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Expediente - SIEEESP · 2018. 6. 11. · Discalculia e a Acalculia 16 Matemática Gerenciamento eficaz de mudanças nas instituições no século XXI 20 Metodologia Brinquedoteca

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O aprendizado dos jogos teatrais

Matéria de Capa4

A importância deuma gestão eficiente para o sucesso deseu negócio

Gestão12

Escolas de Campinas terão que fazer treinamento de primeiros socorros

Primeiros Socorros14

[email protected]

Os artigos assinados nesta publicação sãode inteira responsabilidade dos autores.

Expediente

JUNHO DE 2018 - Edição 243

EditoraGisele Carmona - MTB 0085361/SP

Repórteres• Gisele Carmona • Ygor Jegorow

Assessoria de Imprensa eProdução EditorialEditora-chefe: Gisele CarmonaEditor gráfico: Balduíno Ferreira LeiteRedes Sociais: Ygor JegorowImpressão: Coktail - Gráfica e Editora

Colaboradores• Ana Paula Saab • Antonio Higa • Carlos Alberto Nonino• Clemente de Sousa Lemes• Ivaci de Oliveira • Jocelin de Oliveira • José Maria Tomazela • José Rodrigues • Ulisses de Souzawww.sieeesp.com.brRua Benedito Fernandes, 107 - São Paulo - SP CEP 04746-110 - (11) 5583-5500

DIRETORIA

PresidenteBenjamin Ribeiro da Silva Colégio Albert Einstein

1º Vice-presidenteJosé Augusto de Mattos LourençoColégio São João Gualberto

2º Vice-presidente Waldman BiolcatiCurso Cidade de Araçatuba

1º TesoureiroJosé Antônio Figueiredo AntiórioColégio Padre Anchieta

2º TesoureiroAntônio Batista GrossoColégio Átomo

1º SecretárioItamar Heráclio Góes SilvaEduc Empreendimentos Educacionais

2º SecretárioAntônio Francisco dos SantosSistema Educacional São João

DIRETORES DE REgIONAIS

ABCDMROswana M. F. Fameli - (11) 4437-1008

AraçatubaWaldman Biolcati - (18) 3623-1168

BauruGerson Trevizani - (14) 3227-8503 (in memoriam)

CampinasAntonio F. dos Santos - (19) 3236-6333

guarulhosWilson José Lourenço Júnior - (11) 4963-6842

MaríliaLuiz Carlos Lopes - (14) 3413-2437

Ribeirão PretoJoão A. A. Velloso - (16) 3610-0217

OsascoJosé Antonio F. Antiório - (11) 3681-4327

Presidente PrudenteAntonio Batista Grosso - (18) 3223-2510

SantosErmenegildo P. Miranda - (13) 3234-4349

São José dos CamposMaria Helena Bitelli Baeza Sezaretto - (12) 3931-0086

São José do Rio PretoCenira Blanco Fernandes Lujan - (17) 3222-6545

SorocabaEdgar Delbem - (15) 3231-8459

Não consigo contar!Compreendendo a Discalculia ea Acalculia

Matemática16

Gerenciamento eficaz de mudanças nas instituições noséculo XXI

Metodologia20

Brinquedoteca -Espaço de construção da Ludicidade nos cursos de Licenciatura em Pedagogia

Brinquedos22

Aspectos interativos na aprendizagem afetiva

Comportamento24

Psicoestimulação:a ginástica cerebral

Psicoestimulação28

Brincadeiras e jogos que ajudam a diminuir a agressividade

Jogos32

A psicomotricidade e a motivação do aluno através do corpo

Psicomotricidade34

Obrigações52

Cursos54

Conhecer para transformar, refletindo o papel social do professor

Aprendizagem38

Os cuidados nas relações digitaispor WhatsApp

Mídias Digitais42

Metodologias ativas de aprendizagem

Metodologia46

A escola podeajudar a combatera discriminação eo preconceito

Preconceito48

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A taxa de suicídio entre jo-vens de 10 a 19 anos foi a que mais cresceu no País

nos últimos anos, enquanto na população acima de 25 anos esse índice apresentou queda. Os espe-cialistas dizem que entre as causas que tem motivado essa tragédia estão a depressão, o bullying, a sexualidade e a dificuldade de lidar com as frustrações próprias da idade.

Jovens cada vez mais isolados e superprotegidos não estão sendo preparados para a vida. Esta é a realidade do século XXI.

Apesar de triste e assustador, não podemos virar as costas para o problema, que não é só dos pais, mas de toda a sociedade, princi-palmente nosso, dos educadores.

O suicídio de três estudantes em poucos dias em São Paulo chamou atenção para um proble-ma que não é novo e não tem perspectiva de acabar tão cedo, caso não haja uma mudança radi-cal de comportamento da família e até das escolas.

Os adultos costumam ver a idade dos 11, 12 anos como uma época de pureza e felicidade, mas a passagem da infância para ado-lescência, hoje, traz desafios que muitas vezes ficam escondidos. Solidão e medo de não ser aceito são os sentimentos mais comuns

DEPRESSãO E SUICíDIOENTRE OS JOVENS:

UM PROBLEMA DE TODOS NóS

nesta fase. Ao entrar no Ensino Médio, na faixa dos 14, 15 anos, o jovem começa a enfrentar a pressão da família pela escolha da profissão e o vestibular se delineia como um monstro.

Trancafiados em seus quatros, os pais pensam que os filhos estão seguros, afinal, o que coloca medo nos progenitores são justamente a rua e os perigos que ela oferece, como más companhias e a oferta de álcool e drogas.

Não se pode pensar mais as-sim. A família ainda é o melhor lugar do mundo, mas ela precisa se comunicar mais. Quando da chegada da televisão ao Brasil, na década de 50, as salas de es-tar foram modificadas e todas as poltronas voltaram-se para o aparelho. Apocalípticos criticaram sobremaneira a nova tecnologia que silenciava a família na hora do Jornal Nacional e das novelas.

O suicídio de três estudantes em poucos dias em São Paulo chamou atenção para um problema que não é novo e não tem

perspectiva de acabar tão cedo

Editorial

[email protected]

Benjamin Ribeiro da SilvaPresidente do Sieeesp

Mas e agora, que os smart-phones apartaram de vez esse convívio? Vivemos a cultura da convergência e da individualidade. Nunca tivemos tantos aparatos para nos comunicar e nunca nos comunicamos tão mal com a nossa família e amigos.

Não podemos ter vergonha ou tabu ao discutir o assunto. É preciso encará-lo de frente, sem medo. Realizar palestras nas es-colas, buscar informação com es-pecialistas da área, criar espaços de reflexão, diálogo e acolhimento são iniciativas importantes para esclarecer pais, alunos e profis-sionais da Educação.

O suicídio já é a quarta causa de morte entre jovens. Ninguém sabe qual é a melhor maneira de lidar com assunto, mas precisa-mos descobrir juntos, estudando, debatendo, enfrentando o pro-blema.

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Matéria de Capa

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N este artigo analiso os Jogos Teatrais de Viola Spolin (1906-1994) com uma pedagogia da ex-

periência embasada nos teóricos Dewey e Huizinga. Ela é antiga, vem desde a época de Aristóteles (384-382 a.C).

Os Jogos Teatrais trazem leveza e dinâmica diferenciada para a sala de aula. O que poderia ser apenas um passatempo torna-se uma ferramenta de extrema im-portância no processo da aprendizagem escolar, ampliando a sua consciência e expandindo o seu desenvolvimento in-telectual.

Além de propiciar esse desenvolvi-mento para os seus participantes, tam-bém promovem um discurso não verbal em espaço lúdico para visualizar os seus problemas pessoais e como resolver os mesmos integrando o grupo em questão.

Nos modelos de Jogos Teatrais vamos apresentar experiências que se desen-volveram em 2016, na Escola Fazarte, uma instituição privada de educação infantil, ensino fundamental e médio que tem como objetivo educar através das artes. Na coordenação pedagógica temos a presença da Maria Auxiliadora, arte-educadora, com seu fazer educacional sensível, visionário, audacioso e corajoso, pois é uma das pioneiras no ensino inclu-sivo em São Paulo.

As experiências apresentadas são Siga o Mestre, que foi aplicada em docentes da educação infantil, e, como o nome diz, tem como objetivo o foco no mestre, e Blablação, que foi aplicada em docentes do ensino fundamental, que tem como objetivo o foco no intérprete.

Por fim, vamos fazer uma análise dos modelos de jogos teatrais apresentados com base nos teóricos John Dewey, filósofo, pedagogo e pioneiro em psico-logia funcional, além de ser o principal representante da educação progressiva, e John Huizinga, que foi professor, histo-

riador neerlandês, conhecido por seus trabalhos: Baixa Idade Média, Reforma e o Renascimento, destacando-se o livro Homo Ludens .

1. A importância de Spolin Considerada a avó norte-americana

do teatro improvisacional, a autora e di-retora teatral, Viola Spolin, sistematizou os Jogos Teatrais, um método de atuação conhecido da prática teatral e que influen-ciou a comédia norte-americana, o estilo Stand-up Comedy e a primeira geração de artistas norte-americanos na arte de improvisação.

Os Jogos trazem uma influência do cabaré alemão e da comédia Dell´arte. Quando Spolin desenvolveu o método foi inspirada por Neva Boyd, educadora de Chicago que, através dos jogos recreati-vos, originou seu trabalho com a chegada dos imigrantes.

Conforme explica a Dra. Ingrid Koude-la, pioneira do método no Brasil, quando Spolin sistematizou a prática teatral, ela também foi inspirada pelos princípios

Viola Spolin (1906-1994)

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Os Jogos Teatrais trazem leveza e dinâmica diferenciada para a sala de aula. O que poderia ser apenas um passatempo torna-se uma ferramenta de extrema importância no processo da aprendizagem escolar

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Matéria de Capa

teatrais de Brecht, dramaturgo alemão, e Stanislavski, dramaturgo russo.

Spolin é autora de muitos textos para improvisação. Seu livro Improvisation for the Theatre, traduzido por Ingrid Koudela e Eduardo Amos, foi o primeiro livro em português fundamentando o seu método no Brasil.

Ela se formou como assistente social e trabalhou com Boyd.

Quando foi trabalhar como supervi-sora dramática sentiu a necessidade de desenvolver um treinamento teatral para ultrapassar as barreiras étnicas.

No seu relato ela conta que o uso dos jogos com a contação e as danças folclóricas provocavam uma expressão nas crianças e adultos e promovia um autoconhecimento e uma libertadora experiência pessoal.

Diante de tantas experimentações, esta ferramenta reveladora recebeu o nome de Jogos Tetrais ou Theater Games.

Em 1946 ela fundou a Young Actors Company, em Hollywoood, onde partici-pavam crianças que eram desenvolvidas pela técnica. A companhia existiu até 1955. Depois regressou para Chicago e dirigiu Playwright´s Theater Club. Na sequência iniciou os ensaios da Compass Theater, primeira companhia de teatro

improvisacional. Trabalhou com seu filho, o diretor teatral Paul Sills, como prepara-dora de elenco e, em 1963, publicou seu primeiro livro.

Em 1965 ela fundou o Game Theater e ainda fez consultoria para televisão. Em 1975 publicou o Fichário de Viola Spolin e depois fundou o Spolin Theater Game Center.

O sistema de Jogos Teatrais cada dia se expande mais, pois é uma área do conhe-cimento que pode ser aplicado tanto em atores (amadores e profissionais) quanto na educação, em crianças, adolescentes e adultos, sendo possível sua utilização até nas áreas sociais, seja na saúde mental ou reabilitação.

De acordo com ela, “a maioria dos jogos é altamente social e propõe um problema que deve ser solucionado”. (Spolin, 2010).

Na citação acima a autora enfatiza o caráter social do jogo, não sendo apenas um treinamento para atores e sim uma fer-ramenta social para o trabalho em grupo.

Sabemos que o teatro alimenta outros valores, assim como temos consciência de que vivemos em uma sociedade capitalista e extremamente individualista. Este para-doxo do trabalho do coletivo mediante uma sociedade caótica vem reafirmar a

necessidade do jogo como solução de problemas e a atitude deste coletivo.

Enquanto o jogo busca a resolução de problemas, a prática do mesmo trabalha a autonomia destes jogadores. Através do brincar, as habilidades são desenvolvidas e, com liberdade, este jogador trará uma contribuição honesta onde a intuição muitas vezes, na aprendizagem, é negli-genciada. O intuitivo, quando encontra um espaço para ser sentido, no momento da espontaneidade consegue se libertar não transformando apenas as questões do convívio social como também o seu aspecto cognitivo.

Existem três essências do jogo teatral: foco, instrução e avaliação. O foco não é o objetivo do jogo, ou seja, ele está ligado à energia do grupo em manter o foco para a solução daquele problema e, juntos, assumir a responsabilidade da solução. A instrução nada mais é do que as orienta-ções que nascem de forma espontânea no momento da prática para manter o foco dos jogadores. Já a avaliação não é uma crítica ou julgamento, ela nasce do foco, assim como a instrução, e estabel-ece a solução deste problema. Friso que na base dramática dos jogos vamos ter: Quem (personagem/relacionamento); Onde (cenário/ambiente) e o Quê (ação).

É importante ressaltar que quem lidera o jogo é um facilitador, um parceiro do jogo, encorajando os demais jogadores para não perderem o foco. Outra questão im-portante são as regras. Elas existem, mas são para manter o jogador dentro do jogo.

Viola Spolin sistematizou os Jogos baseada numa metodologia de improvisa-ção em que não existem combinações prévias, portanto os jogadores precisam estar no aqui/agora e com todos os ele-

Através do brincar, as habilidades são desenvolvidas e, com liberdade, este jogador trará uma contribuição honesta onde a intuição muitas vezes, na aprendizagem,é negligenciada

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Matéria de Capa

mentos imaginários, corporais, sensitivos e do ambiente. Se vamos ter um produto final, isto não importa. O que vale mesmo é o processo de aprendizagem deste jogador e a sua capacidade de entender o jogo. Ocorre também uma mudança interessante em nossas experiências do passado que, jogadas no presente, são transformadas durante a ação.

2. Dewey e a sua fenomenologia ex-perimental no jogo

Jonh Dewey foi um filósofo norte-americano que influenciou educadores no mundo e que defendia a democracia e a liberdade de pensamento no processo educacional das crianças. No Brasil, ele inspirou a Escola Nova, liderada por Anísio Teixeira. Na corrente filosófica ficou conhecido como pragmatismo, embora preferisse o termo instrumentalismo.

No campo da educação sua teoria foi chamada de progressista e tinha como foco educar a criança como um todo. Ainda defendia que elas aprendiam mais quando estes ensinamentos estavam ligados a uma prática.

Como estava influenciado pelo empi-rismo, criou uma escola laboratório para pôr em prática as teorias pedagógicas, e que o aprendizado acontece quando compartilhamos as nossas experiências.

Segundo ele, “O mundo que experi-mentamos no passado se torna parte do eu que age e sofre a ação em outras experiências. Em sua ocorrência física, as coisas e eventos vivenciados passam e acabam. Mas algo de seu significado e valor é preservado como parte integrante do eu” (DEWEY, 2010 [1934], p. 212).

As experiências são contínuas e car-regam coisas do seu passado individual e do seu convívio social, e a vida está repleta deste processo contínuo, por isso que as experiências são fundamentais para enriquecer o nosso encontro presente.

Quando juntamos as vivências do pas-sado e do presente, mesmo que estejamos repetindo a prática, as novas experiências que irão surgir sempre serão únicas, já que as vivências, memórias, contexto cultural e social estão sempre em processo de desenvolvimento. Se as experiências não se acumulassem teríamos que sempre aprender as mesmas coisas todos os dias e não aconteceria a nossa evolução.

O autor ainda diz que “tal como no avanço de um exército, todos os ganhos do que já foi efetuado são periodicamente consolidados, sempre com vistas ao que será feito a seguir. Se nos movemos depressa demais, afastamo-nos da base de suprimentos – da acumulação 43 de significados –, e a experiência torna-se

agitada, superficial e confusa”. (DEWEY, 2010 [1934], p. 140)

E afirma que para as vivências serem consistentes é importante que se esta-beleçam em um determinado nível de consciência, ou seja, o indivíduo tem que estar envolvido para que esta experiência tenha a sua importância. A partir disto, em momento posterior, torna-se um pensa-mento reflexivo. E conclui que nem todo pensamento assim se transformará em uma experiência significativa. No entanto, o meio em que vivemos e tudo que nos cerca, quando esta conexão se estabele-ce, contribui para o nosso aprendizado e o mesmo vai acontecer com as experiências vivenciadas.

Podemos compreender que esta to-mada de consciência é muito importante no processo de aprendizagem de cada indivíduo, mas que, independentemente disto, quando esta experiência é sig-nificativa, o nosso eu é verdadeiramente modificado.

