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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR
INSTITUTO DE ESTUDOS COSTEIROS
FACULDADE DE ENGENHARIA DE PESCA
JOEL ARTUR RODRIGUES DIAS
SELEO DE PROBITICO NA AQUICULTURA
ORNAMENTAL DO ACAR BANDEIRA (Pterophyllum
scalare LIECHTENSTEIN, 1823)
BRAGANA
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PAR
INSTITUTO DE ESTUDOS COSTEIROS
FACULDADE DE ENGENHARIA DE PESCA
JOEL ARTUR RODRIGUES DIAS
SELEO DE PROBITICO NA AQUICULTURA
ORNAMENTAL DO ACAR BANDEIRA (Pterophyllum
scalare LIECHTENSTEIN, 1823)
BRAGANA
2014
Trabalho de Concluso de Curso apresentado a
Faculdade de Engenharia de Pesca, da Universidade
Federal do Par, Instituto de Estudos Costeiros, como
requisito parcial para a obteno do Grau de Bacharel
em Engenharia de Pesca.
Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Martins Cordeiro
UFPA Campus de Bragana
Co-Orientador: Prof. Dr. Rodrigo Yudi Fujimoto
EMBRAPA Tabuleiros Costeiros
JOEL ARTUR RODRIGUES DIAS
SELEO DE PROBITICO NA AQUICULTURA
ORNAMENTAL DO ACAR BANDEIRA (Pterophyllum
scalare LIECHTENSTEIN, 1823)
Trabalho julgado para a obteno do grau de Bacharel em Engenheiro de Pesca do
Curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Par, Campus de Bragana.
DATA DE AVALIAO: 17 de Novembro de 2014
CONCEITO:
BANCA EXAMINADORA
Prof.. Dr. Cristiana Ramalho Maciel
IECOS/UFPA
Prof. Msc. Dioniso de Souza Sampaio
IECOS/UFPA
BRAGANA
2014
O xito do trabalho no se mede pelo caminho que
voc conquistou, mas sim pelas dificuldades que
superou em percorre-lo
Adaptado de Abraham Lincoln
Dedico este trabalho aos meus pais, Antnio
Lzaro Meireles Dias e ngela Maria
Rodrigues Dias, pelo apoio, carinho e
credibilidade durante essa caminhada, assim
como aos meus irmos Sileno Julho Rodrigues
Dias que sempre esteve presente em todos os
momentos de minha vida e ao meu irmo
Silvano Sandro Rodrigues Dias.
AGRADECIMENTOS
Por mais que eu no seja uma pessoa muito religiosa, acho que sou muito do
considerado aos olhos de Deus, aqum agradeo incondicionalmente e peo para que
todas as manhs ilumine meu caminho e conceda-me foras para nunca desistir dos
meus objetivos.
Ao Orientador Carlos Alberto Martins Cordeiro e Co-Orientador Rodrigo Yudi
Fujimoto por toda dedicao, amizade, disposio e confiana durante essa trajetria
que se concretiza na realizao de um sonho.
Aos companheiros de Laboratrio Bruna Palheta, Aline, Ryuller, Talita, Rud
Mendes, Henrique Malta, Marcela Gabay, Fabrcio Ramos, Micaelle, Josi, Las e
Debora. Aos amigos que contriburam para a realizao deste trabalho Valria Couto,
Natalino Sousa, Danielle e Arthur. Ao Laboratrio de Gentica Aplicada em especial a
Dr Grazielle Gomes, ao mestrando Raimundo Evereste pela dedicao, apoio e anlise
dos dados genticos, assim como a minha grande amiga Ivana Menezes.
Agradeo incondicionalmente ao Programa de educao tutorial PETpesca, pelas
oportunidades vividas, portas que abrimos e conhecimentos impares adquiridos sobre as
tutorias do Dr Rodrigo Fujimoto 2007/2011 e atual Dr Marileide Alves, que sempre
agiram com afinco para a continuao e xito do programa, assim como aos petianos.
Ao Laboratrio de Camares Marinhos da UFSC, em especial ao Dr Jos Luiz
Mourio, a mestranda Sheila e ps Doutoranda Gabriela, em terem me acolhido e
contribudo com muita ateno e dedicao ao andamento do trabalho.
A todos os lugares que tive oportunidade de estagiar e conhecer um pouco mais
de perto e exercer com afinco as atribuies que cabem ao profissional de Engenharia
de Pesca, Gomes da Costa em especial a Keyti e ao Ado, ao Oceanrio de Pernambuco
com o professor Ricardo, ao sr Robert do Piau, a Maria do Socorro da DNOCS Cear,
ao Blach de Tanguanika Cear, a empresa Poytara, ao sr Victor Uliana do Projeto
Arapaima em Belm, a AMASA ao Eng. De Alimentos Alessandro, ao Eng. De Pesca
Jos Geison da Secretaria de Pesca de Augusto Corra, dentre outros.
A minha excelentssima turma de Engenharia de Pesca 2010 e a turma de tcnico
em pesca 2009 do IFPA. E claro destinar esse singelo espao em agradecimento
aqueles que sempre me deram, apoio, raiva, felicidades, madrugadas em claro fazendo
trabalho, ajuda sempre que possvel no laboratrio, companheirismo, festas e cervejada,
a vocs meus Brothers Gerson Leandro, John Lennon e Diego Bazlio. Sem dvidas
incondicionalmente grato pela beno que Deus me concedeu em coloc-los nesse
captulo de minha vida.
Esse cantinho dedico, para ele, mais uma vez supracitado um parceiro que
somando ao pargrafo anterior tm extrema importncia nessa caminhada, pela sua
parceria, amizade, sinceridade e fidelidade, de uma amizade indescritvel, que alm de
me conceder extremas alegrias de confraternizao, tenho o seu apoio para anlise de
dados, discusso para concretizados e perspectivos trabalhos, nem sempre sai uma
concordncia 100%, mas isso ai quem manda ser inteligente, papo cabea. Caramba!
Como a vida nos surpreendeu nessa jornada, quanto pedra no caminho, retirar? No,
lapidar. E o tempo esta nos dando essa revira volta e como foi difcil sermos julgados
pelos nossos acertos e apedrejados pelos erros alheios hum... hum... Concluindo o
cara, meu amigo de faculdade e com certeza de trabalho, dele mesmo que estou
falando Higo Abe o famoso INHA.
Agradeo tambm com muito carinho, respeito e admirao s pessoas com
quem eu tive a oportunidade de conviver em alguns metros quadrados e adotado a
denominao de famlia. Agradeo sem sombras de dvidas a minha amigona,
Tamyres Barbosa (Tatah), uma menina extremamente iluminada, dedicada e amorosa,
praticamente a irmzinha que tive durante a graduao, assim como agradeo ao Breno
Silva (Gordinho), esse sim fez histria em Bragana e deixou muitas saudades, meu
irmozinho, como estou feliz por voc tambm est concretizando o seu sonho, desejo a
voc e toda a sua famlia muita paz, amor, sucesso e alegrias, voc sabe que cada um
tem um apelidinho especial e carinhoso que os batizei, mas no cabe para esse momento
citar (risos), te amo irmozo. Luciene (Luluh), Matheuzinho (Crazy Life) e ao meu
amigo Bruno Brito (misso).
Agradeo as amizades de Bragana, aos meus grandes amigos Wyller Mello,
Wallacy Mello e Allana Seixas, praticamente oito anos de amizade, vocs esto
concretizados em minha histria.
Aos meus pais Antnio Lzaro e ngela Maria por todo amor, carinho,
pacincia, dedicao, credibilidade e apoio que sempre me deram, para a consolidao
de meus objetivos, nem sempre concordando, mas apoiando as minhas tomadas de
decises. Ao meu grande irmozo Sileno Dias e Silvano Dias, minhas princesas
Clarina e Bia, minhas cunhadas Luciana e Rosa. E por fim a minha querida prima
Andrea Dias, a quem tenho grande amor, companheirismo e amizade e a toda aminha
famlia.
