    derrota ocorre quando a inibio induzida pelo OTG maior que o esforo voluntrio

    produzido para sustentar a contrao. importante lembrar que os fusos e os OTGs trabalham

    em equipe, os primeiros produzindo um grau apropriado de tenso muscular capaz de efetuar

    um movimento uniforme e coordenado e os ltimos produzindo o relaxamento muscularquando a carga a ser vencida potencialmente lesiva ao msculo (FOX, BOWERS & FOSS,

    1991).

    2.4 Receptores articulares

    Segundo Achour Jr. (2002), as articulaes possuem quatro tipos de terminaes

    nervosas aferentes para informar os nveis de modificaes mecnicas e manter a estabilidade

    das articulaes.

    A respeito das quatro terminaes nervosa citamos a do tipo 1, terminaes de Ruffini,

    que informa a posio da articulao; a do tipo 2, corpsculo de Paccini, que informa a

    velocidade dos movimentos das articulaes; a do tipo 3, receptores de ligamentos, queinforma a verdadeira posio das articulaes, e a do tipo 4, terminaes nervosas livras, que

    informa a sensibilidade dor (EKMAN, 2000 apudACHOUR JR, 2002).

    Os receptores articulares do tipo 1 esto na parte externa da cpsula articular; so

    receptores de baixo limiar, respondendo a pequenas alteraes na tenso da cpsula. Os

    receptores articulares tipo 1 tem caractersticas dinmicas e estticas responsveis pelo envio

    de sinal informando sobre a amplitude e a direo do movimento. Estes receptores so de

    adaptao lenta e sua freqncia se adapta ao estmulo (CAILLIET, 2000). Essa adaptao

    lenta, podendo demorar aproximadamente 60 segundos aps o estmulo inicial (EDMOND,

    2000).

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    31/81

    30

    Receptores articulares tipo 2 esto embutidos na cpsula e emitem estmulos curtos

    com a tenso de alongamento da cpsula. Os receptores articulares tipo 3 so dinmicos. So

    receptores de alto limiar que se tornam ativos durante uma posio de extrema amplitude

    msculo-articular. J os receptores articulares tipo 4 so ativados durante a inflamao

    articular e alguns deles so ativados nos movimentos em situaes normais (CAILLIET,

    2000).

    2.5 Flexibilidade

    Definir flexibilidade no uma tarefa muito simples, pois existem muitos conceitos,

    de diferentes reas, que representam situaes conflitantes quando considerada, por exemplo,

    clinicamente, ou no mbito desportivo ou pedaggico. Nos dias de hoje, vrios so os autores

    que se posicionam de formas diferentes ao se referirem flexibilidade. Muitos a abordam

    como sendo sinnimo de mobilidade articular, por envolver o movimento sobre articulaes

    de forma ampla em todas as direes (CORBIN & FOX, 1999, ACHOUR JR, 1996,WEINECK, 1991, BARBANTI, 1996).

    De acordo com Dantas (1995) a flexibilidade a qualidade fsica responsvel pela

    execuo voluntria de um movimento de amplitude angular mxima, realizada por uma

    articulao ou conjunto de articulaes, dentro dos limites morfolgicos, sem o risco de

    provocar leso (DANTAS, 1995).

    J para Tubino (1984), a flexibilidade definida como uma qualidade fsica que pode

    ser evidenciada pela amplitude dos movimentos das diferentes partes do corpo numdeterminado sentido e dependente da mobilidade articular e da elasticidade muscular.

    Segundo Matvev (1983), o termo flexibilidade algo mais complexo do que possa

    parecer, uma vez que diz respeito s propriedades anatmicas e funcionais do sistema

    locomotor que possibilitaro a mobilidade dos segmentos corporais em relao uns aos outros,

    em decorrncia da atuao de valncias como a fora e a velocidade.

    Falar em flexibilidade , portanto, se referir aos maiores arcos de movimentos

    possveis nas articulaes envolvidas. Como a prtica desportiva exige a utilizao completa

    dos arcos articulares especificamente envolvidos nos gestos desportivos, fica muito difcil, se

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    32/81

    31

    no impossvel, a performance de alto rendimento sem se dispor de um bom nvel de

    flexibilidade nos segmentos musculares empenhados.

    Quanto mais alta for a exigncia de performance, mais ateno deve ser dada

    flexibilidade. Ressalte-se que isto no significa alcanar o mximo possvel de mobilidade. A

    flexibilidade, ao contrrio de todas as outras qualidades fsicas, no melhor quanto maior

    for. Existe um nvel timo de flexibilidade para cada desporto e para cada pessoa, em funo

    das exigncias que a prtica exercer sobre o aparelho locomotor e a estrutura dos seus

    componentes (ligamentos, articulaes, msculos e outras estruturas envolvidas).

