Exegese Evangelho - Parte II

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SEMINRIO TEOLGICO PRESBITERIANO

Seminrio Teolgico Presbiteriano

Rev. Denoel Nicodemos Eller

Departamento de Teologia Exegtica

Exegese do Evangelho de Joo

Exegese em Joo 2.1-11

Gladson Pereira da Cunha e Rmulo Monteiro

Trabalho da Disciplina de Exegese em Evangelhos

Prof. Rev. Jos Joo de Paula, Th.M.

Belo Horizonte

Maio

2003

ndice

31Termos-Chaves

2Traos Gramaticais43Estrutura da Passagem64Amarrao da Estrutura Contextual75Mensagem para os dias do Autor75.1Impossibilidade Humana85.2Poder Transformador do Messias105.3Manifestao da Glria de Deus135.4Aprofundamento da F15Bibliografia18

1 Termos-Chaves

Ao trabalharmos a passagem de Joo 2.1-11, podemos considerar as seguintes palavras abaixo listadas de acordo como seu referente versculo, como os termos-chaves desta percope:

Versculo 1

Ao terceiro dia tv= h(me/r# tv= tri/tv

Festa de Casamento ga/moj

Me mh/thrVersculo 2

Foi chamado e)klh/qh

Discpulos maqhtai\Versculo 3

Havendo falta u(sterh/santoj

Vinho oi)=nonVersculo 4

O que tenho eu contigo Ti e)moi\ kai \soi/,

Mulher gu/nai

chegado h(/kei

Hora w(/ra

Versculo 5

Servos diako/noij

se ele disser le/gv Versculo 6

Jarras dgua u(dri/ai

Purificao kaqarismo\n

Versculo 7

Enchei Gemi/sate

Dgua u(/datoj.

At e(/wj

Borda a)/nw

Versculo 8

Tirai Antlh/sate

Chefe do Banquete a)rxitrikli/n%

gua u(/dwr

Vinho oi)=non

Tendo sido tornado gegenhme/non

Noivo numfi/on

Versculo 10

Melhor kalo\n

O presente momento a)/rti

Versculo 11

Milagres shmei/wn

Revelou e)fane/rwsen

Glria do/can

Creram e)pi/steusan

2 Traos Gramaticais

Outro elemento importante na elaborao deste trabalho exegtico o levantamento e anlise dos traos gramaticais que so predominantes nesta passagem. Estes traos determinam, filologicamente, a estrutura e o contedo das informaes que o texto tem a nos oferecer, recordando-nos sempre o fato que as Escrituras nos foram reveladas atravs de uma estrutura lingisticamente qualificada.

Primeiramente interessante verificarmos a classe verbal. Temos em toda a percope o uso de vrias forma verbais, somando ao todo a ocorrncia de 32 verbos, sendo que, deste total, os particpios somam 5 deste casos. Os tempos verbais que so mais freqentes nesta percope so o Presente, com 13 casos, e o Aoristo, com 11 casos. interessante este fato por se tratar de dois tempos verbais que expressam certas caractersticas temporais, dado o fato que a qualidade ou tipo da ao a idia maior importante que o verbo grego pode expressar.

O tempo presente aparece 11 vezes somente no modo indicativo, e fato de nota que a idia temporal desta forma verbal somente ocorre neste modo. O indicativo , ento, o modo da ao afirmada como real, definida, absoluta e inevitvel, que entre outras possibilidades nos mostra uma ao histrica, isto , o verbo se encontra na forma verbal do presente, mas ao ser traduzido ele pode receber o sentido de passado, sendo este uso exclusivo em narrativas. Sendo que uma caracterstica do evangelista Joo o uso do presente histrico em seu evangelho. Os outros modos que so usados neste texto juntamente com o presente o subjuntivo, o qual expressa uma idia de probabilidade e de dependncia, no havendo necessariamente o aspecto temporal. E o outro modo o imperativo, que como prprio nome sugere est relacionado com uma ordem taxativa expressando uma idia linear da ao. Estes dois modo so atemporais, e o ocorrem apenas uma vez cada em discursos diretos.

