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Ética Ética (do grego ethos, que significa modo de ser, caráter, comportamento) é o ramo da filosofia que busca estudar e indicar o melhor modo de viver no cotidiano e na soci- edade. Diferencia-se da moral, pois, enquanto esta se funda- menta na obediência a costumes e hábitos recebidos, a ética, ao contrário, busca fundamentar as ações morais exclusivamente pela razão. [1][2] Na filosofia clássica, a ética não se resumia à moral (en- tendida como “costume”, ou “hábito”, do latim mos, mo- res), mas buscava a fundamentação teórica para encon- trar o melhor modo de viver e conviver, isto é, a busca do melhor estilo de vida, tanto na vida privada quanto em público. A ética incluía a maioria dos campos de conhe- cimento que não eram abrangidos na física, metafísica, estética, na lógica, na dialética e nem na retórica. As- sim, a ética abrangia os campos que atualmente são deno- minados antropologia, psicologia, sociologia, economia, pedagogia, às vezes política, e até mesmo educação física e dietética, em suma, campos direta ou indiretamente li- gados ao que influi na maneira de viver ou estilo de vida. Um exemplo desta visão clássica da ética pode ser encon- trado na obra Ética, de Spinoza. Porém, com a crescente profissionalização e especializa- ção do conhecimento que se seguiu à revolução indus- trial, a maioria dos campos que eram objeto de estudo da filosofia, particularmente da ética, foram estabeleci- dos como disciplinas científicas independentes. Assim, é comum que atualmente a ética seja definida como “a área da filosofia que se ocupa do estudo das normas mo- rais nas sociedades humanas” [3] e busca explicar e justi- ficar os costumes de um determinado agrupamento hu- mano, bem como fornecer subsídios para a solução de seus dilemas mais comuns. Neste sentido, ética pode ser definida como a ciência que estuda a conduta humana e a moral é a qualidade desta conduta, quando julga-se do ponto de vista do Bem e do Mal. A ética também não deve ser confundida com a lei, em- bora com certa frequência a lei tenha como base princí- pios éticos. Ao contrário do que ocorre com a lei, nenhum indivíduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outros indivíduos, a cumprir as normas éticas, nem sofrer qual- quer sanção pela desobediência a estas; por outro lado, a lei pode ser omissa quanto a questões abrangidas no es- copo da ética. 1 Definição e objeto de estudo O estudo da ética dentro da filosofia, pode-se dividir em sub-ramos, após o advento da filosofia analítica no séc XX, em contraste com a filosofia continental ou com a tradição filosófica. Estas subdivisões são: Metaética, sobre a teoria da significação e da refe- rencia dos termos e proposições morais e como seus valores de verdade podem ser determinados Ética normativa, sobre os meios práticos de se de- terminar as ações morais Ética aplicada, sobre como a moral é aplicada em situações específicas Ética descritiva, também conhecido como ética comparativa, é o estudo das visões, descrições e crenças que se tem acerca da moral Ética Moral, trata-se de uma reflexão sobre o valor das ações sociais consideradas tanto no âmbito co- letivo como no âmbito individual. 1.1 Termo Em seu sentido mais abrangente, o termo "ética” impli- caria um exame dos hábitos da espécie humana e do seu caráter em geral, e envolveria até mesmo uma descrição ou história dos hábitos humanos em sociedades especí- ficas e em diferentes épocas. Um campo de estudos as- sim seria obviamente muito vasto para poder ser inves- tigado por qualquer ciência ou filosofia particular. Além disso, porções desse campo já são ocupadas pela história, pela antropologia e por algumas ciências naturais parti- culares (como, por exemplo, a fisiologia,a anatomia ea biologia),se considerarmos que o pensamento e a reali- zação artística são hábitos humanos normais e elementos de seu caráter. No entanto, a ética, propriamente dita, restringe-se ao campo particular do caráter e da conduta humana à medida que esses estão relacionados a certos princípios – comumente chamados de “princípios mo- rais”. As pessoas geralmente caracterizam a própria con- duta e a de outras pessoas empregando adjetivos como “bom”, “mau”, “certo” e “errado”. A ética investiga jus- tamente o significado e escopo desses adjetivos tanto em relação à conduta humana como em seu sentido funda- mental e absoluto. [4] 1

Ética

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  • tica

    tica (do grego ethos, que signica modo de ser, carter,comportamento) o ramo da losoa que busca estudare indicar o melhor modo de viver no cotidiano e na soci-edade.Diferencia-se da moral, pois, enquanto esta se funda-menta na obedincia a costumes e hbitos recebidos, atica, ao contrrio, busca fundamentar as aes moraisexclusivamente pela razo.[1][2]

    Na losoa clssica, a tica no se resumia moral (en-tendida como costume, ou hbito, do latim mos, mo-res), mas buscava a fundamentao terica para encon-trar o melhor modo de viver e conviver, isto , a buscado melhor estilo de vida, tanto na vida privada quanto empblico. A tica inclua a maioria dos campos de conhe-cimento que no eram abrangidos na fsica, metafsica,esttica, na lgica, na dialtica e nem na retrica. As-sim, a tica abrangia os campos que atualmente so deno-minados antropologia, psicologia, sociologia, economia,pedagogia, s vezes poltica, e at mesmo educao fsicae diettica, em suma, campos direta ou indiretamente li-gados ao que inui na maneira de viver ou estilo de vida.Um exemplo desta viso clssica da tica pode ser encon-trado na obra tica, de Spinoza.Porm, com a crescente prossionalizao e especializa-o do conhecimento que se seguiu revoluo indus-trial, a maioria dos campos que eram objeto de estudoda losoa, particularmente da tica, foram estabeleci-dos como disciplinas cientcas independentes. Assim, comum que atualmente a tica seja denida como area da losoa que se ocupa do estudo das normas mo-rais nas sociedades humanas[3] e busca explicar e justi-car os costumes de um determinado agrupamento hu-mano, bem como fornecer subsdios para a soluo deseus dilemas mais comuns. Neste sentido, tica pode serdenida como a cincia que estuda a conduta humana ea moral a qualidade desta conduta, quando julga-se doponto de vista do Bem e do Mal.A tica tambm no deve ser confundida com a lei, em-bora com certa frequncia a lei tenha como base princ-pios ticos. Ao contrrio do que ocorre com a lei, nenhumindivduo pode ser compelido, pelo Estado ou por outrosindivduos, a cumprir as normas ticas, nem sofrer qual-quer sano pela desobedincia a estas; por outro lado, alei pode ser omissa quanto a questes abrangidas no es-copo da tica.

    1 Denio e objeto de estudoO estudo da tica dentro da losoa, pode-se dividir emsub-ramos, aps o advento da losoa analtica no scXX, em contraste com a losoa continental ou com atradio losca. Estas subdivises so:

    Metatica, sobre a teoria da signicao e da refe-rencia dos termos e proposies morais e como seusvalores de verdade podem ser determinados

    tica normativa, sobre os meios prticos de se de-terminar as aes morais

    tica aplicada, sobre como a moral aplicada emsituaes especcas

    tica descritiva, tambm conhecido como ticacomparativa, o estudo das vises, descries ecrenas que se tem acerca da moral

    tica Moral, trata-se de uma reexo sobre o valordas aes sociais consideradas tanto no mbito co-letivo como no mbito individual.

