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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ª Vara Cível do Juizado Especial do Estado de São Paulo SÉRGIO SALOMÃO SHECAIRA, brasileiro, divorciado, residente na Rua Aimberé 736, Perdizes, São Paulo, SP, CEP 05018-011, portador de documento de identidade RG nº 11.781.563-9, inscrito no CPF/MF sob o nº 060.303.018-10, Professor da Universidade de São Paulo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, ajuizar a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS cumulada com OBRIGAÇÃO DE FAZER, em face de JANAÍNA CONCEIÇÃO PASCHOAL, brasileira, casada, advogada e professora da Faculdade de Direito da USP, portadora da cédula de identidade RG nº 24.130.055-1 SSP/SP, residente e domiciliada à Alameda Franca, nº 84, apto. 202, São Paulo/SP, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ª Vara ... · Os direitos da personalidade, disciplinados no Capítulo II, do Livro I, da Parte Geral do Código Civil, são definidos

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Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da __ª Vara Cível do Juizado Especial do

Estado de São Paulo

SÉRGIO SALOMÃO SHECAIRA, brasileiro, divorciado, residente na Rua

Aimberé 736, Perdizes, São Paulo, SP, CEP 05018-011, portador de documento de

identidade RG nº 11.781.563-9, inscrito no CPF/MF sob o nº 060.303.018-10, Professor

da Universidade de São Paulo, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência,

ajuizar a presente AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS cumulada com

OBRIGAÇÃO DE FAZER, em face de JANAÍNA CONCEIÇÃO PASCHOAL, brasileira,

casada, advogada e professora da Faculdade de Direito da USP, portadora da cédula

de identidade RG nº 24.130.055-1 SSP/SP, residente e domiciliada à Alameda Franca,

nº 84, apto. 202, São Paulo/SP, pelas razões de fato e de direito a seguir aduzidas.

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DOS FATOS

No período de 11 a 15 de setembro de 2017 foi realizado concurso para professor

titular do Departamento de Direito Penal, Criminologia e Medicina Forense da

Universidade de São Paulo (Edital FD -24/2016 anexo). Participaram do concurso quatro

candidatos (Alamiro Velludo Salvador Netto, Ana Elisa Liberatore Silva Bechara,

Mariângela Gama de Magalhães Gomes e Janaína Paschoal), que foram devidamente

avaliados por banca composta por cinco membros, quais sejam: Sérgio Salomão

Shecaira, Renato Jorge de Mello Silveira, Cláudio Roberto Cintra Bezerra Brandão,

Maria Auxiliadora Minahim e Vittorio Manes.

O resultado final das avaliações foi divulgado (Edital ATC – 29/2017 anexo),

ficando Alamiro Velludo Salvador Netto em primeiro lugar, seguido por Ana Elisa

Liberatore Silva Bechara. Além disso, Mariângela Gama de Magalhães foi aprovada,

ficando em terceiro lugar no concurso, enquanto Janaína Paschoal reprovada, não

atingindo a nota mínima exigida.

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Pouco tempo após a divulgação do resultado, a candidata Janaína Paschoal

passou a manifestar-se publicamente em suas redes sociais, acusando

irresponsavelmente a banca do concurso de ter favorecido os candidatos aprovados, por

uma alegada existência de relação íntima e pessoal do primeiro colocado com os

avaliadores, o que teria lhe gerado um favorecimento de forma claramente desleal.

Acusou especialmente este manifestante, alegando a sua participação em um

esquema de favorecimento do candidato aprovado, bem como afirmando sua conivência

com plágio supostamente feito pelo candidato vencedor.

A sequência integral das declarações publicadas pela requerida acompanha esta

inicial, mas cabe mencionar desde já de que forma iniciaram as acusações tecidas

contra este requerente:

1

1 https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913721773597839360

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2

3

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2 https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913721999352098817

3 https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913722153970880512

4 https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913722427104010240

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7

5 https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913722669085884416

6 https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913722860513976320

7 https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913723017120927746

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8 https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913723153276432384

9 https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913723556705468416

10 https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913723741041029120

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11

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913723920968232960 12

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913724020440403969 13

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913724271888945152

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https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913724446208389120 15

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913725474462937088 16

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913725981067808769

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https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913726143651565568 18

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913726421956202496 19

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913726601485045760

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https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913727919675109378

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https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913728209677635584

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Não sendo suficiente afirmar que este requerente aprovou tese sem ler ou foi

conivente com plágio, em outubro do mesmo ano a requerida buscou entrevista

concedida por este manifestante para um portal de notícias no ano de 2015,

22

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/913728399755145218

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compartilhou e passou a tecer uma série de críticas infundadas, com afirmações

levianas e de evidente má-fé, distorcendo as palavras para prejudicar a imagem deste

manifestante perante seus milhares de seguidores:

1. 23

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https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/918065407868665856

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https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/918063286758924290 25

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/918068301623947266 26

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/918068454774755328

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https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/918068724590137345 28

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/918069073816309761 29

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/918069424007143426

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https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/918069789196718081 31

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/918070030054690816 32

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/918070676623413251

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Além de distorcer todas as ideias do manifestante para divulgar para seus

seguidores nas redes sociais, afirmou que este manifestante é a favor de libertar

33

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/918071513852596230 34

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/918071897597861888 35

https://twitter.com/JanainaDoBrasil/status/919515650799882240

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traficantes e, de forma claramente irônica, parabenizou os “professores que pensam,

primeiro, no bem de seus alunos e não os estimulam a usar drogas e fazer aborto”, em

ato de evidente má-fé.

Importante observar, ainda, que todas as graves acusações feitas pela requerida,

foram proferidas em sua conta na rede social Twitter (https://twitter.com/janainadobrasil)

que conta com mais de 85 mil seguidores, o que evidencia que qualquer afirmação

feita neste ambiente virtual tem seu alcance muito potencializado, em razão da

quantidade enorme de pessoas que essas afirmações atingem:

Esse potencial de divulgação de conteúdos implica também na potencialização

das consequências decorrentes das acusações que profere em sua conta pública da

rede social. Não é novidade a capacidade que a requerida tem de “viralizar” conteúdos,

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tendo suas manifestações replicadas em diversos ambientes, inclusive em outras redes

sociais e, com isso, pautando até mesmo o conteúdo da grande mídia, cenário este que

aumenta sobremaneira a responsabilidade da requerida por suas manifestações.