    Um nvel de flexibilidade acima do desejado, alm de no acarretar melhora da

    performance nem diminuio do risco de distenso muscular, propiciar aumento da

    possibilidade de luxaes (DANTAS, 1995; KRIVICKAS & FEINBERG, 1996;VERSTAPPEN, HUSON & VANMECHELEN, 1997).

    Para trabalhar a flexibilidade do atleta de alto rendimento, visando obter o mximo de

    resultados com o mnimo de riscos, ser necessrio um conhecimento bastante amplo dos trs

    fatores envolvidos: as caractersticas biolgicas do atleta, as exigncias especficas do

    desporto e os fundamentos fisiolgicos e metodolgicos da flexibilidade.

    2.5.1 Componentes bsicos da flexibilidade

    Os componentes da flexibilidade so:

    Mobilidade articular;

    Elasticidade muscular; Plasticidade dos tecidos moles (ligamentos, tendes e

    articulaes) e

    Maleabilidade da pele.

    A mobilidade articular representa o fator de restrio mecnica imposta pelas

    caractersticas articulares sseas de cada indivduo.

    A elasticidade muscular influenciada pelo comprimento das fibras musculares. Os

    mtodos de desenvolvimento da flexibilidade, para Hernandes Jr (2000), atuam sobre a

    melhoria do comprimento das fibras musculares e da capacidade de relaxamento das mesmas,

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    33/81

    32

    para que atinjam o comprimento mximo. O autor coloca que, mediante o aumento do nmero

    de sarcmeros, ocorre o aumento do comprimento das fibras musculares e a conseqente

    melhora da flexibilidade muscular.

    Plasticamente, a maleabilidade dos tecidos moles parcialmente desenvolvida pelo

    treinamento, mas caso isso ocorra em excesso, poder acarretar uma instabilidade articular e

    risco de leses articulares, pois os tecidos moles realizam importante papel na estabilidade das

    articulaes.

    O alongamento relaxa a tenso muscular e tem a capacidade de alinhar o corpo,

    melhora a circulao sangunea e estimula os sistemas do organismo a se manterem saudveis

    e energizados. A maior contribuio que os exerccios de alongamento nos trazem o

    aumento da flexibilidade e, conseqentemente, melhor qualidade de vida (GARAUDY,1980).

    2.5.2 Fatores que influenciam a flexibilidade

    Ossos, msculos, tendes, ligamentos e cpsulas articulares so as estruturas que

    influenciam na flexibilidade. Dos componentes que interferem principalmente na

    flexibilidade, a maioria dos autores estudados coloca como sendo os msculos. Achour Jr

    (1999), comenta que as fscias envolvem as fibras musculares endomsio, perimsio e

    epimsio, e oferecem a resistncia necessria durante os exerccios de alongamento.

    Alguns fatores como sexo e idade (POLLOCK & WILMORE, 1993; HOEGER &

    HOEGER, 1994; DANTAS, 1984; ACHOUR JR, 1996), temperatura corporal (GETTMAN,1994; POLLOCK & WILMORE, 1993) e estado de treinamento (ACHOUR JR, 1996),

    apresentam influncia direta sobre a estrutura e composio dos tecidos moles, levando

    conseqentemente a um comportamento bastante diversificado dos nveis de flexibilidade

    articular. Alm desses fatores, acredita-se que a estrutura das superfcies articulares

    (POLLOCK & WILMORE, 1993; HALL, 1993) e a elevada concentrao de tecido adiposo

    em torno das articulaes (HOEGER & HOEGER, 1994; HALL, 1993), influenciem de forma

    negativa os nveis de flexibilidade articular. Possivelmente esse comprometimento da

    flexibilidade em determinadas articulaes deve estar atrelado a um aumento do atrito entre as

    superfcies articulares, reduzindo a capacidade da amplitude articular.

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    34/81

    33

    Independentemente do sexo, vrios autores tm descrito que a flexibilidade decresce

    com a idade (HALL, 1993; HOEGER & HOEGER, 1994; WEINECK, 1991; POLLOCK &

    WILMORE, 1993). Por sua vez, Phillips & Haskell (1995) apontam que um decrscimo mais

    acentuado s verificado a partir dos 30 anos. Esta reduo parece estar estreitamente

    associada a uma diminuio da capacidade de estiramento dos tendes, ligamentos e msculos

    devido a uma perda de gua, fibras elsticas e mucopolissacardeos. Por outro lado, Hall

    (1993) associa esta reduo mais a um decrscimo nos nveis de atividade fsica decorrente do

    avano da idade do que ao processo de envelhecimento.

