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Etanol a que preço? Campo Grande-MS | Outubro de 2008 | Ano XI | Edição 79 WAGNER JEAN Cana-de-açúcar, apontada como solução econômica, pode gerar problemas como a mão-de-obra barata - CIDADES Saraus abrem espaço para liberdade musical A realização dos saraus, em Campo Grande, está bem diversificada quanto aos artistas que se apresentam nesses eventos. Em sua maioria, o público-alvo são os acadêmicos, que buscam, nestes locais, descobrir novos artistas da área musical e demais manifestações artísti- cas. Porém, não é só a música que tem espaço garantido. Projetos sociais também são desenvolvidos e colocados em prática. PÁGINA 9 RICARDO CAVALHEIRO RAUSTER CAMPITELI GISELLE RIBEIRO Computador em promoção é mesmo um bom negócio? Entrevista • Página 15 “Brasil será o berço da humanidade” Juiz Dorival Moreira dos Santos Economia • Página 05 Crescem redes de comércio E m busca do melhor preço, consumido- res de Campo Grande passam a contar, cada vez mais, com a con- corrência e a “guerra de valores” entre as re- des de hipermercados e os comércios de pe- queno porte das perife- rias. Em Aquidauana, a novidade é o Shopping Barrakech. Doping parece solução, mas pode virar pesadelo D oping, a utilização de qualquer substância ilegal que beneficia o desempenho de atletas profissionais, é o centro de grande polêmica no mundo dos esportes. A lon- go prazo, o uso dessas substâncias pode acarretar em vá- rios efeitos colaterais para a saúde do esportista. PÁGINA 8 STF analisa necessidade de diploma para exercer profissão de jornalista PÁGINA 2 Ciência & Tecnologia • Página 10 Adquirir tecnologias em liquidações nem sempre é sinônimo de uma compra satisfatória para o consumidor Em meio a dejetos, histórias humanas O lixão de Campo Grande não abriga apenas o lixo que jogamos fora diariamente, mas também é o local onde cerca de 300 pessoas se revezam, constan- temente, para conseguir o sustento de suas famílias. A presença humana não se faz apenas como mão-de- obra. Nesse espaço, várias histórias de vida se cru- zam todos os dias. A s praças públicas de Camapuã, Sidrolândia e Terenos, ainda guardam o charme da paz do interior, mas, em alguns casos, o nú- mero de freqüentadores di- minuiu. Bastidores: alma das campanhas eleitorais A mesma praça... PÁGINA 3 PÁGINA 4 POLÍTICA BRAZ ANTONIO DE MELO EVELYN IBRAHIM ALINE ARANDA PÁGINA 13

Etanol a que preço? - Uniderp

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Etanol a que preço?

Campo Grande-MS | Outubro de 2008 | Ano XI | Edição 79

WAGNER JEAN

Cana-de-açúcar, apontada como solução econômica, pode gerar problemas como a mão-de-obra barata

-

CIDADES Saraus abrem espaço para liberdade musicalA realização dos saraus, em Campo Grande, está bem

diversificada quanto aos artistas que se apresentam nesses eventos. Em sua maioria, o público-alvo são os acadêmicos, que buscam, nestes locais, descobrir novos artistas da área musical e demais manifestações artísti-cas. Porém, não é só a música que tem espaço garantido. Projetos sociais também são desenvolvidos e colocados em prática.

PÁGINA 9

RICARDO CAVALHEIRO

RAUSTER CAMPITELI

GISELLE RIBEIRO

Computador em promoção é mesmo um bom negócio?

Entrevista • Página 15

“Brasil será o berço da humanidade”Juiz Dorival Moreira dos Santos

Economia • Página 05

Crescem redes de comércio

Em busca do melhor preço, consumido-

res de Campo Grande passam a contar, cada vez mais, com a con-corrência e a “guerra de valores” entre as re-des de hipermercados e os comércios de pe-queno porte das perife-rias. Em Aquidauana, a novidade é o Shopping Barrakech.

Doping parece solução, mas pode virar pesadeloDoping, a utilização de qualquer substância ilegal que

beneficia o desempenho de atletas profissionais, é o centro de grande polêmica no mundo dos esportes. A lon-go prazo, o uso dessas substâncias pode acarretar em vá-rios efeitos colaterais para a saúde do esportista.

PÁGINA 8

STF analisa necessidade de diploma para exercer profissão de jornalista

PÁGINA 2

Ciência & Tecnologia • Página 10

Adquirir tecnologias em liquidações nem sempre é sinônimo de uma compra satisfatória para o consumidor

Em meio a dejetos, histórias humanasO lixão de Campo Grande não abriga apenas o lixo

que jogamos fora diariamente, mas também é o local onde cerca de 300 pessoas se revezam, constan-temente, para conseguir o sustento de suas famílias. A presença humana não se faz apenas como mão-de-obra. Nesse espaço, várias histórias de vida se cru-zam todos os dias.

As praças públicas de Camapuã, Sidrolândia

e Terenos, ainda guardam o charme da paz do interior, mas, em alguns casos, o nú-mero de freqüentadores di-minuiu.

Bastidores: alma das campanhas eleitorais

A mesma praça...

PÁGINA 3PÁGINA 4

POLÍTICA

BRAZ ANTONIO DE MELO

EVELYN IBRAHIM

ALI

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AN

DA

PÁGINA 13

Page 2: Etanol a que preço? - Uniderp

OPINIÃO02 CAMPO GRANDE-MS | OUTUBRO - 2008 Unifolha

CHARGE FERNANDO PACHECO

Desafiando os gigantes

GABRIEL NERIS4º SEMESTRE

No momento em que se discute no Supre-mo Tribunal Federal a manutenção do diplo-ma de jornalista, a profissão se valoriza com grandes investimentos das maiores redes de televisão. Em Mato Grosso do Sul, não é di-ferente. Na tentativa de se tornar líder de au-diência no estado, a Rede MS de Televisão aparece com uma nova alternativa de jorna-lismo, traçando os planos da Rede Record.

O embate entre TV Morena e TV MS, filiais de Globo e Record, respectivamente, começou no lançamento de nomes importantes do jorna-lismo sul-mato-grossense por parte da retrans-missora da televisão de Edir Macedo, como Carmen Cestari, Osmar Bastos e Valéria Leite. Nomes que fizeram da Morena excelência em comunicação.

Muito se espera com essas investidas. Cria-se a expectativa diante de mais uma opção de jornalismo praticado aqui no estado. Ou-tro fator importante: abre-se o mercado, um tanto saturado pela falta de espaço, para os profissionais da área e para aqueles que es-tão por vir. Porém, ainda estamos de mãos atadas diante da vontade das empresas de comunicação. Ao menos, quando se fala de televisão.

Não é fácil manter uma rede com grandes profissionais. Por isso, mesmo jornais impres-sos, sites e emissoras de rádio ainda servem como área de escape para o profissional da comunica-ção. Com o poder público instalado em Campo Grande, a política toma parte dos noticiários te-levisivos. Além da agropecuária, que é a fonte de

renda de Mato Grosso do Sul. Ainda é pouco. E não pense que a capital será privilegiada. Nessa toada, o interior do estado também ganha. E mui-to. São bem-vindas informações de cidades como Corumbá, Dourados e Três Lagoas.

Na era da Internet, a notícia se torna inimiga do jornalista se não for bem apurada. É exata-mente neste momento que se diz que a pressa é inimiga da perfeição. Na ânsia do furo jornalísti-co, ou até mesmo na tentativa de uma emissora chegar antes da concorrente na veiculação da notícia, é que se pode prejudicar a qualidade da informação.

A pressão faz com que a notícia não tenha uma apuração adequada e perca seu valor. Essa mesma pressão é que coloca em xeque a qualidade do nosso jornalismo. Com o horá-rio parecido, os telejornais entram no ar com o intuito de “furar” seu oponente. Entretanto, com a obrigação de uma cobertura mais am-pla do que acontece na cidade.

Estratégias à parte, a TV MS confunde a cabeça do telespectador com nomes de capa-cidade e conhecidos por já terem passado na emissora a ser “batida”. Caberá à TV Morena explorar sua capacidade técnica e estrutural, que lhe é fornecida pela emissora carioca. Di-ferentemente da TV MS, que pecava, até há pouco tempo, pela falta de estrutura técnica, tanto interna quanto externa. Com o investi-mento da emissora nacional para mostrar um jornalismo de qualidade, a TV MS promete entrar na briga pela audiência.

VICENZZO VICCHIATTI4º SEMESTRE

Em tempos cada vez mais tec-nológicos, a inclusão digital, tendo como grande ferramenta

a internet avança em Mato Grosso do Sul e em todo o país. Mas, ao mesmo tempo em que a inclusão digital faz com que a população do país fique por dentro dessa nova era, acaba le-vando alguns meios de comunicação a serem deixados de lado de certa for-ma, como por exemplo, o jornal im-presso.

Este vem sendo preterido nas ven-das, pelo fato das notícias estarem ca-da vez mais “frescas” na Internet, e, também, pela preferência dos leitores por certos assuntos. O que acaba sen-do uma “faca de dois gumes”, pois, com esse interesse do leitor por um

determinado assunto, ele não compra mais o jornal e não fica inteirado de todas as notícias.

A compra do jornal impresso “for-ça” o leitor, de certa forma, a ler boa parte do conteúdo diversificado, or-ganizado. Já na Internet, o internauta busca o assunto de sua preferência.

Com certeza, a tecnologia auxilia bastante a vida dos jornalistas. Mas, ao mesmo tempo em que ajuda, ela faz com que o profissional acabe levando trabalho para casa e, desta maneira, não tem o seu momento de descanso.

Pesquisas apontam que, ao deslocar o seu ambiente de ofício, o jornalista se torna um profissional estressado, o que pode ocasionar-lhe certa desaten-ção durante a dedicação profissional em casa.

LEONARDO MACBETHLETÍCIA WINCLER4º SEMESTRE

Acredite se quiser, mas há jorna-listas entre nós que são contra a obrigatoriedade do diploma

para o exercício da atividade profissio-nal. Assim como tem gente a favor das drogas e do desmatamento, há gosto para tudo. O diploma tem 39 anos de regula-mentação, oficializada durante a ditadura militar, pelo Decreto-Lei 972, de 1969. E, pasmem, já naquele época, houve a sen-sibilidade de perceber o quão importante é o equilíbrio social pelo qual o jornalista é um dos responsáveis.

Hoje, instala-se o embate, que se apóia na fantasiosa idéia de que o produto jor-nalístico pode ser feito por qualquer um. É fácil compreender porque as pessoas normalmente pensam dessa maneira. Va-mos por parte: em relação aos patrões, é meio óbvio, pois o jornalista que tem nível superior terá, obrigatoriamente, de ser melhor remunerado.

E, aí, existem os patrões, que parecem, em muitos casos, viver na era das caver-nas e não compreender a moderna ma-neira de gerir uma empresa, valorizando o funcionário e proporcionando melhores condições de vida, salários dignos e uma possibilidade de trabalho mais humano.

Há, ainda, uma questão corporativis-ta. Alguns donos de grandes veículos de

comunicação têm, geralmente, um ami-go que é escritor de artigos e quer esse companheiro trabalhando na redação. Aliás, o questionamento a respeito do di-ploma nasceu um pouco disso. Começou na “Folha de São Paulo”, que - defende a não-exigência, inclusive, em editoriais. E ingressaram com a ação civil públi-ca contra o documento. Tudo por causa de um embate entre o jornal paulista e o Sindicato de Jornalistas Profissionais de São Paulo, com relação à proibição de contratação de jornalistas não-formados.

Vários profissionais não defendem o diploma, talvez, querendo aparecer, mos-trar que estão “antenados” com o pen-samento do empresariado. Porém, estes caros colegas não conseguem perceber que estão sendo usados como massa de manobra pelas famílias midiáticas que, sob um argumento também muito inteli-gente, gritam em alto e bom som: “A pro-fissão jornalística não reclama conheci-mento especifico para seu exercício”.

É por isso que os cidadãos deste país, jornalistas ou não, devem se unir, resis-tir a mais este engodo, que pretende des-truir a prestação de um serviço público de suma importância para a sociedade. Na resistência e mobilização, em breve, adentraremos às ruas de Brasília, com a vitória no peito e o diploma nas mãos.

A caminho da liderança

Tecnologia também atrapalha

Unifolha – Jornal-Laboratório do curso de Jornalismo da Universidade para o Desenvolvimento do Estado e da Região do Pantanal (Uniderp)Ano XI - Nº 79- outubro de 2008 - Tiragem 5 mil exemplares.Obs.: As matérias publicadas neste veículo de comunicação foram produzidas pelos acadêmicos do 4ª semestre do curso de Jornalismo da Uniderp (N 40) e não representam, necessariamente, o pensamento da instituição.

Reitora: Professora Ana Maria Costa de SousaVice-Reitor: Professor Guilherme Marback Neto Pró-Reitor Administrativo: Marcos Lima Verde Guimarães Jr.Pró-Reitora de Graduação: Professora Heloisa Gianotti PereiraPró-Reitor de Extensão: Professor Ivo Arcângelo V. BusatoPró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação: Professor Raimundo Martins FilhoChanceller: Professor Pedro Chaves dos Santos Filho

Diretor de Controle Acadêmico: Professor José Luiz RamirezCoordenador do curso de Jornalismo: Professor Marcos Rezende Morandi DRT/MS 067

Jornalista responsável: Professor Alexandre Maciel (DRT/MS 162).

Editores: Opinião: Vicenzzo Vicchiatti; Política: Anahi Zurutuza; Cidades: Fabiana Faustino; Economia: Thayana Freitas; Educação: Guilherme Teló; Segurança: Luis Coppola; Esporte: Bruno Chaves; Cultura: Will Soares; Ciências & Tecnologia: Evelyn Ibrahim; Saúde: Maria Cecília Barros; Rural: Rosália Prata; Meio Ambiente: Isabela Ferreira; Entrevista: Daniela Damazio; Comportamento: Bruna Nasser

Revisão: Professor Mário Márcio Cabreira (DRT/MS 109)Edição de fotos: Professora Elis Regina Nogueira (DRT/MS 090)Projeto Gráfico, Diagramação e Tratamento de Imagens:Professor Carlos Kuntzel DRT/MS 041Estagiário de Diagramação: Acadêmico Wagner Jean

Projeto Gráfico 2005: Ana Paula Novaes - Andréa Roselle - Brasleif Adriano - Cândida Piesanti - Edilaine Maira - Élika Gonçalves - Emídio Denardi - Evllyn Rabelo - Flaviane Bueno - Gildo Araújo - Gizelli Xavier - Isabel Rodríguez - Janiel Chaves - Jucyllene da Silva Castilho - Juliano Salles - Laila Carriel - Marco Aurélio Ribeiro - Mariana Conte - Mário Daude - Marithê Cogo - Michelly de Alencar - Na-tália Souza - Paulo Donato - Pedrina Gomes - Priscila Evaristo Teixeira - Renato Lima - Reneide Casagrande - Rodrigo Gordin - Simone Prieto - Thiago Ferreira - Viviane Cunha - Viviany Gomes - Yvelaine Isabela e professor Carlos Kuntzel Criação da logomarca do caderno Cenário: Élton Tamiozzo, Ducely Reis, Fran-ciele Caldart, Maurício Picarelli Jr, Nirley Peterossi Jr. e José Cabad. (Acadêmicos de Publicidade e Propaganda)

Impressão: Gráfica A CríticaUnifolha - Rua Ceará, 333, bairro Miguel Couto, Campo Grande-MS. Cep: 79.003-010 – Tel: (067) 3348-8096. www.unifolha.com.br E-mail: [email protected]

Recurso Extraordinário (RE/511961), que está na pauta no Supremo Tribu-nal Federal (STF) para ser julgado neste semestre, questiona a exigência do diploma de jornalismo como condição essencial para exercer a pro-

fissão. Se os ministros concordarem com esta leitura, qualquer pessoa, em tese, mesmo as que têm apenas o ensino fundamental ou até analfabetos, poderão requerer o direito de se tornarem jornalistas.

Pesquisa da CNT/Sensus divulgada em setembro, em Brasília, ouvindo 2 mil entrevistados em 136 municípios brasileiros, constatou que 74,3% dos consul-tados se declaram a favor do diploma e 13,9% contrários, sendo que 11,7% não souberam ou não responderam.

Esta consulta pública comprova que a sociedade defende o jornalista formado como o profissional responsável pela mediação das verdades. E essa especifici-dade não afeta a liberdade de expressão, como muitos querem dar a entender, já que, atualmente, qualquer pessoa pode atuar como colaboradora de um jornal ou mesmo rádio e televisão, contanto que tenha espaço e escreva artigos de opinião. A reportagem, o equilíbrio das verdades, é uma função jornalística que exige for-mação ética, consolidada pelas universidades.

