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1 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ª VARA DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE xxxxxxxxxxxx Mandado de Segurança com pedido de liminar _______________, inscrita no CNPJ/MF sob o nº _____________, estabelecida na Rua ______________________, por seu advogado subscritor desta (docs. 01 a/b/c), vêm, respeitosamente, à presença de V.Exa., impetrar MANDADO DE SEGURANÇA com pedido de liminar INAUDITA ALTERA PARS , contra ato dos ilmo. Sr. DELEGADO DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA EM xxxxx, ou quem lhe faça as vezes, no exercício do ato coator praticado, consoante dispõe o art. 1º da Lei nº 12.016/2009, c.c. o disposto no art. 5º , LXIX, da Constituição Federal, pelos motivos que a seguir expõem.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ª … · independentemente de sua ilegalidade (nestes termos, insuscetível de gerar efeitos) está causando prejuízos ao contribuinte,

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ___ª VARA DA

SEÇÃO JUDICIÁRIA DE xxxxxxxxxxxx

Mandado de Segurança com

pedido de liminar

_______________, inscrita no CNPJ/MF sob o nº _____________,

estabelecida na Rua ______________________, por seu advogado subscritor

desta (docs. 01 a/b/c), vêm, respeitosamente, à presença de V.Exa., impetrar

MANDADO DE SEGURANÇA

com pedido de liminar INAUDITA ALTERA PARS, contra ato dos ilmo. Sr.

DELEGADO DE ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA EM xxxxx, ou quem lhe

faça as vezes, no exercício do ato coator praticado, consoante dispõe o art. 1º

da Lei nº 12.016/2009, c.c. o disposto no art. 5º , LXIX, da Constituição Federal,

pelos motivos que a seguir expõem.

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I - DOS CONTORNOS DA IMPETRAÇÃO.

Buscar-se-á, através deste mandamus, a determinação judicial

específica, para que a competente autoridade administrativa in casu (Delegado

de Administração Tributária), possibilite ao contribuinte promover a emissão de

CND/CPDEN para os estabelecimentos filiais, independentemente de

existirem óbices administrativos relativos unicamente à matriz , tendo em

vista os fatos a seguir demonstrados, tudo aliado a robusta prova documental do

pleno direito da impetrante.

Nestes termos, a ilegal imposição feita pela AUTORIDADE COATORA

, É O ATO COATOR COMBATIDO POR MEIO DA PRESENTE IMPETRAÇÃO, QUE

BUSCA, JUSTAMENTE, E PELOS JUDICIOSOS ARGUMENTOS A SEREM

DESENVOLVIDOS MAIS ADIANTE, O RECONHECIMENTO DO DIREITO DA

CONTRIBUINTE/IMPETRANTE A EMISSÃO DAS CERTIDOES DE REGULARIDADES

FISCAIS DOS ESTABELECIMENTOS FILIAIS.

Ilustríssimo Julgador, resta como imperioso que a ora Impetrante

está sendo prejudicada indevidamente, pois, está tendo vedado o seu direito a ter

o reconhecimento fiscal da regularidade fiscal dos estabelecimentos filiais, uma

vez que, os débitos / divergentes existentes são exclusivos do estabelecimento

matriz.

Ora, a manutenção deste equivocado ato (impossibilidade de

emissão das CNDs/ CPDENs dos estabelecimentos filiais), atualmente,

independentemente de sua ilegalidade (nestes termos, insuscetível de gerar

efeitos) está causando prejuízos ao contribuinte, salvo, se amparado por

competente ordem judicial (ora vindicada).

Com efeito, vem o Impetrante postular perante o Judiciário, a

concessão de ordem liminar a impor ao órgão administrativo responsável, na

pessoa de sua autoridade funcional superior (a ora tida como coatora e

componente do pólo passivo desta impetração), a obrigação promover a emissão

de CND / CPDEN aos estabelecimentos filiais, independentemente da existência de

débitos exclusivos da matriz.

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II – DOS FATOS

Digníssimo Magistrado, a questão que se traz a vossas considerações

está pautada na possibilidade ou não, de concessão de certidão negativa de

débito tributário em nome das empresas filiais, quando haja pendências

tributárias geradas de forma exclusiva pela empresa matriz.

Em primeiro lugar, é importante destacar que, a empresa em

comento além do estabelecimento matriz (XXXXXXXXXXXXX), possui os seguintes

estabelecimentos filiais (docs. 02 a/f):

a) Filial 03 – cadastrado sob o CNPJ nº XXXXXXXXXXXXXXXX

b) Filial 04 – cadastrado sob o CNPJ nº XXXXXXXXXXXXXXXX

c) Filial 05 – cadastrado sob o CNPJ nº XXXXXXXXXXXXXXXX

d) Filial 06 – cadastrado sob o CNPJ nº XXXXXXXXXXXXXXXX

e) Filial 07 – cadastrado sob o CNPJ nº XXXXXXXXXXXXXXXX

f) Filial 08 – cadastrado sob o CNPJ nº XXXXXXXXXXXXXXXX

Ocorre que, analisando o denominado RELATÓRIO DE SITUAÇÃO

FISCAL (doc. 03) – extrato este emitido pela autoridade coatora – onde são

apontados os óbices existentes no sistema informatizado da RFB para fins de

emissão da competente CND/CPDEN, constam somente débitos /

divergências relacionadas ao estabelecimento matriz

(XXXXXXXXXXXXXXXX).

Nestes termos, levando-se em consideração os argumentos a serem

dispendidos no tópico “Do Direito”, não haveria que se falar em vedação á

emissão das CNDs / CPDENs dos estabelecimentos filiais , visto que não

possuem nenhum óbice / dívida / divergência, atualmente, relacionado a

eles.