Dewey também diz que “as lembran-ças, não necessariamente conscientes, mas como retenções organicamente incorporadas à própria estrutura do eu, alimentam a observação atual” (DEWEY, 2010 [1934], p. 190).

Influenciado pelo empirismo, ele criou uma escola-laboratório na universidade

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onde lecionava, para testar métodos pedagógicos, pois sentia a necessidade de estreitar a relação entre teoria e prática.

Outro ponto forte da sua teoria é que o conhecimento é construído no consenso das discussões do coletivo e afirmava que o aprendizado se dá quando comparti-lhamos experiências, e que isto só é pos-sível em um ambiente democrático, seja ele institucional ou no interior das escolas. E por isso a instituição de ensino deve propiciar práticas coletivas e não tratar a criança de forma isolada.

Seu maior mérito foi chamar atenção para a capacidade de pensar dos docen-tes, porque acreditava que o sucesso na aprendizagem acontece quando todos estão juntos, se comunicando, trocando seus conhecimentos, percepções e sen-timentos.

No contraponto, reconhecia a com-plexidade da sociedade e o distanciamento entre adultos e crianças, fazendo-se ne-cessária a criação de um espaço para educar e ser educado. Daí a necessidade da escola que, segundo ele, deveria reproduzir a sociedade em miniatura para que as crian-ças fossem educadas para viver no mundo.

Na visão Deweyana a educação é um processo que se renova com conhe-cimento para o nosso desenvolvimento

contínuo e a transformação em algo. E que esse conhecimento, para ser construído, precisa ter interesse, desafio, resolução de problemas e que seja reflexivo, já que ele acredita que a inteligência é capaz de mudar o mundo ao nosso redor.

Por isso o autor acreditava na prática da liberdade, onde os alunos criam suas próprias certezas, conhecimentos e re-gras morais.

Isso não significa reduzir a capacidade do educador, afirmando que os conteúdos não deveriam ser entregues prontos e que os docentes deveriam ser estimula-dos a formatar questões, problemas e resoluções para contexto real e depois confrontá-los com conhecimento siste-matizado.

E defendia, diante dos problemas sociais, as atitudes e experimentações bem-sucedidas. Ele mesmo aplicou as investigações filosóficas e didáticas, mas o seu maior legado foi que educação e vida não se separam e quando esta ex-periência acontece o desenvolvimento será contínuo.

3-Huizinga e a efetivação do jogoTrazendo à cena Johan Huizinga,

holandês, historiador, professor e escri-tor, autor do livro Homo Ludens, de 1938,

As experiências são contínuas e

carregam coisas do seu passado individual e do

seu convívio social, e a vida

está repleta deste processo

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Matéria de Capa

temos que o jogo deve ser o principal ele-mento de formação da cultura humana, sendo uma das formas mais primitivas do ser humano e nascendo dos rituais.

Ele afirma que o jogo é mais antigo que a cultura, no entanto, ele transcende questões biológicas. Inclusive, é possível citar a brincadeira dos cachorros, que tem como ponto de partida o divertimento e como consequência o prazer.

Na antropologia, jogo e competição estão juntos, assim como lúdico e sagrado para Huizinga. Essa ideia surge mais de uma vez no texto em que jogo e sagrado estão ligados, trazendo as diferentes se-melhanças deste processo. Neste estudo, ele acentua a relação entre jogo e guerra, que pode ser por impulso ou pelo prazer da competição.

Nas diversas línguas conseguimos visualizar a amplitude do jogo, como também dos mitos que estão em cada processo cultural pela diversidade. Reto-mando a questão do sagrado, este é im-prescindível para estabelecer o limite no jogo e, se avaliarmos pelo âmbito cultural, os mitos e linguagens privilegiam, na visão do autor, os mesmos.

Parece uma contradição. O jogo é regrado e estas regras foram impostas e aceitas por seus respectivos jogadores e, mesmo assim, não conseguimos mensurar os seus resultados, pois nos deparamos com um elemento crucial: a emoção ge-rando uma imprevisibilidade.

Outras características são a excitação e a fascinação que podemos constatar nas reações fisiológicas e psicológicas. Não podemos esquecer a irracionalidade que proporciona um ambiente de faz de conta e também do espírito agonístico.

Portanto, é desde o início que se encontram nos jogos os elementos anti-téticos e agonísticos que constituem os fundamentos da civilização, porque o jogo é mais antigo e muito mais original do que a civilização.

O elemento lúdico está cada vez mais presente na vida contemporânea. A verdadeira civilização não pode existir sem certo elemento lúdico, porque a civilização implica a limitação e o domínio de si, a capacidade de não tomar suas próprias tendências pelo fim último da humanidade, compreendendo que se está encerrado dentro de certos limites livremente aceitos.

Para esse autor, a essência do jogo consiste na intensidade, na fascinação, na capacidade de excitar, e o elemento lúdico fica cada vez mais evidente, enfatizando este fenômeno cultural.

Em contrapartida, ele analisou o elemento lúdico e constatou que os

jogos, a partir do século XVIII, entraram em decadência por causa da produção burguesa, das conquistas da revolução industrial, da tecnologia e da mudança de vida. A Europa se vestiu de roupa de trabalho e o elemento lúdico foi gradati-vamente desaparecendo.

Na sociedade atual fica difícil dizer onde começa o jogo e onde termina. Na sociedade industrial o jogo precisou ser reestruturado por causa do modelo de sociedade.

Hoje é importante observar a reper-cussão e a importância desta obra, sendo referência para muitos no tema referente a jogos e, principalmente, no conceito de brincadeira no trato lúdico, que o autor nos apresenta com as manifestações culturais.

Apesar dos tempos serem outros, se avaliarmos o contexto histórico, cultural e social, os jogos e os brinquedos ainda fazem parte da vida das crianças, pois o mundo do faz de conta ainda existe e se confunde com esta realidade. Ou seja, o jogo está no mundo e se apresenta de maneira lúdica e, como nos traz o autor, a ideia do jogo é central para a civilização e primária da vida, já que ele está nos nossos pensamentos, descobertas, experimen-tações e no ato de criar e transformar o mundo em que vivemos. O homem que brinca é um homem que pensa e, conse-quentemente, produz.

Por exemplo, a escrita alfabética sur-giu porque alguém resolveu brincar com os sons, a filosofia faz parte de um jogo de conceitos, as guerras seguem regras, ou seja, o jogo experimentado através do lúdico é fundamental para nosso aprendizado, embora existam outras funções para ele, como a competição e o passatempo.

Portanto, ser bom ou ruim não é o fator principal. O importante será a sua função criadora e não o seu aspecto negativo. Quando olharmos o jogo como a possibilidade da criatividade humana, ele estará cumprindo com sua função maior.

4-Experiência na sala de aulaOs jogos que relatamos neste artigo

foram experienciados e construídos du-rante dois semestres do ano de 2016 na Escola Fazarte, de Educação Infantil e Ensino Fundamental.

O nome da atividade em questão, Siga o Mestre, foi aplicada em docentes da edu-cação infantil e tem como objetivo o foco no mestre. É um jogo teatral que, para ser realizado, necessita de uma sala ampla.

Durante o processo, para desenvolver a prática, participou um grupo de quinze docentes da educação infantil que es-

tavam sentados no chão, em roda. Um docente foi escolhido para sair da sala enquanto os demais continuavam na roda. Em seguida, o professor explicou as regras do jogo e escolheu um docente para ser o mestre e o mesmo iniciou os gestos e os demais seguiram o mestre. Na sequência o docente que estava fora sala retornou e se colocou ao centro da roda e teve três tentativas para descobrir quem era o mestre, que aos poucos teve que alternar os gestos. O jogo seguiu seu fluxo até o jogador do centro descobrir quem era o mestre.

Nesta prática a cumplicidade do grupo foi fundamental e o foco no mestre, para que o jogo acontecesse, foi imprescin-dível. Apesar de ser um jogo de concen-tração e percepção, também podemos utilizá-lo como um jogo de aquecimento que favorece a integração do grupo.

Agora, a atividade em questão, Blabla-ção, que foi aplicada em docentes do ensino fundamental, tem como objetivo o foco no intérprete. É um jogo teatral que, para ser realizado, também necessita de uma sala ampla.

No desenvolvimento, um grupo está na sala acomodado. O professor escolhe três docentes. Um intérprete, ao centro, é acompanhado de outros dois docentes, um ao seu lado direito e outro ao lado es-querdo. Todos estão criando sua própria língua. O docente ao centro tem que traduzir o que os docentes estão falando numa língua criada por eles para que os demais entendam. O jogo segue seu fluxo até todos terem participado.

A descontração e criatividade dos do-centes para compor este jogo são essenci-ais. Isso acontece à medida que o jogo vai fazendo o rodízio de participantes, onde a comicidade e improvisação surgem com força nos trios apresentados.

Em ambas as experiências os docentes verbalizaram que manter a concentração foi crucial para que os jogos aconteces-sem. Também ficaram latentes neste processo a satisfação e a descontração dos grupos.

E o estímulo maior, a pergunta de todos: vamos jogar mais? •

VIVIANE VICTTORINGraduada em Letras - UNESF/PE; especializada em Vanguarda Russa pela ECA-USP; pós-graduada em Docência do Ensino Superior - Campos Salles, diretora artística, atriz, bailarina, produtora e

palestrante. Há 15 anos trabalha como professora de teatro e literatura para Educação Infantil, Fundamental e Técnico. Diretora artística do Projeto Pina Bausch e Consultora Artística do Instituto do Olhar da Língua Portuguesa no mundo Brasil-Portugal. Diretora de Projetos (Educacionais, Culturais e Sociais) na Oficina de Atores Nilton Travesso.

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Gestão

A IMPORTÂNCIA DE UMA gESTãO EFICIENTE PARA O SUCESSO DE SEU NEgóCIO

A chamada “mortalidade das empresas” no Brasil ainda é alta. Conforme último estudo

do SEBRAE, intitulado “Sobrevivência das Empresas no Brasil”, publicado em outubro/2016 e disponível no site da referida instituição, que tomou como base números fornecidos pela Receita Federal do Brasil, das empresas que foram constituídas entre os anos de 2008 e 2012, 23,4% delas fecharam suas portas até dezembro/2014. É um índice muito alto. O índice de mortalidade das empresas quando analisado de forma setorial é ainda mais preocupante: den-tre as empresas prestadoras de serviços constituídas entre 2008 e 2012, 25% delas não chegaram “vivas” em 2014.

As causas para o encerramento de uma empresa são muitas, sendo a má administração uma delas. Muitos em-presários são excelentes empreende-dores, conhecem profundamente o mercado em que atuam, mas nem todos sãos excelentes administradores.

Com o setor educacional não é dife-rente. Geralmente, os empresários da área são educadores, muitos com anos de experiência e dedicação, buscando a constante melhoria e aperfeiçoamento do ensino no Brasil. São apaixonados e acreditam naquilo que escolheram como ofício. Porém, a gestão de um negócio de sucesso não deve ser feita movida totalmente pela paixão, mas sobretudo pela razão.

Faz-se necessária uma reflexão so-bre o quanto as tarefas administrativas absorvem o tempo de um sócio que,

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na maioria dos casos, é também o de-tentor da expertise necessária para o desenvolvimento do objetivo social da empresa.

De forma nenhuma o presente artigo visa diminuir a importância da gestão administrativa da empresa, ao contrário, administrar bem o negócio só garante um bom desempenho da empresa.

Boa parte das empresas brasileiras são sociedades limitadas que, com o advento do atual Código Civil Brasileiro (vigente desde janeiro/2003), tomou uma feição mais profissionalizada, visto ser possível a nomeação de um ou vários administradores, sócios ou não sócios da empresa.

É certo que a administração de uma empresa deve mirar o alcance dos ob-jetivos sociais para os quais foi erigida. Assim sendo, os administradores devem submeter-se às regras previstas nas cláusulas do Contrato Social, nas delibe-rações societárias e, principalmente, na legislação brasileira.

Assim, o administrador legalmente eleito pela empresa (mediante menção no contrato social ou em ato apartado, devidamente registrado na Junta Comer-cial ou no Cartório de Títulos e Registro de Pessoa Jurídica) fica responsável pelas atividades obrigatórias e necessárias para o bom andamento do empreendi-mento. É evidente que uma empresa não exista sem ter um objetivo social viável, mas mesmo com todo talento e expertise do mundo, o negócio não irá para frente sem ter uma excelente “retaguarda”. O administrador, diferente da figura de um

gerente, tem poder de decisão na gestão administrativa do negócio.

Para Idalberto Chiavenato, grande teórico da ciência que é a administração de empresas, “o trabalho gerencial é fundamental na definição e alcance dos objetivos organizacionais, na formulação e implementação de estratégias e na rea-lização da visão de futuro da empresa, salientando a existência de quatro chaves da função gerencial: a) capacidade de selecionar e escolher talentos; b) definir os resultados certos a serem alcançados; c) foco nas fortalezas (potencializar os pontos fortes) e d) adequação de toda a base organizacional aos requisitos do negócio da empresa”.

A administração da empresa é de vital importância para a sua sobrevivência e deve ser exercida por quem realmente entende do assunto e possa dedicar-se integralmente a isso.

Fazer uma administração improvisa-da, no tempo que “sobra” ou o contrário, perder-se em tantas tarefas de gestão e deixar de lado a execução e mediação da qualidade da prestação de serviços de sua empresa, só prejudica e coloca em xeque a longevidade do negócio.

Uma boa alternativa é eleger dentre os sócios, ou ainda contratar uma pessoa que não pertença ao quadro de sócios da empresa e que detenha know-how para gerir administrativamente o negó-cio. Para tanto, é preciso ter um bom e moderno contrato social, alinhado com o perfil dos investidores da empresa, que permita a constante monitoração, deliberação e, principalmente FORMALI-

ZAÇÃO das decisões dos sócios (por meio de atas de reuniões, processos bem definidos, dentre outras estratégias), que nortearão a atuação desse administra-dor. Assim, em reuniões periódicas, os sócios deliberarão sobre o que realmente é importante/relevante para a empresa.

Importante também ressaltar que, além de responder para a sociedade e seus sócios (por meio de prestação de contas), o administrador também é res-ponsável pelos atos praticados à frente da empresa, conforme artigos 1011 e seguintes do Código Civil Brasileiro.

Portanto, sócios conscientes de suas prioridades, podem sim dividir entre si e/ou delegar a um terceiro tarefas inerentes a gestão administrativa da sociedade sem abrir totalmente mão do controle, baseado em um bom contrato social, pensado e ade-quado ao modelo de negócio desenvolvido, bem como sempre formalizar/documentar as deliberações dos sócios e as diretrizes a serem seguidas por quem ficar à frente da gestão administrativa da empresa.

Essas atitudes podem ser determi-nantes para o sucesso e longevidade de seu negócio. •

ELISÂNgELA ORTIz DE MORAES SILVAGestora de Legalização na Meira Fernandes. Advogada com mais de 10 anos de atuação nas áreas de Direito Empresarial e Societário, Graduada em Direito

pela Universidade São Francisco, com extensões em Mediação e Arbitragem (Fundação Getúlio Vargas), Sociedades Anônimas (IPEC-SP) e em Contabilidade Aplicada ao Direito (Fundação Getúlio Vargas)[email protected]

Muitos empresários são excelentes empreendedores, conhecem profundamente o mercado em que atuam, mas nem todos sãos excelentes administradores

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Primeiros Socorros

P rofessores, monitores e fun-cionários do quadro administra-tivo e operacional das escolas

particulares de Campinas serão obrigados a passar por treinamento de primeiros socorros. Foi sancionada no último dia 2 de maio, pelo prefeito Jonas Donizette, a “Lei Lucas”, que trata da obrigatoriedade de treinamento em primeiros socorros para funcionários de escolas das redes municipal e particular do município. Lucas morreu aos 10 anos, em setembro do ano passado, com asfixia causada por engas-gamento, durante um passeio escolar promovido por escola particular.

Desde então, a família partiu para um trabalho de conscientizar crianças, professores, pais, toda a população sobre a importância da aplicação dos primeiros socorros em caso de perigo.

“A nossa ideia é que todas as escolas da nossa cidade estejam preparadas para prestar os primeiros socorros caso uma criança necessite. Estamos empenhados para que essa lei se efetive no dia a dia de todos os estabelecimentos de ensino”, disse o prefeito.

Para o diretor da Regional Campinas do Sieeesp, Antônio Francisco dos Santos, a “Lei Lucas” é muito bem-vinda. “Na minha visão todas as escolas deveriam

treinar seus profissionais (professores e administrativos) e, em alguns casos, os próprios alunos, com informações de primeiros socorros e como proceder em determinadas situações, inclusive em caso de incêndio, etc. Existe uma técnica muito simples para salvar pessoas engasgadas”, salientou.