Tudo começou em outubro de 2001, quando a juíza substituta da 16ª Vara Cí-vel da Justiça Federal de São Paulo, Carla Rister, suspendeu obrigatoriedade do diploma universitário. Ela atendeu ação cível pública movida pelo procurador da República André de Carvalho Ramos, gerada por veículos de comunicação liga-dos ao sindicato patronal de São Paulo.

É claro que o diploma universitário de jornalismo não é garantia de que a socie-dade está recebendo um profissional ético apenas por ter passado pelos bancos escolares do ensino superior. No entanto, é uma segurança para a população, que terá quem cobrar, já que esta pessoa passou por uma formação.

Outra luta é a da criação de um Conselho de Comunicação Social para servir de mediador entre os profissionais da imprensa e o seu público. Sem estas me-didas, a sociedade corre o perigo de ver ameaçado o seu direito de ser informada com correção e ética.

EDITORIAL

Diploma em questionamento

Page 3: Etanol a que preço? - Uniderp

BASTIDORES - CAMPANHA

Periodicamente, a cada dois anos, surgem novos profissionais no mercado

Cabo eleitoral: aprofissão do biênio

POLÍTICA 03CAMPO GRANDE-MS | OUTUBRO - 2008Unifolha

Anahi ZurutuzaLucas JunotKarla LyaraCharline PrestesOdil Santana 4º Semestre

Toda campanha política torna-se famosa por seus programas eleitorais, apre-sentados na TV e no rádio. No entanto, quem vê o pro-grama sendo exibido, não tem idéia do caminho per-corrido e toda a produção que este processo compre-ende.

Em época de eleição, ca-da candidato contrata uma produtora, com uma equi-pe de profissionais, que irá trabalhar, incansavelmente, para ganhar o voto do elei-tor. “Luz, câmera, ação!”. Ecoa a voz do diretor, ana-lisando cada componente da cena.

A missão do cinegrafis-ta é captar as imagens de maneira clara e objetiva, de acordo com o conteúdo proposto pelo diretor. O maquinista é responsável por toda a movimentação existente na imagem, ope-rando, por exemplo, a grua – estrutura metálica que suporta o cinegrafista e o eleva - oferecendo possibi-lidades de movimento na imagem.

O diretor de fotografia escolhe, junto ao diretor de cena, o posicionamento das luzes desejadas para compor cada cena. É res-ponsável por todo efeito de sombras e detalhes. O diretor de cena responde pelo posicionamento e ali-nhamento dos componen-tes do quadro com os con-ceitos da campanha, bem como pela unidade estética e visual.

Ao lado do editor de ima-gens, o de texto seleciona os melhores trechos de uma fala para casar texto e ima-gem, além de orientar o re-pórter sobre como conduzir uma matéria ou entrevista.

Tudo pronto, é hora de divulgar os programas. No Brasil, a exibição nos meios

de comunicação é obriga-tória e gratuita, o que não isenta de responsabilidades os profissionais e donos de mídias. Pelo contrário, uma falha na veiculação destes materiais pode gerar multa, suspensão da programação e, até mesmo, prisão dos responsáveis.

Em todas as campanhas, o Tribunal Regional Elei-toral (TRE) de cada muni-cípio indica um juiz que nomeia dois assessores téc-nicos (um que trabalha em rádio e outro em televisão) para dar suporte (fiscalizar) os respectivos meios.

Antes que comece a ca-ça ao voto, o TRE faz uma reunião com os candidatos e outra com representantes dos partidos, produtoras, Departamento de Opera-ções Comerciais (OPECs) e gerentes operacionais, para definir algumas regras, co-mo a relação de nomes das pessoas autorizadas a en-tregar e receber fitas; pra-zo de entrega; número de inserções; ordem e tempo que cada coligação ou can-didato terá diariamente e o horário reservado em deter-minado período entre às 7 e 23 horas, para se promo-ver. A reunião determina, também, a seqüência, por meio de um sorteio.

A distribuição nos interva-los da programação é feita, rigorosamente, pela OPEC de cada emissora. Nesta reu-nião, ficam acertadas quais serão as “cabeças de rede” (emissoras que transmitem o sinal do horário político para as demais). A cada dois anos, um grande número de pro-fissionais – do cinegrafista ao advogado – é mobilizado pa-ra representar essa trama.

“Nenhuma campanha é igual à outra”. Essa frase tão falada, retrata talvez o perfil cada vez mais criterioso de quem vota. Diante desta mu-dança de comportamento, não cabe mais espaço para o puro e simples “vote em mim”. Agora, o eleitor pode assistir aos programas, em vez de desligar o televisor

Cabos eleitorais caminham pelas ruas de Campo Grande de sol a sol na busca incessante de votos para o candidato para o qual trabalham

Muito mais do que “luz, câmera e ação”

LUCAS JUNOT

Anahi ZurutuzaLucas JunotKarla LyaraCharline PrestesOdil Santana 4º Semestre

É de dois em dois anos, por cerca de 90 dias, que aparece um novo profissio-nal no mercado de trabalho. Mas, o popular cabo eleitoral desaparece tão repentina-mente como surgiu. Alguns são voluntários e trabalham em defesa de sua própria ideologia, que enxergam re-presentada no seu candidato. Outros encaram como uma oportunidade de comple-mentar a renda da família.

Maria Auxiliadora, 34 anos, era profissional autô-noma e viu na campanha eleitoral a chance de, pela primeira vez, lutar por seus ideais. “Eu gosto do meu

candidato. Estou trabalhan-do, porque quero que ele seja eleito”. Maria conta que não está sendo remunerada e que faz um trabalho de “formi-guinha”, conquistando voto a voto, de seus familiares, vizi-nhos e amigos.

Conforme apontado por Maria, o primeiro compro-misso do cabo eleitoral é con-quistar o voto da sua própria família. É a partir daí, que ocorre “o milagre da multipli-cação”.

Funciona, matematicamente, como uma progressão geomé-trica. Os votos se multiplicam a cada contato, a cada pessoa. Depois de convencer os entes mais próximos, o cabo tem de ir rumo à sua comunidade. “Se você não consegue ganhar o voto do seu marido, que dirá o do desconhecido”. A batalha se tornava mais árdua, a ten-

são crescia a cada dia que se aproximava o decisivo 5 de outubro.

Já Vânia de Oliveira, dona de casa de 21 anos, teve a in-dicação de um vizinho para começar a trabalhar no plei-to. “Encontrei uma alternati-va de ajudar meu marido nas despesas da casa”. A dona de casa revelou que ganhou R$ 50 a cada 15 dias, para traba-lhar por quatro horas diárias. Para ela, a quantia foi mais que suficiente. “Esse traba-lho não atrapalhou a minha rotina. Pude continuar fazen-do o almoço, levando meus filhos na escola e cuidando da minha casa”.

CAPILÉ

Coordenador de campa-nha contou, em entrevista ao Unifolha, que, além do tradicional cabo eleitoral,

existe, também, na emprei-tada da busca pelos votos, um outro “prestador de ser-viços”: o capilé. Uma pessoa contratada 20 dias antes da campanha, que tem a missão de fazer uma reunião entre o candidato e 30 eleitores – com seus respectivos nú-meros de títulos e assinatu-ras – para persuadir sobre o destino de seu voto. “O capi-lé é um cargo que não chega ao conhecimento da mídia, tampouco da população”, destaca o coordenador.

Desde que ocorreram as primeiras eleições diretas do Brasil, em 1989, este é o período, ansiosamente, es-perado pelos eleitores e tra-balhadores das campanhas. Para realizar sonhos, ou, simplesmente, renovar as es-peranças na conquista de um futuro melhor.

Anahi ZurutuzaLucas JunotKarla LyaraCharline PrestesOdil Santana 4º Semestre

É a partir dela que os can-didatos descobrem o “calca-nhar de Aquiles”, tanto seu quanto o dos seus oponen-tes. Ela faz parte dos bastido-res das campanhas eleitorais e é pouco conhecida pelo público. A pesquisa quali-tativa é utilizada para obter respostas mais aprofundadas sobre determinado assunto. Como já é possível concluir pelo nome, por meio dela, não se consegue detectar números, apenas opiniões, o que a diferencia da pesquisa quantitativa.

Definido o tema a ser pes-quisado, tem início a árdua

tarefa do recrutamento dos participantes da chamada Dis-cussão de Grupo (DG). O de-bate é organizado em uma sala onde se encontram apenas os participantes e o condutor da DG. Há, ainda, um psicólogo contratado, com vasta expe-riência, o qual é responsável pela elaboração das perguntas dirigidas aos entrevistados e análise posterior das respostas concedidas.

A gerente de análise de uma empresa que organiza pesquisas qualitativas, Re-nata Siqueira, explica que a escolha do local da DG é proposital, justamente, para que os participantes não fi-quem inibidos ou constran-gidos para responderem as perguntas. E o cliente, o con-tratante da pesquisa, assiste a todo o processo do lado de fora da sala espelho.

“Justamente, por uma questão de ética e respon-sabilidade, os contratantes não têm nenhuma informa-ção pessoal, como nome, telefone, endereço, sobre os componentes da entrevista”, destaca Renata. Ainda, con-forme a gerente, os entrevis-tados não podem ter partici-pado de amostra qualitativa alguma no último ano. “Pois isso pode comprometer o re-sultado da pesquisa”.

Renata também lembra que, normalmente, quando o assunto é política, a faixa etá-ria da DG é divida entre 16 a 24 e 25 a 34 anos. Os grupos de discussão são geralmente compostos de 8 a 12 pessoas. “O perfil dos entrevistados também é pré-estabelecido pelo psicólogo. Para cada temática de pesquisa, existe um tipo de participante”.

A pesquisa qualitativa não é barata. Envolve cus-tos como a contratação dos profissionais para elaborá-la e dos chamados recrutado-res – profissional contratado para encontrar “na rua” as pessoas com o perfil exigido para participar da DG. Além do pagamento de bonificação e distribuição dos brindes aos participantes, coffe break e aluguel do local “isento” on-de será realizada a entrevis-ta. Por isso, é um privilegio de poucos. Não são todas as campanhas que conseguem pagar para ter nas mãos as es-tratégias que poderão adotar a partir dali. Contudo, a gerente explica que as pesquisas são muito utilizadas por empre-sas que querem aprimorar su-as estratégias de marketing.

Qualidade norteia pesquisas

Produção

Programa eleitoral é trabalho minucioso que envolve diversos profissionais

LUCAS JUNOT

Page 4: Etanol a que preço? - Uniderp

CIDADES04 CAMPO GRANDE-MS | OUTUBRO - 2008 Unifolha

Encontros em praças são mais rarosCamapuã é uma cidade que, apesar de nova, possui várias histórias do período das Rotas das Monções

FABIANA FAUSTINOCARINA BAGGIO4º SEMESTRE

“Hoje eu acordei com sau-dades de você/ beijei aquela foto que você me ofertou/ sentei naquele banco da pra-cinha só porque/ foi lá que começou o nosso amor”. Esse trecho da música de Carlos Imperial deveria fa-zer parte das lembranças de muitas pessoas que moram no interior. Afinal, a praça é um dos lugares mais visita-dos pelos amigos e namora-dos, certo? Errado.

A praça Ernesto Sólon Borges, localizada em Ca-mapuã, deixou de ser ponto de encontro dos moradores, há alguns anos. Recebe es-se nome em homenagem ao primeiro prefeito eleito da cidade.

Camapuã é um município do interior de Mato Grosso do Sul que fica a 143 quilô-metros da capital. Seu nome é de origem indígena, tupi-guarani, significando “seios erguidos” e é conhecida co-mo “Princesa do Vale”, já que se localiza entre morros e serras.

Bonita, florida, bem are-jada, com espaço organiza-do e muito bem planejado, a praça conta a história do município em quase toda a sua extensão. “Ela é cheia de simbolismo”, afirma a pro-fessora e historiadora Vanu-za Ribeiro.

DeclaraçõesAs obras que estão es-

culpidas nas paredes pelos

artistas da terra estampam a história da Rota das Mon-ções. “É um ótimo local para aprender um pouco sobre a história do nosso país. Acho que todos deveriam conhe-cer essa praça”, recomenda o estudante de jornalismo, Flávio Oliver.

Um espaço como esse é considerado importante pa-ra a população, já que é re-servado para o bem-estar e lazer de todos. Amigos, conversas, paqueras e rodas de violão. Atividades que, normalmente, os jovens pra-ticam em praças, não são mais tradicionais em Cama-puã.

“A praça está longe dos co-mércios alimentícios, longe das igrejas, e Camapuã não é cidade turística. Os lugares em que são bem movimen-tadas estão perto de ponto alimentício ou de igrejas, porque as pessoas saem e vão para lá. No nosso caso, não tem nenhum dos dois”, argumenta Vanuza, com cer-to ar de lamentação.

Na maioria das vezes, a praça é freqüentada por ba-bás que levam suas crianças para se divertirem no par-que. Ou, raras vezes, por al-gum grupo de jovens procu-rando sossego e solidão. “A gente vem aqui quando quer conversar sem ter ninguém por perto, porque, aqui, qua-se não vem ninguém”, diz Guilherme, um jovem de 15 anos que se encontrava com um pequeno e único grupo em um domingo à tarde.

Ponto de encontro mal conservado afasta populaçãoERNANDES BAZZANO4° SEMESTRE

Sidrolândia, situada a 60 quilômetros de Campo Grande, mesmo sendo o município que mais cresceu nos últimos anos, no estado, segundo dados do IBGE, ain-da possui o jeitinho de cida-de do interior. Os munícipes estão em transição entre a forma carinhosa e aconche-gante das pessoas das pe-quenas cidades, e a rapidez, arrogância e a vida corrida de uma metrópole.

Igreja, praça, a estação de trem, flores e árvores por todo lado, jovens e idosos apreciando o famoso te-

reré nas tardes quentes de inverno. Profissionais e de-sempregados se reúnem na praça, para conversar sobre o dia-a-dia. Respeitam etnias e idéias do próximo, pois sa-bem que, nos dias seguintes, se encontrarão novamente.

A praça foi revitalizada entre 1999 e 2000, pelo en-genheiro Walmir Pavon. Está situada no centro da cidade e, ao seu redor, existem ban-cos, livrarias, lojas de roupas, móveis, farmácia e até uma funerária. Logo, tudo que é preciso se encontra nessa re-gião da cidade. Uma lancho-nete está, há muitos anos, nos mapas turísticos; fica ao lado da praça. Todos que uti-

lizam essa rota se alimentam e deparam com uma beleza sem igual do lugar.

Alcênio Henrel possui um ponto de lotação há mais de 20 anos, ao redor da praça. “A grama, os banheiros sani-tários e os bancos de assento estão mal cuidados. O que deveria ser os olhos dos turis-tas acaba se transformando em decepção visual”. Tayná Toniazzo também tem opi-nião semelhante. “A praça ainda é o ponto de encontro de todos. Mas, se as pessoas que trabalham ali não progre-direm em relação à limpeza, o que vemos hoje não será mais contemplado pelos nos-sos filhos e netos”.

FABIANA FAUSTINO

ALINE CIQUEIRA BRUNO NASCIMENTO4º SEMESTRE

Chegamos a Terenos, em uma tarde de sábado, em que fazia muito frio. Cli-ma atípico nessa região, já que, em boa parte do ano, ali, faz muito calor. Ao che-garmos à praça do Demétri, que se localiza no centro de Terenos, observamos que se trata de um local bem aconchegante.

Pudemos sentir, na hora, o ambiente interiorano, uma calmaria que quase não se vê nas grandes cidades.

A praça é o principal ponto de encontro das pes-soas que moram no muni-cípio, tornando-se um re-fúgio para quem quer sair da mesmice. O local é de-

mocrático, agrega todas as idades, para diversos tipos de atividades. Jovens como Willian Alves, de 15 anos, que vai à praça tomar te-reré aos finais de semana e estudar com amigos no meio da semana.

Willian ressalta que mui-tos jovens saem de Campo Grande, de bicicleta, para visitar a praça em Terenos. As crianças tomam conta do lugar. Gabriel Lopes, de 10 anos é visitante assíduo, an-da de bicicleta quase todos os dias e diz adorar a praça. Luiz Gonçalves, 55 anos, vai com seu carro e gosta de li-gar o som bem alto e dançar com seus amigos. Outro ho-bby é jogar dominó até altas horas da noite.

