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Estudo sobre currículo de escolas de enfermagem: Opiniáo dos médicos DRA. C. A. FERREIRA-SANTOS 1 E COLABORADORES 2 INTRODUCAO O propósito do presente estudo é conhecer a opiniáo de uma cate- goria profissional que, por ter seu campo de atividades diretamente ligado ao trabalho das enfermeiras, tem muito a esclarecer sobre o que espera de uma enfermeira quando no exercício profissional. Muitas técnicas poderiam ter sido adotadas para esta pesquisa. Por dois motivos, optou-se pela utilizaaáo do mesmo questionário empre- gado por Glete de Alcantara e Nadyr Viana Lomonaco na pesquisa de opiniáo de estudantes de enfermagem: 1. A utilizaaáo do mesmo instrumento permitiria a comparaaáo das opini6es dos médicos com as das futuras enfermeiras. 2. A necessidade de um instrumento que permitisse a mais rápida coleta de dados, sendo por isso exeqüível para o lapso de tempo de que se dispunha. OBJETIVOS O objetivo do presente trabalho foi saber a opiniáo dos médicos de Ribeiráo Préto sobre a importancia relativa de determinados objetivos educacionais de um currículo de escolas de enfermagem. A forma como essa opiniáo foi colhida será explicada na parte referente á técnica de coleta de dados. 1 Professora Assistente do Departamento de Enfermagem l'siquiátrica e Ciéncias Hu- manas da Escola de Enfermagem de Ribeiráo Préto, Universidad de Sao Paulo. 2 E. Paciéncia, M. Lopes Costa, M. Lourdes Kakuda, M. H. Cervi, A. Nassif, D. B. Garcia, M. Roseira e M. Ticle, alunas do 4 ° ano de Escola de Enfermagem de Ribeirao Préto. 44

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Estudo sobre currículo de escolas deenfermagem: Opiniáo dos médicos

DRA. C. A. FERREIRA-SANTOS 1 E COLABORADORES 2

INTRODUCAO

O propósito do presente estudo é conhecer a opiniáo de uma cate-goria profissional que, por ter seu campo de atividades diretamenteligado ao trabalho das enfermeiras, tem muito a esclarecer sobre o queespera de uma enfermeira quando no exercício profissional.

Muitas técnicas poderiam ter sido adotadas para esta pesquisa. Pordois motivos, optou-se pela utilizaaáo do mesmo questionário empre-gado por Glete de Alcantara e Nadyr Viana Lomonaco na pesquisa deopiniáo de estudantes de enfermagem:

1. A utilizaaáo do mesmo instrumento permitiria a comparaaáo dasopini6es dos médicos com as das futuras enfermeiras.

2. A necessidade de um instrumento que permitisse a mais rápidacoleta de dados, sendo por isso exeqüível para o lapso de tempo de quese dispunha.

OBJETIVOS

O objetivo do presente trabalho foi saber a opiniáo dos médicos deRibeiráo Préto sobre a importancia relativa de determinados objetivoseducacionais de um currículo de escolas de enfermagem. A forma comoessa opiniáo foi colhida será explicada na parte referente á técnica decoleta de dados.

1 Professora Assistente do Departamento de Enfermagem l'siquiátrica e Ciéncias Hu-manas da Escola de Enfermagem de Ribeiráo Préto, Universidad de Sao Paulo.

2 E. Paciéncia, M. Lopes Costa, M. Lourdes Kakuda, M. H. Cervi, A. Nassif, D. B.Garcia, M. Roseira e M. Ticle, alunas do 4° ano de Escola de Enfermagem de RibeiraoPréto.

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Currículo de enfermagem: Opiniño dos médicos / 45

A pesquisa se justifica, por estar o trabalho da enfermeira muitoligado ao trabalho do médico e por ser passível do constante avaliaáaopor parte deste profissional.

Ainda que seja discutível se cabe ou náo ao médico dizer o que aenfermeira deve aprender, é importante saber o que ele espera daenfermeira. Isso porque as expectativas dos médicos podem ser dife-rentes dos comportamentos expressos pelas enfermeiras, em funaáo doque aprenderam nas Escolas ou como reflexo dos padroes idealizadospela profissáo. Entendida dessa forma, esta investigaaáo buscou apenasuma descriaáo da percepçao da classe médica sobre o que espera de umaenfermeira. Entretanto, houve algumas hipóteses subjacentes a presenteinvestigaçao:

1. Os médicos com maior experiencia de trabalho junto a enfermeirasdiplomadas tem expectativas diferentes em relaaáo a elas quando com-parados com aqueles que náo tiveram esse contacto.