SUMRIO
CAPTULO I
1 INTRODUO GERAL: REVISO
BIBLIOGRFICA.........................................................................................................1
1.1 PISCICULTURA ORNAMENTAL.........................................................................1
1.2 ACAR BANDEIRA Pterophyllum scalare...........................................................2
1.3 PROBITICO NA AQUICULTURA......................................................................4
1.4 Enterococcus faecium...............................................................................................8
1.5 BACTERIOSE NA AQUICULTURA.....................................................................9
1.6 SELEO DE PROBITICOS in vitro................................................................10
2 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS...................................................................13
CAPTULO II
3 RESUMO...................................................................................................................27
3.1 ABSTRACT............................................................................................................28
4 INTRODUO.........................................................................................................29
5 OBJETIVO................................................................................................................32
5.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................32
5.2 OBJETIVO ESPECFICO.......................................................................................32
6 MATERIAL E MTODOS.....................................................................................33
6.1 ISOLAMENTO DE BACTRIAS CIDO LCTICAS COM POTENCIAL
PROBTICO.................................................................................................................33
6.2 IDENTIFICAO DA ESPCIE...........................................................................34
6.3 SELEO in vitro...................................................................................................35
6.4 INIBIO DE PATGENOS................................................................................36
6.5 CINTICA DE CRESCIMENTO...........................................................................36
6.6 ANLISE ESTATSTICA......................................................................................37
7 RESULTADOS E DISCUSSO..............................................................................38
8 REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS
CAPTULO III
9 CONCLUSO...........................................................................................................70
9.1 CONSIDERAES FINAIS..................................................................................70
CAPTULO I
1 INTRODUO GERAL: REVISO BIBLIOGRFICA
1.1 PISCICULTURA ORNAMENTAL
A produo de espcies com potencial ornamental vem se destacando no
mercado aqucola mundial, sendo a modalidade apontada com crescimento de 14%
desde meados da dcada de 90, contribuindo com valores monetrios de
aproximadamente US$ 200 milhes em comercializao, sendo 60% deste capital
oriunda da economia de pases em desenvolvimento (FAO, 2007). Com o progresso da
atividade, diversos pases vm apontando grandes investimentos na cadeia produtiva
comercial das espcies, destacando os Estados Unidos, Japo, Unio Europeia e
Cingapura como os principais pases consumidores nesta rea (LIMA, 2003; PANN,
2008; CARDOSO & IGARASHI, 2009).
Os pases asiticos como principais produtores, enfatizando Cingapura com
produo de US$ 68,00 milhes em 2006 (AVA, 2007). Este comrcio desenvolvem
significativas tendncias que intensificam o seu sistema de produo, relacionando a
variabilidade das espcies, elevadas taxas de retorno e remunerao de capital, melhor
utilizao de espao e instalaes, podendo ser implantado positivamente em centros
urbanos, e atingir elevados valores de produtividade (PRANG, 2007).
Na Amrica do Sul os principais produtores no mercado ornamental so
Colmbia, Peru e Brasil, sendo o territrio brasileiro de grande reconhecimento pelo seu
potencial geogrfico, hdrico e climtico, que favorvel produo de diversas
espcies com potenciais a aquicultura, alm de possuir grande diversidade em sua
ictiofauna ornamental. O potencial produtivo aqucola nacional apontam para
progressivos avanos no setor, com Regies Norte (12,1%), Nordeste (2,1%), Sudeste
(13,2%), Sul (6,1%) e Centro-Oeste (1,3%), destacando como principais espcies
produzidas, as nativas da Bacia Amaznica (IBAMA, 2008; PANN, 2008; TORRES
et al., 2008).
No entanto, a pesca extrativista amaznica que vm contribuindo com dois a
trs milhes de dlares para a economia nacional, com taxa mdia de crescimento de
28,8% anualmente nas exportaes dentre os anos de 2002 a 2005 e US$ 3,9 milhes,
em 2007, comercializando aproximadamente 6,7 milhes destes organismos,
destacando-se o Par e Amazonas, (PANN, 2008; TORRES et al., 2008). Destes
estados, o Par, no ano de 2005, atingiu o ranking nacional de segundo maior produtor
de peixes ornamentais, oriundos do Rio Xingu e Rio Tapajs (TORRES et al., 2008).
O comrcio ornamental, principalmente s espcies nativas, encontra-se em
intensa expanso a nvel internacional, decorrentes da grande variabilidade dentre os
gneros e exuberncia dessa espcie (PRANG, 2007). Entretanto o Brasil apresenta-se
emergente na competitividade dos mercados externos, sendo de suma importncia o
apoio atividade e incentivos em tecnologias de reproduo, nutrio, manejo, gentica
e sanidade que preservem os estoques selvagens e aprimorem as tecnologias de
produo, visando estabelecer uma atividade social, produtiva, econmica e sustentvel
(SALES & JANSEM, 2003; GODINHO, 2007).
1.2 ACAR BANDEIRA Pterophyllum scalare
A espcie pertence famlia Cichlidae apresenta caractersticas fenotpicas
como; corpo triangular, perfil afilado, nadadeiras dorsal e anal longas e eretas,
nadadeira plvica fina e comprida e linha lateral interrompida (DIAS & CHELLAPA,
2003; LIMA, 2003). O acar bandeira, Pterophyllum scalare (LIECHTENSTEIN,
1823), uma espcie endmica da bacia Amaznica, com ampla distribuio,
encontrado nas guas continentais do Peru, Colmbia, Guianas e Brasil. Habita
ectonos dulccolas e lnticos de guas cidas e de baixa dureza, podendo atingir 15 cm
de comprimento. Na natureza so comumente encontrados em cardumes com
estabelecimento de hierarquias nas proximidades de troncos, razes e vegetao
submersa, servindo de abrigo e proteo contra predadores. Se alimentam de pequenos
crustceos, larvas de mosquito e vegetais, considerando-se uma espcie de hbito
alimentar onvoro-carnvora (CACHO et al., 1999; FUJIMOTO et al., 2006;
RODRIGUES & FERNANDES, 2006).
A maturidade sexual da espcie supracitada alcanada entre oito a doze meses
de idade, apontando para uma elevada complexidade em seu comportamento por
competio territorial, coorte, acasalamento e cuidado parental, sendo a atuao do
macho de grande importncia no cuidado da prole contra predadores, alm de adotarem
como caracterstica reprodutiva a monogamia serial. O dimorfismo sexual da espcie
pouco acentuado, possuindo o macho uma maior protuberncia na regio ceflica e a
fmea uma acentuada papila urogenital, que facilita a deposio dos vulos. Sua
reproduo ocorre quando o casal progenitor assepsia o substrato de desova com a boca,
seguido da fmea que pode expelir de 20 a 500 vulos, que so fecundados
posteriormente pelo macho, ficando a prole sobre o cuidado parental do casal dentre
duas a trs semanas, at o consumo do saco vitelnico e natao das larvas (DIAS &
CHELLAPA, 2003; CACHO et al., 2007; BALDISSEROTTO & GOMES, 2010).
As variedades de acar bandeira como: koi, marmorato, leopardo, ouro, preto,
fumaa e palhao, produzidas em sistemas de confinamento, so linhagens
geneticamente modificadas para fins ornamentais desenvolvidas por produtores da
Europa, Estados Unidos e sia a partir de matrizes selvagens da regio amaznica. Com
isso, apresentam valores monetrios de comercializao de at dez vezes mais elevados,
quando comparados aos exemplares naturais (RIBEIRO et al., 2009; VIDAL JNIOR,
2005; HULATA, 2001). O tamanho mnimo de comercializao do organismo de 2,5
cm de comprimento padro, entretanto indivduos de 4-6 cm, so mais atrativos para o
comrcio, consequente de seu perodo de engorda que varia entre trs a quatro meses
para alcanarem o tamanho adulto, apontando para valores monetrios variveis de
acordo com o tamanho do corpo e nadadeiras (VIDAL JNIOR, 2005).