Em um dos bancos da pra-ça, avistamos um grupo muito

animado de jovens tomando chimarrão. Para nossa sur-presa, descobrimos que eram gaúchos. Grande parte são uni-versitários que vieram fazer o concurso da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Muitos deles es-tavam, pela primeira vez, no estado. Em um clima descon-traído, tomamos chimarrão ao som da “Bandinha”, estilo de música do tipo sertanejo, ou melhor dizendo, música “gau-chesca”, segundo eles.

Temos a impressão que o tempo no interior demora a passar, mas a tranqüilidade nos faz lembrar que temos de ir embora. A conclusão que se pode tirar é que as praças vão continuar por muito tempo sendo um centro de convivência a céu aberto, para todos, indepen-dentemente do lugar.

Diversidade atrai pessoas de todas as idades

Praça municipal é ponto de encontro e diversão para diferentes tipos de atividades nos finais de semana

BRUNO NASCIMENTO

Praça Ernesto Sólon Borges guarda consigo toda história de um município interiorano e raramente recebe a visita dos moradores da cidade

RenascimentoPor um período, a praci-

nha ficou quase desativada e, somente, em 2002, houve uma revitalização. “Talvez, quando ela ficou fechada ao público, as pessoas que freqüentavam perderam o

hábito e encontraram outro ponto. E, mesmo depois de reformada, não voltaram pra lá”, explica Vanuza.

“Por aqui, passa muita gente. Mas só passa pa-ra cortar caminho. Quase não para ninguém”, expli-

ca o vigia Marcio Pereira, que se encontra estrategi-camente em uma esquina. O real motivo pelo qual as pessoas da cidade deixa-ram de freqüentar a praça é uma pergunta que ainda não tem resposta. E o sen-

timento que fica é de tris-teza, porque, mesmo que permaneça... “a mesma praça, o mesmo banco, as mesmas flores, o mesmo jardim. Tudo é igual, mas estou triste porque não te-nho você perto de mim”.

Sidrolandenses criticam a falta de limpeza na praça, porém não deixam de frequentar o espaço

ERNANDES BAZZANO

TERENOS

SIDROLÂNDIA

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OFERTAS - EXPANSÃO

ECONOMIA 05CAMPO GRANDE-MS | OUTUBRO - 2008Unifolha

Procura pelo melhor preço é a atitude ideal

Com a concorrência dos novos hipermercados, consumidor tem mais opções de escolha e qualidade na compra

BRUNO CASTRO

DIANNA MALVESDIOGO RIBEIRO4º SEMESTRE

Os consumidores de Cam-po Grande vivem um gran-de dilema: procurar sempre o menor preço, pesquisan-do desde o supermercado de bairro, até os hipermer-cados que começam a che-gar à cidade. Com a crise que o Brasil vem sofrendo, e o aumento do valor dos alimentos que constituem a cesta básica, essa ação se tornou uma meta.

Dados fornecidos pelo Núcleo de Estudos e Pes-quisas Econômicas e Sociais (Nepes), coordenado pelo professor Celso Correia de Souza, indicam que os ali-mentos básicos vêm tendo reajustes ao longo do ano de 2008. É o caso do arroz, que, em março, apresentou um aumento de 8,01%.

Indagado se a baixa recen-te do preço de muitos ali-mentos, como o arroz, o fei-jão e o óleo de soja, é decor-rente da concorrência pro-

vocada pela chegada de no-vas redes de hipermercados na capital, o professor Celso analisa que esses fenôme-nos não estão relacionados. Houve, sim, em sua opinião, uma redução nos preços no Brasil inteiro, e não porque estão sendo inaugurados novos supermercados na ci-dade. “A produção é muita, tem que baixar. O Brasil é rico em alimento.”

Da mesma forma, para o professor, a inflação dos ali-mentos não é decorrente da produção do biodiesel, como muitos acreditam. Essa afir-mação, na sua visão, seria desculpa, pois o combustível é retirado, principalmente, da cana- de-açúcar. Diferen-te dos Estados Unidos, que gasta milhões de toneladas de milho para retirar o bio-diesel.

A globalização, no entan-to, seria uma das causas da alta dos alimentos. O cresci-mento econômico de países como Brasil, Rússia, China e Indonésia, permite que, au-

tomaticamente, a população tenha mais poder aquisitivo e, também, gaste mais. O processo gera até mudanças nos hábitos alimentares. “A China já está importando carne bovina nossa e dei-xando seus pratos culiná-rios de lado, como carne de cachorro e cobra”. O Brasil exporta praticamente todos os seus alimentos, fazendo com que seu preço encareça no mercado interno.

Mato Grosso do Sul é um estado bom de viver, em re-lação aos outros, segundo o professor Celso, já que so-freria menos com a inflação dos alimentos. “O que fal-ta ainda para baixar mais esses números é sermos auto-suficientes no horti-fruti. Dependemos muito de São Paulo, mas, com o tempo, não nos preocupa-remos mais com os reajus-tes paulistas”. Por ser um estado rico na produção de alimentos, Mato Grosso do Sul teria condições de tor-ná-los mais baratos.

De barracas de madeira, para um Centro Comercial

RICARDO CAVALHEIRO4º SEMESTRE

Frente à concorrência com as grandes redes de hi-permercados, situadas nas regiões mais centrais das cidades, os supermercados de pequeno porte das perife-rias estão aderindo às redes de cooperação populares de mercados, tendo em vista uma competitividade maior. Os empresários associados recebem apoio administrati-vo, de marketing, educacio-nal e financeiro.

Com essa padronização, os mercados têm acesso a preços mais baratos, com-prando em maior quantida-de, pois se faz a aquisição pela rede. Desta forma, é possível vender seus pro-dutos por um valor mais competitivo, melhorando, assim, sua lucratividade.

Um bom negócio para o empresário e, também, pa-ra o consumidor que tem

como vantagem essa maior competição entre os super-mercados, pode achar ofer-tas perto de casa. Não há mais a necessidade de se deslocar até o centro da ci-dade para fazer as compras do mês. Como afirma o con-sumidor Josenilto de Miran-da, “antes, era difícil para fazer compras, porque tinha que ir longe pra comprar barato”. O mercado perto de casa era em último caso, só o que era mais urgente e em menor quantidade.

Ele resalta que, antes, não dava para ir ao centro perto da hora do almoço, só para comprar uma lata de extrato de tomate. “A di-ferença no preço era gran-de. Hoje, o mercado aqui perto faz parte de uma re-de. Continua o mesmo do-no, mas o preço é o mesmo que se fosse no supermer-cado do centro”.

As mudanças que as re-

des de supermercados estão trazendo para a so-ciedade são muitas. É o efeito da globalização da economia. A grande con-corrência força as peque-nas empresas a buscarem inovações tecnológicas e novos métodos de admi-nistração. As redes de coo-peração inter-empresariais são uma alternativa para que as pequenas empresas do ramo supermercadista possam cumprir seu papel econômico e social, por meio da redução de cus-tos, e oferecendo serviços e produtos em busca da conquista dos clientes.

Esses empreendimentos de pequeno porte, confor-me acreditam os especia-listas, quebram o isola-mento, promovem o asso-ciativismo e o desenvolvi-mento da competividade da empresa, do setor e da economia local e regional.

PRISCILA BARBIÉRI4º SEMESTRE

Distante 130 quilômetros de Campo Grande, uma ci-dade considerada pacata, Aquidauana, teve, no início do mês de setembro, um grande impacto na sua es-trutura, imagem e economia. Em uma das principais ruas, a Estêvão Alves Correa, exis-tiram, por muito tempo, as barraquinhas que comercia-lizam produtos importados. Agora, os 80 comerciantes ali instalados irão receber uma obra propagandeada pela atual prefeitura da ci-dade como “um marco”. No pátio da Estação Ferroviária, está surgindo o Centro Co-mercial, ou “Shopping Bar-rakech”.

No espaço, além de insta-lações adequadas, com água, luz e telefone, os turistas, clientes, bem como os pró-prios comerciantes poderão contar, ao final da obra, pre-vista para novembro deste ano, com playground, pista de cooper, praça de alimen-tação e estacionamento.

Redes supermercadistas causam impacto social

RICARDO CAVALHEIRO

Com as redes de supermercados na periferia, consumidores fazem as compras perto de suas casas

A comerciante Bianca, proprietária da Banca do Beto, analisa tudo com um

ar de esperança. “Olha, com certeza, é um grande salto. Aqui, nossa mercadoria ga-

nha novos olhares, valori-zação e nós ganhamos mais respeito. Os clientes também

terão mais conforto, mais se-gurança”.

Marcos Ferreira da Silva,

popularmente conhecido como “Dom Marquito”, tra-balha há 13 anos no ramo, abrindo sua antiga barra-ca às 4 da manhã e só en-cerrando expediente às 20 horas. Ele revela um passa-do difícil e comenta a no-va obra, com um brilho no olhar. “Eu acordo de madru-gada para trabalhar, desde os 6 anos de idade. Só aqui, em Aquidauana, estou há 13 anos. Quando cheguei, nem tinha o que comer direito. Hoje, tenho meus três filhos estudando na Uniderp, te-nho casas, carros, chácara”. Para Marcos Ferreira, a obra vai dar mais valor ao traba-lho desenvolvido no local. “Acredito que o movimento até aumentará, quando con-cluída”.

Além dos tradicionais turistas que circulam pelo Shopping Barrakech, os que desembarcarem de trem, que volta a funcionar ano que vem, poderão conferir, na chegada, esta obra que tem potencial de se tornar um ponto turístico.

Impacto: foi essa a sensação que a população aquidauanense teve ao ver o antigo pátio abandonado sendo tomado por um grande centro comercial

PRISCILA BARBIÉRI

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EDUCAÇÃO 06CAMPO GRANDE-MS | OUTUBRO - 2008Unifolha

Profissionalização sem barreirasBRUNO COELHOGUILHERME ALMEIDA4º SEMESTRE

Atualmente, as pesso-as que estão no mundo do trabalho, ou pensando em entrar nele, se preocupam com o tempo e com o nível de profissionalismo. Isso se dá pelo fato de o mercado exigir cada vez mais, por es-tar tão concorrido, e testar, constantemente, a capacida-de de cada um.

Para as pessoas que vi-vem em uma época em que “tempo é dinheiro”, diversas instituições de ensino têm disponibilizado os cursos de Gestão. Estes programas, além de visarem áreas mais expecificas que as tradicio-nais de graduação, podem ser conluídos em apenas dois ou três anos. Alem dis-so, existe a possibilidade de serem desenvolvidos em casa, sendo necessária a pre-sença, apenas, para fazer as provas.

Outra vantagem é que, ao concluir as matérias, a pes-soa termina oficialmente o 3º grau, saindo das institui-ções, com o cargo de tecnó-logo.

Os cursos de gestão têm gerado muitas dúvidas sobre sua forma de ensino, já que o tecnólogo não teria a mes-ma capacitação que o gradu-ado, na sociedade.

Para nos informar mais

sobre este assunto e sobre a preferência em optar por esse tipo de atividade edu-cacional, entrevistamos Hernani José Lins Mendes, que tem 30 anos de idade, é administrador e acadêmico da faculdade de Gestão Tec-nológica em Agronegócios, a distância.

Ele diz que o principal motivo de ter escolhido um curso de gestão foi pela ra-pidez que ele proporciona e pelo fato de se formar em apenas dois anos. Ele acres-centa que seu programa era também a distância, o que proporcionava uma como-didade por ele de não poder comparecer às aulas regular-mente, devido ao seu corri-do ritmo de trabalho.

Para Hernani, esse tipo de curso é muito prático, pois proporciona uma oportuni-dade para aquelas pessoas que querem se formar, po-rém, não têm tempo para ir à faculdade. Além de que o ensino desenvolvido em periodos mais curtos exige mais dos alunos. O fato de suas aulas serem a distância estimula a força de vontade, já que o seu desenvolvimento e desempenho após a facul-dade dependem, unicamente, do acadêmico. Isso por não contar com toda a ajuda dos professores, o que já ocorre nos programas normais.

Eficiência em conhecimentoLUANA D’ARKYURI CARRELO4º SEMESTRE

Em busca de um melhor posicionamento no merca-do de trabalho, jovens com idades entre 14 e 23 anos, buscam, por meio dos cur-sos profissionalizantes, uma melhor preparação diante daqueles que tam-bém iniciam uma longa tra-jetória para o primeiro em-prego, driblando a exclusão social e atrás de sucesso na carreira profissional.

Os cursos têm como objetivo moldar o jovem aprendiz por meios teóri-cos, específicos e práticos, de forma que, ao concluí-los, o jovem esteja apto a

ingressar naquela área em que se especificou durante o aprendizado.

A educadora e responsá-vel pelo curso de Organi-zação Industrial no Mer-cado de Trabalho, Vânia Maria Batista, informa que os programas profissiona-lizantes vieram tanto para enriquecer o conhecimen-to dos jovens, quanto para contribuir em seus currí-culos. Na sua opinião, a maioria dos que os procu-ram não tem condições de se manter em um curso su-perior, principalmente, por questões financeiras.

Ela também destaca que os seus alunos, interessa-dos, cobram métodos de ensino atualizados, formas

de conhecimento que se relacionam com o que o mercado de trabalho se re-fere e requer.

A opinião da aluna Josa-na Oliveira, 21 anos, é que o curso está sendo indis-pensável para o seu conhe-cimento e sua preparação para a sociedade.

De um modo geral, ela e os demais alunos conclu-íram que este método de ensino lhes fornecerá uma ferramenta a mais na dis-puta acirrada do mercado de trabalho. Vânia afirma, como educadora e profis-sional da área há dois anos, que os cursos profissionali-zantes são indispensáveis para a estrutura do jovem aprendiz.

Hernani Mendes escolheu o caminho do curso de gestão por ser mais rápido e por oferecer a praticidade de estudar em qualquer lugar

Candidatos mais preparados que se cuidem!GUILHERME TELÓGUILHERME ALMEIDA4º SEMESTRE

Estabilidade na carreira, em-prego bom e remuneração alta. Vantagens que fazem com que não seja por menos que, hoje, tanta gente opte pela carreira pú-blica, na hora de escolher uma. Mas, tantos prós não poderiam deixar de trazer consigo um con-tra. A concorrência.

O que de uns tempos pra cá deu margem a um setor crescen-te: os cursos para “concurseiros”. E se ouve falar em todo lugar, de grandes escolas com professores especializados, pessoas já concur-sadas dando aulas sobre o que estudar e como estudar.

Trabalhar em instituições co-mo o INSS, a Polícia Federal ou a Controladoria Geral da União exige um mínimo de preparação. E não é a toa que os alunos de-

voram livros e listas de exercícios nas cadeiras das escolas prepara-tórias. Segundo Deodato Neto, administrador da Neon Concur-sos, “os alunos procuram os cur-sos porque ninguém consegue ser bom em tudo. Há a necessi-dade de uma orientação. Existem concursos quem envolvem de 10 a 15 matérias e, além disso, nós estudamos a instituição, seu his-tórico, e avaliamos as matérias de maior peso”.

Uma das discussões que mais divide opiniões acerca do tema é a relação estabilidade financeira/satisfação profissional. É significa-tivo o número de pessoas que se dedicam aos estudos para passar em concurso, apenas pela esta-bilidade que a carreira promete, e não pesam se têm aptidões ou ao menos força de vontade para exercer a função de maneira efi-caz. “Normalmente, quem passa

em concurso não é aquele que pensa: ‘saiu o edital, vou fazer’, faz dois meses de curso e presta. É, geralmente, quem está com a gen-te há mais tempo, nas turmas de dois anos. Só que é lá dentro que ele vai descobrir se tem esse dom necessário para a carreira, ou não”. Deodato ressalta que o futuro fun-cionário público terá um salário óti-mo, segurança profissional, e uma carga horária relativamente leve. “Então, ele acaba descobrindo que vai ser bom pra ele mesmo. É claro que tem um caso ou outro de pes-soas que entraram, não gostaram e prestaram outro concurso.”

Os cursos estão em alta, e é in-teressante que aumente a concor-rência, para que, cada vez mais, os cargos públicos sejam preen-chidos por gente bem capacitada. O esperado é que essa capacita-ção se traduza, cada vez mais, em competência...

BRUNO COELHO

Programas profissionalizantes enriquecem o conhecimento dos jovens e contribuem para as suas carreiras

YURI CARRELO

Promessas de uma carreira tranquila e bem remunerada levam muitas pessoas aos cursos preparatórios

GUILHERME TELÓ

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SEGURANÇA 07CAMPO GRANDE-MS | OUTUBRO - 2008Unifolha

Bombeiros e policiais militares dividem o mesmo espaço, visando sempre, proteger todos os cidadãos

Centro facilita batalha contra o crimecidadãos. “Os telefones 190 e 193 são utilizados somen-te em casos de emergência e, não, para informações. Temos o telefone próprio para estes casos, para que não conges-tione o sistema.” O telefone para informações sobre o CIOPS é: (67) 3318-4500.

