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Página 1 de 13 Grupo Capital Tel.: 11 3882-0538 www.viacapital.com.br São Paulo/SP: Rua Silvia, 110, Cj52 Santana do Parnaíba/SP:Av.Brasília, 422, sala 03 Goiânia/GO:Rua 18, Qd A-8 Lt 15/17, sala 804 CMBO_GENOVA_14_07_15 EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1º VARA CÍVEL DA COMARCA DE CASCAVEL- PARANÁ. DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA DOS AUTOS Nº 0024946-35.2012.8.16.0021. Autor: MASSA FALIDA DO GRUPO DIPLOMATA S/A INDUSTRIAL E COMERCIAL. Réu: FREDERICO CECCATO KAEFER e CELSO CECCATO. MASSA FALIDA DE DIPLOMATA S/A INDUSTRIAL E COMERCIAL, neste ato representada pela CAPITAL ADMINISTRADORA JUDICIAL, na qualidade de Administradora Judicial, devidamente nomeada e compromissada nos Autos da falência nº 0024946-35.2012- 8.16.0021, em trâmite perante a 1ª Vara Cível de Cascavel, neste ato representada por seu responsável técnico Doutor Luis Claudio Montoro Mendes, nos autos em epígrafeem trâmite perante esse Douto Juízo e Respeitável Cartório, vem, com o devido acatamento e respeito, perante Vossa Excelência, propor a presente: AÇÃO REVOCATÓRIA Com fulcro no artigo 130 da Lei nº 11.101/2005. Em face de FREDERICO AUGUSTO CECCATO KAEFER, inscrito no CPF sob o nº 009.018.249-92, residente e domiciliado na Rua: Pedro Ivo, nº 2402, na cidade de Cascavel – PR e CELSO CECCATTO, inscrito no CPF sob o nº 224.825.129-72, residente e domiciliado na Avenida Carlos Gomes, nº 460, bairro Caiari, na cidade de Porto Velho – RO.

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 1º VARA CÍVEL DA COMARCA DE

CASCAVEL- PARANÁ.

DISTRIBUIÇÃO POR DEPENDÊNCIA DOS AUTOS Nº 0024946-35.2012.8.16.0021.

Autor: MASSA FALIDA DO GRUPO DIPLOMATA S/A INDUSTRIAL E COMERCIAL.

Réu: FREDERICO CECCATO KAEFER e CELSO CECCATO.

MASSA FALIDA DE DIPLOMATA S/A INDUSTRIAL E COMERCIAL,

neste ato representada pela CAPITAL ADMINISTRADORA JUDICIAL, na qualidade de Administradora

Judicial, devidamente nomeada e compromissada nos Autos da falência nº 0024946-35.2012-

8.16.0021, em trâmite perante a 1ª Vara Cível de Cascavel, neste ato representada por seu

responsável técnico Doutor Luis Claudio Montoro Mendes, nos autos em epígrafeem trâmite perante

esse Douto Juízo e Respeitável Cartório, vem, com o devido acatamento e respeito, perante Vossa

Excelência, propor a presente:

AÇÃO REVOCATÓRIA

Com fulcro no artigo 130 da Lei nº 11.101/2005. Em face de

FREDERICO AUGUSTO CECCATO KAEFER, inscrito no CPF sob o nº 009.018.249-92, residente e

domiciliado na Rua: Pedro Ivo, nº 2402, na cidade de Cascavel – PR e CELSO CECCATTO, inscrito no

CPF sob o nº 224.825.129-72, residente e domiciliado na Avenida Carlos Gomes, nº 460, bairro Caiari,

na cidade de Porto Velho – RO.