    J Hernandes Jr (2000) diz que os limites estruturais flexibilidade so a formao e

    desenho sseo, comprimento muscular, ligamento e outras estruturas da cpsula articular,

    tendes, tecido conjuntivo e elasticidade da pele.Segundo Astrand & Rodahl apud Dantas (1989), a limitao dos movimentos de uma

    articulao influenciada por vrios fatores como a tenso dos ligamentos ou tenso dos

    msculos que so antagonistas a esses movimentos. De fato, parece que a tenso dos

    msculos antagonistas nunca ir permitir que um ligamento articular entre em distenso total.

    Os msculos que movimentam uma articulao no podem, mesmo que com fora mxima,

    produzir um movimento superior amplitude total permitida realmente pela articulao; no

    entanto, um movimento no qual entram em ao foras externas, especialmente quando umagrande fora aplicada bruscamente, as cartilagens articulares adjacentes podem ser

    separadas, causando assim uma luxao. Ao mesmo tempo, pode ocorrer leso do osso, dos

    ligamentos, da cpsula articular, dos tecidos moles e dos vasos sangneos.

    Foss & Steven (2000) citam que as limitaes impostas pelas estruturas sseas so

    confinadas a certas articulaes, como as de tipo dobradia, mas que em todas as

    articulaes os tecidos moles so a principal limitao da amplitude do movimento articular.

    Eles dizem que, j que a flexibilidade pode ser modificada por meio do exerccio fsico, omesmo pode ocorrer com as limitaes impostas por esses tecidos moles. A razo disso

    relaciona-se, segundo os autores, com a natureza elstica desses tecidos.

    Ghorayeb & Barros (1999) ressaltam que uma parte considervel da resistncia a um

    movimento nos extremos de sua amplitude causada pelo tecido conjuntivo e mais

    particularmente pelo colgeno. Mas que a maior parcela da resistncia muscular ao

    movimento extremo se encontra nos componentes conectivos que definem o esqueleto

    muscular, no nos componentes contrteis. A gordura subcutnea pode tambm representar

    um fator significativo e a posio relativa dos ossos de uma articulao pode ser um fator de

    restrio insupervel.

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    35/81

    34

    Segundo Alter (1999), a flexibilidade restrita em uma articulao por cinco fatores:

    - Falta de elasticidade do tecido conjuntivo nos msculos e articulaes;

    - Tenso muscular;

    - Falta de coordenao e fora, no caso de movimento ativo;

    - Limitao de estruturas do osso e da articulao;

    - Dor.

    Hernandes Jr (2000) coloca que um outro fator relevante flexibilidade o estado

    psicolgico do executante, pois, em situaes de estresse, h um menor relaxamento muscular

    e, conseqentemente, uma diminuio de flexibilidade. Portanto a capacidade de descontrao

    muscular tem uma forte correlao com o desenvolvimento da flexibilidade.

    A flexibilidade tambm influenciada por vrios outros determinantes, como osfatores endgenos e exgenos. Os fatores endgenos seriam aqueles que so inerentes ao ser

    humano, como idade, sexo, individualidade biolgica, estado de condicionamento fsico,

    tonicidade muscular, respirao e concentrao. J os fatores exgenos seriam hora do dia,

    temperatura do ambiente e exerccio (DANTAS, 1989).

    Quanto aos fatores endgenos importante ressaltar alguns itens, como a idade.

    Estudos mostram que o envelhecimento afeta a flexibilidade por muitas razes, quanto menos

    idade tiver o indivduo, supe-se uma maior flexibilidade para alta quantidade de tecidocartilaginoso na regio articular (MOLINARI, 2000).

    A diferena entre os sexos se d geralmente porque a mulher mais flexvel que o

    homem em virtude de diferenas hormonais, anatmica e ambiental. A taxa de estrgeno, que

    superior nas mulheres, produz reteno de gua, porcentagem maior de tecido adiposo e

    menor de massa muscular, o que faz com que a capacidade de estiramento seja aumentada

    pela maior densidade de tecidos, ao contrario dos homens (DANTAS, 1989).

    Quanto individualidade biolgica, Dantas (1989) cita que pessoas de mesmo sexo eidade podem possuir graus de flexibilidade totalmente diversos entre si, mesmo sendo

    mantidas estveis todas as demais variveis (p.37). Portanto, o grau de flexibilidade depende

    de inmeros fatores morfolgicos ou patolgicos, sendo quase que impossvel que haja

    pessoas com o mesmo grau de flexibilidade em suas articulaes.

    Tonicidade muscular , o estado de tenso representado por um grau de contrao

    residual, denominado tnus muscular (MONTEIRO s/d). Portanto, quanto maior for o tnus

    muscular, menor ser a capacidade de relaxamento muscular. A respirao e a concentrao

    interferem totalmente no estado da pessoa, facilitando o relaxamento da musculatura a ser

    alongada.