2. As expectativas dos médicos em relaaáo ás enfermeiras sáo maioresem relacao a área de habilidades, quando comparadas com as expecta-tivas referentes a conhecimentos ou atitudes.

POPULACAO E AMOSTRA

A populaaáo foi a classe médica de Ribeirao Préto. Dessa populaáaocolheram-se dados daqueles médicos que exercem suas atividades emhospitais prinl.dos da cidade e no Hospital das Clínicas. A amostra serestringiu aqueles que trabalham em hospitais, por serem os que maiorcontato tem com enfermciras.

Do quadro do corpo clínico de cada hospital, excluíram-se os labora-toristas, radiologistas, patologistas e radioterapistas, e, na Faculdade deMedicina, os médicos que, trabalhando em ensino de cadeiras básicas,nao lidam diretamente com o doente internado e tem menor contatocom enfermeiras.

TÉCNICA E COLETA DE DADOS

O instrumento usado foi um questionário, enviado a cada médico,acompanhado de uma carta onde se enfatizava a importancia de suacolaboracao. O questionário náo deveria ter a assinatura do médico,

46 / Educación médica y salud

mas apenas a declaraaáo da sua especialidade. Consistiu o questionáriode uma lista de 45 objetivos (tabela 1) do ensino de enfermagem, refe-rindo-se cada 15 destes a uma das trés seguintes áreas: conhecimentos,habilidades e atitudes. A distribuicao e coleta dos questionários foifeita pelas alunas do 40 ano da Escola de Enfermagem que assinam estetrabalho.

No Hospital das Clínicas, os questionários foram enviados primeira-mente aos residentes das diferentes especialidades. Analisados os resul-

Tabela 1. Valor atribuido aos objetivos geraisdo ensino de enfermagem, por áreas.

N = 178Valor que voce atribui

aos objetivos

Objetivos Essen- Impor- Dispen-

cial tante sável Sem.... 1 2 3 resposta

1 2 3

A. Conhecimentos

1. Filosofia e finalidade da escola de enfermagem 54,8 40,1 4,1 0,92. Papel que a enfermeira desempenha nos

serviços de saúde 67,8 31,2 0 0,93. Formaç.o do profissional de enfermagem 70,7 25,6 2,7 0,94. Método científico e sua aplicaaáo no campo

da enfermagem 30,8 57,5 10,6 1,05. Importáncia dos fatores ambientais para a

manutençao da saúde 40,8 57,3 1,4 0,56. Recursos existentes na comunidade para pro-

teçao da saúde, tratamento e reabilitagáodos doentes 37,7 58,1 2,8 1,4

7. Principais funçóes da equipe de enfermagem 73,9 22,8 1,5 1,88. Características do homem sáo e suas necessi-

dades básicas 32,9 58,7 7,0 1,39. Principais problemas de saúde da comunidade 34,8 55,0 8,8 1,4

10. Doença e suas principais manifestaçoes nohomem 29,8 61,5 7,2 1,4

11. Diagnósticos de enfermagem 45,6 37,7 12,1 4,512. Cuidados gerais de enfermagem que os doentes

comumente necessitam 91,2 7,0 1,3 0,513. Etiologia, sintomas, evolugao, tratamento,

contrl81e e prevengao das doenças maiscomuns em adultos · 26,4 51,3 21,8 0,5

14. Cuidados específicos de enfermagem aos paci-entes, de acordo com o que foi determinadono item anterior 54,9 39,9 4,1 1,0

15. Influencia dos fatores socio-económicos e cultu-rais na causa da doença, no tratamento ereabilitaçao do doente 26,2 60,6 12,6 0,4

Currículo de enfermagem: Opiniño dos médicos / 47

Tabela 1. (cont.)

