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P O R T O INSTITUTO TOCANTINENSE PRESIDENTE ANTONIO CARLOS CURSO DE ENGENHARIA CIVIL JONAS SILVA LIMA FALHAS CONSTRUTIVAS E SUAS INFLUÊNCIAS NA CORROSÃO DAS ARMADURAS PORTO NACIONAL 2010

Falhas Construtivas e Suas Influências na Corrosão das Armaduras

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  • P O R T O

    INSTITUTO TOCANTINENSE PRESIDENTE ANTONIO CARLOS

    CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

    JONAS SILVA LIMA

    FALHAS CONSTRUTIVAS E SUAS INFLUNCIAS NA

    CORROSO DAS ARMADURAS

    PORTO NACIONAL 2010

  • JONAS SILVA LIMA

    FALHAS CONSTRUTIVAS E SUAS INFLUNCIAS NA

    CORROSO DAS ARMADURAS

    Pesquisa apresentada ao Curso de Engenharia Civil como TCC Trabalho de Concluso de Curso. Orientador: Prof. Eng. Civil Bruno Lebrn Mattiello.

    PORTO NACIONAL

    2010

  • De uma maneira geral, o futuro do concreto no vai ser determinado por tecnologias sofisticadas, aplicveis a casos especficos, mas pelos esforos de todos em resolver os problemas dos que lidam com o dia-a-dia dos concretos convencionais. (P.K. Mehta. 1994).

  • Dedico este trabalho aos meus pais, em especial a minha me (in memorian), pelo e exemplo de dignidade e frutificao, perpetuando os princpios cristos atravs dos filhos, filhas e descendentes.

  • RESUMO

    Esta pesquisa tem por objetivo o estabelecer relaes existentes entre

    alguns procedimentos construtivos usuais na confeco de estruturas de

    concreto armado, influenciados por detalhes arquitetnicos ou prticas

    construtivas empricas, sem observncia s normas tcnicas, e suas

    contribuies para a degradao do concreto; expondo assim as armaduras

    corroso. Fundamentando-se em literatura especializada, analisando

    procedimentos e patologias verificadas na regio de Poro Nacional, e aplicando

    um questionrio para avaliao dos procedimentos e conhecimentos dos

    operrios da construo civil, procurando assim; contribuir para melhor

    qualidade na execuo de obras, visando melhor desempenho e durabilidade

    nas construes.

    Palavras-chave: Patologia. Mtodos construtivos. Corroso das armaduras.

  • ABSTRACT

    This paper aims to establish links between some construction procedures

    customary in the manufacture of reinforced concrete structures, influenced by

    architectural details and construction practices, empirical without compliance

    with technical standards, and their contributions to the degradation of the

    concrete, thereby exposing the armor corrosion. Basing on literature,examining

    procedures and pathology verified in the region of Porto Nacional, and applying

    a questionnaire for evaluation of the procedures and knowledge of the laborers

    of the civil construction, thus seeking to contribute to a better quality of the

    works, aiming at better performance and durability in the constructions.

    Word-key: Pathology. Constructive methods. Corrosion of reinforced concrete

    structures.

  • LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 001 Fluxograma controle de qualidade 2

    Figura 002 Esquema terico do empacotamento das partculas. 15

    Figura 003 percolao de substncias no interior de materiais porosos 15

    Figura 004 Forma das partculas 22

    Figura 005 Armazenamento e identificao da ferragem 26

    Figura 006 Sistema de frma convencional para pila 29

    Figura 007 Sistema de frma convencional para viga 29

    Figura 008 Sistema de frma convencional para laje 30

    Figura 009 Detalhe da bancada de dobragem 32

    Figura 010 Chapa de dobragem 33

    Figura 011 Pinos de dobragem improvisados 33

    Figura 012 Mquina de dobra automtica 33

    Figura 013 Ns de amarrao de ferragem 34

    Figura 014 N observado em ferragens na regio 34

    Figura 015 Processos de emendas de vergalhes 36

    Figura 016 Pastilhas de argamassa 36

    Figura 017 Pastilhas de plstico 36

    Figura 018 Fluxo para determinar o trao do cimento 37

    Figura 019 Clula de corroso 44

    Figura 020 Aspecto do ao em marquise desabada 56

    Figura 021 Aspecto do concreto em marquise desabada 56

    Figura 022 Aspecto do ao em viga deteriorada 56

    Figura 023 Aspecto do ao em viga deteriorada 56

    Figura 024 Efeitos da oxidao do ao no concreto 57

    Figura 025 Equipamento de teste de abatimento de cone 61

    Figura 026 Etapas do ensaio de abatimento de cone 63

    Figura 027 Avaliao do abatimento do cone 63

    Figura 028 Segregao do concreto em pilar 69

    Figura 029 Segregao do concreto em viga 69

    Figura 030 Cobertura insuficiente da armadura em pilares 70

  • Figura 031 Falta de lastro em vigas baldrame 71

    Figura 032 Cobertura insuficiente da armadura de vigas 71

    Figura 033 Cobertura insuficiente da armadura de lajes 71

    Figura 034 Aspecto do tudo de escoamento no pilar e do alvenacreto 72

  • LISTA DE TABELAS

    Tabela 001 Densidades dos concretos comuns 14

    Tabela 002 Cimentos Portland produzidos no Brasil 19

    Tabela 003 Concreto Influenciado pelas Caractersticas do Agregado 20

    Tabela 004 Classificao da areia 21

    Tabela 005 Classificao da brita segundo NBR 7225 21

    Tabela 006 Classificao comercial da brita para construo civil 21

    Tabela 007 Densidades aparentes mdias de alguns agregados 22

    Tabela 008 Caractersticas do ao CA 25 24

    Tabela 009 Caractersticas do ao CA 50 24

    Tabela 010 Caractersticas do ao CA 60 24

    Tabela 011 Propriedades das barras de ao destinadas a armaduras 32

    Tabela 012 Desvio padro de controle p/ concreto 37

    Tabela 013 Consumo gua/abatimento/agregado grado 38

    Tabela 014 Consumo gua/MF/agregado grado 39

    Tabela 015 Mistura brita em funo do dimetro 39

    Tabela 016 Causas das patologias em estruturas de concreto 42

    Tabela 017 Teor de U.R. x Teor de umidade no concreto a 25C 44

    Tabela 018 Cloretos na gua de amassamento segundo NBR-15900 47

    Tabela 019 Tabela de Umidade Relativa do Ar 49

    Tabela 020 Classes de agressividade ambiental 50

    Tabela 021 Relao prtica gua/cimento e grau de agressividade 54

    Tabela 022 Relao prtica gua/cimento e grau de agressividade 55

    Tabela 023 Recomendao cobertura mnima 55

    Tabela 024/a Recomendao cobertura mnima 58

    Tabela 024/b Recomendao cobertura mnima 59

    Tabela 024/c Recomendao cobertura mnima 60

    Tabela 025 Slump mximo e mnimo recomendados, conforme o ACI 63

  • LISTA DE GRFICOS

    Grfico 001 Curva de Abrams 38

    Grfico 002 Profundidade carbonatao funo tempo/gua/cimento 53

    Grfico 003 Tipo de agregado grado utilizado no concreto 64

    Grfico 004 Perodos de deforma 65

    Grfico 005 Uso de homogeneizador no preparo do concreto 66

    Grfico 006 Uso de adensador na aplicao do concreto 67

    Grfico 007 Uso de adensador na aplicao do concreto 68

    Grfico 008 Exposio das armaduras concretadas 69

    Grfico 009 Capacitao dos mestres-de-obras 72

  • LISTA DE EQUAES

    Equao 001 Condutibilidade trmica por Fourier 10

    Equao 002 Lei de Darcy 12

    Equao 003 Absoro em relao massa 13

    Equao 004 Absoro em relao ao volume 13

    Equao 005 Porosidade 14

    Equao 006 Densidades aparente e absoluta 13

    Equao 007 Avaliao prtica da quantidade de ferragem em obra 26

    Equao 008 Avaliao resistncia de dosagem do concreto 37

    Equao 009 Clculo do consumo do cimento 39

    Equao 010 Clculo do agregado grado 39

    Equao 011 Clculo do menor volume de vazios 40

    Equao 012 Clculo do agregado mido 40

    Equao 013 Clculo do trao 40

    Equao 014 Clculo do agregado grado 40

    Equao 015 Percentual de umidade de um material 54

  • SUMRIO

    1 INTRODUO 1 2 OBJETIVOS 3

    2.1 OBJETIVO GERAL 3 2.2 OBJETIVO ESPECFICO 3

    3 METODOLOGIA APLICADA 4 3.1 TIPO DE ESTUDO 4

    4 JUSTIFICATIVA 5 5 FUNDAMENTAO TERICA 6

    5.1 DEFINIES E CONCEITOS 6 5.1.1 Concretos 6 5.1.2 Armaduras para concreto 6 5.1.3 Patologia das Construes 6 5.1.4 Oxidao 6 5.1.5 Corroso 6 5.1.6 Pelcula Passivadora 7 5.1.7 Definio de Terapia 7

    5.2 CONSEQUNCIAS DAS PATOLOGIAS DAS ARMADURAS 8 5.3 PROPRIEDADES DO CONCRETO 9

    5.3.1 Propriedades do concreto fresco 9 5.3.1.1 Consistncia 9 5.3.1.2 Exsudao 9 5.3.1.3 Segregao 9

    5.3.2 Propriedades do concreto endurecido 9 5.3.2.1 Condutibilidade Trmica 9 5.3.2.2 Condutibilidade Eltrica 10 5.3.2.3 Deformabilidade 10 5.3.2.4 Isolao Acstica 10 5.3.2.5 Mdulo de Elasticidade 11 5.3.2.6 Permeabilidade gua 12 5.3.2.7 Permeabilidade aos gases 13 5.3.2.8 Porosidade 13 5.3.2.9 Densidade 14

    5.3.2.9.1 Empacotamento das partculas 14 5.3.2.10 Resistncia Compresso Axial 16 5.3.2.11 Resistncia Trao na Flexo 16 5.3.2.12 Resistncia Trao por Compresso Diametral 16 5.3.2.13 Resistividade do concreto 17 5.3.2.14 Retrao por secagem 17

    5.4 COMPONENTES DO CONCRETO ARMADO 18 5.4.1 O Cimento Portland 18

    5.4.1.1 Componentes do cimento Portland 19 5.4.1.2 Principais propriedades 19 5.4.1.3 Tipos de cimento Portland 19

    5.4.2 Os Agregados 19 5.4.2.1 Classes 19 5.4.2.2 Funo dos agregados 20 5.4.2.3 Classificao dos agregados 20

  • 5.4.2.3.1 Classificao segundo a origem 20 5.4.2.3.2 Classificao segundo as dimenses das partculas 21 5.4.2.3.3 Classificao segundo o peso especfico aparente 22 5.4.2.3.4 Classificao segundo a forma 22 5.4.2.3.5 Classificao segundo a textura 22

    5.4.3 A gua 23 5.4.4 O Ao 23

    5.4.4.1 Classificao do ao 23 5.4.4.2 Aplicao 25 5.4.4.3 Cuidados com o armazenamento do ao 25 5.4.4.4 Avaliao prtica da quantidade de ferragem em obra 26

