25
___________________________________________________________________________________ 1 RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL _________________________________________________________________________________________ __________________________________________________________________________ LEI N o 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015. O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, AS ALTERAÇÕES NA PROVA PERICIAL DE ENGENHARIA LEGAL E ATUAÇÃO DO PERITO ENG. RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO/PERITO JUDICIAL 25/03/2016 Anexo: artigo publicado na Revista “Foco” de abril de 2014 “PERÍCIAS JUDICIAIS – A IMPORTÂNCIA DO PERITO JUDICIAL”

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

  • Upload
    vothuy

  • View
    216

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 1

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

LEI No 13.105, DE 16 DE MARÇO DE 2015.

O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, AS ALTERAÇÕES NA PROVA PERICIAL DE ENGENHARIA LEGAL

E ATUAÇÃO DO PERITO

ENG. RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA

ENGENHEIRO/PERITO JUDICIAL

25/03/2016

Anexo: artigo publicado na Revista “Foco” de abril de 2014

“PERÍCIAS JUDICIAIS – A IMPORTÂNCIA DO PERITO JUDICIAL”

Page 2: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 2

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

I. PRELIMINARES

A LEI No 13.105, de 16 de março de 2015, novo Código de

Processo Civil estabeleceu novos procedimentos com o objetivo

de aprimorar os ritos processuais existentes e a agilidade na

solução dos lítigios no Brasil.

Assim, com a finalidade de auxiliar o aprimoramento das Leis do

país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à

Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas

considerações pela vivência e experiência dos trabalhos que

desenvolve com Perito Judicial há 37 anos.

Com relação à Prova Pericial, foram introduzidas várias

modificações que irão certamente afetar diretamente os trabalhos

do Perito Judicial e do Assistente Técnico que serão analisados

pelo signatário, que é Engenheiro Civil e atua há mais de 37 anos

como Perito Judicial nos Fóruns Estaduais de São Paulo e cuja

experiência pode ser de grande valia para algumas alterações que

se fazem necessárias nos tópicos relativos à Prova Pericial.

Assim, tem-se a seguir alguns pontos relativos à Perícia a serem

analisados, considerados pela experiência deste Expert no

aspecto prático do que já ocorrem nas Perícias!

Como se percebe, como será demonstrado pela análise do novo

CPC que com as novas regras, o sistema judiciário terá o prejuízo

de perder os bons e íntegros Peritos que dispõe, que certamente

irão se afastar pelo prejuízo que irão sofrer com relação aos

honorários, além de avolumar a atuação de profissionais

inescrupulosos, como se irá demonstrar.

Page 3: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 3

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

II. DA SOLICITAÇÃO DO PRESIDENTE DO CONSELHO NACIONAL DE

JUSTIÇA (CNJ) PARA A ELABORAÇÃO DA RESOLUÇÃO QUE:

FIXA OS VALORES DOS HONORÁRIOS A SEREM PAGOS AOS PERITOS, NO

ÂMBITO DA JUSTIÇA DE PRIMEIRO E SEGUNDO GRAUS, NOS TERMOS DO

DISPOSTO NO ART. 95, 3º, II, DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL –

LEI 13.105/2015

Com relação à questão da Gratuidade da Perícia, conforme o art.

95, § 3º, II, nota-se a menção, na presente Resolução, do

disposto no art. 156 do novo CPC:

Seção II

Do Perito

Art. 156. O juiz será assistido por perito quando a

prova do fato depender de conhecimento técnico ou

científico.

Já no início deste artigo há a clara menção de que, para a solução

da prova, há necessidade de conhecimento técnico ou científico.

Portanto, no caso de Perícias, de plano tem-se que não basta a

formação profissional do Engenheiro ou Arquiteto, há a

necessidade de ampla experiência na área, pois o que difere um

Perito de outros profissionais é sua expertise adquirida com o

tempo de exercício como Perito. Como exemplo, é como se

colocar um médico recém-formado para realizar uma operação

de coração. Sem sua expertise, o paciente corre o risco de falecer.

O mesmo ocorre com uma Perícia, que pode ser inconclusiva ou

equivocada – como em diversos casos analisados por este Expert

em Laudos elaborados por profissionais inexperientes – levando

o Juíz a uma Sentença que não condiz com a justiça a ser

praticada.

Page 4: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 4

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Portanto considera este Expert que, inicialmente, antes de

adentrar no assunto da presente Resolução em análise, é

importante salientar detalhes a respeito da Prova Pericial

constante no novo CPC, aclarando principalmente a

responsabilidade do Perito e ainda a questão de Honorários.

Alguns dos aspectos que se mostram evidentes, que foram

incluídos no novo CPC a respeito da Perícia, aparentemente se

tem a impressão de que os atrasos processuais são causados em

grande parte por atrasos dos Peritos na elaboração do Laudo, o

que não é verdade, pois que o que se verifica, na prática, é que

no momento da Prova Pericial a parte que se considera

prejudicada cria inúmeras obstruções, principalmente

dificultando o fornecimento de documentos e informações, além

dos agravos e embargos protelatórios, principalmente aqueles

relativos aos honorários, em prejuízo ao andamento processual.

Tanto que se pode verificar nos inúmeros processos com mais de

10, 15 anos, podem até existir Perícias mal executadas, por

motivos diversos, mas a causa principal são os procedimentos

protelatórios causados pelas partes, não pelo Perito.