    1.1 Termo

    Em seu sentido mais abrangente, o termo "tica impli-caria um exame dos hbitos da espcie humana e do seucarter em geral, e envolveria at mesmo uma descrioou histria dos hbitos humanos em sociedades espec-cas e em diferentes pocas. Um campo de estudos as-sim seria obviamente muito vasto para poder ser inves-tigado por qualquer cincia ou losoa particular. Almdisso, pores desse campo j so ocupadas pela histria,pela antropologia e por algumas cincias naturais parti-culares (como, por exemplo, a siologia, a anatomia e abiologia),se considerarmos que o pensamento e a reali-zao artstica so hbitos humanos normais e elementosde seu carter. No entanto, a tica, propriamente dita,restringe-se ao campo particular do carter e da condutahumana medida que esses esto relacionados a certosprincpios comumente chamados de princpios mo-rais. As pessoas geralmente caracterizam a prpria con-duta e a de outras pessoas empregando adjetivos comobom, mau, certo e errado. A tica investiga jus-tamente o signicado e escopo desses adjetivos tanto emrelao conduta humana como em seu sentido funda-mental e absoluto.[4]

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  • 2 2 HISTRIA DA TICA

    1.2 Outras denies

    J houve quem denisse a tica como a cincia da con-duta. Essa denio imprecisa por vrias razes. Ascincias so descritivas ou experimentais, mas uma des-crio exaustiva de quais aes ou quais nalidades soou foram chamadas, no presente e no passado, de boasou ms encontra-se obviamente alm das capacidadeshumanas. E os experimentos em questes morais (semconsiderar as consequncias prticas inconvenientes queprovavelmente propiciariam) so inteis para os propsi-tos da tica, pois a conscincia moral seria instantanea-mente chamada para a elaborao do experimento e parafornecer o tema de que trata o experimento. A tica uma losoa, no uma cincia. A losoa um processode reexo sobre os pressupostos subjacentes ao pensa-mento irreetido. Na lgica e na metafsica ela investiga,respectivamente, os prprios processos de raciocnio e asconcepes de causa, substncia, espao e tempo que aconscincia cientca ordinria no tematiza nem critica.No campo da tica, a losoa investiga a conscincia mo-ral, que desde sempre pronuncia juzos morais sem he-sitao, e reivindica autoridade para submeter a crticascontnuas as instituies e formas de vida social que elamesma ajudou a criar.[4]

    Quando comea a especulao tica, concepes comoas de dever, responsabilidade e vontade tomadas comoobjetos ltimos de aprovao e desaprovao moral jesto dadas e j se encontram h muito tempo em opera-o. A losoa moral, em certo sentido, no acrescentanada a essas concepes, embora as apresente sob umaluz mais clara. Os problemas da conscincia moral, noinstante em que essa pela primeira vez se torna reexivano se apresentam, estritamente falando, como proble-mas loscos.[4]

    Ela se ocupa dessas questes justamente porque cada in-divduo que deseja agir corretamente constantementechamado a responder questes como, por exemplo, Queao particular atender os critrios de justia sob taise tais circunstncias?" ou Que grau de ignorncia per-mitir que esta pessoa particular, nesse caso particu-lar, exima-se de responsabilidade?" A conscincia moraltenta obter um conhecimento to completo quanto poss-vel das circunstncias em que a ao considerada deverser executada, do carter dos indivduos que podero serafetados, e das consequncias ( medida que possam serprevistas) que a ao produzir, para ento, em virtudede sua prpria capacidade de discriminao moral, pro-nunciar um juzo.[4]

    O problema recorrente da conscincia moral, O quedevo fazer?", um problema que recebe uma respostamais clara e denitiva medida que os indivduos setornam mais aptos a aplicar, no curso de suas experin-cias morais, aqueles princpios da conscincia moral que,desde o princpio, j eram aplicados naquelas experin-cias. Entretanto, h um sentido em que se pode dizer quea losoa moral tem origem em diculdades inerentes

    natureza da prpria moralidade, embora permanea ver-dade que as questes que a tica procura responder noso questes com as quais a prpria conscincia moraljamais tenha se confrontado.[4]

    O fato de que os seres humanos do respostas diferentesa problemas morais que paream semelhantes ou mesmoo simples fato de que as pessoas desconsideram, quandoagem imoralmente, os preceitos e princpios implcitos daconscincia moral produziro certamente, cedo ou tarde,o desejo de, por um lado, justicar a ao imoral e prem dvida a autoridade da conscincia moral e a validadede seus princpios; ou de, por outro lado, justicar juzosmorais particulares, seja por uma anlise dos princpiosmorais envolvidos no juzo e por uma demonstrao desua aceitao universal, seja por alguma tentativa de pro-var que se chega ao juzo moral particular por um pro-cesso de inferncia a partir de alguma concepo univer-sal do Supremo Bem ou do Fim ltimo do qual se podemdeduzir todos os deveres ou virtudes particulares.[4]

    Pode ser que a crtica da moralidade tenha incio comuma argumentao contra as instituies morais e os c-digos de tica existentes; tal argumentao pode se origi-nar da atividade espontnea da prpria conscincia moral.Mas quando essa argumentao torna-se uma tentativa deencontrar um critrio universal de moralidade sendoque essa tentativa comea a ser, com efeito, um esforode tornar a moralidade uma disciplina cientca e es-pecialmente quando a tentativa vista, tal como deve servista anal, como fadada ao fracasso (dado que a cons-cincia moral supera todos os padres de moralidade erealiza-se inteiramente nos juzos particulares), pode-sedizer ento que tem incio a tica como um processo dereexo sobre a natureza da conscincia moral.[4]

    A tica, independente da dimenso em que se apresentasocial ou individual, tem como objetivo, servir vida, suarazo o ser humano, seu bem estar, de forma que pro-venha a felicidade.[4]

    2 Histria da tica

    2.1 tica na losoa pr-socrtica

    A especulao tica na Grcia no teve incio abruptoe absoluto. Os preceitos de conduta, ingnuos e frag-mentrios que em todos os lugares so as mais anti-gas manifestaes da nascente reexo moral , so umelemento destacado na poesia gnmica dos sculos VII eVI a.C. Sua importncia revelada pela tradicional enu-merao dos Sete Sbios do sculo VI, e sua inunciasobre o pensamento tico atestada pelas referncias dePlato e Aristteles. Mas, desde tais pronunciamentosno-cientcos at losoa da moral, foi um longo per-curso. Na sabedoria prtica de Tales, um dos Sete, nose distingue nenhuma teoria da moralidade. No caso dePitgoras, que se destaca entre os lsofos pr-socrticos