    5.5 PRODUO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO 27 5.5.1 Confeco das formas 27

    5.5.1.1 Requisitos de desempenho de uma forma 27 5.5.1.2 Materiais para confeco de frmas 27 5.5.1.3 Molde 28

    5.5.1.3.1 Estrutura do molde 28 5.5.1.3.2 Cimbramento ou escoramento 28 5.5.1.3.3 Acessrios 29

    5.5.1.4 Elementos de uma frma de pilar 29 5.5.1.5 Elementos de uma frma de viga 29 5.5.1.6 Elementos de uma frma de laje 30 5.5.1.7 O Custo da Frma no Conjunto do Edifcio 30

    5.5.2 Confeco das armaduras 30 5.5.2.1 Corte dos ferros 30 5.5.2.2 Dobra dos ferros 31 5.5.2.3 Amarrao das ferragens 33 5.5.2.4 Montagem das armaduras nas formas 34

    5.5.2.5.1 Emenda de ferros 35 5.5.2.5.2 Uso de espaadores 36

    5.5.3 Dosagem do concreto 37 5.5.4 Cura do concreto 40

    5.6 MECANISMOS DE CORROSO DAS ARMADURAS 42 5.6.1 Fatores favorveis a corroso 42

    5.6.1.1 Reaes Alcali-Agregados 42 5.6.1.2 Carbonatao do Concreto 43 5.6.1.3 Presses internas 43

    5.6.2 Condies essenciais para a corroso das armaduras 43 5.6.2.1 O Eletroltico 44 5.6.2.2 A Diferena de Potencial 44 5.6.2.3 O Oxignio 45

    5.6.2.3.1 Oxidao 45 5.6.2.3.2 Ferrugem 45 5.6.2.3.3 Reduo 46

    5.6.2.4 Agentes agressivos 46 5.6.2.4.1 ons cloretos 46 5.6.2.4.2 ons sulfatos 47 5.6.2.4.3 Reaes lcali-agregado (AAR) 48

    5.7 INFLUNCIAS DO MEIO AMBIENTE NO CONCRETO ARMADO 49 5.7.1 Classificao do Meio ambiente quanto a Atmosfera 49

    5.7.1.1 Atmosfera Rural 50 5.7.1.2 Atmosfera Urbana 50

  • 5.7.1.3 Atmosfera Marinha 51 5.7.1.4 Atmosfera Industrial 51 5.7.1.5 Atmosfera Viciada 51

    5.8 INFLUNCIAS ANTRPICAS NO CONCRETO ARMADO 52 5.8.1 Concepo Estrutural e Arquitetura 52 5.8.2 Fator gua/Cimento 52 5.8.3 Lanamento e adensamento 54 5.8.4 Espessura de Cobrimento 55

    5.9 MANIFESTAES DE PATOLOGIAS NO CONCRETO ARMADO 57 5.9.1 Elementos crticos corroso 57 5.9.2 Consequncias da oxidao do ao no concreto armado 57 5.9.3 Principais causas das patologias no concreto armado 58

    5.10 CONTROLE DA QUALIDADE DO CONCRETO 61 5.10.1 Teste de abatimento de cone (slump test) 61

    5.10.1.1 Componentes 62 5.10.1.2 Procedimento 62 5.10.1.3 Observaes 63 5.10.1.4 Aplicao 63

    6 APRESENTAO DOS RESUTADOS DA PESQUISA EM OBRAS 64 6.1 COMPOSIO DE AGREGADOS GRADOS 64 6.2 PERDO DE DESFORMA 65 6.3 USO DE HOMOGENEIZADOR (BETONEIRA) 66 6.4 USO DE VIBRADOR (ADENSADOR) 67 6.5 SEGREGAO NO CONCRETO 68 6.6 COBERTURA DA FERRAGEM 69 6.7 CAPACITAO DOS MESTRES DE OBRAS 70

    7 CONCLUSES 72 8 SUGESTES 74 REFERNCIAS 75 ANEXOS 77

  • 1

    1 INTRODUO

    Admite-se que a concepo de uma obra tem por princpio um projeto que

    detalhe a estrutura e demais sistemas a partir da arquitetura, descrevendo as

    atividades a serem executadas, tcnicas e materiais, e sistemas tcnicos

    construtivos, visando atender a finalidade da obras em todos os aspectos de

    funcionalidade e desempenho.

    Todos os materiais da crosta terrestre esto em um incessante processo de

    decomposio, retornando em sua maior parte a sua estrutura primria original, em

    um ciclo de formao, envelhecimento e desagregao, cada um com suas

    particularidades de fases e tempo distintos, em funo de sua composio molcula

    e influncias externas do meio-ambiente.

    O envelhecimento das construes se manifesta atravs de falhas e

    degradaes nos componentes de sua estrutura, sendo suas origens, formas de

    manifestaes, mecanismos de ocorrncia e conseqncias tratados por uma

    cincia denominada de Patologias das Construes.

    Os danos causados por agentes patolgicos vo desde alteraes no aspecto

    esttico, produo de sensao de insegurana, reduo no desempenho, at a

    runa completa da obra, caracterizando deteriorao estrutural, oferecendo

    desempenho insatisfatrio e exigindo intervenes bem antes do prazo operacional

    a que se propunham quando concebidas.

    A corroso de armaduras um processo muito complexo que envolve

    diferentes fatores de forma intrnseca e extrnseca, processo este, em sua grande

    maioria, acarretado devido ao emprego de mtodos construtivos inadequados,

    especialmente em pequenas e mdias construes, obras com caractersticas

    construtivas comuns e normalmente desenvolvidas sem o devido acompanhamento

    tcnico especializado.

    Diversos fatores, dentre eles: tcnicas construtivas, detalhes arquitetnicos,

    materiais inadequados, projetos de concepo com irrelevncia a agressividade

    ambiental e uso, inobservncia de recomendaes tcnicas e normas, como

  • 2

    exemplo a NBR 6118, so praticas corriqueiras, aliadas a falta de acompanhamento

    e fiscalizao, so fatores que contribuem para as falhas construtivas.

    Em uma construo alm dos clculos de segurana, o profissional deve

    atentar para as especificaes do material e aspectos construtivos, por se tratar de

    um bem caro e durvel projetado para oferecer segurana, estabilidade,

    desempenho, durabilidade, conforto e esttica por muitas dcadas. Sendo ento; a

    preveno de patologias fundamental para o sucesso da obra.

    O processo de produo na construo civil pode ser decomposto em cinco

    grandes fases: concepo, projeto, seleo de materiais, que contemplam as

    atividades de operao e manuteno.

    Figura 001 Fluxograma controle de qualidade

    Concepo

    Projeto

    Materiais

    Execuo

    Manuteno

    f

    o

    r

    m

    a

    s

    Funcionabilidade, desempenho, exeqibilidade,

    cdigos de obra, regulamentos

    f

    o

    r

    m

    a

    s

    Atender s normas especficas do desempenho, s normas e documentos prescritos

    f

    o

    r

    m

    a

    s

    Seleo dos componentes adequados, e recebimento de acordo com o especificado

    f

    o

    r

    m

    a

    s

    Atender ao projeto e as especificaes tcnicas

    f

    o

    r

    m

    a

    s

    Garantir o desempenho, vida til e esttica do produto

    Controle

    de

    Qualidade

  • 3

    2 OBJETIVOS

    2.1 Objetivo Geral

    Identificar as patologias visuais frequentemente encontradas em estruturas de

    concreto armado, determinando seus mecanismos de deteriorao e sugerindo

    solues para preveno e tratamento.

    2.2 Objetivos Especficos

    Obter ganho de qualidade minimizando as Patologias das Construes, em

    especial protegendo as armaduras de corroses, sugerindo a aplicao de mtodos

    construtivos adequados para preveno destas patologias.

    Estudar os processos de corroso das armaduras

    Entender os mecanismos de degradao do concreto

    Analisar o processo de confeco das estruturas de concreto armado

    Demonstrar os efeitos da corroso sobre as estruturas de concreto armado

    Verificar o nvel de capacitao da mo-de-obra local

    Sugerir mtodos construtivos para preveno de patologias

  • 4

    3 METODOLOGIA APLICADA

    3.1 Tipo de estudo

    Na realizao deste trabalho, devido limitao de recursos, e em especial

    carncia de laboratrios em nossa instituio de ensino, no houve possibilidade de

    efetuar um maior aprofundamento em pesquisas e testes. Sendo o mecanismo de

    pesquisa restringindo a tcnicas de observao visual in loco, cadastro fotogrfico,

    anlise das hipteses e induo da teoria, baseada em literaturas tcnicas de livros,

    revistas, debates com professores e colegas em trabalhos acadmicos.

    Desta forma, esta pesquisa ser intuitiva e normativa, fazendo-se o

    embasamento terico, e buscando compreender os mecagnismos que geram a

    corroso das armaduras, entendendo seu processo e caractersticas intrnsecas e

    extrnsecas; apontando finalmente sugestes para a preveno destas patologias,

    analisando ainda; os dados do questionrio aplicado em campo, expondo atravs de

    grficos tcnicas e matrias usualmente empregados na confeco de estruturas de

    concreto armado na regio de Porto Nacional, bem como; o nvel de qualificao dos

    mestres-de-obras.

  • 5

    4 JUSTIFICATIVA

    Por falta de controle nos processos construtivos, em funo do despreparo da

    mo-de-obra, omisso na fiscalizao e acompanhamento por meio dos rgos

    ligados construo civil, no Brasil, convivemos em nosso dia-a-dia com patologias

    nas construes gerados a partir do emprego de tcnicas inadequadas.

    As patologias nas construes consomem considerveis recursos,

    representando em torno de 40% do valor global investido na construo civil,

    e em muitos casos podem se tornam economicamente inviveis condenando

    a prpria estrutura.

    Hoje existe uma gama de normas tcnicas, abrangendo desde o processo de

    caracterizao, extrao, processamento, transporte, armazenamento e

    aplicao de materiais para a construo civil, carecendo em muitos casos

    somente a observncias destas normas.

    A construo civil causa impactos ecolgicos, devido origem da matria

    prima de seus componentes, a otimizao do processo construtivo se

    reverter tambm em conservao em menos impactos ambientais.

    Podemos obter ganho de qualidade, melhor desempenho e maior vida til,

    atravs do emprego de tcnicas simples; o que reverte em economia,

    durabilidade, e minimizao de prejuzos financeiros e estticos causados

    pelas patologias das construes.

  • 6

    5 FUNDAMENTAO TERICA

    5.1 DEFINIES E CONCEITOS

    5.1.1 Concretos

    Denomina-se concreto o material formado pela mistura de argamassa e

    agregados, sendo a argamassa constituda por cimento, gua; e os agregados por

    areia e fragmentos de rocha. Podendo ser concreto simples quando no associado a

    armaduras ou concreto armado quando associado a uma armadura.

    5.1.2 Armaduras para concreto

    Armaduras para concreto so os sistemas compostos por barras de ao

    interligadas que, imersas em uma massa de concreto de cimento Portland, formam

    peas destinadas a suportar carregamentos pr-estabelecidos, dentro de limites

    previstos de tenses e deformaes

    5.1.3 Patologia das Construes

    HELENE2 define patologia como a parte da engenharia que estuda os

    sintomas, os mecanismos, as causas e as origens dos defeitos das construes

    civis, ou seja, o estudo das partes que compem o diagnstico do problema.

    5.1.4 Oxidao

    o ataque provocado por uma reao gs-metal, com formao de uma

    pelcula de xido de ferro.