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    36/81

    35

    Quanto aos fatores exgenos, importante ressaltar que a hora do dia influencia o

    trabalho de alongamento, uma vez que ao acordar, todos os componentes plsticos do corpo

    esto em sua forma original, devido s horas em que o organismo esteve deitado no sendo

    submetido ao da gravidade no sentido longitudinal, mas sim na transversal (DANTAS,

    1989). J quanto temperatura, sabemos que o frio reduz a elasticidade muscular (pois atua

    sobre os motoneurnios gama). A alta temperatura acarreta em aumento da temperatura

    corporal, inibindo tais motoneurnios, relaxando a musculatura e aumentando a flexibilidade

    (DANTAS, 1989). Molinari (2000) diz que fatores exgenos como temperatura ambiente,

    mtodos e estratgias de treinamento podem colaborar na elevao da temperatura corporal,

    que mediante irrigao sangnea perifrica, promovem uma maior extensibilidade das fibras

    musculares ocasionadas pelo estmulo intrafsico.

    2.5.3 Benefcios da flexibilidade

    A manuteno de bons nveis de flexibilidade nas principais articulaes tem sidocomumente associada a: a) maior resistncia s leses (HOEGER & HOEGER, 1994); b)

    menor propenso quanto incidncia de dores musculares, principalmente nas regies dorsal

    e lombar (PHILIPS & HASKEL, 1995; HALL, 1993); c) preveno contra problemas

    posturais (ASHMEN et al., 1996; HOEGER & HOEGER, 1994; ACHOUR JR, 1996).

    Ainda no se dispe de informaes suficientes que permitam esclarecer a influncia

    da flexibilidade na reduo de leses no sistema msculo-articular; no entanto, alguns autores

    (HALL, 1993) afirmam que quando os tecidos que atravessam as articulaes se mostrammenos extensveis existe maior probabilidade de ocorrer rupturas e estiramentos, sobretudo

    quando a articulao forada acima do seu arco de movimento normal.

    Na populao em geral, a escassez de flexibilidade, principalmente na regio de tronco

    e quadril (coluna vertebral), tem sido apontada como fator de risco para o desencadeamento

    de dores lombares (ASHMEN et al., 1996; HALL, 1993) e problemas posturais (GUEDES &

    GUEDES, 1995; PHILLIPS & HASKELL, 1995; HALL, 1993). Cerca de 80 por cento das

    dores lombares so causadas pela combinao de nveis de flexibilidade articular reduzidos,

    musculatura abdominal flcida e problemas posturais (HOEGER & HOEGER, 1994). Ao

    realizarem um estudo com adultos Ashmen et al. (1996) observaram em indivduos com dor

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    37/81

    36

    lombar crnica dficit de flexibilidade, fora e resistncia muscular localizada nas regies de

    coluna e quadril. Todavia, no se pode associar de forma direta todos os problemas de postura

    e dores lombares a uma escassez de flexibilidade articular.

    2.6 Classificaes tradicionais de alongamento

    As tcnicas de alongamento normalmente utilizadas para aumentar a amplitude de

    movimento das articulaes so metodologicamente diferentes. Esses alongamentos podemser classificados em balstico, esttico ou tcnicas de facilitao neuromuscular proprioceptiva

    (FNP), tambm conhecido como mtodo 3s (CARNEIRO & LIMA, 1999).

    Independente do mtodo empregado, a possibilidade de alongamento alm do limite

    seguro de uma pessoa depende de uma variedade de fatores, incluindo a intensidade do

    alongamento, a durao, a freqncia, ou o nmero de movimentos realizados em um

    determinado perodo e a velocidade ou natureza do alongamento (ALTER, 1999).

    2.6.1 Alongamento Balstico

    O alongamento balstico, tambm conhecido como alongamento dinmico, o

    alongamento balanceado ou causado por um movimento forado ou uma fora externa,

    consistindo em pequenas sacudidelas, como nas insistncias para baixo e para cimaenquanto a pessoa tenta alcanar os ps na posio em p (CORBIN & FOX, 1999).

    Este tipo de alongamento efetuado por meio de movimentos vigorosos e acelerados,

    com o intuito de forar o alongamento do msculo-alvo. O alongamento balstico pode

    provocar um reflexo de alongamento intenso, fazendo com que o msculo fique mais curto

    que seu comprimento pr-alongamento. Para Beaulieu (1981), esta tcnica de alongamento

    cria uma tenso superior ao dobro da tenso no msculo-alvo, comparado com o alongamento

    esttico. Com isso, aumenta-se a possibilidade de lacerar o msculo, porque o movimento

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    38/81

    37

    realizado de forma rpida no permite um tempo suficiente para que ocorra o reflexo de

    alongamento inverso, que relaxaria o msculo (McATEE, 1998).

