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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS 50ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) ___ JUIZ (ÍZA) DE DIREITO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DA COMARCA DE GOIÂNIA - GOIÁS Distriuição por dependência da ação cautelar n. 200502325415 O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu representante em exercício perante a 50.ª Promotoria de Justiça do Estado de Goiás, legitimado pelo disposto no art. 129, inciso III, da Constituição; art. 1º, inciso IV, c/c. art. 5º, caput, e art. 21, da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1.985 c/c. art. 83, da Lei n.º 8.078, de 11 de setembro de 1.990, com apoio nos documentos anexos, é presente para propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA por IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, em desfavor de IRIS REZENDE MACHADO, brasileiro, casado, advogado, portador da Carteira de Identidade nº. 23929-1291416 SSP-GO 2ª via, portador do C.P.F. sob o n. 002.475.701-25, residente e domiciliado à Rua 01, nº 390, apt. 1.500- Ed. Buritis, Setor Oeste, CEP: 74.115-040, Goiânia; MARCONI SÉRGIO AZEVEDO PIMENTEIRA, brasileiro, divorciado, OAB nº 11.641, portador do CPF nº 463.456.201-49, residente e domiciliado à Rua SB- 22, esq. c/SB-1 , QD. 13, LT. 15, nº 15, Residencial Portal do Sol I, CEP: 74.884- 609, Goiânia; GUALBERTO E BASTOS ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 06.235.582/0001-71, endereçada à Rua 1139, n° 30, QD 249, LT 01, Setor Marista, CEP: 74.180-180, Goiânia, cujos sócios são: THYAGO MELLO MORAES GUALBERTO, brasileiro, solteiro, advogado, OAB nº 18.725, inscrito no CPF nº 836.155.613-15, residente e domiciliado à Rua T-37, nº 3132, apt. 900, Setor Bueno, CEP: 74.223- 091, Goiânia; SÉRGIO MEIRELES BASTOS, brasileiro, solteiro, advogado, OAB nº 18.725, inscrito no CPF nº 827.988.771-72, residente e domiciliado à Rua 07, nº 342, apt. 801, Setor Oeste, CEP: 74.110-090, Goiânia, e LORIME GUALBERTO DINIZ, brasileira, casada, advogada, portadora do RG: 3.9173, inscrita no CPF nº 216.221.01-34, endereçada à Rua 108, nº 124, Setor Sul, CEP: Edifício Sede do Ministério Público Rua 23 com Av.B, Qd. 06, Lt. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia, tel. 243-8000. 1

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS50ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO

EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) ___ JUIZ (ÍZA) DE DIREITO DA ___ VARA DA FAZENDA PÚBLICA MUNICIPAL DA COMARCA DE GOIÂNIA - GOIÁS

Distriuição por dependência da ação cautelar n. 200502325415

O MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS, por seu representante em exercício perante a 50.ª Promotoria de Justiça do Estado de Goiás, legitimado pelo disposto no art. 129, inciso III, da Constituição; art. 1º, inciso IV, c/c. art. 5º, caput, e art. 21, da Lei n.º 7.347, de 24 de julho de 1.985 c/c. art. 83, da Lei n.º 8.078, de 11 de setembro de 1.990, com apoio nos documentos anexos, é presente para propor AÇÃO CIVIL PÚBLICA por IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA, em desfavor de IRIS REZENDE MACHADO, brasileiro, casado, advogado, portador da Carteira de Identidade nº. 23929-1291416 SSP-GO 2ª via, portador do C.P.F. sob o n. 002.475.701-25, residente e domiciliado à Rua 01, nº 390, apt. 1.500- Ed. Buritis, Setor Oeste, CEP: 74.115-040, Goiânia; MARCONI SÉRGIO AZEVEDO PIMENTEIRA, brasileiro, divorciado, OAB nº 11.641, portador do CPF nº 463.456.201-49, residente e domiciliado à Rua SB-22, esq. c/SB-1 , QD. 13, LT. 15, nº 15, Residencial Portal do Sol I, CEP: 74.884-609, Goiânia; GUALBERTO E BASTOS ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 06.235.582/0001-71, endereçada à Rua 1139, n° 30, QD 249, LT 01, Setor Marista, CEP: 74.180-180, Goiânia, cujos sócios são: THYAGO MELLO MORAES GUALBERTO, brasileiro, solteiro, advogado, OAB nº 18.725, inscrito no CPF nº 836.155.613-15, residente e domiciliado à Rua T-37, nº 3132, apt. 900, Setor Bueno, CEP: 74.223-091, Goiânia; SÉRGIO MEIRELES BASTOS, brasileiro, solteiro, advogado, OAB nº 18.725, inscrito no CPF nº 827.988.771-72, residente e domiciliado à Rua 07, nº 342, apt. 801, Setor Oeste, CEP: 74.110-090, Goiânia, e LORIME GUALBERTO DINIZ, brasileira, casada, advogada, portadora do RG: 3.9173, inscrita no CPF nº 216.221.01-34, endereçada à Rua 108, nº 124, Setor Sul, CEP:

Edifício Sede do Ministério PúblicoRua 23 com Av.B, Qd. 06, Lt. 15/24, Jardim Goiás, Goiânia, tel. 243-8000.

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74.085-080, Goiânia; SKAF E FARIA ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ nº 07.330.779/0001-52, endereçada à Rua 85-B, nº 66, Setor Sul, CEP: 74.080-030, Goiânia, cujos sócios são: GETÚLIO SILVA FERREIRA DE FARIA, brasileiro, solteiro, advogado, OAB nº 20.177, inscrito no CPF nº 036.476.116-46, residente e domiciliado à Rua Alameda Botafogo, nº 149, apt. 203, Setor Central, CEP: 74.030-020, Goiânia; DANILO SKAF ELIAS TEIXEIRA, brasileiro, solteiro, advogado, OAB nº 17.827, residente e domiciliado à Rua 3, nº 160, apt. 902, Setor Oeste, CEP: 74.115-050, Goiânia; JOSÉ ROBERTO DA PAIXÃO, brasileiro, casado, advogado, OAB nº 563, residente e domiciliado à Rua 94, nº 1.164, Setor Sul, Goiânia, pelos fatos e fundamentos seguintes:

DOS FATOS

O sr. Iris Rezende Machado, Prefeito Municipal de Goiânia, juntamente com o sr. Marconi Sérgio de Azevedo Pimenteira, Procurador Geral do Município, publicaram “ Edital de Chamamento” no Diário Oficial do Município do último dia 27.05.2005, p. 10, “ para possível contratação por inexigibilidade licitatória, decorrente da notória especialização para possíveis chamamentos, que vise a apresentação de trabalho para a realização de serviços técnicos de natureza singular e de notória especialização na Assessoria Jurídica ou Consultoria Técnica e Auditoria Financeira ou Tributária, bem como o patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas, relativas a excedentes de serviços, impossíveis de serem realizados pelo corpo de procuradores, dado ao grande volume de ações que já os ocupam, em andamento, e ainda necessidades inadiáveis e urgentes das providências a serem tomadas na defesa e no interesse das receitas pública ( sic) de natureza tributária...”.

O referido fato foi encaminhada ao Ministério Público por meio de denúncia anônima, e considerando que este envolve a delegação de exercício da soberania estatal, foi instaurado Inquérito Civil Público para apuração cabal dos fatos, mediante a Portaria nº 100/05-50º.

