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FACULDADE TECSOMA Curso de Graduação em Biomedicina Ana Carolina Souza da Silva PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITAS EM MANIPULADORES DE ALIMENTOS DE CRECHES PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE ARINOS-MG, BRASIL, 2012 Paracatu 2012

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FACULDADE TECSOMA Curso de Graduação em Biomedicina

Ana Carolina Souza da Silva

PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITAS EM MANIPULADORES DE ALIMENTOS DE CRECHES PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE

ARINOS-MG, BRASIL, 2012

Paracatu 2012

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Ana Carolina Souza da Silva

PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITAS EM MANIPULADORES DE ALIMENTOS DE CRECHES PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE

ARINOS-MG, BRASIL, 2012 Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II, como pré-requisito a obtenção do título de Bacharel em Biomedicina, da Faculdade Tecsoma.

Orientador Temático(a): MSc. Hélica

Silva Macedo

Orientador Metodológico: Geraldo B. B.

Oliveira

Co-orientador: MSc. Cláudia Peres da

Silva

Paracatu 2012

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Ana Carolina Souza da Silva

Silva, Ana Carolina Souza da S586p Prevalência de enteroparasitas em manipuladores de alimentos

de creches públicas do município de Arinos-MG, Brasil, 2012. / Ana Carolina Souza da Silva. Paracatu, 2012.

50f.

Orientadora: Hélica Silva Macedo Monografia (Graduação) – Faculdade Tecsoma, Curso de

Gradação em Biomedicina.

1. Alimentos. 2. Manipuladores de Alimentos. Enteroparasitoses 3. Creches públicas. I. Macedo, Hélica Silva. II. Faculdade Tecsoma. III. Título.

CDU: 613.2.03

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Ana Carolina Souza da Silva

PREVALÊNCIA DE ENTEROPARASITAS EM MANIPULADORES DE ALIMENTOS DE CRECHES PÚBLICAS DO MUNICÍPIO DE ARINOS-MG,

BRASIL, 2012

Monografia apresentada à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso II, como pré-requisito a obtenção do título de Bacharel em Biomedicina, da Faculdade Tecsoma.

____________________________________

MSc. Cláudia Peres Silva

(Coordenadora)

____________________________________

MSc. Hélica Silva Macedo

(Orientador Temático)

___________________________________

Geraldo B. B. Oliveira

(Orientador Metodológico)

__________________________________________

Josimar Dornelas Moreira

(Professor convidado)

Paracatu, Julho de 2012

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A todos os profissionais manipuladores de alimentos

que se dedicam a alimentar as crianças para que

tenham o direito de crescer de forma saudável e

alimentar o futuro deste país.

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AGRADECIMENTOS

A Deus por ter me iluminado a chegar até este momento de alcance de

mais um sonho. A minha querida mãe Maria do Socorro e pai Antonio Augusto

por serem exemplo de humildade, perseverança e fé. Agradeço pela dedicação

e compreensão a cada momento, por abraçarem meu sonho como seus,

privando-se muitas vezes de si mesmos. Aos meus irmãos Thiago e Danilo

pelo apoio e auxílio durante todo meu caminho. Agradeço aos mestres que se

dedicaram e compartilharam seu conhecimento nos tornando não somente

discípulos, mas contribuíram para tornarmos verdadeiros profissionais. Aos

colegas que nos momentos alegres quanto turbulentos estiveram com as mãos

estendidas e palavras amigas que nos confortavam, enfim agradeço a todos

aqueles que com um simples gesto me fizeram chegar à realização de mais um

projeto.

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RESUMO

A maioria das infecções via alimentar ocorre por manipulação inadequada do

alimento. Identificar manipuladores de alimentos de creches públicas

portadores de agentes patogênicos que podem ser propagadores de

contaminação ao alimento é de fundamental importância para prevenção da

transmissão de doenças às crianças assistidas pelas creches. O presente

estudo, de caráter exploratório e abordagem quatiqualitativa, teve como

objetivo investigar a presença de enteroparasitas em manipuladores de

alimentos de creches públicas do município de Arinos (MG). A pesquisa foi

desenvolvida no período de fevereiro a abril de 2012, a partir da aplicação de

método coproparasitológico de sedimentação espontânea. Foram examinados

15 manipuladores de alimentos de quatro creches da rede pública municipal,

sendo estes (100%) do sexo feminino com a média de idade de 39,86 anos.

Dentre os aspectos epidemiológicos avaliados o ensino médio completo se

destacou entre 53,33% da população. Quanto às moradias, 73,33% possuíam

domicílio próprio, 100% afirmaram possuir sistema de abastecimento de água

tratada e somente 53,33% possuíam rede de esgoto em seu domicílio. A taxa

geral de prevalência para parasitas e comensais intestinais foi de 11 pessoas

(73,33%). O parasita intestinal com maior taxa de prevalência foi Entamoeba

histolytica em (33,33%) das pessoas, seguido de (20%) de helmintos da

Família Ancylostomidae. Ascaris lumbricoides foi detectado em (13,33%) das

pessoas e a espécie comensal intestinal encontrada foi Entamoeba coli com

(26,67%) de pessoas infectadas. Associações entre parasitas e comensais

intestinais e poliparasitismo foram encontradas em (27,27%) das pessoas.

Observou-se no estudo grande prevalência de parasitas e comensais

intestinais entre os indivíduos que não possuíam abastecimento de rede de

esgoto em seu domicílio. Neste perfil, o percentual de protozoários encontrado

foi em 3 pessoas (37, 5%) positivas para Entamoeba histolytica e (25%) para

Entamoeba coli. Dentre os helmintos (25%) estavam positivas para Ascaris

lumbricoides e (25%) para Família Ancylostomidae; associação poliparasitária

ocorreu em (37,5%) das pessoas. A avaliação dos aspectos higiênicos das

profissionais manipuladoras de alimento apontou que (100%) das funcionárias

usavam somente água e sabão na lavagem das mãos, e estas não utilizavam

de forma correta tal procedimento, (66,67%) afirmaram desconhecer esta

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técnica. Todas as profissionais afirmavam realizar outras funções de limpeza

na instituição, o uso de EPI’s na rotina de trabalho não era utilizado de forma

adequada ou mal aceito pelas profissionais. Conclui-se que há uma alta

prevalência de parasitas nas amostras analisadas neste estudo. A presença de

enteroparasitas nas profissionais manipuladoras de alimento de creches

públicas do município de Arinos (MG) indicam as condições sócio-econômicas,

ambientais e sanitárias que estes profissionais estão expostos. O

aprimoramento em educação sanitária e o acompanhamento médico-

laboratorial são necessários como formas de prevenção a infecções por DTA’s

e contaminação das crianças assistidas pelas creches.

Palavras chave: Manipuladores de alimento, Enteroparasitas, Creches

públicas.

R: 450 palavras

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ABSTRACT

Most food infections are caused by mishandling the food. Indentifying food

handlers from public nurseries carrying pathogenic agents possibly causing

food contamination is crucial for preventing its transmission to the children

assisted by the nurseries. This exploratory study, with a quantitative and

qualitative approach, aims at investigating the presence of intestinal parasites in

food handlers from public nurseries in the municipality of Arinos (MG). The

research was conducted from February to April, 2012, by applying the

coproparasitological spontaneous sedimentation method. Fifteen food handlers

from four public municipal nurseries were examined, all of them women, with

average age at 39.86 years. Among the epidemiological aspects assessed,

schooling level percentage was the highest for those who completed middle

level schooling (ensino médio), with 53.33% the population. As the housing,

(73.33%) people owned their homes. Regarding housing, 100% stated that they

have treated water supply and only (53.33%) have sewage system at home.

The overall rate of prevalence of parasites and intestinal commensals was

73.33% (11 people). The intestinal parasite with the highest prevalence rate

was Entamoeba histolytica, which was found in (33.33%) people, followed by in

(20%) the Helminth species from the Ancylostomidae Family. Ascaris

lumbricoides was detected in (13.33%) people and the commensal intestinal

species found was Entamoeba coli, (26.67%) of infected individuals.

Associations between intestinal parasites and commensals and multiple

parasitic infections were found in (27.27%) people. It was observed in the study

a high prevalence of intestinal parasites and commensals among individuals

who had no sewage supply at home. The proportion of protozoa found was 3

people (37.5%) tested positive for Entamoeba histolytica and ( 25%) for

Entamoeba coli; among helminth (25%) for Ascaris lumbricoides and (25%) for

the Ancylostomidae Family; and (37.5%) in multiple parasitic infections and

people. The evaluation of the hygienic aspects of the professional food handlers

pointed out that 100% of the employees were using only water and soap for

hand washing, and they did not perform correctly this procedure; (66.67%)

reported being not aware of this technique. All professionals claimed to perform

other cleanup functions in the institution, and the use of EPI in the work routine

was not proper or not accepted by the professionals. It is concluded that there is

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a high prevalence of parasites in the samples analyzed in this study. The

presence of intestinal parasites in food professional handlers of public nurseries

in the municipality of Arinos (MG) indicate the socio-economic, environmental

and health conditions to which these professionals are exposed. Improvement

of health education and medical and laboratory monitoring are required as

forms of preventing DTA infections and contamination of the children that attend

the nurseries.

