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JOãO MARCOS DUPLA VITóRIA NA UnB • Ciclo de Estudos 2011 • Deixem que a criança viva a sua infância • Habilidades e competências na Educação Básica • Ensino de Filosofia: novas práticas, novos saberes • “A Heroína da Escola” • Esporte, metáfora da vida • Viva a vida! Droga, comigo não rola ANO XIII – NÚMERO 39 – 2011

Familia vinci 39

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João MarcosDupla vitória na unB

•CiclodeEstudos2011

•Deixemqueacriançavivaasuainfância

•HabilidadesecompetênciasnaEducaçãoBásica

•EnsinodeFilosofia:novaspráticas,novossaberes

•“AHeroínadaEscola”

•Esporte,metáforadavida

•Vivaavida!Droga,comigonãorola

ANO XIII – NúmerO 39 – 2011

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2011o

mundo atual exige mu danças, adapta­ções, aperfeiçoamen­tos constantes e diá rios. a formação

teórica e prática do professor é um fator que contribui para melhorar a qualidade do ensino. por esse motivo, o centro Educacional leo­nardo da vinci tem o projeto de For­mação continuada, para promover momentos de reflexão em que são convidados palestrantes e promo­vidos cursos para a atualização dos professores e colaboradores.

o primeiro evento do ano é o ciclo de Estudos. Em 2011 foram convidados o Doutor em Filoso­fia e História da Educação, prof. Dr. césar nunes, e a Doutora em ciência da Educação, prof.ª Dra. Elvira souza lima. “Foi um momento riquíssimo de trocas de informações, conhecimentos e experiências”, conta a Diretora pedagógica da unidade tagua­tinga, prof.ª solange Foizer.

o prof. Dr. césar nunes subiu ao palco para ressaltar a importân­cia da humanização na educação. não fez uso de qualquer recurso tecnológico (a não ser o micro­

fone) e, em sua palestra, emocio­nou a plateia pela simplicidade com que contou fatos, acertos e erros em sua vida como aluno e professor. Foi aplaudido por todos de pé, por mais de cinco minutos. “Foi com certeza um dos momen­tos mais emocionantes da minha carreira”, conta emocionado.

neurociência e educação foi o outro tema levantado no ciclo de Estudos 2011. a prof.ª Dra. Elvira souza lima fez uma palestra explicando como se dá o processo de aprendizagem no cérebro. “os palestrantes trouxeram um acrés­cimo fantástico para nossa experi­ência. no que se trata da questão da afetividade, humanização da educação, neurociência, em como se dá o processo de aprendiza­gem, entender o funcionamento cerebral, entender quais são os ganhos e prejuízos. E hoje vejo que, de fato, estamos no caminho certo”, conta a orientadora Edu­cacional do Ensino Médio, uni­dade norte, prof.ª Gerlany carva­lhães. n

PatríciaCarbriassessora de comunicação

ciclo DE EstuDosneurociênciaehumanizaçãoda

educaçãoforamostemastrabalhados.

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Repórter ­ Quais as principais diferenças do cérebro das crian­ças de 4, 5 e 6 anos de idade? como funciona a memória da criança e quais seus níveis? como desenvolvê­la e estimulá­la, em seus diferentes graus, nas crianças dessas idades?

ElviraSouzaLima - É importante entender que o desen­volvimento do ser humano acontece por períodos de tempo que não são divididos segundo anos cronológicos. os períodos na infância acontecem em tempos maiores, como cerca de 3 anos. assim as crianças de 4, 5 e 6 anos pertencem a um período de desenvolvimento, no qual acontecem processos, como por exem­plo, o desenvolvimento da função simbólica e a formação das figuras geométricas. a matura­ção do cérebro é progressiva e possibilita a ampliação de processos mentais, perícia do movimento, evolução da fala, por exemplo.ao longo desse processo, a criança desen­volve a memória, criando acervos de expe­riências, imagens e sons, de acordo com sua experimentação e ação, nos contextos em que vive. com o desenvolvimento da memória, a criança também cria acervos para imaginar. a imaginação precisa ser desenvolvida na infância. Brincar, desenhar, cantar, dançar, ouvir histórias, representar no faz de conta são atividades essenciais para o desenvolvi­mento da criança nesse período.

Repórter ­ você diz que o desenvolvimento é função da cultura. poderia explicar?

Elvira Souza Lima ­ na verdade esta não é uma ideia recente, mas que tem sido comprovada recentemente com o avanço dos estudos e pesquisas sobre o cérebro humano. o conhecimento sobre o desenvolvimento na infância nos traz a necessidade de ver a criança como ser de cultura, pertencente à espécie humana: daí a impor­tância de integrar os conhecimentos da neurociência, da

antropologia e das artes para que, dessa integração, se retire um modelo de pensamento mais ade­

quado para se abordar a infância.a neurociência, principalmente, vem reve­lando a infância como um período de rele­vância para a formação humana, confi­gurando, assim, uma nova dimensão da educação infantil. a escola para educação infantil é um espaço de formação humana

das novas gerações, garantindo a continui­dade da espécie e a integração das experiên­

cias culturais com as possibilidades tecnológi­cas da sociedade contemporânea.

