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Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.7, n.7, p.1-15, jan/jun. 2016.
FATORES QUE MOTIVAM E INIBEM A CRIATIVIDADE DE
ALUNOS DE GRADUAÇÃO
Camila Lopes - Acadêmica do Curso de Administração do Centro Universitário
ESTÁCIO/UNISEB – Ribeirão Preto SP - [email protected]
Bruna Nascimento Miarelli - Acadêmica do Curso de Administração do Centro Universitário
ESTÁCIO/UNISEB – Ribeirão Preto SP - [email protected]
Breno Honório Tonin - Acadêmico do Curso de Administração do Centro Universitário
ESTÁCIO/UNISEB – Ribeirão Preto SP - [email protected]
Antônio Nardi - Mestre em Administração pela Universidade de São Paulo (FEA USP).
Docente do Centro Universitário ESTÁCIO/UNISEB – Ribeirão Preto SP -
Resumo
O presente estudo tem como objetivo pesquisar fatores motivacionais e limitadores da
criatividade entre alunos de diferentes cursos de graduação dentro de um centro universitário.
Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, de abordagem quantitativa. Participaram desta
pesquisa 307alunos de diversos cursos de graduação. Foi utilizado como ferramenta de coleta
de dados um questionário. Os dados coletados foram categorizados, tabulados em planilha do
Excel e analisados com estatística simples. Verificou-se que a grande maioria dos alunos referiu
ter ideias criativas relacionadas ao ambiente de trabalho; à faculdade; além de outros setores do
cotidiano. Foram apontados pelos alunos vários fatores motivacionais, como: crescimento
pessoal, inovação, família, trabalho e outros; e, diversos fatores inibidores, como: comodismo
falta de tempo, falta de vontade e medo.
Palavras-chave: Criatividade; Alunos de graduação; Fatores motivacionais; Fatores
inibidores.
Abstract
This study aims to research motivational factors and limiting creativity among students of
different graduation courses within a university. This is an exploratory-descriptive study with
a quantitative approach. The research was made with 307 students from various graduation
courses. It was used as data collection tool a questionnaire. The data collected were categorized,
tabulated in the Excel spreadsheet and analyzed with simple statistics. It was found that the vast
majority of students reported having creative ideas related to the work environment; college;
and other daily sectors. The students pointed various motivational factors, such as personal
growth, innovation, family, work and others; and many inhibiting factors, such as self-
indulgence, lack of time, lack of will and fear.
Keywords: Creativity; Undergraduate students; Motivational factors; Inhibiting factors.
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Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.7, n.7, p.1-15, jan/jun. 2016.
Introdução
A crise econômica vivenciada no cenário atual brasileiro tem estado nas pautas de
discussão, não apenas dos economistas, mas de todo cidadão, seja ele empregado ou
empregador. Em tempos de crise econômica, uma das alternativas utilizadas para vencer as
barreiras do mercado, é a criatividade. Nesse âmbito, empresas, institutos educacionais dentre
outras entidades optam pela inovação, pelo aperfeiçoamento de recursos que viabilizem vencer
a crise.
Alencar (1995) em seu texto dizia que “a criatividade é um recurso valioso” e apontava
para a necessidade de valorizá-la, visto que se viviam momentos de incertezas e mudanças.
Hoje, mais de uma década depois, evidencia-se no Brasil novamente um cenário de dúvidas e
insegurança por parte dos brasileiros, e mais do que nunca, a criatividade é uma das estratégias
para vencer as dificuldades e inovar.
Segundo Alencar (1995, p.7), “a criatividade se baseia nos processos de pensamento
com imaginação, insight, invenção, inovação, intuição, inspiração, iluminação e originalidade.
Ela diz respeito a uma disposição para pensar diferente e para brincar com ideias”.
Quando a criatividade não é explorada de forma eficaz, as reais possibilidades de um
profissional são reduzidas, criando bloqueios, gerando insegurança, minando a autoconfiança e
levando ao um enorme desperdício de talento e de potencial criativo (ALENCAR, 1995).