Logística Depois de sairmos da área

dos atendentes, fomos à sala ao lado. Nessa, fica o pessoal responsável por encaminhar as viaturas ao local do ocor-rido. Todos possuem compu-tadores, com dois monitores. Um, para receber a ocorrên-cia. No outro, eles buscam a localidade da viatura e do ocorrido em um mapa. Além da preocupação com os acidentes do cotidiano, há o cuidado com a saúde dos funcionários. Eles prati-cam diariamente a ginástica elaboral, ou seja, um alonga-mento de aproximadamente 15 minutos, para evitar do-enças ocupacionais.

Além deste exercício fí-sico, há uma reciclagem com os funcionários. Anu-almente, eles recebem um novo treinamento para se aperfeiçoar no manuseio do sistema. Uma de nossas dúvidas, e que deve ser o questionamento de muitas pessoas, foi esclarecida por Joílson. Se os atendentes fi-cam no mesmo local, como saber se a ligação é para a policia ou bombeiro? “Cada funcionário, seja ele do Cor-po de Bombeiros ou de uma das polícias, tem sua própria senha. Ou seja, quando ele põe sua identificação na má-quina, o sistema automati-camente direciona suas liga-ções para o atendente ou do 190 ou 193”.

Trotes impedem que a ação da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros seja mais rápida, prejudicando, assim, o bom funcionamento do Ciops

Honra e mérito: bombeiro salva vida!RENAN CAMPOSVINÍCIUS PEREIRALUÍS COPPOLA4º SEMESTRE

Além de conhecer a roti-na dos atendentes, ficamos cientes de um caso que nos chamou atenção. O soldado bombeiro militar Tonezi é que nos conta a história. “Era um sábado. A noite estava tranqüila, nenhuma ocorrên-cia grave. Mas, por volta de 2 horas da madrugada, rece-bi uma ligação de uma mo-ça. Ela contava que estavam em um churrasco, e que um amigo estava engasgado com um pedaço de carne”.

Tonezi se lembra que, ime-

diatamente, acionou uma viatura para o local e tentou conversar com a solicitante, buscando acalmá-la e pas-sando instruções para evitar danos à vítima. “O nervo-sismo dela era grande. Em alguns momentos, ela que-ria fazer coisas que eu não havia dito. Depois de alguns instantes, a moça conseguiu ouvir as instruções correta-mente e virou a vítima para que ela não engasgasse”. O caso foi resolvido graças à eficiência de Tonezi.

O tenente-coronel bom-beiro militar, Joílson, nos ex-plica que, em alguns casos, eles certificam no quadro de

avisos o trabalho realizado com sucesso por seus fun-cionários. Ao lado, pudemos conferir a homenagem feita ao soldado Tonezi. “Para al-guns, a gente não fez mais do que a nossa obrigação. Porém, só nós sabemos as dificuldades de como é lidar com casos delicados. Por is-so, gostamos de homenagear quem faz bem o seu papel”, ressalta, Joílson, com um sorriso no rosto. Segundo o soldado Tonezi, isto é uma forma de alavancar o moral dos funcionários. Há casos de atendentes que já chaga-ram até a conduzir um parto por telefone.

Tumulto e calmaria em uma central da PRF

VINICIUS PEREIRA

Quando acionados, a ação dos Bombeiros tem que ser rápida, uma vez que, a vida de muitas pessoas depende deles

PRONTO - ATENDIMENTO

PEDRO ZIMMERMANRAFAEL GORDO4º SEMESTRE

Na vivência realizada na Central da Polícia Rodoviá-ria Federal pudemos presen-ciar toda a rotina de uma tar-de cheia de trabalho de um atendente da Central da PRF. Os policiais Débora e Maria-no foram quem nos recebe-ram e nos passaram todas as informações necessárias pa-ra realização da matéria.

Os atendentes se revezam em dois turnos: dia e noite. Por turno, estão presentes dois atendentes. A Central funciona 24 horas por dia. Lá, eles ficam em uma sala composta por dois telefones

referentes ao 191, mas exis-tem três telefones da própria Central, quatro rádios, um Voip para se comunicarem com outros policiais, além de dois computadores, que é por onde eles conseguem fazer um levantamento de tudo que está acontecendo nas rodovias estaduais e, in-clusive, federais.

Todos eles possuem se-nhas para acessarem a tec-nologia da PRF. Os três prin-cipais sistemas são: de Apre-ensões, Auxiliar de Captura (SAC) e o de Informações de Acidentes. Por meio destes, eles catalogam todos os aci-dentes, têm informações so-bre qualquer cidadão do pa-

ís, possuem dados precisos sobre os automóveis, além de estatísticas sobre ocor-rências.

Assim que entramos na sa-la, por volta das 14h30, o po-licial Mariano recebeu uma ligação sobre um acidente ocorrido próximo à Miran-da, que deixou duas pessoas presas às ferragens. Nesse momento, Débora já passa-va a localização deles para o Corpo de Bombeiros. Um trabalho que requer muita atenção e que, dependendo do dia, pode ser também muito cansativo. Eles nos contaram que já chegaram a receber cerca de 20 cha-madas em apenas um dia.

Enquanto em outros, não receberam contato algum. A média é de cinco chamadas diárias.

A Central é responsável por todas as rodovias esta-duais, auxiliando em casos de furtos, contrabandos, es-tupro e acidentes. Eles man-têm contato com 21 postos e 10 delegacias espalhados por todo o estado de Mato Grosso do Sul e possuem, também, viaturas ao longo de todo o trecho. Mariano e Débora revelaram que, com a implantação da Lei Seca, o índice de acidentes dimi-nui. Mas a maior diferença percebida por ambos foi o maior número de infratores

do trânsito indo parar atrás das grades.

Débora e Mariano traba-lham neste setor há 11 e dois anos, respectivamente, e nos contam que uma das situações mais engraçadas já vividas juntos foi ao re-ceberem trotes de um cida-dão chamado Renato. Dé-bora revela que ele já liga pra Central há uns cinco anos e que, de certa for-ma, acabou emocionando os profissionais de lá, pois, descobriram que ele tem problema mental e é uma pessoa muito sozinha. E que, por isso, começou a ligar para a Central. Ele queria apenas ter com

quem conversar.Além do caso de Re-

nato, Mariano se diverte ao contar histórias sobre trotes passados por crian-ças. Frases recheadas de palavrões saídas de bocas supostamente inocentes despertam gargalhadas.

Já no fim da tarde, Ma-riano colabora com a pes-quisa, revelando dados sobre os acidentes ocor-ridos nas principais rodo-vias do país. Na liderança do ranking das rodovias mais perigosas do esta-do se encontra a BR-163, com 970 acidentes regis-trados até a tarde do dia 30 de agosto de 2008.

VINICIUS PEREIRA

RENAN CAMPOSVINICIUS PEREIRALUIS COPPOLA4º SEMESTRE

Falar de segurança é fácil. Vários são os casos e várias as críticas apresentadas em relação ao trabalho tanto do Corpo de Bombeiros, quanto das polícias Civil e Militar. Nossa função neste espaço é demonstrar como funciona o Centro Integrado de Ope-rações de Segurança (Ciops). É aqui que ficam alojadas as centrais de atendimento de emergência do 190 e 193.

Assim que entramos no prédio, o tenente coronel do Corpo de Bombeiros Mi-litar, Joílson, nos recebeu e foi logo apresentando a área. Chegamos direto ao nosso destino: as centrais de aten-dimento. Quando entramos na sala, já perguntamos co-mo funcionava. “Aqui é on-de ficam os atendentes. Eles recebem a ligação, registram a queixa e já encaminham para o outro setor, que é o responsável por acionar as viaturas que estiverem mais próximas do local da ocor-rência”.

Cada equipe é composta por, aproximadamente, sete atendentes, variando nos ho-rários de pico. Neste caso, a equipe é reforçada. São cinco grupos diários que se reve-zam em três turnos. O tenen-te coronel Joílson informou que são atendidas, em média, 3,5 mil ligações diariamente, sendo 400 para polícia Civil/Militar, 60 para o Corpo de Bombeiros. Mas, infelizmen-te, destas, mil são trotes.

TROTES

O tenente coronel expli-ca com mais detalhes como

são classificados esses tele-fonemas. “Existem dois ti-pos de trotes: o tentado e o consumado. No primeiro, os

atendentes identificam rapi-damente a farsa pelos equí-vocos cometidos pela pessoa que faz a denúncia. Já no

segundo, a viatura chega a averiguar a denúncia feita. Isso atrapalha muito nosso trabalho”.

Além dos trotes, outro fa-tor que atrapalha o cotidia-no dos atendentes é a falta de informação por parte dos

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QUÍMICA - ATLETAS

ESPORTE08 CAMPO GRANDE-MS | OUTUBRO - 2008 Unifolha

BRUNO CHAVESRAUSTER CAMPITELI4º SEMESTRE

Doping é a utilização de qualquer substância ilícita que favorece o desempenho de atletas profissionais. Em curto prazo, traz benefícios satisfatórios, pois, em 90% dos casos, o atleta que não usa tipo algum de substân-cia não obtém bons resulta-dos. Mas, em longo prazo, malefícios são causados à saúde, em função dos efeitos colaterais.

Há 18 anos, no meio es-portivo, o técnico e atleta de natação, Cássio Castro, 26, medalhista nos Jogos Abertos Brasileiros e nos Campeonatos Sul-Brasileiro e Centro-Oeste, afirma que “a maioria dos atletas pra-tica o doping na tentativa de ser o melhor, ganhando mais dinheiro e patrocínio”. Alguns treinadores incenti-vam o doping por causa dos resultados rápidos. Porém,

a satisfação dura pouco, os danos ocasionados ao corpo e à mente do atleta fazem com que ele se afaste do es-porte, caindo na infelicidade de ser descoberto no exame antidoping, perdendo todo o prestígio conquistado de uma vez só.

As modalidades esporti-vas que mais se destacam na questão da prática do uso de substâncias proibidas são as individuais, como atletismo, natação e ciclismo, já que exigem maior desempenho do esportista. Na natação, por exemplo, “a disciplina rigorosa é a característica principal do treinamento”, explica Cássio. Força de von-tade e determinação são al-guns dos quesitos que fazem a diferença aos que desejam alcançar um patamar eleva-do no atletismo, sem utilizar meios desonestos.

Os desportistas que fazem uso de métodos ilícitos co-nhecem as características

das substâncias e, com isso, podem burlar facilmente os testes antidoping. Sabendo o tempo que as substâncias dopantes agem no organis-mo, fazem uso moderado pa-ra estarem “limpos” durante a realização dos exames.

Nas classes das substân-cias mais utilizadas pelos atletas, os agentes anaboli-zantes ou esteróides anabó-licos, compostos derivados do hormônio masculino testoterona, são os preferi-dos em esportes que exigem maior força física. Quando administrados, esses com-postos entram em conta-to com o tecido muscular, aumentando sua capacida-de de expansão. Os anabo-lizantes são utilizados por aqueles que ambicionam um corpo mais musculoso. Cássio conclui que “não se pode pensar a curto pra-zo, não se deve fazer nada que possa prejudicar seu futuro”.

Substâncias se tornam atalho para sucessoBRUNO CHAVESEMANUEL CAIRES4º SEMESTRE

Os atletas profissionais pro-curam substâncias que au-mentem o seu desempenho em busca de dinheiro e fama. Em muitos destes casos, os treinadores também se bene-ficiam do uso do doping.

“Houve um tempo, há dez anos, que era comum. Hoje, somos avessos a isso. Tiramos isso da cabeça dos atletas”, afirma o técnico de muscu-lação, Fábio Marques Deak, sobre o uso de substâncias dopantes.

Para atingir o físico deseja-do, o atleta, em vez de treinar dois anos, consegue o resul-tado em apenas dois meses, usando anabolizantes, por exemplo. Entretanto, esta solução não costuma durar muito tempo, e a utilização em longo prazo pode trazer problemas para a saúde.

Geralmente, é o atleta quem procura orientação do treinador para utilizar algum produto que melhore seu desempenho. Muitas ve-zes, estes produtos contêm substâncias impróprias para

Suplementos alimentares, na maioria das vezes, são confundidos com substâncias consideradas dopantes

DAIANE LIBERO

RAUSTER CAMPITELI

Principais facetas do dopingDAIANE LÍBEROSABRINA LEAL4º SEMESTRE

Muito se divulga na mídia especializada em esportes a respeito do termo “doping”. Mas o que é verdadeiramen-te a inserção de componen-tes artificiais na preparação de um atleta? “A questão do doping é uma condição arti-ficial de rendimento biológi-co. E, quando a gente entra em termos de competição, entramos numa questão éti-ca, porque devemos com-petir em nível de igualdade ambiental, circunstancial, física”, explica o médico cardiologista Luís Ovando, especializado em saúde do atleta.

Ele compara que o uso de doping por um atleta é co-mo colocar um indivíduo de 100 quilos pra lutar com um de 50, sendo que o de menor peso vai, invariavel-mente, levar desvantagem. Segundo artigos especiali-zados, existem vários tipos de substâncias consideradas

Cássio Castro, nadador e técnico, acredita que responsabilidade e otimismo são essenciais para qualquer atleta

Técnico de musculação, Fábio Marques diz que doping é até comum, mas que procura desestimular os alunos a utilizar substâncias proibidas

EMANUEL CAIRES

ção, ou seja, a pessoa perde a noção.”

Os hormônios androgêni-cos, ou anabolizantes, mais conhecidos como “bomba”, também causam alterações perigosas. “Drogas androgê-nicas mexem com o equilí-brio orgânico. O uso de ana-bolizantes, em longo prazo, leva o indivíduo a ter chan-ces de desenvolver câncer nos testículos/ovários/fí-gado, porque sobrecarrega o organismo. Há, também, chances do fígado entrar em falência, quando se usa hormônios em quantidade exagerada”. Ainda existem os estimulantes, como adre-nalina, que aumentam mui-to a capacidade do metabo-lismo.

Luís explica que há ca-sos de doping disfarçado, como o que acontece com atletas de corrida, que cos-tumam tirar uma quanti-dade de sangue antes de ir treinar em grandes altitu-des. Nesses locais, a pouca quantidade de oxigênio faz com que o corpo aumen-

te a produção de sangue. Quando volta para o nível do mar, injeta o sangue. “Isso vai carrear muito oxi-gênio. Essa oferta aumenta o rendimento, e isso você não tem como comprovar. É uma forma de doping, mas em termos éticos, é menos agressivo do que os outros. Mas pode entupir as arté-rias do cérebro ou do cora-ção”.

O que leva um atleta a se sujeitar a isso, mesmo sabendo dos riscos? A con-clusão a que se chega é que a pressão emocional sofrida pelos esportistas tem gran-de parcela de culpa nesse processo. “Tem um aspec-to emotivo, que o leva a se submeter a isso. Eu tenho que ganhar. É um objetivo maior pelo que o atleta vive, a meta final”. Outro ponto que o médico levanta é que mui-tos esportistas são induzidos a tomar certas substâncias, sem o devido esclarecimento. “A busca por resultados arti-ficiais é uma das formas de destruir o corpo”.

o uso dos esportistas.Segundo Deak, existe um

forte preconceito contra as pessoas que são musculosas, como os fisiculturistas. E complementa que o atletismo

é modalidade esportiva com maior índice de atletas “pe-gos” no exame antidoping. Mas, como eles não chamam tanto a atenção por causa de seus músculos, a sociedade

acha que eles não se dopam.A maioria das substân-

cias dopantes é usada para o tratamento médico, sen-do facilmente encontradas em farmácias. Porém, sua

venda se dá somente com receita médica, e a vigilân-cia sanitária fiscaliza seu comércio.

Por não serem vendi-das livremente, não há um

Satisfação imediata, dor-de-cabeça no futuro

doping. Luís Ovando cita quais são as mais utilizadas: psicotrópicos, hormônios e estimulantes. “Psicotrópicos

aumentam consideravel-mente a capacidade mental e, por conseguinte, a capaci-dade física. A pessoa perde

o senso do cansaço. Isso le-va a uma série de alterações, como pressão alta, arritmia, estímulo exagerado do cora-

“controle de qualidade” sobre estas substâncias. As pessoas as compram em meios alternativos, no mer-cado negro, na internet, por exemplo. Por isso, existe muita falsificação. “O cara nem sabe o que está toman-do”, alerta Fábio.