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Alegou a Procuradoria Geral do Município, no ofício n. 610/2005-GAB, expedido ao sr. Prefeito do Município de Goiânia, Iris Rezende Machado, que o número de ações de executivo fiscal em tramitação seria extremamente alto, e citou que até o mês de julho de 2005 chegava a 149.703 (cento e quarenta e nove mil e setecentos e três) distribuídas para a Primeira Vara da Fazenda Pública Municipal, 55.727 (cinqüenta e cinco mil setecentos e vinte sete) para a Segunda Vara da Fazenda Pública Municipal) e 13.928 ( treze mil novecentos e vinte e oito) para a Terceira Vara de Fazenda Pública Municipal. O êxito das ações não perfaziam 20% ( vinte por cento), devido à dificuldade encontrada por número insuficiente de membros. Também foi apontado como tentativa de justificativa da contratação o atraso no ano de 2004 na propositura de ações referentes a IPTU e ITU nos exercícios de 2000, 2001, 2002, 2003 e 2004, cujo número de ações ultrapassariam cinqüenta mil, inviabilizando o acompanhamento por aquela especializada.

No ofício n. 955/2005 observou que na gestão antecedente foram ajuizadas ações executivas referentes a créditos tributários até o exercício de 2000, restando a atual administração ter que providenciar o rápido ajuizamento dos anos subsequentes (fls.290). No caso do credenciamento, sustentou, ainda, que não arcaria o Município de Goiânia com qualquer ônus decorrente dos contratos firmados com as sociedades de advogados, pois estes seriam suportados pelos contribuintes/executados, conforme for fixado judicialmente ( fls.295).

O despacho n. 218/2005 do referido prefeito municipal considerou que se fazia imprescindível a atuação dos procuradores municipais; que acarretaria grande despesa a designação de servidores nomeados em comissão para o exercício da advocacia; que diante da aparente ineficiência o Município de Goiânia vinha experimentando resultado financeiro inexitoso, correndo o risco de terem prescritas as ações; que a realização de concursos públicos demandaria considerável lapso temporal; que haveria empresas capacitadas, aptas a serem contratadas, mediante procedimento de “ inexegibilidade de licitação”, em conformidade com o art. 25, II, c/c art. 13, V, da Lei 8.666/93, para patrocinar os executivos fiscais, e estes serviços técnicos não trariam nenhum prejuízo ao erário, resolvendo que seja procedida a elaboração de edital de credenciamento de empresas de advogados.

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Em face das falaciosas justificativas apresentadas, foi proposta por esta especializada Ação Cautelar (fls.63) em desfavor de Iris Rezende Machado, Marconi Sérgio de Azevedo Pimenteira e do Município de Goiânia, sendo esta de indisponibilidade com pedido liminar de arresto de bens, afastamento de cargo (em relação ao sr. Marconi Sérgio de Azevedo Pimenteira), obrigação de não-fazer com cominação de multa pecuniária.

Em resposta ao ofício n. 102/2005 (fls.56), expedido por esta especializada, que requisitava informação quanto a ocorrência ou não de contratação, com o apoio na dispensa de licitação, de advogados e/ou sociedade de advogados e se positiva a resposta que fosse também encaminhada cópia do contrato celebrado entre a Prefeitura de Goiânia e o respectivo escritório, a Procuradoria Geral do Município, no ofício nº 807/2005-GAB, noticiou que até aquele momento só teria sido contratado uma sociedade de advogados, sendo esta Gualberto Bastos Advogados Associados S/S.

Todavia, na ocasião não teria sido encaminhada cópia do contrato, e sustentou-se que seria possível caracterizar tal inércia como ato doloso, praticado pelo Procurador Geral do Município, para se consubstanciar o fato consumado e assim criar ao Poder Judiciário uma mixórdia.

Observa-se que a sociedade suso citada foi contratada aos 12.09.2005, o que levou esta promotoria a aditar a ação cautelar (fls.90) incluindo no seu pólo passivo os réus: Gualberto e Bastos Advogados Associados S/S, Thiago Melo Moraes Gualberto ( integrante do quadro societário), Lorime Gualberto Diniz ( integrante do quadro societário) e Sérgio Meirelles Bastos.

No ofício n. 845/2005-GAB (fls.97), alegou a Procuradoria Geral do Município em decorrência da liminar concedida na ação cautelar citada alhures os procedimentos de contratação foram paralisados.

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Foi oferecida representação do Ministério Público em face do Tribunal de Contas dos Municípios do Estado de Goiás, na qual alegou-se que as contratações poderiam causar gravame ao erário, e que em razão da relevância das atribuições ligadas a assessoria e defesa jurídica do Município, não se poderia admitir como regra a terceirização desses serviços, que deveriam ser atribuídos a servidores com as aptidões e garantias institucionais necessárias para tanto.

No ofício n. 195/2006-GAB (fls.453), em resposta ao ofício n. 067/2006 (fls. 483), datado de 13.03.2006, da lavra desta promotoria, noticiou a Procuradoria do Município que houve a incontinênti paralisação de todos os processos para as novas contratações em decorrência da liminar concedida e foi determinado que o único escritório contratado, Gualberto e Bastos Advogados Associados S/S, cessasse qualquer atividade no cumprimento de seu respectivo contrato, não tendo sido promovido qualquer ato judicial pelos advogados integrantes da sociedade. Essa informação não corresponde à verdade dos fatos porque, conforme se demonstrará adiante, houve a contratação de outro escritório de advocacia e de outro profissional advogado, todos com remuneração milionária. Além disso, o referido escritório contratado, Gualberto e Bastos Advogados Associados S/S continuou habilitado em processo de execução fiscal como denotam os extratos de movimentação de processos extraídos pela internet e juntado aos autos de investigação às fls. 647/693

Informou também que houve transferência integral da Procuradoria da Fazenda Pública Municipal para o prédio do Fórum de Goiânia, com o intuito de imprimir maior concentração e coordenação do processo executivo.

Tentou justificar a esquiva do Prefeito Municipal em atender ao preceito da obrigatoriedade da realização do concurso público para o cargo de Procurador do Município na “impossibilidade” de realização do certame devido à tramitação, no Superior Tribunal de Justiça, do agravo de instrumento interposto em face do despacho que indeferiu o seguimento ao Recurso Especial interposto em face da liminar concedida, pelo plenário do Egrégio Tribunal de Justiça de Goiás, na ação direta de inconstitucionalidade autuado sob o n. 200100677368, e cujo objeto é o questionamento da constitucionalidade dos arts. 17, 18, 20, 22, 23, 25, 26 e do § 2º, do art. 3º, da Lei Municipal n. 7.998, de 27 de junho de 2000, do

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Município de Goiânia (fls. 248). Versa a referida ADIN sobre a transmutação ilegal do cargo de analista jurídico em Procurador Jurídico II, e do cargo de auxiliar administrativo transformado em Procurador Jurídico I, dentre outros cargos (fls. 459).

No entanto, Excelência, este fato é utilizado apenas para escamotear a verdade, pois em nada influencia na realização do necessário concurso público. Observe, Excelência, que o argumento central utilizado para a ilegal contratação dos advogados é o acúmulo de serviço e o reduzido número de servidores e procuradores. Ora, se os servidores ocupantes dos cargos de “analista jurídico” e “auxiliar administrativo”, vergonhosamente transmudados, pela Lei Municipal (7.998) questionada, em Procurador Jurídicos I e II, respectivamente, não são bastantes para atender à demanda da Procuradoria Geral do Município, evidente que a realização de concurso público é imprescindível! Daí que a criação e provimento de cargos pode ser feita já considerando, inclusive, a possível decisão final de mérito de procedência (que certamente demandará longos anos) na referida ação direta.