Embora a criatividade seja um recurso valioso da nossa mente, é importante ressaltar
que ela não vem recebendo atenção necessária em nossas escolas, desde o ensino básico até o
ensino superior.
O método de ensino-aprendizagem tradicional que, ainda, predomina nas escolas e
universidades em geral, cerceia, de certo modo, a criatividade dos alunos.
Indubitavelmente, a criatividade é algo que está presente em todas as profissões. Em
diferentes cursos acadêmicos, tanto os de bacharelado assim como os de licenciatura a
criatividade é (ou deveria ser) incentivada nas diversas atividades pedagógicas e também,
trabalhada como conteúdo.
Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo pesquisar fatores motivacionais
e limitadores da criatividade entre alunos de diferentes cursos de graduação dentro de um centro
universitário.
Encontra-se no presente artigo um levantamento das ideias criativas manifestadas pelos
alunos de graduação, bem como os vários fatores motivadores e inibidores da criatividade
descritos por eles, evidenciando a dificuldade de ser criativo no cotidiano desses alunos que
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Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.7, n.7, p.1-15, jan/jun. 2016.
serão futuros profissionais. Já que o mercado de trabalho requer mais pessoas com potencial
criativo.
2. Revisão da Literatura
2.1 A criatividade no contexto geral
Pretende-se com esse artigo descrever de um modo geral todo o contexto de criatividade
e os ambientes em que ela pode ser desenvolvida e utilizada como: em salas de aulas,
organizações e até mesmo no cotidiano. Como também, os fatores que a motivam ou inibem o
seu desenvolvimento. Também foram ressaltados, neste estudo, os quatro personagens que
compõe o processo criativo dentro do tema criatividade.
A criatividade tem sido conceituada como um fenômeno multidimensional, em que
aspectos individuais como fatores cognitivos, motivacionais, sociais e traços de personalidade
e aspectos relacionados ao ambiente, tidos como facilitadores ou inibidores, são relevantes na
concepção de vários autores, acarretando diversas definições sobre esse termo (FONSECA;
BASTOS, 2003, p.63).
Esse autor reforça que, apesar da diversidade de acepções, em geral, vários autores
assinalam a criatividade como a capacidade de se construir algo novo adequado às necessidades
e obstáculos enfrentados no dia a dia, muitas vezes ideias produzidas por um indivíduo ou nas
equipes de trabalho.
Já de acordo com Predebon (1998, P.32-33), “a criatividade está ligada a questão do
engajamento pessoal, que às vezes depende de determinação, outras vezes é inato e, ainda, em
outras é produto das circunstâncias”.
Dias, Enumo e Azevedo Junior (2004, p.429) pontuam em seu texto, de acordo com
alguns autores, que a criatividade é um tema pesquisado desde a antiguidade em alguns campos
das ciências, “procurando-se compreender o desenvolvimento de capacidades pouco
conhecidas ou estimuladas nas pessoas”.
Ainda segundo esses autores acima citados, em sua revisão, a criatividade tem merecido
papel de destaque na educação, uma vez que uma educação transformadora que permita o
desenvolvimento do potencial cognitivo criativo dos alunos é uma realidade almejada, sendo o
professor um estimulador para esse desenvolvimento criativo. Todavia, poder-se-ia acrescentar
que esta é uma árdua realidade a ser conquistada.
Por outro lado, ao voltar o olhar para a criatividade no ambiente de trabalho, algumas
evoluções podem ser acompanhadas, no que diz respeito às economias, “durante muito tempo
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o elemento fundamental foi o trabalho humano, na era industrial foi o capital, hoje, na era da
informação é o talento, a imaginação, a habilidade e o conhecimento, ou seja, a criatividade”
(PAIVA JUNIOR, MUZZIO, BISPO, 2014, p.3).
Esses autores reforçam que tais mudanças estão mais adequadas às condições
identitárias e sociais da atualidade e que, cada vez mais, a economia tem dependido da
criatividade e do conhecimento do que qualquer outro meio de produtividade.