N = 178Valor que voce atribui

aos objetivos

ObjetivosEssen- Impor- Dispen-cial tante sável Sem

1 - __ 3 - resposta

B. Habilidades

16. Expressar seu pensamento com sequencialógica, de forma clara e correta 46,3 49,0 1,4 3,2

17. Observar o paciente e interpretar sinais esintomas observados 54,0 39,1 5,0 1,9

18. Identificar e utilizar principios das ciencias bio-lógicas, sociais e médicas na prática de en-fermagem 35,6 55,6 5,0 3,7

19. Ouvir com atengáo o paciente ou familia noque diz respeito aos seus problemas de saúde 41,1 48,8 8,7 1,4

20. Utilizar todos os recursos disponíveis paraobter informaqges sobre paciente ou familia 35,9 48,0 14,7 1,4

21. Elaborar e executar plano de trabalho paraatendimento das necessidades de enfermagemdo paciente ou familia 44,0 46,6 7,4 1,9

22. Aproveitar todas as oportunidades encontradaspara a educagáo do paciente ou familia 31,6 57,0 10,0 1,4

23. Estabelecer relasóes de cooperagáo com paci-entes, familias e membros de equipe de saúde 32,5 56,2 9,4 1,9

24. Identificar fatores emocionais que interferemna recuperasgo paciente 34,1 55,2 9,3 1,4

25. Utilizar os recursos disponíveis para reduzir ainterferencia dos fatores emocionais narecuperaaáo do paciente 34,3 57,7 5,6 2,4

26. Identificar as alteraó;es de estado do pacientegue demandam atendimento rápido 82,1 15,5 0,5 1,9

27. Planejar seu trabalho em situaaáo de stress ouemergencia 67,3 29,0 1,4 2,3

28. Utilizar os recursos da comunidade que possamauxiliar o paciente ou familia a solucionarseus problemas de saúde 21,1 59,5 17,0 2,3

29. Obter a participagáo do paciente e da familiapara a execuaáo de plano de cuidados médi-cos e de enfermagem 30,1 57,4 10,1 2,3

30. Avaliar os resultados positivos e negativos deseu plano individualizado de trabalho 40,5 52,5 3,3 3,6

C. Atitudes

31. Consciencia de suas limitasóes 75,7 22,4 0,5 1,432. Honestidade intelectual 83,0 15,0 0,5 1,433. Espirito de critica 67,3 28,3 2,9 1,434. Espirito de iniciativa 74,4 22,7 1,4 1,4

48 / Educación médica y salud

Tabela 1 (Cont.)

N = 178Valor que voce atribui

aos objetivos

ObjetivosEssen- Impor- Dispen-

cial tante sável Sem_-- ~ .- ~ ~resposta

1 2 3

35. Espirito de obediencia 63,2 29,9 5,0 1,936. Julgamento das situaçSes baseando-se em

dados objetivos 57,1 38,6 2,4 1,837. Reconhecimento do paciente como pessoa

humana, membro de urna familia e de umacomunidade '74,8 23,7 0,5 0,9

38. Satisfagáo em desempenhar atividades deenfermagem junto aos pacientes 76,5 22,6 - 0,9

39. Curiosidade intelectual 31,4 62,0 5,1 1,440. Interesse em superar suas deficiencias culturais

e profissionais 49,0 48,6 1,4 0,941. Interesse em assumir responsabilidade pela

sua própria aprendizagem 51,1 43,2 4,3 1,442. Interesse em assumir responsabilidades como

membro da equipe de saúde '53,5 41,8 3,8 0,943. Reconhecimento do direito do paciente de

receber explicaçoes sobre seu tratamento 32,9 46,2 19,0 1,944. Respeito pelas opini6es diferentes de suas

próprias 49,7 47,8 1,4 0,945. Espirito de cooperaçao 79,3 19,3 0,5 0,9

tados, para testar o instrumento, e verificada a sua adequacao aos obje-tivos propostos, foi feita a entrega aos demais elementes da amostra.

No total foram cobertos o Hospital das Clínicas e oito hospitais dacidade.