    A realizao de movimentos de amplitude mxima, em velocidade, estimula o Fuso

    Muscular, acarretando o Reflexo Miottico ou Reflexo de Estiramento. Este reflexo provoca

    contrao da musculatura que est sendo estirada. Devido a esta reao proprioceptiva, neste

    tipo de alongamento, a estrutura limitante ao movimento , via de regra, a musculatura

    antagonista e em especial, os componentes elsticos em srie (parte das fscias de tecido

    conjuntivo que ficam entre duas fibras musculares e entre estas e o tendo) dos citados grupos

    musculares. Estes mtodos enfatizam, portanto, a Elasticidade Muscular (ALTER, 2001).

    Um dos tpicos mais controversos o valor relativo dos programas de alongamento

    balstico versus esttico para desenvolver a flexibilidade. A controvrsia complicada pelafalta de pesquisa sobre a flexibilidade balstica. O alongamento balstico difcil de ser

    avaliado por causa da necessidade de equipamento elaborado e habilidade tcnica na

    mensurao da fora que requerida para mover a articulao atravs de sua amplitude de

    movimento em ambas as velocidades, rpida e lenta. H, no entanto, uma quantidade

    considervel de pesquisas indicando que ambos os mtodos, balstico e esttico, so eficazes

    no desenvolvimento da flexibilidade (ALTER, 2001).

    Com relao eficcia, o alongamento balstico aps o alongamento esttico pareceser mais eficaz que o alongamento esttico sozinho, na reduo da excitabilidade do conjunto

    dos motoneurnios , que se correlaciona com a flexibilidade aumentada. Contudo, esses

    resultados devem ser interpretados com cuidado, considerando o tamanho dos grupos de

    alongamento esttico e balstico. Uma vantagem prtica do alongamento balstico seu uso

    durante o alongamento de equipe e o aquecimento, para que ele possa ser praticado facilmente

    de acordo com uma batida ou ritmo, promovendo assim, o companheirismo. Por fim, o

    alongamento balstico pode ser menos cansativo que o alongamento esttico (DOWSING;OLCOTT apudALTER, 2001).

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    39/81

    38

    2.6.2 Alongamento esttico

    O alongamento esttico foi popularizado pelo livro Stretching (do ingls strech =

    alongar) de Bob Anderson, e visa diminuir o reflexo de estiramento muscular, o que reduz os

    riscos de leso muscular (MaCTEE, 1998).

    Para se empregar o alongamento esttico deve-se, lentamente, chegar ao limite normal

    do arco articular (limiar entre o alongamento e a flexibilidade), forar suavemente alm deste

    limite, aguardar cerca de seis segundos e realizar novo foramento suave, procurando alcanar

    o maior arco de movimento possvel. Neste ponto, o arco articular obtido deve ser mantido

    por 10 a 15 segundos (DANTAS, 1995). A rotina deve ser repetida por trs a seis vezes, comintervalo de descontrao entre elas. O objetivo deste mtodo o aumento da Flexibilidade

    pelo incremento prioritrio sobre a Mobilidade Articular (ALTER, 2001).

    Diversos profissionais insistem em recomendar tempos de permanncia maiores dos

    que os indicados, baseados em vagas experincias pessoais, sem o indispensvel respaldo da

    cincia. Os cientistas que estudaram o assunto ficam mesmo com os tempos indicados.

    Borms, Van Roy Santes & Haentjens apud Alter (1999), indicam como ideal um tempo de

    insistncia de 10 segundos e chegaram concluso que tempos de 20 ou 30 segundos sodesnecessrios. J Madding, Wong, Hallum & Medeiros apudAlter (1999), comparando os

    efeitos provocados por insistncias de 15, 45 e 120 segundos, verificaram no haver qualquer

    vantagem na utilizao de insistncias com mais de 15 segundos. Contudo existem autores

    como MaCtee (1998) que indicam uma manuteno do arco de movimento com o tempo

    mnimo de 15 e mximo de 30 segundos.

    Para superar as dvidas que possam persistir quanto eficcia de aumentar o tempo de

    insistncia para conseguir um melhor efeito de treinamento, cabe citar o trabalho de Bandy,Irion & BrigglerapudAlter (1999), que compararam os efeitos de insistncias de 30 e de 60

    segundos, com uma ou trs repeties e no encontraram diferenas significativas entre os

    resultados.

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    40/81

    39

    2.6.3 Facilitao Neuromuscular Proprioceptiva FNP

    Os exerccios de FNP se caracterizam por envolver duas ou mais fases onde h

    alternncia de exerccios ativo e passivo, objetivando conseguir um grau de amplitude

    articular maior do que o habitual, s custas do relaxamento da estrutura contrtil muscular

    (GHORAYEB & BARROS, 1999).

