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entrevista Geraldo Alckmin fala sobre eficiência e gestão Fecomércio SERVIÇOS BENS & Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul finanças O7 2 0 0 5 NOVEMBRO O equilíbrio entre dívidas e investimentos

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Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul

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O72 0 0 5

NOVEMBRO

O equilíbrio entredívidas e investimentos

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s umá r i oexpediente

12c o m é r c i o

Prevenção de golpesNo final de ano, com um maior fluxo de compras

e procura de serviços, o comércio se transforma

em um cenário propício aos falsários, que

aproveitam a agitação e a desatenção das

equipes nessa época para aplicar golpes

Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS

Federação do Comércio de Bens e Serviços

do Rio Grande do Sul

Rua Alberto Bins, 665 – 11º andarCentro – CEP 90030-142Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3286-5677Fax: (51) [email protected]

Presidência: Flavio Roberto Sabbadini

Vice-presidência: Antônio Trevisan, Ary Costa de Souza, DarciAlves Pereira, Flávio José Gomes, Ivo José Zaffari, Jorge LudwigWagner, José Alceu Marconato, José Vilásio Figueiredo, JulioRicardo Mottin, Luiz Caldas Milano, Luiz Carlos Bohn, ManuelSuarez, Moacyr Schukster, Olmiro Lautert Walendorff, Renato TurkFaria, Valcir Scortegagna, Zildo De Marchi

Diretoria: Adelmir Freitas Sciessere, Airto José Chiesa, AlbinoArthur Brendler, Alécio Lângaro Ughini, Arnildo Eckhardt, ArnoGleisner, Carlos Raimundo Calcagnotto, Celso Ladislau Kassick,Dagoberto de Oliveira Machado, Derli Neckel, Edson Luis daCunha, Eroci Alves dos Santos, Eugênio Arend, Francisco Amaral,Francisco de Paula Cantaluppi, Francisco José Franceschi,Gilberto Antônio Klein, Gilberto José Cremonese, GiseleMachado de Oliveira, Hans Georg Schreiber, Hélio Berneira,Hélio José Boeck, Henrique Gerchmann, Ibrahim Muhud AhmadMahmud, Ildoíno Pauletto, Itamar José Oliveira, Ivar AnélioUllrich, João Francisco Micelli Vieira, João Oscar Aurélio, JoarezMiguel Venço, Joel Carlos Köbe, Joel Vieira Dadda, Jorge AlbertoMacchi, Jovir Pedro Zambenedetti, Julio Roberto Lopes Martins,Lauro Fröhlich, Leonardo Ely Schreiner, Leonides Freddi, LevinoLuiz Crestani, Liones Bittencourt, Lucio Flávio Bopp Gaiger, LuisAntônio Baptistella, Luis Fernando de Mello Dalé, Luis Zampieri,Luiz Alberto Rigo, Luiz Henrique Hartmann, Marcos Rodrigues,Marice Fronchetti Guidugli, Maurício Eduardo Keller, Nelson LídioNunes, Nilton Luiz Bozzetti, Níssio Eskenazi, Olemar Antônio F.Teixeira, Pascoal Bavaresco, Paulo Roberto Käfer, Paulo RobertoKopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Regis Luiz Feldmann,Renzo Antonioli, Ricardo Machado Murillo, Ricardo Pedro Klein,Ricardo Tapia da Silva, Roberto Simon, Robson AthaydesMedeiros, Rodrigo Selbach da Silva, Rogério Fonseca, RudolfoJosé Mussnich, Rui Antônio dos Santos, Sergio José Abreu Neves,Sérgio Luiz Rossi, Sérgio Roberto H. Corrêa, Sírio Sandri,Susana Gladys C. Fogliatto, Valdo Dutra Alves Nunes, VilmarAlves Vieira, Walter Seewald

Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,Everton Dalla Vecchia, Flavio Roberto Sabbadini, Ivo José Zaffari,José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suarez, MoacyrSchukster e Zildo De Marchi

Assessoria de Comunicação: Catiúcia Ruas, FernandaRomagnoli e Simone Barañano. Aline Guterres e Juliana Maiesky(estagiários)

Produção e Execução:

Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)

Reportagem: Fernanda Reche, Marianna Senderowicz, RenataGiacobone, Svendla Chaves

Colaboração: Dagoberto Lima Godoy, Edgar Vasques, Francine deSouza, Laura Schenkel, Luciana Rangel, Moacyr Scliar, Roberto Luis Troster

Revisão: Flávio Dotti Cesa

Edição de Arte: Silvio Ribeiro

Capa: Silvio Ribeiro

Tiragem: 22.000 exemplares

É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.