  • 2.1 tica na losoa pr-socrtica 3

    por ser o fundador no apenas de uma escola, mas deuma seita ou ordem comprometida com uma regra devida que obrigava a todos os seus membros, h uma co-nexo mais estreita entre as especulaes moral e meta-fsica. A doutrina dos pitagricos de que a essncia dajustia (concebida como retribuio equivalente) era umnmero quadrado indica uma tentativa sria de estenderao reino da conduta sua concepo matemtica do uni-verso; e o mesmo se pode dizer de sua classicao dobem ao lado da unidade, da reta e semelhantes e do malao lado das qualidades opostas. Ainda assim, o pronunci-amento de preceitos morais por Pitgoras parece ter sidodogmtico, ou mesmo proftico, em vez de losco, eter sido aceito por seus discpulos, numa reverncia no-losca, como o ipse dixit do mestre. Portanto, qual-quer que tenha sido a inuncia da mistura pitagrica denoes ticas e matemticas sobre Plato, e, por meiodeste, sobre o pensamento posterior, a escola no con-siderada uma precursora de uma investigao socrticaque busca uma teoria da conduta completamente racio-nal. O elemento tico do obscuro losofar de Herclito(c. 530-470 a.C.) embora antecipasse o estoicismo emsua concepo de uma lei do universo, com a qual o s-bio buscar se conformar, e de uma harmonia divina, noreconhecimento da qual encontrar sua satisfao maisverdadeira mais profunda, mas ainda menos siste-mtica. Apenas em Demcrito, um contemporneo deScrates e ltimo dos pensadores originais classicadoscomo pr-socrticos, encontra-se algo que se pode cha-mar de sistema tico. Os fragmentos que permaneceramdos tratados morais de Demcrito so talvez sucientespara nos convencer de que reviravolta da losoa gregaem direo conduta, que se deveu de fato a Scrates,teria ocorrido mesmo sem ele, ainda que de uma formamenos decidida; mas, ao comparar-se a tica democri-teana com o sistema ps-socrtico com o qual tem maisanidade o epicurismo percebe-se que ela exibe umaapreenso bem rudimentar das condies formais que oensinamento moral deve atender antes que possa reivin-dicar o tratamento dedicado s cincias.A verdade que nenhum tipo de sistema de tica po-deria ter sido construdo at que se direcionasse a aten-o vagueza e inconsistncia das opinies morais co-muns da humanidade. Para esse propsito, era necess-rio que um intelecto losco de primeira grandeza seconcentrasse sobre os problemas da prtica. Em Scra-tes, encontra-se pela primeira vez a requerida combina-o de um interesse proeminente pela conduta com umdesejo ardente por conhecimento. Os pensadores pr-socrticos devotaram-se todos principalmente pesquisaontolgica; mas, pela metade do sculo V a.C. o conitoentre seus sistemas dogmticos havia levado algumas dasmentes mais aadas a duvidar da possibilidade de se pe-netrar no segredo do universo fsico. Essa dvida encon-trou expresso no ceticismo arrazoado de Grgias, e pro-duziu a famosa proposio de Protgoras de que a apre-enso humana o nico padro de existncia. O mesmosentimento levou Scrates a abandonar as antigas inves-

    tigaes fsico-metafsicas. Essa desistncia foi incenti-vada, sobretudo, por uma piedade ingnua que o proibiade procurar coisas cujo conhecimento os deuses pareciamter reservado apenas para si mesmos. Por outro lado, (ex-ceto em ocasies de especial diculdade, nas quais se po-deria recorrer a pressgios e orculos) eles haviam dei-xado razo humana a regulamentao da ao humana.A essa investigao Scrates dedicou seus esforos.[4]

    2.1.1 tica sostica

    Embora Scrates tenha sido o primeiro a chegar a umaconcepo adequada dos problemas da conduta, a ideiageral no surgiu com ele. A reao natural contra o dog-matismo metafsico e tico dos antigos pensadores haviaalcanado o seu clmax com os sostas. Grgias e Pro-tgoras so apenas dois representantes do que, na ver-dade, foi uma tendncia universal a abandonar a teori-zao dogmtica e estritamente ontolgica e a se refugiarnas questes prticas especialmente, como era naturalna cidade-estado grega, nas relaes cvicas do cidado.A educao oferecida pelos sostas no tinha por obje-tivo nenhuma teoria geral da vida, mas propunha-se ensi-nar a arte de lidar com os assuntos mundanos e adminis-trar negcios pblicos. Em seu encmio s virtudes docidado, apontaram o carter prudencial da justia comomeio de obter prazer e evitar a dor. Na concepo gregade sociedade, a vida do cidado livre consistia principal-mente em suas funes pblicas, e, portanto, as declara-es pseudoticas dos sostas satisfaziam as expectativasda poca. No se considerava a (virtude ou ex-celncia) como uma qualidade nica, dotada de valor in-trnseco, mas como virtude do cidado, assim como tocarbem a auta era a virtude do tocador de auta. Percebe-seaqui, assim como em outras atividades da poca, a deter-minao de adquirir conhecimento tcnico e de aplic-lo diretamente a assuntos prticos; assim como a m-sica estava sendo enriquecida por novos conhecimentostcnicos, a arquitetura por teorias modernas de planeja-mento e rguas T (ver Hipdamo), o comando de sol-dados pelas novas tcnicas da "ttica" e dos "hoplitas",do mesmo modo a cidadania deve ser analisada comoinovao, sistematizada e adaptada conforme exignciasmodernas. Os sostas estudaram esses temas superci-almente, certo, mas abordaram-nos de maneira abran-gente, e no de se estranhar que tenham lanado modosmtodos que semostraram bem-sucedidos na retricae tenham-nos aplicado cincia e arte das virtudes c-vicas.O Protgoras de Plato alega, no sem razo, que ao ensi-nar a virtude eles simplesmente faziam sistematicamenteo que todos os outros faziam de modo catico. Mas noverdadeiro sentido da palavra, os sostas no dispunhamde um sistema tico, nem zeram contribuies substan-ciais, salvo por um contraste com a especulao tica.Simplesmente analisaram as frmulas convencionais, demaneira bem semelhante a de certos moralistas (assim

  • 4 2 HISTRIA DA TICA

    chamados) cientcos.

    2.1.2 tica socrtica

    Scrates, o primeiro nome importante na losoa tica antiga.

