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LABORATÓRIO DE INTERAÇÃO AVANÇADA
PROJETO CENTRADO NO USUÁRIO E INTERFACES ADAPTATIVAS
Talita Cristina Pagani Britto
Em diversas situações, os usuários frustram-se com o design pouco intuitivo dos produtos que utilizam,
pois os mesmos não permitem que uma tarefa simples seja realizada do modo como esperado [1].
Diante deste contexto, a abordagem de Projeto Centrado no Usuário (User-Centered Design - UCD) visa
possibilitar o desenvolvimento de sistemas mais usáveis.
O UCD é uma abordagem multidisciplinar da Interação Humano-Computador para projetos de sistemas
interativos, onde os usuários são envolvidos dentro do processo de design durante diferentes etapas do
projeto e através de vários métodos, com o objetivo de otimizar a compreensão e a avaliação do produto
dentro do que os usuários esperam [1][2].
O envolvimento dos usuários no processo de design contribui para o desenvolvimento de produtos mais
eficientes, eficazes, seguros e que contribuem com uma melhor usabilidade [3].
Norman em [4], define quatro princípios básicos utilizados para verificar como um design deve funcionar
para o usuário:
Facilitar a determinação de quais ações são possíveis a qualquer momento;
Deixar as coisas visíveis, incluindo o modelo conceitual do sistema, as ações alternativas e o
resultado das ações;
Facilitar a avaliação do estado atual do sistema;
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS 2010
INTERFACES ADAPTATIVAS E DESIGN CENTRADO NO USUÁRIO PÁGINA 2
Seguir o mapeamento natural entre: as intenções e as ações requeridas; entre as ações e efeitos
resultantes; e entre a informação que é visível e a interpretação do estado do sistema.
No UCD, o usuário é o centro do processo, como a própria terminologia sugere, e o projeto deve ser
focado em suas expectativas, conforto e que lhe traga facilidade de uso para a realização de suas
tarefas. O UCD preza, em seus princípios, pela visibilidade, clareza e acessibilidade dos estados e
controles do sistema, de modo que os usuários tenham o mínimo de esforço para interpretar e utilizar o
sistema ou a interface do projeto.
O CICLO DE UCD
A norma ISO 13407 para Projetos Centrados no Usuário define um processo iterativo composto de seis
etapas [6], como mostra a figura 1:
Figura 1 - O ciclo de processo de UCD, segundo a norma ISO 13407Fonte: [6]
A cada etapa, são identificados e refinados o contexto de uso do sistema e as requisições de
usabilidade, permitindo que os usuários testem e avaliem o projeto em seus diferentes estágios, desde o
esboço até protótipos mais fidedignos [6]. Pode-se perceber que a identificação das necessidades do
INTERFACES ADAPTATIVAS E DESIGN CENTRADO NO USUÁRIO PÁGINA 3
projeto centrado no usuário não se encontra dentro do ciclo iterativo, pois ela será a base para que as
demais etapas sejam refinadas até conseguirem cumprir com as necessidades identificadas.
Para que o projeto atenda às expectativas dos usuários dentro de um processo de UCD, é necessário
saber quem são os usuários, como eles devem ser envolvidos no processo de design, como irão utilizar
um produto ou artefato para realizar uma tarefa ou meta, considerando, também, que as pessoas que
irão gerenciar os usuários também possuem suas expectativas quanto à interface [1].
COMO ENVOLVER OS USUÁRIOS NO PROJETO DE INTERFACE
Os usuários podem ser envolvidos de diferentes formas em diversas etapas do projeto de interface, de
acordo com as necessidades e dimensões do projeto. O envolvimento dos usuários durante o
desenvolvimento e a avaliação da interface permite identificar com os usuários reais do sistema se o
projeto está condizente com o que eles esperam. Alguns métodos mais comuns para envolver os
usuários neste processo são [1][2]:
Focus Group: sessões de discussão durante o levantamento de requisitos;
Entrevistas e Análise de tarefas: identificar as tarefas do usuário na interface para identificar
requisitos;
Observação do usuário: obter informações sobre o ambiente onde o produto é utilizado;
Card Sorting: apresentar de cartões com rótulos de categorias e seções de website, onde cada
usuário deve organizar do modo que considera mais intuitivo;
Simulações: avaliar diferentes interfaces através de testes com protótipos;
Teste de usabilidade: mensurar a facilidade de uso dentro de determinados critérios.