    5.1.5 Corroso

    a interao destrutiva de um material com o ambiente, seja por reao

    qumica, ou eletroqumica. Basicamente, so dois os processos principais de

    corroso que podem sofrer as armaduras de ao para concreto armado: a oxidao

    e a corroso propriamente dita.

  • 7

    5.1.6 Pelcula Passivadora

    Tambm denominada de pelcula protetora, uma micro camada formada na

    superfcie do ao quando em meio alcalino, composta de sais de xido duplo de

    clcio e ferro, a partir da reao da ferrugem superficial com o hidrxido de clcio,

    promovendo a reduo do oxignio,

    5.1.7 Definio de Terapia

    Correo de problemas patolgicos atravs do estudo precedente,

    diagnstico da questo, adoo e emprego de medidas corretivas.

  • 8

    5.2 CONSEQUNCIAS DAS PATOLOGIAS DAS ARMADURAS

    A corroso das armaduras de concreto causa vrios impactos tais como:

    Influi na segurana estrutural, reduzindo a seo do ao;

    Cria uma camada expansvel gerando fissurao do concreto;

    Pode causar rompimento brusco dos elementos estruturais por solicitao

    mecnica ou de cargas;

    Degradao esttica do imvel, depreciando o bem;

    Aumento significante nos custos de manuteno.

  • 9

    5.3 PROPRIEDADES DO CONCRETO

    5.3.1 Propriedades do concreto fresco

    5.3.1.1 Consistncia

    Caracterstica que define o estado de coeso das partculas do concreto

    determinada atravs do teste de abatimento de cone de tamanho. No Brasil este

    teste regulamentado atravs da NM 67/98 (Concreto - Determinao da

    consistncia pelo abatimento do tronco de cone), e utilizado um cone de

    dimenses10 x 20 x 30 cm.

    5.3.1.2 Exsudao

    A exsudao consiste em um fenmeno de segregao que ocorre nas

    pastas de cimento, ocasionado pela sedimentao das partculas de cimento,

    forando o afloramento do excesso de gua. Esta segregao prejudica a

    uniformidade, a resistncia e a durabilidade dos concretos.

    5.3.1.3 Segregao

    Segregao a perda de uniformidade da distribuio dos componentes do

    concreto fresco. As diferenas nas massas especficas e nos tamanhos das

    partculas dos materiais constituintes do concreto so as causas primrias da

    segregao.

    O fenmeno causado pela tendncia que os agregados maiores tm em se

    separarem por deslocamento sob as foras da gravidade, sedimentando-se mais

    que as partculas finas, quando encontra meios propcios, tais como; concretos

    pobres ou secos ou com excesso de gua.

    5.3.2 Propriedades do concreto endurecido

    5.3.2.1 Condutibilidade Trmica

    Aplica-se as condies de endurecimento dos elementos macios e tambm

    nas propriedades isolantes das paredes de concreto O concreto endurecido segundo

    BAUER apresenta condutibilidade trmica de 0,2 a 1,5 kcal/m,h,oC. Quanto maior a

    densidade do concreto, maior sua eficincia condutiva.

  • 10

    A condutibilidade trmica nos slidos se processa seguindo a equao de

    Fourier, em que o coeficiente de condutibilidade caracteriza o material:

    Onde:

    = quantidade de calor conduzido

    = coeficiente de condutibilidade trmica

    = rea

    = gradiente de temperatura

    = tempo

    Equao 001 Condutibilidade trmica por Fourier

    5.3.2.2 Condutibilidade Eltrica

    O concreto um mau condutor de energia eltrica, com variaes em funo

    da sua composio e umidade, BAUER1 atribui para concretos comuns de 300 kg de

    cimento por m3 de dosagem, a resistncia varia de 104 a 107 ohms/cm2, entre as

    idades de 1 a 800 dias, havendo um aumento de 1000 vezes em sua resistncia.

    5.3.2.3 Deformabilidade

    As formas de deformao do concreto dependem da ao de vrios fatores,

    tais como: hidratao do cimento, solicitao mecnica, variaes hidromtricas e

    trmicas. As solicitaes mecnicas so responsveis por dois tipos de deformao:

    imediata (aparece logo aps a aplicao do carregamento) e lenta (aparece ao longo

    do tempo com a manuteno do carregamento).

    A deformao se d pelas cargas e intempries atuantes, no infindvel

    processo de expanses e contraes, de maior ou menor grau, de acordo com sua

    proteo a condies atmosfricas como umidade e variaes de temperatura.

    Outro tipo de deslocamento que pode ocorrer devido s fundaes. Quando

    a capacidade portante do solo no uniforme, os recalques diferenciais podem

    aparecer, causando fissuramento.

    5.3.2.4 Isolao Acstica

    Devido aos rudos emitidos nos ambientes industriais e urbanos, o estudo das

    propriedades acsticas do concreto se reveste de muita importncia, sendo, porm o

    coeficiente de amortecimento deste material muito baixo, melhorando em eficincia

  • 11

    na absoro de rudos areos, absorvendo parte das ondas de energia das

    vibraes sonoras atravs da atuao das paredes e das lajes

    O concreto endurecido segundo BAUER apresenta condutibilidade de som na

    ordem de 2500 a 4500 m/s em ensaios no destrutivos

    O coeficiente de reduo de rudo tem um valor tpico de 0,27 para concretos

    normais, e de 0,45 para concretos leves. Esses valores podem variar com a textura,

    porosidade e pintura da superfcie.

    5.3.2.5 Mdulo de Elasticidade

    De acordo com BUEST apud MEHTA e MONTEIRO, o mdulo de elasticidade

    pode ser definido como sendo a relao entre a tenso aplicada e a deformao

    instantnea dentro de um limite proporcional adotado.

    O entendimento do mdulo de elasticidade se faz necessrio para a anlise

    das deformaes ocorridas em estruturas de concreto, quando submetido a

    esforos. BUEST apud HELENE (2002) cita que a NBR 8522/03 determina trs

    mtodos de determinao mdulos de deformao longitudinal, a saber:

    Mdulo de deformao, esttico e instantneo, tangente

    origem, tambm conhecido como mdulo de elasticidade

    tangente inicial. Do ponto de vista prtico de ensaio

    corresponde ao mdulo de elasticidade cordal entre 0,5 e

    0,3fc. Convenciona-se indicar este mdulo de deformao

    por Eci, geralmente expresso em GPa.

    Mdulo de deformao, esttico e instantneo, secante a

    qualquer porcentagem de fc. Em geral trabalha-se com o

    mdulo cordal entre 0,5 e 0,4 fc, que equivalente ao

    mdulo de elasticidade secante a 0,4fc, pois esta

    geralmente a tenso nas condies de servio

    recomendadas nos cdigos e normas de projeto de

    estruturas de concreto. Convenciona-se indicar este mdulo

    de deformao Ec, geralmente expresso em GPa.

  • 12

    Mdulo de deformao, elstico e instantneo, cordal entre

    quaisquer intervalos de tenso ou deformao especfica.

    Do ponto de vista prtico de projeto pouco utilizado.

    5.3.2.6 Permeabilidade gua

    A Permeabilidade ou percolao dar-se atravs dos poros micro capilares

    intercomunicveis do concreto, sendo de acordo com HELENE1 maior em concretos

    mais densos e compactos, pois neles h maiores presses capilares, e mnimas em

    concretos saturados devido existncia de presso neutra.

    O fator gua/cimento contribui bastante para a absoro de gua, segundo

    experimentos publicados por HELENE1, a imerso de corpos de prova em gua a 1

    cm de profundidade, com fator gua/cimento 0,40 a 0,60 com 28 dias de idade,

    apresentaram altura de absoro capilar variando de 2 a 6 cm.

    HELENE1 apud CARRONI classifica o concreto quanto a sua permeabilidade,

    com idade pr-estabelecida a partir de 28 dias e sobre condies ideais de cura, e

    considerando presses na ordem de 5*10-2 MPa em:

    Bons coeficiente de permeabilidade 10-10

    Normais coeficiente de permeabilidade 10-8

    Deficientes coeficiente de permeabilidade 10-6

    A velocidade de percolao pode ser determinada com base na lei de Darcy,

    atravs da seguinte equao:

    Onde:

    V = velocidade de percolao da gua, em cm/s k = coeficiente de permeabilidade do concreto, em cm/s. H = presso de contato, em cm.a.c (centmetro coluna de gua) x = espessura do concreto percolado pela gua, em cm. Q = vazo de gua, em cm3/s S = rea da superfcie confinada por onde percola a gua, em cm2

    Equao 002 Lei de Darcy

    A absoro em relao massa pode ser definida com base na seguinte

    equao:

  • 13

    Onde:

    = absoro com relao massa (%), = massa de amostra saturada (kg), = massa de amostra seca (kg)

    Equaes 003 - Absoro em relao massa

    Onde:

    = absoro com relao ao volume (%), = volume total do material (m

    3)

    Equaes 004 - Absoro em relao ao volume

    5.3.2.7 Permeabilidade aos gases

    Conforme HELENE1 a permeabilidade do concreto muito baixa em

    argamassa de qualidade, sendo rara a determinao desta propriedade, referencia

    ainda que sob condies iguais de presso, o penetra mais rpido que o ,

    vapor ou gua, devido suas condies moleculares, e que a presso parcial dos

    gases agressivos no ar muito baixa, sendo para o CO2 10-4 MPa e sua penetrao

    no concreto limitada a zona de carbonatao, devido reduo da capilaridade.

    A importncia do entendimento da permeabilidade dos gases agressivos

    muito importante, em especial preveno de corroses em lajes e partes

    superiores dos componentes da rede de esgoto, devido possibilidade de gerao

    de sulfetos a partir do gs sulfdrico ( ), que com a oxidao reage com o

    concreto, transformando-se em .

    5.3.2.8 Porosidade

    A porosidade certa frao do concreto ou de seus componentes, constituda

    de espaos vazios composto de poros de vrias dimenses que podem ser por

    ocupados por gases ou lquidos, preenchimento este, que se alterna por condies

    ambientais, como: calor, umidade e presso, quando a porosidade interconectada

    e comunicante havendo, pois, percolao de substncias.

    A estrutura porosa de um material pode ser caracterizada por meio das

    seguintes propriedades:

    O volume percentual ocupado pelos poros;

    A dimenso dos poros;

  • 14

    As conexes presentes entre os poros e o grau de interconexo;

    A abertura dos poros na superfcie externa.

    A porosidade pode ser expressa pela seguinte equao:

    Onde:

    = volume de vazios (%)

    = porosidade (%)

    = volume ocupado pelos porros (m3)

    = volume total da matria (m3)

    = volume ocupado pela matria slida

    que constitui o material (m3)

    Equao 005 Porosidade

    5.3.2.9 Densidade

    A densidade a relao entre a massa e o volume de um corpo, podendo ser

    aparente ou absoluta, sendo a porosidade fator de influncia na densidade aparente,

    podendo ser sintetizadas atravs das equaes:

    Onde:

    = densidade aparente (kg/m3)

    = massa (kg)

    = volume total da matria (m3)

    = densidade absoluta (kg/m3)

    = volume ocupado pela matria slida

    que constitui o material (m3)

    Equao 006 Densidades aparente e absoluta

    A densidade de um concreto varia de acordo com seus componentes,

    processo de adensamento utilizado em sua fabricao e ambiente no qual est

    sendo mantido, apresentando em condies normais os seguintes valores:

    DENSIDADES DE CONCRETOS COMUNS

    Concreto no adensado 2,1 t/m3

    Concreto comprimido 2,2 t/m3

    Concreto socado 2,25 t/m3

    Concreto vibrado 2,3 a 2,4 t/m3

    Tabela 001 Densidades dos concretos comuns Fonte BAUER1

    5.3.2.9.1 Empacotamento das partculas

    O empacotamento de partculas consiste na melhor seleo da melhor proporo e do tamanho adequado dos materiais particulados, de forma que os

  • 15

    vazios maiores sejam preenchidos com partculas menores, cujos vazios sero novamente preenchidos com partculas ainda menores e assim sucessivamente.