A questão da Prova Pericial poderia ter sido abordada já quando

da elaboração do novo CPC de forma mais adequada, não pela

consulta em instituições públicas e associações de engenharia,

mas com a participação de Peritos experientes e Associações que

possuam em seus quadros Peritos, pois que é uma grande

diferença entre a formação profissional, caso, Engenheiro, e do

Engenheiro Perito. Em maio de 2014 este Expert enviou as

sugestões que considerava pertinentes ao Congresso Nacional e

a algumas Associações específicas, sem qualquer notícia, no final

citado.

Page 5: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 5

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Assim, passa-se às análises preliminares.

§ 1o Os peritos serão nomeados entre os profissionais

legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou

científicos devidamente inscritos em cadastro mantido

pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado

§ 2o Para formação do cadastro, os tribunais devem

realizar consulta pública, por meio de divulgação na

rede mundial de computadores ou em jornais de grande

circulação, além de consulta direta a universidades,

a conselhos de classe, ao Ministério Público, à

Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do Brasil,

para a indicação de profissionais ou de órgãos técnicos

interessados.

Na opinião do signatário, é totalmente prejudicial a especificação

no referido artigo, tachado. Alguns Tribunais já dispõem de

cadastros de Peritos nas mais diversas especialidades, por

Provimentos, não sendo repetitivo se frizar que os profissionais

já cadastrados são de alta capacitação e de confiança dos

Juízes que os cadastram e estes ficam constantemente sob sua

supervisão, conforme os Provimentos específicos, aplicando,

quando necessário, a punição especificada nos artigos 158 e 468.

Além disso, o principal fundamento é que os órgãos públicos não

possuem estrutura e quadro de Peritos capacitados para atender

às solicitações das Ações.

O que vai ocorrer nas Perícias, com certeza, é que os Laudos

perderão qualidade, além do risco de não atenderem à

expectativa das partes e do Juiz, visto que, embora elaborados

por profissionais, formados, poderão ser elaborados por

profissionais sem experiência em Engenharia Legal.

Na opinião do signatário poderiam ser excluídos os textos acima

tachados, por todo o exposto e pela ampliação das discussões e

dificuldades que já ocorrem na Prova Pericial e, em especial,

quanto ao Perito. O antigo CPC, neste sentido, era adequado.

Page 6: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 6

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Abrir à consulta pública e cadastramento, ”[…] consulta direta

a universidades, a conselhos de classe, ao Ministério

Público, à Defensoria Pública e à Ordem dos Advogados do

Brasil” sem a análise por uma Comissão especial de Peritos ou

dos próprios Juízes de cada Vara irá, com toda certeza, reduzir a

qualidade da Prova Pericial, cadastrando de forma ‘aleatória’ e

possivelmente sob influência política, profissionais sem

capacitação. Assim, na prática, este ‘cadastro’ irá rebaixar

drasticamente a qualidade da Prova Pericial.

§ 3o Os tribunais realizarão avaliações e reavaliações

periódicas para manutenção do cadastro, considerando

a formação profissional, a atualização do conhecimento

e a experiência dos peritos interessados.

§ 4o Para verificação de eventual impedimento ou motivo

de suspeição, nos termos dos arts. 148 e 467, o órgão

técnico ou científico nomeado para realização da

perícia informará ao juiz os nomes e os dados de

qualificação dos profissionais que participarão da

atividade.

§ 5o Na localidade onde não houver inscrito no cadastro

disponibilizado pelo tribunal, a nomeação do perito é

de livre escolha pelo juiz e deverá recair sobre

profissional ou órgão técnico ou científico

comprovadamente detentor do conhecimento necessário à

realização da perícia.

Estes demais Parágrafos também terão as mesmas

consequências de invializar Perícias mais complexas, além da já

comentada falta de estrutura e nem de Peritos qualificados, tanto

do próprio sistema judiciário quanto de entidades públicas.

Concluindo, os artigos 1º a 4º proporcionam discussões aos

Advogados abrindo a estes a oportunidade de procurar

desqualificar os Peritos, como já ocorre hoje, na prática, quando

a parte procura tumultuar o processo por desinteresse ou outros

motivos.

Page 7: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 7

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Na opinião deste Expert, bastaria o art. 5º, que permite ao Juiz a

nomeação de Perito de sua confiança, já devidamente habilitado

na Vara, como hoje ocorre, já cumprindo o § 2o do artigo 158,

descartando-se a nomeação de “órgão técnico ou científico”,

pelo exposto, visto o especificado no mesmo artigo 158 a respeito

do Perito.

Segue abaixo os artigos acima citados, sublinhado o

parágrafo 2º

, procedimento já existente em alguns Tribunais e corretamente

especificados neste novo CPC.

Art. 157. O perito tem o dever de cumprir o ofício no

prazo que lhe designar o juiz, empregando toda sua

diligência, podendo escusar-se do encargo alegando

motivo legítimo.

§ 1o A escusa será apresentada no prazo de 15 (quinze)

dias, contado da intimação, da suspeição ou do

impedimento supervenientes, sob pena de renúncia ao

direito a alegá-la.