    A essa arena de senso-comum e vagueza, Scrates trouxeum novo esprito crtico, e mostrou que esses conferen-cistas populares, a despeito de sua frtil eloquncia, nopodiam defender suas suposies fundamentais nem se-quer oferecer denies racionais do que alegavam ex-plicar. No s eram assim ignorantes como tambmperenemente inconsistentes ao lidar com casos particula-res. Dessemodo, com o auxlio de sua famosa "dialtica",Scrates primeiramente chegou ao resultado negativo deque os pretensos mestres do povo eram to ignorantesquanto ele mesmo armava ser, e, em certa medida, jus-ticou o encmio de Aristteles de ter prestado o ser-vio de introduzir a induo e as denies na lo-soa. No entanto, essa descrio de sua obra muitotcnica e muito positiva, se avaliada com base nos pri-meiros dilogos de Plato, em que o verdadeiro Scratesencontra-se menos alterado. Scrates sustentava que a sa-bedoria preeminente que o orculo de Delfos lhe atribuiuconsistia numa conscincia nica da ignorncia. No en-tanto, igualmente claro, com base em Plato, que houveum elemento positivo muito importante no ensinamentode Scrates, que justica armar, junto com AlexanderBain, que o primeiro nome importante na losoa ticaantiga Scrates.

    A unio dos elementos positivo e negativo de sua obra temcausado alguma perplexidade entre os historiadores, e aconsistncia do lsofo depende do reconhecimento dealgumas doutrinas a ele atribudas por Xenofonte comomeras tentativas provisrias. Ainda assim, as posiesde Scrates mais importantes na histria do pensamentotico so fceis de harmonizar com sua convico de ig-norncia e tornam ainda mais fcil compreender sua in-fatigvel inquirio da opinio comum. Enquanto mos-trava claramente a diculdade de adquirir conhecimento,Scrates estava convencido de que somente o conheci-mento poderia ser a fonte de um sistema coerente da vir-tude, assim como o erro estava na origem do mal. Assim,Scrates, pela primeira vez na histria do pensamento,prope uma lei cientca positiva de conduta: a virtude conhecimento. Esse princpio envolvia o paradoxo de quea pessoa que sabe o que o bem no pratica o mal. Masesse um paradoxo derivado de seus trusmos irretorqu-veis: Toda a pessoa deseja o seu prprio bem e obt-lo-iase pudesse e Ningum negaria que a justia e a virtudeem geral so bens; e entre todos, os melhores. Todas asvirtudes, portanto, esto sintetizadas no conhecimento dobem. Mas esse bem, para Scrates, no um dever que seope ao interesse prprio. A fora do paradoxo dependede uma fuso do dever e do interesse numa nica noode bem, uma fuso que era prevalecente no modo de pen-sar da poca. Isso o que forma o ncleo do pensamentopositivo de Scrates, segundo Xenofonte. Ele no po-dia oferecer nenhuma abordagem satisfatria do Bem emabstrato, e esquivava-se de qualquer questo sobre esseponto dizendo que no conhecia nenhum bem que nofosse bom para alguma coisa em particular", mas essebem particular consistente consigo mesmo. Quanto asi, estimava acima de todas as coisas a virtude da sabedo-ria; e, no intuito de alcan-la, enfrentava a penria maissevera, sustentando que uma vida assim seria mais ricaem satisfao que uma vida de luxo. Essa viso multidi-mensional ilustrada pela curiosa mistura de sentimentosnobres e meramente utilitrios em sua abordagem sobrea amizade: um amigo que no nos traga benefcios novale nada; no entanto, o maior benefcio que um amigopode nos trazer o aperfeioamento moral.As caractersticas historicamente importantes de sua lo-soa moral, tomando-se conjuntamente seus ensinamen-tos e o seu carter pessoal, podem ser sintetizados da se-guinte maneira: (1) uma busca apaixonada por um co-nhecimento que no est disponvel em lugar algum, masque, se encontrado, aperfeioar a conduta humana; (2)simultaneamente, uma exigncia de que os homens de-veriam agir na medida do possvel conforme uma teoriacoerente; (3) uma adeso provisria concepo rece-bida sobre o que bom, com toda a sua complexidade eincoerncia, e uma prontido permanente em sustentar aharmonia de seus diversos elementos, e em demonstrara superioridade da virtude mediante um apelo ao padrodo interesse prprio; (4) rmeza pessoal em adotar essasconvices prticas. s quando se tem em vista todosesses pontos que se pode compreender como, das con-

  • 2.1 tica na losoa pr-socrtica 5

    versaes socrticas, brotaram as diferentes correntes dopensamento tico grego.Quatro escolas diferentes tm sua origem imediata no cr-culo que se reuniu em torno de Scrates a escola me-grica, a platnica, a cnica e a cirenaica. A inuncia domestre manifesta-se em todas apesar das grandes diferen-as que as separam; todas concordam em sustentar que apossesso mais importante do homem a sabedoria ouo conhecimento, e que o conhecimento mais importantea ser adquirido o conhecimento do Bem. Aqui, no en-tanto, termina a concordncia. A parte mais losca docrculo socrtico constituiu um grupo do qual Euclides deMgara foi provavelmente o primeiro lder. Esse grupoadmitia que o Bem era objeto de uma investigao aindainconclusa e foram levados a identic-lo com o segredodo universo e, desse modo, a passar da tica metaf-sica. Outros, cujas exigncias por conhecimento erammais facilmente satisfeitas e estavam ainda sob a impres-so causada pelo lado positivo e prtico dos ensinamentosdo mestre, tornaram a busca um assunto bem mais sim-ples. Consideraram que o Bem j era conhecido e susten-taram que a losoa consistia na aplicao rgida desseconhecimento s aes. Entre esses estavam Antstenes,o cnico, e Aristipo de Cirene. Ambos admitiram o de-ver de viver consistentemente conforme a teoria, em vezde conduzi-la por impulso ou pelo costume. Por sua no-o de um novo valor conferido vida por meio dessaracionalizao, e por seus esforos em manter uma r-meza inabalvel, calma e tranquila, de tmpera socr-tica, que Antstenes e Aristipo so reconhecidos comohomens socrticos, apesar de terem dividido a doutrinapositiva do mestre em sistemas diametralmente opostos.Acerca de seus princpios conitantes, pode-se dizer que,enquanto Aristipo efetivou a transio lgica mais bviapara reduzir os ensinamentos de Scrates a uma clara uni-dade dogmtica, Antstenes certamente extraiu a infern-cia mais natural que se poderia tirar da vida socrtica.Aristipo argumentava que, se tudo o que belo ou admi-rvel no comportamento deriva essas qualidades de suautilidade, isto , de sua aptido em produzir um bemmaior; e, se a ao virtuosa essencialmente uma aorealizada com previso com a apreenso racional de quea ao o meio adequado para a aquisio daquele bem ;ento aquele bem s pode ser o prazer. Aristipo susten-tava que os prazeres e dores corporais so os mais incisi-vos, mas no parece ter defendido essa ideia em termos deuma teoria materialista, pois admitia a existncia de pra-zeres exclusivamente mentais, tais como alegrar-se coma prosperidade da terra natal. Admitia plenamente queesse bem poderia se realizar apenas em partes sucessivas,e deu nfase at exagerada regra de buscar o prazer domomento e no se preocupar com o futuro. Para Aris-tipo, a sabedoria manifestava-se na seleo tranquila, re-soluta e habilidosa dos prazeres que as circunstncias ofe-reciam de momento a momento, sem se deixar perturbarpela paixo, pelo preconceito ou pela superstio; e a tra-dio representa-o como algum que realizou esse ideal