Por outro lado, Excelência, esta especializada, contando que fossem verdadeiras informações prestadas pelos réus, após entendimento, encaminhou o ofício n. 067/2006, endereçado ao réu Marconi Sérgio de Azevedo Pimenteira, requisitou a manifestação a respeito da celebração de termo de ajustamento de conduta referente à criação da carreira da advocacia pública municipal, fixado a data de 30.05.2006, às 9:30 hs, como consta do ofício nº 087/2006 (fls. 484). No entanto, o sr. Procurador-Geral do Município manteve-se inerte na celebração do referido termo de ajuste e isso tinha razão de ser, conforme abaixo se explica o porquê dessa inércia.

Chegou ao conhecimento do Ministério Público notícia de que tramitava no Tribunal de Contas dos Municípios os procedimentos n. 09655, de 28.04.20006, e n. 11637, de 01.06.2006, os quais versam sobre a contratação do escritório de advocacia SKAF E FARIA ASSOCIADOS S/S, cujos integrantes consubstanciam-se em: Getúlio Silva Ferreira de Faria e Danilo Skaf Elias Teixeira, e do advogado José Roberto da Paixão, ambos na expressiva monta de 1.000.000,00 ( um milhão de reais), ( fls. 485).

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Consta aos autos do primeiro procedimento acima elencado (autos n. 09655) o parecer n. 799/2005 (fls. 533/537), tratando a respeito de proposta de prestação de serviços de consultoria tributária oferecida pela sociedade SKAF e FARIA ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S, onde mais uma vez se alega a insuficiência do quadro de procuradores do município em solucionar prontamente os processos a estes encaminhados e a inexigibilidade de licitação por enquadrar em um dos casos excludentes trazido pela lei 8.666/93.( fls. 534).

Foi acatado o parecer referido pelo despacho n. 1797/2005, datado de 08 de junho de 2005 (fls. 538), este subscrito pelo réu Marconi Sérgio de Azevedo Pimenteira.

Autorizou o réu Iris Rezende Machado a firmatura do contrato de prestação de serviços entre o Município de Goiânia e a empresa SKAF E FARIA ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S, através do despacho n. 294/2005, de 08 de setembro de 2005. Sendo celebrado no dia 13 de setembro de 2005, e duração estimada até 31.12.2006, cláusula quarta.

Na cláusula terceira - Do Preço e do Pagamento - , do contrato acima citado, mais precisamente, no item 4.2, tem-se que o valor para fins de empenho ( fls. 547) se perfaz em 1.000.000,00 ( um milhão de reais).

Ressalta-se que vários ofícios foram expedidos por esta promotoria indagando sobre a celebração de contratos com outras sociedades além da Gualberto e Bastos Advogados Associados S/S, e nada foi declarado pela Procuradoria do Município a respeito.

O Parecer n. 0549/2006 (fls. 571/584), pelo Tribunal de Contas dos Municípios, versa sobre a contratação de serviços pela Prefeitura de Goiânia e a sociedade SKAF E FARIA ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S, pugnando pela rejeição do referido contrato, pelo fato de sua celebração depender de prévia licitação e não ter sido apresentado estimativa de impacto financeiro exigida pela Lei de Responsabilidade Fiscal ( fls.577/578). Como se infere do documento de fls. 492/493, a contratação deste escritório se deu em decorrência de uma “proposta de prestação de serviço de consultoria tributária e financeira” apresentada pelos seus integrantes, onde sustentaram que na definição do COINDICE/ICMS o Conselho

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Deliberativo, através da Resolução n. 50/2004 (14.12.2004) e com vigência a partir de 2005, teria aprovado indevidamente a contabilização de valor adicionado aos municípios de Senador Canedo, Rio Verde, Jataí e Goiatuba, e com isso o Município de Goiânia estariam supostamente suportando um prejuízo mensal de aproximadamente R$.570.000,00. Afirmaram na mesma proposta que teriam impetrado dois mandados de segurança em favor de alguns municípios e que nos autos dessas ações judiciais já haviam as contestações do município de Senador Canedo e o parecer da Procuradoria Geral de Justiça, e que tais processos estariam “prontos para serem colocados em pauta para julgamento, razão pela qual” estariam “tão-somente aguardando o ingresso do Município de Goiânia na condição de litisconsorte ativo” , o que faria “aumentar sobremaneira a força petitória dos impetrantes, para que possamos requerer seja o processo colocado em pauta para julgamento”. No entanto, como bem observou a Superintendência Jurídica do Tribunal de Contas dos Municípios, no referido Parecer n. 549/2006, nesse aspecto, diante do afirmado pelo escritório proponente, não seria possível a execução do contrato, pois é “pacífico o entendimento de que nos casos de litisconsorte facultativo, o mesmo deve ser inicial e nunca posterior”, pois só assim evita-se a “escolha de juízes” com ofensa ao princípio do juiz natural. Isso, Excelência, é narrado para ilustrar a debilidade da contratação efetivada ao arrepio da Lei de Licitações.

Ainda, no Certificado de Auditoria n. 2063/2006 (fls. 583/584), a Auditoria, após análise da documentação dos autos, considerou ilegal o contrato realizado e determinou a sustação do ato, num prazo máximo de noventa dias, sob pena de decurso in albis do prazo, tomar o Tribunal de Contas as devidas providências (fls.584).

E mais! O Tribunal de Contas dos Municípios, por meio da Resolução n. 10440/06 (fls. 591/592), datada de 12.09.2006, julgou ilegal o contrato celebrado pelo Município de Goiânia com o escritório SKAF E FARIA ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S.

Na cláusula sexta do referido contrato está estimado em R$.1.000.000,00 (um milhão de reais) o valor global do contrato celebrado!

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O outro procedimento (autos n. 11637) Excelência, cuida de contrato celebrado entre o Município de Goiânia e o advogado José Roberto da Paixão, também réu na presente ação, cujo objeto é “pleitear, técnico-juridicamente, o recebimento pelo CONTRATANTE, das quotas de ICMS a este pertencente, oriundo do programa FOMENTAR e do IPVA, não repassadas pelo Estado de Goiás, consoante o previsto na legislação vigente, especialmente a Lei Complementar Federal n. 63/90, e art. 158, III, da CF/88, exceptuando-se as parcelas já recebidas pelo o (sic) Município a título de participação nos leilões do Fomentar, realizados pelo o Estado de Goiás”, bem assim, o reajuste do índice do ICMS em face do subfaturamento da fonte produtora de combustíveis, valor adicionado ilegalmente ao município de Senador Canedo, devendo para tanto o contratado: I – promover os levantamentos das quotas não repassadas ao Município, mês a mês, e ano a ano, e demais acréscimos legais pertinentes, apurar os créditos das parcelas devidas ao CONTRATANTE, elaborar e encaminhar requerimento e/ou petição, reivindicando, no Poder Judiciário, inclusive nos tribunais superiores, o pagamento destas parcelas”. Como se vê dos termos do contrato celebrado (fls. 611/613), os honorários foram fixados na cláusula quarta (do preço e das condições de pagamento) em caso de êxito pleno no percentual de 10% (dez por cento) a serem pagos pelo contratante com o implemento individual da obrigação e proveito econômico e também teve seu valor estimado em R$.1.000.000,00 (hum milhão de reais).