Independentemente destes fatos, quando da tentativa de emissão

das correspondentes certidões de regularidade fiscal (que deve ser realizada pelo

sistema informatizado do fisco), teve o contribuinte os seus pedidos

negados, sob o fundamento de existência de débitos (docs. 04 a/f).

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Douto Magistrado, se inexistem óbice / débitos ou divergências

relacionados a empresas devidamente individualizadas por CNPJ (tal como in

casu), não há que se obstar a emissão de certidões de regularidade fiscal como

no caso em comento.

Aliás, a jurisprudência do SUPERIOR TRIBUNAL DE

JUSTIÇA (STJ) firmou entendimento na possibilidade da concessão de certidões

negativas de débito tributário às empresas filiais, ainda que conste débito em

nome da matriz, em razão de cada empresa possuir CNPJ próprio, a denotar

sua autonomia jurídico-administrativa.

Assim, o direito à certidão negativa de débito (ou certidão de

quitação de tributo federal) pressupõe a inexistência de crédito tributário

definitivamente constituído pendente de pagamento (art. 205 do CTN), como in

casu (perante as filiais).

Entende-se, assim, por definitivamente constituído o crédito cujo

lançamento encontra-se perfectibilizado, formalmente concluído, por uma das

formas previstas nos arts. 142, 147 e 150 do Código Tributário Nacional (CTN).

Ressalte-se que, produz idêntico efeito à CND o documento fiscal que consigna a

existência de créditos não vencidos, em curso de cobrança executiva em que

efetivada a penhora, ou cuja exigibilidade está suspensa, na forma do art. 151

daquele mesmo diploma legal (art. 206 do CTN) - todos inexistentes no caso em

tela.

As inscrições em dívida ativa indicadas no Relatório de Situação

Fiscal (doc. 03) – emitido pelo sistema informatizado da autoridade coatora –

somente dizem respeito a matriz ou encontram-se com a exigibilidade

suspensa em virtude de parcelamento especial.

Nestes termos, assentados os fatos, passa a contribuinte / impetrante

a demonstrar os fundamentos de direito que alicerçam o seu pedido, de forma tal

que possibilitem que Vossa excelência conceda a segurança vindicada, de forma a

afastar o ato ilegal realizado pela autoridade administrativa, ora caracterizada

como coatora.

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II – DO DIREITO

O contribuinte alicerça sua postulação em princípios legais e

constitucionais, conforme raciocínio jurídico a ser desenvolvido neste tópico.

Em primeiro lugar, quanto a competência para apreciação do

competente mandado de segurança, é de vital importância destacar que,

independentemente da autonomia tributária dos estabelecimentos filiais, de acordo

com o artigo 15 a Lei 9779 de 19 de janeiro de 1999, os pagamentos dos tributos

e contribuições federais administrados pela RFB passam a ser efetuados,

obrigatoriamente, no denominado estabelecimento centralizador (pela

matriz da empresa):

"Art. 15. Serão efetuados, de forma centralizada, pelo

estabelecimento matriz da pessoa jurídica :

I - o recolhimento do imposto de renda retido na fonte sobre

quaisquer rendimentos;

II - a apuração do crédito presumido do Imposto sobre

Produtos Industrializados - IPI de que trata a Lei nº 9.363, de 13 de

dezembro de 1996;

III - a apuração e o pagamento das contribuições

para o Programa de Integração Social e para o Programa de

Formação do Patrimônio do Servidor Público - PIS/PASEP e para o

Financiamento da Seguridade Social - COFINS;

IV - a apresentação das declarações de débitos e

créditos de tributos e contribuições federais e as declarações de

informações, observadas normas estabelecidas pela Secretaria da

Receita Federal.”

Dessa forma, a autoridade coatora que tem competência para

verificar a regularidade dos estabelecimentos filiais, é a referente ao

estabelecimento matriz, visto que as declarações fiscais de todos os

estabelecimentos são processadas perante o Delegado de Administração Tributária

de São Paulo/SP.

Destarte, assentada essa premissa inicial, passa-se a análise dos

fundamentos jurídicos que alicerçam o direito a individualização das certidões.

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Primeiramente, convém elucidar a natureza do Cadastro Nacional de

Pessoas Jurídicas - CNPJ, sucessor do Cadastro Geral de Contribuintes - CGC.

Instituído nos termos do art. 37, II, da Lei n.º 9.250⁄95, e

regulamentado atualmente pela Instrução Normativa RFB n.º 748⁄2007, o CNPJ,

assim como o CPF, nada mais é que um banco de dados utilizado no interesse das

administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios, bem como da Seguridade Social. É através dessa base de dados que o

Fisco pode identificar o sujeito passivo da obrigação fiscal e constituir o crédito

tributário.

Razões de administração tributária justificam que o CNPJ contenha

dados de filiais e sucursais de uma entidade. A divisão da empresa em unidades

autônomas é um fato que decorre da expansão dos negócios de uma sociedade

empresarial, pois, é possível, por exemplo, existirem empresas que funcionam em

vários Estados da Federação.

Atento à evolução das práticas comerciais, o Fisco exige o registro

no CNPJ de cada filial ou sucursal da empresa, para uma melhor fiscalização

acerca do cumprimento das obrigações tributárias por parte dos contribuintes.

Assim, o Cadastro Nacional das Pessoas Jurídicas-CNPJ, como dito, é

o banco de dados utilizado pela administração tributária, em todos os níveis, para

identificar o sujeito passivo da obrigação fiscal.

Nesse contexto, concorda o contribuinte que se uma determinada

empresa possui estabelecimentos dotados de certo grau de autonomia, mas não

estão registrados no CNPJ, não se poderia exigir do fisco que dissocie a

obrigação tributária a cargo da matriz daquela que seria devida apenas pela filial.