Logo na sequência da publicação dessas acusações, este manifestante já

começou a sentir a dimensão das consequências que isso traria para sua vida pessoal e

acadêmica. Passou a ter que dar explicações para a imprensa, respondendo as

acusações que começaram a correr nas redes sociais, de pessoas que o chamavam de

“bandido, desonesto, corrupto, mentiroso”, e outras tantas ofensas graves, que podem

ser melhor ilustradas com as reações de outros usuários da rede social às publicações

feitas:

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https://twitter.com/oofaka/status/913722426470670336

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https://twitter.com/oofaka/status/913729687653879809

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https://twitter.com/Paulox36/status/913950317611487232

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https://twitter.com/MARCOEVERS2/status/913730904819929089 40

https://twitter.com/ceciliabourdon/status/913727712300281856

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https://twitter.com/MaciMarcus/status/913729119992664065 42

https://twitter.com/Santiago_andart/status/913725641341702144

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https://twitter.com/AlaridoSu/status/913719954280714240 44

https://twitter.com/galvao_valter/status/913745037653106689

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https://twitter.com/edmilson1/status/913717099683569664 46

https://twitter.com/JuniorGaruzzi/status/913717687779504128

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https://twitter.com/JacqueMaara/status/913736058692603904 48

https://twitter.com/leaaoun/status/913789633317699585

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Além disso, as acusações levianas feitas pela requerida repercutiram

também em matérias divulgadas por diversas outras páginas, como a Revista

49

https://twitter.com/BernadeteVeras/status/913731800907829248 50

https://twitter.com/sofia_escolha/status/918127609812279301

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Exame51, que divulgou também em sua página do Facebook,52 o Estadão53, a

página do Facebook “Juntos Pelo Brasil”, e os jornais online Correio do Poder54,

Correio Braziliense55 e Gazeta do Povo 56.

Cabe registrar também que esse potencial de divulgação se agrava a cada

replicação das postagens da requerida, já que é exposta não apenas para os seguidores

da requerida, mas também para seguidores daqueles que compartilham seu conteúdo.

A página do Estadão, por exemplo, conta com quase 4 milhões de assinantes,

como pode ser visto nas publicações trazidas com a inicial.

A divulgação desses conteúdos na imprensa e em suas páginas de redes sociais

gerou uma série de outras reações odiosas contra este manifestante, colocando em

descrédito todo seu esforço acadêmico, sua história, tirando credibilidade de seu nome

cuja reputação foi construída com tanto trabalho e dedicação.

Na matéria divulgada na página do Estadão, por exemplo, a requerida afirmou

que sofre perseguição em seu departamento, afirmando ainda que o autor é o grande

pivô de sua reprovação e da perseguição que sofre:

51

https://exame.abril.com.br/brasil/janaina-paschoal-acusa-professor-da-usp-de-plagio/ 52

https://www.facebook.com/Exame/posts/10155703288918953 53

http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,reprovada-autora-do-impeachment-ve-perseguicao-na-usp,70002038198 54

http://www.correiodopoder.com/2017/09/janaina-paschoal-sofre-ameacas-e-pede.html 55

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/politica/2017/10/11/internas_polbraeco,632937/janaina-paschoal-alega-perseguicao-na-usp-e-quer-anulacao-de-concurso.shtml 56

http://www.gazetadopovo.com.br/justica/janaina-paschoal-acusa-banca-da-usp-de-fraude-4m5biugb5pvv00tkhopeqf1pt

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Mais além, Janaina disse que um dos pivôs dessa crise é seu chefe de

departamento, Sergio Salomão Shecaira. Enquanto ela foi uma das autoras

do impeachment, ele subscreveu manifesto de juristas a favor de Dilma. A

professora disse que a perseguição de valores que sofre é porque é

“contra a legalização das drogas, do aborto, da liberação de traficantes e

da abertura das prisões” e porque trata de temas que não agradam aos

docentes. A sua tese de titularidade era Direito Penal e Religião: as várias

interfaces de dois temas que aparentam ser estanques.

Somente nesta matéria foram diversos os comentários no seguinte sentido:

57

58

57

https://www.facebook.com/estadao/posts/2175428139138903

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https://www.facebook.com/estadao/posts/2175428139138903?comment_id=2175461755802208&comment_tracking=%7B%22tn%22%3A%22R9%22%7D 59

https://www.facebook.com/estadao/posts/2175428139138903?comment_id=2175481689133548&comment_tracking=%7B%22tn%22%3A%22R9%22%7D 60

https://www.facebook.com/estadao/posts/2175428139138903?comment_id=2175562162458834&comment_tracking=%7B%22tn%22%3A%22R9%22%7D 61

https://www.facebook.com/estadao/posts/2175428139138903?comment_id=1357414291030457&comment_tracking=%7B%22tn%22%3A%22R1%22%7D

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Assim, utilizando de todo esse potencial do funcionamento das redes sociais,

bem como abusando da relevância que conquistou no ambiente virtual (relevância aqui

colocada no sentido técnico da palavra neste ambiente, que considera a capacidade de

conseguir um grande número de menções em curto espaço de tempo e com isso

colocar os assuntos divulgados como tópico de relevância nas redes sociais), a

requerida, inconformada com sua reprovação no mencionado concurso, decidiu proferir

uma série de acusações infundadas para macular a honra e a imagem deste requerente.

Vê-se, portanto, que a requerida, motivada unicamente por sentimento de

revolta e vingança, criou narrativa para desacreditar todo o esforço do requerente

na construção de sua carreira profissional, distorcendo suas manifestações e

afirmando que este manifestante participou de um conluio criminoso para

favorecimento de determinando candidato, ofendendo de forma inquestionável

sua honra.

Não se questiona aqui, por óbvio, a possibilidade de a requerida pleitear, pelas

vias legítimas, a legalidade de qualquer fase do concurso, tanto nas vias administrativa

quanto judicial, bem como questionar a formação das bancas ou até mesmo os atos do

requerente enquanto Chefe do Departamento da faculdade.