Os treinadores, na maio-ria das vezes, sabem quan-do os atletas fazem uso de substâncias dopantes, e, algumas vezes, até influen-ciam, pois o atleta “subin-do” na carreira, ele “sobe” junto. Com isso, vem di-nheiro, fama e contratos publicitários. Mas, Fábio, quando percebe um aluno usando, tenta desestimu-lá-lo, alertando sobre pos-síveis malefícios à saúde. No entanto, nem sempre é ouvido.

O esporte perde sua razão quando o atleta usa mais do que sua natureza lhe pro-porcionou para ganhar uma prova. “Eu acho ruim o que vemos hoje em Olimpíadas. Nem sabemos se é real, ver-dadeiro. Não temos como saber, fica algo meio falso”, completa Deak.

Page 9: Etanol a que preço? - Uniderp

Mais informação, muito

mais entretenimento

SAÚDE

O HPV, os cânceres de pele e de próstata têm tratamento, mas precisam de um diagnóstico pre-coce para obter a cura.

Página 11

CAMPO GRANDE-MS | OUTUBRO - 2008

Cultura à comunidade

ALINE ARANDAFABIANO PASCHOALOTTO CAROLINE QUEIROZENTREVISTA

O Juiz Dorival Moreira dos Santos conta como o Direito pode ser mais humano e cumprir o seu papel social.

Página 15

COMPORTAMENTO

Crianças não se intimi-dam com os avanços do mundo virtual e mostram que desde cedo dominam esses recursos. Página 16

WAGNER JEAN

ALINE LEQUEWAGNER JEAN4º SEMESTRE

Reunir um grupo de amigos é motivo suficiente para se criar um evento cultural. E, dessa forma, no início desse ano, começou a ser re-alizado o Sarau dos Amigos, que acontece na última quinta-feira de cada mês, no bairro Universitá-rio. O sarau ocorre nos fundos de uma casa, o que possibilita uma maior confraternização entre os participantes.

Porém, o Sarau dos Amigos tem por característica não só reunir companheiros para apreciar di-versas manifestações culturais, mas, também, desenvolver pro-jetos que ajudem de alguma for-ma o melhoramento das condi-ções de vida da região do bairro Universitário e da sociedade, de um modo geral. Para isso, al-guns projetos já foram lançados no sarau, tais como, o Passos, uma campanha de conscienti-zação, que consistiu em pintar pegadas no chão com frases que compõem a carta da Organiza-ção das Nações Unidas (ONU),

com oito maneiras de mudar o mundo.

A entrada para o sarau é um quilo de alimento não-perecí-vel, que é doado para as obras sociais dos Vicentinos, um gru-po da Igreja Católica que acom-panha a realidade de várias fa-mílias de baixa renda. Além de proporcionar à população do bairro um movimento cultural alternativo, o sarau doa alimen-tos a quem precisa. Segundo os organizadores, cerca de 900 qui-los já foram doados.

As apresentações ficam por conta de quem aparece por lá. “Normalmente, as atrações pro-curam os produtores. Já está di-vulgado o telefone na imprensa, e eles ligam para agendar par-ticipação. Mas, também, deixa-mos espaço reservado para atra-ções que chegam no horário do sarau, sem avisar”, explica Elâ-nio Rodrigues, um dos produ-tores. Em uma mesma edição, o evento já reuniu por volta de 270 pessoas.

Mais que um encontro de ami-gos, a idéia é aproximar artistas de

todos os gêneros, promover essa “mistura artística” para os mora-dores da região. Além das apresen-tações musicais, várias exposições já foram montadas no sarau, e en-tre as mais curiosas, estão as de facas artesanais e as de máquinas de datilografia e telégrafos. Estas coleções pertencem a moradores do bairro.

Despertar talentos da co-munidade e apreciar artistas consagrados, é sem dúvida, o maior objetivo do sarau, que pode surpreender até mesmo os organizadores. “Me emocio-nei muito quando o músico Zé Pretim apareceu no Sarau dos Amigos. Ele mora na região, e eu nem sabia. Foi ao encon-tro e, agora, vai sempre”, re-lembra Elânio. Em suas apre-sentações, Zé Pretim sempre mostrou pleno domínio sobre o público. “Quando ele pega a guitarra, é nítido o respeito e a atenção que a platéia tem com ele”. E, assim, segue o sa-rau, reunindo e descobrindo novos talentos.

MÁRI GARCIAWILL SOARES4º SEMESTRE

Sarau: festa literária noturna, especialmente, em casas particu-lares. “Tudo começou na rua 13 de Maio, quando eu morava perto da Ordem dos Músicos. Era pro-curado por muitas pessoas para falar sobre a Ordem”. O nome Sarau do Zé Geral surgiu quando a quarta-feira foi escolhida como dia para o encontro de músicos, artistas plásticos e de cinema, sendo que o primeiro aconteceu no dia 29 de janeiro de 1997.

José Geraldo Ferreira, conheci-do, popularmente, por Zé Geral, é o responsável pela organização do sarau, que, oficialmente, exis-te há 11 anos. A música entrou na sua vida, ouvindo sua mãe cantar, enquanto lavava roupas.

“A vida do músico e do sarau é cheia de altos e baixos. No come-ço, comprava cerveja no merca-do, e não ia ninguém, os músicos bebiam tudo. Bastou uma denún-cia de vizinhos para começarem os problemas”.

O Sarau do Zé Geral mudou de local várias vezes. “Eu não que-ro ficar mudando, são ocasiões. Quando era na Ferroviária, pes-soas usavam drogas ao redor, O sarau ficou mal falado e o aluguel também era muito caro”. Zé rela-ta que, às vezes, a conta de ener-gia e o aluguel ficam atrasados, mas não reclama. “Prefiro ganhar pouco cantando, do que fazer ou-tra coisa. Não abri para ganhar dinheiro. Surgiu naturalmente. Quando quero levantar meu ego, penso que sou importante para a cultura do estado”.

Amigos na noite

Bibi do Cavaco deixa composições “fluírem”

VANESSA MENEZES 4º SEMESTRE

“Clube da Luluzinha”. Esta foi a forma dos amigos batizarem as reu-niões das quais muitos não podiam participar. Daí, surgiu a idéia de criar um sarau, com uma diferença, porém: enfocar o rústico, o caipira da música sertaneja que encanta pelas melodias, sempre presentes em suas letras. O Sarau Sertanejo da “Patrícia e Adriana” reúne fa-mosos reconhecidos pelo público, anônimos que buscam um chance e pessoas que apreciam a música.

Segundo a empresária da dupla Patrícia e Adriana, Renata Noguei-ra, entre os objetivos do sarau está o de “relembrar a época da ‘4.000’, um bar de voz e violão, onde diver-sas pessoas podiam mostrar o seu trabalho”. A entrada cobrada é qua-

se simbólica, serve somente para cobrir a despesa com funcionários. “Ninguém ganha nada por se apre-sentar. No sarau, não existe concor-rência, nem um é melhor que o ou-tro. Somos todos iguais”, considera Patrícia. Buscam provar, mais uma vez, que o sertanejo é uma grande família.

Quem freqüenta o local pode ter oportunidade de estar bem próxi-mo de seu ídolo. O protético José Aparecido Ferreira de Souza, que acompanha a dupla há 10 anos, prestigia o sarau desde o início. Pa-ra ele “é um local bem familiar e sossegado, onde o artista atende a cada um. Completamente diferente da agitação de um show”.

Em apenas oito meses de apre-sentações, o sarau já conseguiu reunir um público de 500 pessoas em uma única noite. Renata afir-

ma, ainda, que, se fosse divulgado pela mídia, o evento não perderia o significado de reunião de amigos. “Pelo contrário, seria uma forma de fazer com que cada vez mais pes-soas prestigiassem os artistas regio-nais”.

As atrações vão surgindo. É só chegar e dizer que veio cantar. Tu-do acontece na mesma noite, não existe agenda, ou qualquer outra burocracia. O projeto, que parou no mês de setembro para reforma, retorna ainda este ano. É uma boa opção para quem busca música sertaneja antiga e atual, de quali-dade, na voz de quem canta com a alma e carrega, além de seus ins-trumentos, o sonho do reconheci-mento.

Música sertaneja cria novo estilo de sarau

WAGNER JEAN

Quando Zé Pretim pega sua guitarra, é explícito o domínio que o músico tem sobre o público

PRISCILA BARBIÉRI

Paixão pela música e o desejo do reconhecimento cada vez maior são o que movem a dupla

Desde a primeira quarta-feira do sarau, Zé dedica a noite para alguma personalidade. “Durante as Olimpíadas de Pequim, dedi-quei um dia para os atletas bra-sileiros”. Questionado sobre o re-gistro da patente “sarau”, ele nos diz que não oficializou a marca, pois o sarau é de domínio públi-co. “Tenho muito orgulho de ter sido o primeiro a fazer o sarau aqui, em Campo Grande. Hoje, já existem vários”.

Lugar simples e singelo, com algumas cadeiras organizadas em roda, com pouca iluminação. O palco para a apresentação dos músicos fica localizado no fundo de um enorme corredor com te-las de pinturas nas paredes e no chão, as quais foram doadas por artistas que fazem suas exposi-ções no local. O endereço atual,

depois de dez mudanças, é a rua Pedro Celestino, 853, no centro da capital.

O local é mais freqüentado por universitários, mas tem um público eclético, com idades va-riadas, de quem conhece e gosta da música “além de terem acom-panhado a nossa trajetória”. O maior público reunido no sarau foi no verão do ano de 2000, com a marca de 1015 pessoas, quando era realizado na rua 13 de Maio.

Hoje, os equipamentos são próprios. Antigamente, era tudo alugado. “Tinha noite que não fa-zíamos nem para pagar o som”. Zé Geral almeja um sonho, uma perspectiva e um projeto de vida que não pode revelar. “Tenho or-gulho do meu trabalho. A músi-ca sul-mato-grossense contribuiu muito para a minha formação”. Espaço reservado para eventos culturais

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INFORMÁTICA – CONSUMO

CIÊNCIAS & TECNOLOGIA10 CAMPO GRANDE-MS | OUTUBRO - 2008 Unifolha

Mesmo produzidas por um único fabricante, peças, como os processadores, podem ter categorias diferentes

Especialista alerta sobre configuraçõesROBERTO BELINI4º SEMESTRE

Quem tem computador em casa, necessita de orientação especializada. O Unifolha foi até uma empresa de manu-tenção de Campo Grande. No estabelecimento, são rece-bidos, por dia, cerca de dez computadores. O chefe do la-boratório é Agilson Reis. Há cinco anos, ele trabalha co-mo técnico em informática.

Os usuários de computado-res domésticos representam, aproximadamente, 30% dos clientes da loja. Para Reis, os computadores à venda, hoje, vão atender às necessidades de quem precisa do equipa-mento só para fazer trabalhos escolares, acessar a internet ou trocar mensagens.

Mas, essas máquinas não vêm com placa de vídeo off-board, que é um dispositivo para deixar as operações, como jogos “pesados”, mais rápidas. É aí que o serviço de um técnico é fundamental.

O cliente pode encomendar uma configuração que seja adequada ao seu desejo.

CARACTERÍSTICAS

Um dos componentes que dão velocidade para o equi-pamento é o processador. “Existem muitos computado-res que trabalham com a se-gunda linha de processador”. Reis revela que uma mesma marca fabrica duas qualida-des desse produto. Por isso, deve-se verificar não apenas o nome do fabricante, mas a categoria da peça.

De acordo com o técnico, muitos dos clientes têm pro-blemas com vírus. “Indepen-dentemente do anti-vírus, o risco você corre.” Ele infor-ma que o ideal é instalar o sistema operacional tradicio-nal e um programa anti-vírus free, que é grátis. O especia-lista também faz afirmações a respeito de promoções que são, aparentemente, vanta-josas. “No caso do usuário doméstico, que é leigo, ele

“Falsos” técnicos vivem de mentirasBRUNA GALINAKLÍCIA MAGALHÃES4º SEMESTRE

A tecnologia tem nos aju-dado muito ao longo dos anos. Na Medicina, no tra-balho, em todos os tipos de estudos, ela tem sido uma forte aliada. O problema é que pode nos trazer alguns transtornos, se não enten-dermos muito bem do as-sunto. Como no caso de G.M., um rapaz de 22 anos que foi enganado por um técnico de computadores, durante um bom tempo.

A fonte não quis se iden-tificar por questões pesso-ais, mas nos contou como foi lesado e aprendeu a li-dar com esse tipo de golpe. Quando seu computador estragava, G.M. sempre chamava o mesmo técni-co que, se aproveitando de

sua inexperiência, dizia, toda vez, que uma peça estava queimada, e que ele precisaria comprar uma outra. Mas, na verdade, o computador precisava ape-nas ser configurado.

Como G.M. não sabia que estava sendo ludibria-do, comprava a peça que o golpista havia pedido e deixava a antiga, que não tinha problema algum, com o espertinho. Este, além de ficar com a peça boa para revender, lhe co-brava a mão de obra, sem nunca entregar uma nota fiscal.

Isso aconteceu algumas vezes, até que o tio de G.M., que já havia traba-lhado como técnico há al-gum tempo, comentou que esse tipo de golpe estava ocorrendo com freqüência,

e deu-lhe alguns toques. Ao descobrir a farsa, ele ficou decepcionado, mas não tinha o que fazer, já que não havia provas con-tra o falso técnico.

Porém, agora, ele segue al-gumas recomendações, para que isso não se repita, como pedir nota fiscal para todo serviço que lhe é prestado. Ao notar que sua máquina está com algum defeito, G.M. pede opinião de pessoas mais experientes que enten-dam do assunto, e não aceita mais o primeiro diagnóstico que lhe passam.

Embora a tecnologia te-nha ficado cada vez mais avançada, é muito impor-tante que saibamos lidar com ela, seja para nosso próprio desenvolvimento ou para não sermos passa-dos para trás.

Até onde vale a pena aproveitar as promoções?EVELYN IBRAHIMTHALITA NOGUEIRA 4º SEMESTRE

Que as condições ofere-cidas pelo mercado estão favoráveis, não há dúvida. Notebooks em promoção, parcelas de até 12 vezes, sem juros, são as propostas tentadoras que o consumi-dor pode encontrar. Mas, de acordo com um levantamen-to informal do Unifolha, os preços variam de R$ 800 até R$ 3,5 mil. Aos que não pos-suírem o dinheiro à vista, pode-se parcelar de três a 12 vezes o preço.

Segundo a chamada Lei do Bem, de 2005, que barateou em 9,24% o preço do perso-nal computer (PC), os con-sumidores terão as mesmas condições oferecidas para os desktops computers, que seria o computador conven-cional, de mesa, porém com mais benefícios e facilidade de pagamento.

Várias lojas da capital ofe-recem semanas repletas de promoções, e o que o con-sumidor mais leva, segun-do vendedores, são os note-books. Marco Antônio Ca-bral, 24 anos, é proprietário de um computador portátil,

comprado em uma promo-ção em empresa de grande nível no mercado consumi-dor.

Ele diz que já virou neces-sidade ter de usar um, tanto como ferramenta de trabalho quanto para o uso pessoal. “É imprescindível o acesso às informações em qualquer lugar”. Apesar deste ter sido adquirido na pressa e na cor-reria, Marco destaca que não se arrepende de sua compra, pois possui conhecimentos de informática e, em ques-tão de minutos, pesquisou e se informou sobre a marca e a qualidade do produto.

Marco Antônio alega que comprou o produto só porque estava com um óti-mo preço e pelas diversas opções de pagamento que lhe foram propostas. No entanto, assim que efetuou a compra, teve de enviar a um técnico para que o no-tebook fosse formatado e trocado, pois o sistema que estava instalado na máquina original, o Linux não era o que é normalmente usado e encontrado em todos os ou-tros, o Windows.

Mesmo sabendo de futu-ros gastos por fora, Marco

alega que jamais conseguiria comprar um equipamento desta qualidade com o mes-mo preço e com as opções que um sistema diferente proporcionaria. Neste caso, a diferença poderia chegar até a mil reais.

O consumidor, quando for escolher o modelo, deve ficar atento e não se deixar levar apenas pela aparên-cia, observando, também, a duração de bateria, peso, e a qualidade do produto. De-ve, ainda, se policiar com as mudanças de tecnologia que estão ocorrendo durante o ano. E, também, ao adqui-rir produtos em promoção, procurar aqueles oferecidos por empresas fixas e sólidas no mercado, que disponibi-lizem uma boa garantia nas peças e assistência técnica. Tudo para que não haja fu-turos gastos com manuten-ções.