Repórter ­ Há diferenças nas formas de estímulos para cada idade? se sim, quais?

preendê­la. o ato de desenhar não é, simplesmente, uma atividade lúdica, ele é, também, ação de conheci­mento. o desenho é, pois, parte constitutiva do processo de desen­volvimento da criança.

a música promove a comunica­ção entre as pessoas, provoca envol­vimento emocional entre elas. cantar, tocar um instrumento, ouvir música são atividades que fazem bem ao ser humano em qualquer idade. na infância, a música é mais importante ainda, pois contribui para o desen­volvimento da criança. as cantigas infantis possibilitam o desenvolvi­mento da memória auditiva, do ritmo e da melodia, com realizações que estarão envolvidas na apropriação da leitura e da escrita.

nascida em uma cultura que valoriza tanto a música quanto a dança, a criança brasileira é exposta, desde bebê, a uma vivência musical variada. Do mesmo modo, a criança brasileira também tem experiências com a dança nas festas populares, na mídia, nos rituais das tribos, nas celebrações religiosas, nas festas e em outros eventos.

É muito importante que se valo­rize a vivência musical criando

Elvira Souza Lima ­ sim, o que propiciamos à criança pequena deve ser adequado ao seu período de desenvolvimento. por exemplo, desenhar é uma atividade fundamental dos 3 aos 6 anos. ouvir músicas, cantaro­lar, dançar e cantar, experimentar sons, ouvir com atenção sons da natureza, por exemplo, são ativida­des importantes nos primeiros anos da infância. propiciar essas experiências à criança significa, muitas vezes, criar condições para que ela faça isto, dar tempo a ela para rea­lizar estas atividades e prosseguir nelas conforme desejar. Muitas vezes o adulto se preocupa muito em estimular a criança e não dá a ela o tempo necessário para que ela realize atividades em seu próprio tempo. o tempo de exploração dos objetos, de observação, de envolvimento com uma atividade depende do período de desenvolvi­mento. aprendemos muito observando a própria criança: ela nos ensina, também, como e durante quanto tempo ela se dedica a uma atividade.

Repórter-Qual o papel das brincadeiras nesse processo? Quais brincadeiras você indicaria pela riqueza de recursos que oferece ao cérebro?

ElviraSouzaLima ­ cada brincadeira mobiliza o cérebro da criança segundo os componentes de movimento, orali­

dade, ritmo, rima, sequência. cada brincadeira promove o desenvolvi­

mento de determinados movimentos do corpo, de sonorizações e linhas

melódicas. cada brincadeira apresenta, portanto, especificidades. a criança precisa

realizar brincadeiras de movimento: andar, cor­rer, saltar. Brincadeiras circulares como as brincadeiras de roda, cantadas ou declamadas. Brincadeiras que desen­volvem a percepção sonora e/ou visual. Brincadeiras que envolvem parlendas e quadrinhas. todas as brincadeiras do folclore e as brincadeiras universais oferecem riqueza de experiências e oportunidades para a criança e atuam, também, no desenvolvimento da imaginação.

Repórter-os contos infantis assumem essa mesma função? se não, qual o papel também dos contos infantis?

ElviraSouzaLima-os contos infantis tradicionais passa­ram de história oral para a escrita. ou seja, uma tradição oral de séculos, por vezes, foram registradas em algumas culturas e a partir daí permaneceram como acervos para muitas gerações. Muitas histórias foram perpetuadas tam­bém pelas dramatizações, tanto com personagens como com bonecos (marionetes de muitos tipos diferentes). Mais recentemente, essas histórias passaram a ser reela­boradas em várias formas de mídia: filmes, animações,

ToDACRiAnçATEmoDiREiToDEConViVERComASDiFEREnçAS.A

FoRmAçãoéTiCAComRESPEiToàDiVERSiDADECuLTuRAL

EàDiVERSiDADEBioLógiCAéumARESPonSABiLiDADEDE

ToDoSnASoCiEDADE.

DEixEM QuE a criança viva a sua inFância

podemos iniciar nossa con­versa dizendo que toda criança tem direito a viver sua infância. nesse pe ríodo, a criança realiza

inúmeras aprendizagens que servi­rão para toda a vida. Muitas delas se efetivam por meio de práticas cul­turais, que, por sua vez, desempe­nham papel central, e cabe não ape­nas à família, mas a vários setores da sociedade, garantir sua presença na vida das crianças.

Em seus primeiros anos de vida, a criança obtém duas conquistas importantes: andar e falar. o período que se segue a isso será marcado pelo desenvolvimento da função sim­bólica (falar, desenhar, imaginar...). as atividades que predominam nesse período são as que envolvem movimento e criação de significados, fazendo com que a criança se desen­

volva como um ser de cultura.E que atividades são essas? Dese­

nhar, brincar de faz de conta, realizar brincadeiras infantis que envolvam personagens e ações imitativas, can­tar, dançar, ouvir histórias, poesias e narrativas da cultura local. É muito importante para a criança a vivência das práticas culturais de sua comuni­dade e região, pois a elas estão liga­das a percepção de si mesma como parte de um grupo e a formação de sua identidade. a experiência com imagens e com sons é uma parte importante na educação da criança pequena, por isso toda criança pre­cisa desenhar, cantar, ouvir música e brincar.