62

https://www.facebook.com/estadao/posts/2175428139138903?comment_id=1978622932377677&comment_tracking=%7B%22tn%22%3A%22R9%22%7D

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O que não é aceitável é que seu inconformismo motive atos de escracho

público de seus concorrentes e dos demais envolvidos no concurso, maculando a

imagem e a honra de todos de forma deliberada e intencional.

Cabível e necessária, diante do cenário exposto, a reparação por danos morais

aqui pleiteada, como passa-se agora a demonstrar e fundamentar.

DOS DANOS À HONRA E À IMAGEM

Os direitos da personalidade, disciplinados no Capítulo II, do Livro I, da Parte

Geral do Código Civil, são definidos como o direito irrenunciável e intransmissível que

todo e cada indivíduo possui de controlar o uso de seu corpo, nome, imagem ou

quaisquer outros aspectos constitutivos de sua identidade.

A Constituição Federal, em seu artigo 5º, X, afirma categoricamente que “são

invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,

assegurado o direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua

violação”.

O requerente é acadêmico, professor da Universidade de São Paulo, chefe do

Departamento de Direito Penal, Medicina Forense e Criminologia. É fato sabido que o

principal elemento formador do valor de um acadêmico é sua credibilidade, responsável

pela confiança que constrói publicamente. Toda a trajetória, acadêmica e profissional,

Page 34: Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz de Direito da ª Vara ... · Os direitos da personalidade, disciplinados no Capítulo II, do Livro I, da Parte Geral do Código Civil, são definidos

agrega experiência e valor à esta imagem, justamente por evidenciar o esforço e a

honestidade de sua formação.

Assim, um ataque a essa honra, colocando dúvidas sobre sua credibilidade e

honestidade acadêmica, é inegavelmente uma ofensa que gera mais do que o mero

dissabor do ataque público. O poder de repercussão da mensagem e a gravidade das

acusações geram inegável dano a essa imagem de profissional dedicado e acadêmico

respeitado, afetando a credibilidade que honestamente construiu em anos de carreira.

O artigo 12 do Código Civil estabelece que, diante desse tipo de situação, pode-

se exigir que cesse a lesão ao direito da personalidade, bem como reclamar eventuais

danos que se façam presentes. Além disso, o artigo 20 do mesmo diploma legal é

absolutamente claro ao afirmar que a exposição e utilização da imagem de uma pessoa

poderão ser proibidas, sem prejuízo da indenização que couber, “se lhe atingirem a

honra, a boa fama ou a respeitabilidade”.

Isto é exatamente o que se observa no caso em tela.

A ré, ao veicular acusações envolvendo o autor, vinculando-o a um fato

desabonador e criminoso (anuência com plágio e fraude em concurso público), causou

diversos danos aos direitos personalíssimos do autor, gerando, assim, o dever de

indenizar, nos termos dos artigos 12 e 927 do Código Civil.

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Conforme narrado anteriormente, a propagação das notícias e acusações feitas

levianamente contra o autor atingiu milhões de pessoas que tiveram acesso não só ao

perfil da ré em sua rede social, mas também às páginas que repercutiram o conteúdo,

sendo certo que não há como não reconhecer o dano que fora causado à honra e

imagem do autor.

Destaque-se que não só o autor foi colocado como um criminoso, responsável

por fraude acadêmica e por anuir com plágio feito por outro candidato, como também

seu cargo na Universidade de São Paulo poderia ser ameaçado diante das acusações

feitas.

Não restam dúvidas, portanto, acerca dos danos que foram causados à imagem e

honra do autor, ao qual fora atribuída, de forma absolutamente leviana – e sem

nenhuma investigação ou movimentação para apuração dos fatos pelos meios legais – a

prática de grave delito penal e de desonrosa postura acadêmica, devendo ele ser

devidamente indenizado por este fato, diante do ato ilícito e danoso cometido pela ré. É

este o entendimento dominante na jurisprudência pátria:

CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. INDENIZAÇÃO. DANO MORAL.

OFENSA A HONRA DE MAGISTRADO. COMPROVAÇÃO DO ATO

ILÍCITO E NEXO DE CAUSALIDADE. DESNECESSÁRIO A

COMPROVAÇÃO DO DANO MORAL. ARTS. 535 E 458 DO CPC.

OFENSA. INEXISTENTE. DISSÍDIO JURISPRUDENCIAL NÃO

COMPROVADO.

- O Art. 535 do CPC não é maltratado, quando o acórdão decide com

clareza, precisão e fundamentadamente as questões pertinentes.

- Inexistindo defeito de fundamentação capaz de tornar nulo o julgado,

inexiste ofensa ao Art. 458 do CPC.

- A prova do dano moral resulta da simples comprovação do fato

que acarretou a dor, o sofrimento, a lesão aos sentimentos íntimos.

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- Nega-se seguimento a recurso especial interposto pela alínea c, em

que não se demonstra a divergência nos moldes exigidos pelo Art. 255

do RISTJ.

- Em recurso especial somente é possível revisar a indenização por

danos morais quando o valor fixado nas instâncias locais for

exageradamente alto, ou baixo, a ponto de maltratar o Art. 159 do

Código Beviláqua. Fora desses casos, incide a Súmula 7, a impedir o

conhecimento do recurso.