É fato que o notebook, no futuro, funcionará como um celular. Todos terão a opor-tunidade de andar com um, pelas ruas. Porém, como di-ria um velho ditado, de Pu-blilius Syrus, em I a.C. “as coisas valem o que o cliente está disposto a pagar.”

Consumidores saem a procura de computadores em liquidação, sem analisar as configurações básicas

ROBERTO BELINI se sente, sim, enganado. Às vezes, ele quer voltar na loja para trocar por outro.”

DIFERENCIAIS

Os notebooks, que são os computadores portáteis, tam-bém estão mais baratos. Con-forme Reis, a mobilidade é uma vantagem do laptop. Mas o preço de manutenção dele é consideravelmente maior do que a de um computador de mesa desktop. Para quem tem computador em casa, há uma configuração ideal apresen-tada pelo especialista. Uma memória com capacidade de 1 Giga, HD de 120 Giga e o processador convencional.

O sistema operacional uti-lizado por 90% dos usuários não é mais fornecido. “Os que vendem na loja dificil-mente vão atender o que o usuário doméstico precisa. Ele, talvez, não ficará com o sistema operacional que veio no computador”. Mas o con-sumidor pode instalá-lo em uma assistência qualificada.

MANUTENÇÃO

Comprar computadores em lojas especializadas em montagem, pode fazer com que a máquina fique personalizada

“Falsos” técnicos substituem peças novas por usadas em manutenções, além de cobrar pelo serviço

ROBERTO BELINI

ROBERTO BELINI

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SAÚDE 11CAMPO GRANDE-MS | OUTUBRO - 2008Unifolha

HPV: altos índices de transmissão e de desconhecimentoMARIA CECÍLIA DE BARROSFABIANO PASCHOALOTTO4º SEMESTRE

O HPV já lidera o ranking das doenças sexualmente transmissíveis. Mas, mesmo assim, continua sendo uma infecção desconhecida de muitos. Trata-se de um ví-rus que pode se manifestar tanto em homens quanto em mulheres, que vive na pele e nas mucosas genitais (va-gina, ânus e pênis). Pode se apresentar de duas formas: como verrugas ou microscó-pica, tornando impossível

diagnosticar a doença, sem exame específico. No caso das mulheres, o “papanico-lau” é o exame regularmente aplicado pelos ginecologis-tas.

Na maioria dos casos, o HPV se cura, mesmo antes do paciente ser medicado. Nos homens, isso ocorre com mais freqüência. Por is-so, muitas vezes, a mulher é diagnosticada, mas seu parceiro já não apresenta o vírus.

Para a médica ginecolo-gista Maria Eugênia Faria,

é importante recomendar a consulta regular das mu-lheres. “O HPV atinge, em sua maioria, mulheres entre 14 e 26 anos. Nesta idade, muitas vezes, o corpo não apresenta sintoma algum, e a mulher deixa de fazer um check up”, alerta. Acaba, desta forma, desenvolvendo o vírus que está oculto. “Nos casos de lesão interna da va-gina, é quando temos gran-des chances de desencadear um câncer de colo de útero”, explica Maria Eugênia.

Hoje, já esta disponível a

Na Unidade Básica de Saúde Albino Coimbra Filho, as quintas-feiras são reservadas para o diagnótico das pacientes

MARIA CECÍLIA DE BARROS

Pele: antes previnir do que operarGISLAINE GIRONDEPAULA REIS4º SEMESTRE

Campo Grande é conheci-da como capital Morena e, ultimamente, pelo sol forte, bom para deixar o bronzea-do impecável. Aí está o pe-rigo. Muita gente se esquece de usar o filtro solar... Isso pode trazer sérias conse-qüências, como o câncer de pele.

Luciano Kivel, coorde-nador de vendas, conta que percebeu uma mancha em seu braço, mas achava que era um machucado. Com o passar dos dias, notou que nunca sarava. Foi aí que pro-curou um dermatologista.

O especialista examinou a pele como um todo e de-tectou o câncer em uma mi-núscula região do seu braço. Kível passará por uma cirur-gia, que será uma espécie de raspagem, para remover o câncer. Ele conta que por ter a pele clara, ficava mais vulnerável à doença.

Na maioria dos casos, o câncer de pele atinge pesso-

as de cor alva. Aliás, quanto mais clara a tez, mais riscos a pessoa tem de contrair a doença. Isso explica o fa-to de Santa Catarina ter o maior índice de pessoas com esta enfermidade.

Existem três tipos de cân-cer de pele. O carcimoma basocelular é menos grave e mais freqüente em pessoas acima dos 40 anos, devido ao acúmulo da exposição solar. O carcinoma espinoce-lular é causado pela exposi-ção sem proteção ao sol, e o melanoma é o mais perigo-so. Neste último, ele aparece como uma pinta escura que vai se deformando. Se não for descoberto no início, já não há mais cura. Ele mata 100% das pessoas que não o descobrem precocemente.

Por isso, é importante es-tar atento a lesões que apa-recem de forma repentina e aumentam rapidamente, afirma Júlia Menegazzo Mo-reira, médica formada pela Uniderp. Ela atende no PSF Marabá e encaminha ao der-matologista pacientes com

lesões julgadas “suspeitas”.Quando o câncer é desco-

berto no início, o tumor é re-tirado com uma simples in-cisão cirúrgica. Mas, quando a pessoa não dá atenção aos possíveis sinais da doença, a cirurgia pode ser um pou-co mais complexa, explica a médica.

Luiz Carlos, 28 anos, ge-rente de compras, relata que há dois anos surgiu uma mancha bem estranha, pró-xima ao nariz. Ele conta que sabe que pode estar com câncer, por ter a pele clara e a mancha ter aumentado. Mas, ainda não procurou um pro-fissional, por falta de tempo.

Quem já teve a doença sa-be que não basta fazer a ci-rurgia para estar imune. Se não tomar cuidados básicos, como o uso do filtro solar e evitar exposição ao sol em horários mais críticos, está vulnerável a contrair o cân-cer outras vezes.

Elizabeth Volkopf, 46 anos, comerciante, teve câncer de pele duas vezes. Ela conta que não fica muito exposta

ao sol e sempre passa prote-tor solar. O primeiro câncer surgiu no pescoço. Era uma mancha que sangrava, conta Elizabeth.

Não pensava que poderia ser câncer, mas, incomodada com a mancha e, por ser uma mulher vaidosa, foi procurar um dermatologista. Ficou surpresa com o diagnóstico, pois não esperava que uma pequena mancha próxima ao nariz também fosse câncer de pele.

Elizabeth passou pela cirur-gia para a remoção dos tumo-res no mesmo dia. Ela também relata que procurou o médico por razão estética. Não pen-sava que a consulta resultaria em cirurgia. Ela afirma que continua se cuidando e está sempre atenta aos sinais.

Mas, ninguém precisa se alarmar e chegar a não sair mais de casa com medo do sol. Ele nos propicia muitos benefícios. Basta aproveitá-lo com responsabilidade. Afinal, filtro solar, chapéu e bom-senso, não fazem mal a ninguém.

MARIANA BIANCHI4º SEMESTRE

Saber exatamente quando um câncer vai acometer um ente querido (ou mesmo vo-cê), já não é tão impossível assim. Existem técnicas de mapeamento genético que podem prever se e quando teríamos uma doença. Mato Grosso do Sul tem um dos maiores índices de câncer de próstata do Brasil, 60,88 homens para cada 100 mil.

Fabrício Colacino, 28 anos, oncologista-cirurgião, expli-ca o que é a próstata. “É um pequeno órgão genital entre o reto e a bexiga com função hormonal. Quer dizer, ela controla o ciclo hormonal masculino”. Segundo ele, o câncer ocorre pelos intensos bombardeios hormonais que a próstata sofre ao longo da vida. Lá, fica uma ferida que o próprio organismo não con-segue curar. Daí, o câncer.

O médico frisa a grande importância dos exames feitos previamente, como o toque. Há muitas piadas so-bre ele, e sua imagem está um pouco denegrida. Con-tudo, ele ainda é o princi-pal responsável por detec-tar a doença.

Como tratamento, existem a hormonioterapia, radiote-rapia e cirurgia. A hormo-nioterapia tira de circulação do organismo os hormônios que estão causando o tumor. A radioterapia utiliza-se de radiação para bloquear a próstata, e a cirurgia é a reti-rada do órgão genital.

Uma grande polêmica que gira em torno da cirurgia da próstata é a provável impo-tência. Há 40% de chance de que isso aconteça. Porém, existem alternativas, como a prótese peniana e medica-mentos.

Mas, mesmo assim, a pa-lavra “câncer” causa tan-to espanto que, às vezes, o que mata não é a doença, mas o medo. Bem, isso não se aplica a todos. Com três filhos, 83 anos e uma ener-gia de dar inveja a qualquer jovem, Alvino Accetturi dá um show de bom humor e força. Esse mineiro mora em Campo Grande, há 38 anos. Foi bancário por 35 e manteve uma imobiliária por mais 31 anos. Em meio a lembranças, piadas e au-las de Matemática para uma jornalista (como fazer o “no-ve vezes fora”), seu Alvino conta de um câncer que tra-

ta com hormonioterapia há três anos, combinado com a radioterapia. Tudo de graça, pelo Hospital do Câncer de Campo Grande.

Aos 80 anos, foi fazer o check up, e lá estava o tu-mor. “Os homens têm ver-gonha de fazer o exame do toque, mas isso é pura ig-norância”, destaca Alvino. O exame foi feito e foi de fundamental importância. O PSA é um ingrediente do sêmen, que, se detectado em valor maior que o normal, po-de ser um sinal de câncer na próstata. Esse exame é feito pelo sangue, e Alvino também o fez. Aliás, ele fez tudo que os médicos pediram e colabo-rou prontamente.

Espírita, acredita que, da-qui, nada se leva: nem dinhei-ro, casa, carro, muito menos o corpo. Sua esposa, Ginete, também já teve câncer e, ho-je, trata de uma insuficiência cardiovascular. Até hoje, faz a quimioterapia uma vez ao mês, e seu PSA que, quando detectado o câncer, estava em oito, está hoje a 0,24. Uma vi-tória, com certeza, para esse homem que sabe o que quer, mas não sabe o que o aguarda do outro lado.

GISLAINE GIRONDE

Câncer de pele pode ser maléfico; porém, a cirurgia é rápida e eficaz

A importância de um toque sem preconceito

Alvino soube a hora certa de procurar ajuda médica e, hoje, vive com tranquilidade, apesar do tratamento

MARIANA BIANCHI

vacina que previne a mulher contra quatro tipos do HPV: 16, 18, 6 e 11. Os dois pri-meiros (estão relacionados ao câncer de colo de útero) são responsáveis por 94% dos casos. Porém, a vacina é cara. Em Campo Grande

o valor, em média, é de R$ 443 a dose, sendo que o tra-tamento requer três.

Quando diagnosticado prontamente, o HPV não causa conseqüências mais graves. Seu tratamento é ba-sicamente a retirada da par-

te lesada, operação que pode ser feita a laser, cauterização, entre outros tratamentos. O cuidado com o corpo e a vi-sita regular ao médico são as melhores receitas, tanto para a prevenção quanto para um diagnóstico pronto.

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CANA-DE-AÇÚCAR - ALTERNATIVAS

RURAL12 CAMPO GRANDE-MS | OUTUBRO - 2008 Unifolha

MS é promessa para o etanolLIANA FEITOSARAFAELA ALVES4° SEMESTRE

Como nova alternativa de combustível menos po-luente, não esgotável e que pode ser opção para países dependentes do petróleo, o etanol tem se destacado no mercado nacional e in-ternacional. Países como a Suécia, fecharam contrato com empresas brasileiras que já exportam o produto. Para Mato Grosso do Sul, as expectativas também são positivas.

Segundo o gerente do Sindicato da Indústria da Fabricação do Açúcar e do Álcool do Estado de Mato Grosso do Sul (Sin-dal/MS), Paulo Aurélio, as expectativas atuais são de uma colheita que supere a de 2007. Isso já para a sa-fra 2008/2008, que está em curso. “Esta safra deve ser 49% superior à passada. Devemos passar de 15 mi-lhões de toneladas para 22 milhões de cana a ser mo-ída. A produção de açúcar deve chegar a 800 mil tone-ladas e o álcool a, aproxi-madamente, 1,3 bilhões”.

Com tanta produção, Mato Grosso do Sul ga-

nha com a diversificação da economia em relação aos produtos aqui cultiva-dos. Assim, o estado acaba “saindo do ‘binômio’ gado e soja, para uma economia mais diversificada”.

Além disso, já acontece no estado a ocupação de pastagens improdutivas antes utilizadas para pecu-ária. Como a terra encon-tra-se degradada, a cultura da cana é implantada co-mo opção para o produtor, evitando, até mesmo, a in-vasão de terras férteis ou preservadas por lei, para essa finalidade. As áreas produtivas utilizadas para o plantio de cana são, se-gundo o gerente, apenas 2% do total das terras usa-das para todas as formas de agricultura no Brasil.

DADOS De acordo com levanta-

mentos da Secretaria do Estado de Desenvolvimen-to Agrário, de Produção, da Indústria, do Comércio e do Turismo de Mato Gros-so do Sul (Seprotur/MS), há na região, aproximada-mente 10 milhões de hec-tares de pastagem degrada-

Vantagens e desvantagens do biocombustívelWESLEY ANTÔNIO 4° SEMESTRE

Por possuir melhores con-dições geográficas, climáti-cas, culturais, econômicas e tecnológicas, o Brasil tem tudo para se destacar e lide-rar a produção de etanol, co-nhecido mundialmente como álcool combustível. Hoje, são utilizados, no mundo, 600 bilhões de litros de combus-tível ao ano. O consumo de biocombustivel é algo em torno de 60 bilhões de litros, apenas 10% da demanda mundial.

Alguns fatores que dificul-tam a produção de biocom-bustível são a exigência da ocupação de grandes áreas para a plantação de cana, ir-rigação e o uso de produtos químicos. Além disso, não houve um acordo para a pa-dronização do etanol. En-quanto, no Brasil, se produz

etanol de cana; nos Estados Unidos, se usa o milho.

A grande vantagem que o biocombustível tem sobre o petróleo é a menor porcen-tagem de poluição. O etanol produz dez vezes menos CO2 que o combustível normal, e isso se deve ao fato de que o hidrogênio líquido e a eletri-cidade produzida pelas bate-rias não produzem poluentes. Mas, por sua vez, a produção de hidrogênio exige gasto de eletricidade e requer queima de carvão e petróleo em ter-melétricas. É este processo que produz mais CO2.

Graça às boas condições que o Brasil possui para a produção de cana, o governo tem grandes esperanças em relação ao biocombustível e afirma, por meio de técnicos especializados, que isso não afetará a produção de alimen-tos, principal medo da popu-lação.

Fiscalização nos canaviais sofre dificuldadesALYNNE ZANCANELLI ROSÁLIA PRATA4° SEMESTRE

O setor sucroalcooleiro em Mato Grosso do Sul é o segun-do maior em produção do país. O estado apresenta um grande volume de produção, que, fu-turamente, pode acabar com a mão-de-obra, devido à meca-nização.

Conforme explica o chefe da Seção de Inspeção do Traba-lho do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Antônio Maria Parron, a mão de obra é, atualmente, contratada pelas próprias indústrias, existindo casos em que as usinas fazem acordos com empresas, tercei-rizando o serviço. Trata-se do famoso “gato”, quando os tra-balhadores contratados ficam sem receber, pois os usineiros já pagaram pela mão-de-obra, pela qual a empresa responsá-vel de repassar esse dinheiro não efetuou o pagamento.

Em sua maioria, os trabalha-dores são nordestinos, indíge-

nas e alguns imigrantes que vivem ilegalmente no estado. Parron diz que as principais re-clamações dos operários são os preços do corte da cana, pois não correspondem às espec-tativas dos trabalhadores. Só neste ano, três greves foram realizadas no estado, causando repercussão, principalmente, nas regiões em que os trabalha-dores são contratados, deixan-do Mato Grosso do Sul com pouca mão-de-obra.

No estado, atuam 49 audi-tores fiscais, mas, de acordo com Antônio Parron, apenas seis trabalham na fiscalização rural. E, somente três são en-carregados de fiscalizar essas plantações. Devido à falta de auditores, está sendo formado um grupo móvel, parceria com Cuiabá-MT, que trará três no-vos responsáveis para Campo Grande.