Em seu processo de desenvolvi­mento, a criança pequena desenha muito. toda criança vai desenhar indo ou não à escola, ou seja, dese­nhar faz parte de ser criança. É muito

importante que os adultos respeitem essa atividade, porque enquanto a criança está desenhando, ela está aprendendo muitas coisas. para nós, adultos, pode parecer que desenho não é uma coisa séria como apren­der a escrever, mas é. o domínio da forma desenhada também é uma das bases do desenvolvimento da escrita.

todo desenho tem uma ação: para a criança, há sempre uma his­tória no desenho que ela faz. o dese­nho é uma narrativa: mesmo que para o adulto ele pareça uma repre­sentação estática, para a criança ele é ativo, dinâmico, tridimensional. Mesmo que a criança não fale nada enquanto estiver desenhando, ela está “pensando” no que desenha. Então, ao desenhar, a criança traba­lha com sua imaginação, cria novas imagens, desenvolve sua memória, organiza sua experiência para com­

situações em que a criança possa, diariamente, ter alguma atividade que envolva a música. Muitas das brincadeiras infantis já trazem essa experiência, o folclore brasileiro tem uma variedade muito grande de ativi­dades que envolvem música.

sabemos hoje que a música é importante no desenvolvimento do cérebro e traz muitos benefícios para as aprendizagens que a criança terá mais tarde, na escola.

por exemplo, as músicas canta­das têm rimas. ter sensibilidade à rima, sabe­se hoje, é um dos com­ponentes essenciais para a aquisição da leitura. o que é ter sensibilidade à rima?

É saber reconhecer rimas e saber fazê­las também.

para a criança que se está cons­tituindo como um ser da cultura, é fundamental entrar em contato cons­tante com a música. para a criança

brasileira, a música é mais do que isso, ela permite dialogar com o outro e contribui para a inserção dessa criança na cultura do nosso país.

as brincadeiras infantis envolvem movimento. Muitas delas fazem com que a criança movimente seu corpo no espaço. isso ajuda, por exemplo, a formar conceitos de localização no espaço, como acima/abaixo, dentro/fora, perto/longe.

Muitas brincadeiras trazem pe­quenas narrativas, que auxiliam no desenvolvimento da oralidade e do sequenciamento de fatos, como a rosa juvenil [cantiga de roda sobre uma menina, rosa, que é vítima de uma feiticeira e sobre o rei que irá desfazer o feitiço. na brincadeira, as crianças formam a roda; a que vai para o centro será a rosa, e outras duas, de fora da roda, serão a fei­ticeira e o rei. seguindo as estrofes da música, cada criança deve agir de acordo com o seu personagem. aquelas que estão na roda devem girar e cantar ao redor da rosa]. todas envolvem a memória de mo­vimentos sequenciados em uma

ordem constante. por exemplo, lenço­atrás [brincadeira em que os participantes formam uma

EntrevistaconcedidaaPaulaCaires(RevistaProjetosEscolaresEducaçãoinfantil–onlineEditora)emoutubrode2009

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roda, em torno da qual um deles corre levando um lenço na mão e di­zendo versos; o lenço deve ser deixa­do atrás de uma pessoa, que sairá da roda perseguindo o que a escolheu e tentando impedi­lo de ocupar o lugar deixado vago], coelhinho­sai­da­toca [cada participante senta em uma ca­deira e o que comanda o jogo fica em pé. Quando ele gritar “coelho sai da toca”, todos devem mudar de lugar inclusive o comandante, que deve se sentar. o que ficar de pé sai do jogo e uma cadeira é retirada].

Brincar é necessário para que a criança cresça saudável e não pode ser substituído por outro tipo de ati­

vidade. um dos direitos mais funda­mentais da infância é ter tempo para brincar e cabe aos adultos criarem essa possibilidade para toda e qual­quer criança.

ouvir histórias, ouvir e recitar poesias, parlendas [rima infantil usada em brincadeiras], conversar com outras crianças, ser ouvida pelo adulto são situações que todas as crianças devem ter continuamente. o folclore, as festas tradicionais, as celebrações são também fonte de ampliação da experiência, além de funcionar como oportunidades para a formação da identidade cultural.

o que foi colocado aqui é válido,

igualmente, para as crianças que nascem com alguma diversidade biológica, ou seja, não ouvem, são cegas, possuem alguma síndrome (por exemplo, a síndrome de Down), têm algum impedimento por causa da condição de seu cérebro (paralisia cerebral, por exemplo). para essas crianças, as atividades da infância são tão necessárias como para qual­quer outra criança. nesses casos, a sensibilidade dos adultos é muito importante, pois são eles que podem criar condições para que essas crian­ças brinquem, ouçam música, parti­cipem de atividades culturais e festas públicas, entre outras coisas.

novelas e seriados, dramatizações teatrais, desenhos ani­mados. Hoje as crianças têm várias fontes para a expe­riência com as histórias. Esta tradição gerou, também, a produção específica de literatura infantil e que tomou uma proporção inédita e importante nas últimas décadas.Histórias, contos, lendas e fábulas têm um papel impor­tante na formação da criança e no desenvolvimento da memória e da imaginação. Eles atuam na formação da estrutura da narrativa na memória, que proporciona mui­tos subsídios para desenvolvimento e aprendizagens pos­teriores, dentre as quais destacamos a apropriação da escrita e a atividade criativa da mente humana.

Repórter-Qual a importância e o papel da música nesse pro­cesso de estímulo e desenvolvimento infantil?

Elvira Souza Lima - o papel da música é enorme, conforme constatado pelas pes­quisas na área de neurociência. sabemos disso, também, por meio da antropolo­gia, que nos mostra o papel central que a música tem na organização dos grupos sociais. na verdade, a histó­ria da evolução da espécie humana deixa bem claro que a música foi um dos fatores fundamentais de desenvolvimento da espécie, presente antes mesmo da fala. para a criança, a música é fator de humanização, de con­gregação com os adultos e com as crian­ças mais velhas. tem um papel na identidade cultural e é fator decisivo no desenvolvimento da função simbólica da criança.

