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Revista Proteção número 83 - ano 98 EXPLOSÕES - O perigo dos grãos Resíduos podem afetar trabalhadores, meio-ambiente e comunidades Ary de Sá * Toda a atividade industrial em seu processo de transformação inicia para obter seus produtos de uma matéria-prima. E através de processos industriais diversos, chegar ao produto manufaturado, porém o rendimento nunca é de 100%, com um valor inicial da matéria-prima o resultado no produto final é menor, devido às perdas e eficiência do processo, sempre existirão resíduos, e estes podem ser: sólidos, líquidos ou gasosos, e ter características diversas, podendo afetar os trabalhadores envolvidos, bem como a comunidade vizinha, e até o meio ambiente, através das emissões do processo para o exterior. Os resíduos gerados, sua destinação, o manuseio com as máquinas e equipamentos, a movimentação dentro da indústria, a chegada da matéria prima, o envio das mercadorias ao mercado final, a nossa volta ao lar, implicam sempre numa série de riscos, aos quais, aprendemos a conviver e às vezes o fazemos de forma automática, como é o caso do andar de bicicleta sobre duas rodas, dirigir um automóvel, etc. Desta forma, podemos afiançar que o ato de viver, sugere sempre uma sucessão de riscos, riscos maiores, riscos menores, riscos de grandes e de pequenas proporções, se ao atravessar uma avenida movimentada, não observarmos o fluxo, poderemos ser atropelados, se nos expusermos a situações de perigo, voluntária ou involuntariamente, e não observarmos as normas de segurança, olhar para os lados, poderemos sofrer suas conseqüências, sermos atropelados. Os esportes radicais, muitas vezes nos levam a emoções apenas, outras vezes levam a morte ou a mutilação. Para sobrevivermos no nosso cotidiano, precisamos sempre em nossas vidas, em casa, no trabalho, no lazer, estarmos atentos às normas, deixadas pelos nossos pais, mestres, supervisores, etc. Pois a observância delas implica no sucesso e na nossa sobrevivência aos riscos diários que nos expomos. Desta forma, aqui nasce o conceito da segurança, e nós que somos um elo desta corrente, temos o dever de transmitir nossas experiências, e vocês o dever de pôr em prática os ensinamentos em seu cotidiano, para garantir sua saúde, segurança, o retorno ao lar, a integridade de nossa fábrica, de nossas máquinas enfim a continuidade de nosso patrimônio. Como estamos em uma fábrica que dispõe entre outros a receber, armazenar, transportar e transformar grãos de cereais em produtos diversos e como a experiência, através da história, nos legou conhecimentos de seus riscos e benefícios, passamos a enumerá-los para seqüênciar nosso trabalho.Neste item descrevemos os principais riscos de uma unidade de recepção, beneficiamento, armazenamento de grãos e produção de rações balanceadas, incluindo ainda no contexto as fábricas de óleos vegetais que tem o mesmo terminal de recepção que os referidos, porém em quantidades muito superiores que as de ração. O processo inicia com a chegada à planta, dos caminhões graneleiros e ao descarregar seu produto sobre as moegas, produzem uma enorme nuvem de poeira, em condições e concentrações propicias a uma explosão. Havendo ainda o risco de doenças profissionais por

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Revista Proteção número 83 - ano 98 EXPLOSÕES - O perigo dos grãos Resíduos podem afetar trabalhadores, meio-ambiente e comunidades Ary de Sá * Toda a atividade industrial em seu processo de transformação inicia para obter seus produtos de uma matéria-prima. E através de processos industriais diversos, chegar ao produto manufaturado, porém o rendimento nunca é de 100%, com um valor inicial da matéria-prima o resultado no produto final é menor, devido às perdas e eficiência do processo, sempre existirão resíduos, e estes podem ser: sólidos, líquidos ou gasosos, e ter características diversas, podendo afetar os trabalhadores envolvidos, bem como a comunidade vizinha, e até o meio ambiente, através das emissões do processo para o exterior. Os resíduos gerados, sua destinação, o manuseio com as máquinas e equipamentos, a movimentação dentro da indústria, a chegada da matéria prima, o envio das mercadorias ao mercado final, a nossa volta ao lar, implicam sempre numa série de riscos, aos quais, aprendemos a conviver e às vezes o fazemos de forma automática, como é o caso do andar de bicicleta sobre duas rodas, dirigir um automóvel, etc. Desta forma, podemos afiançar que o ato de viver, sugere sempre uma sucessão de riscos, riscos maiores, riscos menores, riscos de grandes e de pequenas proporções, se ao atravessar uma avenida movimentada, não observarmos o fluxo, poderemos ser atropelados, se nos expusermos a situações de perigo, voluntária ou involuntariamente, e não observarmos as normas de segurança, olhar para os lados, poderemos sofrer suas conseqüências, sermos atropelados. Os esportes radicais, muitas vezes nos levam a emoções apenas, outras vezes levam a morte ou a mutilação. Para sobrevivermos no nosso cotidiano, precisamos sempre em nossas vidas, em casa, no trabalho, no lazer, estarmos atentos às normas, deixadas pelos nossos pais, mestres, supervisores, etc. Pois a observância delas implica no sucesso e na nossa sobrevivência aos riscos diários que nos expomos. Desta forma, aqui nasce o conceito da segurança, e nós que somos um elo desta corrente, temos o dever de transmitir nossas experiências, e vocês o dever de pôr em prática os ensinamentos em seu cotidiano, para garantir sua saúde, segurança, o retorno ao lar, a integridade de nossa fábrica, de nossas máquinas enfim a continuidade de nosso patrimônio. Como estamos em uma fábrica que dispõe entre outros a receber, armazenar, transportar e transformar grãos de cereais em produtos diversos e como a experiência, através da história, nos legou conhecimentos de seus riscos e benefícios, passamos a enumerá-los para seqüênciar nosso trabalho.Neste item descrevemos os principais riscos de uma unidade de recepção, beneficiamento, armazenamento de grãos e produção de rações balanceadas, incluindo ainda no contexto as fábricas de óleos vegetais que tem o mesmo terminal de recepção que os referidos, porém em quantidades muito superiores que as de ração. O processo inicia com a chegada à planta, dos caminhões graneleiros e ao descarregar seu produto sobre as moegas, produzem uma enorme nuvem de poeira, em condições e concentrações propicias a uma explosão. Havendo ainda o risco de doenças profissionais por