    A forma das partculas dos agregados influncia na trabalhabilidade, no ngulo de atrito interno em estado fresco, compacidade, afetando a densidade do concreto aps cristalizao.

    Figura 002 Esquema terico do empacotamento das partculas. Fonte BUEST

    As condies de porosidade e estrutura, de presso, calor e umidade so os

    principais fatores do transporte de agentes no concreto, e esto sintetizados no

    diagrama a seguir:

    Figura 003 - Diagrama de percolao de substncias no interior de materiais porosos Fonte: BERTOLINI

  • 16

    5.3.2.10 Resistncia Compresso Axial

    A resistncia compresso uma das propriedades mais importantes do

    concreto endurecido, sendo a principal referncia utilizada para classificao de

    concretos, quanto s propriedades mecnicas, segundo BUEST.

    No Brasil o ensaio de resistncia compresso regulamentado pela NBR

    5739/94, e pode ser utilizada para determinar a qualidade do concreto, por estar

    relacionada estrutura interna do material, demonstrando estimativas de

    desempenho.

    BUEST apud (MEHTA e MONTEIRO, 2005), cita que o valor da resistncia

    compresso obtido em ensaios de ruptura de corpos-de-prova de concreto para

    cada idade de controle, geralmente 1 dia, 3 dias, 7 dias, 21 dias e 28 dias aps a

    moldagem. Este valor influenciado diretamente pelo tamanho e formato dos

    corpos-de-prova. As dimenses padro mais utilizadas em normas internacionais

    possuem a forma cbica 15,0 x 15,0 x 15,0 cm e as cilndricas de 10,0 x 20,0 cm e

    15,0 x 30,0 cm (ALMEIDA, 1990). O formato cbico mais utilizado na Europa e o

    cilndrico nos Estados Unidos e Brasil.

    5.3.2.11 Resistncia Trao na Flexo

    Em sua pesquisa BUESTE cita que a determinao da resistncia trao na

    flexo segundo a NBR NM 55/96, realiza em corpos-de-prova prismticos com

    dimenses 15,0 x 15,0 x 50,0 cm, sendo que no ensaio, o vo livre possui 45,0 cm,

    sendo moldados em duas camadas quando adensados por haste de socamento com

    60 golpes por camada ou em uma nica camada quando adensado atravs de

    vibrador eltrico.

    5.3.2.12 Resistncia Trao por Compresso Diametral

    Segundo BUEST, o ensaio de resistncia compresso diametral

    conhecido internacionalmente como Brazilian Test, por ser desenvolvido pelo

    pesquisador brasileiro Lobo Carneiro (NBR 7222/94), BUEST apud DE LARRARD

    (1992), complementa que a resistncia trao por compresso diametral atinge o

    seu valor mximo por volta dos 14 dias, ao contrrio da resistncia compresso,

    que pode aumentar 10 a 20% de seu valor aps os 14 dias. Estes percentuais

    podem sofrer alteraes conforme o tipo de concreto analisado.

  • 17

    5.3.2.13 Resistividade do concreto

    HELENE1 apud NEVILLE conclui que a corrente eltrica do concreto

    movimenta-se atravs de um processo eletroltico, apontando que a resistividade do

    concreto varia de acordo com sua umidade, sendo que o concreto seco em estufa

    apresenta resistividade na ordem de 102, enquanto que o concreto mido

    apresenta resistividade em torno de 109.

    A importncia do conhecimento da resistividade estar em sua relao com a

    corroso, sendo resistividades baixas, em cerca de 30 a 50 apresentadas em

    regies corrodas de concreto, comparada a resistividades de 130 a 150 em

    regies de concretos no corrodos.

    5.3.2.14 Retrao por secagem

    A retrao dar-se devido evaporao de uma parte da gua contida dentro

    da rede de poros capilares, que esto ligados superfcie, devido a um desequilbrio

    entre a umidade relativa do ar e dos vazios capilares.

    A perda de umidade promove segundo BUEST apud ACTIN o

    desenvolvimento de meniscos em capilares cada vez mais finos provocando um

    aumento das foras capilares geradas dentro do concreto, podendo pode levar a

    uma contrao higromtrica da ordem respectivamente de 200x10-4 para um

    concreto ou 3.000x10-6 para argamassas, podendo gerar fissuras.

    Conforme a NBR 6118 admissvel com exceo das estruturas destinadas

    conteno de gua, o aparecimento de fissuras. Elas geralmente aparecem nas

    zonas de trao onde so diferentes as deformaes do ao e do concreto,

    consideradas assim, de acordo com a agressividade ambiental, composta da

    seguinte escala:

    0,1 mm para peas no protegidas, em meio agressivo;

    0,2 mm para peas no protegidas, em meio no-agressivo;

    0,3 mm para peas protegidas.

  • 18

    5.4 COMPONENTES DO CONCRETO ARMADO

    O concreto convencional um material compsito, composto de um

    aglomerante (cimento Portland), gua. e de agregados (midos e grados),

    denominado de concreto armado, quando recebe uma armadura, sendo o ao o

    material mais utilizado como armadura.

    O concreto de qualidade um material de alta durabilidade, apresentando

    elevada resistncia compresso, sua vida til depende da natureza de seus

    componentes, do grau de agressividade ambiental e das tcnicas construtivas

    adotadas em sua confeco e aplicao. O concreto segundo a ABCP o segundo

    material mais consumido pelo homem, a versatilidade desta pedra lquida

    proporcionando a moldagem de formas caprichosas e a obteno de estruturas

    ousadas compatveis com as nossas necessidades em construes, com custo

    significativamente baixo.

    5.4.1 O Cimento Portland

    A indstria da construo civil dispe de trs aglomerantes inorgnicos, o

    cimento, a cal e o gesso, em nossa pesquisa trataremos apenas do cimento, pois

    o ligante utilizado na confeco de estruturas de concreto armado.

    O cimento surgiu a partir dos estudos de Smeaton e Parker, no sculo XVIII,

    sendo produzido industrialmente no sculo seguinte, como consequncia das

    pesquisas de Vicat e Josef Aspdin, na Inglaterra em 1824. O nome Portland, foi o

    nome dado por Aspdin em homenagem ilha britnica de Portland devido cor de

    suas rochas. A primeira produo de cimento no Brasil se deu em 1892, por um

    curto perodo de trs meses por iniciativa do Eng Louis Nbrega.

    Podemos definir de cimento como um aglomerante hidrulico constitudo de

    clnquer, gesso e adies, que em contato com a gua tem a capacidade de

    endurecer e adquirir resistncia, conservando essa propriedade mesmo submerso.

    Para produo de 1 tonelada de cimento (20 sacos), so utilizados, em mdia

    1250 kg de calcrio

    300 kg de argila

    14 kg de minrio de ferro

    40 kg de gesso

    60 a 130 kg de combustvel ou 110 a 130 kW/h de energia

  • 19

    5.4.1.1 Componentes do cimento Portland

    O cimento tem como constituintes fundamentais a Cal (CaO), a slica (SiO2), a

    alumina (Al2O3), o xido de ferro (Fe2O3), a magnsia (MgO), o anidrido sulfrico

    (SO3), alm do xido de titnio (TiO2), e os lcalis do cimento: xido de sdio (Na2O)

    xido de potssio (K2O), contendo ainda substncia de menos importncia, de

    acordo com BAUER1.

    5.4.1.2 Principais propriedades

    As propriedades do cimento dependem principalmente

    Resistncia mecnica

    Tempo de pega

    Calor de hidratao

    Durabilidade

    5.4.1.3 Tipos de cimento Portland brasileiros

    Designaes Siglas Norma ABNT

    Classes de resistncia

    Escria de alto-forno

    Material pozolnico

    Material carbnico

    Comum CP I NBR-5732 25-32-40 - - -

    Comum com adies

    CP I-S NBR-5732 25-32-40 1-5 1-5 1-5

    Composto com escria

    CP II-E NBR-11578 25-32-40 6-34 - 0-10

    Composto com pozolana

    CP II-Z NBR-11578 25-32-40 - 6-14 0-10

    Composto com filer

    CP II-F NBR-11578 25-32-40 - - 0-10

    De alto forno CP III NBR-5735 25-32-40 35-70 - 0-5

    Pozolnico CP IV NBR-5736 25-32 - 15-50 0-5

    Alta resistncia inicial

    CP V-ARI NBR-5733 - - - 0-5

    Tabela 002 Cimentos Portland produzidos no Brasil. Adaptado de SOUZA

    5.4.2 Os Agregados

    Normalmente, com poucas excees, os agregados usuais no Brasil, atendem bem aos requisitos tcnicos de resistncia, quando empregados em concretos at 40 MPa, desde que, sejam isentos de contaminantes e atendam em dimenses compatveis com as estruturas nas quais vo ser aplicados.

    5.4.2.1 Classes

    Adotaremos em nosso trabalho a NBR 9935 (ABNT, 2005), que define agregado como o material com propriedades adequadas, natural ou obtido por fragmentao artificial de pedra, de dimenso nominal mxima inferior a 100 mm e de dimenso nominal mnima igual ou superior a 0,075 mm.

  • 20

    5.4.2.2 Funo dos agregados

    Contribuir com gros capazes de resistir aos esforos solicitantes;

    Resistir ao desgaste e ao de intempries;

    Reduzir as variaes de volume de qualquer natureza;

    Contribuir para a reduo do custo do concreto.

    Relao entre as propriedades do concreto influenciado pelas caractersticas do

    agregado, segundo BUEST apud SBRIGHI NETO (2003).

    Propriedades do concreto

    Caractersticas relevantes do agregado

    Resistncia mecnica

    Resistncia mecnica Textura superficial Limpeza Forma dos gros Dimenso mxima

    Retrao

    Mdulo de elasticidade Forma dos gros Textura superficial Limpeza Dimenso mxima

    Massa unitria

    Massa especfica Forma dos gros Granulometria Dimenso mxima

    Economia

    Forma dos gros Granulometria Dimenso mxima Beneficiamento requerido Disponibilidade

    Tabela 003 - Propriedades do Concreto Influenciado pelas Caractersticas do Agregado

    5.4.2.3 Classificao dos agregados

    Os agregados podem ser classificados segundo a origem, as dimenses das

    partculas, o peso aparente e a forma.

    5.4.2.3.1 Classificao segundo a origem

    naturais: os que j se encontram em forma particulada na natureza, ex.: areia

    e seixos rolados.

    artificiais: os que so particulados ou compostos por processos industriais, a

    partir de matrias primas como a rocha, escria de alto forno e argila.

    reciclado: material obtido de rejeitos, subproduto da produo industrial,

    minerao ou construo civil.

    especial: agregado cujas propriedades podem conferir ao concreto ou argamassa um desempenho que permita ou auxilia no atendimento de solicitaes especficas em estruturas no usuais.