A análise dos dados foi feita, respeitada a divisáo em trés grupos:médicos residentes do Hospital das Clínicas, médicos professores doHospital das Clínicas e médicos de outros hospitais. As percentagensde respostas para os trés grupos foram as seguintes:

Enviados Recebidos % Resposta

Médicos residentes (Residentes) .......... 103Médicos professores (Professores) .......... 81Médicos de outros hospitais

(De Hospitais) ...................................... 198

68 66,0%38 46,9%

72 36,4%

Currículo de enfermagem: Opiniao dos médicos / 49

ANÁLISE DOS RESULTADOS

O material coligido permitirá análise muito mais profunda e cuida-dosa do que a aqui apresentada. Neste trabalho apenas serao mostradosalguns resultados que um primeiro exame permite. Os achados encon-tram-se nas tabelas 2 a 5, que seráo, a seguir, comentadas.

Da análise da tabela 2 podemos ressaltar o seguinte:1. A área de atitudes recebeu maior número de respostas na coluna

"Essencial" em todos os trés grupos amostrados quando se compara comos resultados das áreas de conhecimentos e de habilidades.

2. Para os trés grupos observa-se ordem decrescente de valores paraa coluna "Essencial", nas diferentes áreas, na ordem seguinte: atitudes,conhecimentos, habilidades.

3. As respostas da coluna "Essencial" decrescem, em todas as áreasquando se comparam, nesta ordem, os Professores com os Residentes ecom os De Hospitais.

4. Os objetivos marcados na coluna "Dispensável" recebem valoresbaixos em todas as áreas e em todos os trés grupos, assinalando-se va-

Tabela 2. Valor porcentual atribuido aos objetivos educacionais, distribuidospor áreas, pelos grupos amostrais

GruposValor atribuido, por área

Professores Residentes De Hospitais(Total: 38) (Total: 68) (Total: 72)

Conhecimentos

Essencial 52,5 49,2 42,7Importante 40,7 42,5 49,9Dispensável 6,1 7,9 5,1Sem resposta 0,7 0,4 2,3

Habilidades

Essencial 50,2 43,6 32,7Importante 41,8 48,0 56,0Dispensável 6,8 7,8 6,7Sem resposta 1,0 0,8 4,6

A titudes

Essencial 69,3 61,1 54,3Importante 29,0 34,8 37,9Dispensável 1,6 3,8 4,4Sem resposta 0,1 0,3 3,4

50 / Educación médica y salud

lores mais altos na área de habilidades, exceto para os Residentes, cujosvalores para conhecimentos e habilidades sáo, respectivamente, 7,9 e 7,8.

Esses achados, no que se refere as áreas, nao confirmam a hipótese 2,a qual supunha ser o desenvolvimento de habilidades a área maisvalorizada pelos médicos: o que se verifica é a maior valorizaaáo daárea de atitudes.

Poder-se-ia buscar uma explicaaáo na generalidade dos objetivos. Seestes fossem mais específicos e enunciassem claramente uma habilidade-por exemplo, saber preparar e administrar medicamentos-os percen-tuais da resposta Essencial talvez fossem bern mais elevados na área dashabilidades. E uma falha do instrumento utilizado o fato de náo terpodido transmitir aos investigados a dimensáo habilidade, como sepretendia.

Com relaaáo item 20 da análise, referente aos valores decrescentes,quando se comparam os trés grupos componentes da amostra, pode-seressaltar o seguinte: os Professores sáo aqueles que maior experienciatem com o trabalho de enfermeiras diplomadas. Os Residentes tambémtem essa experiencia, mas há menos tempo, visto que sao recém-gradua-dos. Os médicos "De Hospitais" tém muito menos contacto com en-fermeiras diplomadas. Parece justo inferir, dos dados, que aqueles quetrabalham mais com as enfermeiras exigem mais de sua formaçao pro-fissional, o que, de certa forma, é uma valorizacao positiva da profissao.Esse achado confirmou a hipótese 1 formulada.

Procedeu-se, em seguida, á análise dos diferentes itens dos objetivos,selecionando-se os seis que receberam mais altas percentagens de respos-tas na coluna Essencial, em cada uma das áreas. Essa selecao, com osvalores por ordem decrescente de percentagem, encontra-se na tabela 3.

Na tabela 4 encontram-se, para cada área e para cada grupo, os obje-tivos que náo tiveram resposta na coluna "Dispensável" e aqueles paraos quais essas respostas tiveram um percentual superior a 10%.