§ 2o Será organizada lista de peritos na vara ou na

secretaria, com disponibilização dos documentos

exigidos para habilitação à consulta de interessados,

para que a nomeação seja distribuída de modo

equitativo, observadas a capacidade técnica e a área

de conhecimento.

Portanto, concluindo, na opinião do signatário poderiam ser

excluídos os textos retro tachados, por todo o exposto e pela

ampliação das discussões e dificuldades que já ocorrem na Prova

Pericial e, em especial, quanto à atuação do Perito.

Page 8: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 8

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Da Prova Pericial.

Seção X Da Prova Pericial

Art. 464. A prova pericial consiste em exame, vistoria

ou avaliação.

§ 1o O juiz indeferirá a perícia quando:

I - a prova do fato não depender de conhecimento

especial de técnico;

II - for desnecessária em vista de outras provas

produzidas;

III - a verificação for impraticável.

§ 2o De ofício ou a requerimento das partes, o juiz

poderá, em substituição à perícia, determinar a

produção de prova técnica simplificada, quando o ponto

controvertido for de menor complexidade.

§ 3o A prova técnica simplificada consistirá apenas na

inquirição de especialista, pelo juiz, sobre ponto

controvertido da causa que demande especial

conhecimento científico ou técnico.

Indaga-se o que se interpreta como ‘menor complexidade’? Na

prática, o que ocorre é que sempre existe a alegação de que a

Perícia requerida é de ’pequena complexidade’, isto pela simples

objeção no pagamento dos honorários estimados pelo Perito,

raranente reconhecidos, que hoje apresenta sua estimativa com

base no computo das horas técnicas necessárias – considerando

sua expertise – e nas despesas diretas e indiretas.

§ 4o Durante a arguição, o especialista, que deverá

ter formação acadêmica específica na área objeto de

seu depoimento, poderá valer-se de qualquer recurso

tecnológico de transmissão de sons e imagens com o fim

de esclarecer os pontos controvertidos da causa.

Art. 465. O juiz nomeará perito especializado no objeto

da perícia e fixará de imediato o prazo para a entrega

do laudo.

Como se percebe pelo próprio parágrafo, somente os recursos

citados, demonstra a estrutura técnica e de equipamento que o

profissional deve dispor para o trabalho, que tem um custo, quase

sempre desprezado ou desconsiderado.

Page 9: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 9

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Há, portanto, a necessidade de se separar e classificar de forma

adequada o tipo de Perícia a ser realizada, evitando-se o que

usualmente ocorre – retro mencionado – de se permitir que a

parte sempre alegue uma Perícia de ’pequena complexidade’,

mesmo naquelas de extrema complexidade.

§ 2o Ciente da nomeação, o perito apresentará em 5

(cinco) dias:

I - proposta de honorários com detalhamento dos serviços,

despesas diretas e indiretas e prazos para a elaboração do laudo; II - currículo, com comprovação de especialização;

III - contatos profissionais, em especial o endereço

eletrônico, para onde serão dirigidas as intimações

pessoais.

§ 3o As partes serão intimadas da proposta de

honorários para, querendo, manifestar-se no prazo

comum de 5 (cinco) dias, após o que o juiz arbitrará

o valor, intimando-se as partes para os fins do art.

95.

Este Expert considera que poderia ser mais detalhado no

parágrafo 2º, I, o texto acima incluído, de forma a proporcionar

ao Juiz e às partes, uma visão clara de todos os custos inerentes

à Perícia e principalmente quanto aos prazos necessários, visto

que estes devem ser definidos de acordo com cada Perícia, pela

percepção e experiência do Perito.

§ 4o O juiz poderá autorizar o pagamento de até

cinquenta por cento dos honorários arbitrados a favor

do perito no início dos trabalhos, devendo o

remanescente ser pago apenas ao final, depois de

entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos

necessários.

Este Expert considera que é importante salientar que Honorários

são verba honorária. Assim, é um visível prejuízo ao Perito

receber ‘ao final’, que, poderá ser considerado pelas partes como

“final de tudo, de todo o processo”. O antigo CPC já considerava

que o pagamento dos Honorários deveria ser efetuado ‘logo após

a entrega do laudo’, ou seja, de forma mais justa.

Page 10: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 10

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Destarte, considera o signatário que houve um flagrante

retrocesso em relação ao CPC vigente, pois o Parágrafo 4º do art.

472 determina que o valor remanescente dos honorários periciais

arbitrados a favor do perito, ”[...] só serão levantados ao final, depois

de entregue o laudo e prestados todos os esclarecimentos necessários”. No

CPC atual (art. 33, Parágrafo único), o valor é levantado pelo

Perito após a apresentação do Laudo.

Apenas para esclarecer, nas Perícias o Perito, se considerando o

prazo para depósito, elaboração da guia de levantamento e

depósito efetivo do banco, existe um longo caminho, no qual o

Perito antecipa inúmeras despesas e tem que aguardar muito

tempo para ter seu trabalho efetivamente remunerado.

Portanto, o procedimento de levantamento parcial dos honorários

é extremamente prejudicial ao Perito, visto que estes, além de

alimentos, são uma garantia moralizadora dos serviços a serem

prestados, norteando a qualidade e proporcionando uma justa

remuneração por sua competência, integridade e experiência.

Além disso, como mencionado, há de se considerar que o Perito

arca antecipadamente com diversas despesas, aguardando ainda

meses até que seja expedida a guia de levantamento de seus

honorários.