PORÉM, AQUELES CONTRIBUINTES (COMO A ORA

IMPETRANTE) QUE PROVIDENCIAM A REGULARIZAÇÃO DE SUAS FILIAIS

PERANTE O FISCO, CADASTRANDO SUAS SUCURSAIS E, ASSUMINDO OS

ÔNUS ADMINISTRATIVOS, FISCAIS E CONTÁBEIS DECORRENTES DA

GESTÃO DE UMA UNIDADE DEVIDAMENTE REGISTRADA, NÃO PODEM SER

COLOCADAS NA MESMA POSIÇÃO DAS EMPRESAS SUPRACITADAS.

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Assim, o fato gerador das contribuições opera-se de maneira

individualizada em relação a cada uma das empresas, sejam matrizes ou filiais.

Nesse sentido, a Primeira Turma do STJ, no julgamento do REsp

640.880⁄PR, de relatoria do MINISTRO JOSÉ DELGADO, entendeu que "para

fins tributários, tanto a matriz quanto as filiais são consideradas estabelecimentos

autônomos com personalidade jurídica distinta".

Naquela oportunidade, o Ministro Relator, em seu voto condutor

do acórdão, afirmou que:

"... se o fato que originou a demanda deu-se em

estabelecimentos distintos de forma individualizada, ou seja, na matriz e

filiais, deve, portanto, ser aplicada a norma inserta no inciso II do artigo

127 do Código Tributário Nacional: 'o domicílio tributário da pessoa jurídica

de direito privado é o do lugar de sua sede, ou em relação aos atos e fatos

que deram origem à obrigação, o de cada estabelecimento' ".

Assim, verifica-se que cada uma das unidades da Impetrante

constitui um estabelecimento, estando, dessa forma, aptas a contrair obrigações,

assim como sofrer imposições tributária, autônomas das obrigações e imposições

tributárias relativas à matriz.

Dessa forma o SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA, ao analisar a

questão ora em debate, exarou entendimento, em que se tratando de tributo que

se opera de forma individualizada, tanto na matriz quanto nas filiais da

empresa. A propósito, confiram-se, ainda, os seguintes julgados deste Pretório:

“AGRAVOS REGIMENTAIS NO RECURSO ESPECIAL.

TRIBUTÁRIO. ILEGITIMIDADE DA MATRIZ PARA BUSCAR A REPETIÇÃO DE

VALORES RECOLHIDOS INDEVIDAMENTE PELAS SUAS FILIAIS.

CONTRIBUIÇÃO AO INCRA. CONTRIBUIÇÃO SOBRE FOLHA DE SALÁRIOS.

IMPOSSIBILIDADE DE COMPENSAÇÃO. AGRAVO REGIMENTAL DA EMPRESA

DESPROVIDO, E PROVIDO O DO INSS. 1. O fato gerador das

contribuições opera-se de maneira individualizada em relação a

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cada uma das empresas, sejam matrizes ou filiais. Assim sendo, não

pode a matriz, isoladamente, demandar em juízo em nome das filiais, uma

vez que, para fins fiscais, os estabelecimentos são considerados entes

autônomos (REsp 746.125/SP, 1ª Turma, Rel. Min. Teori Albino Zavascki,

DJ de 7.11.2005). 2. Recentemente, a Primeira Seção desta Corte Superior

firmou orientação no sentido da impossibilidade de compensação de

valores recolhidos indevidamente a título de contribuição ao INCRA com

outras contribuições arrecadadas pelo INSS (EREsp 681.120/SC, Rel. Min.

Castro Meira, DJ de 6.11.2006). 3. Agravo regimental da empresa

desprovido, e provido o do INSS.” (AgRg no REsp 642.928/SC, Rel. Ministra

DENISE ARRUDA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 06/03/2007, DJ

02/04/2007, p. 233)

Da mesma forma, o e. TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 3ª

REGIÃO, ao apreciar tal questão, se posicionou de forma idêntica, in verbis:

“MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUTÁRIO. IPI. FRETE. LEI

7.798/89. LEI 4.502/64. ART. 47 DO CTN. COMPENSAÇÃO. LEI 8.383/91.

CORREÇÃO MONETÁRIA. PRESCRIÇÃO QÜINQÜENAL. FILIAL E MATRIZ.

ESTABELECIMENTOS AUTÔNOMOS. NÃO CUMPRIMENTO DO caput DO

ART. 523 DO CPC. 1. O valor do frete não integra a base de cálculo do IPI.

2. Incompatibilidade entre o art. 15 da Lei nº 7.798/89 e o art. 47 do CTN.

3. Cabível o aproveitamento do crédito oriundo de recolhimentos indevidos

de IPI incidente sobre frete, mediante lançamento em sua escrita fiscal. 4.

Possibilidade de compensação do IPI com o próprio IPI incidente em

operações subseqüentes, na forma do art. 66 da Lei nº 8 .383/91 5.