    A FNP pode ser definida como um mtodo que promove ou acelera o mecanismo

    neuromuscular atravs da estimulao dos proprioceptores. A FNP mais que uma tcnica

    uma filosofia de tratamento cuja base que todos os seres humanos, incluindo aqueles com

    incapacidades, desencadeiam o potencial neuromuscular existente (ADLER, BECKER &BUCK, 1999). A FNP foi desenvolvida no final dos anos 40 a incio dos anos 50 pelo Dr

    Herman Kabat. No desenvolvimento das tcnicas de FNP, a resistncia mxima em toda a

    amplitude de movimento enfatizada, usando muitas combinaes de movimento

    relacionadas com os padres de movimentos primitivos e reflexos posturais e de

    endireitamento. Essas combinaes de movimento incluem contraes isomtricas,

    concntricas e excntricas, junto com movimento passivo. A FNP pode ser aplicada

    manualmente pela prpria pessoa ou um assistente ou de forma no-manual. Hoje, as tcnicasde FNP so comumente usadas para reabilitao e em reas como o treinamento atltico

    (ALTER, 1999).

    O alongamento por facilitao neuromuscular proprioceptiva um item do repertrio

    global da FNP. Vrias verses do alongamento por FNP so conhecidas como FNP

    modificada, FN, e Alongamento Cientfico para o Esporte. A seguir sero citados os padres

    de FNP que so habitualmente empregados para aumentar a flexibilidade segundo McATEE,

    1998: Contenso-relaxamento

    A conteno-relaxamento (CteR) freqentemente usada em casos onde a amplitude

    de movimento (ADM) muito limitada, ou quando o movimento ativo provoca dor no

    paciente. O paciente que est sendo submetido utilizao dessa tcnica mantm o membro

    em sua ADM alongada, e resiste tentativa do terapeuta em mover o membro at a nova

    amplitude. Kabat teorizava que a forte contrao isomtrica iria recrutar uma maior

    quantidade de fibras musculares (por irradiao) e em seguida desencadearia o reflexo de

    alongamento inverso, relaxando o msculo-alvo e permitindo um novo alongamento

    (McATEE, 1998).

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    41/81

    40

    Contrao-relaxamento

    A contrao-relaxamento (CtrR) parecida com a tcnica citada anteriormente. A

    nica diferena que o terapeuta proporciona uma resistncia, enquanto que o paciente tenta,

    isometricamente, mover o membro pela amplitude abreviada do msculo-alvo.

    Posteriormente, o paciente relaxa, e o membro passivamente mobilizado at a nova

    amplitude. A CtrR prefervel a CteR em casos em que a ADM boa e os movimentos so

    indolores (McATEE, 1998).

    CRAC

    A contrao-relaxamento, antagonista-contrao (CRAC) realizada atravs de um

    procedimento muito parecido com a CtrR, exceto pelo fato de que aps a contrao isomtrica

    o paciente em tratamento movimenta o membro at uma nova ADM. Acredita-se que este tipo

    de contrao ativa do msculo antagonista provoca a inibio recproca do msculo alvo, o

    que ir permitir um alongamento mais profundo e conseqentemente um maior ganho de

    flexibilidade (McATEE, 1998).

    2.7 Procedimentos bsicos para a facilitao

    Segundo Adler, Beckers e Buck (1999), os procedimentos bsicos da facilitao

    fornecem ao terapeuta as ferramentas necessrias para ajudar seus pacientes a atingir uma

    funo motora eficiente. Esta eficincia no depende necessariamente da colaborao

    consciente do paciente. Os procedimentos so usados para:

    1. Aumentar a habilidade do paciente em mover-se e permanecer estvel;2. Guiar o movimento com a utilizao de contatos manuais adequados e

    de resistncia apropriada;

    3. Ajudar o paciente a obter coordenao motora e sincronismo;

    4. Aumentar a histamina do paciente e evitar a fadiga;

    Os procedimentos bsicos sobrepem-se aos seus efeitos. Por exemplo, a resistncia

    necessria para tornar o reflexo de estiramento efetivo, e o efeito da resistncia modifica o

    alinhamento corporal do terapeuta e a direo de seus contatos manuais (ADLER, BECKERS

    & BUCK, 1999).

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    42/81

    41

    Os procedimentos bsicos podem ser usados no tratamento de pacientes com qualquer

    diagnstico ou condio, porm algumas adaptaes podem ser necessrias em determinadas

    situaes. Basicamente, a promoo ou a exacerbao da dor deve ser evitada pelo terapeuta.

    A dor funciona como um inibidor da coordenao motora eficaz e pode ser um sinal potencial

    de leso (Hislop 1960; Fisher, 1967 apud ADLER, BECKERS E BUCK, 1999). Outras

    contra-indicaes so na maioria de senso comum. Por exemplo: no utilizaraproximao em

    extremidades com fratura no consolidada; na presena de instabilidade articular, o terapeuta

    deve ser cauteloso ao utilizar o reflexo de estiramento (ADLER,BECKERS & BUCK, 1999).