    em grau impressionante. Entre os preconceitos dos quaiso homem sbio estaria livre, Aristipo inclui a obedincias convenes ditadas pelo costume que no tivessem pe-nalidades vinculadas sua transgresso; no entanto, sus-tentava, assim como Scrates, que essas penalidades tor-navam razovel adotar uma postura de conformismo. As-sim, logo nos primrdios da teoria tica, j aparecia umaexposio completa e minuciosa do hedonismo.Bem diferente era a compreenso de Antstenes e dos c-nicos a respeito do esprito socrtico. Eles igualmentesustentavam que nenhuma pesquisa especulativa seria ne-cessria descoberta do bem e da virtude, e defenderamque a sabedoria socrtica no se exibiu numa busca ha-bilidosa pelo prazer; mas, ao contrrio, numa indiferenaracional em relao ao prazer numa ntida compreensode que no h valor algum no prazer nem em outros obje-tos dos desejos mais comuns acalentados pelos homens.Antstenes, com efeito, declarou taxativamente que o pra-zer um mal: " melhor a loucura que ceder ao prazer.Ele no desconsiderou a necessidade de complementar oinsight meramente intelectual com a fora de esprito so-crtica"; mas parecia-lhe que, por uma combinao de in-sight e autocontrole, a pessoa poderia conquistar uma in-dependncia espiritual absoluta que nada deixaria faltar aum perfeito bem-estar (ver tambmDigenes de Snope).Pois, quanto pobreza, labuta extenuante, ao desapreoe aos outros males que apavoram os homens, esses seriamteis, argumentava ele, como meios de avanar na liber-dade e virtude espiritual. Entretanto, na concepo cnicade sabedoria, no h um critrio positivo alm damera re-jeio dos preconceitos e dos desejos irracionais. Vimosque Scrates no alegava ter descoberto uma teoria abs-trata sobre a boa ou sbia conduta; ao mesmo tempo, en-tendia essa falta, em sentido prtico, como motivo para aexecuo conante dos deveres costumeiros, sustentandosempre que sua prpria felicidade estava condicionada aessa prtica. Os cnicos, de modo mais ousado, descar-taram tanto o prazer como o mero costume por conside-rarem ambos irracionais; mas, ao fazerem isso, deixarama razo liberada sem nenhum objetivo denido alm desua prpria liberdade. absurdo, tal como Plato apon-tou, dizer que o conhecimento o bem e, depois, quandonos indagam conhecimento de qu?" no ter outra res-posta positiva seno do bem"; mas os cnicos no pa-recem ter feito nenhum esforo srio de escapar a essecontrassenso.[4]

    2.1.3 Plato

    A tica de Plato no pode ser tratada adequadamentecomo um produto acabado; mas sim como um movi-mento contnuo, a partir da posio de Scrates, em di-reo ao sistema mais completo e articulado de Arist-teles, exceto por sugestes de teor asctico e mstico emalgumas partes dos ensinamentos de Plato que no en-contram correspondncia em Aristteles, e que, de fato,desaparecem da losoa grega logo aps a morte de Pla-

  • 6 2 HISTRIA DA TICA

    to, para bem mais tarde ressurgirem e serem entusi-asticamente desenvolvidas pelo neopitagorismo e peloneoplatonismo. O primeiro ponto em que se pode iden-ticar uma concepo tica platnica distinta da de S-crates est presente no Protgoras. Nesse dilogo, Platoenvida esforos genunos, embora nitidamente tenteado-res, em denir o objeto daquele conhecimento que ele eseu mestre consideravam ser a essncia de toda a virtude.Esse conhecimento seria na verdade uma mensurao deprazeres e dores por meio da qual o sbio evita errone-amente subestimar as sensaes futuras em comparaocom o que se costuma chamar de ceder ao medo e ao de-sejo. Esse hedonismo tem intrigado os leitores de Plato.Mas no h razo para perplexidades, pois o hedonismo o corolrio mais bvio daquela doutrina socrtica se-gundo a qual cada uma das diferentes noes de bem o belo, o prazeroso e o til deve ser de alguma formainterpretada em termos das outras. No que diz respeitoa Plato, no entanto, essa concluso s podia ser man-tida enquanto ele no tivesse executado o movimento in-telectual de levar o mtodo socrtico para alm do campodo comportamento humano e desenvolv-lo num sistemametafsico.Esse movimento pode ser expresso da seguinte maneira.Se soubssemos, dizia Scrates, o que a justia, se-ramos capazes de apresentar uma denio da justia"; overdadeiro conhecimento deve ser um conhecimento dofato geral, comum a todos os casos individuais aos quaisso aplicados a noo geral. Mas isso tambm verdadeem relao a outros objetos de pensamento e discurso;a mesma relao entre noes gerais e exemplos parti-culares se estende por todo o universo fsico; s se podepensar e falar sobre ele por meio de tais noes. O co-nhecimento verdadeiro ou cientco, portanto, deve serum conhecimento geral, relacionado primariamente noaos indivduos, mas aos fatos ou qualidades gerais queos indivduos exemplicam; de fato, a noo de um indi-vduo, quando examinada, mostra-se como um agregadodaquelas qualidades gerais. Mas, novamente, o objeto doverdadeiro conhecimento deve ser o que realmente existe;assim, a realidade do universo deve se apoiar em fatos ourelaes gerais, e no nos indivduos que exemplicamtais fatos e relaes.At aqui os passos so sucientemente claros; mas aindano se v como esse realismo lgico (como foi posterior-mente chamada essa posio) resulta no carter essencial-mente tico do platonismo. A losoa de Plato est vol-tada para o universo inteiro do ser; no entanto, o objetoltimo de sua contemplao losca ainda o bem,agora considerado como o fundamento ltimo de todo oser e de todo o conhecimento. Ou seja, a essncia do uni-verso identicada com esse m a causa formal dascoisas identicada com a sua causa nal, conforme aposterior terminologia aristotlica. Como isso ocorre?Talvez a melhor maneira de explic-lo esteja num retorno aplicao original do mtodo socrtico aos assuntos hu-manos. Uma vez que toda a atividade racional tem em