O Aoristo outro tempo verbal grego que tambm, no modo Indicativo, pode transmitir uma idia temporal na realizao de uma ao, bem como acontece no presente. Neste caso, o modo indicativo se associa com aspecto pontilear [Aktionsart] do aoristo expressando uma conotao temporal absoluta, anterior, prvia e passada. A ocorrncia do modo indicativo no aoristo se d por 8 vezes. Esta definio nos leva a considerar que a ao transmitida pelo aoristo indicativo est em plena harmonia com o tempo verbal anteriormente trabalhado, do que podemos inferir a existncia de elemento histrico, qual parte integrante de uma narrativa histrica como temos em nossas mos. Tambm encontramos outros dois modos do aoristo, assim como vimos no presente, o imperativo e o subjuntivo, os quais ocorrem na mesma situao.

As outras forma verbais que mais encontramos so: o Imperfeito Indicativo Ativo e o Mais-Que-Perfeito Indicativo Ativo. O Mais-Que-Perfeito, assim como o Imperfeito, possui uma flexo restrita ao modo Indicativo. Deste modo, o Mais-Que-Perfeito comumente expressa mais os efeitos de uma determinada ao pretrita, que necessariamente ao em si, informando-nos o quando ela foi realizada. Entretanto, alguns gramticos intendem que o Mais-Que-Perfeito assume um aspecto consumativo, isto uma ao concluda no passado, do ponto de vista daquele que fala ou escreve. Neste caso, o fato posto em destaque e seus resultados so conseqncias secundrias da ao. Portanto, o que encontramos o que essencial nestas duas ocorrncias do Mais-Que-Perfeito a ao em si e no os seus efeitos.

O Imperfeito semelhante ao Presente no que diz respeito ao aspecto que ele expressa, sendo uma ao durativa no passado, o que os gramticos chamam de aspecto linear. Nos casos em que aparece, por se tratar de uma narrativa histrica o Imperfeito assume uma forma descritiva, sendo que, ao contrrio do Aoristo, ele fornece o fato de uma forma mais ilustrativa por no somente contar a histria, mas por deline-la.

Portanto, avaliando esta formas verbais que encontramos em nossa percope de trabalho, podemos afirma que todas elas corroboram no sentido de apontar para uma narrativa histrica que descreve um acontecimento real, defini do e indubitvel, caracterstica do modo Indicativo, o qual predomina nesta narrativa fornecendo-nos elementos vvidos, diretos e precisos. Esta anlise confirma o que dissemos anteriormente, na primeira parte deste trabalho quando definimos o estilo de Joo como Narrativa Histrico-Devocional-Teolgico, pois a maioria das formas verbais nos demonstra esta realidade.

A estes verbos podemos somar as cinco ocorrncias de Particpios. um aspecto do particpio grego o de assumir uma forma nominal, contudo, nesta passagem quatro das cinco ocorrncias do particpio esto numa forma chama de Adverbial, a qual uma forma como verbos, sendo que neste caso os particpios no vm acompanhados de artigos e, apenas um caso, temos um particpio verbal. Destes quatro, interessante registrarmos a ocorrncia de um Particpio Adverbial Temporal Genitivo Absoluto, o qual vem mais enfaticamente confirmar a nossa argumentao que considera esta percope como uma narrativa histrica. Este particpio indica o contexto temporal anterior orao principal acontece.

3 Estrutura da Passagem

A partir das informaes dadas em aula reconhecemos como a estrutura da passagem as seguintes colunas:

I. Impossibilidade Humana [v.1-3]

II. Poder Transformador do Messias [v.5-8]

III. Manifestao da Glria de Deus [v.11]

IV. Aprofundamento da F [v.11]

4 Amarrao da Estrutura Contextual

Antes de partirmos para a anlise da mensagem para os dias do autor, faz-se necessrio trabalharmos a estrutura contextual, afim de conhecermos o contexto em que nossa passagem se encontra. Voltando um pouco no texto, encontramos em nosso contexto anterior Jesus sendo identificado como o Messias por Filipe (v.45), o qual era esperado ansiosamente pelo povo judeu, sendo o Messias aquele que manifestaria entre Israel a glria de Deus (v.11) entre esta nao, e como conseqncia desta manifestao seria por eles (v.22), contudo, este mesmo povo, por causa da secularizao da Casa do Senhor (v.14), alm de perseguir tambm mataria aquele por quem esperavam.