Correção monetária incidente, com base na SELIC, ante a resistência

oposta pelo Fisco, ocasionando a demora no aproveitamento dos créditos

pelo contribuinte. 6. O prazo da prescrição é qüinqüenal, a contar do

recolhimento do tributo. 7. As filiais e a matriz são consideradas

estabelecimentos autônomos, operando-se o fato gerador do

tributo de maneira individualizada em relação a cada

estabelecimento. 8. Agravo retido de que não se conhece, em função do

descumprimento do caput do art. 523 do CPC, na forma do §1º deste

mesmo artigo. 9. Apelação da impetrante a que se nega provimento e

remessa oficial e apelação da União a que se dá parcial provimento, para

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fazer incidir a prescrição qüinqüenal.” (TRF3, AMS nº 2004.61.00.029293-

5, Terceira Turma, Relator Desembargadora Federal Cecilia Marcondes,

Julgamento 19/02/2009, DJF3 10/03/2009)

“PROCESSO CIVIL - TRIBUTÁRIO - COMPENSAÇÃO DE

CRÉDITOS TRIBUTÁRIOS - MATRIZ E FILIAIS - INSTRUÇÃO NORMATIVA

Nº 03/2005 DA SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL - LEGALIDADE. 1. O

artigo 170 do CTN autoriza a compensação de créditos tributários pelo

sujeito passivo, entendido como aquele do qual se exige o cumprimento da

obrigação. 2. A Instrução Normativa nº 03/2005, ao estabelecer que o

crédito tributário só poderá ser compensado pela própria unidade da

empresa que sofreu a retenção, não extrapolou do poder regulamentar,

considerando que o fato gerador que deu origem ao tributo se operou de

forma individualizada em cada estabelecimento. 3. O STJ firmou

entendimento de que, para efeitos fiscais, a matriz e as filiais de

uma empresa são considerados estabelecimentos autônomos, com

personalidade jurídica e identificação próprias . 4. Agravo de

instrumento improvido.” (TRF3, AG nº 2006.03.00.120225-0, Primeira

Turma, Relator Desembargadora Federal Vesna Kolmar, Julgamento

03/04/2007, DJU 17/05/2007)

Nestes termos, requereu a impetrante a emissão da

certidão negativa de débito pertinente aos tributos federais (não previdenciários)

relativamente às suas unidades filiais (doc. 02.a/f), as quais, independentemente

de possuírem CNPJs próprios não possuem débitos em aberto, tiveram seus

pedidos negados (doc. 04.a/f).

Ocorre que, não se pode negar a possibilidade de fracionamento da

análise da regularidade fiscal da empresa, desde que possua CNPJ próprio que

denote sua autonomia jurídico-administrativa.

Nestes termos, o Código Tributário Nacional reconhece a autonomia

de domicílios do contribuinte (art. 127, inciso II), de modo que à Administração

tributária não é lícito negar a emissão da certidão de inexistência de débito fiscal

requerida, sob o argumento de que nem todos os estabelecimentos do país estão

em dia com a obrigação tributária.

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Ora, entende-se que, para fins tributários, se as filiais entre si e

a matriz possuem inscrição própria no CNPJ, SÃO

CONSIDERADOS ESTABELECIMENTOS AUTÔNOMOS, não sendo possível

impor-se a filial débito tributário de responsabilidade de outra filial ou

da matriz, e vice-versa.

Dessa forma, cada estabelecimento filial tem seu domicílio tributário,

onde as obrigações tributárias são geradas, de modo que os respectivos encargos

são exigidos conforme a situação específica e peculiar de cada filial.

Para efeitos tributários, as unidades filiais são consideradas

estanques e individuais. Desse modo, a existência de débito da entidade

matriz ou de qualquer outra das unidades filiais espalhadas

pelo território nacional não pode ser óbice ao fornecimento da certidão

de regularidade fiscal das unidades de outras cidades da Federação .

No tangente ao direito à expedição de CND o ora impetrante,

entende que a exigência de certidões acerca da situação fiscal do contribuinte,

para finalidades diversas, encontra previsão na Constituição Federal, no próprio

Código Tributário Nacional e em legislação esparsa.

Neste sentido o CÓDIGO TRIBUTÁRIO NACIONAL autoriza

expressamente, em seu art. 205, parágrafo único, a expedição de CND nos termos

em que tenha sido requerida, neste caso em favor dos estabelecimentos filiais da

impetrante:

'Art. 205. A lei poderá exigir que a prova da quitação

de determinado tributo, quando exigível, seja feita por certidão negativa,

expedida à vista de requerimento do interessado, que contenha todas as

informações necessárias à identificação de sua pessoa, domicílio fiscal e

ramo de negócio ou atividade e indique o período a que se refere o pedido.

Parágrafo único. A certidão negativa será

sempre expedida nos termos em que tenha sido requerida e

será fornecida dentro de 10 (dez) dias da data da entrada do requerimento

na repartição.'

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Assim, não merece prosperar o argumento fiscal, de que a CND deve

ser exigida da empresa em relação a todos os seus estabelecimentos, por débitos

incorridos em outras unidades, nos moldes do § 1º do art. 47 da Lei 8.212⁄91.

Ademais, é de ressaltar que o pleito em comento jamais será acolhido na esfera

administrativa, o que é corroborado pelo relatório de pendências emitido pelo

Fisco e acostado à inicial (doc. 03).

É o que basta para que se tenha configurada a pretensão resistida e,

portanto, o interesse processual do litigante.

Nestes termos, a impetrante pretende o reconhecimento do direito à

obtenção de certidão positiva de débito com efeito de negativa, uma vez que

as inscrições em dívida ativa apontadas como óbice à expedição do documento

fiscal referem-se somente a matriz, não sendo afetas as filiais sediadas em outras

localidades, inclusive com CNPJ's distintos.

Efetivamente, cada empresa é identificada como contribuinte pelo

número de sua inscrição no Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas, que

“compreende as informações cadastrais de entidades de interesse das

administrações tributárias da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos

Municípios” (IN RFB nº 568, de 8⁄09⁄2005).

Ademais, o artigo 127, II, do Código Tributário Nacional, no que

tange ao domicílio do contribuinte, estabelece:

"Art. 127. Na falta de eleição, pelo contribuinte ou

responsável, de domicílio tributário, na forma da legis lação aplicável,

considera-se como tal:

I - (...)