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inalação das mesmas, pois estas além dos resíduos normais de seu plantio podem conter resíduos de produtos usados como defensivos na lavoura, além das poeiras minerais. Se na condição de nuvem em suspensão, já há grande risco de explosão, quanto mais se estas poeiras estiverem em locais confinados, como ocorre nos corpos dos transportadores diversos, que por suas características funcionais, levam em seu bojo os ingredientes necessários para a deflagração de um sinistro, só que nestas condições, com danos muito superiores do que os de superfície, pois uma explosão confinada, tem suas pressões enormemente aumentadas para buscar seu equilíbrio natural. Destruindo os túneis de concreto, localizados a vários metros da superfície e chegando a aflorar a superfície do piso devido as grandes pressões exercidas. Os secadores normalmente possuem sua matriz de aquecimento a fogo vivo, a lenha, sendo o risco uma constante neste setor, neles é que geralmente se iniciam os incêndios e explosões, e em face da elevada quantidade de material em seu interior, a extinção é muito difícil. Nos silos, o problema maior é quanto ao risco de explosões confinadas em seu interior, quando das manutenções nas entre safras, quando os reparos necessários são efetuados a solda ou maçarico, pois a poeira interna normalmente é movimentada pelas pessoas da manutenção, e sendo o silo uma peça fechada, suas explosões são também catastróficas para os internos. Outro problema nos silos reside em produtos da decomposição orgânica, ou resíduos de produtos usados no controle de parasitas, estes formam gases altamente tóxicos e rapidamente fatais a quem os aspirar. Segurança - O trabalhador, no desempenho diário de suas funções, num complexo industrial, está sujeito a uma série de riscos inerentes a cada tipo de processo, todos devidamente catalogados, qualificados e quantificados, através da história das CAT's, etc., hoje é possível conhecer com antecedência, que riscos vão ocorrer em um novo empreendimento, e também é possível prever na fase do projeto a implantação das medidas de segurança necessárias ao desempenho das atividades laborais, em segurança. As seguranças devido ao manuseio das máquinas e equipamentos, desde sua fabricação até sua operação segura, estão enumeradas nas normas regulamentadoras do país, as doenças ocupacionais que podem ocorrer nas atividades, também através da observância contínua nos indicadores seguros do trabalho laboral. Os riscos como sabemos que dizem respeito aos trabalhadores, são, os físicos, os químicos, os biológicos e os ergonômicos, que serão vistos no decorrer de nosso trabalho. O patrimônio industrial, é um bem indisponível para o trabalhador pois dele depende o seu sustento e de sua família, de sua eficiência, competitividade, segurança, portanto zelar por ela, estar sempre vigilantes e atentos, antes de ser uma necessidade é uma obrigação que temos para com nós mesmos. Os complexos fabris, bem como os trabalhadores, também são solicitadas no cotidiano por riscos inerentes a sua especialidade. Da mesma forma que os riscos ocupacionais a que o trabalhador está exposto, são identificados e conhecidos, o empreendimento também tem história, como vimos acima em algumas notícias publicadas, e através delas apreendemos a conviver seguramente com os riscos, através de constante vigília e da observância das normas seguras do trabalho. Em nossa atividade industrial os principais riscos observados e catalogados, são os de incêndios e explosões por poeiras em suspensão, são os que mais danos trazem ao patrimônio, com perdas irreparáveis e incontáveis dias de paralisação, perda de mercado, de competitividade, e o investimento necessário para colocar novamente em operação o complexo, e as conseqüências psicológicas que isto representa no

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futuro, sempre haverá alguém que participou ou assistiu a catástrofe e que terá dificuldade de conviver com ela novamente. O trabalhador no desempenho de suas atividades, esta sujeito aos riscos ocupacionais em função de sua ocupação, que podem ser: Riscos físicos - Ruído, iluminação, pressões anormais, temperaturas extremas, frio ou calor, radiações ionizantes e não ionizantes, incêndios, e explosões.Nossa participação no evento prendeu-se os riscos de incêndios e explosões. Riscos químicos - São as contaminações a que está sujeito o trabalhador quando exposto aos agentes presentes no processo e que ocupam seu ambiente ocupacional, vistos no próximo item deste trabalho.São os riscos causados principalmente pela exposição aos agentes emanados do processo de transformação como: poeiras, fumos, névoas, bastante presentes nos processo de transformação do grão. Riscos biológicos - Riscos por exposição a agentes biológicos, em unidades de processamento com genética, hospitais, laboratórios de análises e de produção, em nosso caso veremos apenas os agentes decompositores causadores de gases venenosos, na área dos cereais, temos a formação de H2S e CH4 pelos agentes biológicos, em locais confinados. Toxicologia ambiental - Materiais pulverulentos (reduzidos a pó), névoas, gases ou vapores que se apresentam nas mais diversas atividades industriais, em função de suas características físico-químicas podem apresentar alguns problemas de ordem legal e ocupacional. Sob o ponto de vista da saúde ocupacional o pó em suspensão, interagindo com os operários envolvidos. Agentes poluentes: Poeiras - Partículas sólidas geradas mecanicamente por manuseio, moagem, raspagem, esmerilhagem, impacto rápido, detonação, etc. de materiais orgânicos e inorgânicos como: pedras, carvão, madeira, grãos, minérios e metais. As poeiras não tendem a flocular, a não ser sob ação de forças eletrostáticas. Elas se depositam pela ação da gravidade. São encontradas em dimensões perigosas que vão de 0,5 a 10 m. São expressas em mppc (milhões de partículas por pé cúbico de ar ou mg/m3 de ar conforme método a ser usado para detecção). Fumos - Partículas sólidas de origem orgânica, geradas pela condensação do estado gasoso, geralmente após volatização de metais fundidos ou outros produtos e geralmente acompanhadas de uma reação química como a oxidação. São encontradas em dimensões que variam de 0,01 a 0,3 m. Os fumos floculam-se no ar. São expressos em mg/m3 de ar. Névoa ou neblinas - Partículas líquidas em suspensão no ar, com dimensões que variam de 5 a 100 m., geradas pela condensação do estado gasoso para o líquido ou por dispersão de um líquido, como por exemplo, a atomização. São geralmente expressos em mg/m3 de ar. Gases - Moléculas gasosas livres, sem forma, que ocupam todo o espaço disponível do recipiente ou ambiente que as contêm. Só podem ser liqüefeitas ou solidificadas combinando-se uma grande pressão com uma temperatura bastante reduzida. São expressos em ppm (partes de gás por milhão de partes de ar) ou em mg/m3. Vapores - Forma gasosa de uma substância que normalmente se encontra no estado líquido e que podem ser gaseificados aumentando a temperatura ou aumentando a pressão. Também se expressa vapor em ppm ou mg/m3. Organismos vivos- Bactérias ou vírus em suspensão no ar, com dimensões de 0,001 a 15 m. As partículas expressas em micron (m) são as mais importantes no estudo da proteção contra aerodispersóides. As menores de 10m de diâmetro têm mais dificuldade para penetrar no sistema

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respiratório. As menores de 5m são mais fáceis de alcançar o alvéolo pulmonar. Quando os pulmões são sadios, as partículas maiores de 5m de diâmetro são expelidas pelo sistema respiratório pela constante ação de limpeza do epitélio ciliado do sistema do sistema respiratório superior. Mas no caso de uma exposição excessiva a poeiras de indivíduos com o sistema respiratório enfermo, a eficiência desta ação pode ser consideravelmente reduzida. O tipo de ação fisiológica de um agente tóxico sobre o organismo depende da concentração na qual está presente. Por exemplo, um vapor, numa determinada concentração, pode exercer sua principal ação como anestésico, enquanto que uma menor concentração do mesmo vapor pode, sem efeito anestésico, danificar o sistema nervoso, o sistema hematopoético, ou algum órgão visceral. Por esse motivo, é impossível, freqüentemente, colocar-se um agente tóxico numa única classe. Patty (Engenharia de Ventilação Industrial Cap. 3) sugere a seguinte classificação. Irritantes - São corrosivos vesicantes em sua ação. Tem essencialmente o mesmo efeito sobre homens e animais, e o fator concentração é muito mais importante que o fator tempo de exposição. Alguns irritantes representativos: Asfixiantes - Exercem sua ação interferindo com a oxidação dos tecidos. Podem ser divididos em simples e químicos. - simples; gases inertes agem por diluição do oxigênio atmosférico: Monóxido de carbono, etano, hélio, hidrogênio, metano, nitrogênio, óxido nitroso. - químicos, impedem o transporte de oxigênio pelo sangue: Monóxido de carbono, cianogênio, cianeto de hidrogênio, nitrobenzeno, sulfeto de hidrogênio. Narcóticos - Sua principal ação é a anestésica, sem sérios efeitos sistêmicos, tendo ação sobre o SNC (Sistema Nervoso Central). São exemplos: hidrocarbonetos acetilênicos, hidrocarbonetos oleofínicos, éter etílico, hidrocarbonetos parafínicos, cetonas alifáticas, álcoois alifáticas. Tóxicos sistêmicos - Materiais que causam danos a um ou mais órgãos viscerais: a maioria dos hidrocarbonetos halogenados. Materiais que causam danos ao sistema hematopoético: benzeno, fenóis, e em certo grau, o tolueno, xilol e naftaleno. Materiais que causam danos ao sistema nervoso: dissulfeto de carbono, álcool metÍlico, tiofeno. Não metais tóxicos inorgânicos: compostos de arsênio, fósforo, selênio, enxofre e fluoretos. Material particulado não tóxico sistêmico - Produzem doenças em local específico do organismo: - Poeiras que produzem fibrose: sílica, asbesto; - Poeiras inertes: carborundo, carvão. - Poeiras que causam reações alérgicas: pólen, madeira, resinas e outras poeiras orgânicas. Agentes que causam dano ao pulmão - São substâncias que causam dano aos pulmões, incluindo aquelas que não causam nenhum tipo de ação irritante, tais como poeiras de asbesto, causadoras da fibrose. As poeiras que fazem parte deste grupo podem se tornar mais nocivas se contaminadas com bactérias ou fungos alergênicos, microtoxinas ou pólens. Agentes genotóxicos - São substâncias que podem causar dano material genético: tais substâncias podem ser mutagênicas. Agentes mutagênicos - São substâncias que podem causar mutações. Uma mutação é considerada como sendo qualquer modificação relativamente estável no material genético, DNA (Ácido Desoxiribonucléico). Muitas das substâncias mutagênicas também podem dar origem a câncer (carcinógenos)

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Carcinógenos - São substâncias que podem produzir câncer, que é uma doença resultante do desenvolvimento de um tumor maligno e de sua invasão em tecidos vizinhos.Um tumor (neoplasma) caracteriza-se pelo crescimento do tecido, formando um grupo de células anormais no organismo. Um tumor maligno é composto de células que se dividem e se dispersam através do organismo. Um tumor benigno é aquele localizado e que não invade os tecidos vizinhos nem produz câncer. Agentes embriotóxicos - São substâncias capazes de induzir efeitos adversos na progênie durante o primeiro estágio da gravidez, ou seja, entre a concepção e a fase fetal. Agentes teratógenos - São substâncias que, em doses que não apresentem toxicidade materna, podem causar danos não hereditários na progênie. Estes danos podem levar ao aborto. Após o nascimento, estes danos são denominados de mal formações congênitas. Classificação das substâncias por Toxicidade: Não veneno - Substâncias que não podem ser absorvidas pelos fluídos do organismo. Venenos por concentração - São substâncias que produzem um efeito proporcional à quantidade presente no organismo, num dado instante, podem ser: - fisicamente tóxicos: óxido nitroso, éter etílico, narcótico em geral.