A formação incluirá aula teórica, por meio de recursos audiovisuais, e práticas, com a realização de simulações em mane-quins anatômicos. As instruções abran-gerão casos de acidentes com quedas, traumas, acidente ocular, sangramento nasal, alergias, picadas de insetos, quei-maduras, hipertermia, hipoglicemia, crise convulsiva, engasgo, desmaio, síncope e parada cardiorrespiratória e ressuscitação cardiopulmonar.

O Projeto foi desenvolvido pela Rede Mário Gatti, por meio do Samu Campinas. Para as unidades públicas não haverá custos; para as privadas, será cobrado somente o valor despendido pela equipe do Samu.

PenalidadesAs unidades particulares que não cum-

prirem a lei serão penalizadas. Primeiro, receberão uma advertência; depois, será aplicada multa, dobrada em caso de

reincidência, até a cassação do alvará de funcionamento.

Entre os objetivos do Projeto de Ca-pacitação em Primeiros Socorros para as unidades de educação públicas e particula-res de Campinas estão: instruir e capacitar os profissionais de instituições de ensino; informar sobre o funcionamento da rede de urgência e emergência no município; orientar sobre o acionamento do serviço 192/Samu; motivar os capacitandos a se tor-narem agentes multiplicadores; orientar na elaboração, manutenção e acondicio-namento dos kits de primeiros socorros.

Fazer a diferençaEmocionada, a mãe de Lucas, Alessan-

dra Zamora, agradeceu. “A nossa semente foi lançada num solo muito forte. Campi-nas vai ser um exemplo para o restante do País. Cada um de vocês vai poder fazer a diferença na vida das pessoas, vai poder ajudar, ensinando a resgatar a cidadania de ajudar o próximo”, disse.

O projeto da “Lei Lucas” está atual-mente em trâmite em mais de 400 Câma-ras Municipais por todo o Brasil e em 12 Assembleias Legislativas, além do Senado Federal. Até o momento, 30 municípios do País já sancionaram a lei e outros 22 estão em fase de sanção. •

Escolas de Campinas terão que fazer treinamento de primeiros socorros

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Matemática

H oje encontramos diversas for-mas rápidas e dinâmicas de nos comunicar, muitas vezes apenas

uma frase, imagem ou mesmo uma única palavra nos leva a pensar e questionar a mensagem contida no objeto de comunica-ção. Entendemos que não só existe a forma verbal de comunicar-se, mas sim também os nãos verbais, como no caso dos sistemas de comunicação de libras, que acontece por gestos e os sistema braile que acontece por tato. Não devemos esquecer também que a matemática é uma linguagem e, por meio dessa ciência, foi possível desvendar o mundo.

Assim, ao observarmos o desenvolvi-mento humano perceberemos que a linguagem com seus signos e símbolos sempre estiveram constantemente ligados à aquisição de nossas conquistas e evolução. Durante nossas atividades cotidianas não paramos para refletir so-bre o uso correto dos adjetivos, verbos e concordância nominal para falar. En-tretanto, mesmo sem essa ponderação nos comunicamos bem o suficiente para ter uma vida tranquila.

Do mesmo modo, não paramos para pensar sobre o significado do número

NÃO CONSIGO CONTAR!“Compreendendo a Discalculia e a Acalculia”

ao comprarmos determinado produto e sabemos que a matemática é indispen-sável para nossas vidas. Ela está presente em todas as áreas de atuação como: artes, música, games, compras e muito mais. Mas porque encontramos TANTOS JO-VENS COM DIFICULDADES ESCOLARES ESPECÍFICAS EM MATEMÁTICA? Porque existem pessoas que NÃO CONSEGUEM CONTAR?

Para responder a esses questiona-mentos é necessário refletirmos sobre QUATRO PONTOS que estão relacionados à aprendizagem matemática.

PRIMEIRO é primordial entender que a APRENDIZAGEM NÃO ACONTECE APENAS POR PROCESSOS BIOLÓGICOS E GENÉTICOS, mas que nascemos dentro de uma cultura onde a interação social amplia nossas ferramentas de atuação dentro do contexto educacional, tor-nando nossa aprendizagem significativa. Dessa maneira o aprendizado só ocorre quando a informação tem sentido para quem a recebe. A comunicação é tão importante que se torna um instrumento que expressa o pensamento, produzindo mudanças na estrutura cognitiva do indi-víduo, reestruturando diversas funções

psicológicas, como a memória, a atenção voluntária e a formação de conceitos.

Muitos estudiosos, dentre eles Vy-gotsky, descrevem circunstâncias em que as crianças mostram-se capazes de aprender sozinhas, por meio da interação com o outro e mesmo sob a supervisão de alguém mais experiente. Dessa forma, no panorama da escola contemporânea, devemos proporcionar oportunidades de interação e propor atividades onde seja necessária a análise, reflexão e compreensão da matemática como uma atividade humana. Muitas crianças apre-sentam dificuldades em matemática, ou não gostam dessa disciplina, porque a matemática não é algo palpável, mas indubitavelmente existe. Dessa maneira, a própria Matemática mostra que precisa-mos usar nossa imaginação, nosso senso comum e todas as nossas habilidades para poder compreender essa ciência.

Diversos estudos mostraram que tanto os seres humanos quanto os animais possuem uma capacidade de estimar a quantidade e o tamanho de objetos sem fazer contas. Contudo, o que nos difere desses animais são as atitudes e emoções relacionadas à matemática tais como: a

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autoconfiança, a curiosidade, a noção do que é relevante, e o desejo de fazer ou entender as atividades. Esses são com-ponentes não explícitos, mas, no entanto, contribuem para o aprendizado, vemos então a criança precisará de outras ha-bilidades para compreender essa ciência.

SEGUNDO, é necessário que todos compreendam que alfabetização também significa distinguir, empregar e com-preender a linguagem em sua totalidade, dessa forma, a MATEMÁTICA É UMA LINGUAGEM, que pode ser expressa de maneira simples ou complexa. Logo, a criança precisa ser alfabetizada matemati-camente, assim esse conteúdo escolar deve ter a mesma atenção, processo e dedicação, para que durante os anos iniciais as crianças sejam alfabetizadas nesta elocução. Na educação infantil se inicia o processo de alfabetização que por intermédio de atividades organizadas e estruturadas se introduz conceitos edu-cacionais que serão o alicerce educacional do aluno.

Os anos iniciais são a pedra angular para compreender a matemática, momen-to de conceituá-la de forma introdutória, com fundamentos básicos para que os alu-nos possam prosseguir nos anos futuros. Nesta fase é fundamental a criança estar sujeita a atividades lúdicas que permitem uma relação da matemática com a vida.

TERCEIRO, é imprescindível com-preender COMO SE DÁ O PROCESSO DE APRENDIZADO MATEMÁTICO, pois o aprender e o lembrar do estudante ocorre em seu cérebro mediante os estímulos sensoriais, memória e atenção.

As funções executivas são compo-nentes básicos para uma aprendizagem expressiva e a flexibilidade cognitiva é fundamental para aquisição da linguagem matemática, que é caracterizada pela capacidade de produzir mudanças, de reestruturar o conhecimento para encon-trar a solução do problema elaborando respostas usando a memória, a percep-ção, a cognição e assim solucionando o problema de forma eficaz.

Através dos órgãos sensoriais a crian-ça percebe os estímulos do meio, sucede então a transmissão para o cérebro, que acontece por meio de correntes elétricas. Verifica-se uma modificação nas redes neuronais quando a criança vivencia ex-periências e estimulação e são perante essas condições que acontece o amadu-recimento do SNC (Sistema Nervoso Central). O processo de aprendizagem é construído de forma crescente, investi-gações baseadas na neurofisiológica e neurociências tem demonstrado que o Suco Intraparietal Bilateral é a estrutura anatômica chave envolvida na realiza-

ção das tarefas de natureza numérica. Exames como a ressonância magnética funcional e a tomografia com emissão de pósitrons podem demonstrar essas áreas em funcionamento durante as atividades lógicas.

Assim, a aprendizagem é o processo pelo qual o cérebro reage aos estímu-los do ambiente, ativando sinapses e tornado-as mais claras, formando assim circuitos que processam as informações e com capacidade de armazenamento molecular. As funções executivas só se tornam habilidades mentais à medida que forem desenvolvidas, ou seja, estimuladas e mobilizadas para a aprendizagem e isso acontece a partir de desafios a serem solucionados.

QUARTO e último ponto, entretanto o mais importante, CONHECER OS DIS-TÚRBIOS MATEMÁTICOS que estão intrin-secamente relacionados com a aquisição numérica E ENTENDER A DIFERENÇA EXISTENTE ENTRE ELES, para poder am-

parar crianças, adolescentes e adultos que possuam dificuldades especificas em matemática.

Esse é o drama de muitas crianças que apresentam dificuldades de apren-dizagem em matemática por diversos motivos como de ordem psicossocial e pedagógica. Porém, outras infelizmente possuem um distúrbio Neurológico re-lacionado com a aquisição da linguagem matemática, esse distúrbio é conhecido como Discalculia.

O distúrbio é uma disfunção do Siste-ma nervoso central, geralmente pode ser caracterizado como uma alteração leve, mas com consequências importantes, alterando o desenvolvimento escolar. A Discalculia é uma entidade nosológica que impede crianças, adolescentes e adultos de executarem tarefas relacionadas com a matemática. Infelizmente este distúrbio não é tão conhecido ou entendido como a Dislexia (distúrbio relacionado com a leitura e escrita, atingindo 10% da popula-ção), mas alguns especialistas acreditam que é comum, uma vez que cerca de 5 a 7% da população tem Discalculia. Ainda não temos estudos que demonstram se a discalculia é mais comum em meninas ou em meninos. O diagnóstico pode ser feito a partir dos oito anos, todavia, desde a educação infantil a criança já demonstra sinais de dificuldades em comparar e ma-nipular objetos concretos relacionados com a matemática.

Importante ressaltar que esse distúr-bio não acontece por falha no sistema de ensino e não é oriundo de problema emocional, pedagógico e social, pois neste caso seria considerada uma Dificuldade de Aprendizagem em Matemática. A DAM é algo transitório que depois de sanado os problemas externos (ansiedade, estresse

Os anos iniciaissão a pedra

angular para compreender a matemática, momento deconceituá-la

de forma introdutória

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e depressão) e após a utilização de novas metodologias pedagógicas tendem a desaparecer. Ao contrario da Discalculia, que até o momento não tem cura, logo uma criança discalculia será um adulto Discalculico.

Os Discalculicos têm problemas com muitos aspectos da matemática. Muitas vezes não compreendem conceitos de quantidade tais como maior ou menor. Podem não entender que o número 5 é o mesmo que a palavra cinco, ou seja, não entende o sentido do número. Possuem dificuldades para lembrar-se de fatos numéricos, como datas de aniversários. Podem entender a coerência existente em dada situação, mas não como ou quando aplicar o que sabem para resolver proble-mas matemáticos. Muitas vezes têm problemas com a memória de trabalho.

A memória de trabalho é composta por um conjunto de processos cognitivos que funcionam como uma interconexão entre a aquisição (quando adquirimos a informação), consolidação (processo de armazenamento) e evocação (lembrar) da informação. Estudos demonstram que o pensamento lógico matemático avan-çado acontece pela ativação de circuitos neuronais especializados encontrados no cérebro e as abstratas são ligadas a cir-cuitos que se ativam através da memória de trabalho.

A Discalculia não é ocasionada por um dano cerebral, como o acidente vas-cular cerebral, traumatismo craniano, ou alguma outra lesão no cérebro. A perda das habilidades matemáticas decorren-tes desses episódios é conhecida como Acalculia. A AC refere-se à perda ou alte-ração na capacidade de realizar tarefas matemáticas, sendo resultado de algum tipo de dano cerebral, o Acalcúlico perde as habilidades matemáticas já adquiridas, como: contar, somar e subtrair.

A Acalculia pode ser manifestar de três maneiras: Afásica – incapacidade para compreender os números e símbolos arit-méticos como linguagem. Geralmente se associa com a Afasia, que é caracterizada pela dificuldade em nomear pessoas e objetos; Visuo-espacial – Compreensão inapropriada dos números, sequência, valor posição dos números, espaço e tempo; Anaritmética – definida como a incapacidade de reconhecer o valor de um número e sua categoria numérica (unidade, dezena, centena, etc.).

As diferenças entre Acalculia e Discal-culia não estão nas características, ou no significado, pois esse é muito parecido. Mas a grande diferença está nas causas que são bem distintas. No entanto, a Discalculia e Acalculia vão além de proble-mas relacionados com a matemática,

desencadeando problemas de ordem psicossocial, pois a pessoa que apresenta essa comorbidade tem toda sua vida desestruturada, com prejuízos sociais, emocionais e psicológicos.

O diagnóstico é um conjunto de da-dos, formado a partir de sinais e sintomas/características, do histórico clínico, do exame físico e dos exames complemen-tares (laboratoriais e outros), é analisado pelo profissional de saúde e sintetizado em uma ou mais doenças. A partir dessa síntese, é feito o planejamento para a eventual intervenção (o tratamento) e/ou uma previsão da evolução (prognóstico), baseados no quadro apresentado.

Para um diagnóstico correto é impres-cindível uma equipe multidisciplinar com neurologista, neuropsicopedagogo, neu-ropsicólogo e fonoaudiólogo. Será esse grupo multiprofissional que irá diagnos-ticar e tratar, se necessário, esta criança, adolescente ou adulto. O diagnóstico será embasado nos exames de neuroimagem e nos relatos médicos. Independente de ter Discalculia, Acalculia ou Dificuldades de Aprendizagem em Matemática é im-portante um diagnóstico precoce que aumenta as chances de sucesso na inter-venção e minimizam os efeitos deletérios como a depressão.

As dificuldades podem sem supera-das com a devida ajuda dos professores, pais, terapeutas e de todos os envolvidos na educação dos Discalculicos e Acal-cúlicos. Determinar a melhor forma de ensinar a matemática para esses sujeitos é o inicio da intervenção que deverá ser baseado na idade e dificuldade específica de cada um.

Deste modo, o tratamento deve ser: individualizado; com o uso progressivo de objetos que estão relacionados com um símbolo numérico, para estabelecer o conceito da criança da quantidade e pre-cisão de raciocínio; desde o início baseado em um pensamento quantitativo, com base na percepção visual, bloco e quebra cabeças; ensinar a linguagem matemática: significado dos sinais, os números dis-poníveis, a sequência de etapas de cálculo e resolução de problemas.

Graças à estimulação e reabilitação pedagógica, psicopedagógica e psicológi-ca com vistas a instigar as áreas cerebrais como: flexibilidade cognitiva, memória de trabalho e atenção, podemos ajudar essas pessoas a desenvolverem novas estratégias cerebrais cujo objetivo é melhorar eficazmente as dificuldades associadas à Acalculia e a Discalculia.

A intervenção para Discalculia, Acal-culia e Dificuldades de Aprendizagem, deverá ser regularizada em recursos materiais (uso de calculadoras; jogos e

atividades lúdicas, caderno quadricu-lado, imagens, contação de histórias, questões claras e objetivas etc.); recur-sos metodológicos (métodos, técnicas de ensino, organizativas, planejamento, adequação de conteúdos e avaliativas); e recurso multiprofissional (fonoaudiólo-gos, psicopedagogos, psicólogos, neu-rologista, neuropediatra, pedagogos, psiquiatra, terapeuta etc.).

Cabe aqui orientar familiares e pro-fessores para que compreendam que o aprendizado nos Discalcúlicos e Acal-cúlicos acontece de maneira lenta e diferenciada. A compreensão a cerca das habilidades matemáticas são dificultadas e torna-se emergencial um novo olhar e algumas alterações nas ações no pro-cesso ensino aprendizagem.

A criança, o jovem e o adulto precisam da compreensão de todos que estão a sua volta e o apoio será fundamental para seu sucesso escolar e social. Eles encontram muitas dificuldades em coisas que para nós parecem óbvias, mas precisamos respeitar suas dificuldades e ter interesse em suas conquistas por menores que se-jam. É preciso demonstrar amor, carinho e cordialidade para com as pessoas que possuem Discalculia e Acalculia, ajudando-os a entenderem que eles podem sim ter dificuldades em matemática, porém pos-suem outras habilidades que merecem destaque. •

ANA MARIA ANTUNES DE CAMPOSProfessora de Matemática. Autora dos livros Discalculia Superando as Dificuldades de Aprender Matemática, Jogos e Discalculia – Uma Nova Perspectiva

para Discalculia e Raciocínio Lógico: Atividades para auxiliar crianças e adolescentes, pela WAK Editora.

EXEMPLOS DE ERROS COMETIDOS POR PESSOAS COMPROMETIDAS POR ESSES

DISTÚRBIOS

Não entende a representação simbólica.