Key words: Food handlers, intestinal parasites, public nurseries

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LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1. Distribuição dos manipuladores de alimentos de creches públicas do

município de Arinos-MG, 2012, quanto ao sexo. (n=15) .................................. 28

Gráfico 2. Ocorrência de enteroparasitoses em exames coproparasitológicos de

cantineiras de creches públicas do município de Arinos-MG, 2012. (n=15) ..... 31

Gráfico 3. Distribuição de parasitas e comensais intestinais em amostras

positivas de cantineiras de creches públicas do município de Arinos-MG, 2012.

(n=15) ............................................................................................................... 32

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Distribuição das idades dos manipuladores de alimentos de creches

públicas do município de Arinos – MG, 2012. (n=15) ....................................... 29

Tabela 2. Distribuição da escolaridade dos manipuladores de alimentos de

creches públicas do município de Arinos – MG, 2012. (n=15) ......................... 29

Tabela 3. Distribuição dos aspetos epidemiológicos em manipuladores de

alimentos das creches públicas do município de Arinos – MG, 2012. (n=15) .. 30

Tabela 4. Resultados observados nos exames coproparasitológicos em

amostras de manipuladores de alimentos das instituições de creches públicas

do município de Arinos – MG, 2012. (n=15).......................................................33

Tabela 5. Distribuição de enteroparasitas em manipuladores de alimentos de

instituições de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012.

(n=15).................................... ........................................................................... 33

Tabela 6. Distribuição de protozoários e helmintos em amostras fecais de

manipuladores de alimentos de creches públicas, segundo o não

abastecimento de rede esgoto em seus domicílios, município de Arinos - MG,

2012. (n=8).................................................. ..................................................... 36

Tabela 7. Distribuição de aspectos correspondentes à higienização dos

manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos – MG,

2012. (n=15)................................................................................................... ... 37

Tabela 8. Relação entre o uso de EPI's pelos manipuladores de alimentos de

creches públicas do município de Arinos–MG, 2012.

(n=15)............................................................................. .................................. 39

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LISTA DE SIGLAS

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

APPCC – Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle

BPF – Boas Práticas de Fabricação

CCN – Centro Cultural Nathália

CEMEI – Centro Municipal de Educação Infantil

CNS – Conselho Nacional de Saúde

CVS – Conselho de Vigilância Sanitária

DTA’s – Doenças Transmitidas por Alimentos

EPI’s – Equipamentos de Proteção Individual

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MG – Minas Gerais

OMS – Organização Mundial de Saúde

PNAE – Programa Nacional de Alimentação Escolar

POP – Procedimento Operacional Padrão

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 14 1.1 Justificativa ............................................................................................... 15 1.2 Objetivos ................................................................................................... 17 1.2.1 Objetivo Geral..........................................................................................17 1.2.2 Objetivo Específicos...............................................................................17 2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................... 18 2.1 DTA’s – Doenças Transmitidas por Alimentos ..................................... 18 2.2 Segurança Alimentar ................................................................................ 18 2.3 Saúde do Manipulador de Alimentos....................................................... 19 2.4 Classificação e Patogênese de Enteroparasitas.................................... 20 2.4.1 Protozoarios segundo Neves (1998).................................................. .. 21 2.4.2 Helmintos segundo Neves (1998)..........................................................21 2.5 Diagnóstico e Tratamento......................................................................... 23 3 METODOLOGIA ........................................................................................... 24 3.1 Delimitação da Área de Estudo .............................................................. 24 3.1.1 Caracterização do Município ................................................................ 24 3.1.2 Caracterização das Creches ................................................................ 24 3.1.3 Delimitação do Público Alvo ................................................................ 25 3.2 Coletas de amostras ................................................................................ 25 3.3 Análise Laboratorial ................................................................................ 26 3.4 Aspectos Éticos ....................................................................................... 27 3.5 Orientações aos Profissionais Manipuladores de Alimentos............... 27 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 28 5 CONSIDERAÇÃOES FINAIS ...................................................................... 40 6 SUGESTÕES ................................................................................................ 42 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 43 APÊNDICES .................................................................................................... 45

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1 INTRODUÇÃO

Uma alimentação saudável e rica em nutrientes é de fundamental

importância para uma boa qualidade de vida das pessoas, em especial as

crianças. Deixar de ingerir alimentos que são essenciais para o bom

funcionamento do organismo é cada vez mais comum devido a falta de

conhecimento ou importância dada à alimentação. No entanto, além da

importância de se alimentar bem, as pessoas devem estar atentas às práticas

de higiene dos alimentos, pois, quando não são feitas corretamente podem

levar o indivíduo a contrair doenças por meio de organismos patogênicos.

(ROSSI, 2011).

No processo de industrialização as creches surgiram como um combate

à pobreza, exclusão social, desnutrição e mortalidade infantil, atendendo

também às necessidades das mulheres. O censo escolar de 2003 revelou que

no Brasil, 7% das crianças de 0 a 3 anos frequentavam creches, com um

aumento de cerca de 200% no número de matrículas nos últimos anos.

(OLIVEIRA; BRASIL; TADDEI, 2008).

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) foi desenvolvido

em 1954 no Brasil com objetivo de suprir as necessidades nutricionais dos

alunos, ofertando às crianças refeições adequadas e seguras, para

alimentações diárias, porém, a legislação brasileira não prevê normas

específicas para cozinhas de creches ou outras instituições de ensino, sendo

utilizadas as mesmas normas das cozinhas industriais. Partindo do princípio de

que cozinhas de creches assemelham-se mais às cozinhas domésticas do que

às cozinhas industriais, isso dificulta a aplicação das normas vigentes, apesar

de não serem especificamente adequadas às cozinhas das creches.

(OLIVEIRA; BRASIL; TADDEI, 2008).

Considerando o manipulador de alimento a pessoa que entre em

contado direto com os mesmos, na legislação vigente, segundo a Portaria

CVS-6/99 da Vigilância Sanitária, o trabalhador para se encontrar apto ao

exercício não deve ser portador aparente ou inaparente de doenças infecciosas

ou parasitárias, deste modo devem ser realizados exames médicos

admissionais acompanhados por análises laboratoriais periódicas. Ressalta-se

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ainda que tais funcionários não devem apresentar gastroenterites agudas ou

crônicas (diarreia ou disenteria) ou qualquer tipo de lesão. (SILVA et al., 2005).

Doenças veiculadas por alimentos têm cada vez mais merecida atenção

dos países, devido à sua alta taxa de ocorrência e gravidade. Os agentes

biológicos (vírus, bactérias, e parasitas), representam a principal causa de

contaminação alimentar. Agentes patogênicos emergentes têm se somado a

agentes biológicos convencionais atualmente como veiculadores de doenças

alimentares. (CARNEIRO, 2007).

Deste modo somando as altas taxas de parasitismo e os maus hábitos

higiênicos, os manipuladores de alimentos são os potenciais agentes

veiculadores de enteroparasitas através da contaminação alimentar de

entidades de creches públicas, onde a população infantil atendida é

considerada de risco ao parasitismo.

1.1 Justificativa

Regô citado por Colombo, Oliveira e Silva (2009) ressalta que, a

Organização Mundial da Saúde indica que 60% das enfermidades provocadas

por agentes microbiológicos são de origem alimentar, sendo que a

contaminação está relacionada à manipulação e preparo dos mesmos.

O enteroparasitismo representa doenças mais comumente encontradas,

atingindo mais de um terço da população mundial. (CAPUANO, 2008). Os

indivíduos assintomáticos que entram em contato direto e permanente com o

alimento, podem se tornar fonte de contaminação e disseminação de

enteroparasitas. (RESENDE; COSTA-CRUZ; GENNARI-CARDOSO, 1997).

Guilherme e Resende citados por Silva, Éder (2009), Silva, Reginaldo

(2009) e Silva, Luciana (2009) afirmam que as mãos contaminadas são via de

transmissão de parasitas intestinais, fato este favorecido pela ausência de

frequência higiênica adequada do manipulador de alimentos. Neste o homem é

o principal reservatório e vetor no processo de contaminação dos alimentos por

microrganismos patogênicos, tais como os parasitas.

O parasitismo na infância tem grande interesse médico, devido à alta

taxa de ocorrência. Segundo Silva e outros (2005), a predisposição das

crianças a complicações patológicas subsequentes a exposição a organismos

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infecciosos como exemplo os enteroparasitas, é cada vez mais comum, fato

este devido, uma imunidade na maioria dos casos ainda “imatura” na faixa

etária em estudo.

Identificar e estabelecer quais parasitas são encontrados nas possíveis

fontes de contaminação alimentar, como em manipuladores de alimentos, nas

entidades de educação infantil, como por exemplo, em Creches públicas do

município de Arinos-MG, onde a maioria das crianças permanece a maior parte

do dia, é de fundamental importância para que possam ser implantadas

técnicas apropriadas de limpeza e desinfecção, como formas de prevenir a

contaminação do alimento e consequentes surtos endêmicos em crianças.