- farmacológicamente tóxicos, compostos orgânicos fosforados (paration, pirazon, etc.) - fisiológicamente tóxicos, causam anemia hemofilítica . Venenos crônicos - São substâncias que, sempre que a concentração nos fluídos do organismo passar de um certo limite, causa um dano que não é reparado antes da próxima absorção (tetracloreto de carbono com cirrose hepática). Venenos cumulativos - São substâncias que se armazenam no organismo, quando acima do nível de tolerância no sangue (chumbo, flúor, DDT). Venenos aditivos - São substâncias tais, que cada molécula das mesmas que entra no organismo, produz efeito permanente, irreversível: substâncias cancerígenas. Padrões higiênicos da inalação diária - A sociedade, desde tempos imemoriais, impõe a si própria, certas restrições. A princípio, tais restrições eram de origem empírica e relacionavam-se mais diretamente a aspectos morais e éticos. A medida que as sociedades se tornaram mais complexas e sofisticadas, os esforços para a padronização e restrição foram sendo mais freqüentes, mais necessários, e presumivelmente, menos empíricos.No campo da saúde pública, diversos critérios tem sido utilizados para proteger o ser humano de exposições ambientais; entre elas podemos citar as que seguem. Categoria das substâncias inaladas - Julgamentos devem ser feitos para determinar quais padrões higiênicos de inalação diária devem ser cuidadosamente observados, e quais poderão ser excedidos quando for impraticável atingí-los. Esses julgamentos serão mais consistentes se for decidida, para cada substância, qual a ação ofensiva que o padrão está procurando evitar, ou proteger contra. As decisões podem ser divididas, com base na natureza da resposta humana, nas nove categorias apresentadas a seguir: Toxicidade crônica - O mais perigoso efeito de algumas substâncias é um dano sistêmico progressivo, cuja severidade aumenta, continuando a inalação. O benzeno, dissulfeto de carbono, tetracloreto de carbono e o chumbo são exemplos mais familiares. O menor padrão para essas

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substâncias deve ser uma concentração que não produza efeito sobre qualquer trabalhador, e considerações práticas não são suficientes para justificar inalação em excesso ao padrão. É necessária uma intensa supervisão médica para o uso seguro dessas substâncias. O padrão para substâncias cronicamente tóxicas deve-se referir a uma concentração média ponderada no tempo durante um dia de trabalho. Breves picos não são significativos, desde que não aumentem a média, Os efeitos mencionados causam patologias no ser humano em um prazo inferior a dois anos. Toxicidade aguda - Algumas substâncias não produzem um dano progressivo com repetidas inalações. O dano sistêmico que elas podem causar resulta de uma excessiva inalação. Exemplos familiares são o monóxido de carbono e o gás cianídrico. Os padrões para substâncias agudamente tóxicas devem ser interpretados do mesmo modo que para as substâncias cronicamente tóxicas. São os efeitos produzidos por única penetração de um produto químico nos fluídos do organismo; 1 gole, 8 horas de inalação, até 24 horas em contato com a pele. Narcose (Anestesia em estado extremo) - As substâncias desse grupo, em baixas concentrações, induzem acidentes por danificar o julgamento e atrasar o tempo de reação. Exemplos são o álcool etílico, o éter etílico e a gasolina. O menor padrão para uma substância narcótica deve ser uma concentração que não produz efeito detectável sobre o julgamento e o tempo de reação após oito horas de inalação. Deve referir-se a uma concentração média existente durante algum apreciável período de tempo, cuja duração pode ser estimada através dos dados de absorção e eliminação. Considerações de praticabilidade não podem justificar inalação em excesso ao padrão. Irritação - O mais perigoso efeito de algumas substâncias é a irritação. Os olhos, nariz, e garganta são irritados em baixas concentrações; os brônquios em concentrações maiores. Um edema pulmonar pode ser o resultado de inalação de concentrações extremas. Os aldeídos, halogênio e ácidos são exemplos familiares. Substâncias altamente odoríferas podem ser consideradas nessa categoria. O menor padrão para uma substância irritante deve ser uma concentração que é detectável, mas que não cause objeção irritativa para a maioria dos expostos durante uma substancial parte do dia de trabalho. O maior padrão deve ser estabelecido numa concentração que está bem abaixo daquela que possa danificar brônquios e pulmões, e que é justificável, quando forem impraticáveis concentrações de menor padrão. Padrões para substâncias irritantes devem se referir a concentrações para mesmo um breve período durante um dia de trabalho. Asfixia - Algumas substâncias são inertes no organismo e podem causar dano somente por asfixia em concentrações extremamente altas, excluindo-se o oxigênio da atmosfera. Exemplos são os refrigerantes flúorclorados. O menor padrão para esses asfixiantes deve ser aquele que resulte de uma boa prática de engenharia, como 1000 ppm, atualmente utilizado. As poeiras inertes incômodas podem ser colocadas nessa categoria e o padrão de 15 mg/m3, parece ser um nível adequado. O padrão deve referir-se à concentração existente durante qualquer breve período, mas deve-se reconhecer que maiores concentrações são justificadas quando impraticável manter o padrão. Febre dos fumos - É uma condição passageira causada por fumos metálicos. Um exemplo familiar é o fumo de óxido de zinco. O menor padrão para um produtor de febre de fumos deve ser uma concentração que não produzirá aquela condição, e deve ser aplicada por um apreciável período, como meia hora. Considerações práticas não justificam que o padrão seja ultrapassado.