Matemática

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Metodologia

O mundo está em transformação e isso se reflete na atuação profissional e social de todas

as pessoas. Na maioria dos Congressos voltados para mantenedores e gestores educacionais em geral, ao longo deste ano de 2018, a temática das mudanças e seus impactos para a Administração Escolar se faz presente de maneira contundente. As instituições de ensino precisam se posicio-nar adequadamente neste mundo em pro-cesso contínuo de mudança. Se assim não for, como poderão elas serem capazes de formar indivíduos que consigam navegar em um mundo tão ágil e de certezas tão voláteis? Mais do que ensinar conteúdos que podem ser pesquisados em trinta segundos na internet, as instituições de ensino necessitam, basicamente, voltar-se para duas linhas principais.

A primeira é a formação integral do ser humano enquanto indivíduo capaz de refletir, de criticar e de analisar os conheci-mentos com os quais pode se deparar nos vários ambientes que lhe são oferecidos, sejam eles virtuais, ou não. É interessante observar a quantidade de notícias falsas que são apresentadas aos internautas nos dias de hoje. Apenas o bom senso, a re-flexão crítica e o pensamento inteligente-mente ativo podem obstar que o indivíduo se torne um joguete na mão de intenções políticas, científicas, sociais, religiosas ou de mídia que tentam manipular o cidadão de bem em qualquer parte do mundo.

Neste diapasão, as instituições de ensino precisam, de fato, voltar-se para o desenvolvimento do poder reflexivo, a capacidade de investigação e o gosto pelo debate. Tudo isso passa a ser fundamental e um dos grandes papéis do contexto educacional. Os modelos de outrora que preconizam a memorização de informa-ções, de dados e datas não servem mais para a educação do século XXI. Lembro-me de decorar, em tempos de escola, que a flor tem “tantas” partes: pedúnculo, cálice, corola, ovário, estigma, etc. Hoje, podemos conseguir essas informações em poucos cliques em sites de busca. O maior desafio é pensar como resolver o proble-ma da convivência urbana com a flora nativa, ou como prevenir sua destruição por fatores predatórios, ou ainda como utilizar elementos da flora brasileira em prol do seu crescimento econômico de maneira sustentável trazendo desenvolvi-

gERENCIAMENTO EFICAz DE MUDANÇAS NAS INSTITUIÇÕES

DE ENSINO NO SÉCULO XXImento humano e protegendo, ao mesmo tempo, o ecossistema.

Neste sentido, temos a própria força da Base Nacional Comum Curricular que nos chega com o chamamento para o desenvolvimento de competências em nossos alunos. É importante notar que quando privilegiamos o desenvolvimento de competências e não mais a transmissão de conhecimento, há uma transformação poderosa do paradigma educacional. Essas competências são: 1. Valorizar e utilizar os conhecimentos sobre o mundo físico, social, cultural e digital; 2. Exercitar a curiosidade intelectual e utilizar as ciências com criticidade e criatividade; 3. Valorizar as diversas manifestações artísticas e culturais; 4. Utilizar diferentes linguagens; 5.Compreender, utilizar e criar tecnologias digitais de forma crítica, sig-nificativa e ética; 6.Valorizar e apropriar-se de conhecimentos e experiências no que tange o trabalho e seu projeto de vida; 7. Argumentar com base em fatos, dados e informações confiáveis; 8.Conhecer-se, compreender-se na diversidade humana e apreciar-se; 9. Exercitar a empatia, o diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação; e 10. Agir pessoal e coletiva-mente com autonomia, responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação, gerando responsabilidade e cidadania.

A segunda vertente fundamental para criar um novo olhar nas instituições de ensino para tempos de mudança – muito estampada nos itens 7 a 10 da BNCC - está no desenvolvimento de comportamentos e formas de agir no mundo. Recente-mente, essas novas habilidades ganharam um novo denominador: Habilidades sócio-emocionais. No passado, o papel da escola era transmitir saberes como se derruba um néctar em um copo vazio. Cabia ao pro-fessor – detentor desse “néctar” - dar sua aula falando de forma ininterrupta e aos alunos – os copos vazios – se concentrar a fim de conseguirem absorver o máximo possível daquele líquido de saber. Os tem-pos atuais, todavia, tem demandado que as pessoas consigam desempenhar outros saberes diferentes de repetir as partes da flor, ou as estruturas de uma sentença, ou os nomes das capitanias hereditárias: os jovens adultos, na iminência de entrar no mercado de trabalho e da sua vida autônoma, precisam saber interagir positi-vamente com outras pessoas, saber ouvir,

lidar com conflitos, lidar com frustração, saber se relacionar com autoridade, enfrentar a competição, se comunicar com postura de diálogo, conviver com a mudança, e ter humildade para sempre aprender o que não sabe.

Quando voltamos para as práticas educacionais de outros lugares do pla-neta, que são consagradas pelo seu nível de excelência, em países como a Finlândia, Japão, Canada, Alemanha, entre outras, o que observamos são atuações educacionais muito diversas das práticas consagradas nas escolas de nossa nação. Não vemos mais salas de aulas sempre em filas com alunos ouvindo palestras de professores aprisionados na área da

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lousa. Há muito mais situações de aulas ativas em que os alunos estão realizando trabalhos em conjunto; investigando informações para responder a perguntas relevantes que eles mesmos levantaram sobre o mundo e sua realidade com o devido direcionamento do professor. Esse novo formato de aula preconiza alunos trabalhando, discutindo, decidindo e engajados em uma tarefa; o professor cir-cula entre eles, mobiliza, re-problematiza, instiga, aponta para novas possibilidades. O professor assume o papel de fazer a ponte com outras disciplinas e planos de conhecimento e mostrar aos alunos pos-síveis caminhos. Em conclusão, troca-se a metodologia passiva pela ativa. Essa

parece ser uma das soluções para voltar a ter alunos motivados e engajadas no dia-a-dia de sala de aula. Neste diapasão, também teremos necessariamente como consequência positiva a parceria alunos-professor como os protagonistas da prática educacional.

Já dizia Paulo Freire “... transformar a experiência educativa em puro treina-mento humano é mesquinhar o que há de fundamentalmente humano no exercício educativo: o seu caráter formador.” Penso que é nesta direção que deve caminhar a estrutura educacional brasileira: rumo à formação do indivíduo, se distanciando desta forma dos antigos paradigmas de “educação bancária” que prestava-se ape-

nas a treinar indivíduos para exercerem suas profissões na vida do trabalho. Se pensarmos que hoje 65% das profissões de 2030 não existem ainda, precisamos inexoravelmente nos voltar para a for-mação efetiva e integral do indivíduo, enquanto indivíduo que precisa aprender a fazer, aprender a conhecer, mas precisa, principalmente, aprender a ser e aprender a conviver; tal qual está colocado pelos 4 Pilares da Educação da Unesco.

Os dias de hoje nos colocam o grande desafio de como incluir essa nova forma de entender a educação e o ensino de competências mais abrangentes em nossos alunos – muitos desses aspectos previstos, de alguma forma, pela nova BNCC – no dia a dia da escola. É necessário refletir na condução dos conteúdos pro-gramáticos das instituições de ensino básico. Provavelmente, o que se discute é uma transformação que passa pela revisão profunda dos materiais didáticos, pela intensificação da abordagem trans-disciplinar dos conteúdos e disciplinas escolares e, por fim, no investimento da formação continuada dos docentes. Neste sentido, novas metodologias de ensino precisam emergir para que o ensino, que antes era apenas um processo de trans-missão de conhecimento, se volte a uma prática vivencial, significativa, investiga-tiva, cooperativa e que se dará em um contexto em que todos contribuem com seus saberes prévios, de maneira ativa, respeitosa, aberta, e democrática. •

LUCIA RODRIgUES ALVESFormada em Letras pela Universidade de São Paulo, Mestre em Linguística Aplicada pela PUC-SP e educadora na área de Ensino de Língua Inglesa desde a década de 90. Hoje é Diretora de

escolas do grupo Seven Idiomas e atua há 18 anos na área de Programa Bilíngue para Colégios.

O professorassume o papelde fazer a ponte

com outras disciplinas e

planos de conhecimento e

mostrar aosalunos possíveis

caminhos

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Brinquedos

V ivemos um momento paradoxal no mundo contemporâneo. Se por um lado as sociedades

industriais e tecnológicas alavancam a produção e o consumo privilegiado do brinquedo e, a priori, pesquisas apon-tam para o crescimento de adultos mais criativos, por outro lado, alerta-se para o crescimento de pessoas mais individua-listas. É possível perceber também que

BRINqUEDOTECAEspaço de construção da Ludicidade nos

Curso de Licenciatura em Pedagogianem todas as crianças, em idade favorável a exploração de diferentes brinquedos, pos-suem brinquedos de qualidade e que foram pensados para suas necessidades infantis. Soma-se a isso a dificuldade de encontrar pessoas dispostas a brincar com elas. San-tin (1990) diz que, infelizmente, o homem adulto, do negócio e do trabalho acabou se aproveitando da dimensão lúdica da criança. Explorando-a o adulto a induz

com artifícios e a faz adotar valores do adulto. A astúcia começa pela produção de brinquedos que a introduzem no mundo do trabalho e das funções do adulto.

Brougère (1997), diz que é preciso aceitar o fato de que o brinquedo está inserido em um sistema social e suporta funções sociais que lhe conferem razão de ser. Diz ainda: “Para que existam brinque-dos é preciso que certos membros da

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sociedade deem sentido ao fato de que se produza, distribua e se consuma brinque-dos” (p. 7). Para tal, a sociedade precisa produzir objetos que façam sentido e for-mar mediadores competentes para fazer valer as teorias estudadas sobre o tema.

Teóricos como Benjamin (1984), Kishi-moto (1995), Piaget(1974), Vygotsky (1991), Wallon (Apud. Galvão, 2007) , mesmo em diferentes tempos e ramos das ciências, foram categóricos em exaltar os benefí-cios da brincadeira sob diferentes aspec-tos- psicológico, sociológico, pedagógico para o desenvolvimento infantil e para o crescimento do respeito ao universo in-fantil. A ludicidade é essencial a vida do ser humano, a vida da criança e brincadeiras são culturalmente vivenciadas, mesmo que sem conotação científica, desde dos tempos mais remotos.

Com relação ao papel do adulto no brincar, CHATEAU (1987) descreve que em determinada época, dos três aos sete anos, a criança solicita que o adulto participe de sua brincadeira. A criança acredita que o adulto, mesmo com sua superioridade, não passa de uma criança grande. Com o passar do tempo a situação se modifica; a criança deixa de solicitar a presença do adulto em seus jogos, pois já percebeu a distância que existe entre ambos.

Se no início esta relação é exercida pelos adultos que compõe a família da criança, aos poucos são introduzidos outros. Destaca-se, para esta análise, os professores, por meio da relação escolar.

Sabe-se atualmente o valor da ciência da ludicidade no mundo acadêmico e muitos se apressam em participar destes estudos tentando compreender seus princípios e finalidades, bem como exer-citar seu aprendizado por meio da prática. Devido às grandes transformações que estão ocorrendo na sociedade, faz-se necessário (re)pensar o perfil do profis-sional capaz de atender às necessidades da criança do terceiro milênio. Isso en-volverá conhecer teorias científicas sobre o desenvolvimento infantil, movimentos de formação, teorias de aprendizagem, dentre outros.

Dentre os Cursos de Graduação, a Licenciatura em Pedagogia destaca-se no estudo científico e na (re)estruturação de práticas ligadas ao tema em questão. Uma das grandes contribuições que este curso oferece a sociedade é a pos-sibilidade de, em diferentes disciplinas, profissionais pesquisadores e profes-sores atuantes no mercado de trabalho e, ainda, com o oferecimento de espaços específicos, estabelecer análises profun-das e oportunizar novas práxis aos seus estudantes.

Entende-se que ao longo do curso, para além das outras funções acadêmi-cas, alunos, pelo viés da ciência, par-ticipam de aulas, cursos, oficinas, semi-nários, atividades acadêmicas que de-senvolvem habilidades operatór ias

fundamentais ao exercício da Docência para crianças. De certo, estudos e pesqui-sas, neste campo educacional, apontam que um professor qualificado, compro-metido com sua práxis, pode romper com círculos viciosos e construir nossos conhecimentos e caminhos.

Baseando-se nestes princípios e de-sejos, o curso deve apresentar, dentre os Laboratórios de Prática Pedagógica: a Brinquedoteca. E este deve ser visto como um espaço preparado para es-timular o ato da brincadeira. Diferentes brinquedos e jogos, escolhidos por seu valor científico e cultural, são agrupados e expostos junto com materiais lúdicos que são confeccionados por alunos e crianças que lá frequentam. Sendo um ambiente laboratorial serve para estimu-lar a criatividade e os saberes docentes. Ali, práticas são analisadas, experimen-tadas e criticadas. Novas possibilidades surgem e visam estimular o ato de brincar nas escolas e espaços educativos con-temporâneos.

Destaca-se práticas interessantes a serem exploradas com os alunos uni-versitários como: Oficina de confecção brinquedos; Oficina de Cirandas, parlen-das e trava-línguas; Oficinas de jogos e brincadeiras, análise de casos, drama-tizações de cenas em espaços escolares, dramatizações; Oficina de contação de histórias, dentre outras possibilidades.

Assim, para o Curso de Graduação em Pedagogia, este espaço, é a garantia de que teoria e prática podem, em parceria, enriquecer o aprendizado universitário e, acima de tudo, a esperança que, nos diferentes lócus de atuação do nosso uni-versitário e egresso, renasça, dentro das escolas, projetos e ambientes educativos, um professor criativo, atento e engajado com a cultura da infância. •

DENISE TINOCOEspecialista em Educação Infantil e em Psicopedagogia. Pedagoga.

É preciso aceitar o

fato de que o brinquedo está inserido

em um sistema social e suporta

funções sociais que lhe

conferem razão de ser

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Comportamento

A s questões referentes à apren-dizagem, envolvendo os campos da cognição, do comportamen-

to afetivo e motor do Ser Humano, assim como os seus limites e suas potenciali-dades, sempre motivaram estudos e pes-quisas em várias áreas do conhecimento. Ação, emoção e cognição geralmente estão interligadas. Linhas teóricas peda-gógicas investigam metodologias mais eficazes para a aprendizagem, assim como desenvolvedores de sistemas tec-nológicos ou do campo da medicina se empenham na criação de instrumentos mais precisos e menos invasivos. Somos um organismo complexo, interligado por estruturas físicas e químicas num ambi-ente fisiológico dinâmico que procura manter o equilíbrio das funções do corpo e da manutenção da vida.

Conceitos básicos filogenéticos e ontogenéticos

Para abordarmos algumas referências sobre esse tema, convém iniciar nosso raciocínio no que se refere à evolução dos sistemas cognitivo, emocional e motor no Homo Sapiens atual, numa abordagem filogenética básica.

Nossa espécie atingiu um grau sig-nificativo no patamar evolutivo devido às exigências ambientais que modificaram o comportamento dos nossos ancestrais

ASPECTOS INTERATIVOS NA APRENDIzAgEM AFETIVA

hominídeos, evoluindo suas competên-cias cognitivas, motoras e emocionais ao assumirem a postura bípede, permitindo a liberação das mãos. Isso possibilitou o envolvimento em trabalhos mais com-plexos e de precisão, não somente atendendo as exigências do meio, mas também interferindo no ambiente. Ne-nhuma espécie alterou tanto o sistema ecológico do planeta e até mesmo o ambiente espacial.

As solicitações do meio envolvem inúmeras formas, advindas de estímulos; físicos, culturais, fisiológicos e emocio-nais, influenciando o comportamento e o manejo corporal humano, abrangendo; deslocamentos, alimentação, reprodução, vestuário, habitação, confecção de uten-sílios e, principalmente, na comunicação, o que exige altas habilidades no conjunto das expressões e interpretações.

Considerando essa breve análise evo-lutiva, percebemos que praticamente toda a nossa motricidade deriva dos sistemas sensoriais e afetivos, assim como os nossos pensamentos são provocados ou acionam conjuntos de emoções que consequente-mente refletem no nosso comportamento.

Se fizermos referência às abordagens de Vitor da Fonseca, no que diz respeito aos paralelos comparativos da nossa evolução filogenética e no desenvolvimen-to ontogenético, notaremos inúmeras similaridades, nos aspectos do desenvolvi-mento e aprendizagem motora, que con-sequentemente interage com os sistemas sensoriais e afetivos. Todos relacionados aos movimentos reflexos, à liberação dos movimentos da cabeça, aos comandos voluntários dos membros superiores e inferiores, e sucessivamente com os deslo-camentos em quatro e dois apoios.