Pesquisas realizadas com o ornamental utilizando dietas peletizadas ou
extrusadas melhoraram o desempenho e P. scalare quando comparados a alimentos
farelados RODRIGUES & FERNANDES (2006) e RIBEIRO et al. (2007), avaliaram as
exigncias proteicas do ornamental, encontrando resultados prximos a 32% de protena
bruta. RIBEIRO et al. (2007), ao analisarem o fornecimento de dietas isoenergticas
com 26 a 32% de PB e ZUANON et al. (2006) com nveis de protena de 34-46% de PB
na dieta de juvenis do acar bandeira, concluram que 32 e 34% de PB, respectivamente,
e 3.200 kcal de ED/kg de rao, atendem as necessidades nutricionais da espcie
(RIBEIRO et al., 2007). Comparando os sistemas de criao da espcie em mono e
policultivo com camaro-da-amaznia (Macrobrachium amazonicum, HELLER 1862),
obteve-se melhores resultados zootcnicos, quando comparados em sistema de criao
em aqurios (VASQUEZ, 2008). Avaliando as exigncias nutricionais de P. scalare,
com dois nveis de arraoamento e duas refeies ao dia concluiu que, o arraoamento
com 6% do peso vivo do animal, proporciona-o melhores resultados.
O ornamental amaznico P. scalare, uma das espcies mais criadas e
comercializadas em mbito nacional e internacional, justificada pela sua fcil
adaptao s condies de confinamento, boa expresso monetria de mercado, fcil
reproduo em cativeiro e boa aceitabilidade as raes industrializadas. Apesar de
grandes perdas de produo pouca tecnologia desenvolvida para a profilaxia e
tratamento de doenas ictiolgicas, sendo a falta de informao tcnica responsvel pela
intensificao da prtica errnea de tratamentos quimioterpicos e antibiticos, que
alm de no solucionar as enfermidades, causam degradao ao meio ambiente,
resistncia dos patgenos e intoxicao da espcie produzida, sendo de grande
importncia a profilaxia e o uso de tecnologias que sessem a presena de
microrganismos que comprometam a sanidade da espcie (FUJIMOTO et al., 2006;
DIAS, 2004; CARROLA et al., 2009).
1.3 PROBITICO NA AQUICULTURA
A definio utilizada para se classificar um probitico na aquicultura segue os
estudos de GASTESOUPE (1999), que resume o termo como micro-organismo vivo
que ao se inserir no sistema de criao coloniza a microbiota intestinal do hospedeiro,
beneficiando a sua sade e equilbrio homeosttico. Alm de contribuir para o
crescimento e melhorar a resposta imunolgica dos organismos produzidos, aponta para
benefcios na qualidade das variveis da gua, na decomposio da matria orgnica,
inibe a propagao de bactrias patgenas no meio de criao, incluindo tambm os
conceitos de biorremediao e biocontrole (MAEDA et al., 1997; GATESOUPE, 1999;
KESARCODI-WATSON et al., 2008).
A produo de alimentos funcionais cresce a taxas de 14% anualmente, valores
que se acentuam comparados produo de alimentos convencionais, que registram
ndices dentre 3% a 4% na produo mundial. A comercializao deste mercado a nvel
nacional aponta para 1% da produo total alimentcia no Brasil, sendo os probiticos
com aproximadamente 65% deste total. Sendo essa tecnologia quando aplicada na
cadeia produtiva das espcies aqucolas uma ferramenta eficaz e no invasiva, que
corrobora na restaurao da flora natural do intestino de seu hospedeiro (ROLFE, 2000;
GRANATO et al., 2010)
Tecnologias que aprimorem o uso de probiticos na produo de organismos
aquticos crescem progressivamente com a exigente demanda empresarial, na busca de
tcnicas mais saudveis no escalonamento produtivo da aquicultura (RAMIREZ et al.,
2013). Os probiticos so suplementos alimentares no digerveis, que alm de atuarem
positivamente no alimento suplementado, surtem efeitos benficos ao seu hospedeiro.
Quando inseridos so capazes de suportar as condies adversas fisiolgicas do
hospedeiro, como: resistir acidez estomacal, colonizar o intestino e resistir s
condies naturais e antrpicas do sistema de criao (GIBSON, 1999; LEE et al.,
1999).
Uma diversidade de micro-organismos pode ser utilizada como organismos
probiticos, sendo o principal grupo estudado os das bactrias cidas lcticas, (RINGO
& GASOUPE, 1998; RINGO et al., 2003). Estas so bactrias Gram positivas,
caracterizadas por possurem morfologia de bacilos e cocos, no esporuladas, inertes,
anaerbicas obrigatrias ou aerotolerantes e produtoras de cido lctico como
fundamental carboidrato durante o processo de fermentao (MELLO et al., 2013).
Essas bactrias apresentam caractersticas de grande interesse aplicao na criao
animal como: fcil multiplicao e resposta imune no especfica do hospedeiro,
pertencente microbiota endgena das espcies aquticas em produo (RINGO et al.,
2003; SALINAS et al., 2006; GATESOUPE, 2008; SOUZA et al., 2010).
O potencial das bactrias lcticas utilizadas como probiticos, referem-se a sua
resistncia no trato gastrointestinal, desempenharem caractersticas teraputicas,
profilticas e promotoras de crescimento, alm de apresentarem um carter seguro, no
havendo o risco de causar enfermidades, modular a resposta imunolgica do hospedeiro,
apropriadas caractersticas organolpticas, pertencer a microbiota natural do intestino do
animal, desempenhar efeito antagnico s bactrias patognicas, na adeso das clulas
epiteliais do intestino, desta forma produzindo defensinas e muco, que inibem o
crescimento patognico na superfcie da mucosa intestinal, tolerar a ao dos cidos
graxos e da bile, transmudar a lactose em cido lctico, reduzindo o pH do trato
gastrointestinal, produzir substncias antimicrobianas (bacteriocinase e perxido de
hidrognio) (OUWEHAND et al., 2002; SENOK et al., 2005; SALINAS et al., 2006;
BALCZAR et al, 2008; SOUZA et al., 2010; GATESOUPE, 2008; LEBEER et al.,
2010).
Inibindo desta forma o crescimento bacteriano patognico pela adeso aos stios
superficiais do epitlio intestinal, competio por nutrientes, de fcil manejo as
condies de armazenamento, ser resistente ao processamento de raes industriais, ser
agente modulador as respostas imunolgicas e contribuir no processo fagocitrio da
rao, proporcionando assim maior ganho de peso e resistncia ao animal (FULLER,
1989; VINE et al., 2006; SUGITA et al., 2007; BALCZAR et al., 2008; REGITANO
& LEAL, 2010; QINGHUI AI et al., 2011; FARIAS, 2012).
A aplicao de bactrias probiticas na nutrio animal pode contribuir
economicamente a cadeia produtiva pisccola, proporcionando menor converso
alimentar e melhores aproveitamentos de nutrientes e aminocidos fornecidos na rao,
tendo em vista que a protena de suma importncia para o crescimento do organismo,
porm esse composto acaba sendo o mais caro e nem tanto aproveitado, desse modo
induo de micro-organismos que facilitem a fagocitose de absoro e digestibilidade
da protena, fundamental reduo dos custos de produo (LIU et al., 2009;
GASTESOUPE, 2008).
As espcies utilizadas para produo de probiticos na criao de camaro
(GARRIQUES & AREVALO, 1995; MORIARTY, 1997) e peixes (SUZER et al.,
2008), esto catalogadas como: Lactobacillus acidophilus, L. amylovorus, L. casei, L.
crispatus, L. delbruechii, L. gallinarum, L. gasseri, L. johnssonii, L. paracasei, L.
plantarum, L reuteri, L. rhamnosus, L. bulgaricus, L. lactis, L. salivarius,
Bifidobacterium adolescentes, B. animalis, B. bifidum, B. breve, B. infantis, B. lactis, B.
longum, Lactococcus lactis, Leuconstoc mesenteroides, Pediococcus acidilactici,
Sporolactobacillus inulinus, Streptococcus thermophilus, Enterococcus faecium,
Bacillus cereus, Bacillus subtilis, Bacillus toyoi, Propionibacterium freudenreichii,
Saccharomyces cerevisiae e S. boulardii (GASTESOUPE, 2008; HOLZAPFEL, 2001).