A análise de coluna "Dispensável" é importante porque mostra, naopiniao dos médicos, aquilo que é supérfluo ensinar as enfermeiras, nascondiçoes em que a pergunta foi formulada.

Resumiram-se os dados das tabelas 3 e 4 na tabela 5, da seguinteforma: assinalaram-se, para cada um dos grupos, os objetivos assinaladoscom mais altas percentagens na coluna Essencial, com Dispensável acimade 10%, e com Dispensável zero. Esse quadro sintetizado facilita oexame.

Currículo de enfermagem: Opinido dos médicos / 51

Tabela 3. Seis objetivos educacionais com mais elevados percentuais para aresposta Essencial, por drea e por grupo amostral.

Grupo e objetivos

Área No. de Professores Residentes De Hospitaisordem

No. % No. % No. %

1° 12 94,7 12 91,2 12 87,52° 7 78,9 7 73,5 3 73,6

Conhecimentos 30 2 73,7 3 67,6 7 69,440 3 71,0 2 61,8 2 58,050 14 63,2 14 55,9 1 58,36° 1 60,5 6 48,5 14 45,8

1° 26 (81,6) 26 (89,7) 26 (75,0)2° 27 (73,7) 27 (80,9) 17 (55,5)

Habilidades 30 21 (60,5) 17 (61,8) 16 (52,8)40 30 (52,6) 16 (44,1) 27 (47,2)50 23 (50,0) 18 (44,1) 20 (36,1)6° 24 (47,4) 25 (42,6) 19 (34,7)

1° 32 (94,7) 38 (79,4) 38 (76,4)2° 45 (92,1) 32 (79,4) 32 (75,0)

Atitudes 30 31 (89,5) 34 (76,5) 45 (73,6)40 34 (81,6) 31 (75,0) 37 (72,2)50 33 (78,9) 37 (73,5) 35 (66,7)6° 37 (78,9) 45 (72,1) 34 (65,3)

Da nálise da tabela 5 infere-se:

A-Área de conhecimentos

1. Dos seis objetivos mais valorizados pelos tres grupos, cinco estaopresentes em todos eles. Sáo os objetivos números: 2, 3, 7, 12 e 14. 0objetivo número 1 aparece em dois grupos e o de número 6 em umgrupo. Pode-se dizer que os cinco objetivos acima citados sao aquelesem relaaáo aos quais há maior consenso sobre o que deve constar de umprograma de Escolas de Enfermagem.

Nesta área seis objetivos tiveram percentual acima de 10% na coluna"Dispensável". Houve, em relaaáo a um deles (número 3), acordounanime: trés objetivos (números 4, 11 e 15) foram assim consideradospor 2 grupos e dois objetivos (9 e 10) cada um deles por um dos grupos.

Os objetivos de números 2, 5, 7 e 12 tiveram percentuais zero nacoluna "Dispensável" em algum dos trés grupos, sendo que nenhum dos

52 / Educación médica y salud

Tabela 4. Objetivos educacionais com percentuais acima de 10% para a respostaDispensável e com percentual zero para essa resposta, por drea e por grupo amostral.

Professores Residentes De Hospitais

AreaArea Perc. Perc. 10% Perc. Perc. 10% Perc. Perc. 10%zero zero zero

2 4(15,8) 2 4(11,8) 2 13(12,5)5 10(10,4) 12 9(10,3) 7 15(12,5)

Conhecimentos 7 11(10,4) 11 11(17,6)13(29,4)15(17,6)

16 19(10,4) 20(14,7) zero 20(11,1)26 20(18,4) 26 21(10,3) 22(12,5)

Habilidades 27 22(10,4) 23(11,8) 23(11,1)30 28(20,8) 24(10,3) 28(13,9)

29(10,4) 28(16,2) 29(11,1)

3132 31 3233 34 38 43(26,4)34 37 43(14,9) 4536 zero 38

Atitudes 3738404142

4445

entrevistados, em todosmero 2.

os grupos, considerou "Dispensável" o de nú-

B-Área de habilidades

O exame da tabela 5 na área de habilidades revela grande dispersaonas respostas entre os trés grupos e també:m indica incongruenciasquando se comparam os dados da coluna "Essencial" comos da coluna"Dispensável" com percentuais altos. Isso sugere ou pouco consensodos médicos, sobre o que a enfermeira deve aprender, ou, como já seapontou, que o instrumento náo foi adequado. Como os objetivoseram muito gerais, podem ter-se prestado a várias interpretacoes e,portanto, as respostas obtidas náo se referem, na realidade, a uma mesmaindagaçao.