Somos um organismo complexo, interligado por estruturas físicas e

químicas num ambientefisiológico dinâmico

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Estruturas neurofisiológicas básicas na aprendizagem dos movimentos, na cognição e na afetividade

As praxias que recrutam os múscu-los esqueléticos conjugam, numa visão geral, com áreas cerebrais da emoção, da cognição e dos sentidos, assim como, em algumas circunstâncias ocorrem em níveis reflexos ou automatizados, envolvendo outras áreas como; o cerebelo, a medula espinhal e o sistema proprioceptivo.

As sensações advindas do sistema somático proveem da pele, onde há quatro tipos de receptores encapsulados, adaptados para receber informações mecânicas; Corpúsculos de Meissner, de Pacini, de Ruffini e Discos de Merkel, re-ceptores de baixo limiar, muito sensíveis, aos estímulos mecânicos sobre a pele.

Os receptores dos sentidos especiais, visão, audição, gustação, olfação e equilí-brio estão restritos à cabeça. Eles levam informações às áreas cerebrais respon-sáveis por interpretar e interagir com as memórias e análises cognitivas sobre o que é detectado. As informações advindas das sensações têm grande associação com as emoções, sendo decifradas pelo trato cognitivo, visto que podem causar prazer, dor ou desconforto.

As emoções decorrem de sensações, em resposta aos estímulos internos, derivados dos tratos fisiológicos e da mente ou do ambiente externo, levando a uma decifração cognitiva no córtex pré-frontal.

O circuito básico das emoções ocorre no lobo límbico, composto principalmente pelo hipocampo, as amígdalas cerebrais e a ínsula, ocupando a superfície medial do lobo temporal, envolvendo o giro do cíngulo, o giro parahipocampampal, o fórnix, os corpos mamilares e núcleos anteriores do tálamo.

Considerando as abordagens neu-rofisiológicas acima, podemos concluir que a afetividade pode ser estimulada, aprendida e desenvolvida se conjugarmos as áreas; dos sentidos somestésicos (lobo parietal), do conjunto dos sentidos (visão, audição, paladar, olfato, equilíbrio), áreas das emoções (córtex límbico e ínsula), dos movimentos voluntários e da cognição (lobo frontal). Isso, sendo feito com sistemas positivos, tende a elevar os níveis dos principais hormônios da sensação do bem estar (serotonina e dopanina). Se as atividades ou o ambiente do sujeito pro-vocarem irritabilidade e desconforto, o estado mental e o comportamento serão alterados devido à influência dos níveis de cortisol (hormônio do estresse), lançado pelas suprarrenais na corrente sanguínea, elevando consequentemente a liberação da adrenalina.

Nessa perspectiva, podemos deduzir que, ao aplicamos múltiplas atividades positivas integradas desde os primeiros dias de vida da criança, conjugando com os conceitos principais dos estímulos da aprendizagem afetiva, favorecerá a com-preensão das emoções e aprimorará as relações intra e interpessoal, refletindo positivamente no ambiente familiar, social e no ambiente escolar.

Nossas emoções influenciam nossos estados mentais, interferindo nas estrutu-ras da cognição, das atividades fisiológicas (digestória, tensão muscular, frequência cardíaca e respiratória), também nas expressões faciais, e no comportamento corporal.

Atividades integradoras propostasAplicando estímulos conjugados com

dois ou três sentidos desde os primeiros dias após o nascimento. Por exemplo; durante a amamentação, principalmente, conjugar a fala, em tons carinhosos, com músicas que tenham arranjos com acordes e compassos suaves. Da mesma forma, conjugar estimulações táteis, com texturas suaves, com a música ou a fala. Com isso a criança receberá informações em áreas sensoriais táteis, auditivas e do paladar complementadas com a visão do rosto da mãe e outros do seu ambiente. Cabe observar que o ambiente de convívio da criança e dos adultos deve se manter o mais possível harmônico, livre de gritos e agressões psicológicas e físicas. Tudo é captado pelos sentidos do bebê. Isso deveria fazer parte do desenvolvimento da criança, priorizando a elevação da autoestima, até seus onze anos.

Crianças que convivem em ambiente familiar desordenado, formado por pes-soas constantemente agressivas, ou em local predominantemente hostil, costumam refletir baixa autoestima e comportamentos; apático ou depressivo, ou agitado e agressivo, no ambiente social e escolar. Geralmente utilizam palavras e frases negativas, oriundas dos pensamen-tos e dos estados mentais.

Com o desenvolvimento e a matu-ração dos níveis de consciência na infância, onde, paralelamente ocorrem as aquisições dos códigos linguísticos. Eles são apreendidos nos primeiros anos e potencializados pelas estruturas paralinguísticas, sendo elas, compostas por elementos não verbais conjugados. A paralinguagem é um componente da comunicação, complementando a semântica, podendo ocorrer consciente ou inconscientemente na estrutura da voz humana, envolvendo frequência das palavras, volume, tom da voz, e também nas expressões faciais.

O pensamento é verbal, quanto maior o vocabulário positivo do sujeito, mais ele-vada será sua autoestima, favorecendo a percepção emocional, possibilitando mais êxito na estruturação cognitiva e nas inte-rações sociais, refletindo diretamente nos estados mentais e em comportamentos mais eficazes. •

VASCO MANUEL M. DO AMARALMestre em Ciência da Motricidade Humana. Participação nos livros Que Cérebro é Esse Que Chegou à Escola? e Para Além da Inclusão, publicados pela Wak Editora.

Comportamento

Nossas emoções influenciam

nossos estados mentais,

interferindonas estruturas

da cognição

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Psicoestimulação

A psicoestimulação procura iden-tificar e estimular o mais cedo possível, desde o nascimento

até a 3ª idade, passando pelas pessoas portadoras de deficiência psicossomática sob aspectos pedagógico, psicológico e socioemocional de maneira a prevenir e/ou reduzir suas limitações. A psicoesti-mulação objetiva o incremento das capa-cidades sensoriais, motoras e cognitivas.

A ginástica cerebral é conhecida nos Estado Unidos como Brain Fitness. Existem várias formas de se ter um cére-bro otimizado, treinado e totalmente funcional, trazendo um aumento signifi-cativo da cognição (aprendizado). Com exercícios simples e regulares, baseados em diferentes jogos (inclusive de com-putadores), pode-se conseguir que o cérebro a melhore sua performance de forma geral.

A ginástica cerebral visa trabalhar os dois lados do cérebro ao mesmo tempo. O hemisfério direito é responsável pela emoção e pela criatividade; já o hemis-fério esquerdo, pela razão e aprendizado. Quando os dois hemisférios são estimula-dos de forma integrada, assim como uma engrenagem, o cérebro trabalha melhor. Isso permite um aumento da capacidade de memória, concentração, autoestima, aprendizado e raciocínio. Serve para qualquer pessoa.

A ginástica cerebral também pode evitar os famosos “brancos” na hora de realizar provas, ajudar a prevenir doenças degenerativas na terceira idade, como o Mal de Alzheimer e o Mal de Parkin-

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son, e organizar o raciocínio para que o jovem aprenda mais rápido e com mais facilidade.

A psicoestimulação envolve a melho-ria das capacidades nas áreas de orienta-ção espacial, atenção, memória, raciocínio lógico, praxia, campo visual etc. O verda-deiro aprendizado não se encontra no jogo em si, mas no processo da atividade.

Existem diversas outras formas de exercitar o cérebro, além dos exercícios preconizados pela ginástica cerebral, como a prática de passatempos simples como palavras cruzadas, sodoku, xadrez e outros jogos de tabuleiro. Todos es-timulam memória e raciocínio. São os chamados exercícios cognitivos.

Existem dois tipos de psicoestimu-lação: a de reabilitação e a preventiva.

Na psicoestimulação de reabilitação o objetivo principal é favorecer a neu-roplascitidade, que é a resposta dada pelo cérebro para adaptar-se a novas situações, reestabelecendo o equilíbrio alterado, geralmente produzido por uma lesão. Dessa forma, os neurônios lesio-nados se regeneram, estabelecendo-se novas conexões neuronais. Na psicoes-timulação de reabilitação o público alvo são os idosos e as pessoas com AVC (Aci-dente Vascular Cerebral) e Alzheimer. O objetivo principal é prevenir e melhorar as capacidades cognitivas, bem como conservá-las.

A psicoestimulação preventiva tem como objetivo o treinamento cognitivo, a fim de facilitar ao indivíduo o uso efetivo de estratégias para a resolução de tarefas

intelectuais. Consiste na apresentação de estímulos específicos de resolução ime-diata com a finalidade de potencializar e otimizar a cognição. Os programas de psicoestimulação preventiva trabalham com jogos de treino cerebral.

Para que o corpo mantenha-se em for-ma é necessário realizar exercícios físicos, e, para que o cérebro mantenha-se ativo, exercitá-lo através de exercícios cogniti-vos, ou seja, fazer uma ginástica cerebral. Programas desenvolvidos para prevenir, melhorar e manter as capacidades cogni-tivas têm sido amplamente divulgados e utilizados por neurologistas, psicólogos, psicopedagogos, terapeutas ocupacionais e profissionais de áreas afins.

Para desenvolver a atenção, memó-ria, visão espacial, linguagem e raciocínio, é preciso exercitá-las com exercícios específicos. Um para cada área, pois o aprendizado depende de estímulos, e o cérebro, embora trabalhe com um sistema de neuroplasticidade cerebral, possui uma especialização funcional ou divisão de tarefas, onde cada área pode ser estimulada diferentemente.

A modificação das sinapses, isto é, das conexões entre neurônios no cére-bro, é a base do aprendizado. Conforme algumas ficam mais fortes e outras mais fracas, a modificação sináptica remodela os circuitos entre neurônios e, com isso, o comportamento. A modificação sináp-tica pode ser observada assim que um novo comportamento é aprendido, por isso é um processo rápido que acontece durante toda a vida.

A ginástica cerebral também pode

evitar os famosos “brancos” na

hora de realizar provas, ajudar a

prevenir doenças degenerativas e organizar o

raciocínio para que o jovem aprenda

mais rápido e com mais facilidade

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Psicoestimulação

O aprendizado depende de prática e motivação, pois é um processo direciona-do pelo uso bem-sucedido. Quanto mais se pratica, mais chances o cérebro tem de reforçar as modificações sinápticas que constituem o que está sendo aprendido. Quanto mais se pratica, mais importância se dá ao aprendizado e, portanto, mais facilmente acontecem as modificações sinápticas do aprendizado.

Os benefícios da psicoestimulação são:• aumento da capacidade de atenção;• aumento da facilidade de memorização;• facilidade em dar respostas mais rápidas;• aumento da capacidade de raciocínio;• aumento da autoestima e da autoconfiança

Algumas terapias estão relacionadas com a Psicoestimulação. São elas:

– Cinesiterapia – melhora a área mo-tora (coordenação, equilíbrio, tônus e potência muscular etc.), com benefícios psicológicos de “combate” ao stress, diminuição da ansiedade e favorecimento do interesse pelo meio envolvente e pelas relações interpessoais (fator de integração social);

– Musicoterapia – ajuda ao estimulo da memória musical e a capacidade de socialização através do uso de instru-mentos musicais simples (ou objetos

sonoros), do seguimento de ritmos com o corpo, da evocação de canções antigas da infância ou da juventude, assim como da expressão através da dança;

– Terapia de Psicomotricidade – per-mite integrar a estimulação cognitiva com os elementos motores, tais como o reconhecimento do esquema corporal, lateralidade, coordenação, sentido de ritmo, além de favorecer a comunicação;

– Ludoterapia – usa o jogo ou a ativi-dade lúdica com fins terapêuticos para favorecer a expressão e elaboração de sentimentos, minimizar o stress e a an-siedade, e potenciar as relações sociais (além de ser muito gratificante).

– Ergoterapia (laborterapia) – de-senvolvimento e execução de atividades manuais, para manter e desenvolver a funcionalidade, a coordenação, a destre-za, a motivação e a concentração. É a criação de um espaço para a expressão dos conflitos internos e a abertura de oportunidades de diferentes expressões artísticas.

Sobre a psicoestimulação em jovensA psicoestimulação em jovens é

muito comum nos dias atuais, principal-mente devido ao mercado competitivo

BIANCA ACAMPORADoutora em Ciências da Educação e Mestre em Cognição e Linguagem. Autora dos livros “Psicopedagogia clínica – o despertar das potencialidades” e “170 técnicas arteterapêuticas”,

em parceria com Beatriz Acampora (Wak Editora).

e aos diversos testes de seleção de pes-soal, psicotécnicos que os indivíduos jovens têm de submeter-se para passar em concursos e conseguir uma vaga no mercado de trabalho.

Estar antenado para a competitivi-dade e com seu cérebro estimulado tem sido o diferencial para uma boa parcela da população que deseja sair na frente e conseguir seu lugar ao sol. São pessoas que fazem exercícios para memória, atenção, leitura, raciocínio lógico e pas-sam o tempo resolvendo problemas, palavras-cruzadas, jogando jogos de tabuleiro ou games eletrônicos que es-timulam e aumentam sua cognição nas diferentes áreas.

Na hora de passar por uma seleção de pessoal ou fazer um concurso público estas pessoas estão mais preparadas e sabem argumentar melhor, têm uma linha de raciocínio mais consistente. •

quanto mais se pratica, mais importância se dá ao aprendizado e, portanto, mais facilmente acontecem as modificações

sinápticas do aprendizado

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Jogos

A criança não nasce agressiva – torna-se agressiva à medida que recebe estímulos sociais

inadequados em relação ao entendimento de suas emoções (Marta Relvas).

Segundo Relvas (2012), as emoções humanas são uma fonte valiosa de infor-mações que ajudam a tomar decisões, estas são o resultado não só da razão, mas também da junção de ambas, associadas a outras competências emocionais que podem levar ao sucesso. O sistema límbico é a unidade responsável pelas emoções e comportamentos sociais, englobando aprendizagem, memória e motivação.

Atitudes como morder, bater, puxar o cabelo do colega, espetar o amigo com lápis, tesoura, maltratar animais, falar mal com as pessoas, inclusive pais e professores.

A emoção envolve muitos tipos de estados, reações e atitudes mentais de-sastrosas nos relacionamentos. O ideal

BRINCADEIRAS E JOgOS

sempre será o diálogo e nunca a agressão com a criança, ou seja, partir para um de-senvolvimento cognitivo do pensamento e da reflexão da criança, a fim de provocar um sentimento de compreensão e educa-ção desse estado primitivo de ser.

Para entender melhor: existem três tipos de modelos emocionais propostos a fim de explicar a base da sensibili-dade emocional, todas moduladas pelo sistema nervoso central e periférico. Veja a seguir:

a- Realimentação visceral ou somática – a reação emocional provoca mudanças corporais. Como por exemplo: Aumento de fluxo de adrenalina podendo demons-trar uma fúria para a luta ou briga.

b- Estimulação cognitiva – é quando o estado cognitivo interage com a es-timulação para produzir emoção. Diante de uma atitude agressiva usar sempre o ato de pensar para evitar um problema mais grave no contexto da sala de aula.

c- Teorias centrais da emoção – são sustentadas por sentimentos ou emoções subjetivas inteiramente da atividade no sistema nervoso central. As emoções acontecem porém são rapidamente avaliadas pelo cérebro. A resposta é que todo o sistema nervoso é envolvido na questão da emoção, tanto nas dimensões biológicas, afetivas e emocionais.

A principal função do professor é a integração de informações sensitivo-sensoriais com o estado psíquico interno, onde é atribuído um conteúdo afetivo. Estar atento às emoções e saber lidar com elas na sala de aula.

Para isso o Professor precisa conhe-cer o diálogo entre o Cérebro Primitivo – Cérebro Intermediário e o Cérebro Intelectual. Somos dotados “didatica-mente” de 5 cérebros, todos apresentam múltiplas eficiências para melhor incluir o sujeito no contexto social. Veja a seguir:

qUE AJUDAM A DIMINUIR A AgRESSIVIDADE E MELHORAR A SOCIALIzAÇãO DO ALUNO COM AS OUTRAS CRIANÇAS

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Cérebro IndividualÉ o órgão que há dentro da caixa

craniana formado por várias estruturas anatômicas e dividido em regiões, como frontal, parietal, temporal, occipital, sen-do responsável pela cognição, memória, tarefas intelectuais, decisões e escolhas.

Cérebro SocialEste depende do cérebro individual

e está representado nas regiões pré-frontal, pois requer atenção e habilidades nas atitudes positivas da personalidade. É o responsável pelas relações com o meio, a cultura, a sociedade e os conflitos.

Cérebro MotorÉ conjugado ao cérebro que nos dá a

possibilidade de sermos eretos e bípedes, mantendo, assim, o tônus ou a rigidez muscular.

Este é representado pelos movimen-tos do corpo, localizando-se na região parietal, sendo o responsável pelas destrezas e pelos refinamentos dessas habilidades.

Cérebro Afetivo-EmocionalFundamental para realização e ma-

nutenção de nossas vidas. São sistemas naturais que organizam as emoções positivas ou negativas, controlando e equilibrando o comportamento humano.