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Pigmentação dos olhos - O mais importante efeito da quinona e da hidroquinona parece ser uma pigmentação da esclerótica (membrana branca e fibrosa que reveste o globo ocular), que se desenvolve lentamente, podendo reduzir a acuidade visual, ou mesmo levar a cegueira. O menor padrão para essas substâncias deve ser uma concentração que não produza pigmentação, após anos de exposição, e deve referir-se à concentração média ponderada pelo tempo, durante um dia de trabalho. Às vezes, por alguns poucos dias, condições práticas podem justificar que o padrão seja ultrapassado. Câncer - Uma substância é razoavelmente bem conhecida como uma causa do câncer do trato respiratório: trata-se da niquel-carbonila. Até o momento parece provável que a mínima exposição cancerígena nunca será definida. Em face disto, é prudente estabelecer o padrão zero, para uma substância cancerígena, e nenhuma consideração prática pode justificar permissão para inalação de qualquer concentração que seja evitável. Alergia - Sabe-se que determinadas substâncias sensibilizam uma apreciável proporção dos trabalhadores expostos. Elas podem produzir perigos e ataques de asma, quando uma pessoa sensível inala uma baixa concentração. São exemplo a etilenodiamina e os dissocianatos. No momento, não há uma base racional experimental para definir uma concentração que não sensibilizará um trabalhador sensível. O controle da exposição a substâncias alergênicas deve basear-se na medicina industrial. Até que seja demonstrado que um grupo particular não inclui trabalhadores suscetíveis, nenhuma consideração prática pode justificar inalação de qualquer concentração que seja evitável. Toxicidade seletiva e associada: Seletiva - Agentes selecionados para danificar certas células, órgãos e espécies e não outros, na mesma dosagem. São ex. os pesticidas planejados para matar insetos e não o homem: o DDT (DicloroDifenil-Tricloroetano) tem sua seletividade no tamanho do animal e não no peso. Associada - Quando houver mais que dois agentes no ambiente, podem ocorrer: efeitos independentes, efeitos aditivos, efeitos sinérgicos e efeitos antagônicos. Todas as vias naturais de penetração dos agentes tóxicos no organismo retardam a entrada dos mesmos e exercem determinada ação seletiva. A penetração somente será instantânea, quando atingir diretamente a corrente sangüínea, como nas lesões de pele ou na aplicação de medicamentos através de injeção intravenosa. As propriedades físicas e químicas de cada composto determinam grandemente a via pela qual ocorre a exposição.Através de uma exposição ocupacional, os agentes tóxicos penetram no organismo do trabalhador, principalmente através da pele e pelos aparelhos respiratórios e digestivo; há possibilidade de penetração, porém com importância bastante secundária, através da mucosa (membrana que forra as cavidades do organismo e segrega muco), de outras cavidades do organismo como pálpebras dos olhos, lábios da vulva, vagina, prepúcio, ânus, lábios, ou através da córnea, dos tímpanos e do orifício urinário.A pele é o maior órgão do corpo humano. Representa 1/15 do seu peso, e é constituída por 6,5% a 11% de água. A pele provê o corpo com uma cobertura impermeável à água, que é constituída por duas zonas distintas, uma mais externa, em contato com o meio ambiente, chamada epiderme, e a outra, conhecida como derme ou coriom, e por apêndices cutâneos, quais sejam, unhas, glândulas sudoríparas, e unidades pêlo-sebáceas (pêlos e glândulas sebáceas).

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Sobre a epiderme, cuja espessura média é de 0,1 mm., existe uma emulsão superficial constituída por gordura e suor, que se torna espessa no verão e delgada no inverno. Essa emulsão impede a entrada rápida de água e de produtos químicos solúveis em água, podendo ser danificada por sabão, solvente, álcali e água quente. Abaixo desta emulsão existe uma camada mais externa da epiderme, queratinizada (células mortas), que resiste a água, aos ácidos, ao ultravioleta e a danos físicos, podendo ser danificada por álcali, detergentes, solventes, e ação prolongada de água quente. A epiderme não possui capilares.Na derme encontramos os capilares, os pêlos, as glândulas sebáceas e as glândulas sudoríparas. Os orifícios dos pêlos permitem a entrada de produtos químicos solúveis em lipídeos, gorduras e óleos.A pele é normalmente uma barreira efetiva para a proteção dos tecidos que estão sob ela, e relativamente poucas substâncias são absorvidas através dela, em quantidades perigosas. Contudo podem ocorrer envenenamentos fatais, por exposições breves de áreas da pele, que não necessitam ser muito grandes. A pele, como via de contato, pode ser também importante quando é penetrada por agentes extremamente tóxicos, projetados contra ela, ou que ingressam através de feridas abertas. Resumindo, quando um agente químico põe-se em contato com a pele, pode ocorrer o que segue: A pele e a película de suor e gordura que a cobre, podem atuar como uma barreira efetiva, que o agente não é capaz de perturbar, danificar ou penetrar.O agente pode reagir com a superfície da pele e causar uma irritação primária. O irritante primário é uma substância que, se permanecer em contato com a epiderme em dose suficiente, produzirá um efeito visível sobre a mesma, no local de contato. Um irritante primário afetará a pele de qualquer trabalhador de um modo quase idêntico. A maioria dos irritantes primários tem uma ação clínica direta sobre a cútis, através de um