Ento, apesar da incredulidade inicial de Natanael, Jesus foi reconhecido por este como o Filho de Deus e Rei de Israel (v.49), outros ttulos messinicos que esto relacionados com poder e autoridade, que indica a manifestao do seu poder transformador (v.5-8), entretanto, Jesus foi perseguido e morto por aqueles quem ele fora enviado, sendo humilhado, porm o Filho de Deus no permaneceu na morte, mas ressuscitou e foi pelo Pai exaltado (v.22), e segundo a narrativa de Joo ao do Pai em exaltar, atravs da ressurreio, o seu Filho Jesus, gerou nos coraes de seus discpulos, de modo que eles creram nas Escrituras (v.22).

Continuando a narrativa do contexto anterior da passagem, Jesus autodenomina-se como o Filho do Homem, este ttulo messinico indica aquele que vem para reconduzir a humanidade Deus, atravs de sua obedincia irrestrita a Deus e seus propsitos, sendo tambm o substituto da humanidade, e esta a idia de Mediador (v.51). O Mediador aquele que age em lugar de outro, substituindo-o em suas incapacidades. Encontramos um exemplo desta incapacidade humana (v.1-3), quando, nas Bodas de Can, o vinho acaba e no h ningum a quem recorrer, seno o prprio Jesus, situao que aps solucionada fez com que os seus discpulo crescem nele (v.11), f esta que considerada o tema central do Quarto Evangelho.

5 Mensagem para os Dias do Autor

Chegamos ao momento mais importante de todo este trabalho, onde todas as coisas que foram anteriormente tratadas devero tomar corpo e transmitir algo para as nossas vidas como estudantes da palavra de Deus. Este momento em que temos que interpretar o nosso objeto de estudo, a Palavra de Deus. necessrio que faamos algumas perguntas ao texto, que nos auxiliaram nesta interpretao.

Qual era a mensagem que o autor deste evangelho pretendia transmitir aos seus primeiros leitores? E como estes primeiros leitores entenderam esta mensagem? Qual era a inteno de Joo ao escrever este evangelho? Como temos trabalhado at aqui podemos afirmar que Joo pretendia mostrar a pessoa de Jesus como o Messias esperado, bem como a sua obra afim de que seu leitores pudessem crer nele. E isto se evidencia nos temas que se seguem.

5.1 Impossibilidade Humana

Joo inicia a sua narrativa dizendo que tv= h(me/r# tv= tri/tv [trs dias depois] houve um casamento. De certa forma isso uma tentativa do autor deste evangelho em ligar contextualmente este acontecimento com a narrativa anterior. Neste caso, possvel dizermos que este casamento se deu trs dias depois do chamado de Filipe e Natanael. O texto continua dizendo que aconteceu naquele dia um ga/moj. Primariamente, esta palavra indica um casamento, podendo se referir tambm Festa do Casamento, pois esta era uma ocasio que se constitua numa oportunidade para uma refeio festiva.

E continuando a narrativa, o evangelista Joo diz que entre os demais convidados para aquela Festa estava a me de Jesus h( mh/thr tou= )Ihsou. interessante percebermos algumas peculiaridades de Joo. Como j vimos anteriormente, em momento algum o autor deste evangelho cita o seu prprio nome, nem o nome de Joo, filho de Zebedeu, a partir da, como j explicamos, inferimos ser o autor deste evangelho o apstolo Joo, o filho de Zebedeu. Mas tambm o autor sempre omite o nome da me de Jesus, e isso mesmo quando o nome de Jos mencionado . No existe nenhuma explicao no texto do porqu desta deliberada omisso, contudo, Raymond Brown considera, a partir da anlise atual da rabe Moderno, que a expresso me de como um ttulo de honra para uma mulher. Apesar de Joo no citar o nome de Maria nesta passagem, ela sem dvida uma personagem importante desta histria. Mas qual foi a sua importncia? Antes de respondermos isto, necessrio considerar a idia proposta pelo Arcebispo Bernard. Para ele Maria tinha algum interesse especial por aquele casamento, bem provvel que se tratasse do casamento de algum parente, o que justificaria a presena de Jesus. Apesar do motivo de interesse ou o grau de relacionamento com os noivos no estar descrito na percope, inquestionvel que Maria tinha uma ligao muito forte com aquela famlia, o que explicaria a ordem que ela d aos servos da festa (v.5).