Fone: (51) 3346-1194www.tematica-rs.com.br

Em xeque, o equilíbrioEmbora o endividamento seja um problema para boa

parte dos brasileiros, famílias, empresas e governos

podem utilizar os recursos externos sem temor se

souberem administrar suas finanças com habilidade

FecomércioSERVIÇOSBENS &

e s p e c i a l f i n a n ç a s

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segn

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g e s t ã o p ú b l i c a

Cuidando do que é nossoFórum Permanente de Gestão Pública reúne prefeitos

gaúchos para discutir novas formas de gestão e apresentar

experiências de sucesso na administração municipal

16

32 As duas faces do espelhoO mercado da beleza vem ganhando espaço

na economia brasileira. A profissionalização

no setor, no entanto, não cresce na mesma

medida que as empresas da área

40p r o f i s s i o n a l i z a ç ã o

Formação profissional dia e noiteAntecipando as comemorações dos seus 60 anos, o

Senac-RS anuncia a criação de uma escola 24 horas na

zona norte de Porto Alegre

e n t r e v i s t a

Eficiência e trabalhoO governador do Estado de São Paulo, Geraldo

Alckmin, é o candidato favorito à Presidência da

República na visão de executivos de grandes

empresas brasileiras. Confira entrevista exclusiva

f é r i a s

Sombra e água frescaPacotes da temporada de férias do Sesc-RS proporcionam

lazer e diversão para milhares de famílias, facilitando o

turismo para os empregados do comércio

34

b e l e z a

21

Ros

i B

onin

segn

a/Fe

com

érci

o-R

S

7 p a l a v r a d o p r e s i d e n t e

e s p a ç o d o l e i t o r

n o t í c i a s & n e g ó c i o s

o p i n i ã oRoberto Luis Troster15

6

8

c u l t u r a 22

v i s ã o t r i b u t á r i a

c r ô n i c a

p a r a l e r

50

36

p e s q u i s a

o p i n i ã oDagoberto Lima Godoy

42 v i s ã o t r a b a l h i s t a

24g u i a d e g e s t ã o

e u , e m p r e e n d e d o r

49

23

a g e n d a

38c o m u n i d a d e

44

45

48

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es

pa

ço

do

le

ito

r

Mensagens podem ser

enviadas para o e-mail

[email protected],

fone (51) 3284-2143, fax (51)

3346-1194 ou para Rua

Alberto Bins, 665/ 11° andar –

Centro – CEP 90030-142 –

Porto Alegre/RS, com o assunto

“Revista Fecomércio Bens &

Serviços”. Acrescente à sua

carta nome completo, forma-

ção ou atividade que exerce e

cidade em que reside. Por

motivo de espaço, os textos

poderão sofrer cortes.

“Moro em Londres

há quase dois anos

e tive acesso à re-

vista Bens & Serviços

por meio de um

amigo. Achei a pu-

blicação muito interessante, por abor-

dar, além dos temas relativos ao co-

mércio, os serviços prestados à comu-

nidade. A parte que mais me agradou

foi a seção Eu, empreendedor. Acredito

que ela pode se tornar um incentivo

para aqueles que, como eu, pretendem

ser, um dia, donos do próprio negócio.”

Erika Neres Markuart

Estudante – Inglaterra

“Gostaria de parabenizar, mais uma

vez, a Fecomércio-RS por suas inicia-

tivas. A revista Bens & Serviços tem

se posicionado de maneira brilhante

diante dos assuntos mais polêmicos.