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1. 2 OBJETIVOS

1. 2. 1 Objetivo Geral

Avaliar a prevalência de enteroparasitas em manipuladores de alimentos

em instituições públicas de educação infantil, creches, do município de Arinos –

MG, CEMEI Crispim Santana, CEMEI Mariane Fonseca Almeida, CCN –

Centro Cultural Natália, Centro Educacional Infantil Nardel Soares, 2012.

1. 2. 2 Objetivos Específicos

Realizar exame coproparasitológico de investigação nos manipuladores

de alimentos;

Identificar qual parasito tem maior prevalência, e suas possíveis fontes

de contaminação;

Averiguar as condições socioeconômicas e higiênico-sanitárias dos

manipuladores;

Proporcionar técnicas higienização e importância do uso de EPI’s,

orientando sobre a importância da prevenção a contaminação do

alimento aos profissionais manipuladores de alimento.

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2 REFERENCAL TEÓRICO

2. 1 DTA’s – Doenças Transmitidas por Alimentos

“Entende-se por alimento todos os produtos que possam suprir as

necessidades nutricionais do ser humano e garantir sua sobrevivência.”

(GERMANO, 2003, p. 9). Germano (2003) destaca que diversos autores têm se

dedicado ao estudo relativo das doenças transmitidas por alimentos ou DTA’s

que, cada vez mais vêm provocando surtos por contaminação alimentar.

A (OMS) Organização Mundial da Saúde informa que mais de 60% das

DTA’s são transmitidas por agentes etiológicos encontrados no alimento, tais

como, bactérias, vírus, fungos e parasitas, devido principalmente à prática

inadequada de manipulação, falta de higiene durante a preparação e matéria

prima contaminada. (SILVA JUNIOR, 1995).

Carneiro (2007) ressalta que a maioria das doenças de transmissão

alimentar está ligada aos precários hábitos de higiene pessoal e doméstica dos

manipuladores. Este fator somado à falta de política de educação sanitária e

ambiental do Brasil contribui para as altas taxas de parasitismo e seu potencial

risco de contaminação à população.

2. 2 Segurança Alimentar

A legislação vigente prevê a normatização sob aspectos que envolvem a

elaboração e industrialização dos alimentos de sua origem até distribuição. Na

esfera Federal, constam nas portarias nº 368/1997 e nº 326/1997 do Ministério

da Agricultura e do Ministério da Saúde respectivamente, referentes aos

aspectos ligados aos manipuladores e a manipulação de alimentos incluindo

higiene pessoal e cuidados sanitários. A legislação menciona a

responsabilidade dos estabelecimentos em propiciar instrução e capacitação

adequada na manipulação alimentar, higiênico-sanitária e pessoal, adotando a

prevenção para evitar a contaminação do alimento. (GERMANO, 2003).

Partindo do proposto que se define a Promoção da Saúde segundo a

Conferência da Alma – Ata 1978, a atenção primária mediante ações

promotoras de saúde desenvolve educação visando à prevenção e controle de

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problemas de saúde, através de uma adequada alimentação que possa suprir

nutricionalmente o indivíduo, e rede de saneamento básico tal como água que

garantem condições de vida que conduzem a saúde. (SILVA JUNIOR, 1995).

As boas práticas de fabricação são formadas por um conjunto de normas

empregadas em produtos, processos e serviços, visando à certificação da

qualidade e da segurança alimentar. A qualidade da matéria-prima, as

condições higiênicas do ambiente de trabalho, as técnicas de manipulação dos

alimentos e saúde dos funcionários, são fatores importantes considerados na

produção de alimentos seguros pelas Boas Práticas de Fabricação.

(COLOMBO; OLIVAIRA; SILVA, 2009).

Silva Junior (1995) ressalva que:

O Manual de Boas Práticas integrado aos princípios do Sistema APPCC define informações de situações chamadas pontos críticos, [...]. Os perigos biológicos, químicos e físicos estariam contaminando os alimentos durante a preparação, e sobrevivendo após a cocção e desinfecção [...]. (SILVA JUNIOR, 1995, p. 246).

O Manual de Boas Práticas conceitua normas de Procedimento Padrão

para atingir uma qualidade de produto e/ou serviço na área de alimento através

de itens como controle de saúde dos funcionários, matéria prima, água e

higiene adequada do manipulador treinado. (GERMANO, 2003).

2. 3 Saúde do Manipulador de Alimentos

O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), criado em 1995,

faz o repasse de recursos financeiros dirigidos para alimentação escolar de

alunos de Educação Infantil e Ensino fundamental (creches e pré-escolas)

públicas e filantrópicas, para suprir parcialmente as necessidades nutricionais

dos alunos cadastrados no Ministério da Educação. (BRASIL apud COLOMBO;

OLIVEIRA; SILVA, 2009).

Consideram-se manipulador de alimentos todas as pessoas que podem entrar em contato com o produto comestível em qualquer etapa da cadeia alimentar, desde a fonte até o consumidor. (GERMANO, 2003, p.14).

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O profissional para exercer as funções de sua competência deve este

apresentar-se saudável e em pleno vigor físico. Os regulares cuidados médico-

laboratoriais são previstos por Normas de Segurança e Medicina do Trabalho,

em âmbito federal, através de exames admissional, revisional e demissional,

Lei nº 6514 de 1977. O profissional ao manipular alimentos deve realizar

exames médicos periódicos a fim de prevenir a saúde do trabalhador e

minimizar os riscos de acidentes de trabalho, causados por parasitoses ou

infecções subsequentes, garantindo aos funcionários condições ótimas para o

desenvolvimento de suas funções. (SILVA JUNIOR, 1995).

Alguns dos exames laboratoriais solicitados de importância é a análise

coproparasitológica de fezes que tem como objetivo evidenciar e identificar os

parasitas que vivem no tubo digestivo ou aqueles que as fezes constituem

como veículo de disseminação para o meio externo. (NEVES, 1998). Estes

parasitas podem levar o indivíduo a ocasiões de diarreias e espoliações

orgânicas fraqueza tontura desmaio e falta de rendimento.

2. 4 Classificação e Patogênese de Enteroparasitas

Parasitismo é a associação entre seres vivos, onde existe unilateralidade de benefícios, sendo um dos associados prejudicados pela associação. Deste modo, o parasita é o agressor, e o hospedeiro é o que alberga o parasita, como exemplos têm os endoparasitas que vivem dentro do corpo do hospedeiro. (NEVES, 1998, p. 347).

Estima-se que mais de 200 milhões de pessoas estejam acometidas por

algum tipo de parasita intestinal no continente Americano, com cerca de 10 mil

óbitos por ano devido somente ao parasitismo por helmintos intestinais.

(MACEDE, 2005). O parasitismo intestinal representa um significativo problema

de saúde pública, devido ao extenso número de pessoas afetadas às várias

alterações orgânicas que podem provocar. (HARPHM apud CARNEIRO, 2007).

Estudos realizados no ano 1998 através de inquéritos

coproparasitológicos demonstraram que o perfil de enteroparasitas

encontrados com maior frequência em manipuladores de alimentos de escolas

são, protozoários como Giardia lamblia, Entamoeba coli e Entamoeba

histolytica. A maior porcentagem de infecção helmíntica é por ancilostomídeos,

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Ascaris lumbricoides, Hymenolepis nana e Strongyloides stercoralis.

(RESENDE; COSTA-CRUZ; GENNARI-CARDOSO, 1997).

2. 4. 1 Protozoários segundo Neves (1998):

a) Giardia lamblia: é um parasito monoxeno de ciclo biológico direto.

Apresenta duas formas: cistos e trofozoítos. Os cistos maduros são as formas

infectantes aos humanos, através da ingestão de água e alimentos

contaminados ou veiculados por moscas e baratas, como também pessoa-

pessoa em locais de aglomeração humana. A maioria dos casos é

assintomática, mas pode provocar diarréia aquosa e dores abdominais.

b) Entamoeba coli: as amebas acometem homens e animais e têm sua

distribuição geográfica amplamente distribuída. A Entamoeba coli é relatada

por muitos autores como um comensal do intestino humano, não sendo

considerada patogênica ao hospedeiro.

c) Entamoeba histolytica: têm as formas de trofozoítos e cistos. Tem como

via de transmissão a ingestão de cistos maduros através da água, alimentos

contaminados e maus hábitos higiênicos. “O portador assintomático que

manipula alimentos é o principal disseminador dessa protozoonose.” A

Entamoeba histolytica possui uma importância clínica para o homem, mas na

maioria das vezes vive como comensal na luz intestinal humana. A maioria dos

casos é assintomática, porém pode ocorrer o desenvolvimento de colites

severas e abscessos extra-intestinais.

2. 4. 2 Helmintos segundo Neves (1998) :

d) Família Ancylostomatidae: é uma das mais importantes famílias de

Nematoda. Possui grande importância no contexto universal, com uma

estimativa de 900 milhões de pessoas parasitadas no mundo. (NEVES, 1998).