Além disso, ressaltam que a burocracia não perdeu toda sua influência em ordenar as
relações e as estruturas organizacionais formais, porém acredita-se que por si só ela não
contempla todas as variantes que envolvem o contexto organizacional atual, “sobretudo para as
atividades em que a criatividade alcançou um grau de importância maior do que a mecanização
do trabalho” (PAIVA JUNIOR, MUZZIO, BISPO, 2014, p.3).
Para Paiva Junior e Muzzio (2014, p.6) “na atividade criativa, os indivíduos têm papel
preponderante em comparação com a economia tradicional”. Em seu estudo os autores afirmam,
... que a criatividade está ligada no indivíduo e sua capacidade transformadora na
busca pelo uso de tecnologia em direção à aplicação de soluções inovadoras nos
aparatos gerados pela integração de ciência, tecnologia e arte. Tal criatividade tem
relação com a habilidade de se produzir trabalho que se constrói uma novidade e, ao
mesmo tempo, é valiosa para lidar com o advento da economia do conhecimento.
Nos dias de hoje, os líderes de algumas organizações empresariais estão mais atentos e
interessados no esforço por fazer melhor uso da criatividade com objetivo de aumentar sua
competitividade (PAIVA JUNIOR, MUZZIO, BISPO, 2014). E sendo assim, nota-se que o
contexto criativo está ligado com fatores que podem motivar e inibir o indivíduo de sua
capacidade criadora. Para Robbins (2005) “a motivação é específica ao indivíduo; e, um
trabalhador motivado é um funcionário de alto desempenho”.
Uma vez que, a motivação é um dos fatores essenciais no desenvolvimento do potencial
criativo dos indivíduos, podendo sofrer influências socioculturais e ambientais, como também
de fatores cognitivos e mentais pertinente a cada pessoa.
Para Runco (2007 apud OLIVEIRA 2010) a família, a escola, o contexto sociocultural,
o ambiente de trabalho e a saúde são fatores que podem motivar o indivíduo no
desenvolvimento ou na inibição da criatividade.
De acordo com Silva e Madruga (2007, p.23), “a motivação repercute na criatividade,
sendo um dos mecanismos que desencadeiam o processo criativo, já que sem motivação
dificilmente se obtém bons resultados, pois é a motivação que conduz o desempenho do
indivíduo”.
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Por outro lado, existem os chamados bloqueios mentais, que são os fatores que inibem,
ou seja, dificultam o processo o criativo. Fazendo com que os indivíduos fiquem estagnados
não conseguindo desenvolver ideias criativas surgindo assim à dificuldade em ser criativo.
De acordo com Von Oech (1988), as pessoas não são criativas com mais frequência por
dois motivos. Primeiro porque não é necessário utilizar-se da criatividade para a realização de
grande parte dos afazeres do cotidiano. Segundo, pois no momento em que se faz indispensável
o emprego da criatividade, na grande maioria das vezes, os indivíduos se tornam estagnados
por bloqueios mentais, em geral, ocasionados por regras e condutas rígidas e burocráticas, medo
de errar, entre outros.
Ainda segundo Von Oech, o ser humano durante toda a vida adquire conhecimento seja
formal ou informal, o qual o cerceia dentro de um comodismo de respostas prontas, o impedindo
de formular perguntas que o leve a construção de novos conhecimentos, conduzido pela
criatividade.
Para romper com essas amarras, Von Oech propõe gerar estímulos e pensamentos em
outros focos, o importante é que seja quebrada a rotina e o comodismo da zona de conforto,
rompendo-se, assim, os bloqueios mentais, pensando de alguma maneira em algo diferente e
concebendo ideias criativas.
Sendo assim, é possível notar que a criatividade é um termo muito amplo e complexo,
que abrange vários contextos e que está vinculada em quase todos os meios da vida do ser
humano seja de forma indireta ou direta. Umas das fases da criatividade é o processo criativo
no qual se divide em quatro personagens com papeis diferentes segundo Von Oech (1988).
2.2 Os personagens do processo criativo segundo Von Oech
Cada pessoa criativa tem um padrão para criar e implementar suas novas ideias. Von
Oech (1994), o processo criativo consiste em desempenhar quatro papeis diferentes, explorador,
artista, juiz e guerreiro; cada qual com um tipo diferente de raciocínio, um modo específico de
pensar.