Na edição de outubro gostei muito da

maneira como trataram o referendo, é

uma forma de sociabilizar o assunto e

mostrar que os co-

merciários estão de

olhos abertos para

questões maiores

que não só o pró-

prio umbigo.”

Thiago Oliveira

Comerciário – Osório/RS

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esde o plano individual até a

esfera governamental é pre-

ciso saber administrar o que

se recebe e o que se gasta. Despesa

maior que receita é resultado de má

administração de recursos – e falên-

cia na certa. Qualquer chefe de fa-

mília ou empresário sabe que, quan-

do não se tem dinheiro para investir

no próprio patrimônio, seja ele for-

mado por pessoas ou por bens, não

se podem esperar bons frutos. Para

proporcionar um futuro melhor para

nossos filhos, gastamos com educa-

ção e saúde. Se almejamos o cresci-

mento de uma empresa, precisamos

garantir investimentos em sua infra-

estrutura e na ampliação da produção.

Para atingir esses objetivos, se-

guidamente recorremos a financia-

mentos e empréstimos, por vezes

necessários ao desenvolvimento de

uma sociedade. Quando bem plane-

jados, se tornam dívidas saudáveis,

pois visam ao lucro posterior. O en-

dividamento deve ser utilizado para

ampliar recursos, não para sanar sua

falta. Se não há dinheiro sequer para

pagar as contas, pedir um empréstimo não é a saída: é ne-

cessário realocar os investimentos, administrar as despesas

e, principalmente, apertar o cinto nos gastos supérfluos.

Quando pedimos um financiamento, sabemos que ele

nos dará um retorno: a casa própria, o carro novo, a forma-

ção de um jovem ou o desenvolvimento de uma empresa.

O problema é quando gastamos o nosso dinheiro sem pers-

pectiva de ganho. Hoje, investimos no Estado sem saber

se teremos retorno, pois grande parte da receita é consu-

mida na máquina pública, mesmo com os recordes de arre-

cadação. Quanto mais se arrecada, mais se gasta. Assim, o

Estado não vai conseguir pagar suas dívidas e nem investir

os recursos que lhe são dados pela população.

Toda sociedade nasce a partir de uma estrutura de pes-

soas, e a parte não pode ser diferente do todo. Os gover-

nos não são mais importantes que nós. A administração

pública precisa ser uma reprodução do povo que repre-

senta: da sociedade, pela sociedade e para a sociedade.

D

Flavio Roberto Sabbadini

Presidente do Sistema Fecomércio-RS

finançasControlando as

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E d g a r V a s q u e s

Você e o seu bancoDireitos do usuário, pro-

cedimentos de seguran-

ça, operações financeiras,

informações sobre crédi-

to: estes são alguns dos

itens que compõem a car-

tilha Você e o seu Banco,

da Federação Brasileira de

Bancos (Febraban). A pu-

blicação está em sua terceira edição e tem como

objetivo esclarecer as dúvidas mais comuns da po-

pulação sobre o acesso aos serviços bancários. Para

consultar a cartilha, que também pode ser impressa

em papel, basta acessar o site da entidade:

www.febraban.org.br.

Culinária na OktoberfestA gastronomia alemã teve destaque na 21ª Oktoberfest de San-

ta Cruz do Sul, encerrada no 16 de outubro. Promoção da Coor-

denação Executiva da festa com apoio do Senac-RS, o 1º Con-

curso de Culinária Alemã - Categoria Cucas premiou a receita

mais criativa e saborosa apresentada na Escola de Culinária Ale-

mã, instalada no parque da feira. A aposentada Lorena Maria

Henn, 56 anos, conquistou o primeiro lugar com sua Cuca

Integral. A Escola promoveu workshops gratuitos de gastro-

nomia, ensinando como fazer cucas e biscoitos. O Sistema Feco-

mércio-RS também

esteve presente

com estante institu-

cional, onde foram

divulgados os pro-

dutos e serviços do

Senac e do Sesc.