§ 5o Quando a perícia for inconclusiva ou deficiente,

o juiz poderá reduzir a remuneração inicialmente

arbitrada para o trabalho.

Também apenas para esclarecer, muitos Juízes têm reduzido

honorários periciais sem conhecimento da complexidade,

responsabilidade e das despesas diretas e indiretas que suportam

os Peritos.

Page 11: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 11

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Este procedimento tem afastado dos Tribunais diversos Peritos

competentes e íntegros, que preferem atuar como Assistentes

Técnicos, onde recebem diretamente da parte por Contrato

estabelecido e dentro do prazo de seu trabalho, remunerando-o

de forma justa e adequada.

Art. 473. O laudo pericial deverá conter:

I - a exposição do objeto da perícia;

II - a análise técnica ou científica realizada pelo

perito;

III - a indicação do método utilizado, esclarecendo-o

e demonstrando ser predominantemente aceito pelos

especialistas da área do conhecimento da qual se

originou;

IV - resposta conclusiva a todos os quesitos

apresentados pelo juiz, pelas partes e pelo órgão do

Ministério Público.

§ 1o No laudo, o perito deve apresentar sua

fundamentação em linguagem simples e com coerência

lógica, indicando como alcançou suas conclusões.

§ 2o É vedado ao perito ultrapassar os limites de sua

designação, bem como emitir opiniões pessoais que

excedam o exame técnico ou científico do objeto da

perícia.

A citação de ‘linguagem simples’ é ambígua e leva à consideração

de que o Laudo é de ‘pequena complexidade’. Mais adequado

seria que o perito em linguagem elucidative e didática.

§ 3o Para o desempenho de sua função, o perito e os

assistentes técnicos podem valer-se de todos os meios

necessários, ouvindo testemunhas, obtendo informações,

solicitando documentos que estejam em poder da parte,

de terceiros ou em repartições públicas, bem como

instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas,

desenhos, fotografias ou outros elementos necessários

ao esclarecimento do objeto da perícia.

Encontra-se assinalado a total demonstração da complexidade de

uma Prova Pericial, que deveria ser considerado na Tabela da

presente Resolução, como será tratado mais adiante.

Page 12: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 12

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Art. 476. Se o perito, por motivo justificado, não

puder apresentar o laudo dentro do prazo, o juiz poderá

conceder-lhe, por uma vez, prorrogação pela metade do

prazo originalmente fixado.

Na opinião do signatário, deveria ser substituido o texto acima,

pois normalmente a prorrogação de prazo solicitado pelo Perito é

decorrente de constatação de novos elementos técnicos a serem

solicitados ou coletados, além de que, documentos solicitaos em

órgãos públicos, como Prefeituras, MP, normalmente tem prazo

de fornecimento de mais de 30 dias. Ressalta-se que o Juiz tem

elementos para aferir o prazo necessário para a solicitação feita

pelo Perito.

Este aspecto quanto ao prazo é fundamental para sanar uma das

incoerências do novo CPC, como a do abaixo citado:

Art. 478. [...]

[...] § 1o Nas hipóteses de gratuidade de justiça, os

órgãos e as repartições oficiais deverão cumprir a

determinação judicial com preferência, no prazo

estabelecido.

§ 2o A prorrogação do prazo referido no § 1o pode ser

requerida motivadamente.

Ou seja, veja que os prazos por vezes são decorrentes de

procedimentos internos e burocracia dos órgãos públicos.

Portanto, somo sugestão, poderia ser fixado pelo Juiz conforme

seu julgamento.

Page 13: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 13

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Art. 478. Quando o exame tiver por objeto a

autenticidade ou a falsidade de documento ou for de

natureza médico-legal, o perito será escolhido, de

preferência, entre os técnicos dos estabelecimentos

oficiais especializados, a cujos diretores o juiz

autorizará a remessa dos autos, bem como do material

sujeito a exame.

O texto trata de assunto já anteriormente analisado, a respeito

da confiança do Juiz na nomeação do Perito, que pode se valer

de estabelecimentos e empresas, da confiança do Perito, que

possuem laboratórios e equipamentos específicos para ensaios e

análise de materiais, como o que diz respeito este artigo.

III. DA TABELA DE HONORÁRIOS ANEXA À PRESENTE RESOLUÇÃO

O signatário, pela experiência e troca de informações com

inúmeros colegas Peritos renomados que atuam nas mais

diversas Varas dos Tribunais de Justiça do país, salienta que

atualmente as Perícias pagas pelo Fundo de Assistência Judiciária

contém equívocos diversos em sua concepção, tendo sido

elaborada sem a consulta e sem levar em consideração a opinião

do Perito e a justa remuneração pela responsabilidade de sua

função e trabalho.

Tem-se que o art. 2º desta Resolução determina que:

§. 1º Os valores de que trata este artigo deverão ser fixados com observância dos limites estabelecidos por cada tribunao, ou na sua falta, da tabela fornecida pelo CNJ, conforme anexo. §. 2º O Juiz, ao fixar os honorários, poderá ultrapassar o limite fixado na tabela em até 3 (três) vezes, desde que de forma fundamentada.