Como se vê do publicado no Diário Oficial do Município (DOM n. 3715, de 8.9.2005, fls. 623), o Prefeito Municipal Íris Rezende Machado efetivou a contratação do advogado com apoio no art. 13, inciso III e IV1, da Lei Federal n. 8.666/93. No entanto, os referidos dispositivos legais não dão sustentação à contratação efetivada, pois há órgão específico legalmente instituído para a defesa dos interesses do Municípios perante o Poder Judiciário, e as pessoas contratadas (uma jurídica, ; SKAF E FARIA ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S e outra física, JOSÉ ROBERTO DA PAIXÃO) sequer preenchem o requisito previsto no inciso II2, do art. 25, da Lei de Licitações, qual a “notória especialização”. A bem 1 “Art. 13. Para os fins desta Lei, consideram-se serviços técnicos profissionais especializados os trabalhos relativos a: (...) III - assessorias ou consultorias técnicas e auditorias financeiras ou tributárias; (Redação dada pela Lei n. 8.883, de 1994) IV - fiscalização, supervisão ou gerenciamento de obras ou serviços;(...)”

2 “Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial: (...) II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;”

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da verdade, são casos apenas de pessoas que possuem bom trânsito nos bastidores do poder, e que com isso encontram facilidade em celebrar ajustes tais como os efetivados.

O advogado contratado, ao tomar conhecimento do encaminhamento de ofício pela 50a Promotoria de Justiça ao Procurador-Geral do Município e réu nesta ação, sr. Marconi Sérgio Azevedo Pimenteira, onde se informava que diante da contratação do escritório Skaf e Faria Advogados Associados S/S e do advogado José Roberto da Paixão, não seria mais possível a celebração de termo de ajuste de conduta com o município para regrar a criação da carreira jurídica da advocacia pública municipal, encaminhou expediente a esta promotoria onde demonstra que a sua contratação se deu em decorrência de conversas de bastidores em que houve uma divisão dos trabalhos entre sua pessoa e o escritório SKAFF E FARIA ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S.

No dia 08.09.2005, no Despacho n. 296/2006 ( fls. 610), o sr. Prefeito Íris Rezende Machado resolveu celebrar contrato (fls 612) com o sr. José Roberto da Paixão, cujo empenho versava em 1.000.000,00 ( um milhão de reais), firmado no dia 09.09.2006, com vigência de 18 meses a contar da data de celebração do contrato.

Em resposta ao ofício suso citado, a Procuradoria Geral do Município informou que foi interposto recurso ordinário ao egrégio Tribunal de Contas dos Municípios, com efeito suspensivo, e que em decisão a Corte Plenária dispôs ser possível a contratação de empresas sob a modalidade “êxito” ou contratos de riscos e afirmou que as medidas administrativas tomadas por ela não estão em desacordo com a legislação pátria, não havendo algum óbice para a celebração de termo de ajustamento de conduta.

DA NECESSIDADE DE PROFERIR MEDIDA LIMINAR

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Estamos, Vossa Excelência, diante de um conjunto probatório que evidencia de forma cristalina o dolo por partes dos réus no sentido de frustrar a licitude do processo licitatório, conforme muito bem demonstrado linhas atrás, razão pela qual o autor, nesta oportunidade, requer, em reforço à ação Cautelar proposta por esta especializada, sob protocolo nº 200502325415, datado de 05.10.2005, seja decretada, com apoio no art. 7º, e parágrafo único3, e art. 16, § 1º4, da Lei de Improbidade, a indisponibilidade e o arresto de bens dos réus.

Devido aos sérios riscos de lesão ao erário de difícil reparação e a possível consumação de fatos de difícil ou impossível reversibilidade, fulcrado no art. 798, lei n° 5.869/73, Código de Processo Civil, combinado com os art. 21, da lei nº 7.347/85, 84, §§ 3º a 5º, da lei 8.078/90 e art. 16, §1º e 20, parágrafo único, da lei 8.429/92, requereu-se liminarmente, na Ação Cautelar suso citada, a decretação de indisponibilidade de bens, a concessão do arresto de bens dos réus, afastamento do Procurador–Geral do Município, sr. Marconi Sérgio de Azevedo Pimenteira, abstenção dos réus de contratar escritórios de advocacia nos termos do Edital de Chamamento e suspensão de execução dos contratos incontinênti ao ato de intimação da decisão proferida por Vossa Excelência, sob pena de multa pecuniária correspondente a 10% do valor da ação executiva fiscal ajuizada por eventuais escritórios de advocacia contratados.

Pleiteia o autor que a Vossa Excelência considere os pedidos acima elencados, concedendo a liminar, uma vez que já houve contratações e se almeja evitar a efetivação de outros acordos para não lesionar mais o erário.

É sabido que para a concessão de qualquer medida cautelar faz-se mister a presença de dois requisitos, quais sejam a demonstração do fumus boni juris e periculum in mora.

3 “Art. 7° Quando o ato de improbidade causar lesão ao patrimônio público ou ensejar enriquecimento ilícito, caberá a autoridade administrativa responsável pelo inquérito representar ao Ministério Público, para a indisponibilidade dos bens do indiciado. Parágrafo único. A indisponibilidade a que se refere o caput deste artigo recairá sobre bens que assegurem o integral ressarcimento do dano, ou sobre o acréscimo patrimonial resultante do enriquecimento ilícito.”

4 “Art. 16. Havendo fundados indícios de responsabilidade, a comissão representará ao Ministério Público ou à procuradoria do órgão para que requeira ao juízo competente a decretação do seqüestro dos bens do agente ou terceiro que tenha enriquecido ilicitamente ou causado dano ao patrimônio público. § 1º O pedido de seqüestro será processado de acordo com o disposto nos arts. 822 e 825 do Código de Processo Civil.”

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A fumaça do bom direito resta demonstrada pela análise do comportamento dos réus que feriram, concomitantemente, a Lei de Improbidade Administrativa e o Código Tributário Nacional ao ocasionar lesão ao erário por causa de contratação de advogados e delegar a cobrança de tributos a terceiros, de forma absolutamente ilegal e inconstitucional. Da mesma forma em relação aos réus Skaf e Faria Advogados Associados, Getúlio Silva Ferreira de Faria, Danilo Skaf Elias Teixeira, e José Roberto da Paixão.

O perigo da demora emerge da protelação da situação prejudicial ao Poder Público, corroborando a necessidade de medida liminar ao presente caso em exame.