Fra

ncis

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rant

z/S

enac

-RS

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Mercopar 2005A 14ª edição da Feira de

Subcontratação e Integra-

ção Industrial – Mercopar

2005, realizada entre os

dias 18 e 21 de outu-

bro em Caxias do Sul, apresentou um crescimento de

20,2% em volume de negócios fechados durante o perí-

odo em relação à edição anterior. O evento, promovido

pelo Sebrae-RS, contou com 368 expositores do setor

de plástico, borracha, automação industrial, eletroele-

trônico, metal-mecânico e serviços industriais e reuniu

23.759 participantes. Na foto acima, autoridades pre-

sentes na abertura do evento.

Fórum de PlanejamentoO 8° Fórum Estadual de Planejamento, promovido pelo

Sistema Fecomércio-RS, será realizado no dia 25 de no-

vembro. O encontro acontece na sede da entidade em

Porto Alegre e é voltado aos dirigentes dos 109 sindica-

tos filiados à Fecomércio.

Sesc e Senac Uruguaiana são modernizadosA comunidade de Uruguaiana rece-

beu, no dia 21 de outubro, as novas

instalações do Sesc e do Senac no

município. “Investimos R$ 1 milhão,

entre Sesc e Senac, para oferecer uma

tecnologia moderna e, assim, assegu-

rar melhor capacitação e qualificação

para o mercado de trabalho”, diz o

presidente do Sistema Fecomércio,

Flavio Sabbadini.

O Sesc atua desde 1956 no município

e oferece serviços de odontologia, aca-

demia de ginástica, atividades de recre-

ação, torneios, competições esportivas,

palestras, seminários, jornadas e encon-

tros, entre outros. O Senac, presente em

Uruguaiana há 44 anos, disponibiliza

cursos em diversas áreas e tem o foco

em Gestão, Comércio, e Saúde, além de

oferecer cursos técnicos de Comércio

Exterior e Enfermagem.

A nova estrutura disponibiliza uma sala

da direção, uma sala do setor pedagógi-

co, uma biblioteca, uma sala de pro-

fessores, dois laboratórios de informá-

tica, uma secretaria, um setor adminis-

trativo, nove salas de aula, um labora-

tório de enfermagem e um auditório

para 120 pessoas.

Semana do ComerciárioDe 24 a 30 de outubro, o Sesc-RS promoveu a Semana

do Comerciário, com atividades artístico-culturais e de

promoção da qualidade de vida no ambiente de trabalho.

A programação contou com espetáculos teatrais, Projeto

Spa para Você e as entregas do Prêmio Comerciário do

Ano 2005 nas 29 cidades gaúchas em que o Sesc possui

Centros de Atividades. No dia 30 – data em que se co-

memora o Dia do Comerciário –, o Sesc realizou o Show

do Comerciário, em parceria com o Jornal Diário Gaú-

cho e Lojas Multisom. O evento ocorreu no Anfiteatro

Pôr-do-Sol, em Porto Alegre, e foi comandado pelo comu-

nicador Gugu Streit e André Araújo.

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l e g i s l a ç ã o

Ressuscitada aMP do BemDepois de perder sua validade no dia

13 de outubro, por não ter sido vota-

da dentro do prazo necessário, a “MP

do Bem” (Medida Provisória 252/05)

teve vários de seus pontos recupera-

dos pela MP 255/05, aprovada pelo

Congresso no final de outubro. A me-

dida, entre outros aspectos, concede

benefícios tributários para vários seto-

res. Entre eles, estão a redução de PIS/

Cofins para o setor de informática e a

duplicação do teto do Simples, que

passa a ser de R$ 240 mil para micro-

empresas e de R$ 2,4 milhões para

empresas de pequeno porte.

Crimes contra aadministraçãoEstá em análise no Senado projeto do

senador Jefferson Péres que tem

como objetivo reforçar o combate a

crimes contra a administração públi-

ca. A proposição classifica como ato

de improbidade administrativa e cri-

me de responsabilidade o uso de pu-

blicidade oficial para promoção pes-

soal, alcançando todas as esferas do po-

der executivo. A prática já é proibida

pela Constituição, mas Jefferson des-

taca que a norma é seguidamente des-

respeitada, pela falta de tipificação ex-

plícita como ato ilícito.