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I – DA LEGITIMIDADE ATIVA

O presente feito é movido por esta Administradora Judicial,

representante da massa falida do grupo Diplomata e responsável por nortear os interesses da massa,

propondo as ações necessárias à defesa de seus direitos, conforme o que preceituam os artigos 21 e

22 da Lei que Rege o instituto da Falência e Recuperação de empresas, in verbis:

Art. 21. O administrador judicial será profissional idôneo, preferencialmente advogado, economista, administrador de empresas ou contador, ou pessoa jurídica especializada. Parágrafo único. Se o administrador judicial nomeado for pessoa jurídica, declarar-se-á, no termo de que trata o art. 33 desta Lei, o nome de profissional responsável pela condução do processo de falência ou de recuperação judicial, que não poderá ser substituído sem autorização do juiz. Art. 22. Ao administrador judicial compete, sob a fiscalização do juiz e do Comitê, além de outros deveres que esta Lei lhe impõe: [...] III – na falência: [...] c) relacionar os processos e assumir a representação judicial da massa falida; [...] l) praticar todos os atos conservatórios de direitos e ações, diligenciar a cobrança de dívidas e dar a respectiva quitação; [...] n) representar a massa falida em juízo, contratando, se necessário, advogado, cujos honorários serão previamente ajustados e aprovados pelo Comitê de Credores; o) requerer todas as medidas e diligências que forem necessárias para o cumprimento desta Lei, a proteção da massa ou a eficiência da administração; [...] (grifos nossos)

No caso em análise, a legitimidade desta que subscreve se

consubstancia no fato de que restará comprovado o descumprimento do dever de diligência dos

requeridos, para com a Massa Falida.

No caso em análise, a legitimidade desta que subscreve se

consubstancia no fato de que restará comprovada a irregularidade do ato jurídico em questão,

devendo o bem alienado irregularmente abranger o patrimônio da massa falida, uma vez que os

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prejuízos foram de grande monta em virtude da realização de negócio jurídico pela pessoa jurídica

envolvida na falência.

Além de que, este Juízo no item 416 (III), da r. sentença de quebra

(mov. 6989.1 dos autos 0024946-35.2012.8.16.0021), determinou que os auxiliares do Juízo,

incluindo esta signatária, diligenciassem com urgência a fim de:

(iii) penhorar as participações, quando for o caso, e examinar a ocorrência de confusão patrimonial, desvio de bens, ou outras condutas fraudulentas em favor das demais sociedades em que o Sr. Alfredo Kaefer, apesar de não figurar como controlador, tinha relevante participação, sobretudo diante de existência de vinculo familiar, com os demais sócios/acionistas.

Desta feita, resta comprovada a legitimidade postulatória dos

Auxiliares do Juízo, sendo que cairá por terra, desde já, qualquer alegação de ilegitimidade ativa a ser

suscitada contra esta longa manus.

II – DA LEGITIMIDADE PASSIVA DOS REQUERIDOS

No que tange a legitimidade passiva da presente ação, dispõe

claramente o artigo 133, inciso I da Lei nº 11.101/2005:

Art. 133. A ação revocatória pode ser promovida:

I – contra todos os que figuraram no ato ou que por efeito dele foram pagos, garantidos ou beneficiados;

São partes legítimas para figurarem no pólo passivo da presente ação

o Sr. Frederico, pois como se verá adiante, foi o principal sujeito do conluio fraudulento, pois,

utilizando-se de poderes de representação que detinha sobre a Diplomata, transferiu para si

patrimônio da falida em questão.

Por sua vez , o Sr. Celso Ceccatto, veio posteriormente adquirir o

imóvel, que fora fraudulentamente retirado do patrimônio da massa falida. Logo, o segundo

requerido será diretamente atingido pelas conseqüências jurídicas advindas do presente feito.

Motivo pelo qual, é legitimado a figurar no pólo passivo da presente.

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Ademais, neste momento processual introdutório, ainda não se pode

afirmar que o segundo requerido desconhecia as fraudes contra credores, praticadas no caso em

tela.

III - DA JUSTIÇA GRATUITA

Conforme restou consignado, o caso é movimentado por uma massa

falida através de seu Administrador Judicial.