Ainda montando o cenrio, Joo indica que Jesus tambm fora convidado [e)klh/qh] para aquele casamento e tambm os seus discpulos [oi( maqhtai]. A expresso oi( maqhtai em todos os evangelhos os seguidores de Jesus so descritos por esta palavra, sendo que algumas vezes indica os Doze Apstolos. Se considerarmos a narrativa de Joo os discpulos que o estavam seguindo era em nmero de cinco (Jn.1.35-51). possvel que Jesus j era considerado como um Rabbi, por isso os seu seguidores tenham sido vistos como sua famlia, e por isso fora, tambm convidados. E com estes personagens inicialmente descritos por Joo a Festa daquele casamento prosseguia celebrando a alegria de um jovem casal, com todas as promessa de felicidade e de vida prospera. Mas naquele nterim uma notcia chegou ao ouvidos de Maria.

O vinho havia acabado [u(sterh/santoj oi)/nou]. O particpio u(sterh/santoj descreve a ao temporal, situando historicamente a fato do vinho ter acabado. Isto era algo realmente preocupante. Possivelmente, aquela festa poderia se prolongar por toda a semana e, segundo um manuscrito Sinatico, o vinho acabou porque fora completamente consumido, isto implica talvez numa falta previso correta.Segundo uma dito judaico, citado por Bernard, sem vinho no h alegria. Era um infortnio para os noivos a falta do vinho e mais cedo ou mais tarde seria percebido pelos convidados, que possivelmente ainda estavam com seus copos cheios. Este era uma problema realmente srio. Conseguir vinho em grande quantidade para suprir uma festa seria algo impossvel, tendo em vista, que havia uma certa antecedncia para se providenci-lo inicialmente.

O texto no narra, mas possvel inferirmos a agitao dos responsveis pela festa, talvez dos pais ou mesmo dos prprios noivos diante daquele problema. A expectativa do que poderia acontecer, como por exemplo, da famlia ser conhecida como maus anfitries. Ento, Maria vendo aquela situao recorreu ao seu filho dizendo que eles no tinham mais vinho (v.3).

No havia como solucionar aquela dificuldade. Era impossvel providenciar mais vinho aquelas alturas. Quando Maria informou o fato de no haver mais vinho na festa, de alguma forma ela esperava que Jesus pudesse intervir naquela situao. Era, segundo Barrett, a tentativa de Maria em remediar aquela dificuldade. Toda a impossibilidade humana est descrita e implcita neste pedido de Maria.

Oi)=non ou)k e)/xousin [lit. eles no tm vinho] era uma realidade perturbadora naquele momento. No h qualquer possibilidade de ter sido uma informao errada. O verbo e)/xousin um presente histrico e identifica a realidade de uma ao. Em outras palavras Maria estava dizendo que no havia possibilidade de continuar a Festa, de continuar a alegria e o regozijo. Parafraseando: O vinho acabou, no podemos fazer nada, e com o vinho tambm se foi a alegria.

5.2 Poder Transformador do Messias

Joo d prosseguimento em sua narrativa demonstrando que a impossibilidade humana somente impossibilidade at o momento em que ela se encontra com o poder de Deus, o qual se encontra nas mos de seu Messias, que tem todo o poder para transformar as circunstancias.

A narrativa joanina continua com uma resposta da parte de Jesus, que por alguns momentos constrange aos leitores. Ele responde a Maria: Mulher, o que tenho eu contigo? [Ti/ e)moi\ kai\ soi/, gu/nai;]. A pergunta que nos surge : porque Jesus se dirigiu sua me chamando-a de mulher? A resposta de Jesus, Ti/ e)moi\ kai\ soi [lit. O que a mim e a ti], de acordo com Beasley-Murray, uma expresso bem conhecida, mas ambgua que pode expressar [tanto] hostilidade como uma atitude pacfica. Esta ambigidade pode fazer desta resposta no uma resposta agressiva. O prprio Beasley entende que mais do que uma ruptura de entendimento, Jesus est demonstrando que ambos tem noo da gravidade do problema. possvel conciliarmos esta idia com a afirma de Westcott, quando ele considera que esta resposta enfatiza uma relao especial, um contraste entre o Filho divino e a Me humana.