Comemorações em Canoas

Responsabilidade socialA Associação dos Dirigentes de Vendas e Ma-

rketing do Brasil (ADVB) divulgou no final de

outubro a relação dos vencedores do Prêmio Top

de Marketing 2005. Avaliado por executivos e pro-

fissionais de marketing renomados no Estado, o case

“Sorrindo para o futuro”, do Sesc-RS, foi classificado como Destaque

Responsabilidade Social. A entrega do prêmio será no dia 17 de novem-

bro, às 19h30min, na sede do Grêmio Náutico União, na capital gaúcha.

Na comemoração de seus 30 anos,

o Sindilojas Canoas promoveu um

encontro com a imprensa local com

o objetivo de apresentar as ativida-

des desenvolvidas em prol do co-

mércio no município. O bate-papo

com os jornalistas foi conduzido

pelo presidente do Sindicato, Ro-

bson Medeiros, que falou das ban-

deiras defendidas pela entidade,

como combate à informalidade e a

alta carga tributária, do aquecimen-

to na economia do comércio de Ca-

noas e da readequação do Senac local.

O Senac Canoas, que completa dez

anos, está expandindo a sua estrutu-

ra e ampliando o leque de opções em

formação profissional. No próximo

ano, será disponibilizado curso supe-

rior na área de Moda.

Linha de crédito para o 13ºAs empresas clientes do Ban-

co do Brasil podem contratar fi-

nanciamento para o pagamento

do 13º salário aos seus funcio-

nários. Por meio da linha de cré-

dito, disponibilizada aos em-

presários há dez anos, já foram

contratadas cerca de 51 mil

operações, totalizando mais de

R$ 1,5 bilhão aplicado.

O limite para contratação do fi-

nanciamento é o valor da folha de

pagamento da empresa, acresci-

do dos encargos sociais. Para cli-

entes que efetuam o pagamento

da folha no BB, os encargos finan-

ceiros são TR + 1,80% a.m e, para

os demais clientes, TR + 2,70%

a.m., com pagamento em até 12

parcelas mensais e consecutivas.

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n o t í c i a s & n e g ó c i o s

Varejo na mídiaNo segundo trimestre de 2005, o varejo respondeu por

27,9% dos investimentos publicitários no país, com apli-

cação de mais de R$ 2,4 bilhões, segundo dados do Ibope

Monitor. A publicidade do setor é alavancada pelas lojas

de departamentos, que investiram aproximadamente R$ 1

bilhão entre abril e junho deste ano. Segundo o Ibope, o

crescimento nos investimentos deste segmento está rela-

cionado ao aumento da renda dos consumidores de clas-

ses mais baixas e às estratégias de mercado das grandes

redes, que figuram entre os principais anunciantes do Bra-

sil. Os segmentos de revendedoras e concessionárias de

veículos e supermercados e hipermercados também têm

participação significativa no bolo publicitário do varejo.

Principais Categorias setor Comércio Varejo – R$ (000)

Fonte: IBOPE Monitor - setor Comércio Varejo

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c omé r c i o

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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

uatrocentos milhões de dólares é o

prejuízo contabilizado anualmente

no Brasil, por causa de fraudes, golpes

e estelionatos. A maioria deles poderia ser evi-

tada com atitudes de prevenção simples.

Quem faz o alerta é o perito grafotécnico

Arnaldo Ferreira dos Santos, membro do

Instituto Brasileiro de Criminalística. Só em

supermercados, as fraudes causam um rom-

bo de 1% no faturamento. No comércio em

geral, esse número chega a 3,2% (somando

roubos). Para os golpes, os expedientes uti-

lizados são os mais diversos: cheques e car-

tões clonados, notas falsas, identidades rou-

badas. Alguns deles são articulados por meio

de esquemas sofisticados e formação de qua-

drilhas especializadas.