- A indenização deve ter conteúdo didático, de modo a coibir

reincidência do causador do dano sem enriquecer injustamente a

vítima.63

APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL

DECORRENTE DE USO INDEVIDO DA IMAGEM E DANO À IMAGEM

POR FALSA IMPUTAÇÃO DE PRÁTICA DE CRIME. SENTENÇA DE

PROCEDÊNCIA. ALEGAÇÃO DE EXERCÍCIO, DENTRO DOS LIMITES,

DO DIREITO À INFORMAÇÃO QUE LHE É GARANTIDO

CONSTITUCIONALMENTE. VEICULAÇÃO DE NOTÍCIAS DE

INTERESSE PÚBLICO. AUSÊNCIA DE DOLO. O DEVER DE

INDENIZAR DECORRE DE ATO ILÍCITO, QUE PODE DECORRER DE

DOLO OU CULPA. DIREITO À IMAGEM. NÃO SE CONFIGURA USO

INDEVIDO, QUE, POR SI SÓ, JUSTIFICA A REPARAÇÃO, POR SE

TRATAR DE FATO OCORRIDO NA VIA PÚBLICA, MAS A

VINCULAÇÃO DA IMAGEM À FALSA PRÁTICA DE CRIME

CONFIGURA O DANO MORAL. CUMULAÇÃO DO DANO MORAL COM

O DANO À IMAGEM. IMPOSSIBILIDADE. DANO À IMAGEM CONTIDO

NO DANO MORAL. RECURSO CONHECIDO E PARCIALMENTE

PROVIDO.64

INDENIZAÇÃO DE DANO MORAL - ADVOGADO - IMPUTAÇÃO DE

CRIMES AOS ORA APELANTES MANIFESTAÇÕES EM DEFESA DOS

INTERESSES DE CLIENTES, QUE SÃO DEVEDORES DOS ORA

APELANTES - PETIÇÕES APRESENTADAS EM JUÍZOS DE

PRIMEIRA INSTÂNCIA E TAMBÉM NESTE TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE

SÃO PAULO - CALÚNIA, ABUSO DE DIREITO E VIOLAÇÃO DE

DEVERES PROCESSUAIS - IMUNIDADE PROFISSIONAL QUE NÃO

PERMITE OFENSAS PESSOAIS - INTELIGÊNCIA DO ART. 7o, § 2o,

DO ESTATUTO DA ADVOCACIA - ATOS ILÍCITOS - DEVER DE

INDENIZAR - DANOS MORAIS - INDENIZAÇÃO ARBITRADA TENDO

63

STJ – Recurso Especial nº 968.019/PI – 3ª Turma – Rel. Min. Humberto Gomes de Barros – julgado em

16.08.2007 – publicado em 17.09.2007 64

TJPA – Apelação Cível nº 0020647-80.2008.8.14.0301 – 1ª Câmara Cível Isolada – Relª. Desª. Gleide

Pereira de Moura – julgado em 12.12.2011 – publicado em 10.01.2012

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EM VISTA OS PRINCÍPIOS DA RAZOABILIDADE E DA

PROPORCIONALIDADE, BEM COMO O VALOR DO CRÉDITO E O

FATO DE O APELADO SER PROCURADOR DE JUSTIÇA

APOSENTADO - RECURSO PROVIDO.

INTERESSE EM RECORRER - SENTENÇA OMISSA QUANTO AO

PLEITO DE CONDENAÇÃO POR LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ - NÃO

INTERPOSIÇÃO DE EMBARGOS DE DECLARAÇÃO, MAS APENAS

DE APELAÇÃO - FALTA DE LESIVIDADE INTELIGÊNCIA DA REGRA

DO CAPUT DO ART. 499 DO CPC - RECURSO NÃO CONHECIDO.65

Em caso bastante recente, amplamente noticiado, foi prolatada sentença

condenando pessoa que, como a ré, possui grande influência nos meios digitais, e

utilizou dessa influência para atacar a imagem e a honra dos envolvidos em situação

que a desagradou. Nos autos da Ação de Indenização por Dano Moral nº 1010309-

17.2015.8.26.0009, da 1ª Vara Cível do Foro Regional IX – Vila Prudente, da Comarca

de São Paulo, o Juiz de Direito Dr. Jair de Souza decidiu que a ré – amplamente

conhecida nas redes sociais – deveria ser condenada pelo dano causado, afirmando

que:

A partir do momento em que atingiu posição de destaque na mídia e nas

plataformas digitais, tornou-se referência para um incontável número de

pessoas de diversas idades, credos e condições sociais, de forma que,

para o bem ou para o MAL, sua palavra, suas posições e o material que

divulga acabam por ganhar uma força avassaladora onde quer que

divulgados sejam.

(…)

Situação do parágrafo anterior que implica no necessário uso COM

RESPONSABILIDADE do seu instrumento de trabalho (IMAGEM) a fim de evitar

65

TJSP – Apelação Cível nº 0124922-95.2009.8.26.0100 – 8ª Câmara de Direito Privado – Rel. Des.

Theodureto Camargo – julgado em 16.03.2011 – publicado em 04.04.2011

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que embates como o narrado neste processo ganhem vida. Extrai-se que o uso

inconsequente destas vias para macular a honra e a imagem do requerente

implicou em transtornos que em muito extrapolam a esfera do dissabor.

(…)

No caso, o magistrado identificou e apontou de forma precisa a capacidade de,

com o uso de uma plataforma social com grande quantidade de acessos (como é o perfil

da requerida), macular a imagem e criar imenso dano à honra e ao convívio do ofendido

por conteúdo “viralizado”:

É dizer, o conflito e o destilar de ofensas que até então era protagonizado

APENAS pelo requerente e pela requerida ganhou uma série de

coadjuvantes, todos contra o requerente e sabedores de apenas um lado

da história (a versão unilateral e "viralizada" pela requerida pelos meios de

comunicação, aos quais tem fácil acesso pela fama que conquistou).

Esse uso irresponsável dos meios de comunicação para ofender a honra do

requerente configura inegável ofensa à honra e a imagem do requerente, cabendo a

condenação em reparação material do dano, como restou reconhecido na sentença

mencionada, fundamentada em outros julgados do e. TJ/SP:

Frontalmente ofendido o comando do art. 5º, X da Constituição Federal, em

detrimento do requerente, pela postura da requerida: X - são invioláveis a

intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o

direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;

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Em suma, acabaram diretamente maculados os direitos da personalidade do

requerente por culpa da requerida, direitos estes intransmissíveis e

irrenunciáveis e que vistos sob o ótica da integridade moral compreendem: "A

integridade moral é garantida mediante o reconhecimento dos direitos à

liberdade, à honra, ao recato, ao segredo e ao sigilo, à imagem e à identidade,

de que tratam dispositivos constitucionais (art. 5º, V, X, XII, XIV, LVI, LX, LXXII)

e legais...". (DUARTE, NESTOR, Código Civil Comentado - Doutrina e

Jurisprudência, Coord. Ministro CEZAR PELUSO. 11ª Ed., Barueri, SP: Manole,

2017, p. 30).