O teste de usabilidade é uma da melhores formas de asseguras que um design atenda as necessidades
dos usuários, pois permite que eles possam verificar, testar, explorar o produto que pretendem
efetivamente utilizar.
Sendo também uma das formas mais usuais para envolver os usuários no projeto de interface, os testes
de usabilidade conferem um dos métodos mais simples e baratos para avaliar a facilidade de uso de um
projeto [5]. Eles oferecem uma forma de:
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Analisar como os usuários realizam as tarefas;
Analisar como se comportam diante da utilização de um determinado produto;
Obter o feedback necessário para certificar se os usuários aprovam ou não um determinado
produto; e
Se a interface é agradável ou não para o usuário [5].
Dentro de um processo iterativo, os testes de usabilidade permitem a avaliação e o refinamento da
facilidade de uso da interface, porém, não garantem que a interface continuará atendendo aos requisitos
de utilização caso o modelo de tarefas e a percepção do usuário sobre a interface sejam variantes e
evolutivos. Em outras palavras, caso o usuário deseje atingir novas metas na interface, o refinamento
estático de como ela irá ser apresentada ao usuário pode tornar-se um processo intenso para a equipe
de projetistas e não corresponder às expectativas do usuário,
INTERFACES ADAPTATIVAS E UCD: CONTRIBUIÇÕES
As interfaces adaptativas intrinsecamente são um processo de Projeto Centrado no Usuário, visto que
promovem a adaptação da interface baseando-se na percepção de um grupo de usuários e de cada um
dos indivíduos que utilizarão a interface.
Neste caso, elas contribuem para que o processo de UCD permaneça além do ciclo interativo e iterativo
onde os projetistas da interface são responsáveis por delimitar na interface a interação de acordo com as
metas e expectativas dos usuários. Elas permitem modificar dinamicamente a interface de acordo com
inferências sobre como uma pessoa utiliza determinada interface.
No ambiente Adaptintranet, a maior contribuição é permitir um refinamento da interface nos quesitos de
navegação e densidade informacional do conteúdo conforme os padrões de uso de cada usuário.
Tornando o projeto intuitivo a cada um dos usuários por prover a adaptação dentro de seu contexto de
uso, espera-se que usabilidade e aderência à rotina do usuário sejam melhor ajustadas para otimizar a
interação entre o humano e a máquina.
CONCLUSÃO
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O UCD compreende processos onde o usuário participa de diversas etapas do processo de design,
auxiliando a avaliar se a interface atende suas expectativas, as propostas, os requisitos e os resultados
esperados, garantindo que o projeto seja compatível com as metas dos usuários para a realização de
tarefas. Esta participação também auxilia a avaliar a facilidade de uso destes produtos [1].
O foco do UCD é envolver o usuário em diferentes etapas do projeto, especialmente na análise de
requisitos e nos testes de usabilidade, consultando, primeiramente, as suas necessidades. Esta
característica faz com que o UCD assuma o design participativo em diferentes métodos para envolver os
usuários dentro do projeto da interface.
Para o UCD, as interfaces adaptativas permitem que este envolvimento com o usuário seja estendido,
onde a própria interface é capaz de coletar, analisar e inferir as expectativas do usuário dentro de seu
modelo inicial, sugerindo refinamentos.
A questão-chave é definir o que os usuários desejam alcançar na interface.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA
[1] Abras, C.; Maloney-Krichmar, D.; Preece, J. “User-Centered Design”. In: Bainbridge, W. Encyclopedia of
Human-Computer Interaction. Thousand Oaks: Sage Publications, 2004.
[2] Sumathi, B. “Chapter Three: User Centered Design Approach”. Disponível em:
http://dspace.fsktm.um.edu.my/bitstream/1812/214/8/Chapter%20Three.pdf. Acesso em: 17 jan. 2010.
[3] Preece, J.; Rogers, Y.; Sharp, H. “Interaction Design: Beyond Human-Computer Interaction”. New York:
John Wiley & Sons, Inc., 2002.
[4] Norman, D. “The Design of Everyday Things”. New York: Doubleday, 1988.
[5] Nielsen, J.; Loranger, H. “Usabilidade na Web: Projetando websites com qualidade”. Rio de Janeiro:
Elsevier, 2007.
[6] Cybis, W. A. “O Ciclo da Engenharia de Usabilidade e a modelagem de interfaces com o usuário”. 2007.
Disponível em: http://www.inf.ufsc.br/~cybis/ine5322/Aula11_Abordagem_para_Modelagem_de_IHC.pdf.
Acesso em: 17 jan. 2010.