Apesar desta resposta um tanto incerta, Maria toma uma atitude e d a seguinte ordem aos servos: Qualquer coisa que ele vos diga, fazei [O ti a)\n le/gv u(mi=n poih/sate]. O verbo le/gv encontra-se no modo subjuntivo e, como j dissemos anteriormente, expressa uma incerteza ou dvida quanto a realizao de uma ao. Maria acreditava numa interveno por parte de Jesus, contudo, esta interveno era uma possibilidade. Ela sabia quem era seu filho (Lc.2.18), por certo ela ainda se lembrava da visita de Gabriel (Lc.1.30-38). Ela cria, mas esta f era uma possibilidade.

A possibilidade se transformou em realidade quando Jesus se voltou para os servos mandou que eles enchessem as talhas de pedra [li/qinai u(dri/ai]. Estas talhas, ou jarras, tinham uma capacidade entre 44 66 litros, multiplicando este contedo por seis, teramos alguma coisa entorno de 264 396 litros de gua. Estas jarras encontravam-se ali estrategicamente para as kaqarismo\n, as purificaes cerimoniais exigidas pelos judeus. Tais purificaes sugeriam que os judeus reconheciam a santidade de Deus e ao mesmo tempo a sua prpria impureza, desta forma, podemos crer que estas purificaes estavam relacionadas as purificao prescritas na lei levticas (Lv.11.29-38). H duas possibilidades aqui: a primeira tem haver com a necessidade de banhos de purificao dos noivos, contudo, possvel que esta kaqarismo\n esteja relacionada com uma lavagem ritual, inserida pela tradio talmdica, requerida para todo aquele que se aproximava duma mesa para se alimentar, purificao esta que gerou uma controvrsia entre os discpulos de Jesus e os Fariseus (Mt.15.2).

Enchidas as jarras at a borda [e(/wj a)/nw], Jesus deu uma segunda ordem. Ele mandou que aqueles servos tirassem um pouco daquela gua e a dessem ao Chefe do Banquete [a)rxitrikli/n%]. Por que eles tinham que levar primeiro ao Chefe do Banquete ao invs de servirem os convidados imediatamente? A resposta bem simples. Era tarefa do a)rxitrikli/n% experimentar todas as bebidas, bem como, tudo o que era servido na festa. Cabia ele a responsabilidade de mandar servir ou no aquela gua.

E eles obedeceram. interessante a obedincia deste servos., ou dia/konoi. O sentido primrio para a palavra grega dia/konoj, aquele que serve mesa, neste caso, no h nenhum outro sentido nesta palavra nesta passagem. interessante, mesmo sem tecer maiores comentrios, que eles cumprem a sua tarefa diaconal.

bem possvel que aqueles diconos perceberam que alguma coisa diferente havia acontecido com aquela gua que eles haviam colocado nas talhas. Ela estava com uma aparncia diferente. No parecia gua. Podemos inferir um certo espanto, quem sabe um temor pelo que estava acontecendo ali. Mas como servos eles simplesmente obedeceram o Rabi e levaram aquela gua ao Chefe do Banquete.

Joo diz que depois do Chefe do Banquete ter experimentado a gua tinha sido transformada em vinho, ele chamou o noivo. O milagre aconteceu. Joo descreve claramente a esta transformao [gegenhme/non]. E em seguida insere a fala do Chefe do Banquete que afirma que o melhor vinho ainda estava reservado, contrariando assim o costume de oferecer um vinho bom e depois oferecer um vinho inferior. Desta forma, utilizando-se das palavras do Chefe do Banquete, Joo enfatiza ainda mais o carter extraordinrio daquele sinal, que ele registrou.

Em meio a uma problemtica humanamente insolucionvel, Jesus intervm de uma maneira total divina e, segundo Dr. Werner de Boor, seguindo uma metodologia divina, d inicio a este milagre com uma ordem que parece totalmente absurda. O problema a falta do vinho que era a alegria da festa e o rabi manda buscar gua. E neste aparente absurdo que o Messias aplica o seu poder transformador, transformando o prprio absurdo em algo razovel. Dos atos incompreensveis e at mesmo impossveis, Deus demonstra o seu poder ao seu povo e esta demonstrao do seu poder, atravs de Jesus, serve para manifestar a glria de Deus.