    vista alguma nalidade, as diferentes artes e funes daindstria humana so naturalmente denidas por uma de-clarao sobre seus usos ou nalidades; analogamente, aooferecer uma explicao sobre os vrios artistas e funcio-nrios, apresentamos necessariamente as suas nalidades aquilo em que eles so bons. Numa sociedade orga-nizada segundo os princpios socrticos, todos os sereshumanos seriam designados para alguma utilidade; a es-sncia de suas vidas consistiria em fazer aquilo em queso bons (o seu prprio). Mas, novamente, f-cil estender essa concepo para todo o campo da vidaorganizada; um olho que no alcana a sua nalidade deenxergar est destitudo da essncia do olho. Em resumo,pode-se dizer acerca de todos os rgos e instrumentosque eles so o que pensamos deles medida que cum-prem a sua funo e alcanam sua nalidade. Assim, se ouniverso for concebido organicamente como um arranjocomplexo de meios para ns, entende-se por que Platopode sustentar que todas as coisas realmente so (ou rea-lizam sua ideia), medida que alcanam o m ou o bemespecial para o qual foram dispostas. Mesmo Scrates,apesar de sua averso fsica, foi levado pela reexo pi-edosa a expor uma viso ideolgica do mundo fsico, ummundo organizado em todas as suas partes pela sabedo-ria divina para a realizao de alguma nalidade divina;e a viragem metafsica que Plato imprimiu a essa visofoi provavelmente antecipada por Euclides de Mgara,que sustentava que o nico ser real aquilo que cha-mamos por diversos nomes: Bem, Sabedoria, Razo ouDeus, aos quais Plato, alando a identicao socrticada beleza com a utilidade a um signicado mais elevado,acrescentou o nome do Belo Absoluto, ao explicar comoo amor beleza mostra-se em ltima instncia como umanseio pela nalidade e pela essncia do ser.Plato, portanto, aderiu a essa vasta orientao losca,e identicou as noes ltimas da tica com as da onto-logia. necessrio analise agora que atitude adotar emrelao s investigaes prticas que foram o seu ponto departida. Quais sero agora suas concepes de sabedoria,virtude, prazer e de suas relaes com o bem-estar?A losoa, agora, saiu da praa do mercado e entrou nasala de aula. Scrates buscava uma arte de se conduzirque seria exercida num mundo prtico e entre semelhan-tes. Mas, se os objetos do pensamento abstrato consti-tuem o mundo real, do qual esse mundo de coisas indivi-duais apenas uma sombra, evidente que a vida maiselevada e mais real ser encontrada naquela primeira re-gio, no nessa ltima. A verdadeira vida do esprito deveconsistir na contemplao da realidade abstrata que ascoisas concretas obscuramente representam na contem-plao do arqutipo ou ideal que os indivduos sensveisimitam imperfeitamente; e, como o homem mais ver-dadeiramente homem medida que se identica com asua mente, o desejo pelo bem de si mesmo, que Plato,seguindo Scrates, sustentava ser permanente e essencialem todas as coisas vivas, revela-se em sua formamais ele-vada como o anseio losco por conhecimento. Esse an-

  • 2.1 tica na losoa pr-socrtica 7

    Buon Governo (detalhe), afresco de Ambrogio Lorenzetti. Natica platnica, a Sabedoria (alto) e a Justia (centro) so asvirtudes fundamentais para a boa conduo tanto da vida par-ticular como do Estado.

    seio surge assim como a maioria dos impulsos sensuais com uma percepo de que falta ao indivduo algumacoisa anteriormente possuda, alguma coisa da qual elemantm uma memria latente na alma. No aprendizadode uma verdade abstrata por demonstrao cientca, oindivduo simplesmente torna explcito o que j sabia im-plicitamente; traz clareza da conscincia as memriasocultas decorrentes de um estado anterior em que a almacontemplava diretamente a Realidade e o Bem, antes deela ser aprisionada num corpo estranho e antes da misturade sua verdadeira natureza com os sentimento e impulsoscarnais. Chega-se assim ao paradoxo de que a verdadeiraarte de viver , na verdade, uma arte de morrer para ossentidos, a m de existir em estreita unio com a bondadee a beleza absoluta. Por outro lado, dado que o lsofodeve ainda viver e atuar no mundo sensvel, a identi-cao socrtica entre sabedoria e virtude plenamentemantida por Plato. Somente aquele que capta o bem emabstrato pode reproduzi-lo como bem transitrio e imper-feito na vida humana, e impossvel que, dispondo desseconhecimento, no aja de acordo com ele, seja em assun-tos privados, seja em assuntos pblicos. Assim, no ver-dadeiro lsofo, encontra-se necessariamente o homembom em sentido prtico, e tambm o estadista perfeito,caso a organizao da sociedade permita-lhe exercer a suahabilidade estadstica.Os traos caractersticos dessa bondade prtica no pensa-mento maduro de Plato reetem as noes fundamentais

    de sua concepo de universo. A alma do homem, em seuestado bom e normal, deve estar organizada e harmoni-zada conforme a orientao da razo. Surge ento a ques-to: Em que consiste essa ordem ou harmonia?" Paraesclarecer a resposta elaborada por Plato, convm no-tar que, embora mantivesse a doutrina socrtica de que avirtude mais elevada indissocivel do conhecimento dobem, Plato reconhecia uma espcie inferior de virtude,possuda por homens que no eram lsofos. evidenteque, se o bem a ser conhecido o fundamento ltimo detodas as coisas, ele s pode ser alcanado por um res-trito e seleto grupo. No entanto, no se pode restringira virtude apenas a esse grupo. Que abordagem, ento,deve ser dada s virtudes cvicas ordinrias coragem,temperana e justia? Parece claro que os homens quecumprem os seus deveres, resistindo s sedues domedoe do desejo, devem ter, se no conhecimento, ao menosopinies corretas quanto ao bem e aomal na vida humana;mas de onde viriam essas opinies corretas? Vm emparte, diz Plato, da natureza e da alocao divina";mas, para seu adequado desenvolvimento, so necess-rios o costume e a prtica. Da a importncia basilar daeducao e da disciplina para a virtude cvica; e mesmopara os futuros lsofos indispensvel essa cultura mo-ral, em que tambm cooperam o treinamento fsico eesttico (uma preparao apenas intelectual no basta).O conhecimento perfeito, por outro lado, no pode serimplantado numa alma que no tenha passado por umapreparao que inclui bem mais que o treinamento f-sico. O que essa preparao? Um passo importantena anlise psicolgica foi dado quando Plato reconheceuque o efeito dessa preparao era produzir a harmoniaacima mencionada entre as diferentes partes da alma, demodo que os impulsos se subordinassem razo. Pla-to distinguiu esses elementos no-racionais num com-ponente concupiscvel ( ) e num compo-nente irascvel ( ou ) e armou quea separao entre esses dois elementos, e entre esses ea razo, estabelecida pela experincia que o indivduotem de sua vida interior.Nessa tripartio da alma, Plato encontrou uma concep-o sistemtica das quatro espcies de virtudes reconhe-cidas pela moral estabelecida da Grcia mais tarde cha-madas de Virtudes Cardinais. Dessas, as duas mais fun-damentais eram a sabedoria que em sua forma superioridentica-se com a losoa e aquela atividade harmo-niosa e regulada de todos os elementos da alma, que Pla-to toma como a essncia da retido nas relaes sociais(). O sentido desse termo essencialmentesocial; e s se pode explicar o uso desse termo por Pla-to numa referncia analogia que ele traa entre o ho-mem individual e a comunidade. Numa polis justamenteordenada, tanto o bem-estar social como o bem-estar in-dividual dependeriam da interao harmoniosa daquelesdiversos elementos, cada um deles desempenhando a suafuno prpria, a qual, em sua aplicao social, mais na-turalmente denominada . Vemos, alm disso,como na concepo platnica as virtudes fundamentais da