Direitos que, dado seu caráter extrapatrimonial, perpétuo e absoluto, gozam de

oponibilidade erga omnes, e como tal devem ser respeitados por tudo e por

todos, tanto que o art. 12 do código civil legitima tal dever e autoriza a imposição

de sanções pelo seu descumprimento: Art. 12. Pode-se exigir que cesse a

ameaça, ou a lesão, a direito da personalidade, e reclamar perdas e danos, sem

prejuízo de outras sanções previstas em lei.

Sanção a se materializar pelo reconhecimento do dever de reparar

moralmente, maneira mais do que idônea à compensação dos prejuízos

narrados. Neste sentido desponta a jurisprudência do E. TJSP para casos

símiles:

"APELAÇÃO. AÇÃO INDENIZATÓRIA. RESPONSABILIDADE CIVIL.

Divulgação de vídeo no site Youtube, que extrapolou os limites do direito

constitucional de informação, assumindo contornos pessoais e atingindo a

honra e a imagem da autora. Exclusão dos vídeos sob análise, que se

impõe. DANO MORAL. Ocorrência. Quantum indenizatório. Valor que atenta à

dupla finalidade da reparação. Responsabilidade pelo pagamento que deve ser

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fixada apenas ao ofensor, diante da impossibilidade de controle prévio do

conteúdo disponibilizado pelos usuários. Sentença mantida. SUCUMBÊNCIA.

Redimensionada. RECURSOS NÃO PROVIDOS". (TJSP. Apel. nº 1066847-

02.2016.8.26.0100. Des. Relatora: Rosangela Telles. 2ª Câmara de Direito

Privado. D.J: 23/08/2017)

E ainda: "RESPONSABILIDADE CIVIL - OBRIGAÇÃO DE FAZER C.C.

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS Internet Autor que busca a retirada de

vídeo ofensivo acerca de sua pessoa, veiculado pelo youtube (serviço

disponibilizado pela ré) e publicado pelo corréu, intitulado 'O golpista do

ano', além do recebimento de indenização por danos morais Decreto de

parcial procedência Recurso interposto pelo Google Brasil, insurgindo-se

quanto à condenação solidária ao pagamento da indenização reclamada

Insurgência que comporta acolhida Tutela antecipada que foi cumprida pelo

apelante e que se limita ao território nacional Limite territorial da decisão judicial

(art. 16 do Novo CPC) torna descabida a argumentação de descumprimento da

medida, fora do território nacional Remoção do conteúdo deve ser local e não

global Precedentes Sentença reformada para excluir a condenação do Google

Brasil Internet ao pagamento de indenização por danos morais Ato ilícito por ele

não praticado, eis que provedor/hospedeiro do site de buscas (que não pode

responder pelo teor de vídeo postado por terceiros, no caso, o corréu)

Exigibilidade da multa (valor limitado por esta Turma Julgadora em sede de

agravo de instrumento) Questão que não cabe discussão em grau de apelação,

não havendo ainda execução, sequer provisória, nesse sentido - Recurso

parcialmente provido". (TJSP. Apel. nº 1054138-03.2014.8.26.0100. Des. Relator:

Salles Rossi. 8ª Câmara de Direito Privado. D.J: 05/04/2017)

No mais: "INDENIZAÇÃO Dano moral Veiculação de vídeos contendo

acusações aos autores - Utilização de termos pejorativos - Abusividade no

exercício do direito à liberdade de manifestação do pensamento

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reconhecida - Evidente o intuito do réu de denegrir a honra e a imagem dos

autores e inequívoca a ofensa causada Danos morais configurados -

Indenização fixada em R$ 15.000,00 (quinze mil reais) que não comporta

redução Sentença confirmada RECURSO NÃO PROVIDO". (TJSP. Apel. nº

0196204-91.2012.8.26.0100. Des. Relator: Elcio Trujillo. 10ª Câmara de Direito

Privado. D.J: 18/10/2016)

Ademais, como já mencionando anteriormente, a requerida possuía meios legais

de questionar o concurso prestado e meios lícitos para buscar a apuração de eventual

fraude ou a ocorrência de plágio no trabalho de quaisquer dos seus concorrentes. No

entanto, optou por medida absolutamente desproporcional para “reparação” de sua

insatisfação, que foi utilizar de seus meios de influência pública para desonrar a imagem

do requerente, apenas um professor que compunha a banca do concurso.

Em proporção menos gravosa – já que se tratava de cidadão que não era

conhecido publicamente e nem tinha em sua credibilidade intelectual um dos pilares

fundamentais do exercício de sua atividade – foi isso também que aconteceu no caso da

sentença aqui trazida:

Basta atentar, como já enfatizado, que sua postura nas redes sociais foi

diametralmente DESPROPORCIONAL à discussão travada com o requerente

(principalmente quando mensuradas suas consequências). Tivesse esta última

limitado sua insurgência à formulação de reclamação junto ao Departamento de

Transportes Públicos (DTP), ao registro de Boletim de Ocorrência perante a

polícia (para apuração de eventual ilícito pela AUTORIDADE COMPETENTE),

ou ainda utilizado "as provas" que aduz ter produzido com vias a eventual

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promoção de discussão judicial, talvez outra fosse sua posição nos presentes

autos.

Todavia, ao revés, optou por utilizar o material que tinha para o exercício de

verdadeira "autotutela", de inequívoca "vingança privada": salvo exceções

previstas em lei, expressamente vedada pelo ordenamento jurídico pátrio e

como tal digna de reprimenda. Assim, a requerida deverá indenizar o

requerente pelos danos morais a ele impingidos.

Como já relatado, a página administrada pela ré tem um longo alcance,

sendo seguida por mais de 85 mil pessoas somente no “Twitter”. Destas, milhares

compartilharam as ilações da requerida, que chegaram a ser divulgadas por

páginas que contam com, literalmente, milhões de seguidores.