II - quanto às pessoas jurídicas de direito privado ou às

firmas individuais, o lugar da sua sede, ou, em relação aos atos ou fatos

que derem origem à obrigação, o de cada estabelecimento".

Nos termos da legislação tributária, cada estabelecimento é tido

como estanque quanto às obrigações tributárias geradas e consectários delas

advindas, já que o próprio CTN abarca o princípio de autonomia do

estabelecimento.

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A própria RECEITA FEDERAL DO BRASIL (RFB), em diversas

instruções normativas, consagra tal princípio:

Instrução Normativa nº 82 de 31.10.1997:

"Art. 2º Todas as pessoas jurídicas estão obrigadas à

inscrição no CGC.

Art. 3º A pessoa jurídica deverá inscrever no CGC cada um

de seus estabelecimentos.

§ 1º O estabelecimento é a unidade autônoma, móvel

ou imóvel, em que a pessoa jurídica exerce, em caráter

permanente ou temporário, atividade econômica ou social,

geradora de obrigação tributária, principal ou acessória ."

Instrução Normativa n° 200 de 13.09.2002:

"Art. 13. A pessoa jurídica deverá inscrever no CPJ cada um

de seus estabelecimentos, inclusive os situados no exterior.

§ 1º O estabelecimento é a unidade autônoma, móvel

ou imóvel, em que a pessoa jurídica exerce, em caráter permanente

ou temporário, atividade econômica ou social, geradora de

obrigação tributária, principal ou acessória."

Instrução Normativa nº 568 de 8⁄09⁄2005

"Art. 10. As entidades domiciliadas no Brasil, inclusive as

pessoas jurídicas por equiparação, estão obrigadas a inscreverem no CNPJ,

antes de iniciarem suas atividades, todos os seus estabelecimentos

localizados no Brasil ou no exterior.

§ 1º Para efeitos de CNPJ, estabelecimento é o local, privado

ou público, edificado ou não, móvel ou imóvel, próprio ou de terceiro, em

que a entidade exerça, em caráter temporário ou permanente, suas

atividades, inclusive as atividades auxiliares do Anexo III, bem assim onde

se encontrem armazenadas mercadorias."

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Neste sentido, a jurisprudência do SUPERIOR TRIBUNAL DE

JUSTIÇA (STJ) firmou entendimento na possibilidade da concessão de certidões

negativas de débito tributário às empresas filiais, ainda que conste débito em

nome da matriz, em razão de cada empresa possuir CNPJ próprio, a denotar

sua autonomia jurídico-administrativa:

“PROCESSUAL CIVIL. TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL

NO RECURSO ESPECIAL. MANDADO DE SEGURANÇA. EXPEDIÇÃO DE

CERTIDÃO DE REGULARIDADE FISCAL. SESC E SENAC.

ADMINISTRAÇÃO REGIONAL E NACIONAL. CNPJ DISTINTOS.

AUTONOMIA JURÍDICO-ADMINISTRATIVA. PRECEDENTES DE

AMBAS AS TURMAS QUE COMPÕEM A PRIMEIRA SEÇÃO. 1. Na

hipótese em foco, as administrações Regionais e Nacionais do SESC

e SENAC possuem CNPJ próprio, portanto, com autonomia jurídico-

administrativa. Nesse contexto, para fins tributários, a situação de

regularidade fiscal deve ser considerada de forma individualizada,

conforme jurisprudência de ambas as Turmas que compõem

a Primeira Seção deste Tribunal: AgRg no REsp 1.114.696⁄AM, Rel.

Min. HamiltonCarvalhido, DJ de 20⁄10⁄2009, AgRg no REsp

961.422⁄SC, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, DJ de 15⁄6⁄2009,

REsp 1.003.052⁄RS, Rel. Min. Castro Meira, DJ 2⁄4⁄2008. 2. A

propósito: "O Código Tributário Nacional reconhece a autonomia

de domicílios do contribuinte - artigo 127, II, e, na hipótese, cada

estabelecimento educacional tem seu domicílio tributário, não sendo

possível a recusa de emissão de certidão negativa a determinado

estabelecimento sob a alegação de que outros estabelecimentos da

recorrida têm débitos junto à Previdência. O recorrido possui CNPJ

próprio, a denotar sua autonomia jurídico-administrativa, e se

encontra em situação de legalidade junto ao INSS,

conforme constatado pela instância ordinária." (REsp 938.547⁄PR,

Rel. Min. Francisco Falcão, DJ de2⁄8⁄2007). 3. Agravo regimental não

provido.” (AgRg no REsp 1235407⁄RJ, Rel. Ministro Benedito Gonçalves,

Primeira Turma, DJe 19⁄04⁄2011);

“TRIBUTÁRIO. CERTIDÃO POSITIVA DE DÉBITO COM

EFEITOS DE NEGATIVA. DÉBITOS EM NOME DAS FILIAIS.

EXPEDIÇÃO EM RELAÇÃO À MATRIZ. POSSIBILIDADE . 1. A

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existência de registros de CNPJ diferentes caracteriza a autonomia

patrimonial, administrativa e jurídica de cada um dos

estabelecimentos. Desse modo, cada um destes opera de modo

independente em relação aos demais. 2. É possível a expedição de

certidões positivas de débito com efeitos negativos às empresas

cujas filiais possuam débitos com a Fazenda Pública, desde que

possuam números de CNPJ distintos . Precedentes. 3. Agravo

regimental não provido.” (AgRg no Ag 1413153/RS, Rel. Ministro CASTRO

MEIRA, SEGUNDA TURMA, julgado em 20/09/2011, DJe 22/11/2011)

“AGRAVO REGIMENTAL EM RECURSO ESPECIAL. DÉBITO

TRIBUTÁRIO EM NOME DA EMPRESA MATRIZ. EXPEDIÇÃO DE

CERTIDÃO NEGATIVA EM NOME DA FILIAL. POSSIBILIDADE. 1. A

jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça firmou entendimento de que

é possível a concessão de certidões negativas de débito tributário

às empresas filiais, ainda que conste débito em nome da matr iz,

em razão de cada empresa possuir CNPJ próprio, a denotar sua

autonomia jurídico-administrativa. 2. Agravo regimental improvido.”