A massa falida da Diplomata encontra-se em situação de extrema

fragilidade, haja vista que o passivo conhecido até a presente data é extremamente relevante e bem

maior que os ativos encontrados e qualquer importe retirado dos ativos da massa, resultará em

prejuízo aos interesses dos credores.

Ademais, vale frisar que no caso de empresa falida, a concessão da

justiça não é apenas cabível, mas indispensável!

Ora, é extremamente comum que os ativos não sejam suficientes

para pagamento de custas em feitos que a massa falida seja parte, sem acarretar prejuízo aos

credores.

O indeferimento seria o mesmo que obstar o acesso da coletividade

de credores à prestação jurisdicional. Vejamos brilhante Julgado de Relatoria da Ministra Eliana

Calmon, Recurso Especial nº 2006/0132424-5:

PROCESSUAL CIVIL – RECURSO ESPECIAL – ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA –PESSOA JURÍDICA FALIDA – POSSIBILIDADE. 1. Esta Corte tem entendido ser possível a concessão do benefício da assistência judiciária gratuita a pessoa jurídica, desde que comprovado que não tenha ela condições de suportar os encargos do processo. 2. Revisão do entendimento da relatora a partir do julgamento do EREsp 653.287/RS. 3. Pessoas jurídicas com fins lucrativos fazem jus ao benefício da assistência judiciária gratuita desde que comprovem a dificuldade financeira porque a presunção é de que essas empresas podem arcar com as custas e honorários do processo.

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4. Pessoas jurídicas sem fins lucrativos como entidades filantrópicas, sindicatos e associações fazem jus ao benefício da assistência judiciária gratuita porque a presunção é a de que não podem arcar com as custas e honorários do processo. Entretanto, como as demais, necessitam provar condição financeira capaz de obter o benefício. 5. Presunção de que a empresa cuja falência foi decretada não tem condição de suportar os encargos do processo. 6. Recurso especial provido. Importante destacar, ainda, o renomado voto de n°13.168 do Ilustre Desembargador Romeu Ricupero, Relator da apelação civil de n°676.406.4/3-00, para quem o estado de insolvência da massa falida já seria presumido. Com a devida vênia, o entendimento acima, de que, em se tratando de massa falida, não se pode presumir pela simples quebra o estado de miserabilidade jurídica, não parece ser o mais correto, indo na contramão do que normalmente ocorre nos processos falimentares, pois quem milita no ramo, sabe - e é de conhecimento comezinho - que as massas falidas, normalmente, não possuem numerário para fazer face às despesas de processos.

Ainda que o deferimento da gratuidade a empresa falida também é

entendimento pacifico perante o Tribunal de Justiça do Estado do Paraná:

Massa falida - Assistência judiciária gratuita - Possibilidade de concessão. Ação anulatória precedida de ação cautelar - Títulos de créditos - Duplicatas - Sustação de protesto - Títulos enviados a protesto por falta de pagamento - Comprovação do negócio jurídico - Efetivo fornecimento de mercadorias - Ausência de comprovação do adimplemento e cobrança de juros abusivos - Autora que não se desincumbiu do ônus que lhe competia - CPC, art. 333, inc. I - Decisão mantida - Recurso desprovido. I - Esta Corte consolidou o entendimento acerca da possibilidade de concessão da gratuidade judiciária à pessoa jurídica, nos termos da Lei n.º 1.060/50, desde que comprove concretamente não ter condições de antecipar o valor das custas processuais. Dessa forma, também se estende à massa falida, dada a notória insuficiência de ativos disponíveis. II - Compete à parte autora provar os pressupostos fáticos do direito que pretende sejam aplicados pelo juiz na solução do litígio, conforme dispõe o artigo 333, inciso I, do Código de Processo Civil.(TJPR - 13ª C.Cível - AC - 469028-0 - Curitiba - Rel.: Rabello Filho - Unânime - - J. 03.09.2008)