Existe, aqui, a integração de áreas distintas da região cerebral, tais como: o córtex frontal orbital, o córtex cingulado anterior e amígdalas cerebrais.

O córtex frontal tem papel impor-tante no refreamento da explosão impulsiva, enquanto que o córtex cingu-lado anterior ativa outras regiões para responder ao conflito. As amígdalas cere-brais estão envolvidas na produção de uma resposta ao medo e outras emoções negativas.

Cérebro Criativo, Inventivo, genial, Intelectual

Esse é que esperamos e desejamos desenvolver em nossas crianças em sala de aula, ou seja, usar todas as poten-cialidades dos hemisférios para resolver problemas e, por meio dele, expressar melhor os nossos desejos, vontades e sentimentos.

Seguem algumas brincadeiras e jogos que podem ajudar a diminuir a agres-sividade e melhorar a socialização deste aluno com as outras crianças da sala.

1 – MEU CORPO FALAÁreas do cérebro ativadas: córtex cere-

bral, sistema límbico, cerebelo, mesencé-falo, tronco encefálico, diencéfalo.

Objetivo:Representar com a expressão corpo-

ral e facial as indicações das fichas que deverão ser preparadas com colagem de imagens de revistas ou outro material ilustrativo.

Procedimento:Explique as regras que deverão se ex-

pressar sem o uso da oralidade, só o corpo. Ainda sem verbalizar, descobrir,

experimentar e experienciar como é pos-sível dizer com o corpo sem falar. Jogar sem palavras, permitindo que outras par-tes do corpo se expressem, deslocando a atenção da audição, do movimento, do tato e a emoção.

Fale com o grupo:A participação do jogo e a expressão da

fala, somente após o sinal da professora.Faixa etária:Educação infantil até Fundamental 1.

2 – JOGOS DE ESPERAR A VEZObjetivos:Autocontrole, concentração, atenção

e escuta, regras, desafios. Áreas do cérebro estimuladas:Tálamo e hipotálamo, córtex cerebral,

mesencéfalo, sistema límbico, cerebelo, diencéfalo.

Seu mestre mandou;Chicotinho queimado;Mamãe posso ir?;Jogos de tabuleiro.Faixa etária:Educação infantil até Fundamental 1.

3 – BINGO DAS EMOÇÕESÁreas do cérebro ativadas:Córtex cerebral, sistema límbico,

mesencéfalo, tálamo.Objetivos:Resgatar a identidade e reconhecer

as emoções;

Procedimento:Colocar carinhas que demonstrem

as emoções em uma ficha de cartolina, onde o aluno deverá riscar, colocar uma tampinha ou algo que marque (de acordo com seu comprometimento).

Pode solicitar para que ele diga como está se sentindo naquele momento e como ele percebe a emoção do colega na sala de aula.

Faixa etária:Fundamental 1.

4 – IMAGENS E HISTÓRIASÁreas do cérebro ativadas:Sistema límbico, córtex cerebral, me-

sencéfalo, tronco encefálico, tálamo, cerebelo.

Objetivo:Criar uma história em grupo, utili-

zando apenas imagens.Ler as imagens organizadas pelos

outros grupos, contar as histórias das imagens para a turma, o mais próximo possível da intenção do grupo que a criou.

Procedimento:Explique as regras.Os participantes não podem contar a

história para os outros grupos antes que estes tentem contá-la lendo as imagens. O grupo deve ficar em silêncio enquanto os outros componentes leem as imagens.

Depois, todos os grupos comentarão suas histórias e as demais.

Faixa etária:Educação infantil e Fundamental 1. •

MARTA RELVASNeurobióloga da Aprendizagem Cognitiva e Emocional. Entre os livros lançados está “Fundamentos Biológicos da Educação” e “Neurociência e os Transtornos da Aprendizagem”, publicados pela Wak

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Psicomotricidade

O corpo leva a intenção. Inten-ções informadas pela mente, reconhecidas pelo cérebro,

que leva a interação com o mundo, através dos sentidos e manifesta-se uti-lizando o corpo como um instrumento. A corporeidade se evolui por etapas, conforme o crescimento cronológico. Por isso a importância das vivências. É através delas que cada sujeito torna-se experiente, habilidoso, sendo determi-nante para a estruturação neuropsico-motora. O treinamento corporal é um facilitador para a qualidade da corpo-reidade. Corporeidade é levar a sentir, pensar e agir, levando a transformação do sujeito diante daquilo que vivencia e aprende. Aprender de corpo inteiro leva o sujeito a se construir, a ter desejos e trabalhar seu processo criativo. Corporei-dade é a essência dos corpos, é utilizar os espaços e levar ao movimento. O que facilita sua motivação para realizações. O aluno motivado demonstra, através de suas ações motrizes e psíquicas, a afetividade, seus sentimentos. As par-tes motriz, referente ao movimento e psíquica, determinante nas atividades sócio-afetiva e cognitiva, constituem o processo de desenvolvimento integral da criança.

A ação psicomotora será trabalhada através de dois conceitos básicos para que a criança desenvolva de forma mais plena. Esses conceitos precisam atuar para mostrar a funcionalidade do corpo em movimento, dando a criança a opor-tunidade de conhecer a melhor forma de utilizá-lo. Dando harmonia a cada movimento e, dessa forma, facilitar a apreensão de cada funcionalidade como o esquema corporal, a lateralidade, a ori-entação e estruturação espaço temporal, o ritmo, a postura, a percepção, a coorde-nação, o tônus, o equilíbrio, a respiração, o relaxamento. O outro conceito é o relacional, que leva a criança a se utilizar através do próprio em busca de uma afe-tividade ou não, consigo e com o outro.

A PSICOMOTRICIDADE E A MOTIVAÇãO DO ALUNO ATRAVÉS DO

CORPO EM AÇãO BUSCANDO A EMOÇãO

Aprender a dialogar com o seu corpo e entender o diálogo corporal do outro. Os conceitos relacionais facilitam a relação entre esses corpos e facilitarão a apren-dizagem e a apreensão da expressão, da comunicação, do limite, da agressivi-dade, da afetividade e da corporeidade. Segundo Oliveira (2011): O corpo é uma forma de expressão da individualidade. A criança percebe-se e percebe as coisas que a cercam em função de seu próprio corpo. Isto significa que, conhecendo-o, terá maior habilidade para se diferen-ciar, para sentir diferenças. Ela passa a distingui-lo em relação aos objetos circundantes, observando-os, manejan-do-os. As possibilidades de convivência e partilhas levam ao crescimento nas dimensões afetiva, motora e intelectual de cada criança. Por isso a necessidade de entender como a criança internaliza o conhecimento e, assim, desenvolve suas funções intelectuais superiores.

A psicomotricidade auxilia a criança na sua capacidade de locomoção de forma mais autônoma e está relacio-nada com a maturação neurológica, per-mitindo movimentos mais complexos, o crescimento e o domínio corporal, que permitirão maior possibilidade, disponibilidade para realizar atividades motoras. Os movimentos aprendidos e apreendidos permitirão a criança construir instrumentos interiores, pri-meiro de modo inconsciente e depois conscientemente. É fundamental que todos saibam que esta fase é a fase mais decisiva da vida de toda criança porque a fará agir, apreender, descobrir, inventar, criar, perguntar, resistir, refazer, dominar, aprender, retrucar e socializar-se com o mundo que a cerca e o mundo externo. Isso é crescimento, aprendizagem e desenvolvimento de forma mais abran-gente e eficiente. A psicomotricidade não deseja ser exclusiva nem pretende solucionar todos os problemas surgidos e os que podem surgir. Ela necessita da evolução cognitiva, intelectiva, expres-

siva e motora. Existe um simbolismo com a intervenção e a mediação dos gestos, a importância do diálogo tônico, das habilidades motoras, das posturas por meio dos movimentos, a comunicação mediante a fala por meio das palavras que ajudam e são capazes de modificar toda uma conduta.

Pensando socialmente, o desen -volvimento humano é construído por instrumentos e signos, que servem de mediação na relação da criança com o

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mundo, através das trocas, de interação e mediação, considerando as estruturas biológicas. A aprendizagem, que está presente na vida da criança desde o nas-cimento faz, com que ela adquira infor-mações, habilidades, atitudes, valores, a partir de seu contato com a realidade, o meio ambiente e as outras pessoas.

Cada movimento realizado através dos padrões motores, a criança articula a afetividade, desejos e suas possibilidades de comunicação, levando-a ao entendi-

mento de distintos e variados campos, que norteiam sua aprendizagem. É importante salientar que a psicomotri-cidade, uma ação do sistema nervoso central, cria uma consciência sobre os movimentos, não está apenas vinculada a correções débeis, ela também deve ser utilizada como ajuda na formação da criança. Importante na educação infantil, sobretudo na primeira infância, já que a criança busca experiências em seu próprio corpo, formando conceitos

e organizando o esquema corporal. Cada movimento deve motivar a criança e proporcionar uma capacidade sensorial através das relações entre o corpo dela com o outro ou com os objetos que a rodeiam, fortalecer a percepção através do conhecimento de cada movimento e compreender porque da resposta cor-poral fornecida por aquele movimento. Os sinais, os símbolos, a utilização de objetos reais e imaginários, fazem a criança organizar, descobrir e expres-sar suas capacidades representativa e expressiva e, dessa forma, facilitar a ampliação e a valorizar sua identidade e a autoestima, criando segurança e consciência do seu espaço e do outro, identificando-se como um ser valioso. A psicomotricidade desenvolve a motri-cidade através de atividades onde são utilizados os elementos básicos, como o esquema corporal, lateralidade, orien-tação temporal, estruturação espacial, ritmo, postura, tônus, os quais levam a criança a reconhecer e dominar seu próprio corpo, constituindo o seu de-senvolvimento global e uniforme para facilitar a aprendizagem, as noções de tempo e espaço, conceitos, ideias e, se o desenvolvimento psicomotor da criança for mal constituído, acarretará prejuízos na aprendizagem através da escrita, leitura, direção gráfica, no pensamento abstrato e lógico, entre outras.

A escola tem e pode ter um papel fundamental neste processo principal-mente quando a educação psicomotora for trabalhada nas séries iniciais, como mencionei acima. Não se pode negar que a psicomotricidade levará a criança a com-preender e se conscientizar de cada ação construída em função de um objetivo. A escola também tem que estar ciente de que a criança precisa passar por todas as etapas do desenvolvimento, as quais irão transformar cada movimento num comportamento significante, base indis-pensável para seu desenvolvimento motor,

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A escola também tem que estar

ciente de que a criança precisa

passar por todas as etapas do

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afetivo e cognitivo. Os jogos, as atividades lúdicas podem ser utilizadas para oportu-nizar a criança desenvolver suas aptidões perceptivas. Seria interessante que todos os educadores tivessem como alicerce para as suas atividades a psicomotricidade. Dessa forma a jornada acadêmica poderia ser através de atividades psicomotoras para serem trabalhadas as habilidades de cada criança. Tais como:

• Atividades para esquema corporal: (mímica, escultura, desenhar, pintar ou montar partes do corpo).

• Atividades de coordenação motora global: (andar, rolar, engatinhar, relaxar, correr, chutar bolas).

• Atividades de coordenação motora fina: (modelar, rasgar, amassar, recortar, colar, pintar).

• Atividades de orientação temporal e espacial: (atividades rítmicas, andar de olhos fechados, arremessar e quicar bo-las, andar sobre linhas em várias direções, andar entre objetos).

O corpo em movimento leva ao desenvolvimento das funções mentais e sociais, facilitando a liberdade de realizar experiências com o corpo e assim aprender a construir de forma significante a relação, a comunicação e a aprendizagem. Um meio que pode ajudar bastante é o lúdico. O ideal seria

ambientes lúdicos constituindo um facilitador da vivência corporal para motivar a criança favorecendo sua inte-gração e socialização e desenvolvendo suas capacidades psíquicas e motoras. A ludicidade é indispensável para levar a criança se tornar ativa, dinâmica, sig-nificativa, motivante, construtora e, na educação Infantil, a psicomotricidade deve ser trabalhada constantemente, pois é o momento adequado para o de-senvolvimento psicomotor. O brincar, na perspectiva psicomotora na educação infantil, contribui na formação corporal, afetiva e cognitiva e torna mais atrativo e eficiente o processo ensino-aprendiza-gem, provocando e desencadeando a realização de determinadas atividades. Para Almada (1999, p.10) “as atividades lúdicas são indispensáveis para a apre-ensão dos conhecimentos artísticos e estéticos, pois possibilitam o desen-volvimento da percepção, da imagina-ção, da fantasia e dos sentimentos”. O movimento ajuda a criança a adquirir conhecimento do mundo que a rodeia através do seu corpo, das percepções e sensações. Sem dúvida nenhuma este conhecimento estará ligado aos aspec-tos, social, afetivo, motor, cognitivo, dando condições para se desenvolver no próprio ambiente. O lúdico direcio-

FÁTIMA ALVESMestre em Ensino de Ciências da Saúde e do Ambiente. Autora do livro “Psicomotricidade: corpo, ação e emoção” publicados pela Wak.

nado num contexto de jogos motores é uma maneira interessante para levar a criança expressar a sua individualidade, reconhecer-se, perceber as coisas que a cerca. O que podemos entender que a ludicidade é um instrumento educativo imprescindível para a aprendizagem infantil. Uma das principais compreen-sões que a criança tem através da psico-motricidade é a forma como a criança toma consciência do seu próprio corpo e das possibilidades de se expressar por meio dele, ajudando na localização desse corpo num tempo e num espaço. É fundamental compreendermos que cada criança é uma criança e todas elas deverão passar por todas as etapas do desenvolvimento necessárias para o aper feiçoamento de cada gesto, movimento que irão permitir aquisições significativas a nível motor, afetivo e cognitivo. O trabalho com a psicomotri-cidade favorece a criação de uma base psicomotora sólida dando suporte a ou-tras aprendizagens mais complexas. •

Psicomotricidade

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O brincar na perspectiva

psicomotora na educação infantil,

contribui na formação corporal, afetiva e

cognitiva e torna mais atrativo e eficiente o processo ensino-

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Aprendizagem

O professor, e suas concepções de educação e de mundo, é que podem fazer a diferença

no processo ensino aprendizagem, uma vez que oportuniza seu aluno a aprender a ler o mundo e a valorizar sua própria história. É de grande importância que o professor, no exercício de sua pro-fissão, perceba-se como aquele que irá contribuir na construção da noção de identidade, através do estabelecimento de relações entre identidades individuais, sociais e análise crítica de uma memória que é transmitida ao seu aluno.

Compreender esse processo é im-prescindível para a transformação da realidade em que vivemos, é fazer seu aluno escrever sua própria história, produzir uma cultura e se perceber en-quanto sujeito histórico, para assim ter possibilidade de ser um cidadão crítico e consciente de seus direitos e deveres, percebendo que o mundo pode ser mudado, transformado, reinventado, vivido.

Vivenciamos atualmente diversos desafios, transformações sociais, cultu-rais, econômicas e tecnológicas, estas inseridas no contexto socializador para as novas gerações e tornando necessário às escolas apresentarem propostas cur-

riculares e algumas produções didáticas que considerem todo esse contexto de complexidade, valorizando práti-cas educativas da história do cotidi-ano, da história local, costumes, lendas, tradições, memórias e vivências no cotidi-ano escolar. É desafiador!

Atualmente, é impor tante uma educação que esteja intrínseca com a história de seus alunos, suas histórias de vida e local, independente da área do professor. Assim o professor exercerá seu papel social, sendo mediador de con-flitos, desafios, lutas por esses alunos. Por exemplo, a educação da atualidade exige maior sensibilidade e perspectivas das escolas para refletirem mais sobre o patrimônio cultural de sua cidade, esta-belecendo, assim, relações com o sentido que a comunidade atribui a tais bens, oportunizando o exercício da cidadania entre os alunos.

É importante ressaltar que a cultura se traduz em experiências escolares, nesse contexto de troca de experiên-cias, vivências e saberes, enfatizando a história do cotidiano, a história local, costumes, lendas, tradições e memórias, que implicam relações culturais, que constroem e desconstroem, resgatando as raízes culturais.

Nessa perspectiva, entende-se que o aluno de posse desse saber, poderá vir a ter condições de contribuir na cons-trução de uma sociedade menos exclu-dente, assumindo um papel, sobretudo político. Segundo Gadotti (1998), “todo saber traz consigo sua própria supera-ção”, assim a prática metodológica, que insere educação e cultura, necessita de uma base conceitual que respalde e sus-tente tais metodologias, oportunizando problematizar a identidade regional/histórica dos alunos, o que eles desejam conservar e transformar em sua história, pensar e transformar, exercer sua plena cidadania, a discernir limites e possibili-dades em sua atuação e transformação da realidade histórica a qual pertence; posi-cionando ativamente nas transformações da sociedade e na construção de um saber pedagógico pautado na qualidade, na construção histórica e cultural vivenciada.