  • 8 2 HISTRIA DA TICA

    Sabedoria e da Justia esto interconectadas. A sabedoriamantm necessariamente a atividade ordenada, e essa l-tima consiste na regulao pela sabedoria; enquanto queas duas outras virtudes especiais a Coragem ()e a Temperana () so apenas lados ou as-pectos diferentes dessa ao sabiamente regulada de umaalma composta.Essas so as formas como o bem essencial se manifesta navida humana. Resta saber se a apresentao dessas for-mas fornece uma explicao completa do bem-estar hu-mano ou se tambm se deve incluir o prazer. Nesse ponto,o pensamento de Plato parece ter sofrido vrias oscila-es. Depois de aparentemente sustentar que o prazer o bem (Protgoras), ele passa para o extremo oposto, re-jeitando qualquer assimilao entre bem e prazer (Fdon,Grgias); pois (1), sendo algo concreto e transitrio, oprazer no o bem verdadeiramente essencial que o -lsofo est a buscar; (2) as sensaes mais prontamentereconhecidas como prazeres esto associadas dor, numvnculo completamente estranho natureza do bem, umavez que esse ltimo jamais se associa ao mal. No en-tanto, essa era uma concepo que discordava tanto dosocratismo que Plato no poderia permanecer nela. Queo prazer no fosse um bem absoluto no era justicativapara no inclu-lo entre os bens da vida humana concreta;alm disso, somente os prazeres brutos e vulgares estoindissociavelmente ligados s dores da carncia. Dessemodo, na Repblica, ele no receia tomar o prazer comoparmetro para responder questo sobre a superiori-dade intrnseca da vida losca ou virtuosa, e argumentaque s o homem losco (ou bom) desfruta o prazergenuno, ao passo que o sensualista gasta a sua vida os-cilando entre a carncia dolorosa e o estado neutral defalta-de-dor, que ele equivocadamente toma por prazerpositivo. Ainda mais enfaticamente, declara-se nas Leisque, quando se est dissertando para homens, no paradeuses, deve-se mostrar que a vida que se estima comoa melhor e mais nobre tambm aquela em que o prazersupera em maior proporo a dor. Mas, embora Platomantenha que essa conexo inquebrantvel entre o me-lhor e o mais prazeroso seja verdadeira e importante, apenas em benefcio do vulgo que ele d essa nfase aoprazer; pois, na comparao mais losca apresentadano Filebo entre as alegaes do prazer e as da sabedoria,as primeiras so completamente subjugadas.

    2.1.4 Aristteles

    Aristteles, em sua obra tica a Nicmaco, arma quea felicidade (eudemonia) no consiste nem nos prazeres,nem nas riquezas, nem nas honras, mas numa vida virtu-osa. A virtude (aret), por sua vez, se encontra num justomeio entre os extremos, que ser encontrada por aqueledotado de prudncia (phronesis) e educado pelo hbito noseu exerccio.Para Epicuro a felicidade consiste na busca do prazer,que ele denia como um estado de tranquilidade e de

    Aristteles, importante lsofo da antiguidade.

    libertao da superstio e do medo (ataraxia), assimcomo a ausncia de sofrimento (aponia). Para ele, a feli-cidade no a busca desenfreada de bens e prazeres cor-porais, mas o prazer obtido pelo conhecimento, amizadee uma vida simples. Por exemplo, ele argumentava queao comer, o indivduo obtm prazer no pelo excesso oupelo luxo culinrio (que leva a um prazer fortuito, seguidopela insatisfao), mas pela moderao, que torna o pra-zer um estado de esprito constante, mesmo se ele se ali-menta simplesmente de po e gua.[5]

    Para os esticos, a felicidade consiste em viver de acordocom a lei racional da natureza e aconselha a indiferena(apathea) em relao a tudo que externo. O homemsbio obedece lei natural reconhecendo-se como umapea na grande ordem e propsito do universo, devendoassim manter a serenidade e indiferena perante as trag-dias e alegrias.Para os cticos da antiguidade, nada podemos saber,pois sempre h razes igualmente fortes para armar ounegar qualquer teoria, alm do que toda teoria inde-monstrvel (um dos argumentos que toda demonstraoexige uma demonstrao e assim ad innitum). Defenderqualquer teoria, ento, traz sofrimentos desnecessrias einteis. Assim, os cticos advogavam a suspenso dojuzo (epokh). Por exemplo, aquele que no imaginaque a dor um mal no sofre seno da dor presente, en-quanto que aquele que julga a dor um mal duplica seu so-frimento e mesmo sofre sem dor presente, sendo a meraideia do mal da dor s vezes mais dolorosa que a prpriador.[6]

  • 92.2 tica na Idade Mdia, no Renasci-mento e no Iluminismo

    Enquanto na antiguidade todos os lsofos entendiam atica como o estudo dos meios de se alcanar a felicidade(eudaimonia) e investigar o que signica felicidade, naidade mdia, a losoa foi dominada pelo cristianismo epelo islamismo, e a tica se centralizou na moral comointerpretao dos mandamentos e preceitos religiosos.No renascimento e nos sculos XVII e XVIII, os lsofosredescobriram os temas ticos da antiguidade, e a ticafoi entendida novamente como o estudo dos meios de sealcanar o bem estar, a felicidade e o bom modo de con-viver tendo por base sua fundamentao pelo pensamentohumano e no por preceitos recebidos das tradies reli-giosas.Espinoza, em sua obra tica, arma que a felicidade con-siste em compreender e criar as circunstncias que au-mentem nossa potncia de agir e de pensar, proporcio-nando o afeto de alegria e libertando-nos das determina-es alheias (paixes), isto , armando a necessidade denossa prpria natureza (conatus). Unicamente a alegrianos leva ao amor (alegria que associamos a uma causaexterior a ns) no cotidiano e na convivncia com os ou-tros, enquanto a tristeza jamais boa, intrinsecamente re-lacionada ao dio (tristeza que associamos a uma causaexterior a ns), a tristeza sempre destrutiva.[7][8] Espi-nosa dizia, quanto aos dominados pelas paixes: No rirnem chorar, mas compreender.[9]

    3 VisoA tica tem sido aplicada na economia, poltica ecincia poltica, conduzindo a muitos distintos e no-relacionados campos de tica aplicada, incluindo: ticanos negcios e Marxismo.Tambm tem sido aplicada estrutura da famlia, se-xualidade, e como a sociedade v o papel dos indiv-duos, conduzindo a campos da ticamuito distintos e no-relacionados, como o feminismo e a guerra, por exemplo.A viso descritiva da tica moderna e, de muitas ma-neiras, mais emprica sob a losoa Grega clssica, espe-cialmente Aristteles.Inicialmente, necessrio denir uma sentena tica,tambm conhecido como uma armativa normativa.Trata-se de um juzo positivo ou negativo (em termosmo-rais) de alguma coisa.Sentenas ticas so frases que usam palavras como bom,mau, certo, errado, moral, imoral, etc.Aqui vo alguns exemplos:

    Salomo uma boa pessoa As pessoas no devem roubar

    Protesto contra o aborto.