Sobre a possibilidade de decretação dessa medida liminar no próprio bojo da ação civil pública, a Egrégia Corte Goiana já decidiu:

TJGO: TERCEIRA CÂMARA CÍVEL (DJ 13.275, DE 10.04.2000)RELATOR: GERALDO DEUSIMAR ALENCARREDATOR: DES JOSE PEREIRA DE SOUZA REIAGRAVANTE: OTONIEL MACHADO CARNEIROAGRAVADO: MINISTÉRIO PÚBLICOEMENTA: "AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. ATO DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. SEQÜESTRO DE BENS DETERMINADOS. LIMITAÇÃO. I - AÇÃO CIVIL PÚBLICA É O INSTRUMENTO PROCESSUAL DE MANUSEIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO PARA A PROVOCAÇÃO DO CONTROLE JURISDICIONAL DE LEGALIDADE E MORALIDADE DOS ATOS ADMINISTRATIVOS (ART. 129, III, CF E ART. 25, IV, 'A' E 'B', DA LEI 8.625/93), INEXISTINDO QUALQUER OBICE LEGAL OU PROCESSUAL A CONCESSÃO DE MEDIDA LIMINAR NOS PRÓPRIOS AUTOS DA AÇÃO. II - BASTAM PARA A DECRETAÇÃO LIMINAR DE INDISPONIBILIDADE DE BENS, MEDIANTE SEQÜESTRO, PREVISTA NOS ARTIGOS 7º E 16º, DA LEI 8.249/92, FUNDADOS INDÍCIOS DE RESPONSABILIDADE E DANOS AO ERÁRIO. III - DEVE A CONSTRIÇÃO, RECAIR SOBRE IMÓVEL DO AGRAVANTE MENCIONADO COMO 'FAZENDA DAS

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PALMEIRAS', CUJAS DESCRIÇÕES SE ENCONTRAM NOS AUTOS. AGRAVO CONHECIDO E PARCIALMENTE PROVIDO”

Neste ponto, para reforçar a possibilidade do deferimento da medida cautelar, torna-se interessante reproduzir as lições do emérito Professor Paulo Medina Osório, tendo em vista a lucidez dos comentários sobre os artigos 7°, e 16, § 1º, da Lei n. 8.429/92:

"Cabe observar, desde logo, que a lei fala em seqüestro, mas na verdade se reporta à conhecida figura do arresto, que é mais abrangente, aplicando-se, no que couber, os arts. 822 e 825 do Código Processual Civil, representam do constrição dirigida a todo e qualquer bem ou valor capaz de assegurar o êxito de execução forçada por quantia certa.

Nesse passo, a 1a Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul tem precedentes no sentido de que é possível decretar a indisponibilidade dos bens de réus em ação civil pública por prática de atos de improbidade administrativa, aceitando, pois, que o pedido seja formulado nos autos da própria ação principal, sem necessidade de ajuizamento de ação cautelar de seqüestro.

Cumpre ressaltar que a inserção do pedido de indisponibilidade patrimonial no seio da ação civil pública não constitui irregularidade que impede apreciação do petitório, na medida em que o rito ordinário da demanda abriria maior espaço de defesa aos réus, descabendo cogitar de vício puramente formal, com alegação de descumprimento do disposto no art. 16, parágrafo 1o, da Lei número 8.429/92, pois 'a forma não pode se sobrepor ao direito que fundamenta a lide'.

Com efeito, seria absurdo exigir que o Ministério Público, por exemplo, quando da conclusão do inquérito civil, tivesse que duplicar cópias e formular duas demandas distintas: de um lado, a ação cautelar do art. 16, parágrafo 1o, da Lei número 8.429/92, e, de outro, a ação civil pública declaratória de atos de improbidade administrativa e de ressarcimento ao erário, para que ambas tramitassem apensas e

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com absoluta conexão e dependência!

Ora, há de se interpretar o art. 16, parágrafo 1o, da Lei número 8.429/ 92, com razoabilidade, no sentido de que se torna possível postular indisponibilidade patrimonial antes do ajuizamento da demanda principal, como forma de garantir o futuro ressarcimento do erário.

A interpretação da lei há de ser feita no contexto social e de modo vinculado ao sistema jurídico como um todo !

De outro lado, não cabe dizer que o pedido de seqüestro dos bens teria natureza essencialmente cautelar e, por esse ângulo, seria impossível deduzi-lo nos autos da ação civil da Lei número 8.429/92, a qual teria rito ordinário, sob o argumento de que os pedidos seriam insuscetíveis de cumulação.

No caso, embora se pudesse mesmo reconhecer natureza cautelar ao pedido de seqüestro dos bens, o certo é que tal medida não resulta incompatível com o alcance da ação civil pública, cuja regulação, nesse aspecto, passa pela Lei número 7.347/85, que possibilita a tutela de interesses da coletividade em defesa do patrimônio público e proporciona fundamento jurídico ao pedido de seqüestro patrimonial nos autos da demanda principal.

O aspecto mais relevante, nesse campo, é que não há qualquer cerce-amento à defesa dos réus com a inserção do pedido de seqüestro nos autos da ação civil pública, pois os prazos e o espaço defensivos são ainda mais amplos.

Além disso, os elementos informativos que embasam a demanda principal chegarão de imediato ao conhecimento dos réus, os quais poderão dispor de todos os recursos cabíveis para formular eventual inconformidade.

Não há interesse real, por parte dos réus, em que o seqüestro dos bens somente, possa ocorrer mediante uma ação cautelar, pois o ajuizamento

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direto da ação principal somente beneficia os demandados.

A ilação lógica e razoável que se deve fazer é no sentido de que o legislador buscou, isto sim, ampliar, não restringir, os mecanismos de defesa social até mesmo para as hipóteses em que se faz necessário tão somente o ajuizamento de ação cautelar, diante da falta de elementos maiores para, desde logo, uma ação principal, viabilizando instrumento adequado - ação cautelar - para o seqüestro dos bens.

É certo que se deverá buscar a individualização do patrimônio em quan-tidade suficiente, apenas, ao ressarcimento ao erário, mas isto necessita da prévia indisponibilidade patrimonial, preservando-se, desta forma, a essência do próprio processo.

Cabe salientar, ainda, que mesmo os bens adquiridos antes da prática dos atos de improbidade administrativa são alcançados pela Lei número 8.429/92, pois," na hipótese, cuida-se de promover o ressarcimento do patrimônio público", não sendo violada qualquer situação subjetiva garantida pelo art. 5o, inciso XXXVI, da Constituição Federal, sublinhando-se, ademais, que 'contra a Constituição não se pode alegar direito adquirido, nem os atos ilegais geram a aquisição de direitos'.

Não se desconhece, por derradeiro, posicionamento jurisprudencial restritivo em matéria de indisponibilidade patrimonial dirigida a agentes políticos chefes de Poder Executivo. Argumenta-se que seria necessário demonstrar o periculum in mora, vale dizer, demonstração objetiva de atos que revelem o desiderato do réu no sentido de desviar, dissipar, dilapidar ou desfazer-se dos bens que possui. De outro lado, pondera-se que os bens cujo seqüestro se ambiciona deveriam ter 'relacionamento» com o pedido ou a causa de pedir'. Finalmente, sustenta-se que haveria outros meios de abortamento da fraude, consoante estabelece o art. 593, II, do Código Processual Civil';

Data maxima venia, os argumentos expostos em favor da tese restritiva não prosperam.

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Primeiro, não se mostra crível aguardar que o agente público comece a dilapidar seu patrimônio para, só então, promover o ajuizamento de medida cautelar autônoma de seqüestro dos bens. Tal exigência traduziria concreta perspectiva de impunidade e de esvaziamento do sentido rigoroso da legislação. O pericultim in mora emerge, via de regra, dos próprios termos da inicial, da gravidade dos fatos, do montante, em tese, dos prejuízos causados ao erário.

A indisponibilidade patrimonial é medida obrigatória, pois traduz conseqüência jurídica do processamento da ação, forte no art. 37, parágrafo 40, da Constituição Federal.