O bom explorador é quem adota a “visão perceptiva”, a noção do insight, ou seja, a
atitude de quem percebe que há muita informação à sua volta e sua tarefa é descobri-la. Para
Von Oech (1994, p.33), a “visão perceptiva” lhe dá a capacidade de intuir que as ideias
encontradas têm potencial para se juntar e formar algo novo. É importante que o explorador
tenha o desejo de se extraviar.
Já o artista é o personagem que transforma informações em novas ideias, que são
geradas a partir da manipulação e da transformação dos recursos que se tem. Um bom artista
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explora todas as oportunidades ao seu redor recorrerá a diferentes estratégias para transformar
seus materiais.
O papel do juiz é bastante delicado. A arte de ser juiz consiste em saber qual decisão
tomar em seis segundos e qual pode esperar seis meses. É preciso examinar a ideia
detalhadamente para descobrir o que há de errado com ela. E também observar se vale a pena
fazer alguma coisa a partir dela, apresentando alternativas para tanto. O autor ressalta que o
personagem juiz precisa levar em conta que seu principal objetivo é ajudar na produção de boas
ideias, e não deslumbrar com a importância de seu próprio julgamento.
A função do guerreiro é conceber a estratégia e planejar. Por outro lado, existe a
disciplina necessária para o duro trabalho das trincheiras e paixão que estimula o avanço da
ideia. Em outras palavras, o guerreiro é o personagem que põe as ideias em práticas. Para isso
o elemento crucial do pensamento criativo é a coragem de assumir riscos.
Portanto, esta é a ordem utilizada para colocar uma ideia em prática, no entanto, é
possível que haja variação com relação a esta ordem. Às vezes os personagens podem ser
invertidos e utilizados de forma simultânea, dependendo de cada situação e da necessidade. Na
maioria das vezes, as pessoas não têm consciência acerca dos papeis que desempenham, mas
os utilizam de forma inconsciente, buscando conhecimento, criando, analisando e colocando
em prática.
3. Metodologia
Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, de abordagem quantitativa em que se
buscou uma maior proximidade com o tema criatividade.
Pesquisas exploratórias têm como propósito proporcionar maior familiaridade com o
problema, com vistas tornando-o mais explícito ou construindo hipóteses. Seu planejamento
tende a ser bastante flexível, pois interessa considerar os mais variados aspectos relativos ao
fato ou fenômeno estudado (GIL, 2010).
Já as pesquisas descritivas busca descrever as características de determinada população.
Podem ser elaboradas também com a finalidade de identificar possíveis relações entre variáveis
(GIL, 2010).
Para a coleta de dados, foi elaborado um questionário com base no livro Um chute na
rotina, do autor Von Oech (1994). No questionário impresso constavam quatro questões, sendo
uma múltipla escolha e três subjetivas, além de identificação de gênero e do curso.
A pesquisa foi realizada em um Centro Universitário privado, no município de Ribeirão
Preto, com alunos do curso de Ciências Contábeis, Administração, Arquitetura, Engenharia
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Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.7, n.7, p.1-15, jan/jun. 2016.
Ambiental, Civil e de Produção, Psicologia e Direito. Ao todo, participaram deste estudo 307
alunos, do período noturno e diurno.
O questionário foi aplicado em 3 alunos do último período do curso de Administração
diurno, como pré-teste. Diante de resultado positivo, o questionário foi, finalmente, aplicado
nos cursos pesquisados, de forma impressa, durante o horário de aulas.
Não houve sorteio para escolha dos cursos e sim determinação por consenso entre os
pesquisadores. A ordem da coleta de dados nas salas de aulas foi aleatoriamente, independente
do ano e período. Adotou-se como procedimento ir de sala em sala, pedir autorização ao docente
no início ou final de cada aula, apresentar o projeto aos alunos, orientar sobre os termos de
compromisso livre e esclarecido, verificar entre os alunos presentes aqueles que manifestavam
interesse em participar, entregar o questionário impresso e aguardar em torno de uns 15 minutos
pelas respostas.