DIREITO TRIBUTÁRIO - ICMS - EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL - ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA - BENEFÍCIO CONCEDIDO À PESSOA JURÍDICA EM REGIME FALIMENTAR - POSSIBILIDADE - OBSERVÂNCIA DOS ARTIGOS 2º E 4º DA LEI Nº 1060/50 -

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HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS FIXADOS EM PROCEDIMENTO EXECUTIVO CONTRA MASSA FALIDA - PRETENSÃO DE RECEBIMENTO JUNTO COM O CRÉDITO FISCAL - IMPOSSIBILIDADE -CRÉDITO DE PRIVILÉGIO GERAL - EXEGESE DO ARTIGO 24 DO ESTATUTO DA ADVOCACIA (LEI Nº 8906/94) - NECESSIDADE DE HABILITAÇÃO NA FALÊNCIA - ÔNUS SUCUMBENCIAIS - MANUTENÇÃO - ARTIGO 20, §4º, DA LEI ADJETIVA CIVIL - APLICABILIDADE. A pessoa jurídica pode ser beneficiária da justiça gratuita desde que preencha as condições legalmente exigidas e sejam notórias as dificuldades financeiras que enfrenta, nos termos dos arts. 2º e 4º da Lei nº 1050/60, inexistindo qualquer distinção, por parte da lei, em relação às pessoas físicas. A verba honorária, fixada em execução contra massa, não pode ser incluída no "quantum" devido a título de débito fiscal, vez que não se trata de crédito tributário, mas de crédito com privilégio geral, de acordo com o disposto no artigo 24 da Lei nº 8.906/94 (Estatuto da Advocacia), devendo ser habilitada na falência. Recurso conhecido e não provido. (TJPR - 1ª C.Cível - AC - 164578-9 - Curitiba - Rel.: Sérgio Rodrigues - - J. 08.03.2005) (grifos nossos)

Assim, diante do exposto requer, desde já, a concessão das benesses

da justiça gratuita, por ser a Requerente hipossuficiente na forma da lei, pois, contrario sensu, a

massa falida será enormemente prejudicada por não poder levar seu pleito à análise judicial por se

encontrar impossibilitada de efetuar o pagamento de custas.

IV – DOS FATOS

O denominado “Grupo Dilpomata”, do qual integra a empresa

Diplomata S/A Industrial e Comercial, teve a sua Recuperação Judicial convolada em Falência,

mediante sentença proferida por este D. Juízo nos autos nº 0024946-35.2012.8.16.0021, na data de

01/12/2014. Nesta ocasião fora fixado o termo legal em 90 dias a contar do pedido de Recuperação

Judicial, ou seja, o período suspeito iniciou-se em 05/05/2012. Conforme mov. 6989.1 dos

mencionados autos da falência.

Posteriormente, contudo, houve retificação do termo legal legal da

falência, que passou a contar dos 90 dias anteriores ao 1º protesto, ocorrido em 23/04/2009.

Portanto, o período suspeito iniciou-se em 23/01/2009, conforme decisão proferida no mov. 11238.1

dos autos nº 0024946-35.2012.8.16.0021.

Pois bem.

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Compulsando os autos principais da falência, verifica-se no mov.

12.077, a juntada de escrituras de compra e venda do imóvel objeto da certidão de matrícula

131.235 pertencente ao 8º CRI da comarca de Curitiba – PR.

Depreende-se das referidas escrituras que:

07/01/2009 – Escritura lavrada no 6º cartório de Notas de

Curitiba, pela qual a Diplomata representada pelo Sr.

Frederico compra o bem de Glicina Empreendimentos

Imobiliários Ltda, pelo valor de R$ 421.895,47.

12/09/2012, portanto durante o processo de Recuperação

Judicial foram lavradas 3 (três) escrituras:

o A Diplomata, novamente representada pelo Sr.