  • 21

    5.4.2.3.2 Classificao segundo as dimenses das partculas

    midos: o agregado que passa na peneira de nmero 4 (malha quadrada com

    4,8 mm de lado), ex. areias;

    grados: todo o agregado que fica retido na peneira de nmero 4 (malha

    quadrada com 4,8 mm de lado), ex. cascalhos e britas.

    a) a areia, geologicamente, um sedimento clstico inconsolidado, de gro em

    geral quartzoso de dimetros entre 0,06 e 2,0, originado atravs de

    processos naturais ou artificiais de desintegrao de rochas ou proveniente

    de outros processos industriais. Quando naturais so encontradas nos leitos

    de alguns rios ou atravs de cavas em depsitos aluvionares.

    AREIA TAMANHO (mm)

    Fina < 0,42

    Mdia 0,42 a 1,2

    Grossa > 1,2

    Tabela 004 Classificao da areia

    b) a brita o produto da cominao de rochas segundo a NBR 7225

    classificada em:

    PEDRA DIMETRO MNIMO

    (d em mm) DIMETRO MXIMO

    (D em mm)

    1 4,8 12,5

    2 12,5 25,0

    3 25 50

    4 50 76

    5 76 100

    Tabela 005 Classificao da brita segundo NBR 7225

    TERMINOLOGIA DIMENSES NOMINAIS (mm)

    brita 0 4,8 < 9,5

    brita 1 9,5 < 19,0

    brita 2 19,0 < 25,0

    brita 3 25,0 < 38,0

    brita 4 38,0 < 76,0

    Tabela 006 Classificao comercial da brita para construo civil

    Pesquisas como as de CANOVAS E MEHTA, tm demonstrado que

    agregados com dimenses superiores a 25 mm podem contribuir com patologias,

    tais como: exsudao, trincas no concreto por fissuras do agregado provenientes

    dos processos de desmonte e britagem, menor superfcie especfica, entre outras.

  • 22

    5.4.2.3.3 Classificao segundo o peso especfico aparente

    Em relao ao peso aparente so considerados leves, mdios e pesados

    Agregados Leves Agregados Mdios Agregados Pesados

    vermiculita 0,3 calcrio 1,4 barita 2,9 argila expandida 0,8 arenito 1,45 hematita 3,2 escria granulada 1,0 cascalho 1,6 magnetita 3,3 granito 1,5

    areia 1,5

    basalto 1,5

    escria 1,7

    Tabela 007 Densidades aparentes mdias de alguns agregados Fonte: BAUER

    5.4.2.3.4 Classificao segundo a forma

    A forma diz respeito s caractersticas geomtricas, tais como:

    arredondadas: partculas formadas pelo atrito com conseqente perda de

    vrtices e arestas.

    angulosos: agregado de rochas intrusivas britadas que possuem vrtices e

    arestas bem definidas

    lamelares ou achatadas: partculas cuja espessura cuja espessura

    relativamente pequena em relao s outras dimenses

    alongadas: partculas cujo comprimento consideravelmente maior que as

    outras duas dimenses.

    Figura 004 - Forma das partculas. Fonte BUEST apud (POOLE e SIMS, 1998).

    5.4.2.3.5 Classificao segundo a textura

    Define o grau de quanto superfcie do agregado

    Lisa: possui menor aderncia pasta de cimento

    spera: possui melhor aderncia pasta de cimento

  • 23

    5.4.3 A gua

    A gua em um dos principais componentes do concreto, chegando a

    representar cerca de 20% de seu volume, e influencia diretamente em sua

    resistncia e vida til, seja no aspecto de dosagem, analisada neste trabalho no item

    referente relao gua/cimento, ou como agente promotor de patologias quando

    contaminada com agentes qumicos, fsicos ou biolgicos.

    O uso da gua de abastecimento pblico para preparo do concreto, desde

    que atendam as especificaes da Portaria n 518 do Ministrio da Sade est

    dentro dos padres para usos em concreto convencional sem restries, sendo seus

    requisitos padres da gua para amassamento do concreto so mencionados NBR-

    NBR-15900.

    5.4.4 O Ao

    O ao utilizado em estruturas de concreto tem vrias funes, sendo as

    mais importantes adicionar resistncia a trao, conter fissuras e aumentar a

    esbeltez dos elementos, com conseqente diminuio do peso da estrutura.

    Sua aplicao no concreto armado ocorre de duas formas, na forma passiva,

    quando o concreto comum adicionado de vigas de ao, ou de forma ativa, com

    ferragens tensionadas, recebendo em concreto protendido. Neste trabalho

    trataremos apenas de ferragens passivas.

    5.4.4.1 Classificao do ao

    Os aos utilizados na construo civil no Brasil atendem s especificaes

    NBR 7480/96 (Barras e Fios de Ao para Armaduras para Concreto), e so

    classificados de acordo com suas caractersticas mecnicas (tenso de

    escoamento), conforme as seguintes tabelas:

  • 24

    CA 25 Dimetro Nominal

    (mm)

    Massa Nominal (kg/m)

    Resistncia escoamento (fy) (Mpa)

    Limite de resistncia

    (Mpa)

    Alongamento mnimo em

    10

    Dimetro pino dobramento a

    180 ((mm)

    6,3 0,245

    250 660 5%

    25

    8,0 0,395 32

    10,0 0,617 40

    12,5 0,963 50

    16,0 1,578 64

    20,0 2,466 100

    25,0 3,853 110

    32,0 6,313 125

    40,0 9,865 160

    Tabela 008 Caractersticas do ao CA 25 Fonte: UEPG

    CA 50 Dimetro Nominal

    (DN) (mm)

    Massa Nominal (kg/m)

    Resistncia escoamento (fy) (Mpa)

    Limite de resistncia

    (Mpa)

    Alongamento mnimo em

    10

    Dimetro pino dobramento a

    180 ((mm)

    6,3 0,245

    500 1,10 x fy 8 %

    32

    8,0 0,395 40

    10,0 0,617 50

    12,5 0,963 63

    16,0 1,578 80

    20,0 2,466 160

    25,0 3,853 200

    32,0 6,313 256

    40,0 9,865 320

    Tabela 009 Caractersticas do ao CA 50 Fonte: UEPG

    CA 60 Dimetro Nominal

    (mm)

    Massa Nominal (kg/m)

    Resistncia escoamento (fy) (Mpa)

    Limite de resistncia

    (Mpa)

    Alongamento mnimo em

    10

    Dimetro pino dobramento a

    180 ((mm)

    3.40 0,071

    600 1,10 x fy 8 %

    20

    4,20 0,109 25

    5,00 0,154 30

    6,00 0,222 36

    7,00 0,302 42

    8,00 0,395 48

    9,50 0,558 57

    Tabela 010 Caractersticas do ao CA 60 Fonte: UEPG

  • 25

    5.4.4.2 Aplicao

    Em virtude de suas caractersticas cada categoria aplicada da seguinte forma:

    aos CA-25 so admitidos em elementos de fundaes - estacas brocas e

    baldrames

    aos CA-50 so indicados para ferragem longitudinal de vigas, pilares,

    estacas e blocos, Sendo o CA-50 S soldvel.

    aos CA-60 admitem emendas soldveis, dobragem e alta resistncia.

    Vergalhes de ao CA-60 so indicados para a produo de vigotas de lajes

    pr-fabricadas, trelias, armaes para tubos, pr-moldados, armaes em

    lajes e estribos.

    arames de ao recozido suportam dobras e tores, sendo utilizados em

    amarraes de armaduras para concreto.

    5.4.4.3 Cuidados com o armazenamento do ao

    Os Cuidados com a conservao do ao tm que ser observados desde o

    recebimento, checando se:

    Apresenta homogeneidade em suas caractersticas geomtricas;

    No apresenta bolsas, fissuras, escamas ou outros defeitos superficiais, que

    prejudiquem o seu uso;

    No apresenta solda ou qualquer outro tipo de emenda;

    No apresenta oxidao intensa.

    Os aos utilizados nas armaduras devem ser armazenados em locais

    abrigados contra as intempries, guas e qualquer outro agente oxidante, desde o

    recebimento do fornecedor, at a montagem final nas formas, mantendo as

    ferragens sempre isoladas do contato direto com o cho.

    Os estoques de ao e das armaduras prontas devem ser em condies que

    no interfiram na organizao da obra, e de forma que protejam o material de

    empenamentos, contaminaes e oxidaes

  • 26

    .

    Figura 005 Armazenamento e identificao da ferragem - Fonte: UEPG

    5.4.4.4 Avaliao prtica da quantidade de ferragem em obra

    Equao 007 Avaliao prtica da quantidade de ferragem em obra- Fonte: UEPG

    Comparativo do ndice de armadura:

    At 80 baixo

    80 at 100 mdio

    Maior que 100 alto

  • 27

    5.5 PRODUO DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

    5.5.1 Confeco das frmas

    A frma pode ser definida como conjunto de componentes cujas funes

    principais so dar forma ao concreto fluido, assegurando sua conteno at que o

    mesmo adquira resistncia prpria, promovendo ainda a formao da superfcie em

    condies desejadas de forma e de textura.

    As frmas so utilizadas como molde de estruturas como fundaes, vigas,

    pilares, paredes, escadas e lajes,

    5.5.1.1 Requisitos de desempenho de uma forma

    a) resistncia mecnica: apresentar resistncias e estabilidade s cargas e

    esforos provenientes do peso prprio, dos operrios e equipamentos, e

    ainda do concreto armado.

    b) rigidez: manter as sees rgidas e indeformveis

    c) acessibilidade: permitir acesso as operao de montagem da armadura,

    lanamento e adensamento do concreto;

    d) textura superficial adequada: possui superfcie de molde que promovam o

    acabamento de projeto, sem aderir ao concreto.

    e) estanqueidade: evitar a perda de gua e de finos de cimento durante a

    concretagem, o que torna o concreto mais poroso;

    f) inatividade de reagentes: no possuir materiais que reajam com o concreto.

    g) segurana: apresentar rigidez e estabilidade suficientes para no colocar

    em risco a segurana dos operrios e da prpria estrutura que est sendo

    construda;

    h) economia: apresentar custos compatveis com o projeto

    5.5.1.2 Materiais para confeco de frmas

    As frmas podem ser construdas em diversos materiais, como madeira,

    chapas compensadas, plsticos, fibras, metais, etc. A escolha deve ser feita de

    acordo com as caractersticas de projeto, cabendo um estudo da eficincia e eficcia

    de aos da obra, projeto e disponibilidade de material.

  • 28

    Devido ao custo/benefcio, costuma-se usar madeiras com densidades

    densidade em torno de 0,50 g/ cm3, e dimenses com as dimenses de 2,5 cm de

    espessura e 30,0 cm de largura, com comprimento quando o comprimento em

    torno de 3 a 4 metros.

    5.5.1.3 Molde

    Pea que permanece em contato direto com o concreto, proporcionando o

    formato e a textura da pea.

    Para os moldes so largamente empregadas chapas de madeira

    compensada, podem ser protegidos por uma camada plastificante ou por resina.

    5.5.1.3.1 Estrutura do molde

    So os elementos que promovem a sustentao, o travamento e o

    enrijecimento do molde, garantindo a manuteno das caractersticas determinadas

    s frmas. Normalmente composta por gravatas, sarrafos acoplados aos painis e

    travesses.