As bactrias presentes na microbiota intestinal de organismos com
potencialidade aquicultura so apresentadas em seu maior volume por micro-
organismos gram positivo, catalase negativa, no esporulados, morfologia bacilos ou
cocos e produo de cido lctico na fermentao dos carboidratos. A maior gama de
gneros catalogados na literatura com potencial probitico se destacam os
Lactobacillos, Leuconostoc, Pediococcus e Wisella (VINE et al., 2006; MOURIO,
2012).
Os estudos de probiticos na piscicultura ornamental vm crescendo e
apontando para resultados cientficos significativos nos ndices zootcnicos,
imunolgicos e reduo na converso alimentar, quando comparados a animais nutridos
com rao basal utilizando a espcies Xiphophorus helleri Heckel, 1848 (Peixe Espada),
assim como para as espcies de Poecilia reticulata Peters, 1859 (Guppy), Poecilia
shenops Valenciennes, 1846 (Molinsia Negra) e Xiphophorus maculatus Gunther,
1866 (Plati) (GHOSH et al., 2007).
A reduo das bactrias que apresentam patogenicidade ao hospedeiro, podem
ser inibidas com a modificao da microbiota gastrointestinal do animal, fornecendo a
este suplementao alimentar e/ou exposio de bactrias probiticas no sistema de
criao (GOMEZ-GIL et al., 2000; RINGO et al., 2003; RAMIREZ et al., 2006;
VASEEHARAN, 2007; WANG, 2007; TSENG, 2009). Trabalhos comprovam a
modificao da microbiota intestinal com o fornecimento de bactrias probiticas como
suplemento alimentar ou na gua de criao (GULLIAN, 2004; VENKAT et al., 2004;
DIAS et al., 2007; JATOB et al., 2008; RENGPIPAT et al., 2008; DIAS et al., 2011).
A fauna microbiolgica do trato intestinal da espcie em produo, pode ser
apontado como um recurso natural e seguro, no esforo em inibir a proliferao dos
agentes patognicos nas pisciculturas (VAHJEN, et al., 2009). Essa estratgia est
relacionada tecnologia na suplementao das raes funcionais com probiticos, cuja
tcnica desenvolvida visando reduzir a colonizao bacteriana patognica, dos animais
confinados em empreendimentos aqucolas. Apontando como alternativa a adoo dos
antibiticos nos sistemas de criao, cujos atuam no balano microbitico intestinal,
reduzindo desta forma os micro-organismos benficos ao hospedeiro (GOMEZ-GIL et
al., 2000). Alm dos probiticos apontarem como potencialidade a ausncia na
produo de toxinas e resduos, que gerem resistncia ou contaminao ao bioma de
produo (MOURIO et al., 2012).
O perfil na fermentao da glicose, a velocidade de crescimento em distintas
temperaturas, a configurao na produo de cido lctico, a habilidade de crescimento
em solues salinas, assim como sua tolerncia frente acidez ou alcalinidade,
classificam as bactrias cido lcticas em distintos gneros (VAHJEN, et al., 2009).
Como pode ser visto na criao de peixes j existem comprovaes que a
utilizao de probiticos na alimentao dos animais pode melhorar a resistncia
imunolgica e contribuir para o seu bom desempenho (KUMAR et al., 2008; NAYAK,
2010). Compostos antimicrobianos com potencial probitico, apontam para xito no
combate a patogenicidade por bactrias, Li et al., (2006) ao utilizarem o probitico
Arthrobacter XE-7, inibiu o crescimento de Vibrio parahaemolyticus, Vibrio
anguillarum e Vibrio nereis.
Os probiticos alm de beneficiarem o desempenho do animal em produo,
podem agir de forma positiva na qualidade da gua, sendo as bactrias com esse
potencial, gram positivas, que em sistemas aqucolas podem atuar na converso da
matria orgnica em CO2 de forma mais eficaz, assim como minimizar o excesso de
carbono orgnico dissolvido no sistema de produo (DALMIN, 2001). No entanto o
uso dos probiticos na piscicultura ornamental, apesar de emergente, ainda so escassos
exigindo do meio tcnico cientfico maiores estudos afim de contribuir na viabilidade
desta tecnologia na sade animal e fornecer melhorias de viabilidade econmica,
otimizando as respostas ambientais e comerciais da cadeia produtiva aqucola.
1.4 Enterococcus faecium
A espcie Enterococcus faecium classificada como uma bactria cido lctica,
Gram positiva, com distribuio oblqua, no virulenta e no resiste a ao de
antibiticos relevantes, garantindo a sua segurana quando ingerida. Micro-organismo
esse encontrado na fauna microbiolgica intestinal de humanos e animais, assim
tambm como no solo, gua e alimentos fermentados (PIMENTEL, 2007;
BYAPPANAHALLI, 2012), com fundamental importncia na suplementao de
alimentos, produzindo bacteriocinas que inibem a ocorrncia de agentes patognicos no
hospedeiro e conferem as caractersticas organolpticas do produto suplementado,
sobrevivncia ao processo de estocagem e colonizao gastrointestinal nas espcies
produzidas (BHARDWAJ et al., 2008; PIMENTEL, 2012).
Entre a caracterizao das bactrias cida lctica, os gneros Lactobacillus (L.
reuteri, L. johnsonii, L. acidophilus, L. delbrueckii, L. helveticus, L. casei, L.
rhamnosus, L. salivarius, L. fermentum e L. plantarum,) e Bifidobacterium (B.
thermophilum, B. bifidum, , B. lactis, B. longum e B. breve) so mais relatadas, porm
trabalhos avaliando o potencial probitico de outras classes de micro-organimos menos
explorados, constatam o uso probitico na resposta profiltica, teraputica e de
desempenho em animais, como as espcies da variao Lactococcus lactis, Leuconstoc
mesenteroides, Pediococcus acidilactici, Sporolactobacillus inulinus, Streptococcus
thermophilus, Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium, utilizadas com fins
probiticos na produo animal e de compostos lcticos (JIN et al., 2000; SANDERS e
KLAENHAMMER, 2001; POLLMAN et al., 2005).
A incluso de Enterococcus faecium na rao animal corrobora na reduo da
gordura visceral, a partir de estmulos da ativao no sistema enzimtico heptico do
hospedeiro, capacidade de estimular resistncia sanitria e ganho de peso. A espcie
E. faecium denominada como micro-organismos colonizador permanente e/ou
transitrio, no aparelho digestivo animal (DUPRE et al., 2005; POLLMAN et al., 2005;
SIVIERI et al., 2007).
O micro-organismo se acentua dentre outras, pela sua rpida atividade
microbiolgica de crescimento e produo de compostos antimicrobianos, no combate a
flora patognica intestinal, reduzido tempo de duplicao, com reproduo de at trs
vezes mais intensa, elevada resistncia s condies cidas estomacais, com reduzida
capacidade de perda na densidade floral, quando veiculado na suplementao oral e
rpida adeso aos stios de ligao na parede intestinal do hospedeiro, expressiva
capacidade de auto-agregao, caracterstica essa de grande importncia para fins
probitico, pois a sua coagregao em um curto intervalo de tempo contribui a formao
da barreira fsica intestinal, impedindo a colonizao de agentes patognicos
(NALLAPAREDDY et al., 2000; LUND & EDLUND, 2001; KS et al., 2003).
Enterococcus faecium se destaca por apontar uma grande absoro intestinal dos
nutrientes e capacidade de colonizao no intestino do hospedeiro, a partir dos dias
iniciais de suplementao alimentar. Trabalhos utilizando E. faecium para uso
probitico, progridem linearmente na avaliao de diferentes cepas da espcie
suplementao alimentar (MARCIKOVA et al., 2004; POLLMAN et al., 2005;
VAHJEN et al., 2009).