(AgRg no REsp 1114696/AM, Rel. Ministro HAMILTON CARVALHIDO,

PRIMEIRA TURMA, julgado em 13/10/2009, DJe 20/10/2009)

"TRIBUTÁRIO. CND. MATRIZ. FILIAL. DÉBITOS DA

FILIAL NÃO IMPEDEM A EXPEDIÇÃO DECERTIDÃO REFERENTE À

MATRIZ. 1. Cada estabelecimento de empresa que tenha

CNPJ individual tem direito a certidão positiva com efeito

de negativa em seu nome, ainda que restem pendências tributárias

de outros estabelecimentos da mesmo grupo econômico, quer seja

matriz ou filial. 2. agravo regimental não provido." (AgRg no

REsp 961422⁄SC, Rel. Ministro MAURO CAMPBELLMARQUES, SEGUNDA

TURMA, julgado em 02⁄06⁄2009, DJe 15⁄06⁄2009).

"MANDADO DE SEGURANÇA. INSS. CERTIDÃO DE

REGULARIDADE FISCAL - CND. DÉBITO.UNIDADES MANTIDAS PELA

CAMPANHA NACIONAL DE ESCOLAS DA COMUNIDADE.

ENTIDADESINDIVIDUAIS. AUTONOMIA DE DOMICÍLIO TRIBUTÁRIO.

15

INSCRIÇÃO PRÓPRIA NO CNPJ.SITUAÇÃO REGULAR . I - O Código

Tributário Nacional reconhece a autonomia de domicílios do contribuinte -

artigo 127, II, e, na hipótese, cada estabelecimento educacional tem

seu domicílio tributário, não sendo possível a recusa de emissão de

certidão negativa a determinado estabelecimento sob a alegação

de que outros estabelecimentos da recorrida têm débitos junto

à Previdência. O recorrido possui CNPJ próprio, a denotar sua

autonomia jurídico-administrativa, e se encontra em situação de

legalidade junto ao INSS, conforme constatado pela instância ordinária.

II - Recurso improvido." (REsp 938547⁄PR, Rel. Ministro FRANCISCO

FALCÃO, PRIMEIRA TURMA, julgado em 12⁄06⁄2007, DJ 02⁄08⁄2007

p. 435).

"TRIBUTÁRIO. CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITO DE

NEGATIVA. FILIAL. PENDÊNCIA DA MATRIZ. POSSIBILIDADE. 1. O

artigo 127, I, do Código Tributário Nacional consagra o princípio da

autonomia de cada estabelecimento da empresa que tenha o respectivo

CNPJ, o que justifica o direito a certidão positiva com efeito

de negativa em nome de filial de grupo econômico, ainda

que restem pendências tributárias da matriz ou de outras filiais.

Precedente da Primeira Turma (REsp 938.547⁄PR, Rel. Min. Francisco

Falcão, DJU de 02.08.07). 2. Recurso especial não

provido." (REsp 1003052⁄RS, Rel. Ministro CASTRO MEIRA, SEGUNDA

TURMA, julgado em 18⁄03⁄2008, DJe 02⁄04⁄2008).

Nesse contexto, o c. TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA

TERCEIRA REGIÃO (TRF3), não tem divergido do alegado, conforme se verifica

dos arestos a seguir colacionados:

“PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO LEGAL. CPC, ART. 557, § 1º.

APLICABILIDADE. PEDIDO DE REFORMA DE DECISÃO. CERTIDÃO

NEGATIVA. CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITOS DE NEGATIVA. CNPJ

PRÓPRIO. PERSONALIDADE JURÍDICA PARA FINS TRIBUTÁRIOS.

ADMISSIBILIDADE. 1. A utilização do agravo previsto no art. 557, § 1º,

do CPC, deve enfrentar a fundamentação da decisão agravada, ou seja,

deve demonstrar que não é caso de recurso manifestamente inadmissível,

improcedente, prejudicado ou em confronto com súmula ou com

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jurisprudência dominante do respectivo tribunal, do Supremo Tribunal

Federal, ou de Tribunal Superior. Por isso que é inviável, quando o

agravante deixa de atacar especificamente os fundamentos da decisão

agravada. Precedentes do STJ. 2. A jurisprudência do Superior

Tribunal de Justiça reconhece personalidade jurídica própria das

filiais para efeitos tributários. Em decorrência, quanto à expedição

de certidão negativa ou positiva com efeitos de negativa, devem

ser considerados tão-somente os créditos tributários relativos ao

CNPJ do requerente, ainda que ele integre grupo econômico em

relação ao qual haja pendências de outras unidades. Precedentes

do STJ. 3. Agravo legal não provido.” (TRF3, REOMS nº

2005.61.00.017219-3, Quinta Turma, Relator Juíza Convocada Louise

Filgueiras, data julgamento 25/07/2011, DJF3 CJ1 DATA:04/08/2011

PÁGINA: 587)

“TRIBUTÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO RETIDO.

REITERAÇÃO. INOCORRÊNCIA. ILEGITIMIDADE PASSIVA AD CAUSAM.