Repórter­ Há diferenças de funções conforme o tipo de música trabalhada (diferentes ritmos, só cantada ou acompanhada de instrumento...)?

ElviraSouzaLima ­ os diferentes ritmos, tonalidades, har­monização afetam diferentemente o cérebro. Da mesma maneira, vocalizes e canto apresentam particularidades em relação à música instrumental no processamento pelo

cérebro. instrumentos e vozes apresentam um impacto no cérebro quando executados conjuntamente, que difere quando somente instrumento ou somente voz chegam ao cérebro. porém, é importante salientar que todas as for­mas de música têm um impacto muito grande, como mos­tram as pesquisas mais recentes sobre música e cérebro. também essas pesquisas revelam que os efeitos variam conforme a idade da pessoa. certo é que, para a criança pequena, a experiência com a música cotidianamente traz impactos duradouros sobre o desenvolvimento infantil. por isso, a música deve estar presente em casa e na escola.

Repórter - o que o processo de alfabetização deve priorizar para ser bem­sucedido, independentemente da linha pedagó­gica seguida?

ElviraSouzaLima ­ com certeza, o desenvol­vimento da função simbólica. a formação

na memória das letras, sílabas e palavras e, fundamentalmente, as estruturas da sintaxe. a sintaxe, envolvendo o verbo de ação, principalmente, é eixo da aprendizagem da escrita e da leitura. independentemente do método, se a criança não aprender as dimensões da língua escrita (sintaxe, semântica,

léxico, fonologia e morfologia) não dominará a escrita. Qualquer método

precisa atender à formação na memó­ria dos conceitos de letra, sílaba, palavra,

frase e texto.

Repórter-Existe uma idade certa para dar início ao processo de alfabetização formal? Existe uma idade limite para que a alfabe­tização esteja concluída?

ElviraSouzaLima ­ apropriar­se da língua escrita, sendo capaz de ler e de escrever uma língua, é um processo bem longo. a escrita é muito complexa e tem vários níveis de apropriação: compreender poesia, escrever poesias, escrever um conto tem suas especificidades. Escrever um relatório científico tem outras. um texto jurídico, outras.

assim, pode­se ir pela vida toda aperfeiçoando e expandindo a com­preensão na leitura e a capacidade na escrita.porém, toda criança com 3 anos de escolarização tem a possibilidade de ler compreendendo (ler é compreen­der) e de escrever textos de algumas

APRoPRiAR-SEDALínguAESCRiTA,SEnDo

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Finalmente, toda criança tem o direito de conviver com as diferen­ças. a formação ética com respeito à diversidade cultural e à diversidade biológica é uma responsabilidade de todos na sociedade. se a criança não conviver com as diferenças, ela não terá a possibilidade de ampliar sua experiência de vida e compreender que a diversidade é normal na nossa espécie. n

Prof.ªDr.ªElviraSouzaLimapesquisadora em desenvolvimento humano com formação em neurociências, psicologia, antropologia e música. trabalha com pesquisa aplicada às áreas de educação, mídia e cultura.

linhas (5 a 7 no mínimo) com a sintaxe básica, com cor­reção fonológica e ortográfica e utilizando palavras cor­retamente. isso depende de ensino e prática cotidiana. Do ponto de vista do desenvolvimento, isso pode ser feito a partir do período de 6 a 8 anos.

Repórter- você defende a organização do currículo escolar por ciclos de aprendizagem. o que seriam e como funcionariam?

ElviraSouza Lima -seria melhor pensar na organização curricular segundo os períodos de desenvolvimento humano, que, em muitas prefeituras espalhadas por todo Brasil, são denominados de ciclos de aprendizagem. a aprendizagem dos conteúdos escolares se apoia nos períodos de desenvolvimento. não adianta querer adiantar certas aprendizagens na escola para as quais a criança depende da formação de estruturas no cérebro, estruturas estas que são formadas segundo condições próprias da espécie.

Repórter-o que poderia ser dispensado das aulas pelo fato de as crianças já trazerem consigo naturalmente?

Elvira Souza Lima - Desenhar as figuras geométricas, aprender as cores que estão em seu contexto, nomeá­las são coisas que fazem parte do desenvolvimento humano. cantar, também. temos várias aquisições na própria gené­tica da espécie. a escola deve aproveitar essas caracterís­ticas do desenvolvimento infantil para ampliar a experiên­cia da criança em cada uma delas.por exemplo, trabalhar com as figuras geométricas para construir formas como com o tangram, fazer maquete de algum local como a escola, ou o bairro, ou ainda sobre o movimento dos astros são atividades escolares que a

criança só fará se for ensinada e orientada. Dessa forma, o currículo deve partir do desenvolvimento humano, sempre com a preocupação de desenvolver a imaginação

Repórter-até que ponto a televisão e a internet ajudam ou atra­palham no processo de desenvolvimento da criança? por favor, explique.

Elvira Souza Lima - televisão e computador não podem extrapolar um tempo diário de uma a duas horas na vida da criança pequena. Em muito países, a recomendação é de uma hora diária a partir dos 3 anos e alguns reco­mendam que a criança de até 2 anos não seja exposta a nenhum dos dois. isso decorre de pesquisas sobre o desenvolvimento biológico e cultural da primeira infância, incluindo­se aí as pesquisas sobre o processo de matura­ção e desenvolvimento do cérebro infantil.

Repórter - o déficit de atenção e a hiperatividade podem ter relação com a influência desses meios na vida das crianças ou esses transtornos da aprendizagem estão relacionados à condi­ção genética da pessoa? por favor, explique.