Page 14: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 14

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Com isso, tem-se a Tabela relativa às Perícias de Engenharia:

Na opinião deste Expert, os valores fixados são completamente

irreais, injustos e refletem uma incoerência visível com artigos do

novo CPC abaixo transcritos.

Estes valores mesmo considerando-se Perícias sem muita

complexidade, foram fixados sem a devida análise, e, como já

mencionado anteriormente, sem levar em consideração a opinião

do Perito e a justa remuneração pela responsabilidade de sua

função e trabalho.

Este valores, na prática, inviabilizam Perícias, fazendo com que

Peritos experientes declinem das nomeações, visto que os valores

não cobrem nem ao menos as despesas diretas e indiretas

envolvidas e de responsabilidade do Perito.

Tem-se que, como acontece, o Perito por vezes, na tentativa de

auxiliar o Juiz, abre mão de suas horas técnicas e paga para

trabalhar, visto que as despesas diretas e indiretas ficam por sua

conta.

Page 15: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 15

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Entretanto, note-se os artigos do novo CPC relativo às

Disposições Gerais das Perícias, onde este Expert assinalou as

determinações dos procedimentos a serem executados pelos

Peritos na elaboração da Perícia:

Seção I Disposições Gerais

Art. 569. Cabe:

I - ao proprietário a ação de demarcação, para obrigar

o seu confinante a estremar os respectivos prédios,

fixando-se novos limites entre eles ou aviventando-se

os já apagados;

II - ao condômino a ação de divisão, para obrigar os

demais consortes a estremar os quinhões.

Art. 570. É lícita a cumulação dessas ações, caso em

que deverá processar-se primeiramente a demarcação

total ou parcial da coisa comum, citando-se os

confinantes e os condôminos.

Art. 571. A demarcação e a divisão poderão ser

realizadas por escritura pública, desde que maiores,

capazes e concordes todos os interessados, observando-

se, no que couber, os dispositivos deste Capítulo.

Art. 572. Fixados os marcos da linha de demarcação, os

confinantes considerar-se-ão terceiros quanto ao

processo divisório, ficando-lhes, porém, ressalvado o

direito de vindicar os terrenos de que se julguem

despojados por invasão das linhas limítrofes

constitutivas do perímetro ou de reclamar indenização

correspondente ao seu valor.

Conforme o item 2.5 da Tabela, o valor para estes serviços é de

R$ 800,00.

Desconsiderando a área objeto da Perícia, indaga-se em um único

aspecto de serviço técnico, ainda sem considerar as horas

técnicas para a elaboração do Laudo pelo Perito, quem irá pagar

pelo levantamento topográfico, pela demarcação da área e

cravação de marcos – de concreto, com custos de material e mão

de obra técnica para cravação – custos de locação de

equipamentos, seguros e outras despesas normalmente inerentes

a estes serviços ???

Page 16: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 16

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Nota-se ainda o agravante na menção de ‘imóvel

georreferenciado’, o Juiz pode dispensar a realização de prova

pericial. O signatário já se deparou com plantas elaboradas por

empresas e por órgãos públicos com erros grosseiros e sem

qualquer indicação para embasar a análise da Perícia, muitas

vezes havendo necessidade de levantamentos para aferição das

áreas em litígio.

Art. 573. Tratando-se de imóvel georreferenciado, com

averbação no registro de imóveis, pode o juiz dispensar

a realização de prova pericial.

Importante salientar a determinação do art. 574 ainda o

agravante na menção de ‘imóvel georreferenciado’, o Juiz pode

dispensar a realização de prova pericial. O signatário já se

deparou com plantas elaboradas por empresas e por órgãos

públicos com erros grosseiros e sem qualquer indicação para

embasar a análise da Perícia, muitas vezes havendo necessidade

de levantamentos para aferição das áreas em litígio.

Page 17: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 17

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Seção II Da Demarcação [...]

[...] Art. 579. Antes de proferir a sentença, o juiz

nomeará um ou mais peritos para levantar o traçado da

linha demarcanda.

Art. 580. Concluídos os estudos, os peritos

apresentarão minucioso laudo sobre o traçado da linha

demarcanda, considerando os títulos, os marcos, os

rumos, a fama da vizinhança, as informações de antigos

moradores do lugar e outros elementos que coligirem.

Também importante salientar a determinação do art. 583.

Art. 583. As plantas serão acompanhadas das cadernetas

de operações de campo e do memorial descritivo, que

conterá:

I - o ponto de partida, os rumos seguidos e a

aviventação dos antigos com os respectivos cálculos;

II - os acidentes encontrados, as cercas, os valos, os

marcos antigos, os córregos, os rios, as lagoas e

outros;

III - a indicação minuciosa dos novos marcos cravados,

dos antigos aproveitados, das culturas existentes e da

sua produção anual;

IV - a composição geológica dos terrenos, bem como a

qualidade e a extensão dos campos, das matas e das

capoeiras;

V - as vias de comunicação;

VI - as distâncias a pontos de referência, tais como

rodovias federais e estaduais, ferrovias, portos,

aglomerações urbanas e polos comerciais;

VII - a indicação de tudo o mais que for útil para o

levantamento da linha ou para a identificação da linha

já levantada.

Ou seja, o próprio artigo reconhece a complexidade do assunto

relativo à Demarcatória, não se podendo admitir que tantos

complexos serviços, sejam remunerados por R$ 800,00 ou

mesmo 3 vezes este valor!!!