    Os procedimentos bsicos so:

    Resistncia: auxilia a contrao muscular e o controle motor e aumenta

    a fora.

    Irradiao e reforo: utilizam a deflagrao da resposta ao estmulo.

    Contato Manual: aumenta a fora e guia o movimento com toque e

    presso.

    Posio corporal e biomecnica: guiam e controlam o movimento por

    meio do alinhamento do corpo, dos braos e das mos do terapeuta.

    Comando verbal: utiliza palavras e tom de voz apropriado para

    direcionar o paciente.

    Viso: usa a viso para guiar o movimento e aumentar o empenho.

    Trao e aproximao: o alongamento ou a compresso dos membros e

    do tronco facilita o movimento e a estabilidade.

    Estiramento: o uso do alongamento muscular e do reflexo de

    estiramento facilita a contrao e diminui a fadiga.

    Sincronizao de movimentos: promove sincronismo e aumenta a fora

    de contrao muscular por meio da sincronizao para nfase.

    Padres de Facilitao: movimentos sinrgicos em massa so

    componentes do movimento funcional normal.

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    43/81

    42

    2.8 Leses na prtica esportiva

    Os esportistas so altamente sensveis a oscilaes em seu equilbrio de adequao no

    porque sejam mais conscientes da dor do que as pessoas que no praticam esportes, mas,

    antes, porque seus corpos esto de tal ponto afinados que a menor partcula de poeira no

    mecanismo instantaneamente perceptvel e precisa ser explicada e corrigida. As leses no

    esporte so peculiares, na medida em que acontecem a pessoas que esto obcecadas com a

    recuperao rpida, seno instantnea. Nem todos os riscos so previsveis: acidentes

    acontecem, de modo que algumas leses so inevitveis. Alguns esportes, como os de contato

    corporal e de combate, a ginstica, a asa delta, o salto com esqui, por sua natureza, comportaum alto risco de leso(GRISOGONO, 1989).

    As leses podem ser classificadas em duas categorias bsicas: traumticas e por

    excesso de uso, tambm conhecido por overuse. As leses traumticas so acontecimentos

    sbitos. Podem ser extrnsecas, devidas a alguma causa externa (golpe direto), ou intrnseca,

    sem uma causa bvia (estiramento sbito). As leses por excesso de uso so mais sutis,

    porque se apresentam simplesmente como uma dor que aumenta aos poucos, diretamente

    associada a uma certa atividade, usualmente repetitiva (GRISOGONO, 1989).As habilidades atlticas que no exploram o movimento em toda a sua extenso

    funcional e a solicitao de movimentos em uma s direo geralmente resultam em

    disfunes nos segmentos msculo-articulares destes atletas. Alm disso, a contratura ao

    mesmo tempo dos posteriores da coxa mediais e laterais, resulta em uma posio de flexo do

    joelho, acompanhada por uma inclinao posterior da pelve e um achatamento da coluna

    lombar, o que pode levar a lombalgias e distrbios biomecnicos (KENDALL & KENDALL,

    1990).Segundo Achour Jr (1996), a demanda de fora e potncia nas habilidades atlticas e a

    fraca ateno dada flexibilidade contribuem para o encurtamento muscular e para leses

    musculo-tendneas, que podem desencadear prejuzos na qualidade da performance atltica ou

    at mesmo ocasionar o abandono do atleta.

    O estiramento muscular, que causa leso tecidual, resulta em inflamao, dor e

    incapacidade, e, caso ocorra a continuao da atividade, haver uma leso maior (GOULD,

    1993). Essa leso produz no tecido muscular uma zona de cicatrizao, a qual transforma um

    tecido elstico e flexvel em uma massa inelstica e frgil, conhecida por fibrose, o que, para

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    44/81

    43

    um atleta, representar leses recidivas e sensao de medo exacerbado para uma nova leso,

    que o incapacitar ainda mais.

    A forma de evitar leses traumticas consiste em minimizar os fatores de risco. Para

    evitar leses por uso excessivo, permita que o corpo se adapte ao stress repetitivo. O aumento

    do treinamento deve ser um processo gradual, desenvolvendo-se a partir de estgios fceis,

    permitindo dias de recuperao do treinamento puxado e dias de repouso para prevenir a

    fadiga ou dor (GRISOGONO, 1989).

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    45/81

    3 MATERIAIS E MTODOS

    3.1 Caracterizao da pesquisa

    Esta pesquisa se caracteriza como sendo do tipo experimental, pois atravs da seleo,

    treinamento e avaliao dos grupos, se obtm um resultado sobre a validade das diferentes

    tcnicas de alongamento que produzir modificaes sobre a amplitude de movimento do

    quadril.