Os dados coletados foram categorizados, na sequência tabulados em planilha do Excel
e tratados com estatística simples, com cálculos de frequência e porcentagem, sendo os
resultados apresentados na forma de tabelas, quadros e gráficos.
4. Resultados e Discussão
A criatividade é um tema amplo que abrange várias definições, e segundo Predebon
(1998, p.28) é “uma característica da espécie humana, mas muitas vezes imperceptível para a
maioria”.
A presente pesquisa buscou explorar a presença ou ausência da criatividade entre alunos
de graduação; quais os campos da vida diária eles têm tido mais ideias criativas; quais fatores
podem motivar assim como inibir a criatividade deles.
Dos 307 alunos da pesquisa 163 (53,09%) são do gênero feminino e 144 (46,91%) são
do gênero masculino. Desses 67 (21,82%) são alunos do curso de administração tanto do
período matutino quanto noturno; 47 (15,30%) do curso de direito do período da manhã; 40
(13,02%) do curso de ciências contábeis do período noturno; 12 (3,90%) do curso de psicologia
que ocorre em período integral; 60 (19,54%) do curso de arquitetura período da manhã; 81
(26,38%) dos cursos de engenharia civil, engenharia de produção e engenharia ambiental, tanto
do período matutino quanto noturno (Tabela 1).
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Tabela 1 - Distribuição do número de sujeitos participantes deste estudo por curso e seu percentual
CURSO F % M % TOTAL %
ADMINISTRAÇÃO 26 38,81% 41 61,19% 67 21,82%
DIREITO 34 72,34% 13 27,66% 47 15,30%
CIÊNCIAS CONTÁBEIS 24 60% 16 40% 40 13,02%
PSICOLOGIA 11 91,67% 1 8,33% 12 3,90%
ARQUITETURA 46 76,67% 14 23,33% 60 19,54%
ENGENHARIAS 22 27,16% 59 72,84% 81 26,38%
163 53,09% 144 46,91% 307 100%
Quando indagados sobre a última ocorrência de uma ideia criativa por eles recordada, a
grande maioria das respostas reportou um período de uma semana atrás 102 (33,22%) dos
sujeitos pesquisados; 61 (19,86%) responderam ter tido uma ideia criativa, na presente manhã;
63 (20,52%) referiram ter sido no dia anterior; 39 (12,70%) afirmaram ter concebido uma ideia
no mês anterior; 27 (8,79%) no ano anterior; e, 15 (4,88%) não responderam essa questão
(Figura 1; Quadro 1).
Figura 1 – Proporção de ocorrência da última ideia criativa por gênero
Nestamanhã
OntemSemanapassada
Mêspassado
Anopassado
Embranco
Total
F 30 36 54 18 14 11 163
% 9,77% 11,72% 17,58% 5,86% 4,56% 3,58% 53,09%
M 31 27 48 21 13 4 144
% 10,09% 8,79% 15,63% 6,84% 4,23% 1,30% 46,91%
TOTAL 61 63 102 39 27 15 307
% 20% 21% 33% 13% 9% 5% 100%
050
100150200250300350
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Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.7, n.7, p.1-15, jan/jun. 2016.
Quadro 1 – Distribuição da última ocorrência de ideia criativa referida por curso e gênero
ADMINISTRAÇ
ÃO DIREITO
CIÊNCIAS
CONTÁBEIS
PSICO-
LOGIA
ARQUITET
URA
ENGENHARI
AS
Última
ocorrência
ideia
criativa
F M F M F M F M F M F M
Nesta
manhã 8 6 2 1 4 3 2 0
1
2 4 2
1
7
Ontem 3 9 8 1 5 3 7 0 9 4 4 1
0
Semana
passada 4
1
3
1
7 8 9 3 1 1
2
0 6 3
1
7
Mês
passado 7 6 2 2 2 5 1 0 5 0 1 8
Ano
passado 1 7 5 1 2 0 0 0 0 0 6 5
Em branco 3 0 0 0 2 2 0 0 0 0 6 2
Total 2
6
4
1
3
4
1
3
2
4
1
6
1
1 1
4
6
1
4
2
2
5
9
De acordo com os dados obtidos, foi possível visualizar que a maioria dos sujeitos da
pesquisa afirmou ter tido uma ideia criativa em um período de uma semana. Somando-se os que
referiram na semana passada (102), com aqueles que reportaram no dia anterior (63) e na manhã
do dia em que foi realizada a pesquisa (61), temos 73,61% dos participantes alegando a acepção
de ideias criativas.