Curriculo de enfermagem: Opiniño dos médicos / 53

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o: > <11 > Y>

1

54 / Educación médica y salud

Cinco objetivos (números 19, 20, 21, 23 e 24) marcados na coluna"Essencial" por um grupo, sáo assinalados na coluna "Dispensável", coinpercentuais altos, por outros grupos. O objetivo número 20, dentro deum mesmo grupo (De hospital) é consideradlo "Dispensável" por maisde 10% do grupo, ao mesmo tempo que, dentre os 15 objetivos destaárea, sua colocacao se encontra entre os seis com mais elevados percen-tuais na resposta "Essencial".

Verifica-se maior acordo nesta área em relaaáo apenas aos objetivosnúmeros 26 e 27, que tem percentagens altas para a resposta "Essencial".Compare-se com os resultados obtidos para a área de conhecimentos,onde houve consenso quanto a cinco dentre os seis de mais elevados per-centuais de cada grupo.

C-Area de atitudes

A área de atitudes, como já foi dito, recebeu as mais altas percenta-gens na coluna "Essencial" em todos os grupos amostrados.

O consenso entre os trés grupos também se estabelece nesta área emrelaaáo aos objetivos com percentuais mais altos para a resposta "Essen-cial". Quatro dos objetivos (números 32, 34, 37 e 45) estáo presentesnos trés grupos; os de números 31 e 38, em dois dos grupos.

Apenas o objetivo número 43 recebeu percentagen acima de 10%na coluna "Dispensável," pelos grupos de Residentes e De Hospitais, enenhum atingiu essa percentagem no grupo de Professores.

Por outro lado, sobe a 12 o número de objetivos com respostas mar-cadas na coluna "Dispensável" de percentual zero, sendo que um deles,o de número 38, náo foi considerado Dispensável por nenhum dosmédicos, dentre todos os entrevistados de qualquer dos grupos.

Como já foi dito, esta análise nao tem pretens6es de ser exaustiva.Muitas outras inferéncias ou hipóteses pode-m surgir do exame dosdados, o que se pretende fazer em trabalho posterior. Será de interesse,por exemplo, considerando-se o conteúdo dos objetivos e as respostasobtidas, tracar o perfil da enfermeira "desejada" pela classe médica.Estas e muitas outras conclusoes poderao ser tiradas dos resultadosgerais, publicados na tabela 1.

Nessa tabela, estáo os 45 objetivos, divididos por áreas, e as percenta-gens calculadas, para cada uma das respostas possíveis para os trés gruposconsiderados em conjunto.

Currículo de enfermagem: Opiniao dos médicos / 55

É possivel, porém, antecipar algunas consideraçoes:1. Os objetivos que se referem a aspectos de educaaáo do paciente,

de saúde pública ou de compreensao dos aspectos psico-sociais naoapresentam percentuais altos na coluna "Essencial".

2. A imagem da enfermeira com "espírito do obediencia" tende adesaparecer nos grupos que convivem mais com a enfermeira diplomada.Esse objetivo nao figura entre os seis de mais elevados percentuais paraa resposta "Essencial", em dois dos tres grupos. No terceiro grupo entre-tanto, vé-se que os médicos continuam desejando que ela tenha "espí-rito de obediencia" e, ao mesmo tempo, "espírito de iniciativa". Já secomentou em outro trabalho 3 como é difícil para uma mesma persona-lidade a introjeçao concomitante de ambos os padroes.

3. A soma das percentagens das colunas Essencial e Importante paratodos os objetivos é superior a 75%. Excetuando-se os objetivos denúmeros 13 e 43, essa percentagem excede de 80%. Isso significa quetodos eles foram considerados pelo menos como importantes para a"formaaáo do profissional de enfermagem que o Brasil precisa", con-forme lhes foi perguntado.

CONCLUSAO

Como nao se pode considerár terminado o exame dos dados coligidos,as conclusoes do presente trabalho, a seguir apresentadas, sao provisó-rias, imcompletas e passíveis de revisao.