Estes parasitas têm ampla distribuição geográfica. Em seu estágio parasitário

ocorrem em mamíferos, inclusive em humanos causando ancilostomatidoses.

Possuem vários estágios de vida, seus ovos são depositados no intestino

delgado do hospedeiro e são eliminados pelas fezes. A infecção no homem só

ocorre quando em seu estágio larval do tipo L3 (filarioide), denominado forma

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infectante, penetra através da pele, conjuntiva e mucosas, ou por via oral. A

patogenia é proporcional ao número de parasitas presentes no intestino

delgado. A anemia causada pelo hematofagismo pelos vermes é um dos sinais

de ancilostomose.

e) Ascaris lumbricoides: helminto encontrado em quase todos os países,

com uma alta prevalência e ação patogênica em países subdesenvolvidos.

Parasita de humanos que têm como forma infectante ovos infectados com

larvas em estágio L3, em alimentos contaminados; poeira e insetos também

são capazes de veicular ovos. Uma vez ingeridos pelo hospedeiro, estes ovos

eclodem no intestino delgado atravessam a parede intestinal, e caem nos

vasos linfáticos e veias e invadem o fígado. A intensidade da patogenia

depende do número de larvas e adultos presentes no hospedeiro podendo

haver infecções pequenas sem alterações ou com pontos hemorrágicos e de

necrose.

f) Hymenolepis nana: é o menor e mais comum dos cestódeos que ocorrem

no homem; é também encontrado em outros mamíferos e de forma hospedeira

intermediária em pulgas e carunchos de cereais. Considerada cosmopolita, é

mais frequente em países de clima quente, entretanto como fatores

importantes de sua incidência temos a densidade populacional e convívio em

ambientes fechados. Possui em seu ciclo as formas de ovos, larvas

cisticercoides e verme adulto. Os ovos são eliminados pelas fezes e podem ser

ingeridos quando presentes nas mãos e alimentos contaminados ou ingerindo

insetos contaminados ocorrendo uma hiperinfecção. Usualmente não ocorrem

manifestações clínicas, aparecimento de sintomas está relacionado ao número

de vermes albergados.

g) Strogyloides stercoralis: este parasita é o menor nematódeo parasita do

homem e também de outras espécies animais. Uma peculiaridade interessante

é que a única forma adulta encontrada no intestino delgado do homem é a

fêmea sendo o macho do ciclo de vida livre. Apresenta em seu ciclo várias

fases evolutivas e a fase larval filarioide á a forma infectante através da

penetração nas áreas de pele mais fina dos pés e mucosas. As manifestações

clínicas são semelhantes a outras verminoses com queixas de dores

semelhantes a úlceras. Não há neste tipo de verminose importância na

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transmissão por contaminação alimentar devido sua via de transmissão através

da penetração de larvas pela pele.

2. 5 Diagnóstico e Tratamento

O diagnóstico clínico é de difícil realização não tendo muito vezes

resultados expressivos, salvo a ancilostomose que pode cursar com sintomas

cutâneos, pulmonares e intestinais seguidos de anemias. O diagnóstico

laboratorial é o método de melhor escolha se mostrando mais específico a

parasitemia. O laboratório é essencial para que se estabeleça a espécie de

parasita presente no indivíduo, tendo cada parasitose sua peculiaridade. Por

esta razão existem vários métodos de identificação da biologia do parasita.

(NOLLA; CANTOS, 2005). O método qualitativo de Sedimentação Espontânea

ou de Lutz, Hoffmann, Pons e Janer, usado para o diagnóstico de ovos e larvas

de helmintos e cistos de protozoários, é o mais abrangente e rotineiramente

utilizado nos laboratórios de análises para visualização de formas parasitárias.

(NEVES, 1998).

O tratamento baseia-se não somente no uso de medicamentos

antiparasitários tais como Mebendazole, Praziquantel, Teclosan, Albendasole

dentre outros, mas requer cuidados específicos na alimentação representada

por uma dieta rica e de fácil absorção. (NEVES, 1998).

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2 METODOLOGIA

Foi realizado um estudo de caráter exploratório descritivo de abordagem

quantiqualitativa para investigação da presença de enteroparasitas nas

amostras fecais dos profissionais manipuladores de alimento que atuam nas

creches públicas localizadas na área urbana do Município em estudo.

3. 1 Delimitação da Área de Estudo

O Noroeste de Minas é uma das doze microrregiões estabelecidas pelo

IBGE (2010), sua divisão basela-se em critérios econômicos e de

agrupamentos dos municípios afins de divulgações estatísticas, com uma área

territorial de 60.906,30 Km², é composto por 22 municípios dentre estes a

cidade de Arinos.

3. 1. 1 Caracterização do Município

A pesquisa foi realizada com os manipuladores de alimento das creches

públicas do município de Arinos localizado na região Noroeste de Minas

Gerais, com uma dimensão territorial de 5.279 km² e população de cerca de

17.674 habitantes, com bioma de cerrado e economia baseada na

agropecuária. Possuiu 5 estabelecimentos municipais de saúde da família

distribuídos em 7 bairros, uma Unidade Mista de Saúde e um Hospital

Municipal, possui cerca de 70% das áreas urbanas do município com rede de

saneamento básico e 6.1% dos matriculados se encontram entre os pré-

escolares. (IBGE, 2010). Estes alunos estão distribuídos em quatro instituições

de ensino infantil público municipal e duas instituições particulares.

3. 1. 2 Caracterização das Creches

O público alvo das análises foram os profissionais que manipulam os

alimentos servidos nas 4 creches públicas, CEMEI Crispim Santana, CEMEI

Mariane Fonseca Almeida, CCN – Centro Cultural Nathália e Centro

Educacional Infantil Nardel Soares, localizadas nas áreas urbanas do município

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em estudo, totalizando cerca de 15 profissionais cantineiros. A pesquisa foi

realizada no período de fevereiro a abril de 2012, após autorização da

Secretária Municipal de Educação de Arinos – MG, diretores responsáveis

pelas creches e manipuladores de alimento alvo da pesquisa. (APÊNDICE D-).

3. 1. 3 Delimitação do Público Alvo

O público alvo foi delimitado segundo critérios de escolha das Creches

públicas da área urbana do município excluindo as instituições que estão

localizadas na zona rural e nos distritos, como também creches particulares.

Após assinatura e consentimento do Termo de Autorização Livre e Esclarecido

(APÊNDICE-C-), proposto aos Manipuladores de Alimento, alvo da pesquisa,

foram selecionados somente profissionais cantineiros que entram em contato

direto com os alimentos e utensílios das cozinhas das creches. Como critério

de inclusão dos indivíduos foi o consentimento para realização da pesquisa e a

participação com a doação do material fecal e não estarem em uso de

medicamentos antiparasitários.

3. 2 Coleta das Amostras

Segundo Resende (1997) a coleta dos dados foi realizada após

autorização prévia das autoridades responsáveis pelas instituições

(APÊNDICE-D-). A análise do perfil socioeconômico e higiênico-sanitário da

população estudada foi realizada a partir de duas entrevistas padronizadas

contendo número de ordem mantido nas amostras coletadas dos profissionais

manipuladores de alimento das creches em estudo. Foi realizada

primeiramente uma entrevista estruturada sociodemográfica (APÊNDICE-A-),

contendo 12 itens, incluindo: nome, sexo, cargo ocupado na creche, faixa

etária, localização residencial, nível de escolaridade, possui domicílio próprio,

número de cômodos na residência e número de pessoas que moram no

domicílio, possui rede de saneamento, água e esgoto, possui banheiro do

domicílio, possui assistência a saúde. A segunda entrevista estruturada

consiste em técnicas de higienização da instituição (APÊNDICE-B-), contendo

4 itens: como é feita a higienização das mãos na creche, se há a utilização de

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EPI’s, como é feita a limpeza dos utensílios, maquinário e alimentos e se há

sanitário para funcionários.

As entrevistas estruturadas foram aplicadas individualmente a cada

manipulador de alimento antes da coleta do material e após assinatura do

termo de consentimento livre e esclarecido.

3. 3 Análise Laboratorial

Após autorização foi realizada a coleta de amostras fecais por meio do

método de coproscopia parasitária. As análises foram executadas segundo o

método qualitativo de Lutz ou de Hoffmann, Pons e Janer ou de Sedimentação

Espontânea, utilizado para verificação de cistos de protozoários, ovos e larvas

de helmintos colhidas em uma amostra sem adição de conservantes. (NEVES,

1998).

O método de Lutz baseIa-se em coletar aproximadamente 2g de fezes e

colocá-las em um frasco de Borrel com cerca de 5ml de água, triturando bem

com um bastão de vidro; acrescentar mais 20ml de água; posterior filtrar a

suspensão em um cálice cônico de 200ml de capacidade, por intermédio de

uma tela de náilon (peneira) e gaze cirúrgica dobrada em quatro; os detritos

são lavados com mais 20ml de água, agitando-se constantemente com um

bastão de vidro, devendo o líquido da lavagem ser colhido no mesmo cálice;

está suspensão de fezes é deixada em repouso durante 2 a 24 horas;

completar o volume do cálice com água, realizando três lavagens alternadas

durante o período de repouso até que o líquido esteja limpo e o sedimento

bom; a colheita do sedimento realizada com uma pipeta introduzida até o fundo

do cálice afim de colher uma gota do sedimento; desprezar o sedimento em

uma lâmina homogeneizando bem, adicionar uma gota de lugol, homogeneizar,

colocar uma lamínula e examinar no aumento de 10x e 40x. (NEVES, 1998).