Frederico, e Glicina Empreendimentos Imobiliários

LTDA lavram escritura de destrato da aquisição acima

mencionada, perante o mesmo tabelião de Curitiba,

revogando aquela transação, mencionando haver o

reembolso do valor pago de R$ 413.515,00;

o A Diplomata, representada pelo Sr. Frederico, cede

ao próprio Frederico Ceccato Kaefer o instrumento

particular que havia firmado com a Glicina

Empreendimentos em 14/11/2011, pelo exato valor

de R$413.515,00. (docs. 04, 05 e 06).

o A compra, agora pelo Sr. Frederico, do mesmo bem

junto à Glicina Empreendimentos Imobiliários LTDA,

pelo valor de R$ 413.515,00.

Deste modo, e conforme faz prova os documentos em apreço,

restou comprovado que o imóvel pertencente a empresa Diplomata foi indevidamente transferido

ao Sr. FREDERICO CECCATO KAEFER, o qual figura como primeiro requerido.

Ressalta -se que, na primeira escritura de compra e venda realizada

entre a empresa Diplomata e Glicina Empreendimentos Imobiliários, datada de 07/01/2009, constou

no item 2 a forma de pagamento do bem. Sendo, em suma, uma entrada de R$ 24.015,00 e o

restante através de financiamento com garantia de Alienação Fiduciária.

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É gritante a fraude praticada no caso em análise, note Excelência, que

passados mais de 3 anos da aquisição do imóvel pela Diplomata, em 12/09/2012, momento em que o

imóvel já encontrava-se integralmente quitado por referida empresa, lavrou-se nova escritura

pública de destrato do negócio jurídico pactuado outrora.

Salienta-se ainda que, da referida escritura de destrato constou que o

imóvel já havia sido quitado pela empresa Diplomata, vejamos o trecho extraído do referido

documento:

Ocorre ainda que, no mesmo dia a empresa Diplomata (representada

pelo Sr. Frederico) cedeu seus direitos sobre o imóvel, em comento, ao Sr. Frederico. Referida

transação ocorreu durante o trâmite da Recuperação Judicial. Sendo inegável que o Sr. Frederico

detinha o total conhecimento sobre a grave crise econômica que acometia a empresa Diplomata. E

mesmo assim, utilizou-se de meios lícitos para atingir finalidade desonesta, antijurídica. Uma vez

que, a seqüência de transações imobiliárias culminou no desvio do patrimônio da empresa

Diplomata, na época em Recuperação Judicial.

Após as fraudes supracitadas, o Sr. Frederico, firmou contrato de

compra e venda do referido imóvel com o Sr. CELSO CECCATTO, motivo pelo qual este figura como

segundo requerido.

Referida venda deu origem aos autos de embargos de terceiro sob o

nº 0009511-16.2015.8.16.0021. Uma vez que, sabiamente, fora decretada por este D. magistrado a

indisponibilidade do imóvel objeto da presente ação.

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A presente medida é necessária para resguardar os interesses da

massa falida, revogando todos os atos, acima descritos, praticados durante o termo legal da falência,

e por fim, retornando o imóvel para o patrimônio da massa falida do Grupo Diplomata.

V – DO DIREITO

Dispõe claramente o artigo 130 da Lei nº 11.101/2005:

Art. 130. São revogáveis os atos praticados com a intenção de

prejudicar credores, provando-se o conluio fraudulento entre o

devedor e o terceiro que com ele contratar e o efetivo prejuízo

sofrido pela massa falida. (grifo nosso).

Conforme narrado nos fatos e como restará demonstrado,

cristalinamente, no decorrer da presente peça introdutória, os atos praticados pelos réus,

especialmente pelo Sr. Frederico, enquadram-se perfeitamente no dispositivo citado.