1. Considerou-se insatisfatória a maneira de coligir os dados para aárea de habilidades.

2. O instrumento mostrou-se útil na área de conhecimentos e atitudes.3. A área mais valorizada pelos médicos, em geral, foi a área de

formaaáo de atitudes das enfermeiras.4. Os médicos que tém maior contacto com as enfermeiras exigem

mais de sua formaaáo profissional.5. Os objetivos selecionados foram considerados, em sua totalidade,

importantes por pelo menos 75% dos médicos investigados.

RESUMO

Com uso do mesmo questionário empregado para apuraçao de pontode vista de estudantes de enfermagem sobre objetivos gerais do currí-

3 Ver pág. 16.

56 / Educación médica y salud

culo, 178 médicos de Hospital das Clínicas e outros hospitais de RibeiraoPréto foram convidados a se manifestar sobre a importancia relativa de45 objetivos das escolas de enfermagem, classificando-os, segundo a suaopiniao, como "essenciais", "importantes" ou "dispensáveis".

A análise divide os resultados segundo as trés categorias profissionaisque compuseram a amostra: professores (mais familiarizados com otrabalho de enfermeiras diplomadas), residentes do Hospital das Clínicas(possuidores, em menor grau, da mesma experiéncia) e médicos de outroshospitais (menos afeitos ao contacto com enfermeiras diplomadas).

Por ordem decrescente, as trés categorias atribuíram valor "essencial"ou "importante" ás atitudes, aos conhecimentos e ás habilidades, vindoestas em terceiro lugar, provavelmente, em razáo da generalidade dosobjetivos expostos, todos os quais, porém, tiveram tabulacao combinadasuperior a 75% nas colunas "essencial" e "importante" do questionáriorespondido. Houve, porém, algumas incongruencias no desdobramentodos resultados por categorias, com objetivos apontados como essenciaispor um grupo aparecendo como dispensáveis no entender de outrogrupo-o que dá a entender que o instruriento de pesquisa náo foiadequado, ou que há pouco consenso entre os médicos sobre o que aenfermeira deve aprender. Contudo, o instrumento mostrou-se satis-fatório na área dos conhecimentos e na das atitudes, tendo sido estaúltima a área mais valorizada pelos médicos, entre os quais aqueles quetem maior contacto com enfermeiras exigem mais da sua formaçaoprofissional.

O exame dos resultados, que o presente trabalho náo considera com-pleto, poderia conduzir á elaboracao de um perfil da enfermeira "dese-jada" pelos médicos.

ANALISIS DEL PLAN DE ESTUDIO DE LAS ESCUELAS DEENFERMERIA: LA OPINION DE LOS MEDICOS (Resumen)

Con el mismo cuestionario utilizado para conocer el punto de vista delos estudiantes de enfermería sobre los objetivos generales del plan deestudios, se invitó a 178 médicos del Hospital de Clínicas y de otros hospi-tales de Ribeirao Préto a manifestar su opinión respecto de la importanciarelativa de 45 objetivos de las escuelas de enferrnería, clasificándolos, segúnsu opinión, como "esenciales", "importantes" o "prescindibles".

Currículo de enfermagem: Opini¿o dos médicos / 57

El análisis divide los resultados en función de las tres categorías profesio-nales que integraron la muestra, a saber, profesores (más familiarizados conel trabajo de las enfermeras diplomadas), practicantes en el Hospital deClínicas (poseedores, en menor grado, de igual experiencia) y médicos deotros hospitales (menos afectados por el contacto con enfermeras diplo-madas) .

En orden decreciente, las tres categorías atribuyeron valor "esencial" o"importante" a las actitudes, a los conocimientos y a las aptitudes, colocandoa estas en tercer lugar probablemente por la generalidad de los objetivosexpuestos, todos los cuales, sin embargo, tuvieron una tabulación combinadasuperior al 75% en las columnas "esencial" e "importante" del cuestionario.Se observaron, no obstante, algunas incongruencias en el desdoblamientode los resultados por categorías, pues los objetivos calificados de esencialespara un grupo eran clasificados como prescindibles por otro grupo; elloda a entender que el instrumento de investigación no era satisfactorio obien que no hay un consenso entre los médicos respecto de lo que debeaprender la enfermera. Con todo, el instrumento resultó satisfactorio enla esfera de los conocimientos y las actitudes, esfera, esta última a la queatribuyeron mayor valor los médicos, entre los cuales quienes tienen mayorcontacto con enfermeras exigen más de la formación profesional de estas.