EXTINÇÃO SEM MÉRITO, ART. 267, VI, CPC. EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO

POSITIVA COM EFEITOS DE NEGATIVA, ART. 206 DO CTN. CRÉDITOS

COM A EXIGIBILIDADE SUSPENSA. 1. Agravo retido não conhecido, uma

vez que a parte deixou de reiterá-lo expressamente nas razões ou na

resposta de apelação, conforme o disposto no art.523, § 1º, do Código de

Processo Civil. 2. Em sede de mandado de segurança, é sabido que a parte

legítima para figurar no pólo passivo da demanda é aquela que detém os

poderes para praticar ou corrigir o ato coator. 3. In casu, a impetração foi

proposta pela matriz, situada em São Paulo, bem como pelas filiais, dentre

elas a empresa Saman Indústria e Comércio de Cereais Ltda, com sede em

Recife, a qual requer a extinção dos débitos inscritos sob os nºs

00.7.00.000602-25, 00.7.00.000603-06 e 00.7.00.000604-97. 4. Inviável,

se torna, a análise de referido pedido, por falta de uma das condições da

ação, qual seja, a legitimidade das partes (art. 267, VI, CPC), porquanto os

débitos foram inscritos pela Procuradoria da Fazenda Nacional em Recife.

Pela mesma razão, descabe, outrossim, a análise da conversão dos valores

depositados, sendo de rigor seu levantamento, conforme determinado pelo

MM. juiz a quo. 5. Isso porque, para fins tributários, inclusive no que

tange à expedição de certidões e análise da exigibilidade dos

respectivos débitos, matriz e filial são considerados

estabelecimentos autônomos. Precedente desta Corte. 6. A

necessidade de a certidão negativa de débitos (art. 205 do CTN) retratar

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com fidelidade a situação do contribuinte perante o Fisco impossibilita a

sua expedição na existência de débitos, ainda que estejam com a

exigibilidade suspensa. Nesta última situação, o contribuinte tem direito à

denominada "certidão positiva com efeitos de negativa" expedida nos

termos e para os fins do art. 206 do CTN. 7. Conforme guias de depósito

juntadas às fls. 125/126, os débitos de IRRF estão com a exigibilidade

suspensa, no termos do art. 151, II, do CTN, diante do depósito do

montante integral. Outrossim, de acordo com as Informações Gerais, o

débito inscrito em dívida sob o nº 80.7.05.007953-92 também está com a

exigibilidade suspensa por força de decisão judicial (fl. 153). 8. Sendo

assim, inexistindo outros impedimentos à expedição da certidão

requerida, a empresa matriz tem direito ao seu fornecimento. 9.

Precedentes jurisprudenciais do C. STJ. 10. Agravo retido não

conhecido. Processo extinto sem exame do mérito, com fulcro no art. 267,

VI, do CPC, relat ivamente às filiais e apelação parcialmente provida.”

(TRF3, AMS nº 2005.61.00.028299-5, Sexta Turma, Relator

Desembargadora Federal Consuelo Yoshida, data julgamento 02/09/2010,

DJF3 CJ1 DATA:13/09/2010 PÁGINA: 663)

“MANDADO DE SEGURANÇA. CND. FILIAL. INEXISTÊNCIA

DE CRÉDITO CONSTITUÍDO EM SEU DESFAVOR. DEFERIDA

EXPEDIÇÃO DE CERTIDÃO POSITIVA COM EFEITO DE NEGATIVA.

APELAÇÃO E REMESSA OFICIAL IMPROVIDAS. I - A existência de débito

constituído em nome da matriz e outras filiais da impetrante não

pode obstar a expedição de CND. Precedentes. II - Determinada

expedição de certidão positiva de débito com efeito de negativa

(art. 206 do CTN). Correto resguardo dos interesses das partes em

litígio. III - Apelação e remessa oficial improvidas. Sentença confirmada.”

(TRF3, AMS nº 2001.03.99.058517-9, Segunda Turma, Relator Juiz

Convocado Roberto Lemos, data julgamento 20/07/2010, DJF3 CJ1

DATA:29/07/2010 PÁGINA: 257)

“MANDADO DE SEGURANÇA - CERTIDÃO NEGATIVA DE

DÉBITO. SENAC. PENDÊNCIA DE OUTRAS UNIDADES

DESCENTRALIZADAS. POSSIBILIDADE. 1- As unidades regionais do

SENAC possuem personalidade jurídica própria para fins tributários,

o que legitima o direito a expedição da CND, ainda que haja

débitos tributários em aberto da matriz ou de outras filiais.

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Precedentes do STJ e das demais Cortes Regionais. 2- Apelação e

remessa oficial improvidas.” (TRF3, AMS nº 2001.03.99.008803-2, Sexta

Turma, Relator Desembargador Federal Lazarano Neto, data julgamento

04/03/2010, DJF3 CJ1 DATA:19/04/2010 PÁGINA: 368)

Desse modo, percebe-se que cada filial opera de modo independente

em relação aos demais.

Nesse contexto, é plenamente possível a expedição de certidões

positivas de débito com efeitos negativos às empresas cujas filiais ou matrizes

possuam débitos com a Fazenda Pública, desde que possuam números de CNPJ

distintos (como in casu).

Assim, conclui-se que tais empresas possuem autonomia jurídica e

administrativa em relação às matrizes ou filiais, fato que justifica a expedição do

documento de modo individual.

Ante o exposto, buscou a impetrante demonstrar, técnica e

juridicamente, o direito que possibilita ao contribuinte promover a emissão das

certidões de regularidade fiscal (CND/ CPDEN) dos estabelecimentos

filiais, quando inexistentes óbices (quando os óbices são exclusivos do

estabelecimento matriz), decorrente dos motivos de fato apresentados, aliado

a robusta prova documental do pleno direito (docs. 02.a/f, 03 e 04.a/f), situação

que lhe está sendo vedada pelo injustificado e combatido ato administrativo, que

não aplica ao caso concreto o legitimo direito concedido pela norma abstrata,

demonstrando a imperiosa necessidade de se retificar a situação em comento.