Nas fiscalizações realiza-das, são encontradas, princi-palmente, irregularidades de indústrias reincidentes. Essas anormalidades são, geralmen-

BRAZ ANTONIO DE MELO

LIANA FEITOSA

Gerente-Executivo do Sindal/MS: Cana-de-açúcar migra para áreas que não produzem mais que 0,6 cabeças de gado por hectare

WESLEY ANTÔNIO

Consumo de biocombustíveis é em torno de 10% da demanda mundial, apesar do etanol produzir dez vezes menos CO2 que o combustível convencional

Cortadores de cana-de-açúcar estão sofrendo com a falta de melhores condições de trabalho e moradia no estado

te, de moradia, local próprio para o almoço, falta da água para o banho e consumo pró-prio, além de deficiência de transporte e saúde.

Essas fiscalizações são reali-zadas a partir de um planeja-mento, que vem de Brasília, ou seja, nem sempre surgindo no ritmo das denúncias. Os fiscais devem ser muito caute-losos na hora de diagnosticar as condições “consideradas degradantes”, para que não sejam forjadas, alerta Antônio Parron. Houve casos de greves em que trabalhadores forjaram a situação de moradia, pois não estavam satisfeitos com a remuneração.

Após detectado o proble-ma, a MTE vai com a Polícia Federal e verifica se todos os trabalhadores estão devida-mente contratados. Em caso de irregularidade, a usina é força-da a dar a recisão indireta aos funcionários, fazer o acerto e, ainda, pagar os seis meses de seguro-desemprego.

da. Porém, a cana-de-açúcar deve ocupar no futuro, após sua implantação completa, cerca de 1 milhão de hecta-res - o que significa apenas 10% da área total ocupada com pastagens. Para Paulo

Aurélio, o número é peque-no se comparado a outros produtos cultivados na re-gião.

O etanol é, então, uma op-ção promissora para o estado, no que diz respeito à produ-

ção de energia, uma vez que o mercado externo busca, atual-mente, alternativas que fujam da dependência do petróleo.

Paulo Aurélio esclarece ainda que, ao contrário dos Estados Unidos, o etanol

brasileiro, derivado da cana-de-açúcar, tem um custo bem menor que o biocombustível norte-americano, o que gera, in-clusive, polêmicas sobre o combustível. Pesqui-sadores de organizações não-governamentais (On-gs) que lutam contra a fo-me mundial, alertam para os perigos do crescente cultivo de novas alter-nativas energéticas como ponte para o aumento da escassez de alimentos no mundo, gerando mais de-sequilíbrio social entre os países. “O que acontece é que, nos EUA, o álcool é produzido com milho, e a um custo absurdo, tendo que ser subsidiado pelo governo. Lá, para aumen-tar a produção de etanol de milho, é preciso deixar de plantar alimentos, o que não acontece aqui”.

Mesmo São Paulo sen-do maior produtor de cana do país, os estados de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul são promessas de destaque na produção do etanol brasileiro, movimentando o mercado nacional.

Page 13: Etanol a que preço? - Uniderp

POLUIÇÃO - MODERNIDADE

Em meio a condições desumanas, coletores trabalham noite e dia para garantir o sustento da família

Lixão: fonte de renda e problemas ambientais

MEIO AMBIENTE

ISABELA FERREIRATHARY DURIGON4º SEMESTRE

Você sabe qual é o desti-no do seu lixo? Além de ir para o lixão, tudo o que não é aproveitado na sua casa pode ter valor para outras pessoas. Em meio às monta-nhas de dejetos que caracte-rizam o lixão, cerca de 300 pessoas se revezam noite e dia como coletores. Ali, eles garantem sua renda men-sal, recolhendo e vendendo plástico, papel, latinha, en-tre outros utensílios. Muitas vezes, encontram objetos que servem para o seu pró-prio uso.

Segundo o engenheiro ambiental da Secretaria Mu-nicipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentá-vel (Semades), Antônio Car-

13CAMPO GRANDE-MS | OUTUBRO - 2008Unifolha

A partir do ano que vem, este lixo pode ter um destino mais adequado

DOUGLAS QUEIROZ

ISABELA FERREIRA

4º SEMESTRE

Apenas 10% do lixo ge-rado no Brasil têm uma destinação adequada, o aterro sanitário. Campo

Grande ainda não pode se incluir nesta estatística, pois todo o resíduo que produzimos, cerca de 550 a 660 toneladas por dia, é despejado diariamente, no lixão, local que não possui uma estrutura apropriada

Renovação: novo aterrosanitário substitui lixão

MUDANÇA

ISABELA FERREIRA

los Silva Sampaio, o lixão da capital ocupa uma área de 15 a 20 hectares. Cerca de 95% do lixo produzido pelos campo-grandenses é recolhido por uma empresa

terceirizada, contratada pela prefeitura.

O engenheiro também fa-la sobre o lixo hospitalar. Ele afirma que este tipo de resíduo é depositado sepa-

radamente dos detritos do-mésticos, porque possui mi-croorganismos patogênicos que podem trazer riscos à saúde de quem trabalha no local. Alguns hospitais ain-da não separam o seu lixo, e isso dificulta o trabalho da coleta. De todas as institui-ções de saúde da capital, 15 a 20% precisam colaborar e separar o material utilizado.

O ideal seria que houvesse a coleta seletiva na capital, porém, ainda, não há tantos investimentos nesse setor devido ao custo. Esse tipo de coleta requer mais gastos e, segundo Antônio Carlos, o lixo separado “gera grande volume com pouca massa”. Por outro lado, a coleta se-letiva faria com que a renda dos catadores autônomos aumentasse, uma vez que o lixo separado apresenta

Cerca de 300 pessoas sobrevivem por intermédio dos resíduos domiciliares

para atender tal demanda, sem prejudicar o meio am-biente sob vários aspectos. As informações são do enge-nheiro ambiental da Secreta-ria Municipal de Meio Am-biente e Desenvolvimento Sustentável (Semades), An-tônio Carlos Silva Sampaio.

Porém, daqui a alguns meses, essa realidade irá mudar. Isto porque, está sendo construído um ater-ro sanitário ao lado do atu-al lixão, que fica no anel rodoviário, entre as saídas de São Paulo e Sidrolân-dia. Antônio Carlos infor-ma que o investimento está em torno de R$ 11 a R$ 12 milhões, sendo que a obra deve ocupar uma área com cerca de 20 hec-tares.

O aterro sanitário, dife-rente do atual lixão, que é caracterizado por monta-nhas de detritos, possuirá uma estrutura moderna e ecologicamente correta. Para se ter uma idéia, o fundo do aterro será im-permeabilizado, o que não deixará que o chorume, lí-quido escuro proveniente da decomposição do lixo, polua o solo e o lençol freático. Este líquido será captado por um sistema de drenagem que o transpor-

tará para uma estação de tratamento.

O local também conta-rá com outros drenos que captarão o gás metano pro-veniente da decomposição do lixo. Este gás polui mais que o carbônico e é um dos maiores responsáveis pelo aquecimento global.

Apesar da grande expec-tativa e dos benefícios que a população pode vir a ter com esta obra, fica uma dúvida no ar: como os cer-ca de 300 coletores que atualmente trabalham no lixão sobreviverão? Eles poderão continuar cole-tando lixo no novo local? Não, não será mais permi-tido este tipo de trabalho.

Contudo, Antônio Carlos afirma que está prevista, no aterro sanitário, a criação de uma esteira, uma usina de triagem, de separação de lixo, em que somente alguns trabalhadores se-rão priorizados. “Alguns coletores estão lá fazendo daquilo um meio de vida. Provavelmente, estes que estão lá constantemente deverão ser aproveitados”, relata. Ele ainda acrescenta que os demais trabalhado-res receberão apoio da pre-feitura, por meio de cursos profissionalizantes.

Aterro terá estrutura moderna e ecologicamente correta, com fundo impermeabilizado e drenos que captarão o gás metano proveniente do lixo

DOUGLAS QUEIROZ

ISABELA FERREIRA

Sobrevivência além da vidaGISELLE RIBEIRO HUGO CRIPPA 4º SEMESTRE

Um lugar que realmente nos fez pensar no que vimos e sentimos é o lixão da cida-de. O mau cheiro ficou por horas impregnado em nos-sas roupas. A autorização para entrar no lixão era qua-se impossível. Mas, a procu-ra de vivências, experiências e histórias eram maiores, e, por isso, conseguimos en-trar. O cheiro lembrava o esgoto. Algumas pessoas até nos cumprimentavam, outros encaravam como se estivéssemos invadindo seu território.

Além dos detritos comuns, como pneus, garrafas pet, papéis e entulhos, encon-tramos materiais escolares, CDs, aparelhos eletrônicos, tudo que se possa imaginar. Afinal, tudo vai para o lixo. Rejeitos que, para os cata-dores, representam fonte de renda e vida. Quem nos con-tou mais foi um senhor. Ele levava em seu olhar triste o sofrimento de conseguir se manter vivo.

Seu nome, João, mais co-nhecido como Mineirinho. Usava um chapéu preto, cal-ça, camisa e botas rasgadas. “Vocês são limpinho, e eu sô sujo. Vocês são estudado, eu sô analfabeto”. Foi assim que começamos uma conversa. Um senhor de 57 anos, que há 14 trabalha no lixão e co-mia o seu único alimento do

dia, uma maçã. Tinha mui-ta vergonha de seus poucos dentes. Mineirinho explicou sobre o lixão, os preços e o que é mais valorizado. Ele separa os melhores entulhos e vende.

Mostrou as três notas de dez reais que conseguiu na-quele dia. Perguntamos de onde vinha o seu chapéu. “Achei aqui. Ih... já achei tanta coisa, até colar de ou-ro. Meu cachorro, encontrei aqui.” Prefere ir trabalhar à noite. Mesmo sem ilumina-ção e no meio de imensas montanhas de lixo, conse-gue encontrar o que preci-sa. “Enxergo com os olhos de Deus”. O mau cheiro, sempre presente. Obser-vamos em seus olhos as lágrimas de uma triste re-alidade.

Estávamos envolvidos a ponto de nos emocionar. João começou a chorar, contar de como tinha sau-dades do tempo em que trabalhava na fazenda e tinha comida e uma “vida boa”. Segurou a mão de um de nós, colocou em seu peito, apertou forte e dis-se “Eu sou uma pessoa do bem”. Abraçou um de nós e mesmo com o mau chei-ro, retribuímos o abraço a quem transmitiu mui-to, por horas. “Posso ser analfabeto, não ser doutor, advogado e viver no lixão. Não importa. ELE tá acima de tudo…”.

maior valor comercial. Estu-dos já estão sendo feitos pa-ra que se comece a estimular a coleta seletiva, pelo menos uma vez por semana.

Para quem passa no anel rodoviário no trecho entre as saídas de São Paulo e Si-drolândia, onde se situa o li-xão, é impossível não sentir o mau cheiro que se espalha pelo local. Mas este não é o único problema ambiental

causado pelas toneladas de lixo. Poluição visual, emis-são de gás metano e a polui-ção do lençol freático pelo chorume são também outras conseqüências. Por isso, está sendo construído um aterro sanitário, onde o lixo recebe-rá um tratamento adequado, e esta ação tem condições de diminuir, em grande parte, os problemas ambientais ci-tados.

HUGO CRIPPA

Coletor “Mineirinho” emociona com suas histórias e seus desabafos

Conseqüências ambientais• Contaminação do lençol freático e do solo por meio do chorume (líquido proveniente da decomposição do lixo).• Irradiação do gás metano por conta da decomposição do lixo. Este gás polui 20 vezes mais que o gás carbônico. É um dos responsáveis pelo efeito estufa.• Poluição do ar (local malcheiroso) • Poluição visual• Queimadas

Page 14: Etanol a que preço? - Uniderp

UNIVERSIDADE14 CAMPO GRANDE - MS - OUTUBRO - 2008 Unifolha

Uniderp abre inscrições para vestibularASCOM - UNIDERP

A Universidade para o Desenvolvimento do Esta-do e da Região do Pantanal (Uniderp), que integra a Anhanguera Educacional, está com inscrições abertas para o Concurso Vestibu-lar 2009. Para essa edição do vestibular, a novidade é o oferecimento de novos cursos. São três na área de engenharia: Engenharia de Produção, Engenharia Me-cânica e Engenharia Meca-trônica; e quatro novos Cur-sos Superiores de Tecnolo-gia: Estética e Cosmética, Gestão Ambiental, Gestão de Turismo e Secretariado. Todos oferecidos em Cam-po Grande, MS.

As inscrições podem ser feitas até o dia 19 de novembro no site www.uniderp.br. Para efetivar a inscrição, o candidato de-ve efetuar o pagamento da taxa de R$ 20,00. O com-provante da quitação deve ser apresentado no dia de realização das provas (23 de novembro), com o docu-mento de identificação do candidato.

Na Capital, também se-rão oferecidas vagas para os cursos de Administra-ção, Agronomia, Arquite-tura e Urbanismo, Ciência da Computação, Ciências Biológicas, Ciências Contá-beis, Comunicação Social – Jornalismo, Comunicação Social – Publicidade e Pro-

WAGNER GUIMARÃES

Instituição oferece novos cursos: três de engenharia e quatro superiores em tecnologia

paganda, Direito, Educação Física, Enfermagem, Enge-nharia Civil, Engenharia da Computação, Engenha-ria Elétrica/Eletrônica, Far-

mácia, Fisioterapia, Letras – Português–Inglês e Res-pectivas Literaturas e/ou Tradutor e Intérprete, Le-tras – Português-Espanhol

e Respectivas Literaturas, Matemática, Medicina, Medicina Veterinária, Nu-trição, Odontologia, Peda-gogia, Psicologia e Serviço

Social. Já no campus de Rio Verde de Mato Grosso serão oferecidas vagas para os cur-sos de Administração, Ciên-cias Contábeis e Direito.

Tecnológicos- Para os candidatos que desejam uma rápida inserção no mercado de trabalho, além dos cursos novos, a Universidade oferece, neste vestibular, vagas pa-ra os Cursos Superiores de Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sis-temas, Design de Moda, Gestão de Recursos Hu-manos, Gestão Hospita-lar, Logística, Marketing, Produção Mult imídia , Produção Sucroalcooleira e Redes de Computado-res, em Campo Grande; e Tecnologia em Análise e Desenvolvimento de Sis-temas, em Rio Verde de Mato Grosso.

Provas – As provas do vestibular acontecerão no dia 23 de novembro no campus I da Uniderp em Campo Grande e no cam-pus IV da Uniderp em Rio Verde de Mato Grosso. Os candidatos que optarem pelo curso de Medicina fa-rão as provas somente em Campo Grande. É impor-tante que os candidatos confirmem sua inscrição no site da universidade no dia 22 de novembro.

Serviço – Outros deta-lhes sobre os cursos, como por exemplo, duração e habilitações, e mais infor-mações sobre o Vestibular 2009/1 podem ser obtidas pela internet (www.uni-derp.br) ou pelo telefone 0800-941-4422.

Page 15: Etanol a que preço? - Uniderp

ENTREVISTA 15Unifolha

Aline ArandaDaniela DamazioElza RecaldesGustavo de DeusVanessa Mendonça4º Semestre

O senhor tem quase 50 anos de jurisprudência. Conte um pouco da sua pro-fissão e da sua trajetória até hoje.

O meu tempo oficial de vida florense é contado a partir dos 16 anos, mas, na verdade, eu comecei com 12. Eu era um tipo de office-boy em um cartório. Eu trabalhei por quatro anos, sem vínculo algum com o cartório. Então, quando eu fiz 16 anos, foi ofi-cialmente reconhecida a mi-nha vinculação com o Poder Judiciário. Além de office-boy, eu fui datilógrafo, escrevente e até a limpeza interna do car-tório eu fiz. Eu gosto de dizer que, para contar o meu tempo de serviço, é preciso tirar uma xerox do cabo da vassoura. Eu comecei com o cabo da vas-soura e fui subindo até chegar aqui. Eu nasci em Votuporan-ga-SP, mas me criei em São Jo-sé do Rio Preto-SP, onde eu fiz a minha faculdade de Direito. Desde que Mato Grosso do Sul foi criado, eu sentia vonta-de de vir trabalhar aqui. Então, em 1981, eu me inscrevi em um concurso de magistratura em Campo Grande. Tive a sor-te de ser aprovado e eu estou aqui até hoje.

A Vara que o senhor atua é bem abrangente. Mas, se analisarmos as decisões de-feridas pelo senhor, percebe-mos uma forte contribuição social. Será que podemos di-zer que a atuação da Vara é uma forma de aproximação entre a Justiça e o cidadão comum?