Esperar a dilapidação patrimonial, quando se trata de improbidade ad-ministrativa, com todo respeito às posições contrárias, é equivalente a autorizar tal ato, na medida em que o ajuizamento de ação de seqüestro assumiria dimensão de 'justiça tardia', o que poderia se equiparar a denegação de justiça.

(...)

De outra banda, tampouco prospera o argumento de que os bens cujo seqüestro se pretende deveriam possuir origem ilícita, ou relação com os atos de improbidade.

Com efeito, o que se deve garantir é o integral ressarcimento ao erário. Assim, o patrimônio do réu da ação de improbidade fica, desde logo, sujeito às restrições do art. 37, parágrafo 4o, da Magna Carta, pouco importando, nesse campo a origem licita dos bens. Trata-se de execução patrimonial decorrente de divida por ato ilícito.

Prepondera, aqui, a análise do requisito da fumaça do bom direito. Se a pretensão do autor da actio se mostra plausível, calcada em elementos sólidos, com perspectiva concreta de procedência e imposição das sanções do art. 37, parágrafo 4o, da Carta Constitucional, a consequência jurídica adequada, desde logo, é a indisponibilidade patrimonial e posterior seqüestro dos bens."

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(in "IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA", p. 239 e s., 2a. ed., 1998, Síntese)

Requer, pois, o autor, seja concedida medida liminar decretando a indisponibilidade dos bens dos réus, na forma acima especificada, considerando o robusto conjunto probatório indicativo da irregularidade das contratações dos advogados suso citados.

DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS

Os réus ao pactuarem contratos cujos objetos consubstanciam-se em contratar advogados para pleitearem cobrança de impostos devidos ao Município de Goiânia, ou causas em defesa de supostos interesses da municipalidade, afrontaram diretamente a Lei n. 8.666/93, Lei de Licitações, pois está não dá apoio à contratação, seja por dispensa ou inexigibilidade, de advogado para defender interesses da pessoa jurídica de direito público, especialmente nos casos configurados nos autos, pois, em relação ao esdrúxulo “Edital de Chamamento”, buscaram os réus IRIS REZENDE MACHADO e MARCONI SÉRGIO AZEVEDO PIMENTEIRA uma maneira de terceirizar a administração pública em uma de suas funções indelegáveis, que é poder de fazer impor e cobrar os tributos devidos pelos munícipes, o que beneficiou a ré GUALBERTO E BASTOS ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S. No caso, deve ser adotada a teoria da despersonalização da pessoa jurídica (a qual serve para atividade ilícita, no caso) para também alcançar os integrantes da sociedade, quais sejam THYAGO MELLO MORAES GUALBERTO, SÉRGIO MEIRELES BASTOS, e LORIME GUALBERTO DINIZ, todos estes já habilitados em autos de execuções fiscais movidas pelo município, conforme prova carreada aos autos. Em relação à contratação do escritório SKAF E FARIA ADVOGADOS ASSOCIADOS e do advogado JOSÉ ROBERTO DA PAIXÃO, resta claramente evidenciado que não há apoio na Lei de Licitações para tal contratação direta e, pela maneira que foi levada a efeito a contratação, iniciando-se depois de uma espécie de “carta proposta” dirigida ao réu Íris Rezende Machado, infere-se que não passa de um

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arranjo engendrado em bastidores de poder para favorecer a quem tem livre trânsito nos meandros da máquina pública. Essa malfadada contratação beneficia diretamente os sócios da pessoa jurídica SKAF E FARIA ADVOGADOS ASSOCIADOS e, portanto, deve ser adotada também aquii a teoria da despersonalização da pessoa jurídica (a qual serve para atividade ilícita, no caso) para também alcançar os integrantes da sociedade, quais sejam GETÚLIO SILVA FERREIRA DE FARIA, DANILO SKAF ELIAS TEIXEIRA, e JOSÉ ROBERTO DA PAIXÃO.

Frise-se, mediante a alegação de insuficiência no quadro de procuradores, no afã de diminuir as pendências de recebimento de tributos e de possibilitar a arrecadação dos impostos devidos, abriu-se o edital de chamamento, datado de 25 de julho de 2005, pelo qual se promovia a apresentação de “ propostas de trabalho para a realização de serviços técnicos de natureza singular e de notória especialização na Assessoria ou Consultoria Técnica e Auditoria Financeira e Tributária, bem como o patrocínio ou defesa de causas judiciais ou administrativas, relativas ao excedente de serviços, impossíveis de serem realizados pelo corpo de procuradores”, excusaram-se os réus de cumprir os ditames legais.

Sustentam os presentes réus a inexigibilidade de licitação por

circunscrever o contrato em prestação de atividades advocatícias, nas quais há a inviabilidade de competição.

Embasam tal entendimento no art. 25, II e § 1°, da Lei n. 8.666/93, que assim rezam:

Art. 25. É inexigível a licitação quando houver inviabilidade de competição, em especial:

II - para a contratação de serviços técnicos enumerados no art. 13 desta Lei, de natureza singular, com profissionais ou empresas de notória especialização, vedada a inexigibilidade para serviços de publicidade e divulgação;

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§ 1o Considera-se de notória especialização o profissional ou empresa cujo conceito no campo de sua especialidade, decorrente de desempenho anterior, estudos, experiências, publicações, organização, aparelhamento, equipe técnica, ou de outros requisitos relacionados com suas atividades, permita inferir que o seu trabalho é essencial e indiscutivelmente o mais adequado à plena satisfação do objeto do contrato.

Da leitura do dispositivo resta límpido que se exige a conjugação de vários fatores para que o caso concreto se subsuma à lei, quais sejam: um serviço de natureza singular (objeto do contrato) desempenhado por profissional ou empresa de notória especialização (sujeito contratado), que essa confira ao profissional as qualidades necessárias para a plena satisfação do objeto de natureza singular e que a conjugação de todos esses elementos torne inviável a competição.

É mister que a inviabilidade de competição propedêutica da excusa de licitação seja suficiente e bem fundamentada, demonstrando uma real e efetiva inviabilidade. O que não foi feito pelo sr. Procurador do Município e o sr. Prefeito do Município de Goiânia, que se satisfizeram em apenas apontar a presença de notória especialização das sociedades e advogados contratados, não fundamentando veementemente a inexeqüibilidade da competição, a singularidade do serviço e nem mesmo a especialização notória dos contratados.

Nesta deixa percebe-se o disparate dos acima citados em não considerarem mister o procedimento licitatório, demonstrando uma atitude dolosa de burlar a lei e acarretar lesão ao erário.

Se realmente persiste número de procuradores aquém da quantidade ideal para o elevado número de demandas tributárias existentes dever-se-ia realizar concurso com o objetivo de aumentar o quadro ou selecionar advogados para serem contratados permanentemente, sob vínculo estatutário. É o que afirma o autor Marçal Justen Filho:

“ A atuação profissional da advocacia exige não apenas de domínio técnico-jurídico e uma espécie de sensibilidade acerca dos eventos futuros. Demanda o conhecimento das praxes administrativos e o

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domínio acerca dos fatos passados. É extremamente problemático a atuação satisfatória de um advogado que não conhece o passado da instituição e desconhece a origem dos problemas enfrentados. A terceirização dos serviços de advocacia representa grande risco para a atuação eficiente da Administração Pública.. Portanto e como regra, a melhor solução é a manutenção de advogados contratados permanentemente, sob vínculo trabalhista ou estatutário (conforme o caso). A seleção desses profissionais deve fazer-se através de concurso. Dispondo dessa estrutura de prestação profissional, a Administração poderá recorrer eventualmente à contratação de profissionais alheios a seus quadros, em face de causas específicas ou litígios especializados. A natureza singular do serviço advocatício caracterizar-se-á em virtude da presença de requisitos de diferente natureza: a complexidade da questão, a especialidade da matéria, a sua relevância econômica, o local em que se exercitará a atividade, o grau de jurisdição e assim por diante” (Comentários à lei de licitações e contratos administrativos. Ed. Dialética).