Verifica-se, portanto, que o dano causado pela ré ao veicular levianamente

acusações desonrosas contra o autor, atribuindo a ele a prática de crimes, concordância

com plágio a participação de um esquema fraudulento para direcionamento de resultado

de concurso, já foi concretizado, produzindo um abalo psíquico e a desconstrução

pública de sua credibilidade burilada ao longo de anos.

O E. Des. Oldemar Azevedo, em acórdão de sua relatoria proferido na Apelação

Cível nº 0124267-69.2008.8.26.0000 (5ª Câmara de Direito Privado do TJ/SP), tratando

da ação movida pelo jornalista Paulo Henrique Amorim em face do também jornalista

Diogo Mainardi e da Editora Abril afirmou que:

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“O exercício abusivo e irresponsável do direito, se causar danos, enseja o

dever de indenizar.

"In casu", a liberdade de manifestação do pensamento transbordou os

limites nos quais poderia ser exercida.

Um jornalista de renome, que manifesta suas idéias formadoras de

opinião em um dos maiores veículos de comunicação impressos do País

deve responder pelos prejuízos que eventualmente vier a causar nessa

situação.

[...]

Em hipótese de lesão, cabe ao agente suportar as conseqüências do seu

agir, desestimulando-se, com a atribuição de indenização, atos ilícitos

tendentes a afetar os aspectos da personalidade humana”.

Desta feita, de rigor o reconhecimento dos danos causados à imagem e honra do

autor pela ré, tendo as publicações mencionadas lhe causado inúmeros e irreparáveis

danos, sendo imprescindível a retirada do conteúdo ofensivo, bem como a reparação

monetária do dano causado.

DO VALOR DA INDENIZAÇÃO

É fato que a dificuldade na reparação do dano extrapatrimonial consiste

exatamente na inexistência de um bem quantificável a ser reparado. Trata-se, no

presente caso, da reparação de um bem subjetivo, não monetizável.

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Não é possível acreditar que uma indenização financeira seja capaz de

reconstruir toda a credibilidade e idoneidade que fundou a carreira deste requerente,

construída com dedicação e esforço, abalada em razão das irresponsáveis publicações

da requerida. A indenização financeira assim, com este objetivo, surge como tentativa

de amenizar o dano, vez que desfazê-lo é impossível.

Busca-se, portanto, além da reparação / amenização dos danos o caráter

punitivo-pedagógico da indenização, visando que a ré não torne a veicular

inadvertidamente acusações levianas para macular a imagem de pessoas

inocentes, sem qualquer validação dos fatos noticiados.

No julgamento do Recurso Especial nº 1.440.721, de relatoria da Ministra Maria

Isabel Galotti, o Superior Tribunal de Justiça reafirmou alguns pontos pertinentes para a

determinação do valor indenizatório em caso de publicação de falsas acusações,

colocando em análise quem é o ofendido, o potencial de divulgação e disseminação das

informações falsas e a gravidade do que foi falado. Decidiu-se, assim, que:

“Dessa forma, atentando-se às peculiaridades da causa e levando-se em

consideração que o autor é figura pública e a gravidade da falsa acusação

que lhe foi graciosa e dolosamente imputada, bem como a capacidade

econômica dos ofensores, entendo que a majoração da condenação de cada

recorrido para o valor de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais)

mostra-se adequada para reparar os danos morais sofridos e resguardar

os direitos da personalidade atingidos, de modo a cumprir também com a

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função punitiva e a preventiva, sem ensejar a configuração de

enriquecimento ilícito."

No caso mencionado houve a publicação de livro que imputava ao autor da ação,

figura pública cuja atuação profissional depende diretamente da credibilidade que

constrói – exatamente como no presente caso – fatos ofensivos, que maculavam sua

honra, extrapolando assim os limites de crítica pura à uma figura pública.

Do inteiro teor extrai-se que “em que pese o entendimento de que é natural

uma maior exposição à opinião e à crítica dos cidadãos e da imprensa por parte

das pessoas públicas e notórias, não há espaço para que essas liberdades de

expressão e informação se desviem para inverdades e ofensas pessoais. O

exercício da crítica, bem como do direito à liberdade de expressão, não pode ser

usado como pretexto para prática de atos ofensivos à honra, como ocorreu no

caso em apreço (...)”.

O acórdão mencionado restou assim ementado:

RECURSOS ESPECIAIS. DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DE

INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. PUBLICAÇÃO DE LIVRO. FALSO

RELATO DE CUNHO RACISTA E EUGÊNICO ATRIBUÍDO A POLÍTICO.

REPERCUSSÃO NACIONAL E INTERNACIONAL DA FALSA IMPUTAÇÃO.

DANO MORAL REPARAÇÃO ESPECÍFICA. PRINCÍPIO DA REPARAÇÃO

INTEGRAL DO DANO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA.

NÃO RECEBIMENTO DA APELAÇÃO POR PREMATURIDADE. TRÂNSITO EM

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JULGADO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. VALOR RAZOÁVEL. REVISÃO.

SÚMULA 7/ST

1. Consoante se extrai do acórdão do Supremo Tribunal Federal na ADIn

4.815/DF, a dispensa de autorização prévia dos envolvidos para a publicação de

biografias implica a responsabilidade a posteriori por danos comprovadamente

causados. Extrai-se do voto da relatora, a Ministra Cármen Lúcia, que "não há,

no direito, espaço para a imunidade absoluta do agir no exercício de direitos

com interferência danosa a direitos de outrem. Ação livre é ação responsável.

Responde aquele que atua, ainda que sob o título de exercício de direito

próprio." 2. A liberdade de expressão acarreta responsabilidade e não

compreende a divulgação de falsidade e a prática de crimes contra a

honra. A divulgação de episódio falso, como se verdadeiro fosse, além de

ofender a honra do lesado, prejudica o interesse difuso do público

consumidor de bens culturais, que busca o conhecimento e não a

desinformação.

3. Publicação de livro imputando falsamente a pessoa pública afirmações de

cunho racista e eugênico. Ampla divulgação na mídia impressa, televisiva e

virtual, tendo acarretado também processo criminal contra o autor perante o

Supremo Tribunal Federal por crime de racismo e processo de cassação de

mandato perante a Câmara dos Deputados por quebra de decoro parlamentar

4. Admite-se a revisão do valor fixado a título de condenação por danos morais

em recurso especial quando ínfimo ou exagerado, ofendendo os princípios da

proporcionalidade e da razoabilidade.