Em relação aos tipos de ideias criativas manifestadas pelos sujeitos em suas respostas,
podem ser agrupadas em alguns temas, como por exemplo, presença de ideias criativas
relacionadas a alguma ação ou atitude no trabalho (75; 24,43%); ou em relação a disciplinas
cursadas na faculdade (67; 21,82%); também, entre as mais citadas, estão as ideias referentes a
projetos para inovação do próprio negócio. Vale ressaltar, ainda, que 33 (10,75%) pessoas
relataram ideias criativas direcionadas a fazer algo para si mesmo.
Além disso, é importante destacar que 34 (11,07%) não responderam essa questão ou
referiram não se lembrar da última ideia, fato que diverge do número de sujeitos que não
responderam à questão anterior (Tabela 2; Quadro 2).
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Rev. Científica Eletrônica UNISEB, Ribeirão Preto, v.7, n.7, p.1-15, jan/jun. 2016.
Tabela 2 – Distribuição por gêneros dos campos de ideias criativas, categorizados a partir das
respostas dos sujeitos da pesquisa.
DESCRIÇÃO DO TIPO DE IDEIA F M N %
Ideia sobre alguma ação ou atitude no trabalho 33 42 75 24,43%
Fazer algum presente e/ou surpresa para alguém 10 5 15 4,89%
Fazer algo para si mesmo 15 18 33 10,75%
Fazer uma refeição diferente 4 3 7 2,28%
Um projeto para seu negócio 28 22 50 16,29%
Em relação relacionamento amoroso 1 2 3 0,98%
Se tornar um empreendedor - iniciar novo negócio 4 6 10 3,26%
Contribuir com o meio ambiente 2 5 7 2,28%
Em relação às disciplinas cursadas na faculdade 39 28 67 21,82%
Em relação ao animal de estimação 1 0 1 0,33%
Não lembro 22 12 34 11,07%
Ajudar alguém 4 1 5 1,63%
TOTAL 163 144 307 100%
Quadro 2 – Distribuição por cursos e gêneros dos campos de ideias criativas, categorizados a partir
das respostas dos sujeitos da pesquisa.
CURSOS ADMINIS
TRAÇÃO DIREITO
CIÊNCIAS
CONTÁBEIS
PSICOLOG
IA
ARQUITETU
RA
ENGENHARIA
S
Tipos de ideias F M F M F M F M F M F M
Atitude no
trabalho 7
1
9 4 1
1
0 2 2 0 7 0 3
2
0
Fazer algo para
alguém 3 2 1 0 0 0 2 0 3 0 1 3
Fazer algo para
si mesmo 2 3 4 1 3 3 1 1 4 4 1 6
Refeição
diferente 1 2 3 1 0 0 0 0 0 0 0 0
Plano de
negócio 2 2 2 2 0 4 1 0
2
0 3 3
1
1
Relação
amorosa 1 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Ser
empreendedor 4 1 0 1 0 2 0 0 0 0 0 2
Atitude para
com ambiente 0 2 0 0 0 0 0 0 2 0 0 3
Disciplinas do
curso 0 5
1
6 5 7 3 5 0 8 5 3
1
0
Para animal de
estimação 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
Não lembro 5 3 4 1 0 2 0 0 2 2 1
1 4
Ajudar alguém 0 0 0 1 4 0 0 0 0 0 0 0
TOTAL 2
6
4
1
3
4
1
3
2
4
1
6
1
1 1
4
6
1
4
2
2
5
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Para Predebon (1998, P.32-33) “a criatividade vai muito além das artes, ela pode ser
encontrada em vários outros setores do dia-a-dia até mesmo na realização pessoal”. Essa
concepção pôde ser observada nas respostas de alguns alunos, que relataram sobre presença de
ideias criativas em relação relacionamento amoroso; fazer algo para si mesmo; em relação ao
animal de estimação; em fazer uma refeição diferente; em contribuir com o meio ambiente,
conforme detalhado no Quadro 2, acima.