Page 18: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 18

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

E ainda importante ressaltar a determinação do art. 584, que

determina a mesma complexidade relativa aos trabalhos

periciais.

Art. 584. É obrigatória a colocação de marcos tanto na

estação inicial, dita marco primordial, quanto nos

vértices dos ângulos, salvo se algum desses últimos

pontos for assinalado por acidentes naturais de

difícil remoção ou destruição.

Art. 585. A linha será percorrida pelos peritos, que

examinarão os marcos e os rumos, consignando em

relatório escrito a exatidão do memorial e da planta

apresentados pelo agrimensor ou as divergências

porventura encontradas.

[...] Parágrafo único. Executadas as correções e as

retificações que o juiz determinar, lavrar-se-á, em

seguida, o auto de demarcação em que os limites

demarcandos serão minuciosamente descritos de acordo

com o memorial e a planta.

Art. 587. Assinado o auto pelo juiz e pelos peritos,

será proferida a sentença homologatória da demarcação.

No que diz respeito dos demais itens (2.1 a 2.6), tem-se que os

valores correspondem a valores irrisórios, que não cobrem nem

mesmo a hora técnica de um pedreiro ou servente. Isto porque,

para exercer a função de Perito, existem todos os custos

diretos e indiretos da estrutura que precisa ter para o seu

trabalho.

O Regulamento de Honorários do Ibape, por exemplo, demonstra

que, na composição dos honorários corresponde os custos diretos

e indiretos correspondem a 62% (sessenta e dois por cento) dos

honorários, ou seja, o Perito irá pagar para trabalhar,

salientando-se que as partes, quando requerem Perícia, devem

estar conscientes dos custos envolvidos, não somente deixar para

que o Perito cubra as despesas.

Page 19: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 19

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

No caso de Avaliação de imóveis, os valores fixados

desconsideram o trabalho e a responsabilidade do Perito que deve

fixar o valor da avaliação de forma correta e justa, evitando

prejuízo a alguma das partes.

De forma mais agravante é o valor do item 2.3 para avaliação de

estrutura de imóvel.

Esta Perícia requer ampla experiência do Perito, utilização de

instrumentos e equipamentos de precisão, normalmente

importados, além da necessidade de levantamentos e cálculos

complexos de Engenharia, sem considerar que, pela Lei de

Inspeção Predial, há a necessidade de recolhimento de

emolumentos (Anotação de Responsabilidade Técnica – ART do

Conselho Regional de Engenharia e Agronomia) que fixa a

responsabilidade do Engenheiro para a garantia da obra.

Também com relação à Perícia de insalubridade e/ou segurança

do trabalho, item 2.6, que impõe ao Perito a necessidade de

possuir instrumentos e equipamentos eletrônicos de precisão,

normalmente importados.

Quem paga por estes instrumentos, sem os quais o Perito não

pode realizar o seu trabalho ???

Também o item 2.7, outras, sem qualquer especificação do tipo

de Perícia, onde este Expert ressalta que existem dezenas de

tipos de Perícias, cada uma com sua especialidade e

complexidade.

Page 20: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 20

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Portanto, considera este Perito que existe a necessidade

premente e essencial de se rever a Tabela que não cobrem

nem ao menos as despesas diretas e indiretas e nem a

verba alimentar do Perito; para esta revisão, deveria se

consultar Peritos experientes para um debate e exposição

aos magistrados e membros do CNJ da complexidade dos

trabalhos periciais e da competência e integridade dos

Peritos.

IV. DA QUESTÃO DO PAGAMENTO PELA DEFENSORIA PÚBLICA OU E

ENTIDADE PÚBLICA

Seção III

Das Despesas, dos Honorários Advocatícios e das Multas

§ 1o As perícias requeridas pela Fazenda Pública, pelo

Ministério Público ou pela Defensoria Pública poderão

ser realizadas por entidade pública ou, havendo

previsão orçamentária, ter os valores adiantados por

aquele que requerer a prova.

§ 2o Não havendo previsão orçamentária no exercício

financeiro para adiantamento dos honorários periciais,

eles serão pagos no exercício seguinte ou ao final,

pelo vencido, caso o processo se encerre antes do

adiantamento a ser feito pelo ente público.

§ 3o Quando o pagamento da perícia for de

responsabilidade de beneficiário de gratuidade da

justiça, ela poderá ser:

I - custeada com recursos alocados no orçamento do

ente público e realizada por servidor do Poder

Judiciário ou por órgão público conveniado;

II - paga com recursos alocados no orçamento da União,

do Estado ou do Distrito Federal, no caso de ser

realizada por particular, hipótese em que o valor será

fixado conforme tabela do tribunal respectivo ou, em

caso de sua omissão, do Conselho Nacional de Justiça.

Page 21: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 21

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Tem-se, pela experiência do signatário e dos Peritos que atuam nos

diversos Tribunis, com esta nova regra, com toda certeza os órgãos

públicos e o MP irão alegar falta de previsão orçamentária para não

depositar os respectivos honorários, prejudicando os prazos

processuais, além de poder até inviabilizar Perícias.

Os Peritos que atualmente prestam seu precioso trabalho para os

magistrados que os nomeiam, sabem que não existe no Brasil

entidades públicas com estrutura para atender as inúmeras

Perícias de Engenharia ou de outras áreas.