5.3 Manifestao da Glria de Deus

Joo, deixando de lado a narrativa, parece dar uma interpretao do que estava acontecendo ali. Joo diz: Com este, deu Jesus princpio a seus sinais () revelou a sua glria (). Muito mais do que ter transformado a gua em vinho, Jesus d incio aos shmei=a [sinais]que, a partir de ento, realizaria em seu ministrio.

uma caracterstica de Joo designar o milagre dos sinpticos usando a palavra shmei=on [sinal]. Estes atos miraculosos tanto nos Sinpticos como no Quarto Evangelho comprovam que as promessas relativa ao Reino de Deus so cumpridas em e por intermdio de Jesus. E em todo o Evangelho de Joo so registrados apenas sete shmei=a, sendo que este o primeiro deles, de modo que a maioria dos sinais realizados por Jesus esto registrados nos Sinpticos. Mas qual era a funo destes sinais? Para que eles apontavam?

Dr. Beasley-Murray nos conduz resposta ao demonstra que no Antigo Testamento a vinda de Deus em seu reino resulta em ajuntamento dos gentios para contemplar a sua glria e a sua proclamao todas as naes que no a viram. Desta forma, podemos concluir que os sinais realizados por Jesus, inclusive este de Can, o qual cumpre as promessas acerca do reino de Deus, tm como funo manifestar a Glria de Deus.

No final desta primeira parte do versculo, Joo diz que Jesus revelou a sua glria [e)fane/rwsen th\n do/can au)tou]. O verbo fanero/w usado por Joo cerca de 9 vezes para demonstrar a sua auto revelao. C.H. Dood faz uma ponte interessante entre este versculo e Jo.1.14, quando, em seu Prlogo, Joo diz a respeito de Logos: E o Verbo se fez carne e habitou entre ns, cheio de graa e de verdade, e vimos a sua glria ().

A Encarnao foi o meio pelo qual Deus revelou a sua. No devemos entender encarnao simplesmente na perspectiva do nascimento, que comumente chamando Natal, entretanto devemos compreender encarnao como todo o perodo que se estende desde o nascimento at a ressurreio de nosso Senhor, sendo este o perodo que ele se encontrou entre ns revelando a glria de Deus.

Entretanto, devemos perceber que Jesus no aqui simplesmente um espelho que reflete o que vem de Deus. Joo usa a seguinte construo: th\n do/can au)tou [lit. a glria dele]. De fato, aquela glria que Jesus revelou naquele casamento em Can da Galilia, era uma inerentemente dele e no apenas de Deus, o Pai. Segundo Westcott, um profeta [qualquer] poderia manifestar a glria divina, e Jesus mais que um profeta, ele o prprio Deus Encarnado.

Neste caso, no devemos ver a manifestao da sua glria simplesmente atravs do que conhecemos chamamos de elementos miraculosos, diz Westcott, mas devemos compreende-la como a revelao da percepo, misericrdia e soberania do Filho do Homem. Da surge uma questo: Como este shmei=on manifesta a glria de Deus e de seu Messias?

Devemos lembrar que a manifestao da Glria de Deus esta diretamente ligada a manifestao do seu Reino. Beasley-Murray entende que nesta passagem h um contraste implcito entre a gua usada nos ritos de purificao judaicos e o vinho dado por Jesus. A gua caracteriza a velha ordem, enquanto o vinho smbolo de uma nova ordem inaugurada por Jesus. Dodd complementa a idia de Beasley-Murray, ao demonstrar que os sinpticos tratam desta realidade inserindo um elemento que parece ser desconhecido no texto joanino, dizendo que o novo vinho possui um impacto de efeito devastador sobre as instituies existentes (Mt.9.7;Mc.2.22;Lc.5.37-38).

Se entendermos que este nova ordem trazida por Jesus a manifestao do Reino de Deus entre os homens, que por sua vez a manifestao da do/can Qeou, como ele mesmo proclamava, ou mesmo a sua prpria glria; ento, temos compreender como um sinal da graa do Reino. Desta forma, devemos ver esta manifestao gloriosa como uma ddiva de Deus, isto , uma ddiva de vida sob o seu eterno governo, o qual nos dado atravs da manifestao do seu Filho.

Contudo, poderamos afirmar que esta manifestao gloriosa de Jesus no plena. Quando voltamos o nosso olhos para o v.4, Jesus afirma, como parte da resposta a sua me, que a sua hora [w(/ra mou] ainda no era chegada. Jesus que a manifestao plena de sua glria no se daria naquela Festa. O termo w(/ra comumente usado no evangelho joanino para apontar o cumprimento de sua obra na sua Paixo.