A motivação é um fator facilitador da criatividade que está intrinsecamente relacionada
ao indivíduo podendo sofrer influências socioculturais e ambientais, como também de fatores
cognitivos e mentais pertinente a cada pessoa.
Deste modo, foi possível observar na presente pesquisa uma diversidade de fatores
motivacionais citados pelos sujeitos. Entre os aspectos motivacionais mais citados, destaca-se
a inovação (42; 13,91%) seguida de crescimento pessoal (31; 10,10%); e, necessidade
financeira e trabalho (28; 9,12%), ainda, crescimento profissional (25; 8,14%) (Tabela 3).
Tabela 3 – Distribuição dos fatores motivacionais citados pelos sujeitos da pesquisa por gênero
DESCRIÇÃO DOS FATORES MOTIVACIONAIS F M N %
Crescimento pessoal 14 17 31 10,10%
Inovação 20 22 42 13,68%
Analisar melhor uma ideia 2 1 3 0,98%
Facilitar o dia a dia 7 10 17 5,54%
Crescimento profissional 16 9 25 8,14%
Desafios 8 13 21 6,84%
Diferenças 12 5 17 5,54%
Família 2 2 4 1,30%
Religião 1 2 3 0,98%
Público 1 2 3 0,98%
Reduzir gastos 4 3 7 2,28%
Pensar no próximo 1 3 4 1,30%
Necessidade financeira 11 17 28 9,12%
Felicidade 3 5 8 2,61%
Trabalho 17 11 28 9,12%
Futuro 13 6 19 6,19%
Ouvir uma boa música 2 3 5 1,63%
Nenhuma resposta 19 9 28 9,12%
Saúde 1 0 1 0,33%
Necessidade fisiológica 1 3 4 1,30%
Leitura 8 1 9 2,93%
TOTAL 163 144 307 100%
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Dentre os fatores motivacionais mais citados pelos sujeitos da pesquisa, descritos acima,
observa-se que foram mais citados pelos alunos dos cursos de engenharias (civil, produção e
ambiental); seguido pelo curso de administração e arquitetura, conforme ilustrado na figura 2,
a seguir.
Pode-se observar também no presente estudo que, os cursos de administração seguido
de arquitetura e engenharias foram os que apresentaram a maior quantidade de respostas em
todas as questões, podendo assim ser considerados os cursos com maior potencial criativo, por
terem tido maior empenho e entusiasmo em responder a pesquisa.
Figura 2 – Fatores motivacionais mais citados por cursos
Vale ressaltar, que 28 (9,12%) dos alunos pesquisados não responderam essa questão,
um número significativo quando comparado aos fatores mais citados.
De acordo com Silva e Madruga (2007, p.23), em sua pesquisa com técnicos
administrativos, dentre os fatores motivacionais encontrados, destacou-se o poder, e que as
mulheres têm maior necessidade de poder do que os homens, além disso, ambos os gêneros
apresentam nível mediano de criatividade. Nesta pesquisa, nenhum aluno apontou o poder como
fator motivador. Infere-se que tal divergência ocorra devido ao fato de que o indivíduo enquanto
aluno, ainda, não se preocupa com a questão do poder, quando comparado com profissionais
em sua plena atuação.
Outro resultado destacado neste estudo são os fatores inibidores da criatividade.
Partindo da análise das respostas dos alunos da pesquisa, alguns fatores puderam ser elencados,
0
5
10
15
20
25
30
35
F M F M F M
ADMINISTRAÇÃO ARQUITETURA ENGENHARIAS
Crescimento pessoal 3 3 6 3 0 7
Inovação 2 6 9 2 1 9
Crescimento profissional 2 3 9 1 1 4
Necessidade financeira 2 5 2 0 3 11
Trabalho 3 4 0 0 3 4
Total 12 21 26 6 8 35
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como: comodismo (84; 27,36%); falta de tempo (73; 23,77%); falta de estímulo (44; 14,33%);
falta de vontade (31; 10,09%); desânimo (26; 8,46%), entre outros, conforme Tabela 4, a seguir.