Não se justifica, portanto, a contratação direta de profissionais notoriamente especializados para a propositura de simples execuções fiscais ( art. 13, V) ou assessoria em procedimentos de rotina ( art. 13, III), pois nesses casos “ou não haveria espaço para ingresso de componente pessoal do autor, ou ( este) manifestar-se-ia em aspectos irrelevantes e por isso incapazes de interferir com o resultado do serviço” (MELLO, Celso Antônio Bandeira de, Curso de Direito Administrativo, 19º ed., Ed. Malheiros, p. 516).

Em suma, a contratação de serviços jurídicos deve, em regra, submeter-se a processo licitatório, admitindo-se a contratação direta somente em serviços com características excepcionais (natureza singular) que exijam profissionais com comprovada capacitação acima da média (notória especialização) para corresponder ao objeto contratado. Almejando, todavia, a execução de serviços de trato diário, ordinário, tal como o caso em análise, que podem ser prestados por quaisquer indivíduos habilitados, desafiaria, no mínimo, no caso das da contratação do escritório SKAF E FARIA ADVOGADOS ASSOCIADOS e JOSÉ ROBERTO DA PAIXÃO, o prévio processo licitatório.

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MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE GOIÁS50ª PROMOTORIA DE JUSTIÇA DE DEFESA DO PATRIMÔNIO PÚBLICO

Para que não paire qualquer dúvida quanto a conduta ilícita dos réus alguns julgados podem ser citados:

EMENTA: ADMINISTRATIVO - CONTRATAÇÃO DE ADVOGADO - LICITAÇÃO - DISPENSA - AUSÊNCIA DOS REQUISITOS DE NATUREZA SINGULAR DO SERVIÇO E NECESSIDADE DE NOTÓRIA ESPECIALIZAÇÃO - IMPOSSIBILIDADE - INAPLICABILIDADE DO ART. 25, II, DA LEI N. 8.666/93 - ATO DE IMPROBIDADE - CONFIGURAÇÃO - ART. 10, VIII, DA LEI 8.429/92 - PROCEDÊNCIA DA AÇÃO 1. A higidez do erário municipal enquadra-se na categoria dos interesses difusos, legitimando o Ministério Público para promover o inquérito civil e a ação civil pública com o objetivo de defender o patrimônio pertencente a toda a sociedade. A Constituição Federal (art. 129, inc. III) ampliou a legitimação ativa do Ministério Público para autorizá-lo a propor Ação Civil Pública na defesa desses interesses. 2. Não há qualquer óbice legal à utilização da ação civil pública como meio processual para as demandas aforadas com substrato na Lei n. 8.429/92. Além de o rito estabelecido no art. 17 dessa norma ser o mesmo observado na Lei n. 7.347/85 (a partir da contestação), há perfeita sintonia entre o objeto tutelado por uma e por outra. 3. A contratação de advogado sem licitação somente se justifica quando em razão da alta complexidade do serviço a ser executado impõe-se a escolha de profissional de alto nível e de notória especialização. Não preenche os requisitos definidos na Lei n. 8.666/93 (arts. 25, II, § 2º, e 13) a contratação de escritório de advocacia para ajuizar simples execuções fiscais. 4. Na aplicação das sanções inscritas na Lei n. 8.429/92 o juiz deve louvar-se no princípio da proporcionalidade, evitando punições desarrazoadas, que não guardem relação com a gravidade e a lesividade do ato praticado, sem descurar, contudo, dos imperativos constitucionais que apontam para a necessidade de rigor no combate aos atos de improbidade administrativa. Essa orientação se amolda aos princípios de justiça e permite uma adequação das reprimendas às circunstâncias subjetivas do agente e ao dano - material ou moral - efetivamente causado, sem que se descambe para a impunidade ou o descrédito do diploma de repressão da imoralidade e improbidade administrativa. 5. Ao decidir

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pela aplicação isolada ou conjunta das penalidades estatuídas na Lei 8.492/92, art. 12, I, II e III, o juiz, independentemente da estima pecuniária, deve estar atento à intensidade da ofensa aos valores sociais protegidos pela ordem jurídica e às circunstâncias peculiares do caso concreto, dentre elas, o grau de dolo ou culpa com que se houve o agente, seus antecedentes funcionais e sociais e as condições especiais que possam ensejar a redução da reprovabilidade social, tais como, aspectos culturais, regionais e políticos, contexto social, necessidade orçamentária, priorização de determinados atos, clamor da população, conseqüências do fato, etc. (Ação Civil Pública 2004.001338-8 TJ/SC, relator: Des. Luiz Cézar Medeiros, data da decisão: 12/04/2005).

RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. CONTRATO PARA REALIZAÇÃO DE SERVIÇOS TÉCNICOS ESPECIALIZADOS, MAS NÃO SINGULARES. ESCRITÓRIO DE ADVOCACIA. LICITAÇÃO. DISPENSA. 1. Os serviços descritos no art. 13 da Lei n. 8.666/93, para que sejam contratados sem licitação, devem ter natureza singular e ser prestados por profissional notoriamente especializado, cuja escolha está adstrita à discricionariedade administrativa. 2. Estando comprovado que os serviços jurídicos de que necessita o ente público são importantes, mas não apresentam singularidade, porque afetos à ramo do direito bastante disseminado entre os profissionais da área, e não demonstrada a notoriedade dos advogados – em relação aos diversos outros, também notórios, e com a mesma especialidade – que compõem o escritório de advocacia contratado, decorre ilegal contratação que tenha prescindido da respectiva licitação. 3. Recurso especial não-provido. (REsp 436869 / SP , Relator Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA)

É sabido que o Estado almeja galGar o bem-estar social, e para desempenhar tal missão investe-se de um poder sem concorrente, o jus imperi. A atividade de imposição tributária do poder público definida na Carta Magna de 1.988, constitui-se em exercício desse poder inerente a administração vinculada, sendo assim, a indelegabilidade é da sua essência.

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Não é permitido terceirizar a cobrança de tributos, serviço este que deve ser desempenhado pela advocacia pública, havendo, pois, previsão constitucional no sentido de ser este órgão integrante da administração pública como legítimo representante judicial das unidades federadas ( art. 131, CF).

É oportuno ressaltar a previsão constitucional a respeito das procuradorias estaduais em seu art. 132, que assim reza:

“ Os Procuradores dos Estados e do Distrito Federal, organizados em carreira, na qual o ingresso dependerá de concurso público de provas e títulos, com a participação direta da Ordem dos Advogados do Brasil em todas as suas fases, exercendo a representação judicial e a consultoria jurídica das respectivas unidades federadas.”