As maiores vítimas das ações

ilícitas são prestadoras de servi-

ço: postos de gasolina, bares, res-

taurantes. “Lugares onde só de-

pois da compra se discutem as

formas de pagamento”, comen-

ta Santos. O grafotécnico res-

salta que 86% dos casos de

fraudes não acontecem neces-

sariamente por habilidade do

falsário. A ingenuidade, a boa

fé, o julgamento pela aparên-

cia e a desinformação são gran-

des aliados dos golpistas.

“O alvo favorito dos contraventores são as grandes

cidades”, afirma Lorenzo Parodi, especialista em comba-

te de fraudes e lavagem de dinheiro e autor do livro “Ma-

nual das Fraudes” (Editora Brasport). Ambientes cheios,

com grandes filas e, por conseqüência, nível de atenção

mais baixo dos atendentes facilitam a ação dos golpistas.

No final do ano, a agitação é ainda maior. Santos ressalta

que nesta época o comércio tem uma população flutuan-

te. “Colocam-se novos atendentes e às vezes não existe a

preocupação em passar informações mínimas necessárias

para o pessoal”, adverte. O grande número de novos

empregados, muitos deles despreparados em relação à

identificação de documentos fraudados, torna-se, então,

um dos motivos para o sucesso dos golpes.

“Orientações que levam, em geral, de duas a três ho-

ras poderiam impedir prejuízos”, comenta Parodi. As ve-

rificações de segurança, que durariam no máximo um mi-

nuto, acabam sendo relegadas a segundo plano por causa

da pressão para atender rapidamente. “Assim, abre-se uma

brecha para que falsários passem tranqüilamente”, escla-

rece Parodi, que acrescenta: “Nos horários de pico, o in-

dicado seria aumentar o número de caixas ou haver um

back office encarregado de verificar os dados”.

A recomendação dos especialistas é que os estabele-

cimentos sempre solicitem o documento de identifica-

ção do cliente. Uma vez com a cédula nas mãos, conse-

gue-se inibir um ato fraudulento. A falsificação da cartei-

ra de identidade, por exemplo, ainda é responsável por

72% dos golpes aplicados no comércio e nos bancos. Ob-

servar se a data de nascimento e data de expedição do

documento são verossímeis, e tatear o campo da foto para

No final de ano,

aumenta o fluxo

de compras e a

procura de

serviços em geral.

Nesta época, o

comércio se

transforma em

terreno fértil para

os falsários, que

aproveitam a

agitação e

desatenção para

aplicar golpes

Prevenção de

golpesQ

Arnaldo Ferreira dos Santos

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FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

checar indício de relevo

excessivo (resultado de

uma foto colada sobre

outra) são algumas das

dicas a serem seguidas.

“O golpista, via de

regra, tem um nome

hoje, ontem era outro e

amanhã também”, expli-

ca Santos. Acostumado

a responder a questões

a respeito do número do

RG ou telefone, o falsário é surpreendido quando alguém

sai desse script. Desta forma, só o fato de pedir a carteira

de identidade e fazer perguntas como “Qual o nome de

sua mãe?” ou, de repente, “o senhor é filho da dona Fula-

na?” pode desmascarar um falsário. “Isso tudo deve ser fei-

to com sutileza e habilidade, para que não haja o constran-

gimento a uma pessoa idônea”, lembra o perito.

Pódio nada bem-vindoO cartão de crédito é um dos recursos cada vez mais

usados para golpes. Santos ressalta que o Brasil é o pri-

meiro no ranking de falsificações de cartão. É comum que

golpistas efetuem várias compras em um curto espaço de

tempo quando se utilizam de cartões adulterados ou rou-

bados. “Geralmente, eles adquirem produtos de fácil re-

venda”, afirma Santos. “É inadmissível entregar produtos

sem que haja cuidado no que diz respeito a se pessoa é

dona do cartão”, complementa ele ao esclarecer que hoje

é predominante a venda com cartão sem que se peça a

identidade. Isso causa insegurança também no cliente, uma

vez que qualquer pessoa, estando de posse do seu cartão,

poderia fazer uso fraudulento, com sucesso.