dos seguintes meios: A intoxicação por penetração através do trato digestivo é muito menos comum, já que a freqüência e o grau de contato com os agentes tóxicos depositados nas mãos, alimentos e cigarros é muito menor que na inalação. Por isso, somente substâncias altamente tóxicas como o chumbo, o arsênico e o mercúrio podem causar preocupações neste sentido. O trato gastrointestinal pode ser visto como um tubo através do corpo, começando na boca e terminando no ânus. Apesar de estarem dentro do organismo, seus conteúdos estão essencialmente externos aos fluídos do corpo (sangue e linfa). Por isso, os agentes tóxicos no trato gastrointestinal podem produzir um efeito na superfície da mucosa que o reveste sendo absorvidos através dessa mucosa do trato gastrointestinal.Substâncias solúveis em água como por exemplo, álcool e nitroglicerina poderão ser absorvidas através da mucosa bucal, se permanecerem certo tempo na boca. Em condições normais, não há absorção através das mucosas da boca e do esôfago, pois o tempo de permanência de um agente tóxico, nessas porções do trato digestivo, é muito curto.No estômago, o agente tóxico entra em contato com substâncias estomacais preexistentes (partículas de alimento e mucinas gástricas ) e secreções (pepsina, lipase gástrica), além do ácido clorídrico (PH 0-1). São absorvidos somente os parcialmente solúveis em água e a absorção será tanto mais rápida quanto menos alimento houver no estômago.No duodeno, onde o PH varia de 12 a 14, dada à presença de soda cáustica (Na OH) e sais biliares, os agentes tóxicos solúveis em água e cujas moléculas não são grandes, podem ser absorvidos. A saponificação de substâncias no duodeno pode levar a uma parcial assimilação das mesmas.No intestino grosso, as substâncias solúveis em água podem ser absorvidas, e a ação de bactérias pode levar à formação de moléculas assimiláveis.A via digestiva contribui, em forma passiva, para a ingestão de substâncias tóxicas inaladas. A porção

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que se deposita na parte superior do trato respiratório é arrastada para cima pela ação ciliar, e é posteriormente engolida, ingressando no organismo.Resumindo, a absorção de um tóxico pelo sangue, através do trato gastrointestinal é baixa, devido aos seguintes fatores: Os alimentos e líquidos misturados com o tóxico, contribuem para diluí-lo, e reduzem a sua absorção, devido à formação de material insolúvel.O intestino possui certa seletividade que tende a impedir a assimilação de substâncias, ou limitar a quantidade absorvida.Depois de ser absorvido pela corrente sangüínea, o material tóxico vai diretamente ao fígado, que, metabolicamente altera, degrada e torna inócua a maior parte das substâncias.O trato respiratório é a via mais importante pela qual os agentes químicos entram no organismo. A grande maioria das intoxicações ocupacionais que afetam a estrutura interna do corpo é ocasionada por se respirarem substâncias contidas no ar. Essa substâncias podem ficar retidas nos pulmões ou outras partes do trato respiratório e podem afetar esse sistema, ou passar através dos pulmões a outras partes do organismo, levadas pelas células fagocitárias.A relativa enorme superfície do pulmão (90 m2 de superfície total e 70 m2 de superfície alveolar), em conjunto com a superfície capilar (140 m2), com seu fluxo sangüíneo contínuo, exerce uma ação extraordinária de absorção de determinadas substâncias presentes no ar inspirado. Apesar dessa ação, existem diversas substâncias industriais importantes que, mediante uma combinação firme com os componentes do tecido pulmonar, evitam sua solubilização pelo sangue ou a redução fagocitárias. Por exemplo, sílica e berílio. Nesses casos de resistência à solubilização ou à remoção, pode-se apresentar irritação, inflamação, fibrose, alterações malignas e sensibilização alérgica. EXPLOSÕES Patrimônio - As indústrias que processam produtos que em alguma de suas fases se apresentem na forma de pó, são indústrias de alto potencial de risco quanto a incêndios e explosões, e devem, antes de sua implantação, efetuar uma análise acurada dos mesmos e tomar as precauções cabíveis, pois na fase de projeto as soluções são mais simples e econômicas, porém as indústrias já implantadas, com o auxílio de um profissional competente, poderão equacionar razoavelmente bem os problemas, minorando os riscos inerentes. Citamos algumas atividades industriais reconhecidamente perigosas quanto ao risco de incêndios e explosões: indústrias de beneficiamento de produtos agrícolas, indústrias fabricantes de rações animais, indústrias alimentícias, indústrias metalúrgicas, indústrias farmacêuticas, indústrias plásticas, indústrias de beneficiamento de madeira e indústrias do carvão. Incêndios - Os incêndios ocorrem com todas as poeiras combustíveis, porém, para que tal aconteça é necessário que a quantidade de material combustível seja muito grande, e as partículas, tenham pouco espaço entre si, impedindo um contato direto e abundante com o oxigênio do ar. As partículas devem, porém estar afastadas entre si, de maneira que apesar da existência da fonte de ignição e da conseqüente combustão local, não seja permitida a propagação instantânea do calor de combustão às partículas localizadas nas camadas mais internas, devido a insuficiência de ar. Desta forma, a queima se dá por camadas, em locais onde poeiras estejam depositadas ao longo das jornadas de trabalho, ou numa das seguintes formas: empilhados, em camadas, armazenados em tulha, depósitos e outros.