5. A indenização por danos morais possui tríplice função, a compensatória,

para mitigar os danos sofridos pela vítima; a punitiva, para condenar o

autor da prática do ato ilícito lesivo, e a preventiva, para dissuadir o

cometimento de novos atos ilícitos. Ainda, o valor da indenização deverá

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ser fixado de forma compatível com a gravidade e a lesividade do ato ilícito

e as circunstâncias pessoais dos envolvidos.

6. Indenização no valor de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais), a

cargo de cada recorrido, que, no caso, mostra-se adequada para mitigar os

danos morais sofridos, cumprindo também com a função punitiva e a preventiva,

sem ensejar a configuração de enriquecimento ilícito.

7. O direito de resposta, de esclarecimento da verdade, retificação de

informação falsa ou à retratação, com fundamento na Constituição e na Lei Civil,

não foi afastado; ao contrário, foi expressamente ressalvado pelo acórdão do

Supremo Tribunal Federal na ADPF 130. Trata-se da tutela específica, baseada

no princípio da reparação integral, para que se preserve a finalidade e a

efetividade do instituto da responsabilidade civil (Código Civil, arts. 927 e 944).

8. Segundo o entendimento pacífico do STJ, ao juiz, como destinatário da prova,

cabe indeferir as que entender impertinentes, sem que tal implique cerceamento

de defesa. Incidência da Súmula 7/STJ.

9. Tendo sido negado processamento ao recurso de apelação interposto pela

Editora, por decisão transitada em julgado, não cabe apreciar sua

inconformidade de mérito em grau de recurso especial.

10. A alteração dos valores dos honorários advocatícios fixados pelo Tribunal

de origem, quando não irrisórios ou excessivos, exige o reexame de fatos e

provas incabível no âmbito do recurso especial. Incidência da Súmula n° 7/STJ.

11. Recurso especial de Ronaldo Ramos Caiado parcialmente conhecido e, na

parte conhecida, provido.

12. Recurso Especial de Fernando Gomes de Moraes conhecido em parte e, na

parte conhecida, não provido.

13. Recurso especial de Editora Planeta do Brasil Ltda não conhecido.

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Importante mencionar que os fatos falsos e ofensivos que foram publicados no

caso trazido foram publicados em um livro, intitulado “Na toca dos Leões – A História da

W/Brasil”, cuja tiragem foi de 70 mil exemplares. 66 Ou seja, mesmo que fossem

vendidos todos os exemplares – o que não ocorreu, já que liminarmente houve

recolhimento dos livros – e todos eles fossem efetivamente lidos, o alcance as

acusações falsas seria de 70 mil leitores.

Para arbitrar o valor do dano observou-se ainda que, além dos potenciais 70 mil

leitores, houve ampla divulgação na imprensa sobre a obra, o que aumentou o alcance

das imputações ofensivas e, em consequência, a gravidade do fato ofensivo.

No presente caso, a requerida tem, somente na rede social onde publicou as

acusações, mais de 85 mil seguidores, pessoas que efetivamente receberam este

conteúdo e leram as acusações. Além disso, houve grande repercussão na imprensa,

com manifestações da requerida sendo replicadas por grandes jornais em páginas que

alcançam mais de 4 milhões de usuários.

Assim, é inegável que a forma como foram proferidas as acusações contra este

autor é muito mais gravosa, vez que a internet e as redes sociais têm um potencial de

superdimensionar a divulgação de conteúdos.

66

Segundo dados da Folha de S. Paulo, disponível em: http://waww1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0104200510.htm Acessado em Janeiro de 2018.

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O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo tem atentando para esse potencial

das redes sociais de ampliar a gravidade da ofensa. No julgamento da apelação nº

4015572-23.2013.8.26.0114 foi mantida integralmente a sentença do juízo de origem

que, diante de um caso de ofensas proferidas em perfis de redes sociais, adotou o

seguinte entendimento:

A partir do momento em que uma pessoa usa sua página pessoal em rede

social para divulgar mensagem inverídica ou para nela fazer constar ofensas a

terceiros, como no caso em questão, por certo são devidos danos morais,

sobretudo tendo em conta os desdobramentos das publicações - devendo ser

encarado o uso desse meio de comunicação com mais seriedade e não com

caráter informal, como tentou demonstrar o réu”

“Neste passo, dada a especificidade do caso concreto, em cotejo com o fato

ocorrido, que envolve personalidades publicamente conhecidas, bem como a

repercussão que a publicização das ofensas toma no âmbito da internet e,

ainda, o potencial econômico dos envolvidos na contenda judiciosa a fixação da

verba indenizatória no importe de R$ 100.000,00, que deverá ser dividido entre

os autores.

Vale anotar que fixar o quantum em valor menor ao ora estabelecido seria até

mesmo vilipendiar o direito à reparação da atingida personalidade dos

ofendidos, sobretudo, como dito, por se tratarem de pessoas públicas,

possuírem grande projeção social e patrimônio expressivo.

Em outro caso (Apelação nº 4002929-85.2013.8.26.0032), em que as ofensas

proferidas não foram contra pessoa pública, o simples fato de terem sido veiculadas em

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rede social foi tido como suficiente para que o valor indenizatório fosse arbitrado no

valor de 40 salários mínimos para cada um dos requeridos:

A honra do autor foi claramente maculada e, pior, com o perdão da repetição,

teve como pano de fundo uma rede social, veículo conhecido pelo seu alto

e rápido poder de difusão.

Houve dano à esfera moral do demandante. Sua honra e seu íntimo foram

agredidos, ou seja, seu patrimônio espiritual. As expressões e o teor das

postagens não foram insignificantes, não podendo ser considerados

simples e momentâneo dissabores. Ademais, tiveram como foco principal

assuntos extremamente delicados para qualquer pessoa, como sua

conduta pessoal, sua carreira profissional, seu caráter e, principalmente, o

seio familiar (prole).”

“O valor apropriado é aquele que pune os réus e de certa forma satisfaz o autor.