El examen de los resultados, que en este trabajo no se considera completo,podría conducir a la elaboración de un perfil de la enfermera "demandada"por los médicos.

SURVEY ON THE NURSING SCHOOL CURRICULUM: THEPHYSICIANS' POINT OF VIEW (Summary)

On the basis of the same questionnaire used to learn the nursing stu-dents' views on the general aims of the teaching program, 178 physicianson the staff of the Clinical Hospital and other hospitals of Ribeirao Prétowere invited to give their opinion on the relative importance of 45 nursingschool curriculum objectives, classifying them as "essential," "important,"or "unimportant."

The analysis divides the results according to the three professional groupsof physicians included in the sample: teachers (the group most familiarwith the work of nursing school graduates), residents working at the Clini-cal Hospital (who had had the same type of experience, although to alesser degree), and doctors from other hospitals (who had had the leastcontact with nursing school graduates).

58 / Educación médica y salud

In all three groups, attitudes were rated as "essen.tial" or "important" bythe largest number of respondents, followed by knowledge and then byskills. The third-place status of this last category may have been due tothe vague description of the objectives, which when taken together never-theless had figured more than 75 per cent in the "essential" and "important"columns of the questionnaire. The breakdown of respondents by profes-sional group showed some differences of opinion, objectives being rated"essential" by one group but "unnecessary" by another. This seems toindicate either that the questionnaire was not properly designed or thatthere is little consensus among physicians as to what nurses should betaught. However, it seemed to be a satisfactory test instrument in the areasof knowledge and attitudes, the latter having been rated highest by thosephysicians who have closest contact with nurses and demand the most oftheir professional training.

A study of the findings, which this article does not claim to be complete,could lead to the preparation of a profile of the "ideal" nurse from thephysicians' point of view.

ÉTUDE SUR LE PROGRAMME D'ENSEIGNEMENT DES ÉCOLESD'INFIRMIÉRES: OPINION DES MÉDECINS (Résumé)

En se servant du méme questionnaire utilisé pour connaitre le point devue des éléves infirmiéres concernant les objectifs généraux du programmed'enseignement, 178 médecins de l'Hopital clinique et d'autres hópitauxde Ribeiráo Préto ont été invités á donner leur opinion sur l'importancerelative de 45 objectifs des écoles d'infirmieres en les classant comme"essentiels", "importants" ou "peu importants".

L'étude répartit les résultats selon les trois groupes professionnels demédecins figurant dans le sondage: les professeurs (le groupe le plus fami-liarisé avec le travail des infirmiéres diplomées), les internes de l'Hópitalclinique (qui ont eu la méme expérience bien qu'á un moindre degré) etles médecins d'autres h6pitaux (qui ont eu le moins de contact avec lesinfirmiéres diplomées).

Par ordre décroissant, les trois groupes ont considéré les attitudes comme"essentielles" ou "importantes", suivi par les connaissances et les aptitudes.La troisiéme place assignée á cette derniére catégorie est probablement duea la description un peu vague des objectifs qui, dans leur ensemble, repré-sentent plus de 75% dans les colonnes "essentiel" et "important" du ques-tionnaire. Toutefois, les réponses font ressortir quelques divergencesd'opinion, les unes indiquant certains objectifs comme essentiels alors que

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d'autres les considerent peu importants. Ceci indique, soit que le question-naire n'a pas été bien concu, soit que l'accord n'est pas général parmi lesmédecins sur ce qui doit étre enseigné aux futures infirmiéres. Toutefois,il s'est révélé satisfaisant dans le domaine des connaissances et des attitudes,ces derniéres étant les plus appréciées par les médecins qui sont le plus encontact avec les infirmiéres et qui exigent le plus de leur formation pro-fessionnelle.

L'examen des réponses a ce questionnaire que l'on ne prétend pas étrecomplet, permettra peut-étre l'élaboration d'un modéle de l'infirmiére"idéale" du point de vue du médecin.