Tabela 4 - Distribuição dos fatores inibidores de criatividade citados pelos sujeitos da pesquisa por
gênero
Descrição de fatores inibidores da criatividade F M N %
Comodismo 40 44 84 27,36%
Falta de tempo 43 30 73 23,77%
Falta de vontade 19 12 31 10,09%
Porque está tudo pronto 7 3 10 3,25%
Falta de leitura 3 4 7 2,28%
Medo 5 7 12 3,90%
Falta de estímulo 25 19 44 14,33%
Desânimo 14 12 26 8,46%
Dificuldade 0 1 1 0,33%
Alienação 1 2 3 0,98%
Falta de dinheiro 1 1 2 0,65%
Nenhuma resposta 5 9 14 4,56%
Total 163 144 307 100
%
Analisando os dados obtidos, observou-se que os cursos de engenharias; seguido pelo
de administração e arquitetura foram os que mais citaram os inibidores comodismo, falta de
tempo, falta de estímulo, falta de vontade e desânimo (Figura 3).
Figura 3 – Fatores inibidores de criatividade mais citados por cursos e gêneros
05
101520253035404550
F M F M F M
ADMINISTRAÇÃO ARQUITETURA ENGENHARIAS
Comodismo 4 12 15 8 8 14
Falta de tempo 9 9 2 0 5 17
Falta de vontade 4 2 8 4 3 4
Falta de estímulo 2 5 12 0 4 11
Desânimo 3 5 4 0 1 4
Total 22 33 41 12 21 50
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Verificou-se também que 14 (4,56%) dos alunos da pesquisa não responderam essa
questão.
Segundo alguns autores da literatura,é possivél notar nesse estudo, que são varios fatores
que podem inibir o individuo de pensar em coisas diferentes. Pois, durante toda sua formação
como ser humano o individuo adquiri varios tipos de conhecimento, o qual o cerceia dentro de
um comodismo de respostas prontas , dificultando assim de se exercer o seu potencial criativo.
Sendo assim, é necessário vencer esses bloqueios, deixando de ser um individuo
estagnado,saindo do comodismo, focando- se em coisas diferentes. Podendo assim conceber
novas ideias e se torna uma pessoa com grande potencial de criatividade.
Considerações finais
Este estudo buscou investigar a presença ou não da criatividade manifestada pelos
alunos de graduação de diferentes cursos em uma instituição universitária privada no município
de Ribeirão Preto, no seu cotidiano, seja no trabalho, na sala de aula ou em outras situações.
Foi possível verificar que a grande maioria referiu ter ideias criativas em todos os cursos,
e essas ideias puderam ser alocadas em diversos campos da vida diária, como: ideias criativas
relacionadas ao ambiente de trabalho; à faculdade; e, até mesmo em relação ao animal de
estimação ou relacionamento amoroso, dentre outros.
Dentre os vários fatores motivacionais elencados pelos alunos da pesquisa, destaca-se:
crescimento pessoal; inovação; família; trabalho; crescimento profissional, entre outros.
Além do mais, diversos fatores inibidores foram ressaltados pelos alunos, como:
comodismo; falta de tempo; falta de vontade; medo; entre outros.
A partir da presente pesquisa, foi possível concluir que a criatividade está presente na
vida de todo ser humano, em especial os alunos de graduação, independente do curso. Notou-
se, inclusive no que diz respeito a fatores básicos que a motivação é essencial para exercer a
criatividade. Além disso, é necessário também que o indivíduo saiba lidar com os bloqueios
mentais que impedem a ideia criativa, saindo da zona de conforto a que se limita, buscando
alternativas para minimizar determinadas condições que levam ao bloqueio da criatividade,
como normas e regras rígidas que cerceiam o crescimento das pessoas, entre outras.
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