Jesus deixa bem claro que aquela manifestao era algo que apontaria para a sua Cruz e, posteriormente, a sua Exaltao, de modo que o fim predestinado antevisto desde o incio do seu ministrio. Assim, confirmamos as palavras do prprio Joo ao dizer que Jesus ainda no havia sido glorificado (Jo.7.39). No h controvrsia, se aceitarmos a parcialidade desta manifestao. Contudo, h de se ressaltar que esta parcial manifestao de sua foi o suficiente para que os seu novos discpulos cressem nele.

5.4 Aprofundamento da F

Joo finaliza esta passagem dizendo que os seus discpulos creram nele [e)pi/steusan ei)j au)to\n oi( maqhtai\ au)tou]. O verbo e)pi/steusan um aoristo indicativo ativo, isto implica na historicidade e realidade desta ao, sem qualquer sombra de dvida ou possibilidade de no ter sido assim. Entretanto, somos obrigados a fazer uma pergunta muito simples: Qual foi o momento em que os discpulos creram, na narrativa de Jo.1.35-51, ou aps a realizao deste milagre?

Mas antes de responder esta questo, necessrio que determinemos alguns detalhes que podero nos d maior luz. Primeiramente, precisamos entender qual a relao deste evento com a temtica de Joo? Para Raymond Brown, Joo ao registrar esta narrativa no considerou como seu ponto principal a transformao da gua em vinho, porm, continua ele, o foco central da narrativa joanina Jesus como aquele que foi enviado pelo Pai afim de trazer salvao ao mundo.

Este argumento do Dr. Brown est em plena concordncia com a temtica estabelecida pelo evangelista Joo, isto que o propsito deste evangelho gerar a f naqueles que tivessem contato com a mensagem nele registrada. Portanto, possvel afirmarmos que a F realmente o propsito dos Sinais.

Sendo assim, poderamos afirmar que os discpulos creram aps o milagres, todavia seria um erro muito grande asseverarmos isto, porque no estaramos sendo fiis ao primeiro contato que aqueles homem tiveram com o Senhor Jesus (Jo.1.35-51), sendo tambm que o prprio Jesus reconhece a f de um deles (v.50), e o evangelista nos leva a entender que aqueles homens reconheceram e acreditaram na messianidade de Jesus.

Por estas informaes, e j iniciando a responder a nossa pergunta inicial, afirmamos categoricamente que o chamado daqueles homens e a prpria F lhes foram imputada num momento anterior ao Casamento de Can da Galilia. Mas, ento, o que o escritor joanino quer dizer com e)pi/steusan?

Se consideramos que neste versculo o momento em que eles creram teremos uma contradio com o Jo.1.35-51. Neste caso, podemos entender que a eles j haviam crido em Jesus sem ter presenciado nenhum milagre, e mesmo assim eles o seguiram, mas agora eles alm de ver, eles compartilharam daquele momento de manifestao divina, e tiveram a sua F fortalecida.

No existe nenhum problema em afirmarmos que ao contemplar a manifestao da glria de Cristo, atravs da realizao de um milagre, os discpulos tiveram a sua f aprofundada, e porque no dizer, fortalecida. Segundo Matthew Henry, grande comentarista bblico, qualquer f por mais verdadeira e forte que seja, j foi uma f frgil. Nenhum dos grandes heris da f j nasceram como uma F totalmente fortalecida, contudo, este aprofundamento acontece com o tempo, atravs da operao santificadora do Espirito Santo na vida do crente.Portanto, ao presenciarem a manifestao da glria do Deus-Encarnado, aqueles homens rudes foram de tal modo impactados por aquele sinal, tiveram as suas vida transformadas semelhana daquela gua. bem possvel que qualquer sombra de dvida tenha sido eliminada daquelas mentes. E de fatos eles passaram a encarar o seu Rabi muito mais do que um simples mestre, mas como o prprio Filho de Deus, quem alguns dias atrs ele j havia confessado ser o Messias (Jo.149).

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Ibid., p. 1406

Ibid., p. 1374

Ibid., p. 1386

William Sanford LaSor. Gramtica Sinttica do Grego. (So Paulo: Edies Vida Nova,1986), p. 55. Cf. Luz. Manual de Lngua Grega, Vol.II. p. 1388

NT.: Esta expresso utilizada pela grande maioria dos gramticos consultados nesta parte de nosso trabalho.