    Quando confecciono em madeira, utiliza-se geralmente tbuas (2,5X30,0 cm),

    sarrafos (2,5X5,0 cm; 2,5X10,0 cm) e caibros ou pontaletes (5,0X6,0 cm ou 7,5X7,5

    cm), espaados de maneira que no permitam a deformao do molde.

    5.5.1.3.2 Cimbramento ou escoramento

    Estrutura com finalidade de apoiar as frmas horizontais (vigas e lajes),

    suportando provisoriamente as cargas e foras atuantes (movimentao de

    operrios, materiais, equipamentos, contraventamento, etc.) e transmitindo-as ao

    piso ou ao pavimento inferior. constitudo genericamente por guias, pontaletes e

    ps-direitos.

    A madeira utilizada no cimbramento normalmente so pontaletes de 7,5x7,5

    cm de pinho ou de peroba, com at 4,0 m ou no mximo 5,0 m de comprimento, ou

    emprega-se tambm madeira rolia, com at 20,0 m de comprimento. Podendo

    ainda utilizar-se cimbramento metlico, que permite maior versatilidade.

  • 29

    5.5.1.3.3 Acessrios

    So componentes utilizados para nivelamento, prumo, calo e locao das

    peas, sendo constitudos comumente por aprumadores, sarrafos de p-de-pilar e

    cunhas.

    5.5.1.4 Elementos de uma frma de pilar

    Figura 006 Sistema de frma convencional para pilar Fonte: ALVES

    5.5.1.5 Elementos de uma frma de viga

    Pode-se dizer que o sistema de frmas constitudo pelos seguintes

    elementos: molde, estrutura do molde, escoramento (cimbramento) e peas

    acessrias.

    Figura 007 Sistema de frma convencional para viga Fonte: ALVES

  • 30

    5.5.1.6 Elementos de uma frma de laje

    Figura 008 Sistema de frma convencional para laje Fonte: ALVES

    5.5.1.7 O Custo da Frma no Conjunto do Edifcio

    Uma forma de qualidade tem que desempenhar adequadamente as suas

    funes, podendo, de acordo com o porte ou o detalhe arquitetnico da estrutura as

    formas apresentam em mdia, o seguinte percentual de custo com relao ao

    edifcio:

    custo da frma = 50% do custo de produo do concreto armado;

    custo do concreto armado = 20 % do custo da obra como um todo;

    custo da frma = 10% do custo global da obra.

    importante observar o significativo custo das frmas, por ser um elemento

    transitrio, porm de elevada importncia, assegurando qualidade edificao,

    merecendo, pois, estudos para a racionalizao, como tcnicas de padronizao de

    moldes e reutilizao, promovendo conseqente reduo de custos.

    5.5.2 Confeco das armaduras

    5.5.2.1 Corte dos ferros

    Os aos podem ser contados por serras manuais, discos de corte abrasivos, ou

    tesouras.

    a) Arcos e serras de ao rpido - indicada para pequenas obras com laje pr-

    fabricadas, tem como principal vantagem o menor investimento em

  • 31

    equipamentos e mobilidade e como desvantagem o fato de exigir maior tempo

    de execuo e consequente maior custo de mo-de-obra;

    b) Tesouras de corte - indicada para obras de pequeno mdio porte com lajes

    macias ou mistas, com a vantagem de possibilitar maior rapidez no corte dos

    vergalhes, exigindo, porm, maior esforo humano;

    c) Mquinas de corte (n. 1, 2, 3 etc.) - indicada para obras de mdio a grande

    porte, permitindo o corte de bitolas maiores.

    d) Serra de corte (disco de corte) - para obras de mdio e grande porte, com o

    corte rpido de qualquer tipo de bitola, tendo como principal desvantagem o

    rudo provocado pela alta velocidade do disco.

    5.5.2.2 Dobra dos ferros

    O processo de dobra importante devido suas influncias na qualidade das

    armaduras e nos processos de influncia em patologias, necessitando de

    ferramentas e tcnicas adequadas para um bom desempenho, em conformidade

    com os itens 6.3.4.1. e 10.3 da NBR 6118.

    Os diferentes tipos de dobradura devem ser feitos com raios de curvatura que

    respeitem as caractersticas do ao empregado; isto , sem que ocorra fissurao do

    ao do lado tracionado da barra, tambm evitam o fendilhamento do concreto no

    plano de dobramento da armadura, j que as curvaturas das barras de ao

    introduzem tenses radiais de compresso no concreto.

    A bancada de dobragem confeccionada em obra tem normalmente os

    seguintes componentes:

    Figura 009 Detalhe da bancada de dobragem - Fonte: UEPG

  • 32

    a) Pinos suportes: servem de apoio quando se faz fora para dobrar a barra e

    impedem que a mesma escape da mesa.

    b) Pino de dobra: o ponto onde se faz o dobramento da barra; o dimetro

    interno da dobra ser aproximadamente igual ao dimetro do pino. Em obras

    pequenas e mdias pode-se usar pinos feitos de ao fixados diretamente nos

    pranches para servir de apoio na dobragem dos ferros com uma alavanca

    (chave ou ferro de dobrar),

    Categoria

    Ensaio de trao (valores mnimos) Ensaio de

    dobramento a 180

    o Aderncia

    Resistncia caracterstica de escoamento

    (A)

    (MPa) (F)

    Limite de resistncia

    (B)

    (MPa) (F)

    Alongamento em 10 (C)

    (%)

    Dimetro de pino

    (D)

    (mm)

    Coeficiente de conformao

    superficial mnimo

    para 10 mm

    CA-25 250 18 1,0

    CA-50 500 8 1,5

    CA-60 600 (E)

    5 - 1,5 (A)

    Valor caracterstico do limite mx. de escoamento (LE ou da NBR 6152 ou da NBR 6118). (B)

    O mesmo que resistncia convencional ruptura ou resistncia convencional trao. Conforme a NBR 6152, o smbolo LR ou . (C) o dimetro nominal, conforme 3.4. (D)

    Barras de nominal a 32 das categorias CA-50 devem ser dobradas sobre pinos de 8 . (E) mnimo de 660 MPa. (F)

    Para efeitos prticos de aplicao desta Norma, pode-se admitir 1 MPa = 0,1 kgf/mm2.

    Tabela 011 - Propriedades das barras e fios de ao destinadas a armaduras. Fonte: NBR-6118

    A observncia dos dimetros de dobra dos vergalhes se faz necessrio para

    impedir fissura no ao no local da dobra, fragilizando o ao e causando tenses

    locais, h no mercado uma chapa que minimiza os efeitos da dobragem.

    As chapas prontas possuem pinos de dobragem substituveis de acordo com

    o dimetro do ao, e devem ser fixadas na bancada para servir de apoio para o uso

    da ferramenta de dobragem, conforme imagem abaixo:

  • 33

    Figura 010 Chapa de dobragem Fonte: UEPG

    Figura 011 Pinos de dobragem improvisados

    Existem mquinas automatizadas de dobrar para uso em obras de mdio a

    grande porte pode-se usar mquinas para realizar o trabalho de dobragem em srie

    e exigem mo-de-obra qualificada para a operao do equipamento.

    Figura 012 - Mquina de dobra automtica. Fonte: cortfer

    5.5.2.3 Amarrao das ferragens

    A amarrao feita com arame tranado n. 18, promovendo a solidarizao

    das barras cortadas e dobradas armao, a amarrao feita com arame em par

    tranado (no mnimo), aplicando-se tenso e toro simultnea, co energia suficiente

    para garantir firmeza e impedir a movimentao do conjunto nas operaes de

    transporte, encaixes nas formas e concretagem; cortando-se excedente de arame.

  • 34

    Os ns podem ser simples ou duplo.

    a) N simples - usado para amarrar duas barras lisas e de menor bitola em um

    n apenas, comum em solidarizao de armaduras de laje macia e

    armaduras de pele;

    b) N duplo - para bitolas maiores necessippoprio utilizar o n duplo.

    Figura 013 Ns de amarrao de ferragem

    Fonte: UEPG

    Figura 014 N observado em ferragens na regio

    Para o servio de amarrao se faz necessrio a instalao de uma bancadas

    de amarrao, que na maioria das vezes as armaduras so montadas na prpria

    obra e o mais prximo das frmas que iro receber a armadura. Pode-se, para isso,

    utilizar bancadas secundrias para a amarrao das armaduras feitas com cavaletes

    de madeira ou de barras de ferros.

    5.5.2.4 Montagem das armaduras nas formas

    Confeccionadas as armaduras a prxima etapa posicion-las nas formas

    para a concretagem, com a finalidade de proporcionar a homogeneidade na

    cobertura, recomenda-se usar espaadores entre o ao e as formas. Recomenda-se

    instalar espaadores em duas faces da armadura, a face inferior e em uma das

    laterais na armadura, antes de coloc-la na forma, facilitando a instalao das

    demais.

    Verificao recomendadas antes da concretagem

    a) Conferir se as ferragens de cada elemento (pilar, viga, laje) obedecem s

    especificaes de projeto em nmero e bitola de ferragem.

  • 35

    b) Conferir posicionamento dos estribos, em especial nas sees inferiores junto

    s barras longitudinais.

    c) Nas lajes colocar no mnimo 5 espaadores por metro quadrado.

    d) Instalar os caranguejos

    e) Amarrao das armaduras das lajes - deve amarrar alternadamente as barras

    cruzadas nas lajes (n sim, n no).

    f) Verificar a necessidade de armaduras de pele em vigas e pilares e em pontos

    prximos s caixas e tubulaes.

    g) Conferir o posicionamento dos embutidos (caixas, tubulao) e aberturas.

    h) No caso de armadura muito densa, evitar obstruir a passagem do vibrador.

    i) Protetores de pontas - luvas plsticas que so colocadas nas pontas de ferro

    (esperas) para proteger os operrios de cortes acidentais.

    5.5.2.5.1 Emenda de ferros

    As emendas devem ser evitadas pois quase sempre acrescentam custos e

    podem a vir a comprometer a segurana, quando necessrias tm que ser feita por

    profissionais e tcnicas adequadas, sendo os principais mtodos:

    a) Emenda por transpasse - devem ser desalinhadas e o mnimo transpasse em

    vergalhes de 80 vezes o dimetro da barra e a distncia entre as barras

    deve seguir a norma de acordo tambm com o dimetro;

    b) Emendas com luvas - so luvas prensadas e/ou rosqueadas que exigem

    clculo especfico feito para cada situao e executadas em oficinas com

    equipamentos apropriados;

    c) Emendas por solda - existe norma especfica para aos soldados e as

    condies de aceite aps ensaios prprios. As emendas com solda podem

    ser por caldeamento e por eletrodo (mais comum) e ainda com sistema de

    soldagem com cadinhos (moldes

  • 36

    Figura 015 Processos de emendas de vergalhes - Fonte: UEPG

    5.5.2.5.2 Uso de espaadores

    Os espaadores so dispositivos instalados nas armaduras, com a finalidade

    de garantir o cobrimento de concreto na armadura, existem vrios tipos de

    espaadores e podem ser confeccionados de vrios tipos de materiais.

    a) Espaadores de argamassa (picols): so as mais econmicas e de maior

    emprego, e podem ser confeccionada em obra, por meio de moldagem em

    formas de madeira, isopor, forma de gelo, caixa de ovos, etc. Adotando-se

    cuidados para uma pastilha resistente e impermevel.