    3.2 Populao e amostra

    A populao se constituiu de atletas de Taekwondo de ambos os sexos. A amostra

    contou com a participao de 12 atletas, com idades compreendidas entre 16 a 29, com mdia

    de 20 1 anos, que representam a Academia Body Center da cidade de Erechim, RS, emcompeties locais e estaduais.

    Alm dos atletas da Academia Body Center, a pesquisa tambm contou com um grupo

    de 6 pessoas que se constituiu no grupo controle, no atletas, que no realizaram o tratamento.

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    46/81

    45

    3.3 Controle do estudo:

    Para assegurar maior controle na obteno dos dados, as seguintes condies foram

    observadas pelo pesquisador:

    Mesma hora do dia para a realizao da coleta pr e ps o tratamento

    experimental;

    Temperatura ambiente na faixa dos 18 23 C, controlada atravs de um ar-

    condicionado;

    Mesmo avaliador para todos os atletas.

    3.4 Limitaes do estudo:

    As limitaes encontradas no presente estudo foram as seguintes:

    Participao efetiva e assdua de todos os participantes do estudo nos dias detreinamento fsico;

    Atividades fsicas extras, realizadas fora do horrio de treinamento.

    3.5 Instrumentos de medida

    O instrumento utilizado nesta pesquisa para avaliar o grau de flexibilidade da abduo

    do quadril dos sujeitos participantes do trabalho foi o gonimetro universal, que se constitui

    em um instrumento de medida do movimento angular do arco articular.

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    47/81

    46

    3.6 Procedimento experimental

    Iniciou-se o presente estudo com a apresentao do trabalho e a descrio do propsito

    do estudo, direcionada ao desenvolvimento da flexibilidade nos sujeitos participantes da

    pesquisa. Aps, os sujeitos preencheram e assinaram o termo de consentimento livre e

    esclarecido, aceitando participar do estudo (anexo 1) e, logo aps preencheram a ficha de

    identificao (apndices 1 e 2), que constava de: nome, idade, peso, altura, posio, hora da

    coleta, temperatura ambiente e ndice de flexibilidade (pr e ps-teste), atravs do gonimetro

    universal.

    Em um segundo momento, foi realizado a mensurao dos sujeitos em sua amplitudemxima de abduo do quadril, ativamente, bilateralmente, atravs do uso do gonimetro

    universal.

    O gonimetro foi posicionado com o brao fixo nivelado com as espinhas ilacas

    ntero-superiores, e o brao mvel ficou sobre a regio anterior da coxa, ao longo da difise

    do fmur, posio est descrita por Kendall & Kendall (1990). O sujeito mensurado ficou em

    decbito dorsal, sempre observando o alinhamento corporal. A medida foi feita na regio

    anterior da coxa, sobre a articulao do quadril.O sujeito foi instrudo a ficar em decbito dorsal com a coluna corretamente apoiada

    ao solo e, a seguir, ele era instrudo a realizar a abduo do quadril, ativamente, at o limite

    mximo, onde era registrada a angulao atingida. O procedimento contou com a presena

    dos dois pesquisadores, onde no foi permitida possvel compensao ao movimento. O

    membro contralateral ao mensurado permaneceu estvel ao solo. O movimento contou com o

    membro em rotao neutra, no permitindo a rotao lateral do membro a ser medido.

    A medida da amplitude de abduo do quadril foi realizada sempre com o mesmoinstrumento e pelo mesmo avaliador, para reduzir o erro instrumental e o erro do operador.

    O treinamento seguiu-se da seguinte maneira: foi iniciado o aquecimento com uma

    corrida leve de 5 minutos, e mais 5 minutos de movimentao e seqncia de polichinelos,

    flexo de brao, exerccios abdominais e demais alongamentos de membros superiores,

    coluna cervical e inclinadores laterais de coluna, chegando a um total de 10 minutos de

    aquecimento. Aps esta parte inicial, os sujeitos eram posicionados sentados sobre o tatame,

    com as costas apoiadas na parede e era realizada a abduo passiva de quadril pelo

    examinador, conforme o anexo 2. Os seis atletas do grupo A foram submetidos abduo

    passiva de quadril pelo mesmo examinador, baseado na tcnica de facilitao neuromuscular

  • 7/30/2019 ESTUDO DAS TCNICAS DE ALONGAMENTO ESTTICO E POR FACILITAO NEUROMUSCULAR PROPRIOCEPTIVA NO

    48/81

    47

    proprioceptiva, pelo mtodo CRAC, visando os membros inferiores para atingir um maior

    alcance de abduo do quadril. Os seis atletas do grupo B tiveram o mesmo aquecimento do

    grupo A, mas foram submetidos ao alongamento esttico pelo mesmo examinador, visando os

    membros inferiores para atingir um maior alcance de abduo do quadril.

    No mesmo perodo experimental foi s