V. 1 – DA INTENÇÃO DE PREJUDICAR CREDORES

Neste ponto, vale trazer a baila os comentários, ao dispositivo legal

supracitado, de Paulo F. C. Salles de Toledo e Carlos Henrique Abrão:

“O requisito subjetivo da fraude pauliana se traduz no consilium

fraudi, que é satisfeito com a consciência dos partícipes do ato que

ele lesará credores e consiste, ensina Caio Mário, em “toda

diminuição maliciosa levada a efeito pelo devedor, com propósito de

desfalcar aquela garantia, em detrimento dos direitos creditórios

alheios”. Desnecessário, como proclama a doutrina moderna em voz

uníssona, que o ato fraudulento se tenha praticado com o deliberado

propósito de prejudicar credores – o chamado animus nocendi – cuja

prova, aliás, seria diabólica, já que se cuidaria de desvendar uma

circunstância que reside na mente humana.”1

1 Comentários à Lei de recuperação de empresa e falência/ Coordenadores Paulo F. C. Salles de Toledo, Carlos

Henrique Abrão – 5ª Ed.Saraiva – São Paulo. 2012.

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Conforme as escrituras públicas lavradas na data de 12/09/2012,

restou-se comprovado que o Sr. Frederico transferiu para si patrimônio valioso pertencente a

Diplomata. Sem que, contudo, fosse comprovada a realização do ativo no caixa da Empresa.

Esta conduta, fraudulenta, se deu na época em que a empresa

Diplomata encontrava-se em processo Recuperação Judicial. Sendo de total conhecimento, por parte

do primeiro requerido, a grave crise econômica por qual a empresa passava. Sobretudo, a lista de

credores que aguardavam e ainda aguardam o recebimento de seus créditos.

Notadamente, a intenção do Sr. Frederico, ao realizar a cessão de

direitos imobiliários em seu favor se deu com a intenção de fraudar os credores da empresa

Diplomata.

V. 2 – DO CONLUIO FRAUDULENTO

Importante consignar que, valendo-se dos poderes de representação,

que o primeiro requerido detinha sobre a empresa Diplomata, utilizou-se de negócios jurídicos

permitidos no ordenamento jurídico, a fim de que, ilegalmente, pudesse desviar o patrimônio da

falida (Diplomata) para si.

Valendo-se, uma vez mais, do brilhantismo dos doutrinadores de

Paulo F. C. Salles de Toledo e Carlos Henrique Abrão, vejamos os comentários aplicáveis à espécie:

“Alvino Lima lembra que os participantes de uma fraude se valem

“dos próprios atos jurídicos, que a lei disciplina para o exercício

regular dos poderes conferidos pelo direito” para a consecução de

seus propósitos, procurando “atingir finalidades desonestas,

antijurídicas, sob o disfarce ou a aparência do emprego regular de

negócios jurídicos disciplinados e autorizados por Lei”, “arquitetando

com a maior segurança possível o seu plano de ação ilícita,

examinando, com minúcias, os elementos e as formas de que se

devem servir, de maneira a construir uma situação jurídica menos

vulnerável possível à defesa da vítima”. Sábias palavras, que mostram

que o juiz não se deve ater demasiadamente ao plano formal, assim

como deverá, muitas vezes, contentar-se com indícios e presunções,

desde que formem um conjunto sólido para o convencimento. Afinal,

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não se costumam lavrar atas de concertos frauduentos, nem se

espera que sejam elas confessadas em juízo.”2

Diante da análise fática, bem como, dos fundamentos jurídicos

delineados, espera-se que seja reconhecido, por este D. juízo, as fraudes praticadas pelo Sr.

Frederico em nome da falida Diplomata.

V.3 – EFETIVO PREJUÍZO A MASSA FALIDA

O prejuízo efetivo a massa falida consubstancia no fato de que o

imóvel objeto da presente ação possui alto valor de mercado. Sendo que referido imóvel fora

fraudulentamente retirado do patrimônio da falida, durante o trâmite da Recuperação Judicial, e

transferido ao Sr. Frederico que posteriormente o alienou a terceiros. Tudo isso, em detrimento do

grande número de credores que aguardam receber seus créditos no concurso geral dos autos da

falência.