Elvira Souza Lima - Há um equívoco muito grande atualmente em considerar comportamentos normais das crianças como déficit de atenção e hiperatividade. como consequência, temos muitas crianças sendo medicadas erroneamente, com prejuízos imediatos sobre seu processo de desenvolvimento. os comportamentos identificados como de hiperatividade e déficit de atenção são decorrentes, muitas vezes, dos contextos em que a criança vive, que oferecem poucas oportunidades para que a criança exerça o que é próprio da infância, sendo o brincar um dos mais importantes. n

LiVRoSPuBLiCADoSPELADr.ªELViRASouzALimA

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oLeonardodaVinciimplantou,do1ºao5ºanodoEnsinoFundamental,oProjetomenteinovadoraparacomplementarasdisciplinastrabalhadasnaescola

aproposta do projeto Menteinova­dora é estimular as habilidades cognitivas, sociais, emocionais e éticas por meio de jogos de racio­cínio. o sistema consiste em, no

início da aula, o(a) professor(a) contextualizar a atividade que será desenvolvida na aula, as regras do jogo e como eles conseguirão alcançar os objetivos.

o projeto trabalha com métodos, como o do semáforo, no qual o sinal vermelho sig­nifica que é o momento de parar e obser­var; o amarelo, que é a hora de raciocinar; e o verde, no qual o estudante vai escolher a melhor estratégia e agir; há o método do dete­tive, que estimula as crianças a encontrarem a solução do problema por meio de pergun­tas e respostas; e o método da ave migrató­ria, no qual a equipe vai agir de acordo com o que está sendo direcionado pelo líder. por meio de jogos de raciocínio, a criança é esti­mulada a aplicar essas metodologias para lidar melhor com situações­problema no seu cotidiano.

“É fundamental o papel do professor como mediador porque ele vai colocar em

prática as ações didáticas e, a partir das situ­ações vivenciadas no jogo, a criança vai criar novos conceitos, novas noções, significados que serão usados em outros momentos de aprendizados na família, na escola”, afirma a professora do Ensino Fundamental, Elenis Durães B. santana.

“Quando a gente vai fazer o caça ao tesouro, há uma hora que a professora pede para a gente parar e observar o que se está fazendo. isso é bom porque a gente consegue olhar de um outro jeito para resolver o jogo”, completa pedro Bernardes, estudante do 1º ano F, de taguatinga. “na verdade o mais legal é que a gente consegue fazer as ativi­dades em grupo”, conta a aluna ana carolina lima vargas, colega também do 1º ano.

todos os professores do leonardo da vinci passaram por um treinamento com a equipe da empresa coordenadora do projeto, Mind lab Brasil, para que eles vivenciassem os jogos e aprendessem quais conceitos, habi­lidades e objetivos teriam cada um. com a formação continuada presencial, os professo­res são periodicamente visitados pelos edu­cadores da empresa, que avaliam em con­junto todo o andamento do projeto, ministram atualizações para os professores, dando total apoio e segurança à instituição de ensino. nPatríciaCarbriassessora de comunicação

as instituições de ensino enfrentam novas necessidades, decorrentes da mudança de paradigmas na Educação do século xxi, em que o desenvolvimento de habilidades e

competências ganha um papel relevante em questões acerca de: como educar a criança para um mundo globalizado? como preparar o jovem para o novo mercado de trabalho?

sendo assim, a educação está imersa em um novo tempo em que as informações não são suficientes, é preciso aprender a proces­sar e a usar adequadamente essas informa­ções para transformá­las em novos conhe­cimentos. Escolas, sem exceção, estão em processo de “renascimento”, adaptando­se à nova realidade que requer educar o indivíduo para ser capaz de enfrentar situações reais do mundo atual.

no mundo de hoje, ser competente pres­supõe aceitar desafios, mobilizar o conhecimento e ter criatividade para enfrentar o novo, o des­conhecido, partindo em busca de novas formas de resolver situações e problemas que se apre­sentam nesta mesma velocidade. o indivíduo competente é aquele capaz de transformar conhecimento em solu­ções para problemas concretos da vida.

Mas como tratar essa questão na Educação Básica? como transformar esse desejo em realidade? precisamos de uma “nova disciplina” que focalize o desenvol­vimento de habilidades cognitivas, sociais e emocionais necessárias para desenvolver competências para a vida moderna. Essa é a nossa visão.

partindo dela, reunimos recursos didáti­cos, conhecimentos sobre o desenvolvimento humano e técnicas de ensino­aprendizagem em uma metodologia, de nome Menteino­vadora, que estabelece o mesmo grau de importância para o jovem aprendiz, o profes­sor e os recursos didáticos, assim possibili­tando que o “evento de aprender” seja mais significativo.

sabemos que a atribuição de significado provoca a atenção, o interesse, a motivação e a participação do aluno no processo de aprendizagem. Ele se sente pertencente a esse processo, cúmplice, coautor: o processo

é vivido como uma construção conjunta entre professor e alunos.

nessa metodologia, o professor é um provocador da construção de conceitos, do tratamento das informações, do incentivo à pesquisa. Ele é um verdadeiro mestre que considera o conhecimento do outro e entra nessa relação como alguém que vai colaborar para o desenvolvimento da autonomia. Enfim, um professor­mediador.