Permitindo assim a construção de uma história plural, sem qualquer tipo de preconceito, na qual os excluídos passam a ter voz e assumam o papel de cidadãos críticos, intervindo de forma consciente enquanto seres que fazem história e per-tencem a uma época e espaços próprios.

Esta prática metodológica, que insere educação e cultura, favorece a

Conhecer para transformar, refletindo o papel socialdo professor

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leitura mais atenta ao mundo em que estamos inseridos, abre oportunidade de problematizar a identidade regional/histórica dos alunos, o que eles desejam conservar e transformar em sua história, ser um agente ativo na sociedade, um sujeito capaz de pensar e transformar, exercer sua plena cidadania, a discernir limites e possibilidades em sua atuação e transformação da realidade histórica na qual está inserido.

Permitir o desenvolvimento dos alu-nos a partir de suas habilidades, como: l inguagem, escr ita, interpretação, expressão, criticidade, comunicação, criatividade, autonomia, oportunizando a formação e transformação, mediar o contato dele com a sua história, sua identidade regional, para assim estimu-lá-lo a conhecer, ter curiosidade sobre o lugar em que vive. Isso pode ser media-do com leituras de livros que resgatem as lendas, tradições e costumes de sua região. Enfatizar e incentivar leituras de autores nacionais e locais, contribuindo para um conhecimento complexo de sua história.

Esta prática educativa é importante e necessária nos dias atuais, pois nos en-contramos inseridos a novas tecnologias e ao uso das mesmas no cotidiano escolar

e social, que muitas vezes acarretam afastamento de nossa cultura para dar lugar a uma cultura global, descaracteri-zando as culturas locais e suas imagens, símbolos, oralidade, escrita, em função do mundo virtual; nos fazendo nulos di-ante de nossa história, perdendo o papel de protagonistas de nossa vida.

A sociedade do século XXI é cada vez mais caracterizada pelo uso intensivo do conhecimento, seja para trabalhar, conviver ou exercer a cidadania, seja para cuidar do ambiente em que se vive.

Assim, a educação precisa estar a serviço do desenvolvimento, que coincide com a construção da identidade, da autonomia e da liberdade. Ser professor não pode limitar-se apenas a transmitir o saber, é, também, facilitar e orientar a apren-dizagem, despertando o interesse dos alunos na interação entre os problemas, os conhecimentos e as experiências.

Segundo Freire, o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas. (1996, p. 96)

Dentro desta perspectiva, os PCNs podem contribuir por uma ducação de-safiadora e crítica, desde que, desenvolva no aluno sua “sensibilidade, percepção e imaginação, tanto ao realizar formas artísticas quanto na ação de apreciar e conhecer as formas produzidas por ele e pelos colegas, pela natureza e nas dife-rentes culturas” (p.19). Conhecimentos que propiciam a leitura de mundo numa dimensão poética, que envolvem a cria-ção artística, a comunicação, a percepção

É importante ressaltar que a

cultura se traduz em experiências escolares, nesse

contexto de troca de experiências,

vivências e saberes

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estética, a fruição, o “exercício do pensa-mento, da intuição, da sensibilidade e da imaginação” (p.40).

Desse modo, verifica-se que a Nova Lei de Diretrizes e Bases (LDB) de 1996, como os Parâmetros Curriculares Nacio-nais (PCNs) de 1997, enfatizam a ideia de diversidade cultural, múltiplos olhares sobre a cultura e a história do patrimônio material e imaterial do Brasil. Nos per-mitindo, como professores ampliar estes temas, incorporando leituras críticas de textos em sala de aulas, resgates de lendas e tradições regionais, pesquisas de fontes históricas, estudo de textos literários, possibilitar discussões a res-peito da diversidade cultural, narrativas cotidianas.

Conhecer para transformar, é pos-sibilitar pensar o novo, reinventar o pen-sar; eternizar vivências, que permitam a formação de cidadãos com novos olhares e percepção do outro e de si mesmo. É a necessidade de dialogar, quebrar paradigmas, buscar novas verdades e reflexões sobre o mundo o qual vivemos e suas contradições.

Criar metodologias que ofereçam ao aluno a possibilidade de conhecer o lugar

em que vive, as culturas produzidas e sua relação com as mesmas. Possibilitando a Escola se tornar um importante local gerador de debates e pensamento crítico sobre os efeitos da mídia, valorizando o ser social e local, enfim regional, inserido no contexto global.

Do ponto de vista metodológico e didático, cognitivo e ideológico, os pro-fessores podem aplicar o termo cultura, a história do cotidiano, a história local, costumes, lendas, tradições, memórias e vivências; a partir de projetos interdisci-plinares que valorizem a cultura em cada contexto específico. Nessa perspectiva, Educação e Cultura estão atreladas à criti-cidade dos acontecimentos vivenciados pelos alunos nos diversos grupos sociais aos quais pertencem.

O aluno precisa de estímulos e cabe ao professor desenvolver esse interesse, mostrar para ele, que fazem parte dessa história e que podem e devem se posicio-nar ativamente nas transformações da sociedade. Conhecer para transformar. Além disso, oportunizar provocações e estímulos para a construção de um saber pedagógico pautado na qualidade, resultante de toda uma construção

SIMONE DA SILVA VIANAPesquisadora e professora da Universidade Estácio de Sá, Professora de Ensino Médio no Colégio Estadual Dr. Barros Barreto e Externato Campista, em Campos dos Goytacazes.

REFERêNCIA BIBLIOgRÁFICA:

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Brasília, DF: Senado, 1996.

_______Parâmetros curriculares nacionais: arte/ Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. São Paulo: Paz e Terra, 1996.

gADOTTI, Moacir (1998): Pedagogia da práxis, 2.ª ed., São Paulo, Cortez.

histórica e cultural vivenciada pelos alunos. Valorizando assim suas raízes e história, estaremos com certeza exer-cendo nosso papel social, diante da educação atual, muitas vezes avessas ao seu papel crítico social! •

Aprendizagem

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O aluno precisa de estímulos e cabe ao professor desenvolver esse interesse

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Mídias Digitais

R apidez, informalidade e excesso de conteúdo na troca de men-sagens podem causar ruídos na

comunicação pelo aplicativo.De acordo com a quarta edição da

pesquisa “Escola Digital Segura”1, elab-orada pelo Instituto iStart, os conflitos, ofensas e desentendimentos nos grupos do WhatsApp são as ocorrências digitais mais comuns nas escolas do país. O estudo mostra que ao menos 77,7% dos incidentes nas instituições de ensino en-volvem conflitos nos grupos criados para se comunicar pelo aplicativo, seja entre os alunos, ou entre pais e responsáveis.

No contexto educacional, essa práti-ca de criar grupos como forma de incenti-var a interação e agilizar tarefas da rotina escolar ou social das crianças tornou-se muito comum, até pela facilidade e popu-laridade do aplicativo. Vale destacar que o Brasil é o segundo país com maior uso do WhatsApp, atrás apenas da África do Sul, segundo relatório divulgado pela MEF (Mobile Ecosystem Forum)2. Esse uso regular do comunicador instantâneo como canal de comunicação nas escolas trouxe uma nova dinâmica nas relações que exige cautela e atenção, já que tudo que é escrito no aplicativo está docu-mentado, podendo ser considerado uma prova jurídica.

Podemos citar o exemplo que aconte-ceu em um grupo de alunos no WhatsApp, onde cinco estudantes escreveram ofensas contra 12 meninas integrantes da mesma sala. Diziam “que nem sabiam por que elas estudavam, já que acabariam como donas de casa”. O pai de uma delas registrou um boletim de ocorrência e, por serem menores, os rapazes receberam penas socioeducativas: tiveram de apagar as mensagens, pedir desculpas e apresentar palestras na escola sobre diversidade de gênero.

Não só os alunos, como educadores e as famílias devem ter em mente que o WhatsApp é um canal de troca de men-sagens onde uma vez enviado, não tem volta. Assim como em outras situações, o conteúdo digital não tem controle. Outras pessoas que estão presentes em grupos podem reproduzir informações

Os cuidados nas relações digitais por WhatsApp

sigilosas ou comprometedoras, constran-gendo ainda mais os menores envolvidos em incidentes digitais, como vazamentos de dados ou de imagens íntimas. É a pro-liferação da fofoca digital, aquele papo de corredor ou da porta do colégio que agora fica salvo no celular.

Do ponto de vista legal, é preciso evitar exposição, constrangimento ou intimidação das pessoas. Todos os participantes podem ser envolvidos na responsabilidade por danos praticados pelo grupo, não apenas quem fez (res-ponsabilidade por ação), mas quem nada fez nem se manifestou contrário (respon-sabilidade por omissão). Portanto, se não concordar com algo, se manifeste, porque o silêncio é conivência.

Vale lembrar que o Estatuto da Criança e do Adolescente explicita a necessidade de salvaguardar a criança, portanto, privá-la de situações vexatórias. Ou seja, não se deve expor jamais um menor. Manter a privacidade dos assuntos, dos alunos e seus familiares continua sendo o melhor caminho para tratar dos desafios que surgem na educação das crianças e jovens.

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente:

Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do ado-lescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.

Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexa-tório ou constrangedor.

Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou violação dos direitos da criança e do adolescente.

A tecnologia pode ser aliada quando utilizada de maneira ética e segura, por meio da orientação adequada quanto aos riscos e ameaças no ambiente digital. Qualquer uso de recurso tecnológico nas instituições de ensino tem que estar as-sociado a uma finalidade educativa, para estimular a aprendizagem. A utilização indevida pode gerar desde dispersão

do aluno até a ocorrência de outros incidentes como exposição demasiada de intimidade.

Canais como o WhatsApp devem ser utilizados pelos pais e educadores pensando na proteção das crianças e adolescentes, com troca de dicas e de aprendizados, e não para expor os menores de idades. É fazer prevalecer o princípio da cautela, lembrando que a

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internet é a rua da era digital e que nela estamos expostos a diversas situações incertas e até perigosas.

Cuidado redobrado pelas escolasA última pesquisa do Cetic3 mostra

que 52% das instituições de educação básica utilizam celular em atividades escolares. Com tamanha a frequência no uso dos dispositivos digitais na sala

de aula, as instituições de ensino devem estar preparadas para fazer um trabalho preventivo com o corpo docente, com pais e alunos sobre como a tecnologia pode ser aliada quando utilizada de ma-neira ética e segura, além da orientação adequada quanto aos riscos e ameaças no ambiente digital. Para isso, as institu-ições devem estar blindadas legalmente, começando pela definição de regras de

uso interno da internet, documentadas e divulgadas para a comunidade escolar. Um contrato de matrícula bem redigido pode ser um dos melhores instrumentos.

Ou seja, a escola precisa estipular regras claras para os professores sobre o uso de redes sociais (se pode adicionar aluno e se o canal pode ser utilizado para tirar dúvidas) e sobre o uso de WhatsApp (se os alunos e/ou os pais podem entrar em contato com o educador direta-mente). Não é recomendável que o pro-fessor utilize seu WhatsApp pessoal para realizar atendimentos de pais e alunos, principalmente a qualquer horário do dia, da noite ou de fim de semana. É indicado que essa comunicação seja realizada em canais oficiais e no horário definido pela Instituição, seguindo o procedimento estabelecido pelo próprio colégio. Não é algo que cada funcionário ou educador possa fazer do seu jeito e a qualquer horário, até porque esses diálogos devem ser documentados pela escola como registros de atendimento.

Ações judiciais que envolvem profes-sores, alunos e pais de alunos estão se tornando frequentes para a resolução de problemas corriqueiros de sala de aula. Os processos relacionados ao assunto que chegam nos tribunais especiais (de pequenas causas) vêm se tornando uma alternativa principalmente de professo-res, que se amparam na lei para garantir autoridade e respeito dos estudantes.

Em março deste ano, por exemplo, o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) determinou que uma mãe de aluno deveria indenizar a diretora da escola por difamação. Em fevereiro, o mesmo tribunal proferiu sentença em que deter-minou que um aluno deveria que pagar R$ 10 mil de indenização a um professor por ofensas publicadas no Facebook.

Não são poucos os casos de educa-dores e responsáveis que confundem as mensagens trocadas pelo aplicativo com as conversas de porta de escola, com-partilhando nas mídias sociais detalhes de incidentes, aumentando ainda mais o mal-estar de estudantes vítimas de vaza-mento de dados ou de imagens íntimas, por exemplo. Por envolver menores de idade, o meio de comunicação deve ser sempre o mais reservado possível para preservar as crianças e os adolescentes, que têm seu direito de proteção garan-tido pela Constituição.

Diagnóstico preliminar de incidentes no WhatsApp

• Como o caso chegou ao conheci-mento da escola?

• Quais são as partes envolvidas (alunos, professores, pais etc.)?

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• A escola tem acesso ao dispositivo em que deu origem à ofensa?

• O incidente já é de conhecimento dos veículos de notícia?

Aos professores cabe separar a relação institucional da pessoal com os alunos, já que como integrante da comunidade esco-lar, tem responsabilidade e deve contribuir com a educação digital, estimulando uma postura adequada nas mídias sociais. A escola, seus docentes e colaboradores têm o dever de respeitar as leis e os Termos de Uso dos serviços online e de lidar com os casos com imparcialidade e discrição. Caso a interação envolver o uso de recursos que exijam idade mínima maior do que a faixa etária dos estudantes, é necessário autorização do responsável legal ou então supervisão de um adulto que o substitua o dever da vigilância parental. No caso do WhatsApp é preciso ter pelo menos 13 anos para usar os serviços.

Tanto nos grupos de alunos, de pais ou de professores, as fofocas digitais ganham proporções gigantescas em um curto intervalo, o que não significa que as escolas estão cientes dos acontecimen-tos. Ou seja, não é porque uma mãe que também é professora no colégio do filho ficou sabendo de um incidente por meio

de um grupo de pais que automatica-mente a instituição de ensino já tem ciên-cia sobre o ocorrido. Nesses casos, além da recomendação por sempre recorrer ao canal oficial de denúncia, indicamos que outro responsável legal integre as conversas, para que não haja esse tipo de confusão institucional.

É uma mudança de cultura, onde tudo está registrado (documentado) e exige uma nova educação e regras mais claras de conduta no uso das novas tecnologias (referência institucionalizada da conduta esperada – o que é certo e errado).

Cuidados nos grupos de WhatsApp1. Usar o WhatsApp para proteção e

não exposição.2. Aplicar o princípio da maior cautela

quando envolve menor de idade.3. Informação de criança e adoles-

cente exige discrição.4. Buscar dialogar sobre os filhos

em canais reservados e privados e não públicos e coletivos.

5. Conteúdo digital depois de com-partilhado não tem devolução.

6. Pensar sempre antes de publicar a foto ou o vídeo da criança ou do ado-lescente.

7. Os filhos imitam o exemplo dos pais, buscar sempre usar linguagem apropriada, educada, evitar ofensas e termos preconceituosos, pejorativos ou discriminatórios.

8. Ler sempre os termos de uso dos recursos antes de deixar os filhos usarem.

9. Respeitar as idades mínimas indica-das pelos próprios recursos.

10. Internet é a rua da era digital, então tem que ficar de olho, tem que supervisionar e vigiar os filhos na web.

11. Quem cala consente, em um grupo de WhatsApp se alguém passar do ponto e praticar um ilícito todos os integrantes do grupo podem ser responsabilizados por cumplicidade, conluio, omissão ou negligência. Por isso, se não concordar com algo, se manifeste, pois o silêncio é conivência.

12. Tudo que é compartilhado em meio digital deixa rastro e gera prova com testemunha máquina, deve-se ler sempre duas vezes antes de publicar.

13. Promover a inclusão digital e social e ensinar a usar os recursos tecnológicos de forma ética, segura, saudável e legal.

14. O WhatsApp é uma ferramenta para auxiliar a família, mas não substitui um abraço! •

PATRICIA PECk PINHEIROPresidente do Instituto iStart, advogada especialistas em Direito Digital, com atuação no segmento escolar há 15 anos, sócia da empresa de consultoria educacional e capacitação Peck

Sleiman. (www.pecksleiman.com.br)

CRISTINA SLEIMANDiretora pedagógica do iStart, advogada especialistas em Direito Digital, com atuação no segmento escolar há 15 anos, sócia da empresa de consultoria educacional e capacitação Peck

Sleiman. (www.pecksleiman.com.br)

NOTAS1 - www.familiamaissegura.com.br/wp-content/uploads/2017/10/IST_PesquisaEscolaDigitalSegura_10102017.pdf2 - https://mobileecosystemforum.com/mobile-messaging-report-2016/3 - http://cetic.br/noticia/cetic-br-pesquisa-o-uso-de-celular-por-alunos-para-a-realizacao-de-atividades-escolares/

Tanto nos grupos de alunos, de pais

ou de professores, as fofocas digitais

ganham proporções gigantescas em um

curto intervalo, o que não significa

que as escolas estão cientes dos

acontecimentos

Mídias Digitaisfr

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k.co

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Metodologia

O acesso e a democratização da internet provocaram uma transformação geral na ma-

neira como nos relacionamos com tudo e com todos. Ela deixou a informação em um patamar muito mais próximo do indivíduo, que além de poder consumi-la em poucos cliques também ganhou voz e canais para compartilhar, discutir, de-bater e argumentar assuntos com muito mais propriedade e fontes de referência. Isso alterou a forma como interagimos com o mundo, com os aspectos políticos, com a economia, com as causas sociais e, claro, com o modo de aprender.