    Figura 016 Pastilhas de argamassa Figura 017 Pastilhas de plstico

    b) Pastilhas plsticas: disponveis para venda em vrios formatos e tamanhos de

    acordo com o tipo de estrutura e dimetro da ferragem e espessura de

    cobrimento. Possuem a vantagem de fcil aplicao, porm tm menos

    aderncia quando comparadas com as pastilhas de argamassa e sofrem

    comportamento diferente de variao trmica em relao ao concreto.

  • 37

    5.5.3 Dosagem do concreto

    o proporcionamento adequado e mais econmico dos componentes do

    concreto (cimento, gua, agregados, adies e aditivos), segundo a ABCP.

    O mtodo ABCP uma adaptao do mtodo da ACI (American Concrete Institute), para agregados brasileiros para produo de concretos de consistncia plstica a fluida, fornecendo uma primeira aproximao da quantidade dos materiais devendo-se realizar uma mistura experimental.

    Para efetuar a dosagem, se obedece ao seguinte esquema:

    Figura 018 Fluxo para determinar o trao do cimento Fonte: ABCP

    A resistncia de dosagem do concreto estimada para testes em 28 (vinte e

    oito dias), atravs da expresso:

    , onde = desvio padro

    Equao 008 Avaliao resistncia de dosagem do concreto

    DESVIO PADRO CLASSE CONTROLE

    = 4,0 MPa A Rigoroso = 5,5 MPa B Razovel = 7,0 MPa C Regular

    Tabela 012 Desvio padro de controle p/ concreto - Fonte: ABCP.

    Caractersticas

    dos materiais

    Cimento

    Agregados

    Concreto

    Fixar a relao

    gua/cimento

    Consumo de

    materiais

    Apresentar o

    trao

  • 38

    Etapa: 01

    Aps a feita a caracterizao e seleo dos materiais, nos aspectos de

    granulometria e massa especfica, faz-se a determinao do fator gua/cimento,

    considerando a resistncia mecnica desejada ao concreto.

    Etapa: 02

    Vamos adotar como exemplo um concreto de 25 MPa, lanando mo da

    curva de Abrams, para esta resistncia encontramos o fator gua/cimento de 0,58.

    Grfico 001 - Curva de Abrams. Fonte: ABCP.

    Etapa: 03

    Consiste em determinar o consumo dos materiais: gua, cimento e

    agregados.

    a) Estimando o consumo de gua :

    Consumo aproximado de gua (l/m3)

    Abatimento (mm)

    mximo agregado grado (mm) 9,5 19,0 25,0 32,0 38,0

    40 a 60 220 195 190 185 180

    60 a 80 225 200 195 190 185

    80 a 100 230 205 200 195 190

    Tabela 013 - Consumo gua/abatimento/agregado grado - Fonte: ABCP.

  • 39

    b) Determinando o consumo de cimento , que depende do consumo de gua.

    Equao 009 Clculo do consumo do cimento

    c) Determinao do consumo de agregado grado ):

    Nesta etapa verificamos os teores timos de agregado grado em funo da

    dimenso mxima do agregado grado e mdulo de finura da areia.

    Consumo aproximado de gua (l/m3)

    MF mximo agregado grado (mm)

    9,5 19,0 25,0 32,0 38,0

    1,8 0,645 0,770 0,795 0,820 0,845

    2,0 0,625 0,750 0,775 0,800 0,825

    2,2 0,605 0,730 0,755 0,780 0,805

    2,4 0,585 0,710 0,735 0,760 0,785

    2,6 0,565 0,690 0,715 0,740 0,765

    2,8 0,545 0,670 0,695 0,720 0,745

    3,0 0,525 0,650 0,675 0,700 0,725

    3,2 0,505 0,630 0,655 0,680 0,705

    3,4 0,485 0,610 0,635 0,660 0,685

    3,6 0,465 0,590 0,615 0,640 0,665t

    Tabela 014 - Consumo gua/MF/agregado grado - Fonte: ABCP.

    Utilizaremos a seguinte equao:

    Onde

    = volume do agregado seco por m3 de

    concreto

    = massa unitria compacta do agregado grado

    Equao 010 Clculo do agregado grado

    importante se observar o critrio do menor volume de vazios, para

    promover a maior massa unitria compacta com britas.

    Britas Proporo

    B0,B1 30% B0 e 70% B1

    B1,B2 50% B1 e 50% B2

    B2,B3 50% B2 e 50% B3

    B3,B4 50% B3 e 50% B4

    Tabela 015 Mistura brita em funo do dimetro - Fonte: ABCP.

  • 40

    d) Determinao do consumo de agregado mido ):

    Equao 011 Clculo do menor volume de vazios

    Equao 012 Clculo do agregado mido

    Etapa: 04

    Apresentao do trao: cimento: areia: brita: a/c

    Equao 013 Clculo do trao

    Etapa: 05

    Onde

    = consumo de gua requerida = consumo de gua inicial = abatimento requerido = abatimento inicial

    Equao 014 Clculo do agregado grado

    Cuidados e correes:

    a) Falta de argamassa: acrescentar areia, mantendo constante a relao a/c

    b) Excesso de argamassa: acrescentar brita, mantendo constante a relao a/c

    c) Agregados com alta absoro de gua: acrescentar no consumo de gua

    5.5.4 Cura do concreto

    o nome das atividades feitas aps a concretagem, para evitar a evaporao

    da gua do concreto (pela ao do sol e dos ventos) e permitir a completa

    hidratao do cimento. Uma boa cura evita tambm a formao de fissuras

  • 41

    (pequenas trincas) na superfcie do concreto, que alm de causarem m aparncia,

    podem comprometer sua durabilidade

    Aps a hidratao do cimento, tem incio a um processo fsico de

    endurecimento, consequncia de reaes qumicas de hidratao, havendo

    aglutinao do material, conduzindo a construo de um esqueleto slido, sendo

    este processo inicial denominado de tempo de pega, e deve ser regulado em funo

    dos tipos de aplicao do material, devendo-se processar em perodos superiores h

    uma hora, para as operaes de manuseio e lanamento. Aps a pega em

    consequncia da hidratao vem o processo de cura ou endurecimento.

    O tempo de durao da cura em funo das condies ambientais locais

    (temperatura, umidade, ventos, etc.), da composio do concreto e da agressividade

    do meio-ambiente durante o uso, podendo-se lanar mos de membranas de cura,

    tais como o Nitrobond-Ar, que aspergido sobre o concreto formando uma pelcula

    diminuindo a evaporao da gua do concreto, promovendo uma cristalizao mais

    eficiente.

    A cura inadequada influencia negativamente na resistncia e na durabilidade

    do concreto, provocando fissura e deixando a camada superficial fraca, porosa e

    permevel, vulnervel entrada de substncias agressivas provenientes do meio-

    ambiente.

    A cura resume-se em manter a superfcie do concreto mida, sombreada e

    protegida, durante um perodo que a norma brasileira recomenda como sendo de

    pelo menos 7 dias, podendo ser estendido h at 14 dias, dependendo das

    condies locais. Para isso so utilizados os seguintes procedimentos:

    Irrigar periodicamente a superfcie com gua;

    Cobrir a superfcie com areia molhada, serragem molhada, ou estopas ou

    mantas midas;

    Recobrir a superfcie com painis ou lonas plsticas impermeveis, que

    impedem a evaporao.

    O dia ensolarado em nossa regio tocantina com clima quente e arejado

    representa o mximo risco ao concreto, necessitando de cuidados especiais no

    processo de cura.

  • 42

    5.6 MECANISMOS DE CORROSO DAS ARMADURAS

    O processo de degradao do concreto pode dar-se principalmente atravs

    de fatores qumicos e fsicos, de acordo com agentes agressivos do meio ambiente

    e processos fsicos com retraes na cura e esforos de solicitaes estruturais,

    influenciadas pelas tcnicas construtivas adotadas.

    Apresento uma pesquisa de SOUZA em vrios pases sobre a origem da

    patologia em estruturas de concreto.

    Causas dos problemas patolgicos em estruturas de concreto

    Fontes de pesquisas Concepo e

    projeto Materiais Execuo

    Utilizao e outras

    Edwad Grunau 44 % 18 % 28 % 10 %

    D.E. Allen (Canad) 55 % 49 C.S.T.C. (Blgica) 46 % 15 % 22 % 17 %

    C.E.B. Boletim 157 50 % 40 10 % FAAP Veroza (Brasil) 18 % 6 % 52 % 24 % B.R.E.A.S. (Reino Unido) 58 % 12 % 35 % 11 %

    Bureau Secutitas 88 % 12 % E.N.R (USA) 9 % 6 % 75 % 10 %

    S.I.A (Suia) 46 % 44 % 10 %

    DoV Kaminetzky 51 % 40 % 16 % Jean Blvot (Frana) 35 % 65 %

    L.E.M.I.T. (Venezuela) 19 % 5 % 57 %

    Tabela 016 - Causas das patologias em estruturas de concreto - Fonte: SOUZA

    5.6.1 Fatores favorveis a corroso

    5.6.1.1 Reaes lcali-Agregados

    Este fator consiste na formao e expanso de volume de produtos

    gelatinosos, consequncia da combinao dos lcalis do cimento com a slica ativa

    finamente dividida, presentes nos agregados, causando riscos durabilidade dos

    concretos.

    HELENE1 em referncia ao American Society for Testing and Materials, cita

    que os agregados com concrees ferruginosas, provenientes de rochas de

    alterao, contendo piritas (Sulfeto de ferro ) encontradas em granitos,

    gnaisses, rochas sedimentares e certas areias; bem como, geotita (xido de ferro

    hidratado encontrado em concentraes laterticas), marcasita e pirrotita; so

    compostos passveis de expanso e solubilizao ao oxigenarem-se.

  • 43

    5.6.1.2 Carbonatao do Concreto

    Consiste na reduo da alcalinidade do concreto, atravs da reao do CO2

    presente na atmosfera com outros gases cidos tais como SO2 e H2S, sendo

    progressivamente reduzida com a profundidade, segundo HELENE1 ocorre a partir

    da reao principal, sendo que, os concretos porosos e com fissuras fornecem

    ambientes mais propcios a carbonatao acentuada, sendo a carbonatao danosa

    s armaduras devido aerao, favorecendo a oxidao do ao.

    5.6.1.3 Presses internas

    O processo de corroso progressivo das armaduras forma de xi-hidrxidos

    de ferro, externando mancha marrom-avermelhadas na superfcie do concreto, que

    passam a ocupar volumes de 3 a 10 vezes (HELENE1 apud FERNNDEZ

    CNOVAS) superiores ao volume original, causando presses de expanso

    superiores a 15 MPa, provocando o fissuramento do concreto paralelamente

    armadura corroda, favorecendo a penetrao cclica de agentes agressivos,

    promovendo o lascamento e evoluindo para o desplacamento do concreto.

    5.6.2 Condies essenciais para a corroso das armaduras

    A corroso das armaduras pode se manifestas de forma local, denominada de

    pites quando o filme passivador rompe-se localmente, ou de forma generalizada

    atingindo todo o perfil.

    De acordo com HELENE1, apud (RUSH, 1975), esta corroso conduz

    formao de xidos/hidrxidos de ferro, produtos de corroso avermelhados,

    pulverulentos e porosos, denominados ferrugem, e s ocorre nas seguintes

    condies.