Com satisfatrios resultados em distintas aplicaes, para variadas espcies
animais, Kinouchi (2006) e Sivieri et al. (2007), utilizando fmeas de camundongos
com tumores biologicamente induzidos, obtiveram reao anticarcinognica, nos
tratamentos de indivduos suplementados com E. faecium, na dieta. Assim como na
aquicultura Wang (2007), Merrifield et al. (2010), Kim et al. (2012) e Dias et al. (2007),
comprovam a eficcia probitica na suplementao alimentar de tilpias, linguados,
trutas e rs, utilizando Enterococcus faecium como promotor no desempenho
zootcnico e resistncia imunolgica s espcies.
1.5 BACTERIOSES NA AQUICULTURA
As bacterioses so enfermidades no sistema de produo animal responsveis
pelos incalculveis prejuzos econmicos, comprometendo a sade e comercializao
das espcies (CAMPOS, 2010). Com a expanso da produo aqucola, apontam para
limitaes em sua cadeia produtiva relacionadas aos aspectos sanitrios presentes pela
intensificao da atividade, ocasionadas pela elevada densidade de estocagem e
negligentes manejos, tornando o ambiente propcio ao surgimento de doenas nas
espcies produzidas. Sendo as principais causas dessas atribudas a deteriorao da
matria orgnica, resultado de um errneo manejo alimentar e produtivo,
comprometendo a qualidade da gua, estresse ocasionado pelo imprprio manejo de
transporte e produo, contribuindo a um ambiente susceptvel a proliferao dos
agentes oportunistas e patognicos (ALKAHEM, 1994; SAKAI, 1999; FUJIMOTO et
al, 2005).
Sistemas de produes aqucolas so vulnerveis as enfermidades e condies
ambientais. Apontando para surtos parasitrios como grandes entraves monetrios ao
produtor, podendo impactar na perda parcial ou total de seus recursos produzidos,
consequentes da intensa proliferao patognica bacteriana em curto espao de tempo
(FAO, 2012; PEIXOTO, 2012).
As bacterioses mais frequentes que comprometem significativamente a cadeia
produtiva da piscicultura continental, se destacam as Pseudomonas aeroginosa,
Streptococcus aureus, Enterococcus durans, Micrococcus luteus, Escherichia coli e
Aeromonas durans (MARTINS, 2008). Suas transmisses ocorrem de forma horizontal,
sendo os seus surtos associados s mudanas climticas, ambiente sanitrio produtivo
inadequado, negligentes formas de manejo e transporte (PAVANELLI, 1998; AUSTIN
& AUSTIN, 2007; DUNG, 2008).
Em implantaes aqucolas continentais so causadoras de leses ulcerativas na
derme, equimoses, hemorragias, exoftalmia, acmulo de secreo nos tecidos nos peixes
em confinamento, alm de grande causadoras de anemia, sesses nos rins e fgado,
baixa imunidade e estresse animal (KIROV et al., 2002).
Surtos parasitrios ocasionados por micro-organismos patognicos so
denominados como principais entraves na cadeia produtiva aqucola mundialmente,
neste senrio estas espcies, se encontram com alto grau patognico em ambientes
sanitrios de produo pisccola, principalmente as espcies continentais dulccolas
brasileiras, intervindo em drsticas perdas produtivas e comercializao de peixes
(ZMYSLOWSKA et al., 2009; CARVALHO et al., 2011).
Estes gneros so considerados de grande patogenicidade, tanto na produo
animal, quanto para humanos, micro-organismos gram positivo/negativo autctone da
fauna intestinal de peixes saudveis, porm organismos oportunistas, que em ambientes
sanitrios inapropriados e desequilbrio homeosttico do animal desempenham
patogenicidade na aquicultura, causadoras da septicemia hemorrgica bacteriana.
Apontando como diagnstico a ruptura dos vasos sanguneos, leses na epiderme,
descamao, hemorragias ao longo do corpo do animal, despigmentao corprea,
acentuado batimento opercular, anemia, natao errtica, exoftalmia, curvatura do corpo
e mortalidade (WOO e BRUNO; 2003; DUNG, 2008; SILVA et al., 2012). Espcies
classificadas mais vulnerveis nos empreendimentos aqucolas, capazes de produzirem
enzimas extracelulares e toxinas: citosinas, hemolisinas e proteases (MARTINS, 2000;
KOZINSKA, 2007).
1.6 SELEO DE PROBITICOS in vitro
A seleo de bactrias in vitro de grande importncia para atenderem as
premissas potencialidade probitica. Para isto Vine et al. (2004) ressalta, sendo
fundamental o isolamento de cepas pertencentes fauna intestinal do organismo em
produo e a realizao de ensaios in vitro que instiguem, a no patogenicidade do
micro-organismo, resistncia s aes fisiolgicas do animal, assim como aos efeitos
antrpicos e naturais do sistema de produo, como nas medidas profiltica com NaCl e
as oscilaes das variveis fsico-qumicas do ambiente, inibio de organismos
indesejveis, a partir de compostos inibitrios, e competio por espao e nutriente
microbiota patognica. Com o exposto, apontando como pr-requisito para maior
segurana alimentar animal e ao probitica, ao serem inseridas aos estudos in vivo.
Ensaios de tolerncias das cepas probiticas frente a concentraes salinas
condizem atividade osmtica da parede celular do procarioto, quando expostas aos
sais expelidos pela bile , medidas profilticas e desempenho dos animais em produo e
viabilidade produtiva das espcies continentais com organismos marinhos, apontando
relevante s anlises in vitro para a capacidade de difuso osmtica do probitico
(HILL, 1990; FABREGAT et al., 2006; RIBEIRO, 2011).
A atuao do suco gstrico no aparelho digestivo do animal intervm como
barreira enzimtica com escalas crticas de acidez e ao emulsificante dos sais biliares,
letal aos micro-organismos (HILL, 1990; MARTINS et al., 2005; NITHYA &
HALAMI, 2013). Assim como tambm a alcalinidade, podendo intervir tanto, no
sistema de produo animal, durante os processos de calagem, quanto fisiologia de seu
intestino posterior (MOMOYAMA, 2004; BALCZAR et al., 2008; VINATEA et al.,
2010).
A ao antagnica dos micro-organismos conceituada como uma zona de
inibio do crescimento formado no entorno de discos embebidos em cultura bacteriana
candidatas a probitico, frente a meios de crescimento bacteriano, semeados com
organismo patognicos (VASEEHARAN & RAMASAMY, 2003). A partir de sua
capacidade em produzir compostos como: cidos orgnicos e bacteriocinas, na inibio
de bactrias patognicas gram positivas e perxido de hidrognio, bem como a
produo de cidos orgnicos e cido actico no combate ao crescimento de procariotos
gram negativos (VSQUEZ et al., 2005; GILLOR et al., 2008).
Na avaliao do potencial de crescimento e tempo de duplicao do probitico,
so de grande importncia seus testes in vitro, para eventual viabilidade de produo,
manuteno na densidade microbiolgica intestinal para perspectivas anlise in vivo,
simulando a elevada capacidade em multiplicao para competir por espao e nutriente,
aos agentes patognicos no hospedeiro (VINE et al., 2004; SANZ, 2007; VELEZ et al.,
2007; VASILJEVIC & SHAH, 2008).
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CAPTULO II
3 RESUMO
A espcie Pterophyllum scalare aponta para expressivos valores monetrios em
comercializao, sendo exportada principalmente para os pases Europeus, Americanos
e Asiticos. Porm com a intensificao do sistema de produo animal, surtos
parasitolgicos, principalmente atribudos a bactrias patognicas, vm comprometendo
a cadeia produtiva ornamental. Para isso, como alternativa segura e eficaz de combate e
preveno a enfermidades, vm sendo adotado o uso de raes funcionais
suplementadas com imunoestimulantes prebiticos e/ou probiticos, que garantam
melhores valores de desempenho e resposta imunolgica a espcie em produo. Para a
eficcia de cepas probiticas, fundamental o seu isolamento e seleo do animal em
produo, exigindo uma srie de desafios in vitro que comprovem a sua eficcia,
resistindo s barreiras fisiolgicas e produtivas a aqucola ornamental do P. scalare. O
objetivo do trabalho foi isolar e selecionar in vitro cepas de micro-organismos cido
lctico de potencial uso probitico do acar bandeira (Pterophyllum scalare), realizando
uma srie de desafios in vitro fundamentada em mltiplas caractersticas. Definindo o
melhor idetipo, por artifcio das maiores mdias entres as cepas avaliadas frente aos
caracteres tolerncia ao NaCl (0,5: 1,0: 1,5: 2,0: 2,5 e 3%), pH (4, 5, 6, 8 e 9), sais
biliares (5%), halo de inibio contra seis patgenos continentais, velocidade mxima
de crescimento, contagem final de clulas viveis e das menores mdias para o tempo
de duplicao dos procariotos. De cinco cepas isoladas do trato gastrointestinal do
animal com potencial uso probitico, identificadas molecularmente como Enterococcus
faecium nomeadas nas variedades Probc 1, 2, 3, 4 e 5. Dentre as cepas avaliadas a todas
atenderam as premissas para uso probitico animal, com destaque para a variedade
Probc 4 que apontou melhores resultados.