    A honestidade uma virtude

    Em contraste, uma frase no-tica precisa ser uma sen-tena que no serve para uma avaliao moral. Algunsexemplos so:

    Salomo uma pessoa alta As pessoas se deslocam nas ruas Joo o chefe.

    4 tica nas cincias A principal lei tica na robtica :

    Um rob jamais deve ser projetado para ma-chucar pessoas ou lhes fazer mal.

    Na biologia: Um assunto que bastante polmico aclonagem: uma parte dos ativistas consideraque, pela tica e bom senso, a clonagem sdeve ser usada, com seu devido controle, emanimais e plantas somente para estudos biol-gicos - nunca para clonar seres humanos.

    Na Programao Nunca criar programas (softwares) para preju-dicar as pessoas, como para roubar ou espio-nar.

  • 10 7 LIGAES EXTERNAS

    5 Referncias[1] Gilles Deleuze, Espinosa: Filosoa Prtica, p.23-35. Edi-

    tora Escuta

    [2] O que tica. Visitado em 11 de abril de 2008.

    [3] Ethics: an overview (em ingls) Cornell University of LawSchool. Visitado em 11 de abril de 2008.

    [4] Ethics, in The Encyclopaedia Britannica: a dictionary ofarts, sciences, literature and general information. 11. ed.New York, 1911. pp. 808-845.

    [5] Carta a Meneceus (em ingls).

    [6] Os Cticos Gregos, Victor Brochard, pg 338, OdysseusEditora, 2009

    [7] Wolfgang Bartuscha, Espinosa, ARTMED EDITORASA, 2010

    [8] Gilles Deleuze, Espinosa, Filosoa Prtica

    [9] Tratato Poltico, coleo Os Pensadores

    6 Ver tambm Biotica tica da discusso tica empresarial tica jornalstica tica na educao tica no direito tica na Internet Metatica Scrates Religio

    7 Ligaes externas OQue tica, Clvis de Barros Filho, Espao tica(em portugus)

    Comisso tica em pesquisa (em portugus) tica e Moral no site DireitoDaIndormatica.com.br(em portugus)

    " Esttica e tica em Kant Ethics Resource Center (em ingls) UB Center (em ingls) Ethics updates (em ingls)

    Institute for Global Ethics (em ingls) The Internet Encyclopedia of Philosophy (emingls)

    Online Journal of Ethics (em ingls) MEC - tica - Programa de Desenvolvimento Pro-ssional Continuado (em ingls)

    The Galilean Library (em ingls) Stanford Encyclopedia of Philosophy (em ingls) Ethics Resource Center (em ingls)

  • 11

    8 Fontes, contribuidores e licenas de texto e imagem8.1 Texto

    tica Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/%C3%89tica?oldid=42569706 Contribuidores: Jorge~ptwiki, Robbot, PauloColacino, Scott Ma-cLean, LeonardoG, Mschlindwein, Rui Silva, Pedro Aguiar, Mrcl, NH~ptwiki, EmilioSilva, Angeloleithold, Chico, LeonardoRob0t, Jic,Lusitana, Campani, Whooligan, NTBot, RobotQuistnix, JP Watrin, Renatomcr, Leslie, Clara C., Velho-, Marcelo-Silva, Epinheiro, Slade,Tschulz, Leandromartinez, 333~ptwiki, Joo Carvalho, Agil, OS2Warp, Cesarschirmer, 555, FML, Camponez, Adailton, Jpiccino, Yurik-Bot, Ccero, Porantim, Rmx, Bons, Martiniano Hilrio, Mosca, Eduardoferreira, Arges, Nickers~ptwiki, Jm783, Edrid, Dcolli, Davemus-taine, BMel, Master, Simoes mello, Marcelo Victor, Yanguas, Thijs!bot, Rei-bot, GRS73, Escarbot, Belanidia, Wmarcosw, Castelobranco,Daimore, BOT-Superzerocool, JSSX, JAnDbot, Alchimista, Thiago R Ramos, Luiza Teles, Bisbis, Vsombra, Baro de Itarar, AugustoReynaldo Caetano Shereiber, Alexanderps, Acscosta, Eric Du, Rjclaudio, Sereiasuza, Idioma-bot, EuTuga, Der kenner, Luckas Blade,Spoladore, Daniel Mazza, TXiKiBoT, Tumnus, Gunnex, VolkovBot, SieBot, Miguel Couto, Francisco Leandro, Synthebot, Teles, PedroCesar Matos, BotMultichill, Mrio Henrique, Jeferson, Leandro Prudencio, AlleborgoBot, GOE, GOE2, Alexandersampaio, Kim richard,Heiligenfeld, Beria, DragonBot, Joaopaulomeurer, PixelBot, Victorlage, Vmss, Lourencoalmada, Ruy Pugliesi, Pietro Roveri, Albambot,Vitor Mazuco, Maurcio I, Joaosac, Lucas msf, Carlos-PC, ChristianH, Numbo3-bot, Luckas-bot, LinkFA-Bot, LaaknorBot, Nallimbot,Eamaral, Vanthorn, Salebot, Jaideraf, ArthurBot, Bioterra, SuperBraulio13, Xqbot, JotaCartas, Gean, Rubinbot, Darwinius, Ishiai, An-tonioCampanati, Faustino.F, D'ohBot, Andr Aloa, Braswiki, Marcos Elias de Oliveira Jnior, HVL, TjBot, Ripchip Bot, Capito PirataBruxo, Dison, Aleph Bot, JackieBot, JorgePP, rico Jnior Wouters, Salamat, Jbribeiro1, Stuckkey, WikitanvirBot, OriginalKratos, PedR,Colaborador Z, Murilo Campos, Antero de Quintal, Tfda tapro, Aristbulo Zen, Gustavo Augusto R. Abreu, Fronteira, DARIO SEVERI,Shgr Datsgen, Zoldyick, Anailde araujo, Psicoetica, Skarlaque, Alaiyo, Raul Caarvalho, PauloHenrique, Leon saudanha, Lufema18,Prima.philosophia, Legobot, Plasticinax, Holdfz, GregorioIvano, Marocs, Krllossilva, Rodrigolopesbot, Joao paulo b, Marcioseno, Orevolucionrio aliado, Patricio Bras, Fix-in, Nin Castelo, Gabrielpavanetti e Annimo: 465

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    Amb._good_government_det..jpg Licena: Public domain Contribuidores: http://www.aiwaz.net/gallery/lorenzetti-ambrogio/gc57 Artistaoriginal: Lorenzetti Ambrogio

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    Definio e objeto de estudo TermoOutras definies

    Histria da tica tica na filosofia pr-socrtica tica sofistica tica socrtica PlatoAristteles

    tica na Idade Mdia, no Renascimento e no Iluminismo

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