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A ignição que ocorre em camadas, deve ser controlada com cuidado, para evitar que o material depositado em estruturas, tubulações e locais de difícil visualização e limpeza, sejam colocados em suspensão, formando a nuvem de poeira, que evoluirá para explosão pois há no ambiente os fatores de deflagração da mesma, isto é fogo e energia. O incêndio por camadas, outrossim é de difícil extinção, podendo prolongar-se por várias horas após sua extinção. Explosões - Ocorrem freqüentemente em unidades processadoras em referência, onde as poeiras tenham propriedades combustíveis; é necessário, porém que as mesmas estejam dispersas no ar e em concentrações adequadas. Isto ocorre em pontos das instalações onde haja moagem, descarga, movimentação, transporte etc., desde que sem controle de exaustão e desde que, obviamente existam os fatores desencadeantes. Ocorrem freqüentemente em instalações onde são processadas: Farinhas de: trigo, milho, soja, cereais etc. Particulados: açúcar, arroz chá, cacau, couro, carvão, madeira, enxofre, magnésio, eletrometal (ligas). Explosões primárias e secundárias A poeira depositada ao longo do tempo nos mais diversos locais da planta industrial, quando agitada ou colocada em suspensão e na presença de uma fonte de ignição com energia suficiente para a primeira deflagração, poderá explodir, causando vibrações subseqüentes pela onda de choque, isto fará com que mais pó depositado entre em suspensão e mais explosões aconteçam, cada qual mais devastadora que a anterior, causando prejuízos irreversíveis ao patrimônio, paradas no processo produtivo e o pior, vidas são ceifadas ou ficam alijadas de sua capacidade elaborativa com as conseqüências por todos conhecidas (incapacidades totais e permanentes). A mudança de incêndio para explosão pode ocorrer facilmente, desde que poeiras depositadas nas cercanias do fogo, sejam agitadas, entrem em suspensão, ganhem concentração mínima, e como o local já esta com os ingredientes necessários, o próximo passo é o desencadeamento das subseqüentes explosões. Ao contrário, se as poeiras em suspensão causarem uma explosão, as partículas de poeira que estão queimando saem da suspensão e espalham o fogo. Nestes termos os danos podem ser considerávelmente maiores. As misturas combustíveis finamente pulverizadas são, em geral muito perigosas. Os depósitos de poeira combustíveis sobre vigas, sobre máquinas em torno dos locais de transferencia no transporte, são suscetíveis de incendiar com chamas. Ao entrar em ignição, as poeiras combustíveis suspensas no ar podem produzir fortes explosões. Por outra parte, se as poeiras são agentes oxidantes e se acumulam sobre superfícies combustíveis, o processo de combustão se acelera consideravelmente no caso de incêndio. Si se mistura um agente oxidante finamente pulverizado com outras poeiras combustíveis, a violência da explosão resultante será muito mais grave que se faltasse tal agente oxidante. Para sufocar ou deter os incêndios ou deflagrações de poeiras combustíveis se empregam materiais inertes, tais como a pedra cal. Embora as explosões de poeiras se tenham contabilizado desde 1795 e os métodos para controla-las tenham sido publicados, ainda hoje seguem produzindo graves acidentes. Em menos de uma semana, produziram-se importantes explosões em armazéns de grãos em dezembro de 1977, com 54 vitimas fatais. Nos meses seguintes foi contabilizado outras explosões com número adicional de mortes.

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Nuvem de pó - A possibilidade da explosão de uma nuvem de pó está condicionada pela dimensão de suas partículas, sua concentração, as impurezas, a concentração de oxigênio e a potência da fonte de ignição. As explosões de pó se produzem Frequentemente em série; muitas vezes a deflagração inicial e muito pequena em quantidade, porém de suficiente intensidade para colocar o pó das cercanias em suspensão, ou romper peças de máquinas ou instalações dentro do edifício, como os coletores de pó, com o que se cria uma nuvem maior através do qual podem se propagar explosões secundarias. Não é raro, produzir-se uma série de explosões que se propaguem de um edifício a outro. O perigo de uma classe determinada de poeira está relacionado com sua facilidade de ignição e com a gravidade da explosão resultante. Para tal, foi criado nos EE.UU. um equipamento experimental para testar poeiras explosivas, com sensores diversos para permitir conhecer as características das poeiras explosivas. A sensibilidade de ignição é função da temperatura de ignição e da energia necessária, enquanto que a gravidade de explosão vem determinada pela pressão máxima de explosão e pela máxima velocidade de crescimento da pressão. Para facilitar as comparações dos dados de explosividade derivados dos ensaios mencionados, todos os resultados se relacionam com uma poeira de carvão conhecida de “Pittsburg” tomando uma amostra uma concentração de 0,5 kg/ m3 , kg de pó de carvão por m3 de ar, exceto dos pós metálicos.Quanto menor for a dimensão da partícula de pó, é mais fácil a nuvem entrar em ignição, visto ser maior a superfície exposta por unidade de peso da matéria (superfície específica). As dimensões da partícula influem também sobre a velocidade de crescimento da pressão: para uma concentração dada de pó em peso, um pó formado por partículas grossas mostra uma velocidade de aumento de pressão mais baixa que o mesmo pó fino. A concentração mínima necessária para que haja explosão, a temperatura de ignição, e a energia necessária para ignição por sua vez diminuem ao diminuir a dimensão da partícula de pó. Numerosos estudos indicam este efeito em grande variedade de poeiras.A dimensão do tamanho da partícula, faz aumentar também a capacidade elétrica das nuvens de pó, ou seja o tamanho das cargas elétricas que se pode acumular na partícula da nuvem. Como a capacidade elétrica dos sólidos é função de sua superfície, a possibilidade que se produzam descargas eletrostáticas de suficiente intensidade para colocar em ignição a nuvem de pó, aumenta ao diminuir a dimensão média da partícula. Porém para que se produzam descargas eletrostáticas se requer, entre outros, consideráveis quantidades de pó em grandes volumes com forças dielétricas relativamente altas e conseqüentemente, longos períodos de relaxação. Devido as altas energias de ignição necessárias para incendiar a nuvem, em comparação com as que requerem os gases. A causa de uma explosão de pó deve atribuir-se a outros fatores, a não ser que existam provas definitivas que demonstrem que esta foi a causa provável. Como acontece com os vapores e os gases inflamáveis, existe uma margem específica de concentração de pó dentro do qual pode ocorrer a explosão.Os valores da concentração podem expressar-se em peso por unidade de volume, embora ao não conhecer-se a dimensão da partícula da amostra, esta expressão é pouco significativa. Os valores apresentados nas tabelas acima foram passados em uma peneira de malha 200 (partículas < ou = a 74 microns). Ao trocar o diâmetro, se produzirão variações na concentração mínima de explosão, esta se reduz ao diminuir o diâmetro das partículas. A pureza da amostra, a concentração de O2, a potência da fonte de ignição, a turbulência da nuvem e a uniformidade da dispersão influem também nos limites inferiores de explosividade da nuvem (LIE).