Foram preparadas três lâminas por amostra fecal individual e levadas ao

microscópio óptico de luz no aumento de 10x e 40x para observação das

formas parasitárias presentes. Respeitando e seguindo todas as normas de

biossegurança para procedimento e descarte dos materiais de análise.

(MACEDO, 2005).

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Após processamento dos dados foram produzidas análises de

estimativas relativas à prevalência de indivíduos portadores. (NOLLA;

CANTOS, 2005).

3. 4 Aspectos Éticos

A pesquisa foi realizada segundo a Resolução 196/96 que prevê

Diretrizes e Normas que Regulamentadoras de Pesquisas envolvendo Seres

Humanos, segundo o Conselho Nacional de Saúde que incorpora os

referenciais básicos da bioética, autonomia, não maleficência, beneficência e

justiça, assegurando os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade

científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado. (CNS, 1996).

3. 5 Orientações aos profissionais Manipuladores de Alimentos

Foram administradas aos manipuladores de alimento das Creches públicas

CEMEI Mariane Fonseca Almeida, CEMEI Crispim Santana, CCN Centro

Cultural Nathália e Centro Educacional Infantil Nardel Soares, palestras de

reciclagem com técnicas de limpeza, lavagem das mãos e a importância do uso

de EPI’s, na prevenção a contaminação alimentar, segundo as Boas Práticas

de Fabricação. (SILVA JUNIOR, 1995).

Outras atividades de orientação também foram desenvolvidas:

Orientação aos profissionais de técnica de limpeza de utensílios e de

maquinário com uso de sabão neutro e hipoclorito, segundo prevê a

ANVISA, para desinfecção de maquinários.

Orientação sobre as técnicas de limpeza das mãos e apresentar POP de

limpeza da mão através de cartazes aos manipuladores e funcionários,

como previsto pelo Conselho Nacional de Saúde.

Orientação sobre a importância do uso de EPI’s na presença de

contaminações.

Realização de dinâmica com os manipuladores da importância do

espírito de equipe, companheirismo, cooperação, iniciativa e unidade

de função no intuito de demonstrar que a prevenção é a melhor forma

de se evitar a intoxicação alimentar.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os programas de nutrição e alimentação nacionais deveriam integrar-se a programas educativos baseando-se nas análises de risco potencial de contaminação dos alimentos e identificação de pontos críticos de controle, considerados sempre os fatores sócio-culturais. (RESENDE; COSTA-CRUZ; GENNARI-CARDOSO, 1997, p. 3).

Os inquéritos parasitológicos têm sido utilizados na avaliação de

enteroparasitas humanos como um parâmetro no sentido de avaliar as

condições sanitárias de populações que vivem em precárias condições sócio-

econômocas e de saneamento básico. (NOLLA; CANTOS, 2005). Neste estudo

foram aplicados questionários a fim de obter informações sobre as condições

sanitárias e hábitos de higiene dos manipuladores de alimento, demonstradas

no Gráfico 1: dos 15 funcionários analisados, 15 (100%) são do sexo feminino.

Em seu estudo Colombo; Oliveira e Silva (2009), expõem que os profissionais

atuantes como manipuladores de alimentos em instituições escolaridade em

sua maioria é composto pelo sexo feminino, o que é demonstrado neste

estudo.

Fonte: Elaborado pelo autor

A faixa etária das profissionais variam entre 33 e 59 anos, tendo uma

média de idade de 39.86 anos demonstradas na Tabela 1. Relatam Colombo;

Oliveira; Silva (2009) em seu estudo que, o percentual de profissionais que

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exercem a função de manipulação de alimentos de creches e escolas em 80%

são de mulheres de faixa etária entre 40 e 50 anos.

Tabela 1. Distribuição das idades dos manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012 (n=15) .

Idades n

+30 anos

8

+40 anos

4

+50 anos

3

Média: 39, 86 Total: 15 Fonte: Elaborado pelo autor

O percentual de escolaridade descrito na Tabela 2, entre os indivíduos

foi maior entre os que realizaram o ensino médio completo, totalizando 8

pessoas (53,33%), 6 pessoas (40%) tinham o ensino fundamental completo e

apenas 1 cantineira (6,67%) possuía ensino superior completo. O baixo nível

de escolaridade demonstrado no estudo correlaciona com os encontrados por

Almeida citado por Colombo; Oliveira e Silva (2009), onde foram encontrados

maior número de profissionais com baixa escolaridade, estes fato está

relacionado à deficiência de informações sobre o risco de contaminação

coletiva oriundos de bactérias, vírus e enteroparasitas, sob consequência do

seu baixo nível de escolaridade.

Indivíduos de menor renda e menor escolaridade são os mais

suscetíveis à ocorrência de parasitoses intestinais, este fato esta associado às

causas primárias da distribuição de enteroparasitas. (NOLLA; CANTOS, 2005).

Tabela 2. Distribuição da escolaridade dos manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012 (n=15)

ESCOLARIDADE nº %

Ensino fundamental

6 40%

Ensino médio

8 53,33%

Ensino superior

1 6,67%

Fonte: Elaborado pelo autor

Como demonstrado na Tabela 3 que aborda aspectos epidemiológicos

dos manipuladores de alimentos, são verificadas as condições sanitárias de

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moradia e relato dos sintomas associados à entoparasitoses. Dentre os

entrevistados 11 (73,33%) possuem domicílio próprio e 4 (26,67%) são

inquilinos ou vivem com familiares. Nolla; Cantos (2005) ressaltam em seu

trabalho que o parasitismo está atribuído ao número de pessoas residentes em

um domicílio e à menor renda familiar; ao passo que quando a remuneração do

indivíduo ainda requer parte destinada à moradia, pouco se investe na saúde

da família.

Todos os manipuladores de alimento 15 (100%) possuem o sistema de

abastecimento de água tratada em seus domicílios. Em relação ao destino

adequado dos dejetos, 8 pessoas (53,33%) possuem rede de esgoto em suas

casas e 7 (46,67%) não possuem, fato determinante na avaliação sócio-

econômica da população e veiculador na contaminação por parasitas. (SILVA

JUNIOR, 1995). No momento da realização desta pesquisa, 3 pessoas (20%)

relataram sintomas associados a enteroparasitas, como dores abdominais,

diarreias e falta de apetite. Segundo Capuano et al., (2000), grande parte das

infecções intestinais parasitárias são assintomáticas e, quando cursam com

alguma sintomatologia, estas são discretas ou inespecíficas.

Tabela 3. Distribuição dos aspetos epidemiológicos em manipuladores de alimentos das creches públicas do município de Arinos – MG, 2012

(n=15).

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS nº %

Domicílio Próprio

11 73,33%

Inquilino

4 26,67%

Abastecimento de água Sim

15 100%

Não

0 0

Rede esgoto Sim

8 53,33%

Não

7 46,67%

Sintomas associados à enteroparasitoses Sim

3 20%

Não

12 80%

Fonte: Elaborado pelo autor

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A maior parte das doenças transmitidas por alimentos está ligada às

condições da matéria prima, aos maus hábitos dos manipuladores, à

higienização e o controle ambiental. (NOLLA; CANTOS, 2005). Nas quatro

entidades de creches públicas infantis analisadas foram obtidas 15 (100%)

amostras de fezes no total de 15 funcionários atuantes como manipuladores de

alimentos, assistentes de cozinha e também na realização do serviço de

limpeza das instituições. Nota-se que quando comparado a outros inquéritos

parasitológicos, houve uma elevada ocorrência de enteropasitas 11 (73,3%) na

população estudada. A frequência de positividade descrita na literatura para

manipuladores de alimentos varia de 28,6% a 70,9%. (HENRÍQUEZ;

CASTELBLANCO apud CARNEIRO, 2007).

O Gráfico 2 demonstra a ocorrência de enteroparasitas nas instituições

de estudo. A positividade foi de 11 pessoas (73,33%). Nas Américas foi

constatado por vários autores que a frequência de enteroparasitas em

manipuladores de alimentos varia entre 28,6% e 70,9%. No Brasil a

positividade encontrada em diferentes categorias de profissionais

manipuladores condiz com as altas taxas encontradas neste estudo. (MUNHOZ

apud CAPUANO et al., 2000).

Fonte: Elaborado pelo autor

Os indivíduos que apresentavam positividade nas amostras coletadas

são demonstrados no Gráfico 3: 7 pessoas (63,64%) apresentavam parasitas e

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4 pessoas (36,67%) apresentavam comensais intestinais. Observa-se que

houve associação das espécies parasitas e comensais intestinais em 3

indivíduos (27,27%) dentre estes também associações poliparasitárias.