Palavras-chave: Desempenho zootcnico, piscicultura, ornamental, sanidade.
3.1 ABSTRACT
The specie Pterophyllum scalare was point the signficants monetary values in
comercialization, being exported mainly to the Eurpean countries , americans and
asiatics. But with a intensification of a animal production system, pathologics outbreak,
mainly attribute to pathogenics bacteria, was compromising the ornamental production
chain. For this as safe and effective alternative to combat and prevent the diseases, have
been adopted using functional ration supplemented with probiotics immunostimulants
and/or probiotics, that ensure better values of performances and imunes response to
species production. To the effectiveness of probiotics strains, it is fundamental to their
isolation and selection of animal production, resisting physiological barriers to
productive and ornamental aquaculture of P. scalare . The objective of this research
was isolate and select in vitro micro-organism acid lactic of potential probiotic use for
acara-bandeira (Pterophyllum scalare), to carring a challenge series in vitro unfounded
in multiple characters. Defining the best ideotype, by artificie of biggest measure
between the strains to value in charge the tolerate characters to NaCl (0,5 ; 1,0; 1,5; 2,0;
2,5 and 3%), pH (4, 5, 6, 8 and 9) biliar salts (5%) halo of inhibition against six
continental pathogens, maximum velocity of growth, countdown to feasibles cells and
the smallest measures to the time of duplication of prochariotics. The five strains
isolated in the gastrointestinal tract animal with a potential use probiotics identified by
the molecules as Enterococcus faecium mentioned in varieties Probc 1,2,3,4 and 5.
Between the strains was valued to served the premise to the use of animal probiotic,
with prominent to the variety Probc 4 that was point better results.
Keyboards: Zootechnic performance, fishculture, ornamental, sanity.
4 INTRODUO
A produo de peixes com potencial ornamental cresce linearmente no mercado
internacional, apontando para valores monetrios de aproximadamente US$ 200
milhes em comercializao, com 60% deste capital oriundo da economia de pases em
desenvolvimento (FAO, 2007). Na Amrica Latina, o Brasil se destaca apresentando
grande variedade da ictiofauna ornamental proveniente de suas bacias hdricas
continentais, estando catalogadas mais de 2.500 espcies com distintos fentipos em
cores, tamanhos e formas. Entre essas regies destacam-se os Estados do Baixo
Amazonas, que contribuem para que o Pas ocupe a dcima oitava posio no ranking
dos pases exportadores de peixes ornamentais do mundo (ALBUQUERQUE-FILHO,
2003; GODINHO, 2007; CARDOSO e IGARASHI, 2009; RIBEIRO, 2009).
As espcies ornamentais nativas como o acar-bandeira (Pterophyllum scalare
Liechtenstein, 1823), acar-disco (Simphysodon aequifasciatus Pellegrin, 1904), apaiari
(Astronotus ocellatus Agassiz, 1831) e o cardinal (Paracheirodon axelrodi Schultz,
1956), esto classificadas entre as espcies de maior exportao comercial (CHAPMAN
et al., 2000; GODINHO, 2007). P. scalare um ornamental com grande potencial de
comrcio no mercado nacional e internacional, apontando para atrativas caractersticas
morfolgicas no mercado da aquariofilia e fcil adaptao aos diversos sistemas de
produo animal (LIMA, 2003; PRANG, 2007).
A intensificao dos sistemas de criao de peixes vem acarretando aumento de
enfermidades podendo ocasionar em mortalidades e consequentes prejuzos econmicos
cadeia produtiva (SAKAI, 1999). A responsabilidade por essa problemtica
atribuda principalmente s bactrias patognicas, de caracterstica oportunista a
ambientes sanitrios inadequados, alta densidade de estocagem, manejo alimentar
inapropriado, estresse animal, dentre outros fatores (ALKAHEM, 1994). Para prevenir e
combater as enfermidades bacterianas na piscicultura comumente so administrados
antibiticos, em sua maioria, de forma negligente e errnea, podendo fornecer
resistncia aos micro-organismos patognicos (VSQUEZ et al., 2005; DIAS et al.,
2011), alm do que em ambientes aqucolas esse efluente pode ser fonte de poluio
(BOYD e MASSAUNT, 1999).
Como medida alternativa ao uso de antibiticos nos ltimos anos vem sendo
adotado o fornecimento de raes funcionais suplementadas com imunoestimulantes,
prebiticos e/ou probiticos, aumentando os lucros e reduzindo os impactos ao corpo
hdrico. Essa estratgia produtiva aponta para a preveno de surtos de micro-
organismos patognicos no sistema de produo (OLIVEIRA et al., 2002).
Os probiticos so micro-organismos com potencialidades antagnicas aos
agentes patognicos, atravs da colonizao destes no trato digestivo do animal,
competindo desta forma por nutrientes e produzindo metablicos inibidores, aplicados
em diversas reas mdicas, na agricultura e na produo animal, tendo aplicao na
aquicultura a partir da dcada de 80, contribuindo significativamente na sanidade
animal, a partir do estmulo de seu sistema imunolgico (KOZASA, 1986; RAMIREZ,
2006; VINE et al., 2006; BALCAZR et al., 2008; GATESOUPE, 2008; TINH et al.,
2008).
Em produes aqucolas os probiticos so definidos como clulas microbianas
que ao serem inseridas no sistema de criao colonizam o trato digestrio dos animais,
contribuindo com o desempenho e resposta imune do animal atravs do estmulo
produtivo de vitaminas, cidos graxos de curta cadeia, minerais e lipdeos, alm de
melhorar o aproveitamento proteico, otimizando a digestibilidade e assimilao dos
nutrientes essenciais, ocasionado pelo aumento da viscosidade intestinal, melhorando,
com isso, o desempenho zootcnico do indivduo (GATESOUPE, 1999; SUGITA e
ITO, 2006; KESARCODI-WATSON et al., 2008; SOUZA et al., 2010).
Dentre os micro-organismos utilizados como probiticos, destacam-se as
bactrias cido lcticas, por apontarem fcil crescimento, produo de compostos
antimicrobianos (cido lctico, perxido de hidrognio, cidos orgnicos e bactericidas)
e estmulos resposta imune no especifica em seu hospedeiro (RINGO e
GATESOUPE, 1998; GATESOUPE, 2008).
A eficcia dos probiticos comprovada quando inseridos nos sistemas de
produo aqucola, de acordo com MORIARTY (1998), ao suplementar a dieta com
micro-organismos probiticos, obtendo melhorias nas variveis da gua e na sanidade
de espcies aquticas, assim como BOYD e MASSAUT (1999) comprovou seu efeito
biorremediador na decomposio da matria orgnica e na qualidade da gua na
aquicultura, promovendo reduo nas taxas de fsforo e dos compostos nitrogenados,
amnia, nitrito e nitrato.
Assim, o isolamento de bactrias com interesse probitico do trato
gastrointestinal da espcie em produo fundamental para a sua eficincia, porm este
processo est associado ao isolamento de centenas de micro-organismos para este fim,
entretanto a abundncia dessas bactrias inviabiliza a realizao de ensaios com todas as
cepas com este potencial, sendo a produo desse suplemento alimentar exige a
realizao de uma srie de desafios de seleo in vitro, para inibio de agentes
patognicos, conhecer a cintica de crescimento, a resistncia a sais biliares e os efeitos
naturais e antrpicos que possam estar presentes no sistema de produo animal (ALY
et al., 2008; BALCAZAR et al., 2008; EH-RHMAN et al., 2009).