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O limite superior de explosividade (LSE) das nuvens de pó não foram determinados devido a dificuldades experimentais, também se questiona se ele existe para poeiras e do ponto de vista pratico sua utilidade é duvidosa. As curvas que se obtêm ao relacionar graficamente a Pmp. e a Vmp., com a concentração, demonstram que estes valores são mínimos no limite inferior de explosividade e que depois aumentam até seu valor máximo ao dar-se a concentração ótima, em cujo ponto começam a diminuir lentamente. Também se verifica que a Pmp. e a Vmp., não se dão precisamente em igual concentração. O efeito destrutivo se determina em primeiro lugar pela Vmp. Se observa que as explosões mais violentas se produzem com uma concentração ligeiramente superior a necessária para que se tenha a reação com todo o oxigênio que haja na atmosfera. A concentrações menores se gera menos calor e se criam menores pressões de ponta. Com concentrações maiores das que causam explosões violentas, a absorção do calor pela poeira não queimada pode ser a razão que se produzam pressões menores de explosão, que a máxima. Umidade - A umidade contida nas partículas de pó faz aumentar a temperatura de ignição delas devido ao calor absorvido durante o aquecimento e a vaporização da umidade. A umidade do ar tem pouco efeito sobre a deflagração, depois que se produzir a ignição, existe porém uma relação direta entre o conteúdo de umidade, a energia mínima necessária para a ignição, a concentração de explosão mínima, a Pmp., e a Vmp. Por exemplo, a temperatura de ignição do amido de milho pode aumentar até 50 º C. com um aumento de umidade de 1,6 a 12,5%. Do ponto de vista pratico, a umidade não pode considerar-se como meio efetivo de prevenção contra explosões, pois a maior parte das fontes de ignição, proporcionam energia suficiente para aquecer e evaporar a umidade que pode estar presente no pó. Para que a umidade impeça a explosão, o pó deve estar encharcado. Corpos inertes - A presença de um sólido inerte no pó, reduz a combustividade do mesmo, pois absorve calor, porém a quantidade necessária para impedir a explosão é considerada maior que as concentrações que possam ser encontradas ou toleradas como corpos estranhos ao processo. A adição de corpos inertes reduz a Vmp. E aumenta a concentração mínima de pó necessária para a explosão. Um exemplo é a pulverização de rocha nas minas de carvão para impedir as explosões dos pós-combustíveis. Geralmente a pulverização se faz na entrada das minas com uma concentração de poeira de rocha de 65% da quantidade total do pó. O gás inerte é eficaz na prevenção das explosões de pós, uma vez que dilui o O2 a uma concentração muito baixa. Ao selecionar o gás inerte mais adequado, deve-se cuidar para que este não reacione com o pó, é o caso de certas poeiras metálicas que reacionan com o CO2 ou com o N2, neste caso deve usar-se o Hélio(He) ou Argônio (A). As variações da concentração do O2 afetam a facilidade de ignição das nuvens de pó e suas pressões de explosão. Ao diminuir a pressão parcial de O2, a energia necessária para explosão aumenta, a temperatura, também, e as Pmp., diminuem. O tipo de gás inerte empregado como diluente para reduzir a concentração do O2 tem um efeito aparentemente relacionado com a capacidade molar. A combustão do pó se produz na superfície das partículas. A velocidade de reação, portanto, depende do íntimo contato do pó com o O2. Por este fato, o fator turbulência propicia explosões mais violentas, que as em atmosferas mais tranqüilas.

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A adição de uma pequena quantidade de gás inflamável à nuvem de pó põe em ignição o aerossol resultante, reforçando a violência da explosão, sobretudo a baixas concentrações. As Vmp, resultantes são mais altas que as previsíveis em condições normais. Sem contar o pó, a fração restante do total do combustível suspenso no ar, representada pelo vapor inflamável, estaria por si só abaixo de seu (LIE). Em algumas operações de secagem que impliquem na evaporação de uma substância inflamável extraída da poeira combustível, se produzem explosões muito mais violentas que as consideradas apenas pelo vapor inflamável. Tem acontecido ainda explosões em misturas de vapor inflamável-pó combustível-ar em que a proporção da mistura de ar vapor estava abaixo do (LIE), ante tal situação é necessário prever medidas de proteção especial, tal como a diluição com gás inerte, utilização de supressores de explosão, instalação de elementos de ventilação de grandes dimensões e a adoção de métodos cuidadosamente estudados da eliminação da eletricidade estática (aterramento). As nuvens de poeira podem incendiar-se pela ação de chamas abertas, luzes, produtos defumadores, arcos elétricos, filamentos incandescentes, faíscas de fricção, condutos de vapor de alta pressão, e outras superfícies quentes, faíscas eletrostáticas, aquecimento espontâneo, Solda e corte oxi-acetilênico, e faíscas procedentes destas operações. A maior parte das temperaturas necessárias para por em ignição as nuvens de pó, que estão nas tabelas acima, situam-se entre 300 e 600 º C. e a grande maioria das potências, estão entre 10 e 40 milijoules. * Ary de Sá - Engenheiro Mecânico Especialista em Ventilação Industrial, Higiene do Trabalho e Segurança do Trabalho