Resende; Costa-Cruz e Gennari-Cardoso (1997), demonstram em seu estudo

que a associações de parasitas e comensais intestinais é frequentemente

encontrada, evidenciando-se infecções por ancilostomídeos e outros helmintos,

como também protozoários.

Observou Capuano et al., (2000) em seu estudo que 20% dos

manipuladores de alimentos eram acometidos por poliparasitismo, envolvendo

até 4 espécies de parasitas diferentes.

Fonte: Elaborado pelo autor

As taxas de prevalência de indivíduos positivos para parasitas e

comensais intestinais por creche encontram-se na Tabela 4. A maior

prevalência encontrada para indivíduos positivos foi no CEMEI Crispim

Santana, representando 4 pessoas (26,67%) de todos os indivíduos.

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Tabela 4. Resultados observados nos exames coproparasitológicos em amostras de manipuladores de alimentos das instituições de creches

públicas do município de Arinos – MG, 2012. (n=15).

Creches públicas Cantineiros examinados

Amostra Positiva

Amostra%

Amostra Negativa

Amostra %

CEMEI Mariane F. Almeida 3 2 66,60% 1 33%

CEMEI Crispim Santana 4 4 100% 0 0%

CCN Centro Cultural Nathália 4 3 75% 1 33% Centro Educacional I. Nardel Soares 4 2 50% 2 50%

Fonte: Elaborado pelo autor

Dentre os protozoários (parasitas e comensais), o mais frequente

encontrado foi a espécie parasita Entamoeba histolytica em 5 indivíduos

(33,33%), seguida pela espécie comensal Entamoeba coli em 4 indivíduos

(26,67%). Entre as espécies helmínticas encontradas a taxa de prevalência

mais representativa foi a infecção pela família Ancylostomidae: 3 pessoas

positivas (20%). Ascaris lumbricoides foi outro helminto encontrado em menor

frequência em 2 pessoas (13,33%) (Tabela 5).

Tabela 5. Distribuição de enteroparasitas em manipuladores de alimentos de instituições de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012.

(n=15).

Agente infeccioso Amostra positiva %

Protozoários

Entamoeba coli*

4 26,67%

Entamoeba histolytica

5 33,33%

Helmintos

Família Ancylostomidade

3 20%

Ascaris lumbricoides

2 13,33%

* Espécie comensal

Fonte: Elaborado pelo autor

A falta de controle higiênico-sanitária das pessoas que manipulam

alimentos constitui uma das principais fontes de disseminação de

enteropatógenos. (NOLLA; CANTOS, 2005).

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Parasitos e/ou comensais intestinais podem ter as mãos como veículo

de transmissão, sendo que a quantidade de cistos e ovos eliminados no meio é

a principal preocupação com a transmissão. Os protozoários transmitidos com

maior frequência são E. histolytica, G. lamblia e Toxoplama gondii. (SOUZA;

COSTÊLA; OLIVEIRA apud SILVA, Éder (2009); SILVA, Reginaldo (2009);

SILVA, Luciana, (2009). Para os helmintos encontrados com maior frequência

temos Echinococcus granulosus, Hymenolepis nana, Trichiuris trichiura e

Ascaris lumbricoides (GOURLAT e GUILHERME apud SILVA, Éder (2009);

SILVA, Reginaldo (2009); SILVA, Luciana (2009).

Os índices de contaminação encontrados por Macedo Junior. et al.,

(2009), assemelham-se aos encontrados neste estudo com uma alta taxa de

ocorrência de amostras positivas para E. histolytica (12,5%), e E. coli (25%). O

estudo revelou uma alta ocorrência de E. histolytica. A ocorrência deste

parasita deve-se as condições precárias de manipulação de alimentos

(destinação incorreta do lixo), possibilitando a manutenção de ciclos de

infecção.

Embora E. coli não seja considerada um organismo patogênico, é de

importante relevância salientar sua ocorrência devido este ser um parâmetro

para medir o grau de contaminação fecal exposto pelo indivíduo. (RESENDE;

COSTA-CRUZ; GENNARI-CARDOSO, 1997). Silva, Éder (2009); Silva,

Reginaldo (2009) e Silva, Luciana (2009) revelam em seu estudo que

estatisticamente a infecção por protozoários (20%) foi maior quando

comparada as por helmintos (1,7%), o que também ficou evidenciado neste

estudo.

Quando analisada a contaminação por manipuladores de alimentos em

três amostras de escolas púbicas em Uberlândia (MG) por Resende citado por

Macedo Junior et al., (2009), foi detectado o percentual de infecção por

helmintos de (6%, 5%, 5%) de portadores de ancilostomídeos em cada escola,

e (3%, 1%, 2%) de portadores de Ascaris lumbricoides, para 264 amostras

analisadas. Esta situação não é muito diferente quando comparadas às 15

pessoas analisadas neste estudo, com uma ocorrência geral de 5 pessoas

(33,3%) parasitadas por helmintos, com uma taxa de prevalência de (0,5%)

para Ascaris lumbricoides e (0,75%) para ancilostomídeos, por creche.

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A contaminação dos sanitários assentos, trincos e maçanetas são

frequentes em escolas públicas por ovos de helmintos, embora não seja um

critério de contaminação por enteroparasitas dos usuários, indica a presença

de agentes infecciosos neste local. (RESENDE; COSTA-CRUZ; GENNARI-

CARDOSO, 1997).

Embora o exame clínico seja o primeiro passo para o diagnóstico das

enteroparasitoses, o diagnóstico laboratorial é essencial para que se

estabeleça a espécie de parasita presente no indivíduo. (RESENDE; COSTA-

CRUZ; GENNARI-CARDOSO, 1997). A utilização do método

coproparasitológico de Lutz, empregado no presente estudo, foi feita através de

uma amostra fecal com a visualização de no mínimo duas lâminas por amostra

para melhor visualização de cistos de protozoários, ovos e larvas de helmintos.

Este é o método de escolha utilizado por muitos laboratórios de análises devido

ao seu fácil acesso, baixo custo e ser capaz de evidenciar maior número de

formas parasitárias. (NEVES, 1997).

No emprego das técnicas de análises coproparasitológicas deve-se

considerar que cada parasitose tem sua peculiaridade, dependendo da biologia

do helminto ou protozoário pesquisado. Por esta razão não existe um método

único capaz de identificar com precisão todas as formas de parasitas. (NOLLA;

CANTOS, 2005). Outro fator a ser considerado é a sensibilidade do exame de

fezes, que varia consideravelmente dependendo da carga parasitária do

indivíduo, dos períodos de eliminação dos parasitas pelas fezes, do método

utilizado e da experiência do pesquisador. (CAPUANO et al., 2000).

Na Tabela 6 observa-se que os profissionais manipuladores de

alimentos que residiam em domicílios onde não havia o abastecimento de rede

de saneamento básico através do destino adequado dos dejetos pela rede de

esgoto corresponderam a 8 pessoas (53,33%) de todos os indivíduos.

Em tais indivíduos, houve uma ocorrência de positividade das amostras

coletadas por enteroparasitas das espécies helmínticas representadas pela

família Ancylostomidae em 2 pessoas (25%) e o parasita Ascaris lumbricoides

em 2 pessoas (25%), já os protozoários Entamoeba histolytica esteve presente

em 3 (37,5%) dos indivíduos e 2 pessoas (25%) encontrado Entamoeba coli.

Destas amostras a ocorrência de associações com protozoário comensal

intestinal Entamoeba coli e também associado ao protozoário Entamoeba

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histolytica, protozoário que se destacou com maior número de ocorrência no

estudo, foram encontrados em 3 indivíduos (37,5%), portadores que não são

contemplados com rede esgoto.

Tabela 6. Distribuição de protozoários e helmintos em amostras fecais de manipuladores de alimentos de creches públicas, segundo o não

abastecimento de rede esgoto em seus domicílios, município de Arinos - MG, 2012 (n=8).

AGENTE INFECCIOSO nº %

Protozoários

Entamoeba histolytica

3 37,5%

Entamoeba coli*

2 25%

Helmintos

Ascaris lumbricoides

2 25%

Família Ancylostomidae

2 25%

Poliparasitismo

3 37,5%

* Espécie comensal

Fonte: Elaborado pelo autor

Em seu estudo Nolla; Cantos (2005) sugerem que, o abastecimento de

água encanada ou tratada e o destino adequado dos dejetos ou do lixo não

tiveram influência quanto aos índices de parasitas encontrados no estudo.

Devidos os indivíduos parasitados ou não, possuírem rede de saneamento em

seus domicílios, de forma que esses parâmetros pouco avaliaram as condições

de parasitismo. Os fatores que determinaram o parasitismo no estudo foram a

higienização inadequada dos alimentos, menor renda familiar e baixo nível de

escolaridade.