No golpe do cartão clonado, o falsário rouba os da-

dos de um cartão sem que o titular perceba e registra as

informações em outro. Desta forma, os dados regis-

trados na banda magnética são diferentes dos apre-

sentados no cartão físico. Verificar se os dados estam-

pados no cartão físico coincidem com os impressos pela

máquina no recibo de compra é um processo de alguns

segundos que pode evitar danos de R$ 4 mil, R$ 6 mil

reais (valor das aquisições geralmente efetu-

adas com cartões clonados) às empresas.

A tecnologia propicia que falsificações de

maior qualidade estejam em circulação.

A maioria delas são de notas de R$ 10 e R$

50. Estimativas apontam que a falsificação

equivale a 0,01% do total de cédulas circu-

lantes no país. No ano de 2003, foram apre-

endidas aproximadamente 450 mil cédulas fal-

sificadas, representando mais de R$ 14 milhões.

Antes de aplicar o golpe da nota falsa, o

falsário normalmente faz um teste com uma

verdadeira. Efetua uma compra de pequeno

valor e observa o comportamento do aten-

dente: se tem alguma artimanha para identi-

ficar alterações, se apenas usa o tato. Depois

disso, tenta passar a cédula falsa. Parodi

orienta que com a checagem de três ou qua-

tro pontos de controle de segurança (impres-

são em relevo, marca d’agua, fio de seguran-

ça e microcaracteres) pode-se reconhecer

uma cédula forjada.

Scanners de alta resolução e fotocopia-

doras coloridas com 98% de resolução gráfi-

ca facilitam, também, a reprodução de che-

ques. Identificar adequadamente o cliente, ve-

rificar na margem esquerda do cheque se exis-

te uma microsserrilha (os clonados não têm

essa característica), atentar-se a possíveis al-

Cuidado na internetom o uso cada vez maior da internet para efetuar serviços

financeiros e compras, os golpes via web também

aumentaram. Segundo Arnaldo Ferreira dos Santos, existem no

Brasil mais de 12 milhões de pessoas que usam serviços financeiros

via web e cerca de 3 milhões que fazem compras on-line. Ele alerta

que roubos de contas bancárias por fraudes via e-mail, chamados

Phishing Scam, já foram responsáveis por prejuízos superiores a

R$ 100 milhões. “Em 2005 esse valor deve ser maior, pelo que

temos visto nesses primeiros meses”, alerta o perito.

C

Lorenzo Parodi

Arq

uivo

pes

soal

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terações no valor (R$ 3 mil pode virar R$

13 mil) ou ao preenchimento com caneta

de cor diferente pode ajudar a evitar sur-

presas na hora de descontar um cheque.

Golpe desmascaradoE quando for identificado um falsário,

o que fazer? Santos explica que não é res-

ponsabilidade do estabelecimento pren-

der o falsário. “O que é importante é ini-

bir a fraude”, esclarece. Assim que o gol-

pista perceber que foi desmascarado, su-

mirá rapidamente. Ele ressalta que, em alguns

casos, chamar o segurança ou fechar a porta

da empresa pode resultar em desconforto aos

demais clientes. Para evitar confrontos físicos

desnecessários, pode-se observar as caracte-

rísticas do golpista e reportar aos órgãos res-

ponsáveis. Uma vez que a fraude não teve sucesso, o fal-

sário tentará aplicá-la em outros locais. Se a atenção fosse

redobrada na hora da identificação, a redução do número de

fraudes poderia chegar à marca de 32%. “Muitos empresári-

os, no entanto, esquecem que evitar prejuízo também é lu-

cro”, conclui Santos.

Como detectar um falsárioPreste atenção para as seguintes características. Elas

podem ajudá-lo na hora de reconhecer um suspeito falsário:

Bem vestido

Olhar nervoso

Pressa

Explicações demasiadas

Mão trêmula ao assinar

Olha para o cartão ao assinar (documento)

Compra produtos de fácil revenda

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custo do dinheiro é uma variável cha-

ve em qualquer análise sobre a econo-

mia brasileira. Quanto mais elevado for,

maiores serão os índices de inadimplência e

desemprego, e observaremos valores menores

de investimento, de consumo e de produção.