Ocorre no presente caso que, a empresa Diplomata teve decretada a

sua falência em 01/12/2014, diante disso, é evidente a insolvência desta frente aos seus credores.

Neste sentido o entendimento da melhor doutrina:

“[...] o efetivo prejuízo sofrido pela massa falida [...] este requisito

objetivo perde brilho no contexto da falência, visto que a sua

decretação torna indiscutível a insolvência do devedor. [...]

O ponto que merece realce, em matéria de eventus dammi no caso

de atos revogáveis, é o mesmo que já salientou no item 72, supra, ao

qual uma vez mais remeto: o prejuízo será aferido com relação à

massa credora, que poderá ser lesada pelo rompimento da par

conditio ou diretamente pela redução pela redução do dividendo na

liquidação falimentar.[...]”3 (grifo nosso).

É notório, o prejuízo sofrido pela massa falida diante da considerável

depreciação do patrimônio da falida.

2 Comentários à Lei de recuperação de empresa e falência/ Coordenadores Paulo F. C. Salles de Toledo, Carlos

Henrique Abrão – 5ª Ed.Saraiva – São Paulo. 2012. 3 Comentários à Lei de recuperação de empresa e falência/ Coordenadores Paulo F. C. Salles de Toledo, Carlos

Henrique Abrão – 5ª Ed.Saraiva – São Paulo. 2012.

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V. 4 – DO ARTIGO 129, INCISO IV DA LEI 11.101/2005

Diante do exposto, impossível se extrair dos autos outra conclusão,

se não, pela imposição da revogação dos atos praticados. Como se não bastasse a adequação ao

previsto no artigo 130 da Lei nº 11.101/2005, o caso em apreço ainda esbarra nas regas do artigo

129, inciso IV do mesmo diploma legal. Vejamos:

Art. 129. São ineficazes em relação à massa falida, tenha ou não o

contratante conhecimento do estado de crise econômico-financeira

do devedor, seja ou não intenção deste fraudar credores:

IV – a prática de atos a título gratuito, desde 2 (dois) anos antes da

decretação da falência;

Referido dispositivo também é aplicável a espécie, uma vez que,

houve a alienação de imóvel pertencente a falida, dentro do ínterim previsto pelo dispositivo, sem

que, contudo, houvesse a comprovação de realização do ativo frente a Diplomata. Pelo que, resta

evidente o enriquecimento ilícito do primeiro requerido em detrimento da massa falida.

VI – DOS PEDIDOS

Ante o exposto, requer:

a) Que seja determinada a citação dos requeridos para tomar

conhecimento da presente ação e, querendo, apresentar contestação no prazo legal, sob pena de

revelia;

b) Seja concedida a justiça gratuita nos termos acima transcritos;

c) Seja mantida a indisponibilidade do imóvel constante na

certidão de matrícula 131.235 do 8º CRI de Curitiba;

d) Protesta provar o alegado por todos os meios de prova

admitidos, inclusive depoimento pessoal dos réus e provas documentais acostadas;

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e) Seja a presente ação julgada TOTALMENTE PROCEDENTE, para

o fim de revogar os negócios jurídicos celebrados em 12/09/2012 e conseqüentemente seja

determinado o retorno do imóvel constante na matrícula 131.235 para o patrimônio da massa falida;

f) A condenação da parte contrária em sucumbência com o

pagamento de custas e honorários advocatícios;

Dá-se a causa o valor de R$ 413.515,00 (quatrocentos mil quinhentos

e quinze reais).

Nestes termos,

Pede deferimento.

Cascavel, 22 de julho de 2015.

Capital Administradora Judicial

Luis Claudio Montoro Mendes

OAB/SP nº 150.485