As nomeações nas Provas Periciais acabam sempre recaindo em Perito

de confiança do Juíz o que, salienta-se, na prática de décadas de

experiência do Sistema Judiciário, é o meio correto.

Citando o comentário feito no artigo do colega Geraldo Gaeta em seu

trabalho a respeito do novo CPC, tem-se que:

“Na obra de Hugo Nigro Mazzilli, A Defesa dos Interesses Difusos em

Juízo, Saraiva, 1995, pp. 482/483, é abordada a impossibilidade de se

valer o comando legal quando se trata de trabalho a ser feito por perito

particular, para que custeie despesas, apontando a falta de sintonia

do legislador com a realidade ao editar o texto.”

Portanto, na opinião do signatário, é visível que esse dispositivo do

novo CPC irá agravar ainda mais a situação caótica hoje existente no

sistema judiciário, estimulando ainda mais a enorme quantidade de

pedidos de gratuidade no momento da Prova Pericial. Na prática,

estes artigos do novo CPC terão como consequência direta a

estagnação dos processos nessa fase, pois como demonstrado, não

há condições de Peritos particulares aceitarem mais as nomeações

nessas condições e irá afastar do meio Forense os bons e íntegros

Peritos que irão preferir atuar como Assistentes Técnicos, já que

recebem honorários justos diretamente da parte por contrato firmado,

contando ainda com antecipação de parte dos mesmos

Page 22: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 22

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

V. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por todo o exposto, esperando ter contribuído com o CONSELHO

NACIONAL DE JUSTIÇA (CNJ), tendo demonstrado que, na prática

algumas das regras já hoje não funcionam de forma adequada com o

atual CPC e serão agravados com os artigos do novo CPC.

Desta forma, por todo o exposto, considera este Perito que existe a

necessidade premente e essencial de se rever a Tabela e, para isso,

consultando-se Peritos experientes para um debate e exposição aos

magistrados e membros do CNJ da complexidade dos trabalhos

periciais e da função, competência e integridade dos Peritos.deve

sofrer profunda alteração artigos relacionados com relação à Prova

Pericial e os Peritos, visto trazer significativos prejuízos à Prova

Pericial e à honrosa função do Perito.

Considera ainda este Expert que existem falhas que, caso não sejam

sanadas após a devida análise e opinião técnica de profissionais

atuantes nas diversas áreas de Perícia, irão trazer prejuízos

significativos e poderão inviabilizar Provas Periciais, além dos

prejuízos causados aos Peritos que se mostrarem probos e

competentes.

O signatário se reporta ao artigo sobre o Novo Código de Processo

Civil elaborado em maio de 2014 e enviado a Membros do Congresso

Nacional e a entidades e Associações de Classe, e atualmente ao CNJ,

intitulado:

“O PROJETO DO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E AS

ALTERAÇÕES NA PROVA PERICIAL DE ENGENHARIA LEGAL E

ATUAÇÃO DO PERITO”

Page 23: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 23

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

São Paulo, 25 março de 2016.

Eng. Ricardo Henrique de Araujo Imamura

PERITO JUDICIAL

CREA No 70.747/D

MEMBRO DO CAJUFA – COMISSÃO DE PERITOS JUDICIAIS DO CENTRO DE APOIO DOS JUÍZES DA

FAZENDA PÚBLICA DA CAPITAL

MEMBRO DA CPERCAMP – COMISSÃO DE PERITOS JUDICIAIS DAS VARAS FEDERAIS DE CAMPINAS

MEMBRO FUNDADOR DA ASSOCIAÇÃO PARAMAÇÔNICA DE PERITOS JUDICIAIS – APPJ

MEMBRO FUNDADOR DO INSTITUTO PAULISTA DE ENGENHEIROS, ARQUITETOS E AGRÔNOMOS

MAÇONS – IPEAMA

PERITO DO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA DO ESTADO DE

SÃO PAULO – CREA-SP

INSPETOR ESPECIAL DO CONSELHO REGIONAL DE ENGENHARIA, ARQUITETURA E AGRONOMIA

DO ESTADO DE SÃO PAULO – CREA-SP

MEMBRO DA ASSOCIAÇÃO DE ENGENHEIROS DE LINS – AELINS

MEMBRO DA ASSOCIAÇÃO DE ENGENHEIROS, ARQUITETOS E AGRONOMOS DA REGIÃO

ADMINISTRATIVA DE LINS - SENAG

MEMBRO DA ASSOCIAÇÃO LESTE DOS PROFISSIONAIS ENGENHEIROS E ARQUITETOS DA CIDADE

DE SÃO PAULO – ALEASP

MEMBRO TITULAR DO INSTITUTO DE ENGENHARIA DE SÃO PAULO

MEMBRO TITULAR DO IBAPE

MEMBRO DO INSTITUTO NACIONAL DE MEDIAÇÃO E ARBITRAGEM – INAMA

Email: [email protected] – Web: www.rhimamura.com.br

Page 24: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 24

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

ANEXO

PERÍCIAS JUDICIAIS –

A IMPORTÂNCIA DO PERITO

JUDICIAL

Iniciei minha vida profissional nas Perícias

Judiciais de Engenharia Legal em 1978 na

Capital de São Paulo logo após formado

pela Escola de Engenharia de Lins–EEL e

uma das primeiras lições que aprendi foi de

que o Perito Judicial necessita ter

experiência e competência. Nesta época,

prestei serviços na elaboração de trabalhos

para dois Peritos de renome procurando

adquirir conhecimento e aprendendo como

me aprofundar nesta função. Não bastava

somente a ótima formação técnica que a

escola me proporcionou. Isto porque a

complexidade das Perícias requerem

profissionais com conhecimento

especializado para cada tipo de Ação, além

do conhecimento de Legislações, Normas e

Diretrizes Técnicas.