A indenização tem caráter de desestímulo. Ele deve ser moderado e equitativo.

Nem de longe a condenação pode ser considerada captação de lucro. No caso,

o valor que se mostra justo, punindo os réus e de certa forma satisfazendo o

autor, de rigor fixar o dano moral no valor equivalente a 40 salários mínimos

para o primeiro requerido; e outros 40 salários mínimos para a segunda

requerida (...).

Assim, considerando a gravidade das acusações proferidas, o poder de

disseminação das publicações da requerida, que tem rede social com grande alcance, a

repercussão das publicações na grande imprensa, o fato de o autor ser pessoa pública,

academicamente conhecida em todo o país, que tem em sua reputação parte

fundamental de sua vida profissional, bem como o poder aquisitivo da requerida, que,

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além de professora da Universidade de São Paulo, é advogada nacionalmente

conhecida, sendo constantemente contratada para grandes causas, bem como para

eventos e palestras, entende o autor ser razoável a indenização no valor de R$

38.000,00 (trinta e oito mil reais).

DA TUTELA DE URGÊNCIA

O conteúdo ofensivo publicado segue disponível para qualquer usuário da

internet – cadastrado ou não naquela rede e seguidor ou não do perfil da requerida. Por

se tratar de conteúdo público, é facilmente encontrado por qualquer um que faça uma

busca com o nome deste manifestante.

Se a veiculação das mensagens já causa inegável dano, esse se agrava se a

cada busca que for feita com o nome do requerente sejam mostradas entre os

resultados todas essas acusações infundadas. Enquanto os conteúdos ofensivos

estiverem disponíveis online a perpetuação do dano é inevitável.

Para tutelar situações como esta, em que há evidente perigo de dano, o CPC

prevê em seu artigo 300, §2º a possibilidade de deferimento liminar de tutela de

urgência:

Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos

que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao

resultado útil do processo.

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(...)

§ 2o A tutela de urgência pode ser concedida liminarmente ou após

justificação prévia.

A probabilidade do direito restou devidamente demonstrada em todos os tópicos

precedentes, evidenciada pelo claro posicionamento jurisprudencial pacífico sobre o

tema, bem como pela gravidade das acusações absolutamente infundadas feitas pela

requerida.

Diante deste cenário, fica clara a necessidade da concessão da tutela provisória

em caráter liminar para permitir um mínimo de preservação da imagem deste

manifestante e impedir que o dano já causado se torne ainda mais gravoso.

DA OBRIGAÇÃO DE FAZER

Ainda que não deferido o pedido de tutela provisória, é inegável que a retirada do

conteúdo ofensivo que gerou o dano é essencial para a sua reparação.

No precedente trazido nesta inicial (STJ, Recurso Especial nº 1.440.721) foi

determinado liminarmente – e mantido ao final - o recolhimento dos livros que traziam as

ofensas discutidas, para que os danos tivessem menor alcance e fossem, assim,

minimizados.

Neste mesmo sentido, a retirada dos conteúdos publicados é de extrema

importância. Até mesmo porque aquilo que é publicado na internet tende a se perpetuar

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no tempo, sendo facilmente encontrado com uma simples busca, perpetuando também

os danos que as ofensas e acusações mentirosas causaram.

Também, pela mesma razão, vez que as notícias e compartilhamentos que

surgiram da publicação originária estão fora de qualquer controle possível, é essencial

que a requerida seja compelida a publicar na mesma rede social retratação, nos

mesmos moldes que as ofensas, esclarecendo que as acusações levianas

anteriormente publicadas não são verdadeiras.

Somente assim é possível fazer chegar a informação verídica ao mesmo público

que recebeu – e compartilhou – as ofensas publicadas pela requerida, permitindo assim

que a honra e a imagem do requerente seja minimamente preservada – ou recuperada –

diante daqueles que

DOS PEDIDOS

Ante todo o exposto, requer:

a) Seja deferida liminarmente a tutela de urgência, para que seja

previamente determinada, sem a oitiva da parte contrária, a retirada das publicações

ofensivas da página pessoal da requerida, para que, em que pese seu conteúdo já

tenha se espalhado por diversas outras páginas, seja possível minimizar o dano que

ainda pode ser causado pelas acusações levianas que foram publicadas;

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b) Seja determinado à requerida a publicação de retratação em suas redes

sociais, nos mesmos moldes em que publicou as ofensas, esclarecendo a todos os seus

seguidores que as acusações feitas envolvendo o requerente são inverídicas;

c) Sejam reconhecidos os danos à honra e imagem suportados pelo autor em

decorrência das publicações feitas pela ré, para condená-la ao pagamento de

indenização por danos morais a ser arbitrada por esse D. Juízo, em montante não

inferior a R$ 38.000,00 (trinta e oito mil reais).

d) Requer-se, ainda, que, decidido o caso por este juízo e havendo a

interposição de recurso por qualquer das partes, seja a ré condenada a suportar os ônus

sucumbenciais, com o pagamento das custas e despesas processuais, bem como dos

honorários advocatícios fixados em 20% (vinte por cento) do valor da condenação, nos

termos do artigo 55 da Lei nº 9099/95.

Por oportuno, requer também a produção de todos os meios de prova admitidos

em direito, em especial a juntada de novos documentos, a tomada de depoimentos

pessoais e a oitiva de testemunhas.

Por fim, requer o autor sejam todas as intimações e publicações veiculadas em

nome de seus patronos, Fernando Gaspar Neisser, inscrito na OAB/SP sob nº 206.341

e endereço eletrônico [email protected] e Paula Regina Bernardelli, inscrita na

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OAB/SP sob nº 380.645 e endereço eletrônico [email protected], ambos com

escritório situado na Capital do Estado de São Paulo, na Avenida Paulista, nº 2073,

Horsa II, Conjunto Nacional, 19º andar, sob pena de nulidade.

Dá-se à presente causa o valor de R$ 38.000,00 (trinta e oito mil reais).

Nestes termos, pede deferimento.

São Paulo, 22 de janeiro de 2018.

FERNANDO GASPAR NEISSER

OAB/SP 206.341

PAULA BERNARDELLI

OAB/SP 380.645