Na minha visão pessoal, esta é a Vara que está mais próxima das pessoas, do ci-dadão, do povo mesmo. Por-que todas as decisões que saem daqui, normalmente, atingem um grande número de pessoas. Esta Vara foi ins-talada, simbolicamente, no final de 2004, mas só come-çou efetivamente o trabalho em fevereiro de 2005. Nós atuamos em ações civis pú-blicas, ações populares, man-dados de segurança coletivos e ações coletivas envolven-do o direito do consumidor. Existem, também, ações mais delicadas, como as de improbidade administrativa, que envolvem a administra-

ção pública. Logicamente, a legitimidade para essas ações está prevista em lei. Eu acho que vai levar um tempo para que haja uma consciência do alcance e da competência da Vara. Ela tem menos de qua-tro anos de vida, e já corres-pondeu à expectativa da sua criação. Os nossos julgamen-tos beneficiaram um grande número de pessoas, porque já houve sentenças em todas as áreas, como direito do consu-midor, meio ambiente, segu-rança coletiva e improbidade administrativa, que teve am-pla repercussão na imprensa.

As suas decisões são, ge-ralmente, a favor de cida-dãos comuns, contra gran-des empresas, ou, até mes-mo, contra o Estado. Quais são as maiores dificuldades que o senhor encontra?

O que acontece, às vezes, é que as decisões dos tribunais, inclusive o nosso, são tomadas em cima do Código Processual Civil, que é de 1973, e abrange apenas o Direito Individual e Privado. Como nós não temos uma lei processual específi-ca para os direitos coletivos, então, se aplica a mesma lei. Quando você julga direitos co-letivos em cima de regras cria-das para os direitos individuais privados, evidentemente, nem sempre, dá certo. Tem havido decisões que, ao contrário do que se possa imaginar, acabam prejudicando a coletividade. Nós trabalhamos em cima de princípios, mas as ações que são ajuizadas aqui envolvem direitos expressamente previs-tos na Constituição Federal. Eu não me preocupo em agradar ou desagradar ninguém. Eu não quero saber quem está de um lado ou do outro. Eu deci-do com a minha consciência e com o que eu entendo por, direito justo.

Algumas de suas determi-nações beneficiaram toda a população, como a proibi-ção da obrigatoriedade de exame de HIV para partici-pação em concursos e ga-rantia de acessibilidade pa-ra cadeirantes em prédios. Qualquer cidadão pode ter acesso à Vara? E qual é o ca-minho que ele deve buscar?

As pessoas podem procurar o Procon, a Defensoria Públi-ca, as associações de defesa do consumidor, as Ongs e os centros de defesa da cidada-nia e dos direitos humanos. O Ministério Público tem

uma equipe específica para cuidar do direito coletivo. Aliás, o Ministério Público e o Estadual são os mais atu-antes dentro da Vara, os que mais aceitam nossas ações. A abrangência da Vara impres-siona. Como já disse, temos decisões em várias áreas. Na saúde, por exemplo, temos o direito à internação, cirur-gias, medicamentos e direi-tos a portadores de necessi-dades especiais. Eu acho que todas as pessoas deveriam ler a Constituição Brasileira. As-sim, elas teriam uma noção dos seus direitos e deveres. Lá, estão todos os princípios que regem a nossa vida. No meu ponto de vista, a nossa Constituição é uma das mais evoluídas do mundo, quan-do se trata do direito das pes-soas, físicas ou jurídicas. O Código de Defesa do Consu-midor completa 18 anos este mês. Ele chega à maioridade, com muita alegria e come-moração. Eu o considero um monumento político.

O Brasil vive uma crise moral que atinge todos os setores públicos e as institui-ções. Temos, também, uma grande descrença da popu-lação com as autoridades em geral. Deve ser descon-fortável para quem trabalha sério ser incluído nessa ge-neralização.

O problema do Brasil é a estrutura eleitoral. A legisla-ção eleitoral e o critério pa-ra a escolha dos candidatos são embasados em lei, mas, no meu ponto de vista, ela restringe a participação do cidadão. Os partidos políti-cos são formados por pessoas que defendem uma mesma ideologia. Outros que não concordam com essa filoso-fia formam outros partidos e assim sucessivamente. Se alguém de bem quiser fa-zer parte da administração pública através do processo eleitoral, tem que se filiar a um desses partidos, que nem sempre estão de acordo com a sua filosofia, com o seu en-tendimento de como deve ser a administração públi-ca. Recentemente, eu passei pelo Tribunal Eleitoral, e fui campeão em voto vencido. O que eu presenciei ali foi algo que me deixou muito preo-cupado. Mas eu vi, também, que existem pessoas preo-cupadas em sanear o campo político. Eu tenho uma ver-dadeira esperança que essas pessoas idealistas, que lutam

"Eu gosto de dizer que, para contar o

meu tempo de serviço, é preciso tirar uma xerox do cabo da

vassoura"

"Eu não me preocupo em agradar ou

desagradar ninguém. Eu não quero saber

quem está de um lado ou do outro. Eu decido com a minha

consciência e com o que eu entendo por direito

justo"

“Eu não tenho a menor dúvida de que o Brasil será o berço da humanidade”

Dorival Moreira dos Santos - Juiz

Ele poderia ter sido um violonista de grande su-cesso, mas preferiu seguir outro caminho, o da Justiça. Estamos falando do juiz titular da Vara

dos Direitos Difusos, Coletivos e Individuais Homo-gêneos, Dorival Moreira dos Santos. Aos 62 anos, destes, quase 50 dedicados ao Direito, ele fala, em

entrevista ao Unifolha, sobre o seu trabalho, como a Justiça pode ser mais humana e até a respeito de música.

"No meu ponto de vista, a nossa Constituição é uma das mais evoluídas do mundo quando se trata do direito das pessoas,

físicas ou jurídicas."

CAMPO GRANDE-MS | OUTUBRO - 2008

GUSTAVO DE DEUS

GUSTAVO DE DEUS

pela melhoria da sociedade, não vão desanimar, não vão desistir. Eu me considero pertencente a esse grupo. Eu estou nessa car-reira porque eu gosto. Eu já tenho tempo de sobra para aposentar, mas enquanto eu tiver força, eu, como juiz, vou lutar para que o direito justo prevaleça.

É discurso comum nos dias de

hoje que a Justiça só funciona para os ricos. E pelos exemplos que nós vemos acontecer todos os dias, essa afirmação parece não ser considerada falsa. O se-nhor acredita que um dia o Bra-sil será um país mais justo, onde

todos terão tratamento igual?

Eu não tenho a menor dúvida de que o Brasil será o berço da hu-manidade. Nós temos tudo aquilo que os outros países não têm, co-mo riquezas naturais e humanas. Na verdade, o que aconteceu é que nós estávamos em um cami-nho, há décadas passadas, mas, de repente, houve um desvio. Ago-ra, estamos voltando de novo ao trilho de onde nunca deveríamos ter saído. O paternalismo político deve ser eliminado. Precisamos dar condições para que as pessoas humildes busquem seu caminho com as próprias pernas. Um pa-ís só evolui através da educação. Com a educação, vem a cultura, vem a solidariedade, que é fun-damental. Sem solidariedade, não

chegaremos a lugar algum. Temos necessidade de uma educação adequada, para que as nossas crianças e nossos adolescentes sejam capazes de assumir responsabilida-des com ética, buscando um objetivo comum e do bem, que pensem na coletividade. Precisamos de pessoas bem informadas, que tenham cer-teza do que estão falando e fazendo.

Nós sabemos que o se-nhor é um grande aprecia-dor da música, e que entre um processo e outro dedi-lha o seu violão. A música é uma paixão, ou uma vál-vula de escape para o seu estressante trabalho? O se-nhor trocaria os tribunais pelos palcos?

A música teve uma gran-de influência na minha vi-da. Desde garoto, eu convivi com a música. Meu pai, An-tônio dos Santos Filho, foi um grande acordeonista, era um músico muito respeitado na época. Ele aprendeu a to-car acordeom sozinho, porque não tinha recursos. Como ele trabalhava com lavoura de ca-fé, não tinha condições de es-tudar música. Meu pai acom-panhou orquestras e regionais. Também, acompanhou canto-res e cantoras, como Nélson Gonçalves, Altemar Dutra, Ângela Maria e Vicente Celes-tino. Eu comecei a tocar violão com 14 anos. Na verdade, eu queria ser pianista, mas como o piano era muito caro, meu pai me deu um violão. Eu to-quei por um tempo, cheguei a estudar com o José Rasteli, mas, quando eu fui para o Exército, fui obrigado a pa-rar. Hoje, por falta de tempo, eu quase não pego no violão. Mas, eu sou um apaixonado por música. Quando eu ouço música, sinto-me feliz, com ela eu consigo me acalmar. Eu acho que todos nós deve-mos ter, aliado ao nosso traba-lho do dia-a-dia, algo que nos complemente, como a música. Eu vou confessar uma coisa para vocês. Eu não tenho na-da planejado, mas logo que eu encerrar a minha carreira jurídica, gostaria muito de fa-zer uma faculdade de música, estudar mais profundamente a música. Eu também tenho um sonho de gravar um CD com um fim social, em que a renda seja revertida às pessoas necessitadas. Como tudo que eu sonhei na minha vida eu atingi, eu pretendo realizar es-se também.

"Eu acho que todas as pessoas deveriam ler a Constituição

Brasileira. Assim elas teriam uma noção dos seus

direitos e deveres"

Page 16: Etanol a que preço? - Uniderp

COMPORTAMENTO16 CAMPO GRANDE-MS | OUTUBRO - 2008 Unifolha

DANIELE RAMOSLUCIENE FRATINI4º SEMESTRE

Será mesmo que a tecnolo-gia é capaz de fazer com que as crianças de hoje deixem a tradição de brincar com bo-necas, jogos e futebol? Exis-tem pais que nos mostram que crianças se interessam mais, atualmente, por com-putador, videogames, bichi-nho virtual, sites, entre ou-tros. Antes, tudo se resolvia com algumas conversas, ou, até mesmo, com o famoso “castigo”. Já, hoje, não. As providências são tomadas de outra forma.

Akmi tem apenas 11 anos, é filha única, mora com a mãe e padrasto. “Hoje, existe pouco diálogo devido à tec-nologia que nós temos em mãos”, acredita. Ela leva pa-ra a escola seu celular com câmara digital. Chega em ca-sa e vai para o computador

acessar o Orkut e Messenger. Quando não está fazendo is-so, você a encontra no shop-ping, na praça de alimenta-ção, comendo algo diferente, ou, até mesmo, no cinema. Ir à casa de amigos, para tomar um tereré, também é uma opção bem cogitada. Ela afirma que seus pais não a proíbem de nada. Ao sair, sempre dão dinheiro, quan-do ela quer.

Tudo aos poucos vai se tor-nando de fácil acesso para os pais comprarem para seus filhos: celular de última ge-ração, câmeras com todos os recursos, laptop, MP3 e mais. Ana Luíza da Silva Ferreira, apenas 8 anos de idade, es-tuda na escola Visconde de Cairu. Mora com os tios. Não é tão apegada assim à tecno-logia. Abrir mão de sair com a tia para tomar um suco e pular na cama elástica? Nem pensar!

Ana leva sua vida normal, acorda, assiste a desenhos animados, vai para escola e, quando lhe sobra um tem-po dos afazeres escolares, utiliza o computador. Mas, sem dúvida, ela prefere jo-gar “queimada” com os tios a qualquer tecnologia.

Nelci, tia de Ana, a deixa bem consciente dos perigos que a internet pode trazer se não for bem assessorada. Quando Ana está navegan-do, sua tia senta ao seu lado, para verificar que sites a me-nina costuma acessar e, tam-bém, com quem ela conversa no Messenger. “Se eu falo: vamos sair, Ana? Na hora, se ela está no computador, dá um pulo, se maquia e diz que está pronta”, conta Nelci, dando risada. Ana não se faz uma prisioneira do vício da internet. O mais interessante é que, por opção, Ana é uma criança que prefere o “real ao virtual”.

Tecnologia écapaz de suprir a tradição

Vivências na infância das crianças de hoje são opostas às de antigamente, devido às novas tecnologias

CAROLINE QUEIROZ GEYSA RODRIGUES4° SEMESTRE

Nas escolas, nas praças e nos bairros, as crianças são as mesmas. Mesmo estando em lugares e classes dife-rentes. Podemos notar que as crianças de hoje em dia preferem e adquirem as tec-nologias, em vez das antigas brincadeiras.

Visitando lugares popula-res, encontramos algumas situações, nas quais pude-mos entender o gosto que essa “molecada” tem pelo mundo virtual. Analisando o cotidiano dessas crianças, notamos o consumo e o en-volvimento de tudo que a tecnologia fornece. As crian-ças da classe baixa não dei-xam a desejar, pois sempre

procuram estar atualizadas.Em uma escola pública,

conversamos com uma tur-ma de 35 alunos, na qual a idade, em média, é de 8 a 10 anos, e todas possuem celu-lar. A menor parte tem celu-lar com câmera, MP3 e com-putador. Sendo que, algumas dessas crianças gastam, em média, R$ 10 por semana em créditos, para trocar tor-pedos e comprar música.

Em outra visita pelo bair-ro, no período da tarde, en-tramos em um determina-do cyber, e lá encontramos um garoto de 11 anos, cui-dando do estabelecimento. Os clientes eram apenas crianças, e todos navega-vam em sites de entreteni-mento e jogos.

O fato interessante é que

a maioria dos pais dessas crianças depende de um salário mensal, ou seja, em média, eles gastam em torno de R$ 30 por mês, em cyber. Conversando com uma mãe a respeito da tecnologia, ela nos disse: “Seria melhor eu pagar para os meus filhos irem ao cyber, do que eles passarem a noite inteira no computador”.

De fato, as brincadeiras co-mo pular elástico, queimada, jogar bete e outras ficaram no passado, pois estão sen-do trocadas pelo mundo da tecnologia. Essa cultura de brincar sempre ajudou no convívio social das crian-ças. Mas, para elas, o con-tato com os amigos já basta nas escolas e no ambiente familiar.

Nas diferenças, barreiras transformam-se em riquezas

DANIELE RAMOS

Aprecie commoderaçãoBRUNA NASSER4º SEMESTRE

Para as crianças moder-nas, falar em tecnologia é algo simples e fácil. No entanto, a situação muda, quando analisada pelo ângulo dos adultos. Pais e psicólogos estão en-frentando decisões cada vez mais delicadas quan-do o assunto é a moder-nização.

Raimundo Patrício de Sousa, empresário e pai de duas filhas, sabe exa-tamente como é isso: “Mi-nha filha de oito anos me pediu um celular V3. Mas eu não vejo necessidade, porque ela está sempre com a gente”.

Quando o assunto é o computador, Patrício criou uma técnica bastan-te interessante. “Todo dia, dou cinco reais para ela, até que ela mesma consi-ga juntar o dinheiro para comprá-lo”. Admite que não confia na Internet e, por esse motivo, não con-tribui para ela ir a cybers.

Já, para Nereide da Sil-va, o problema é outro. “Minha filha de cinco anos me pediu um MP4. Ela é uma criança, mas não tem pensamentos in-fantis. Ela quer ir além da idade dela, como a maioria, atualmente”. Confessa que a tecnologia pode ajudar na educação, desde que utilizada sem exageros.

Quando a situação com-plica, uma opinião pro-fissional é indispensável. Lucimara Mateus Potric de Souza, psicopedagoga e psicóloga com forma-ção em Terapia Cogniti-vo-comportamental, nos mostra o outro lado da

TECNOLOGIA

Mundo da tecnologia se torna mais atraente para as crianças, deixando de lado algumas brincadeiras

CAROLINE QUEIROZ

BRUNA NASSER

Lucimara Mateus aponta a relação entre pais e filhos frente à tecnologia

evolução tecnológica.“As crianças estão extre-

mamente agitadas, inquie-tas. Elas, hoje, não conse-guem permanecer numa única atividade”, conta. E acrescenta: “A rapidez na informação faz com que elas fiquem com a síndro-me do pensamento acele-rado, já que tudo tem mo-vimento”.

Por outro lado, concorda que a tecnologia é impor-tante, à medida em que traz algo de útil para as crianças.

E, se torna maléfica, quan-do isso passa a ser a essên-cia delas. O uso de apare-lhos eletrônicos dentro da sala de aula, por exemplo, diminui a atenção e a per-cepção para as atividades escolares.

Para a maioria, essa de-pendência tecnológica é uma questão social. Seja como for, o fato é que tudo em exagero é prejudicial. Resta para os pais e edu-cadores colocar os limites necessários.