    Deve existir um eletroltico;

    Deve existir uma diferena de potencial;

    Deve existir oxignio; e

    Podem existir agentes agressivos.

  • 44

    5.6.2.1 O Eletroltico

    A gua est sempre presente no concreto e, geralmente, em quantidade

    suficiente para atuar como um eletrlito, principalmente em obras expostas a

    exposto s intempries, podendo ser combinada com solues de hidratao como

    a portlandita Ca(OH)2, De acordo com HELENE1, a umidade do concreto pode ser

    referenciada com base na umidade relativa do ar sob condies de temperatura a

    25C, conforme a seguinte tabela:

    Umidade Relativa do Ar %

    Umidade de equilbrio

    % gua

    l/m3

    40 3 70

    65 4 95

    95 8 190

    Tabela 017 Teor de U.R. x Teor de umidade no concreto a 25C (Fonte: Helene1)

    5.6.2.2 A Diferena de Potencial

    Quando o ao envolto em uma soluo h liberao de tomos do metal

    para a soluo aquosa, transformando-se em ctions de ferro (Fe++), carregando a

    camada superficial do ao com carga negativa, formando assim; um potencial de

    equilbrio reversvel, o que segundo HELENE1, no gera fora eletromotriz, mas na

    presena de reagentes pode combinar o eltron liberado na reao de formao do

    on ferroso, passando a existir uma diferena de potencial.

    Figura 019 Clula de corroso (Fonte: Helene1)

  • 45

    HELENE1 apud BURY & DOMUNE a atesta a medio de altas diferenas de

    potencial em ~300mV em regies de estrutura corroda, comparada com a baixa

    diferena de potencial ~30mV em regies de uma estrutura no corroda.

    Essa diferena de potencial quando produzida em diferentes pontos da barra,

    devido a fatores como diferena de umidade, concentrao salina, aerao, tenses

    no ao ou no concreto, geram a formao de uma cadeia de micro-pilhas

    conectadas em srie, sucessveis a inverso de polaridade, ocasionando a corroso

    generalizada, ou quando os anodos tm dimenses reduzidas e estveis, produzem

    a corroso localizada. Sendo esta mais danosa devido a sua intensidade,

    ocasionando perda de eltrons e a dissoluo do material, podendo ser denominada

    de corroso sob tenso.

    HELENE1 apud PETROCO-KINO descreve que o potencial de corroso do

    ferro no concreto pode variar de +0,1 a -0,4 V, sofrendo interferncia da umidade,

    permeabilidade e temperatura.

    Fatores que favorecem a diferena de potencial

    diferentes esforos aplicados sobre a barra de ao

    diferentes zonas em composio e estrutura no ao

    diferentes zonas de aerao

    5.6.2.3 O Oxignio

    Componente essencial no processo de reao, aliado ao eletrlito e ao hidrxido

    de clcio, desencadeia vrios processos, gerando uma gama de xidos e hidrxidos.

    5.6.2.3.1 Oxidao

    Processo desencadeado nas zonas andicas, no qual ocorre a perda de eltrons,

    devido o aumento de cargas positivas de um on, havendo combinao de uma

    substncia com o oxignio.

    +

    5.6.2.3.2 Ferrugem

    Produto das reaes de corroso, havendo vrios tipos de formaes de acordo

    com os componentes do processo reativo.

    a) Hidrxido frrico (expansivo)

    + +

  • 46

    + +

    b) Hidrxido ferroso (fracamente solvel)

    + + +

    +

    c) xido frrico hidratado geotita ou lepidocrocita (expansivo)

    *

    d) xido ferroso hidratado (expansivo)

    5.6.2.3.3 Reduo

    Processo que ocorre nas zonas catdicas em condies neutras e com

    oxigenao, promovendo ganho de eltrons devido diminuio do nmero de

    cargas positivas de um on.

    + +

    5.6.2.4 Agentes agressivos

    Substncias presentes no concreto (cimento, agregados, gua ou aditivos) que

    impedem a formao ou atacam a pelcula de passivao, acelerando a corroso.

    Dentre estas; so citadas as seguintes:

    Ction amnio ( )

    Dixido de carbono ( )

    Gs sulfdrico ( )

    ons cloretos ( )

    ons sulfetos

    Nitritos ( )

    xido de enxofre ( e )

    xido de sdio (( )

    5.6.2.4.1 ons cloretos ( )

    Altos teores de cloretos podem causar patologias no concreto, agindo a partir

    das reaes de hidratao, acelerando a pega e a resistncia inicial e reduzindo as

    resistncias em longo prazo, contribuindo para a corroso das armaduras e o

  • 47

    aparecimento de eflorescncia, alm da formao de compostos expansivos como

    os cloroaluminatos clcicos.

    CLASSE DO CONCRETO CLORETOS (ml/litro)

    Concreto protendido 500

    Concreto armado 1000

    Concreto simples 4500

    Tabela 018 - Cloretos na gua de amassamento segundo NBR-15900. Fonte: BATTAGIN

    Reao desencadeada sem consumir o nion cloreto, tem alta ciclagem,

    causando grandes corroses

    +

    + + (ferrugem)

    NEVILLE segundo HELENE1 constatou que apenas 0,6% de cloretos ( )

    so suficientes para reduzir a resistividade de uma argamassa em cerca de 15

    vezes, sendo que em uma mesma argamassa quando h diferentes teores de

    cloretos, existem diferenas de potencial, promovendo a corroso. Ainda segundo os

    mesmos pesquisadores, os dados quantitativos sobre o percentual de cloreto

    necessrio para corroer uma armadura na ordem de 0,03% para concreto

    protendido e de 2,0% para concreto armado.

    A NBR 6118 limita a quantidade de cloretos no concreto em 500 de

    concentrao de cloretos na gua de amassamento, sendo encontrado para a

    relao gua/cimento de 0.5, concentraes de 600 a 40000 . Contaminao

    estas e outras que percolam dentro do concreto por migrao, fator influenciado por

    aes ambientais ou de adio de agentes corrosivos durante a limpeza de produtos

    com alta concentrao de cloro, a exemplo o cido muritico.

    5.6.2.4.2 ons sulfatos (

    Segundo BATTAGIN, teores de sulfatos acima de 2000 mg/l comprometem a

    estabilidade do concreto, podendo causar a deteriorao por expanso causada

    pela formao de componentes deletrios, gesso e etringita secundrio (3CaO.

    Al203. 3CaSO4. 32H2O).

    A reao ocorrida sem o consumo do on sulfato, sendo segundo HELENE1,

    apud TANAKA, ocorre nas formas , , formando:

    2Fe + + +

  • 48

    + + +

    + + (ferrugem)

    5.6.2.4.3 Reaes lcali-agregado (AAR)

    Consiste na reao de alguns ons, tais como, Na+, K+ e OH-, quando

    dissolvidos nas solues do concreto, em porcentagem acima de 0,6% (SOUZA,

    1999), com alguns agregados, gerando produtos expansivos, causando degradao

    do concreto.

    Os produtos mais favorveis a estas reaes so a slica amorfa (reao

    lcali-slica), agregados de natureza dolomtica (reao lcali-carbonatos), produtos

    estes, contidos no cimento, agregados, gua ou aditivos.

  • 49

    5.7 INFLUNCIAS DO MEIO AMBIENTE NO CONCRETO ARMADO

    As influncias do meio ambiente sobre o concreto armado e nos mecanismos

    de corroso em armaduras so processos muito complexos, e dar-se por reaes

    qumicas e cristalizaes, neste trabalho ser abordado o processo eletroqumico

    em meio aquoso, ocorrido com a formao de uma clula de corroso ou pilha.

    HELENE2 cita que o meio ambiente no qual se insere a estrutura e que, em

    ltima instncia, o agente promotor da eventual corroso, tambm deve ser

    considerado. de se esperar que regies com atmosfera seca e pura no agridam

    tanto a estrutura quanto atmosferas midas e fortemente contaminadas por gases

    cidos e fuligem, acentuando-se em locais quentes e midos, onde o risco de

    condensao.

    O ar atmosfrico uma mistura de ar seco e vapor de gua, sendo a

    quantidade de gua varivel quantidade mxima em suspenso conhecida como

    saturao, que aumenta em funo da temperatura, o ndice de umidade do ar

    determinado pela umidade relativa (U.R.), que a relao entre o contedo de vapor

    de gua na atmosfera e o valor de saturao para uma dada temperatura,

    obedecendo seguinte classificao.

    CLASSIFICAO UMIDADE RELATIVA (U.R.)

    Ar seco at 30%

    Ar normal entre 50 e 60%

    Ar mido entre 80 e 90%

    Ar saturado 100%

    Tabela 019 - Tabela de Umidade Relativa do Ar Fonte HELENE1

    A U.R. acima de 75% acentua a velocidade da corroso atmosfrica quando

    combinada a agentes corrosivos, acelerando o processo corrosivo, sendo meio de

    dissoluo e transporte de reagentes a camadas mais profundas do concreto.

    5.7.1 Classificao do Meio ambiente quanto a Atmosfera

    As caractersticas ambientais dos locais onde se localizam as estruturas de

    concreto armado, em ltima instncia, so o agente promotor da eventual corroso,

    sendo a atmosfera mida e fortemente contaminada por gases cidos e fuligem mais

  • 50

    propcia a formao do processo corrosivo, quando comparada com atmosfera seca

    e pura.

    Classe de agressividade

    ambiental Agressividade

    Classificao geral do tipo de ambiente para efeito d

    projeto

    Risco de deteriorao de

    estrutura

    I Fraca Rural

    Insignificante Submersa

    II Moderada Urbana1), 2) Pequeno

    III Forte Marinha1)

    Grande Industrial1), 2)

    IV Muito forte Industrial1), 3)

    Elevado Respingo de mar

    1) Pode-se admitir um microclima com uma classe de agressividade mais branda (um nvel acima) para ambientes internos secos (salas, dormitrios, banheiros, cozinhas e reas de servio de apartamentos residenciais e conjuntos comerciais ou ambientes com concreto revestido com argamassa e pintura). 2) Pode-se admitir uma classe de agressividade mais branda (um nvel acima) em: obras em regies de clima seco, com umidade relativa do ar menor ou igual a 65%, partes da estrutura protegidas de chuva em ambientes predominantemente secos, ou regies onde chove raramente. 3) Ambientes quimicamente agressivos, tanques industriais, galvanoplastia, branqueamento em indstrias de celulose e papel, armazns de fertilizantes, indstrias qumicas.

    Tabela 020 - Classes de agressividade ambiental Fonte: NBR 6118

    As classes atmosfricas, de acordo com a concentrao de poluentes, podem

    ser agrupadas em classes, levando-se em considerao ambientes ao ar livre em:

    Atmosfera Rural, Atmosfera Urbana, Atmosfera Marinha, Atmosfera Industrial e

    Atmosfera Viciada.

    5.7.1.1 Atmosfera Rural

    Caracterizada por possuir baixo teor de poluentes com concentrao de

    partculas em suspenso segundo HELENE1 em cerca de por situar-se

    longe de fontes emissoras de poluio, apresenta meio para um processo muito

    lento de reduo da proteo qumica proporcionada pelo cobrimento do concreto.

    5.7.1.2 Atmosfera Urbana

    Os grandes centros urbanos possuem uma atmosfera com alta concentrao

    de agentes agressivos, em especial o xid