Aplica-se, por extensão, tais requisitos ao Município e, em especial ao Município de Goiânia, que no Decreto Municipal n. 1991, de 06. 10.1999, traz a seguinte disposição normativa:

“ Art. 5º- A Procuradoria Geral do Município é o órgão consultivo integrante do Sistema Administrativo da Prefeitura Municipal de Goiânia, que tem por finalidade a representação e assessoramento jurídico da municipalidade e zelar pela observância de decisões judiciais e disposições legais do Município, competindo-lhe especificamente: (...)III - atuar judicial e extrajudicialmente em defesa dos interesses do Município;IV - promover a cobrança judicial da dívida ativa do Município, após ajuizamento; (...)”

Desta forma, não poderia ter sido contratado advogado e sociedades advocatícias sob o escopo de pleitear judicialmente a cobrança de créditos tributários, que são considerados dívida ativa, conforme dispõe o Código Tributário Nacional:

“ Art. 201- Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competente, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, por lei

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ou por decisão final proferida em processo regular.”

É pertinente elucidar a presença desta norma também nas seguintes leis:

“ art. 39, § 2º- Dívida Ativa Tributária é crédito da Fazenda Pública dessa natureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos adicionais e multas (...) ” ( Lei nº 4.320/64).

“ art. 2º- Constitui-se Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida como tributária ou não tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de 1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de direito financeiro para a elaboração e controle dos orçamentos e balanços da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal. § 3º- A inscrição, que se constitui no ato de controle administrativo da legalidade, será feita pelo órgão competente para apurar a liquidez e certeza do crédito e suspenderá a prescrição, para todos os efeitos de direito, por 180 dias, ou até a distribuição da execução fiscal, se esta ocorrer antes do findo daquele prazo. ( Lei nº 6.830/80)”

Vê-se, pois, que todo o ordenamento jurídico conduz à inexorável conclusão de que a atividade impositiva tributária é típica estatal e portanto indelegável. Desta forma, pretender “chamar” terceiro para exercê-la configura-se inaceitável ilegalidade.

DO PEDIDO

Por todo o exposto, o Ministério Público do Estado de Goiás, por seu representante em exercício na 50ª Promotoria de Justiça da Comarca de Goiânia , requer:

a) autuação da presente inicial e a concessão de medida liminar inaudita altera pars para decretação da indisponibilidade e arresto dos bens do requerido, com apoio no art. 7º, e parágrafo único, e art. 16, § 1º, da Lei de Improbidade, a indisponibilidade, o arresto de bens dos réu e vez

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deferido o pedido liminar de indisponibilidade de bens, seja expedido ofício residente e domiciliado aos cartórios de registro de imóveis de Goiânia, para averbação na matrícula dos imóveis cuja propriedade seja do réu.

b) notificação do requeridos, IRIS REZENDE MACHADO, brasileiro, casado, advogado, portadora da Carteira de Identidade n. 23929-1291416 SSP-GO 2ª via, portador do C.P.F. sob o n. 002.475.701-25, residente e domiciliado à Rua 01, nº 390, apt. 1.500- Ed. Buritis, Setor Oeste, CEP: 74.115-040, Goiânia; MARCONI SÉRGIO AZEVEDO PIMENTEIRA, brasileiro, divorciado, OAB nº 11.641, portador do CPF nº 463.456.201-49, residente e domiciliado à Rua SB-22, esq. c/ SB-1 , QD. 13, LT. 15, nº 15, Residencial Portal do Sol I, CEP: 74.884-609, nesta capital, pelo correio com aviso de recebimento, para oferecer manifestação por escrito, o que poderá ser instruída com documentos e justificações, dentro do prazo de quinze dias, nos termos do § 7º, do art. 17, da Lei n. 8.429/92, com a redação que lhe foi emprestada pela pela Medida Provisória n. 2.225-45, de 4.9.2001), combinado com o art. 221, inciso I, do Código de Processo Civil;

c) A notificação do Município de Goiânia, para os fins do disposto no art. 17, e § 3º5, da Lei n. 8.429/92;

d) depois da juntada da manifestação do requeridos, se houver, e convencido Vossa Excelência da existência, prima facie, do ato de improbidade administrativa, da procedência da ação ou da adequação da via eleita (§ 8º do art. 17), seja procedida à intimação com efeito de citação para, querendo, responder aos termos da presente inicial (§ 9º do art. 17);

Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, especialmente o depoimento pessoal do réu, oitiva de testemunha a serem arroladas no momento oportuno, perícias, vistorias, juntada de novos documentos, etc.

5“Art. 17. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar. (...) § 3o No caso de a ação principal ter sido proposta pelo Ministério Público, aplica-se, no que couber, o disposto no § 3o do art. 6o da Lei no 4.717, de 29 de junho de 1965.(Redação dada pela Lei nº 9.366, de 16.12.1996)”

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Ao final, seja a ação julgada procedente, para ser declarada a nulidade do Edital de Chamamento e dos contratos celebrados e condenados os réus IRIS REZENDE MACHADO, MARCONI SÉRGIO DE AZEVEDO PIMENTEIRA, GUALBERTO E BASTOS ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S, THYAGO MELLO MORAES GUALBERTO, SÉRGIO MEIRELES BASTOS, LORIME GUALBERTO DINIZ, SKAF E FARIA ADVOGADOS ASSOCIADOS S/S, GETÚLIO SILVA FERREIRA DE FARIA, DANILO SKAF ELIAS TEIXEIRA, JOSÉ ROBERTO DA PAIXÃO, nos termos do art. 37, §§ 4º e 5º, da Constituição Federal, nas disposições da Lei de Combate à Improbidade Administrativa, em especial o seu art. 10, X, c/c o art. 12, II6, em proporção à participação de cada qual nos fatos descritos.

Dá-se a causa o valor de R$. 402.000.000,00 (quatrocentos e dois milhões de reais), correspondente ao valor da cautelar anteriormente ajuizada somado aos dois contratos que se teve conhecimento em momento posterior.

Termos em que,Pede e espera deferimento.Goiânia-Goiás, 12 de janeiro de 2007.

UMBERTO MACHADO DE OLIVEIRA50º Promotor de Justiça

Obs.: Acompanha a presente inicial o procedimento administrativo n. 66.994/2005, com três volumes e páginas numeradas até 873m, onde está toda a documentação referenciada na petição inicial.

6 “Art. 10. Constitui ato de improbidade administrativa que causa lesão ao erário qualquer ação ou omissão, dolosa ou culposa, que enseje perda patrimonial, desvio, apropriação, malbaratamento ou dilapidação dos bens ou haveres das entidades referidas no art. 1º desta lei, e notadamente: (...) VIII - frustrar a licitude de processo licitatório ou dispensá-lo indevidamente; Art 12- Independentemente das sanções penais, civis e administrativas na legislação específica, está o responsável pelo ato de improbidade administrativa sujeito às seguintes cominações: (...) II- na hipótese do art. 10, ressarcimento integral do dano, perda dos bens ou valores acrescidos ilicitamente ao patrimônio, se concorrer esta circunstância, perda da função pública, suspensão dos direitos políticos da cinco a oito anos, pagamento de multa civil da até duas vezes o valor do dano e proibição de contratar com o Poder Público ou receber benefícios ou incentivos fiscais ou creditícios direta ou indiretamente, ainda que por intermédio de pessoa jurídica da qual seja sócio majoritário, pelo prazo de cinco anos ( Lei 8.429/92).”

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