E para criar uma experiência de apren­dizagem que simule situações­problema do mundo real, utilizamos jogos de raciocínio, um recurso didático prazeroso e provocante no qual o aluno se envolve e se abre para a aprendizagem de estratégias e modelos de raciocínio que são os “conteúdos” da “nova disciplina”.

observamos que assim as crianças natu­ralmente aprendem a pensar sobre o próprio

pensamento e se apropriam de estraté­gias não só para jogar melhor, mas

com recursos internos para serem utilizados em todas as

situações da vida cotidiana e em componentes curri­culares, como Matemá­tica, português, ciências, História, entre outras.

a “nova disciplina”, proposta para desenvol­ver habilidades e com­

petências, aplica­se em uma aula semanal de 50

minutos, para alunos desde a Educação infantil até o Ensino

Médio. a organização curricular é composta por passos (inicial, 1, 2, 3 e 4)

para atender crianças e jovens nas diferen­tes faixas etárias (de 4 a 17 anos). os passos estão subdivididos em módulos de acordo com os objetivos gerais das aulas que os compõem, como por exemplo: “unindo For­ças”, “analisando informações”, “tomada de Decisões”, “planejando o futuro”, “Gerencia­mento de recursos”, entre outros. n

SandraReginaRezendegarcia,pedagoga, Diretora pedagógica do Menteinovadora, Mestre em psicologia na área do Desenvolvimento Humano e processo Ensino ­aprendizagem pela universidade de são Marcos, pós­graduada em psicomotricidade no programa de Enriquecimento instrumental pelo instituto superior de psicomotricidade e Educação – ispE­GaE, em são paulo. É autora do livro Mediação da aprendizagem – contribuições de Feuerstein e vygotsky em parceria com Marcos Méier.

HaBiliDaDEs E coMpEtênciasna EDucação Básica

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afamília Marques foi des­taque na edição nº 38 desta revista. À época, o caçula da família, João Marcos correia Marques,

era um dos 176 alunos do leonardo da vinci aprovados no vestibular de julho/2010 da universidade de Bra­sília. Ele ainda não havia concluído o Ensino Médio e conquistou o 4º lugar na classificação geral no curso de Engenharia Mecatrônica, primeiro lugar de todas as engenharias. Hoje, de cabeça raspada, ele comemora sua tripla vitória: a primeira colo­cação geral da unB, o 1º lugar no pas e um Ford Focus 0 km dado pelo leonardo da vinci na promoção “Estudante 1º lugar”.

João começou a estudar no leo­nardo da vinci no 3º ano do Ensino

Fundamental. “além de muito inte­ligente, estudioso, dedicado e com­prometido, ele sempre foi muito humilde e teve o acompanhamento da família, que esteve muito pre­sente na vida escolar dele”, lembra o Diretor de planejamento e de Ges­tão pedagógica, prof. sérgio Brum. a irmã mais velha do João, caro­lina, também estudou no leonardo da vinci, passou no vestibular para Economia, na unB, na metade do 3º ano, com 17 anos. Formou­se com 21 anos e está cursando o mestrado de Economia da usp, com 22 anos. a outra irmã, Mariana, passou pelo pas para Medicina com 18 anos e já está cursando o 3º ano na unB, feliz com a sua escolha.

“são vários fatores importantes para o sucesso dos meus filhos. Estu­

João MarcosDupla vitória na unB

EleconquistouamelhorcolocaçãonoPASevestibulardaunB,éoprimeiroestudantedoLeonardodaVincia

ganharumcarro0Kmdapromoção“Estudante1ºLugar”erevelaqueosegredoparapassarnovestibularébemmaissimplesdoquesepossaimaginar.

dar, relembrar as matérias básicas – até hoje, por exemplo, algumas pes­soas têm dificuldades nas operações matemáticas essenciais – e manter em dia as matérias do ano. E a famí­lia é também muito importante. aqui em casa a gente sempre teve o cos­tume de estimular um ao outro. Deus também me ajudou bastante, dando calma e paciência para eles estuda­rem”, explica a mãe, Magaly correia Marques.

João explica que a promoção do leonardo da vinci, que daria um carro para o estudante que conquis­tasse o primeiro lugar do vestibular, pas ou Enem também foi um estí­mulo. “lá em casa, ninguém ganhou carro por passar no vestibular. Estava contando em dividir o carro com a minha irmã, que também estuda na unB”, revela o jovem, já matriculado na autoescola. “Desde o começo do ano, ficava brincando com o diretor: ‘cadê meu carro?’ Mas não levava fé no primeiro lugar, não”, conta. n

PatríciaCarbriassessora de comunicação

D i C A So estudante ganhou o carro, pois passou

bem no vestibular. Mas tudo isso é o resultado da dedicação e disciplina. Engana­se quem pensa que João Marcos sacrificava os momen­tos de lazer e descontração. con­fira as dicas que João Marcos deu para quem quer passar no vestibular.

•Presteatençãoàsaulas: a pri­meira dica é simples e direta, procure estar atento no que é passado pelo professor. “Ele prepara a matéria como um resumo de vários livros. É claro que é difícil estar atento 100% do seu tempo, mas compensa quando você vai revisar a matéria, porque tudo vai estar mais claro”.

•Seja curioso: uma boa estra­tégia para estar atento às aulas é procurar ter curiosidade. se você tem dúvidas, não espere para perguntar, caso o assunto seja inte­ressante, peça a indicação de fontes para mais informações. “sempre fui muito curioso e nunca tive problemas para per­guntar e tirar as dúvidas que tinha sobre os assuntos”.

•Façaodeverdecasa: se você prestou atenção na aula, fazer a tarefa de casa vai servir para fixar mais o conteúdo. “É importante você fazer as tarefas de casa no dia que teve a aula, porque vai facilitar muito para memorizar e revisar o que foi ensinado em sala de aula”, explica João.