Um micro-organismo que atenda as premissas de um probitico deve apontar
para o maior nmero de caractersticas especficas, que garantam a sua eficincia como:
no ser patognico, ausente de genes que resistam a antibiticos, tolerante aos sais
biliares e pH, aderncia mucosa intestinal, elevado crescimento e reproduo,
capacidade de colonizar a superfcie do epitlio intestinal, registro como aditivo
alimentar, boa atividade antagnica aos patgenos com grande expresso de surtos a
espcie produzida, especificidade ao hospedeiro, preferencialmente de origem autctone
do animal (MERRIFIELD, 2010).
Portanto, o objetivo deste trabalho isolar e selecionar in vitro cepas de
micro-organismos cido lcticos de potencial probitico do peixe ornamental
amaznico acar bandeira Pterophyllum scalare baseada em mltiplos desafios.
5 OBJETIVOS
5.1 OBJETIVO GERAL
Isolar e selecionar a bactria com potencial probitico, obtida do trato
gastrointestinal do peixe ornamental amaznico acar bandeira Pterophyllum scalare.
5.2 OBJETIVOS ESPECFICOS
Isolar bactrias cido lcticas do trato gastrointestinal do acar bandeira
Pterophyllum scalare;
Avaliar in vitro as cepas isoladas submetidas a desafios com NaCl, pH, sais
biliares, inibio de patgenos;
Cintica de crescimento; velocidade mxima de crescimento e tempo de
duplicao;
Identificar as cepas com potencial probitico.
6 MATERIAL E MTODOS
6.1 ISOLAMENTO DE BACTRIAS CIDO LCTICAS COM POTENCIAL
PROBTICO.
As cepas das bactrias com potencial probitico foram isoladas do trato
digestrio de dez juvenis saudveis do peixe ornamental amaznico acar-bandeira
Pterophyllum scalare, obtidos a partir de reproduo natural em cativeiro, com valores
zootcnicos de 38,77 0,58mm, 21,95 0,17 mm, 32,63 0,26 mm e 775,71 0,15
mg para comprimento total, comprimento padro, altura e peso, respectivamente,
mensurados com o auxlio de paqumetro e balana de preciso.
Os organismos foram submetidos a jejum de 24 horas, para esvaziamento
intestinal. Os peixes foram eutanasiados com seco na medula espinhal, desinfetados
externamente com soluo de lcool 70%, e eviscerados, realizando a exciso do
intestino do animal em condio estril, com peso de 0,1g, utilizando bisturi, tesoura e
placa de petri previamente esterilizados.
Aps coletado, o material foi macerado em soluo salina de NaCl a 2%,
utilizando gral e pistilo de porcelana, posteriormente transferidos para tubos Falcon
contendo 9 ml de meio de cultura em caldo para Lactobacillus Man Rogosa Sharpe
(MRS), meio exclusivo para o crescimento de bactrias lcticas, homogeneizado com
agitador de tubos vortex e incubados por 24 horas a 35C.
Aps incubada, a soluo foi novamente homogeneizada e semeada em placas
de petri com volume de 15 ml de meio de cultura agar Man Rogosa Sharpe (MRSA) em
duplicata, homogeneizadas com esferas de microprolas, contendo 10% de azul de
anilina como indicador de cepas probiticas (RAMIREZ et al. 2006) e incubadas por
um perodo de 48 horas a 35 C em estufa esterilizada. Os meios de cultura foram
elaborados em solues contendo gua destilada e concentraes de soluto coerente s
instrues do fabricante. Esterilizados em autoclave a temperatura de 120 C durante 20
minutos. Aps o processo, os meios de cultura foram transferidos para a capela de fluxo
laminar, at atingirem a temperatura ambiente, a seguir esterilizados com luz ultra
violeta por 20 minutos, para posteriormente serem semeadas as cepas em meios de
cultura em caldo e placa (BULLER, 2004).
As colnias de interesse (bacilos e cocos gram-positivas), foram isoladas por
esgotamento de estrias em meio agar MRS e avaliadas quanto produo de catalase,
descartando para as etapas de inibio in vitro as cepas catalase positivas (JATOB et
al., 2008).
Aps o isolamento em estrias as colnias desenvolvidas no meio de cultura
foram reconhecidas e classificadas utilizando o mtodo de Gram. As colnias com
relevncia para uso probitico, cocos e bacilos gram-positivas, foram semeadas em um
novo meio de cultura gar MRS para esgotamento em placa.
6.2 IDENTIFICAO DA ESPCIE
O material gentico para identificao das cepas, foi extrado de isolados puros
mantidos em meio semisslido, no Laboratrio de Probiticos da Universidade Federal
do Par. Onde cada cepa foi semeada com o auxlio de uma ala de platina estril em
meio caldo MRS com 10 ml, incubados a 35 C aps 24 horas de crescimento
bacteriano.
Para a extrao do DNA dos procariotos seguiu a metodologia de Sambrook et
al. (1989), adaptado por Jin (2006), sendo aps o cultivo das cepas, 1,4 ml de cada
cultura foi centrifugada a 12000g durante 2 minutos, sendo o pellet ressuspenso em 530
l de TE (100mM de Tris e 1 mM de EDTA), posteriormente adicionada um alquota de
28 l de dodecil sulfato de sdio (SDS) a 20%, e 2 l de proteinase K (2mg/ml).
Mantidas em estufa a 37 C por duas horas sem agitao, para posterior extrao,
utilizando 500l de feno/clorofrmio/lcool isoamlico (25:24:1). Em seguida o
sobrenadante foi retirados e 500l expelidos em um novo micro tbulo com capacidade
de 1,5 ml, adicionado 10 l de NaCl a 5 M, para uma concentrao final de 10 mM, no
precipitado com duplicata de etanol absoluto gelado. Aps esses procedimentos o DNA
foi congelado -20 C durante duas horas, para posterior centrifugao 12000g em
dez minutos, sendo o precipitado lavado com soluo de lcool a 70% e ressuspenso em
100 l de TE e tratado com 2 l de RNAse H (10 mg.ml-1
). Para posterior anlise de 4
l por eletroforese em gel de agarose a 1 % para quantificao.
A quantificao do DNA extrado foi realizada pela metodologia de
fluorescncia (SAMBROOK & RUSSEL, 2001). Uma vez quantificado o material
gentico das cepas de bactrias com potencial probitico, prosseguiu o processo de
amplificao dos genes selecionados para sequenciamento e posterior identificao dos
isolados do trato-gastrointestinal do acar bandeira. A regio foi isolada e amplificada
via PCR phenylalanyl-tRNA synthase (pheS), utilizando os seguintes iniciadores: pheS-
21-F (5' CAYCCNGCHCGYGAYATGC 3') e pheS-23-R (5'
GGRTGRACCATVCCNGCHCC 3'), eficaz para analise taxonmica de procariotos
cido lcticos (NAESER et al. (2007). Em seguida foi realizada a amplificao do
fragmento de DNA a partir da tcnica de Reao de Polimerizao em Cadeia (PCR).
As reaes foram conduzidas com um volume de 15 L, sendo 2,4 L de DNTPs (1,25
mM), 1,5 L de tampo (200 Mm Tris-Hcl- PH 8, 500 Mm KCl), 0,6 L de MgCl2 (50
Mm), 0,6 L de cada um dos iniciadores (50 ng/ L), aproximadamente 50 ng de DNA
molde, 0,1 L de Taq Polimerase (5 U/ L ) e gua ultrapura para completar o volume
da reao.
Aps o resultado de PCR o sequenciamento das amostras foi efetuado pelo
mtodo de dideoxiterninal (SANGER et al., 1977), no sequenciador automtico ABI
3500 XL, utilizando reagentes do kit BigDye (ABI Prism TM Dye Terminator Cycle
Sequencing Reading Raction PE Applied Biosystems, Carlsbad, CA, USA). As
sequncias foram alinhadas e editadas com o auxlio do programa BioEdit (HALL,
1999).