Diante dos dados apresentados neste estudo, pode se notar que a

ocorrência de parasitoses esteve em maior ocorrência em indivíduos que não

eram beneficiados pelo abastecimento de rede esgoto em seus domicílios o

que condiz com Capuano et al., (2000) que afirmam em seu estudo que as

diferentes prevalências de enteroparasitas observadas entre estudos

relacionam-se provavelmente às condições de saneamento regionais e as

condições sócio-econômicas da população estudada. As análises mostraram

que a relação da presença de parasitas nas unhas seria propiciada pela falta

de rede de esgoto nos domicílios, e esta ocorrência está ligada a hábitos

precários de higiene. (VINHA apud MACEDO JUNIOR et al., 2009).

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Quanto ao aspecto que correspondente às práticas de higienização

pessoal dos profissionais cantineiros e também limpeza da matéria prima

(alimento) e utensílios utilizados na rotina de fabricação das refeições das

creches em estudo observou-se na Tabela 7 que, 15 pessoas (100%)

relatavam fazer o uso somente de água e sabão na lavagem das mãos, não se

utilizando de outros produtos como álcool 70%, álcool em gel ou outros

antimicrobianos.

Tabela 7. Distribuição de aspectos correspondentes à higienização dos manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos –

MG, 2012. (n=15).

Técnicas de higienização nº de

profissionais %

Não conhecimento do procedimento de limpeza das mãos 10

66,67%

Uso de água e sabão

15

100%

Uso de álcool 70% ou antimicrobianos

0

0%

Limpeza de maquinários e da instituição Água, sabão e água sanitária

15

100%

Fonte: Elaborado pelo autor

Colombo; Oliveira e Silva (2009) apontam em seu estudo que no que diz

respeito à lavagem das mãos, 97% dos profissionais cantineiros relatavam

saber lavar as mãos corretamente, mas não conseguiam descrever o

procedimento utilizado no dia a dia. Silva Junior, (1995) aponta em seu manual

que as mãos podem veicular vários microrganismos importantes, e se estas

estiverem sujas, mal lavadas, com cortes ou machucados, portando alergias ou

com unhas compridas são veículo fácil de transmissão de microrganismos e

parasitas intestinais aos alimentos.

A higiene pessoal dos manipuladores de alimentos é um fator importante

de contaminação dos produtos. Os microrganismos podem passar para as

mãos ou partes expostas do corpo e entrarem em contato direto ou indireto

com o alimento. (GERMANO, 2003).

O procedimento correto de lavagem das mãos deve ser realizado com

água e sabão, habituando a lavar as mãos no mínimo 10 vezes durante o dia

de trabalho, enxugar com papel toalha ou ar quente. A anti-sepsia das mãos

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deve ser feita com sabões anti-sépticos, álcool 70% ou álcool em gel e não

fazer anti-sepsia por imersão, secando as mãos ao ar. (SILVA JUNIOR, 1995).

A maioria dos profissionais 10 (66,67%) desconhecia o procedimento

correto de limpeza das mãos e do antebraço previsto pela ANVISA e CNS, e

justificavam a não realização muitas das vezes devido ao prolongado tempo

gasto para realização da técnica. Dentre os fatores de contaminação alimentar,

os manipuladores são determinantes na contaminação, pois estes estão em

contato mais próximo com o alimento, e muitas vezes apresentam atitudes

insatisfatórias em relação aos cuidados higiênico-sanitários. (ALMEIDA;

NOLLA apud COLOMBO; OLIVEIRA; SILVA, 2009). Ribeiro citado por

Colombo; Oliveira e Silva 2009 ressaltam a relevância da lavagem das mãos

como principal medida para reduzir a quantidade de microrganismos.

A limpeza de utensílios e maquinários, lavagem de roupas, cuidados

com hortas, banho das crianças e a limpeza da instituição também eram

atividades exercidas pelas profissionais manipuladoras de alimentos, com

relatos sobre o uso de sabão líquido ou em pó, água e água sanitária e

sabonete no banho das crianças. Colombo; Oliveira e Silva (2009) relatam em

seu estudo que 87% das merendeiras que realizavam o preparo das refeições

distribuídas em escolas e creches, também realizam outras funções como

limpeza de utensílios, de outras salas e lavagem de roupas. Isto é um grave

problema, pois a má higienização e a realização de outras funções podem

proporcionar a contaminação no preparo dos alimentos.

As profissionais relatavam deixar as frutas, verduras e hortaliças de

molho em solução de 1 litro de água e 1 colher de (sopa) de água sanitária

durante pelo menos 10 minutos para limpeza e desinfecção dos alimentos. A

higiene dos alimentos se caracteriza pelos processos nos quais os alimentos

se tornam higienicamente adequados para o consumo. O procedimento para a

higiene correta dos vegetais e folhosos devem ser lavados em água potável e

corrente eliminado 74% das sujidades, em seguida devem ficar imersos de 10

a 15 minutos em solução clorada entre 150 a 200 ppm de cloro ativo ou

hipoclorito de sódio próprio para o consumo. (SILVA JUNIOR, 1995).

Em relação ao uso de EPI’s foi observada somente a utilização de

aventais e toucas pelas profissionais, segundo relatos elas não utilizavam as

luvas devido ao incômodo e desconforto durante a manipulação. Como

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demonstrado na Tabela 8: dentre as cantineiras, 12 pessoas (80%) utilizavam

toucas e aventais no momento da pesquisa, 15 pessoas (100%) utilizavam

aventais e 3 pessoas (20%) não utilizavam toucas devido a falta do material no

estoque. Todas as instituições mostraram possuir um banheiro destinado aos

funcionários da creche, separando os utilizados pelas crianças. Colombo;

Oliveira e Silva (2009) relatam que 87% das merendeiras utilizam uniformes

adequados exclusivos para produção de alimentos e 13% relatavam a não

utilização de nenhum tipo de uniforme para preparação dos alimentos, assim

demonstrando um ponto crítico para contaminação dos alimentos. A falta de

higiene proporciona a contaminação das mãos e levando a contaminação do

alimento durante o preparo, uma vez que não há a utilização de luvas no

manuseio dos alimentos.

Tabela 8. Relação entre o uso de EPI's pelos manipuladores de alimentos de creches públicas do município de Arinos – MG, 2012.

(n=15).

Uso de EPI's nº %

Toucas

12

80%

Aventais

15

100%

Luvas

0

0

Fonte: Elaborado pelo autor

A manipulação dos produtos para preparação dos alimentos em Serviços de Alimentação constitui um importante ponto de controle ou mesmo ponto crítico, porque são varias as etapas, desde o preparo até a distribuição onde pode ocorrer a contaminação. (SILVA JUNIOR, 1995, p. 243).

As BPF visam a promoção e a certificação da qualidade e da segurança

do alimento. A implantação destas e o treinamento pelos manipuladores de

alimentos são um dos meios mais eficazes e econômicos para adequação dos

profissionais de forma a garantir prevenção à contaminação cruzada,

armazenamento e preparo inadequado por parte do manipulador. (COLOMBO;

OLIVEIRA; SILVA, 2009). A prevenção realizada pelos profissionais

manipuladores de alimentos através do conhecimento quanto ao risco de

contaminação e potencial patogênico dos microrganismos deixa evidente a

importância do uso de EPI’s de modo a garantir uma alimentação saudável às

crianças assistidas pelas creches.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

As visitas nas creches públicas foram realizadas nos horários das 10 às

13 horas, horários em que as principais refeições do dia são preparadas pelas

manipuladoras de alimentos. Desta maneira foi possível observar de que forma

os alimentos eram manuseados e preparados, avaliando os hábitos utilizados

pelas profissionais na rotina de trabalho.

Notou-se que nenhuma das manipuladoras utilizava de forma correta as

técnicas de lavagem das mãos propostas pelas Boas Práticas de Fabricação

através do POP de limpeza das mãos, e não faziam o uso de antissépticos.

Muitas das vezes as frutas, verduras e vegetais eram somente enxaguados em

água abundante, não realizando corretamente sua limpeza com sabão e água

clorada.

Este fato demonstra um ponto crítico de contaminação alimentar, devido

a uma deficiente lavagem de mãos e dos alimentos, não capaz de

descontaminá-los de forma eficaz. Outro fator a ser considerado é o

manipulador de alimentos realizar outras funções na creche, como as de

limpeza da instituição, lavagem de roupas e banho das crianças, o que o torna

mais susceptível à contaminação pessoal e consequente do alimento a ser

manipulado posteriormente.

Nota-se neste estudo que a infecção por protozoários foi

consideravelmente mais expressiva que por helmintos, com uma taxa de

prevalência de (81,81%) das amostras positivas para Entamoeba histolytica e

Entamoeba coli, a partir da utilização do método de Sedimentação espontânea

de Lutz para análise. Embora a E. coli seja considerada por muitos autores um

comensal intestinal, esta apresenta um mecanismo de transmissão semelhante

a E. histolytica, um protozoário patogênico que possui como via de transmissão

a ingestão de água e alimentos contaminados além da disseminação devido

uma higiene precária. Este fato sugere que as condições higiênicas das

profissionais manipuladoras de alimento, público com alto risco de transmissão

de enteropatógenos, está relacionada ao risco de contaminação e higiene

inadequada e lavagem incorreta das mãos.