IV - DO FUMUS BONI IURIS

A Impetrante demonstrou a presença, in casu, o requisito do fumus

boni iuris, dada a relevância da argumentação jurídica argüida.

A existência no ordenamento jurídico de normas que lastreassem o

seu pedido restou fartamente demonstrada pela Impetrante.

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Tal requisito de inafastável importância é lastreado tanto em

disposições legais vigentes e imediatamente aplicáveis ao caso trazido a

conhecimento deste Juízo.

Dessa forma, o quanto disciplinado tanto pelos arts. 5º “caput”,

inciso, LIV, 150, I e IV, todos da CF/88, bem como pelos arts. 1º, §2º, 2º da Lei

nº 11.941/2009, art. 104 da Lei Complementar 104/2001, art. 151,VI e 155-A do

Código Tributário Nacional (CTN), Portarias Conjuntas PGFN/RFB nº 06/2009,

03/2010, 11/2010, 13/2010 e 02/2011, Decreto n 3048/1999, Lei n 9528/1997, IN

RFB 748/2007, sem ressalva do posicionamento jurisprudencial do e. SUPERIOR

TRIBUNAL DE JUSTIÇA (STJ) e dos TRIBUNAIS REGIONAIS FEDERAIS,

bem demonstram e fundamentam o pedido do Impetrante.

Ademais, é imune de dúvidas que, diante do teor da dominante

jurisprudência pátria, o ato combatido resta como incontroverso e flagrantemente

ofensivo a direitos líquidos e certos da Impetrante, resultando como patente,

pois, a existência nestes autos da “fumaça do bom direito”.

V - DO PERICULUM IN MORA

Também com relação ao “perigo da demora”, resulta como certo o

preenchimento deste requisito na espécie ora tratada.

Notadamente este fato trazido a conhecimento deste ilustre

Magistrado, afeta, de forma particularmente gravosa ou irreversível, a

sobrevivência ou permanência da atividade econômica exercida pela

Impetrante/contribuinte, pois:

a) Com a manutenção deste ato administrativo que impede a emissão as

certidões, a Impetrante se vê prejudicada no exercício de sua atividade

profissional, visto que: não pode contratar com o poder publico; não tem

acesso as linhas de créditos do BNDES; não consegue captar capital de giro

para realização de fluxo de caixa com taxas competitivas;

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b) Em face dessa situação (não emissão da certidão) já surgiram óbices a

atividade empresarial da Impetrante;

c) Para fins de não sofrer estes efeitos deverão as filiais do contribuinte

efetuar o recolhimento de tais valores que, em face do quanto

demonstrado não lhe são as exigíveis, fato este que causará um inequívoco

enriquecimento sem causa da Impetrada;

Enumerar todos os eventos representativos do caso e, em que forma

foi mergulhada a Impetrante / contribuinte tomaria tempo demasiado de Vossa

Excelência.

Diante de tais fatos e da exigência formulada pela Impetrada

(autoridade coatora e responsável pela exigência), absolutamente (e não há

exagero no advérbio) ilegal, o questionamento da mesma ao Poder Judiciário

tornou-se inevitável.

A evidência, o periculum in mora no presente caso é verificado na

urgência em se obter a providência jurisdicional, sob pena, de não ter efeito

prático algum, estando in casu impossibilitado o exercício da pretensão deduzida

pela impetrante.

Desta forma, são estas as razões pelas quais a Impetrante necessita

obter a providência pleiteada, sob pena de vir a ser completamente inócua

qualquer decisão posterior.

VI - DO PEDIDO

Por todo o exposto, restando claramente demonstrados in casu a

presença dos pressupostos do periculum in mora e do fumus buni iuris

necessários à concessão da medida liminar, requer-se se digne V.Exa. a:

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a) - CONCEDER MEDIDA LIMINAR INAUDITA ALTERA PARS

determinando ao órgão administrativo responsável, na pessoa de sua autoridade

funcional superior (a ora tida como coatora e componente do pólo passivo desta

impetração), a obrigação de promover a emissão da certidão de

regularidade fiscal (CND ou CPDEN) dos tributos federais (não

previdenciários) dos estabelecimentos filiais (desde que inexistentes

dívidas / óbices / divergências relativos aos mesmos) , tendo em vista o

pleno direito demonstrado (docs. 02.a/f, 03 e 04.a/f), conforme reconhecido pelo

direito pátrio e majoritário e atual posicionamento de nossos Tribunais;

b) - CONCEDER A ORDEM, julgando inteiramente procedente o pedido

da impetrante;

c) - INTIMAR a autoridade apontada como coatora, (DELEGADO DE

ADMINISTRAÇÃO TRIBUTÁRIA DA RECEITA FEDERAL DO BRASIL DE

XXXXXXXXXXXXXXXX, ou quem lhe faça as vezes), com endereço

XXXXXXXXXXXXXXXX, para que preste as informações da Lei n.º 12.016/2009, e,

ao final, concedida a ordem de segurança, seja condenada nas custas judiciais.

Outrossim, indica como endereço da representante da Autoridade

Coatora nos feitos tributários, a r. PROCURADORIA GERAL DA FAZENDA

NACIONAL (PGFN), sito XXXXXXXXXXXXXXXX.

Assim, espera-se pelo acolhimento dos pleitos formulados, postura

judicial a consagrar os preceitos constitucionais, dando-se à causa, para os fins

de alçada, tendo em vista tratar-se de matéria única e exclusivamente de direito,

o valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Termos em que,

e.deferimento.

Local, data.

Advogado

OAB – numero