•Ensine: outra boa maneira de fixar o conteúdo é ensinar os colegas, ajudá­los nas matérias que eles têm dificuldades e procurar ajuda quando se tem dificuldade.

•Leitura: João se preparou para as provas lendo além dos livros recomendados pelos organizado­res do pas, Enem e vestibular unB. “Eu acredito que eles não querem saber se você leu o que eles indicaram, provavelmente eles querem ava­liar é a sua capacidade de interpretação, de estar atualizado. Então leia além do que é pedido, pro­cure livros sobre assuntos de que goste”.

•Descanse: segundo João Marcos, não é neces­sário “se matar de estudar”, ele não fez cursinho para passar nas provas da unB. praticava espor­tes, ia para as festas, namorava. “o segredo é conseguir equilibrar diversão com responsabili­dade. você não vai ficar até o fim da festa quando tem uma prova no dia seguinte”.

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considerando que o processo ensino­aprendiza­gem se configura por intermédio da participação e envolvimento, além de motivacão, é evidente que os nossos estudantes precisam ser estimu­lados a desenvolver atividades coletivas que os

façam refletir, debater, questionar, propor, criar e planejar. partindo desse prisma, a equipe de professores de Filosofia do Ensino Fundamental desenvolveu um projeto que visou promover a autonomia dos estudantes, no sentido de torná­los pequenos investigadores e amantes da pesquisa.

Distanciando­se da ideia de que o professor é mero transmissor de conhecimento e a Filosofia, uma disciplina não prazerosa, o projeto intitulado “filojogando” propôs um convite à diversão e à reflexão criativa. os educandos da sétima série do Ensino Fundamental, organizados em pequenos grupos, deveriam desenvolver um jogo que res­saltasse os temas filosóficos trabalhados em sala de aula. os jogos poderiam ser de vários formatos: tabuleiro, twister, jogo da memória, caça­palavras, entre outros. os pontos analisados para a avaliação seriam a criatividade, a com­preensão e assimilação dos conteúdos previamente traba­lhados em sala.

a participação na atividade se transformou em um momento ímpar de alegria, sociabilidade e aprendizagem significativa. as apresentações dos trabalhos foram surpre­endentes, ultrapassando todas as expectativas, dado que muitas das indagações e respostas geradas demonstraram uma dedicação admirável de todos os grupos nas três uni­dades de nossa instituição.

Evidencia­se, portanto, que o belo desafio de propor­cionarmos aos nossos jovens momentos de encantamento e de reflexividade criativa em busca de novas práticas e novos saberes são necessários a uma aprendizagem enal­tecedora. n

EquipedeFilosofia

Ensino DE FilosoFianovas práticas, novos saBErEs

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AnnaCálidaghazalehTajracontaahistóriadeumagarotacomsuperpoderes.

uma garota sofre um acidente no laboratório de ciências e passa a ter superpoderes. no início tudo é uma grande descoberta, mas como diria o tio do Homem aranha, Ben parker,

“com grandes poderes vêm grandes responsabi­lidades”, ela se vê como “a Heroína da Escola”, título do primeiro livro escrito pela aluna anna cálida Ghazaleh tajra, da unidade norte. Escrito no decorrer do ano passado, ele foi lançado no dia de comemoração do 11º aniversário da estu­dante.

Esse é o primeiro livro da escritora. De acordo com o pai, Haroldo Feitosa tajra, “até agora ela não tinha demonstrado grande interesse na escrita, mas, influenciada por um programa do leonardo da vinci, ela demonstrou um grande interesse pela leitura, já tendo lido inclusive alguns livros mais robustos, com mais de 200 páginas”.

anna fez a maioria das ilustrações da publica­ção, escreveu o livro imaginando como ele seria no final e já planeja escrever outros. inclusive está escrevendo mais um, mas ainda não revela os detalhes da próxima história. para o pai foi uma surpresa quando ela contou que o livro estava pronto: “não acredito que ela tenha tido a ideia de passar uma mensagem específica, mas a ideia geral é que ler e escrever pode ser uma grande brincadeira, um grande prazer, no qual a imagina­ção pode fluir e alçar voos fantásticos, como toda brincadeira de criança”. n

“a HEroína Da Escola”

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EsportE,MEtáFora Da viDanalinhadechegada,podenãotermedalhanemtroféu,mastodosvãoganhar.

Quando criança, eu era uma negação em qual­quer esporte. tentei o vôlei, aos 15 anos, achando que ia passar

de 1,53 m de altura, mas fiquei na tentativa. não cresci nenhum centí­metro a mais.

Bola, pra mim, era um objeto com vontade própria. por mais que eu desse as ordens, ela teimava em me contrariar. ainda tentamos nos entender até hoje. procurei algumas de menor circunferência e passei a me relacionar um pouco melhor com elas. agora, bolas de tênis.

Entre backhands, forehands, smashes, aces e tal, dei uma boa melhorada no meu inglês.

não herdei de minha família a tra­dição esportiva. Educação física era algo apenas para cumprir as obriga­ções no boletim escolar e nada mais. E, apesar da minha inaptidão para o esporte, sempre tive por ele uma atração enorme, tanto que se tornou minha ferramenta de trabalho.

obviamente, meu filho, Daniel, receberia uma herança esportiva

bem mais rica do que a minha.aos 3 aninhos deu as primeiras

braçadas nas aulas de natação e, aos poucos, foi experimentando outros esportes: futebol, tênis, tae-kwon-do.

lembro que sua primeira aula de futebol, aos 7 anos, foi um drama. Queria desistir, voltar pra casa. nin­guém lhe passava a bola. Quando isso acontecia, ele, assim como a mãe, não sabia exatamente o que fazer com ela.

pois bem, todas as crianças têm o direito de ter medo. Mesmo nós adul­tos que já tivemos várias oportunida­des de vencê­los, também temos. o medo é essencial para a sobrevivên­cia do indivíduo, mas a socialização também.