As taxas de prevalência por helmintos encontradas no estudo foram

menores, com (45,45%) dos indivíduos portadores de enteroparasitas. Entre os

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helmintos, destacou-se a Família Ancylostomidae com (27,27%), cuja

ocorrência provavelmente esteja associada aos hábitos de higiene da

população mais carente com nível sócio-econômico inferior e baixa

escolaridade. Além disso, a infecção observada entre as profissionais pode

estar relacionada com a penetração de larvas infectantes por via cutânea,

devido a manipulação da terra nas hortas mantidas pelas creches, revelando

que os parasitas estão mantendo seu ciclo no solo.

Ascaris lumbricoides foi outro helminto que embora encontrado em

menor frequência, sua ocorrência é alarmante quando considerado que os

manipuladores de alimentos descrevem a não utilização de luvas, uma

lavagem inadequada das mãos e a realização de outras atividades de limpeza

da instituição. Deve ser ressaltado que a falta de abastecimento em

saneamento básico e os maus hábitos higiênicos são fatores limitantes e

pontos críticos para transmissão de parasitas e contaminação dos alimentos.

Os resultados desta pesquisa levam a concluir que houve um elevado

índice de profissionais parasitados, desta forma observa-se a necessidade da

realização de acompanhamento médico-laboratorial dos profissionais

manipuladores para assegurar a saúde individual do trabalhador e bloquear os

processos de disseminação de parasitas.

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6 SUGESTÕES

A falta de controle higiênico dos alimentos pelas pessoas que

manipulam os mesmos são as principais fontes de disseminação de

enteropatógenos. (NOLLA; CANTOS, 2005). Os resultados dessa pesquisa

mostram a necessidade de melhorias na qualidade do saneamento básico,

destino adequado dos dejetos e do lixo no ambiente populacional.

Atividades de educação em saúde devem ser promovidas com o objetivo

de fornecer treinamentos e reciclagens periódicas às instituições e seus

profissionais, de modo a instruí-los e aperfeiçoá-los em relação à realização

adequada de suas tarefas e distribuição das mesmas de acordo com o seu

perfil.

Ações para o controle de qualidade dos alimentos tornam-se

necessárias através da implantação de diretrizes que regem pontos críticos de

contaminação alimentar. Devem ser adotadas práticas de prevenção em

relação à contaminação através do uso de uniformes, EPI’s e uma higiene

pessoal e do alimento, bem como do ambiente onde se convive, tendo em vista

que são formas de evitar a transmissão de parasitas.

A implantação das Boas Práticas de Fabricação na rotina de trabalho e

determinação dos Pontos Críticos de Controle é fundamental para garantir não

somente a qualidade do produto alimentício, mas também para manutenção da

saúde das crianças evitando assim a ocorrência das DTA’s.

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REFERÊNCIAS

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Conselho Nacional de Saúde/CNS- Resolução 19. 196/96 – Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa envolvendo Seres Humanos - Disponível em: <http://www.ufrgs.br/bioetica/res19696.htm> Acesso em: 30 de novembro de 2011. COLOMBO, Micheli; OLIVEIRA, Kelly Mari Pires de; SILVA, Dani Luce Doro da. Conhecimento das Merendeiras de Santa Fé, PR, sobre higiene e Boas Práticas de Fabricação na produção de alimentos. Higiene Alimentar - Vol. 23 - nº 170/171, 2009. GERMANO, Maria Izabel Simões. Treinamento de manipuladores de alimentos: fator de segurança alimentar e promoção da saúde. São Paulo:

Livraria Varela, 2003/ Higiene Alimentar, 2003. IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Cidades@. Censo 2010. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/calendario.shtm>. Acesso em: 31 de outubro de 2011. MACEDO, Hélica Silva. Prevalência de Parasitos e Comensais Intestinais em Crianças de Escola da Rede Pública Municipal de Paracatu (MG). RBAC, vol. 37(4): 209-213, 2005.

MACEDO JUNIOR , E. M. et al. Como andam as mãos dos manipuladores de alimentos das unidades de alimentação e nutrição do Campus I da UFPB? Biosciência. Jornal. 2009.

NEVES, David Pereira. Parasitologia humana. 9º ed. São Paulo: Editora

Atheneu, 1998. NOLLA, Alexandre Costa; CANTOS, Geny Aparecida. Relação entre a ocorrência de enteroparasitoses em manipuladores de alimentos e aspectos epidemiológicos em Florianópolis, Santa Catarina, Brasil. Caderno Saúde Pública, Rio de Janeiro, 21(2):641-645, março-abril, 2005 OLIVEIRA, Mariana de Novaes; BRASIL, Anne Lise Dias e TADDEI, José Augusto de Aguiar Carrazedo. Avaliação das condições higiênico-sanitárias das cozinhas de creches públicas e filantrópicas. Ciências saúde coletiva. 2008, vol.13, n.3, pp. 1051-1060. ISSN 1413-8123.

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RESENDE, Carlos Henrique A. de; COSTA-CRUZ, Juliana Maria, GENNARI-CARDOSO, Margareth R. Enteroparasitoses em manipuladores de alimentos em escolas públicas de Uberlândia (Minas Gerais), Brasil. Revista Panamerica Saúde Publica/Pan Am J Public Health 2(6), 1997.

ROSSI, Ana Paula Leão. Creches públicas de São Paulo oferecem risco de contaminação alimentar. Portal da Educação. Disponível em: <http://www.portaleducacao.com.br/educacao/noticias/38701/creches-publicas-de-sao-paulo-oferecem-riscos-de-contaminacao-alimentar> Acesso em: 09 de outubro de 2011. SILVA, Jaqueline Otero et al. Enteroparasitoses e onicomicoses em manipuladores de alimentos do município de Ribeirão Preto, São Paulo, Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia, 2005; 8(4): 385-92.

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APÊNDICES

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Apêndice A- Entrevista Estruturada Número de Ordem:____

Entrevista Estruturada Sociodemográfica

Nome completo:_________________________________________________

Sexo: M F

Cargo que ocupa:________________________________________________

Faixa etária: ______15 a 30 _____30 a 40 ______mais de 40

Localização de residencial/ Bairro:__________________________________

Nível de escolaridade:

Nenhum:_______________________________________________

Ensino fundamental: ____________incompleto ______________ completo.

Ensino médio: ______________incompleto ______________ completo.

Ensino superior: ______________incompleto ______________ completo.

Possui domicilio próprio: sim______ não_____

Número de cômodos na residência: _____ 1 a 3_____3 a 6_____ mais de 6.

Número de moradores na casa: _____ 1 a 3 _____3 a 6 _____ mais de 6.

Possui rede de saneamento: Água:sim____ não_____ Esgoto:sim____

não____

Possui banheiro no domicílio: sim______ não_____

Possui assistência a saúde: sim_____ não_____

___________________________________

Assinatura do entrevistado

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Apêndice B- Entrevista Estruturada Número de Ordem:____

Técnicas de higienização da Instituição

Como é feita a higienização das mãos na creche?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Utilização EPI’s? _______ sim ______ não _______ às vezes.

Como é feita a limpeza dos utensílios, maquinários e alimentos?

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

_______________________________________________________________

Há sanitário para funcionários? ________ sim ________ não _________

quantos.

___________________________________

Assinatura do entrevistado

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APÊNDICE C- Termo de Autorização

TERMO DE AUTORIZAÇÃO LIVRE ESCLARECIDO

Eu,_____________________________________________________ por meio

deste autorizo o acadêmico do 8º período do Curso de Biomedicina, da

Instituição Faculdade Tecsoma, a realizar coletas de amostras biológicas, a fim

de realizar pesquisas com fundamentos científicos, na realização do projeto,

“Incidência de enteroparasitas em manipuladores de alimentos de creches

públicas do Município de Arinos – MG, Brasil”, no período de fevereiro a abril

de 2012.

Cientes de que os referidos nomes dos pesquisados não será

divulgado pela pesquisa.

___________________________________

Assinatura do pesquisado

Data:_________________, Arinos 2012.

___________________________ ________________________

Assinatura do acadêmico Assinatura do Orientador

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APÊNDICE D-

Oficio s/n

Arinos, _____________ de 2012

Assunto: solicitação faz.

Prezada Secretária,

Meu cordiais comprimentos, ciente do seu relevante trabalho para com a

educação do Município de Arinos. Eu, Ana Carolina Souza da Silva acadêmica

do 8º período do Curso de Biomedicina da Instituição Faculdade Tecsoma –

Paracatu - MG, venho por meio deste solicitar a Sra. Secretária Municipal de

Educação autorização para realizar Projeto de pesquisa de Conclusão de

Curso com fins científicos, cujo tema “Incidência de enteroparasitas em

manipuladores de alimentos de creches públicas do Município de Arinos – MG,

Brasil”, no período de fevereiro a abril de 2012.

Atenciosamente,

Ana Carolina Souza da Silva

_________________________ ____________________

Secretária M. de Educação Coordenadora

A excelentíssima senhora Secretária de Educação Maria Aparecida Silva

Santos.