É bastante usual que profissionais que

queiram atuar como Peritos Judiciais se

apresentem a juízes nos Fóruns de seu

interesse. Isso não basta, uma vez que

função de Perito Judicial é,

imprescindivelmente de confiança do Juiz

que o nomeia. E justamente por isso o Perito

Judicial deve ter conduta ilibada, ser de

bons costumes e ter profundo conhecimento

do assunto que irá tratar em sua Perícia, pois

tem a função de apresentar ao Juiz, de forma

clara e precisa, sua análise técnica para

dirimir as dúvidas e divergências existentes

na Ação em curso.

As Perícias de Engenharia Legal evoluíram

muito desde quando se iniciaram e, como

todas áreas técnicas e jurídicas, tudo

mudou. Dentre alguns dos entraves

existentes para exercer sua função, o Perito

se depara hoje com situações inusitadas e

complexas com relação aos honorários que,

além de alimentos, são uma garantia

moralizadora dos serviços a serem

prestados, norteando a qualidade e

proporcionando uma justa remuneração por

sua competência, integridade e experiência.

É comum hoje as partes impugnarem

honorários por não se importarem com o

custo benefício da solução do embate ou por

motivos escusos, o fazendo sem qualquer

conhecimento e embasamento ou mesmo

ainda por intencionar procrastinar a Ação.

Juízes atentos costumam proteger os Peritos

destes fatos como no brilhante e coerente

Agravo de Instrumento No 63.231-2 da

Comarca de Guarulhos, onde essa questão

fática também foi abordada com precisão no

V. Aresto da 19ª Câmara Civil do

E.T.J.E.S.P. “[...] diz a agravante que quem

não quiser esperar para receber que não

faça Perícias. O argumento não é

convincente, porque nem sempre é fácil

encontrar pessoas que além de reunir todas

as qualidades que se exigem dos Peritos

também aceitem, de bom grado, trabalhar e

suportar despesas que as Perícias impõem,

para só receber depois de longa espera.

Convém não esquecer: o trabalho mal pago

vale quanto custa. Pagar tarde é uma forma

de pagar mal. O depósito é garantia de que

não haverá demora no pagamento. Sua

exigência contribui para o aprimoramento

das Pericias.”. Agravos aos honorários ou

a redução destes, quando ocorrem, tem

como consequência principal o afastamento

do meio Forense dos bons Peritos Judiciais,

que preferem atuar como Assistentes

Técnicos, já que recebem honorários justos

diretamente da parte por contrato firmado,

contando ainda com antecipação de parte

dos mesmos. Como agravante, a redução

dos honorários por vezes inviabiliza a

própria Perícia, já que mal conseguirá

cobrir as despesas diretas necessárias para

sua realização, como por exemplo quando

existem levantamentos topográficos e

outros serviços específicos, alongando

ainda os prazos processuais.

Page 25: EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA · país, em especial o sistema judiciário com o novo CPC relativo à Prova Pericial e o Perito, o signatário apresenta suas considerações

___________________________________________________________________________________ 25

RICARDO HENRIQUE DE ARAUJO IMAMURA ENGENHEIRO / PERITO JUDICIAL

_________________________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

Com a evolução das técnicas processuais e

das legislações, também evoluíram as

técnicas das Perícias, necessitando da

atualização do profissional nas diversas

matérias que envolvem sua atuação. Há de

se considerar ainda a cara estrutura que o

Perito necessita para o seu escritório.

Antigamente a função do Perito era

exercida como um complemento de sua

atividade profissional, pois normalmente

era funcionário de empresas privadas ou

órgãos públicos, sendo que hoje se dedicam

exclusivamente a atender as nomeações de

Juízes que os nomeiam ou possuem suas

próprias empresas para atuarem como

Perito Assistente Técnico.

Destarte, essa fascinante função, repleta de

desafios, atua como fator ímpar colaborador

ao Sistema Judiciário sendo merecedora de

reconhecimento e valorização pela Justiça.

Ricardo Henrique de Araujo Imamura. Engenheiro Civil e Perito Judicial.Formado em 1977, desde 1978 atua como Perito Judicial em diversas Varas Cíveis e da Fazenda Pública da Capital e de outras cidades e também como Perito Assistente Técnico na elaboração de Laudos Técnicos de Engenharia Legal de naturezas diversas e Avaliação de Imóveis. É Sócio Proprietário da R.H. Imamura Peritos Consultores; Membro do CAJUFA – Centro de Apoio dos Juízes da Fazenda Pública da capital; Membro da CPERCAMP – Comissão de Peritos Judiciais das Varas Federais de Campinas; Perito do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo – CREA-SP, Inspetor Especial do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Estado de São Paulo – CREA-SP e Membro de diversas Associações de classe.