É preciso melhorar a autocon­fiança, estimular na criança a ideia da superação. E isso só é possível com algumas tentativas. sozinha, no primeiro obstáculo, ela vai desistir e é por isso que pais e professores têm o papel fundamental de mostrar os caminhos, dar as oportunidades, mas sempre respeitando seus limi­tes, sem jamais pressionar.

a metáfora do esporte é perfeita para que nossos filhos aprendam, desde cedo, a vencer obstáculos.

Grande parte dos elementos da vida cotidiana está presente em qua­tro linhas, ou numa raia de piscina,

ou numa pista de corrida: o desafio, a disciplina, o tempo para cumprir tarefas, o respeito, a conquista.

Existem 33 modalidades esporti­vas olímpicas, fora a capoeira, surf, dança etc. Dificilmente a criança não vai se identificar com alguma dessas atividades.

Daniel voltou para a segunda aula de futebol, a terceira, a quarta...

sete anos e muitos gols se pas­saram sem que as aulas despertas­sem nele o sonho de se tornar atleta. apenas fizeram desse esporte o seu lazer preferido, o lugar das novas amizades, o ponto de encontro da molecada do colégio.

Bem, sob esses aspectos, a inter­net é uma forte concorrente, mas é por isso mesmo que, nessa tarefa de maternidade, não dá pra descansar.

Meu esporte preferido é verbal e eu recomendo: “queda de braço”, todo dia, para que ele não perca os melhores anos da vida em frente à tela de um computador. n RosaneAraújo, Editora­chefe do programa corujão do Esporte, da tv Globo, autora de “Manual do pequeno atleta” e mãe­atleta perseverante de Daniel, de 14 anos.

Fonte: revista crescer, disponível em:</http://glo.bo/i8r2sx>/

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JeanPiaget(1896­1980)

Epistemólogo e Biólogo

na última semana de março, o secretário de Justiça do Distrito Federal, alírio neto, ofereceu a palestra “viva a vida! Droga, comigo não rola” para os alunos do Ensino Médio de todas as unidades do leonardo

da vinci. a ideia é levar informações aos jovens sobre os riscos das drogas, por meio de palestras preventi­vas. “nessas palestras, passamos por três etapas: cons­cientização, choque, por mostrar matérias de jornais e fotos reais, e demonstração de que, como cidadãos, eles estão submetidos às leis”, explica o secretário.

o estudante Mateus Marques, da 2ª série E, unidade taguatinga, contou que a palestra foi muito esclarece­dora. “porque, na realidade, por mais que a gente pense que tem o conhecimento total do assunto, na verdade não tem. Quando vem um profissional da área que tem histórias reais para contar tudo fica muito mais claro e real”, explica.

a coordenadora Disciplinar da unidade sul, prof.ª Maria do carmo, considerou a palestra excelente. “a adequação da linguagem para o nível dos alunos, o fato de trazerem imagens reais e impactantes, tudo isso fez com que os alunos ficassem atentos ao assunto e refle­tissem seriamente sobre a realidade”.

o leonardo da vinci também participa do programa Educacional de resistência às Drogas e à violência (proErD), um dos principais projetos da polícia Militar. “o proErD trabalha com as escolas nas séries iniciais e, principalmente, o 5° ano. Ele já atendeu a 13.000.000 de crianças no Brasil e a 450.000 no DF. o programa é uma experiência da parceria entre polícia, Escola e Família”, disse o coronel Walter santos sobrinho, chefe do centro de polícia comunitária e Direitos Humanos. n

PatríciaCarbriassessora de comunicação

DRogA,ComigonãoRoLAviva a viDa!

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revista do Centro educacional Leonardo da VinciUnidade Sul: avenida W4 sEps Quadra 703 conj. B, cEp 70390­039, Brasília­DF Fone: 3226­6703 Fax: 3322­8617

Unidade Norte: sGan 914 conj. i, cEp 70790­140, Brasília­DF Fone: 3340­1616 Fax: 3340­5477Unidade Taguatinga: Qs 03 rua 420 lote 02 pistão sul, cEp 71953­100, taguatinga­DF Fone: 3351­0606 Fax: 3561­3159

www.leonardodavincidf.com.br

projeto Gráfico: Carlos Studart ­ agência: Brissac Studart/Fulltalent Comunicação ­ tiragem 6.000 exemplares ­ Distribuição Gratuita

Diretor Financeiro ­ Diretor administrativo ­

vice­Diretor administrativo e Financeiro ­Diretora pedagógica da unidade sul ­

Diretora pedagógica da unidade norte ­Diretora pedagógica da unidade taguatinga ­

Diretor de planejamento e de Gestão pedagógica ­revisor ­

coordenação Editorial ­

Prof. Jorge Abdon manzur IsmaelProf. Dalvo Cardoso de Oliveirarodrigo Ferolla Silva melloProf a márcia Ferreira NunesProf a maria Aparecida de Souza m. LimaProf a Solange Foizer SilvaProf. Sérgio José Deud BrumCarlos Henrique magalhães GuedesPatrícia Carbri

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