Depois de tantos anos fazendo tudo da mesma forma (e colhendo os mesmos resultados), parte das instituições des-pertou para a necessidade de fazer dife-rente e buscar formatos de aprendizado que gerem impactos positivos diferentes nos alunos, assim como nos professores também. Elas já entenderam que no sé-culo XXI o modelo que prioriza a memo-rização (seja de informações, de dados ou datas) literalmente faliu! Para saber por quantas e quais partes uma flor é com-posta, basta um enter nos sites de busca. A concorrência é gigante. O foco agora tem a mesma lógica dos sistemas de computação, como Business Intelligence e Big Data. Mais do que ter informação, é

Metodologias ativas de aprendizagem:qual o papel e a importância no

processo de aprendizado?

preciso saber como interpretá-la, como conectar as informações em função de um objetivo previamente estabelecido. A discussão da sala de aula passa a ser, por exemplo, como resolver o problema da convivência urbana com a flora nativa, como prevenir sua destruição por fa-tores predatórios ou ainda como utilizar elementos da flora brasileira em prol do seu crescimento econômico de maneira sustentável, trazendo desenvolvimento humano e protegendo, ao mesmo tempo, o ecossistema.

E é por meio das metodologias ativas de aprendizagem que esse desafio é trabalhado diariamente e que as orga-nizações educacionais podem evoluir.

Se nos questionarmos como os estu-dantes aprendem, uma série de estudos pode ser usado como resposta. Mas, de forma geral, todos concordam que existe um processo lógico. Uma referência no tema é o psiquiatra americano William Glasser, que explica o aprendizado da seguinte forma: 10% a partir da leitura, 20% da escrita, 50% da observação e do exercício de escutar o outro, 70% ao discutir os temas, 80% praticando e 95% ensinando.

Percebe que isso vai diretamente no caminho oposto aos chamados “mé-todos tradicionais” de ensino? Neles, o

Se nos questionarmos como os estudantes aprendem, uma série de estudos pode ser usado

como resposta. Mas, de forma geral, todos concordam que existe um processo lógico

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docente é o protagonista ao ser a voz principal que conduz a matéria até o aluno e o trabalho acontece com base nos materiais didáticos, nos trabalhos e nas avaliações.

Nós somos, por natureza, seres curio-sos. Ainda na infância damos início a uma série de questionamentos que se iniciam com “por que”. Entretanto, quando entramos na idade escolar passamos a ser desencorajados, mesmo que incons-cientemente, a estimular a curiosidade (e, consequentemente, o faro para a inovação, para fazer algo de forma dife-rente) ao não ser colocados no centro do processo. Agora, retornemos à teoria de Glasser. Você vê a ligação entre tudo? Os alunos aprendem a partir de atividades práticas, de mão na massa, de estímulo. Aspectos justamente trabalhados na metodologia ativa de aprendizado.

Nela, o aluno é o personagem prin-cipal da história e o grande responsável pelo processo de aprendizado. Ele pos-sui mais autonomia para escrever sua própria trajetória ao desenvolver a ca-pacidade de absorção e de participação no conteúdo.

Mas, e então, como adotar isso na prática? Há uma série de formatos que podem ser combinados e inseridos no dia a dia da sala de aula, como:

• Estudo de caso, em que a partir de relatos de situações reais, ou que podem ser reais no universo em que os alunos vivem, eles precisam entender a problemática, explorar os aspectos relacionados e direcionar sua própria aprendizagem para buscar soluções ou proposições em torno do tema;

• Aprendizagem baseada em pro-jetos ou problemas, em que a partir de um contexto inicial comum a todos, cada estudante precisa explorar o contexto e possíveis soluções que serão avaliadas e terão um feedback do docente. O conhe-cimento acontece de forma colaborativa;

• Trabalho em pares ou times, para que o compartilhamento de ideias dê origem a discussões, noção de argumen-tação e divergências que contribuirão na construção do pensamento crítico;

• Sala de aula invertida, cuja proposta é que cada indivíduo acesse conteúdos virtuais previamente para que o tempo em classe seja otimizado em torno das dúvidas, das reflexões e da participa-ção de todos em torno da discussão da temática de forma aplicada a situações cotidianas.

Essa inversão de lógica tem um im-pacto claro em toda a cadeia acadêmica. Os alunos adquirem maior autonomia e segurança, passam a enxergar o apren-dizado como algo natural, melhoram a

aptidão para resolver problemas e tam-bém para refletir, criticar e analisar as ocasiões em que tiverem inseridos, assim como tornam-se profissionais mais quali-ficados e valorizados em um mundo que pede por indivíduos que saibam interagir positivamente com outras pessoas, ouvir e lidar com conflitos e frustração, saber se relacionar com autoridade, enfrentar a competição, se comunicar eficaz-mente em língua materna e em língua estrangeira, conviver com a mudança e ter humildade para sempre aprender o que não sabe.

Já as instituições ganham em termos de imagem e reconhecimento no mer-cado ao melhorar o índice de satisfação dos alunos e dos pais, de percepção da

contribuição ativa para a sua formação, além do aumento da atração, captação e retenção de alunos.

Ou seja, a aplicação das metodologias ativas de aprendizagem precisam, com urgência, ser encaradas como um agente de mudança da educação brasileira, as-sim como um fator de diferencial com-petitivo, ainda mais diante do cenário em que vivemos, com a chegada de escolas internacionais que usam justamente essa estrutura como atrativo aos pais.

E, para que ela seja eficiente, é pre-ciso investir primeiro no desenvolvimen-to dos docentes, que precisam ter suas práticas e ferramentas aprimoradas para aplicar todo o potencial do formato em prática. •

ADRIANA L. ALBERTALDiretora da Seven Educacional, área da Seven Idiomas que implanta programas bilíngues certificados por Cambridge English em colégios e universidades e enfoca a capacitação e desenvolvimento de professores em metodologias ativas e estratégias didáticas diversificadas como caminho para desenvolver as habilidades e competências que os alunos precisam para tornarem-se cidadãos globais e alcançar resultados de aprendizagem comprovados por exames internacionais.

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Desenvolva trabalho em pares ou times, para que o compartilhamento

de ideias dê origem a discussões

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Preconceito

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D ia 09 de maio o Portal G1 publicou uma matéria que tocou profun-damente os educadores que

combatem a discriminação e o preconceito na sala de aula através da promoção de relações respeitosas e garantia do direito a aprendizagem de todas as crianças.

A matéria relata o caso de uma profes-sora cearense de História afastada após ministrar aula sobre religião africana.

Discriminar é o ato de segregar e tratar de forma piorada ou de não permitir as mesmas oportunidades a uma pessoa ou um grupo de pessoas por suas caracterís-ticas pessoais: cor da pele, orientação sexual, gênero e idade; ou sociais: credo religioso, trabalho, convicção política etc. Juridicamente, é o ato que contraria o princípio de igualdade.

Não é novidade que uma enorme quantidade de pessoas sofre discriminação diariamente no País. São maltratadas ou es-tigmatizadas por serem negras, mulheres, nordestinas, homossexuais, viverem com deficiências diversas, entre outros motivos.

A escola pode ajudar a combatera discriminação e o preconceito

A surpresa é que a discriminação tem aumentado.

Recentemente houve o acirramento da polarização das opiniões políticas e pes-soais. Tal fenômeno pode ser creditado à organização de parcelas da população an-teriormente discriminadas que resolveram lutar contra o preconceito e conquistaram políticas públicas de inserção social e garantias de direitos dos quais estavam alijados. Nos últimos anos, temos avan-çado jurídica e socialmente na garantia de direitos a todas as pessoas ainda que, re-conhecemos, falte muito para a igualdade.

É cada vez menos comum presen-ciarmos discursos que defendem de forma explícita a superioridade de um grupo socialmente constituído sobre outro. Sinal dos tempos. Apesar das diferenças sociais gritantes, o mecanismo de autocensura tem sido eficaz, ao menos no que se diz em público.

Kabengele Munanga, professor da USP, afirma que a discriminação e o preconceito são construções sociais que se manifestam

por discursos e atitudes de tal maneira naturalizados que o preconceituoso não se vê como tal. Discursos recorrentes como “não tenho preconceito, até tenho amigos gays, negros ou nordestinos” servem de ar-gumento a comentários discriminatórios.

O assunto é complexo e não se pode pretender julgar se a pessoa é precon-ceituosa de maneira consciente ou não. Muitas vezes, a pessoa sequer é capaz de perceber que sua fala e atitudes são resultado de uma construção social pre-conceituosa e discriminatória.

As sanções têm sido impostas pela so-ciedade. Atualmente, um grande número de pessoas tem pensado melhor sobre o uso de frases ou expressões que até pouco tempo arás eram socialmente aceitas. Ainda que no mundo virtual os discursos de ódio estejam presentes, pessoalmente, eles têm sido menos comuns. Esse ato em si é um avanço mas não significa que estas pessoas superaram o preconceito com relação a determinados grupos sociais. A democratização em diversos ambientes,

Apesar das diferenças

sociais gritantes, o mecanismo de

autocensura tem sido eficaz, ao

menos no que se diz em público

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DENISE RAMPAzzOMestre em Educação pela Faculdade de Educação/USP. Bacharela e licenciada em Ciências Sociais pela FFLCH/USP e professora do Instituto Singularidades, SP.

Preconceito

como nos cursos superiores, grandes em-presas e repartições públicas, estimulada pela política de cotas e por uma mudança no perfil dos contratantes, estabeleceu novos tipos de interação que há poucos anos não existia.

Justamente por reconhecer que há avanços significativos, a matéria sobre o afastamento da professora da sala de aula causa indignação. Em 2003 a Lei 10.639, modificada pela Lei 11.645 de 2008, foi ex-plícita ao tornar obrigatório, para escolas públicas e privadas, o ensino de História da África e cultura afro-brasileira em todos os segmentos da Educação Básica no Brasil. Apesar da legislação oficial tornar obri-gatório, ainda hoje nos deparamos com situações como a da professora do Ceará, apenas um exemplo dentre os muitos que não devem ter ganhado visibilidade. Tal atitude só pode ser explicada por meio do preconceito que sofrem todas as mani-festações culturais afro-brasileiras, sendo a religião um dos aspectos importantes da cultura de qualquer sociedade.

Cabe observar que, segundo a pro-fessora, outros funcionários da escola instigaram as crianças a dizer que a aula causou desconforto físico, o que não foi comprovado porque não foi solicitado atendimento médico para essas crianças. Entretanto, o mal estar das crianças, se ocorreu, é mais um sintoma da maneira desigual como a instituição escolar tem realizado o seu trabalho.

Propiciar às crianças o conhecimento do mundo no qual vivem, entre os aspectos científicos e culturais, é papel da instituição escolar, mas também é papel da escola formar crianças e jovens capazes de se relacionarem com a diversidade de ma-neira respeitosa, compreendendo que os aspectos da cultura de um povo não devem ser hierarquizados em melhores ou piores. A despeito dos nossos valores pessoais e coletivos do grupo que pertencemos. A convivência social harmoniosa e respeitosa só é possível quando não me considero superior aos demais.

A Instituição na qual trabalho há anos procura formar educadores que refletem sobre si próprios: o que os incomoda e quais são seus preconceitos. O autoconhe-cimento é essencial para não se reproduzir estereótipos e práticas discriminatórias. Quando identificamos o que nos é descon-fortável, fica mais fácil superar o descon-forto e reposicionar-se para uma atuação que garantirá os direitos de aprendizagem de todos.

Dentre os muitos conteúdos trabalha-dos na disciplina de História durante a Edu-cação Básica, estão presentes a mitologia grega e romana, a Reforma Protestante, inúmeros aspectos relacionados à Religião

Católica, apenas para mencionar alguns, e mesmo que esses conteúdos estejam relacionados aos aspectos da cultura como a mitologia grega e romana ou os dogmas do cristianismo e do protestantismo, estes não encontram resistência por parte de professores ou famílias.

Ao não tratar de maneira igualitária todos os saberes e aspectos da cultura, a escola passa uma mensagem implícita às crianças e jovens de que alguns conteúdos são mais importantes do que outros e, mesmo de maneira não intencional, reforça estereótipos e preconceitos.

Trabalhar com os alunos da Educação Básica aspectos culturais e históricos das matrizes formadoras da sociedade na-cional – indígenas e africanas – possibilita uma melhor compreensão da sociedade brasileira e pode promover relações mais harmoniosas e respeitosas. Ensinar a história do continente africano e a cultura afro-brasileira e indígenas garante os di-reitos de aprendizagem dos descendentes destes povos, mas também garante os direitos das crianças que não são descen-dentes ao oferecer conhecimentos sobre a história da humanidade e não deste ou daquele povo.

Em geral, os professores queixam-se de que não foram formados para tal, entretan-to, a maioria também não foi formada para as metodologias ativas, as aulas reflexivas e dinâmicas, muitos aspectos da ciência e da matemática e ainda assim sabem que é necessário desenvolver tais competências. A recusa por aprender alguns temas está diretamente relacionada ao preconceito e é urgente que isso seja superado.

Não se trata de militância ou extre-mismo, apenas o reconhecimento de que apesar de a instituição escolar não ser capaz sozinha de acabar com ações precon-ceituosas e discriminatórias é urgente que, como formadora de pessoas, assuma como uma de suas responsabilidades a formação de alunos mais respeitosos e solidários e isso só será possível com informação e muito trabalho.

Discriminação está relacionada ao preconceito que está vinculado à ideia de superioridade. O preconceituoso contra

algum grupo social considera este grupo inferior ao grupo de pertencimento. Em uma instituição pública, caso onde aconte-ceu o afastamento da professora, este tipo de comportamento ganha características ainda mais gritantes, por serem instituições mantidas pelo Estado que devem ser as guardiãs dos direitos de todos os cidadãos brasileiros, a despeito da opinião de seus funcionários, ainda que este tipo de atitude seja inaceitável também em instituições privadas.

Só seremos capazes de construir uma sociedade verdadeiramente democrática e garantidora de direitos iguais para todos os seus cidadãos, independente de crença, cor da pele, gênero, orientação sexual, origem ou condição física quando cada cidadão tiver a coragem de enfrentar-se diante de um espelho e identificar quais os grupos sociais que considera piores do que o grupo ao qual pertence. Este momento é revelador! Feito isso, caberá decidir se queremos ou não ser pessoas melhores e mais humanas.

Por isso, a instituição escolar, em todos os segmentos, precisa engajar-se nesta luta. Nas instituições onde os desafios foram encarados de frente, como na que trabalho, há avanços significativos e cada vez mais consistentes.

Professores precisam ser formados, ainda que em serviço, para promover relações respeitosas e garantir os direi-tos a todos os alunos e isso só é possível quando este profissional conscientiza-se da importância do seu papel na formação de outras pessoas e supera os seus próprios preconceitos.

O trabalho é árduo, mas é um caminho para a construção de um país mais justo e democrático no qual todos poderão ter seus direitos de aprendizagem e de cidada-nia garantidos. •

Ao não tratar de maneira igualitária todos os saberes e aspectos da cultura, a escola

passa uma mensagem implícita às crianças e jovens de que alguns conteúdos são

mais importantes do que outros

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Classieeesp

• JULHO DE 2018 •• 20/07/2018 INSS (Empresa) - ref. 06/2018 PIS – Folha de Pagamentos - ref. 06/2018 SIMPLES NACIONAL - ref. 06/2018 COFINS – Faturamento - ref. 06/2018 PIS – Faturamento - ref. 06/2018• 30/07/2018 IRPJ – (Mensal) - ref. 06/2018 CSLL – (Mensal) - ref. 06/2018

• 06/07/2018 SALÁRIOS - ref. 06/2018 E-Social (Doméstica) - ref. 06/2018 FGTS - ref. 06/2018 CAGED - ref. 06/2018 • 10/07/2018 ISS (Capital) - ref. 06/2018 EFD – Contribuições - ref. 05/2018

Dados fornecidos pela HELP – Administração e Contabilidade • [email protected] • (11) 3399-5546 / 3399-4385

AgENDA DE OBRIgAÇÕES

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Cursos

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