Chamberlain. Gramtica Exegtica. p. 99-100

Luz. Manual de Lngua Grega, Vol.II. p. 1388

Francisco Leonardo Schalkwijk. Coin Pequena Gramtica do Grego Neotestamentrio. (Patrocnio: CEIBEL, 1998), p.80

Pinto, Fundamentos para a Exegese, p. 95

Ibid., p. 98. NT.: kai\ u(sterh/santoj oi)/nou [orao subordianda (u(sterh/santoj part. temporal)] le/gei h( mh/thr tou= )Ihsou= pro\j au)to/n [orao principal].

Oscar Cullmann, A Cristologia do Novo Testamento. (So Paulo: Editora Custom, 2002), p.

NT.: Esta idia central defendida por F.F. Bruce e Wener de Boor em seus respectivos comentrio e na Introduo ao NT de D. A. Carson, Douglas J. Moo e Leon Morris, os quais esto arrolados na bibliografia deste trabalho.

Raymond E. Brown. The Gospel According St. Jonh. Em: The Anchor Bible. (New York: Doubleday & Co. 1966), p. 97

Lothar Coenen e Colin Brown, Dicionrio Internacional de Teoloia do Novo Testamento, vol. I (So Paulo: Edies Vida Nova, 2002), p.299

B. F. Westcott, The Gospel According to St. Jonh. (Grand Rapids: Eerdman Publishing House, 1950), p. 36

Brown. The Gospel St. Jonh, p. 98

J. H. Bernard. A Critical and Exegetical Commentary on the Gospel According to St. Jonh, vol.I (New York: Charles Scribners Sons, 1929), p. 72

Bernard. Commentary on the Gospel According to St. Jonh, p. 73

George R. Beasley-Murray. Jonh. Em: Word Biblical Commentary. (Waco: Word Books Publisher, 1987), p. 35

Bernard. Commentary on the Gospel According to St. Jonh, p. 74

Westcott, The Gospel St. Jonh, p. 36

F. F. Bruce, Joo Introduo e Comentrio. (So Paulo: Edies Vida Nova e editora Mundo Cristo, 1987), p.69

C. K. Barrett. The Gospel According to St. Jonh. (Londres: SPCK, 1970), p.159

Beasley-Murray. Jonh, p. 34

Ibid., p. 34

Westcott, The Gospel St. Jonh, p. 36

Halley, Henry H., Manual Bblico, (So Paulo: Edies Vida Nova,1998), 471. NT.: Uma metreta uma medida lquida equivalente a 22 litros, confirme o nosso padro de medida

Werner de Boor, Evangelho de Joo I Comentrio Esperana. (Curitiba: Editora Evanglica Esperana, 2002), p. 73-74

Ibid., p.74

William Hendriksen. Comentrio do Novo Testamento Mateus Vol.II. (So Paulo: Editora Cultura Crist, 2001), p.157

NT.: A traduo de Almeida traz a expresso Mestre-Sala, sendo portanto, a de uso comum em nosso meio. Entretanto, decidimos usar em todo este trabalho a expresso Chefe do Banquete, como a traduo para a)rxitrikli/n%.

Bernard. Commentary on the Gospel According to St. Jonh, p. 73

Werner de Boor, Evangelho de Joo p.74

Beasley-Murray. Jonh, p.33

Ibid., p.33

Westcott, The Gospel St. Jonh, p. 39

Ibid., p.39

Beasley-Murray. Jonh, p.36

Charles Harold Dodd. A Interpretao do Quarto Evangelho. (So Paulo: Edies Paulinas,1977), p.395

Beasley-Murray. Jonh, p.36

NT.: Deliberadamente deixamos este tema para ser discutido neste momento.

Westcott, The Gospel St. Jonh, p.37

Bernard. Commentary on the Gospel According to St. Jonh, p. 77

Brown. The Gospel St. Jonh, p. 103

Ibid., p.103-104

NT.: Sobre esta Proposta Temtica, ver o tpico Propsito na primeira parte desta Exegese.

Barrett. The Gospel According to St. Jonh, p.160

Matthew Henry. Full Matthew Henry Commentary - Gospel According to Jonh. Em: Oline Bible Verso 2.01 (Winterbourne: Timnathserah Inc., 1999) CD ROM

Ibid.