Aps sequenciado o material gentico foi extrado em um arquivo individual
para cada cepas em formato FASTA, para leitura no programa Basic Local Alignment
Search Tool-BLAST. A identificao das cepas foi realizada inicialmente pela
comparao com sequncias depositadas no acervo mundial de sequncias GenBank
(http:/www.ncbi.nlm.nih.gov/), sendo a busca realizada com o algoritmo
MEGABLAST. Posteriormente, as relaes filogenticas foram estimadas com
construo de uma rvore de agrupamento de vizinhos, utilizando 1000 pseudo-rplicas
de booststrap, sendo estas anlises conduzidas no MEGA v. 6.05 (TAMURA et al.,
2013).
6.3 SELEO in vitro
Para os testes in vitro as cepas das bactrias com potencial probitico isoladas
foram semeadas em tubos Falcon esterilizados contendo volume de 9ml de meio de
cultura caldo MRS, produzidos com distintas concentraes salinas de (0, 0,5, 1,0, 1,5,
2,0, 2,5 e 3%), pH (4, 5, 6, 7, 8 e 9), sais biliares, 5% (p/v), semeados com um ml de
cultura crescida de cada cepa e conduzidas para estufa a 35 C durante o perodo de 24
horas com quatro repeties. Em seguida, realizou-se leitura de 1 (um) ml de cada
cultura em cubetas para anlises no espectrofotmetro a 630 nm de absorbncia. Sendo
a resposta de cada cepa isolada sobre distintas concentraes de NaCl, pH e sais biliares
definidas pelo percentual de reduo da absorbncia em comparao ao meio de cultura
controle com 0% de NaCl, pH (7) e sem adio de sais biliares.
6.4 INIBIO DE PATGENOS
A inibio de patgenos foi aplicada a capacidade antibacteriana das cepas cido
lcticas frente aos agentes patognicos, analisado pelo halo de inibio, denominado
pelo dimetro da zona inibitria das cepas probiticas (HJELM et al., 2004), realizado
pelo mtodo de Ramirez et al. (2006). Com isto as cepas cido lcteas crescidas em
tubos de ensaio com meio de cultura caldo MRS, mantidos por 24 horas incubadas em
estufa a 35C, posteriormente semeadas em placas de petri contendo meio de cultura
agar MRS e incubadas a 35C durante 48 horas.
Onde quatro discos com dimetro de 0,8 cm foram retirados de placa Agar com
cepas de bactrias cido lcticas e ento sobrepostas em meio de cultura Agar Triptona
de Soja (TSA), recm semeadas com os patgenos: Aeromona hydrophyla,
Pseudomonas aeroginosa, Enterococcus durans, Escherichia coli, Staphylococcus
aureus e Micrococcus luteus incubados a 30 C por 48 horas. A inibio do crescimento
dos patgenos foi determinada, pelo dimetro do halo de inibio de crescimento
bacteriano produzido nas extremidades do disco Agar MRS.
As bactrias utilizadas como probiticos apresentam como caracterstica a
competio por nutrientes e espao com os microrganismos patognicos do trato
gastrointestinal de seu hospedeiro, tornando de fundamental importncia uma elevada
taxa de crescimento da cepa utilizada para tal fim (KESARCODI-WATSON et al.,
2008; VINE et al., 2006).
6.5 CINTICA DE CRESCIMENTO
As anlises para determinarem a cintica de crescimento bacteriano foi realizada
a um intervalo de duas horas, retirando uma amostra de 1 ml do meio de cultura para
leitura em espectrofotmetro a 630 nm de absorbncia. Para anlise dos dados as
concentraes dos inculos foram convertidas para unidades formadoras de colnia
UFC/ml. Aps 24 horas de crescimento em meio de cultura lquido, uma alquota de
100 l de todos os frascos foram semeados em meio de cultura agar MRS, pela tcnica
de diluio seriada e inoculadas a 35 C durante 48 horas, para ento serem estimadas
as unidades formadoras de colnia UFC/ml.
Para estes resultados, foram calculadas a velocidade mxima de crescimento
(max) e tempo de duplicao (tdup) das respectivas cepas, seguindo a equao de
JATOB et al. (2008):
Velocidade mxima de crescimento;
Onde;
max = Velocidade mxima de crescimento
Z = Concentrao (UFC/ml)
Z0 = Concentrao inicial do inculo (UFC/ml)
dt = Tempo de cultivo (horas)
Tempo de duplicao;
Onde;
tdup = Tempo de duplicao (horas)
max = Velocidade mxima de crescimento.
6.6 ANLISE ESTATSTICA
As contagens microbiolgicas foram transformadas em log10(x+1), antes de
serem submetidas aos testes estatsticos. Sendo os dados obtidos em cada desafio
submetidos Anlise de Varincia (ANOVA), com significncia (p
7. RESULTADOS E DISCUSSO
A importncia na aquisio de um probitico deve seguir o isolamento de
bactrias endgenas intestinais do prprio hospedeiro, garantindo uma maior segurana
como suplemento alimentar, no patognica, habilidade em resistir ao dos sais
biliares, valores estremos de pH e proteases no aparelho digestivo do indivduo. Assim
como testes antagnicos, para comprovar a produo de compostos inibitrios na
competio por nutrientes, dos probiticos frente microbiota patognica (VINE et al.,
2004).
Identificao da espcie
Como resultado das cepas cido lcticas com potencial probitico isoladas do
trato intestinal do acar bandeira Pterophyllum scalare, de 16 morfotipos selecionados,
cinco apontaram catalase negativa e prosseguiram aos demais ensaios in vitro,
identificados molecularmente como Enterococcus faecium. Das variedades analisadas
todas apontaram para uma vasta variabilidade fenotpica, para todos os caracteres
avaliados neste trabalho.
Os resultados da comparao do sequenciamento molecular obtidos da
ferramenta BLAST do banco de dados GenBank, apontaram para os iniciadores
especficos ao gene pheS eficaz na amplificao dos nucleotdeos das amostras, sendo
possvel identificar a espcie trabalhada, com ntida leitura cromatogrfica e
similaridade de identidade igual a 100%, das cinco cepas, com amostras identificadas
como Enterococcus faecium, sendo que estes resultados corroboram com o filograma
(Fig. 1), onde existe um elevado suporte estatstico para o arranjo contendo sequncias
das cinco cepas, das analisadas e sequencias previamente identificadas com E. faecium.
No isolamento e seleo de cepas com potencial probitico estudos que ao
identificarem esses isolados de animais em produo, deparam-se com cepas de mesmas
espcie, porm com variedades distintas. Vieira et al. (2008) ao isolarem bactrias
probiticas da carcinocultura marinha, identificadas bioquimicamente com galerias API
50 CHL, como resposta a melhor cepa que suprisse o perfil probitico, a espcie
Lactobacillus plantarum com a variedade denominada L. plantarium 1, apresentou
melhor ndices de avaliao a seriados testes in vitro.
Figura1. Fenograma das cepas probiticas isoladas do acar bandeira com as sequncias
do gene pheS (aproximadamente 334 pares de base).
Assim como Roselet (2008) ao isolar e identificar molecularmente micro-
organismo com potencialidade probitica, verificou que uma espcie pode apresentar
comportamentos distintos frete a desafios in vitro. Dosta et al. (2012) ao isolar
diferentes morftipos com potencial probitico de juvenis de Pterophyllum scalare,
identificou molecularmente trs cepas que apontam melhores resultado de seleo in
vitro, utilizando o gene 16S, resultados que classificaram as cepas pertencentes ao
gnero Bacillus sp., com a variedade Bsp2 como melhor respostas as anlises, no
sendo possvel, averiguar agrupamento gentico de similaridade identificao
taxonmica de espcie.
Estudos comprovam a eficcia de Enterococcus faecium com uso probitico
como promotor do desempenho zootcnico, imunolgico e flora predominante no trato
gastrointestinal de animais (BENYACOUB , 2003; TARASOVA, 2010; SUN et al.,