Com um alto nível de taxas, não há desenvolvi-

mento sustentado. São muitas as variáveis que

devem ser consideradas ao se definir a taxa de

juros. Todavia, as três causas mais importantes

para explicar o patamar dos juros no

Brasil são o quadro institucional, a fra-

gilidade do equilíbrio macroeconô-

mico e a tributação.

O quadro institucional dos ban-

cos é uma colcha de retalhos, resulta-

do de ações e intervenções imediatistas,

e não de um planejamento cuidadoso.

São necessárias regras específicas que

dêem um tratamento justo ao toma-

dor de recursos, garantam o retorno dos depó-

sitos e diminuam riscos. Boas regras promovem

uma boa intermediação e têm de ser fundamen-

tadas nos princípios de estabilidade, eficiência

e justiça. Algumas distorções fazem com que a

aplicação da justiça seja cara e lenta. O impacto

jurídico-institucional dessas distorções pode ser

aferido na estrutura dos juros. Quanto maior é

a segurança jurídica das garantias de um em-

préstimo, menor é a taxa exigida.

A segunda causa de taxas elevadas é a fragi-

lidade do quadro macroeconômico. Nossa his-

tória está permeada de relatos de inflação, moratórias, cri-

ses cambiais e surtos de crescimento seguidos de reces-

sões. Todos são sintomas do mesmo mal: o descontrole

das finanças do governo. Melhorias consistentes e dura-

douras nos indicadores macroeconômicos demandam de-

terminação política para baixar o patamar de juros básico

de forma segura e alargar nossos horizontes temporais.

O terceiro motivo do nível elevado de juros é a tri-

butação direta e indireta das operações bancárias. São

muitos impostos e contribuições, cujas condições são

alteradas com freqüência. Tam-

bém há tributos implícitos, tais

como depósitos compulsórios

que equivalem a empréstimos vo-

lumosos a custo abaixo da capta-

ção, aplicações obrigatórias defi-

citárias e a proibição de deduzir

algumas despesas incorridas.

A tributação distorcida acaba re-

duzindo a arrecadação do gover-

no e uma cunha muito elevada acaba por diminuir a ofer-

ta de crédito. O resultado é menos crescimento, mais

inadimplência e mais desemprego.

Nos últimos anos, houve avanços na diminuição do

spread, todavia há muito para ser feito ainda. Para isso, é

necessária uma política macroeconômica boa e consisten-

te; uma tributação justa e eficiente que maximize receitas

tributárias ao longo do tempo; restrições operacionais que

promovam a eficiência e estabilidade bancária e manuten-

ção da competitividade do setor bancário.

ORoberto Luis Troster*

Quanto mais elevado

o custo do dinheiro,

maiores os índices

de inadimplência e

desemprego

* Economista chefe da Febraban e professor titular da PUC-SP

Div

ulga

ção

Febr

aban

O custo do dinheiro

no Brasil

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G e r a l d o A l c k m i n

Geraldo Alckmin Filho, governador do Estado de São Paulo, tem 53 anos e começou sua vida

política aos 19. Possível candidato à Presidência da República nas eleições de 2006, o

governador aguarda definição do seu partido, PSDB, e é o favorito entre executivos de

grandes empresas brasileiras. No final de outubro, Alckmin esteve em Porto Alegre e, após

palestra na Federasul, concedeu entrevista exclusiva à revista Bens & Serviços.

Ros

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B S O senhor foi recentemente apontado

por dirigentes das maiores empresas brasi-

leiras como candidato favorito à Presidên-

cia da República, conforme a Pesquisa Exa-

me/Vox Populi. A que atribui tanto prestí-

gio no meio empresarial?

A l c k m i n Na realidade, eu até me sur-

preendi com essa pesquisa, mas entendo

que nós temos todas as condições para dar

um salto de qualidade no Brasil na questão

do emprego, da renda, do trabalho e de

oportunidades para as pessoas. Há necessi-

dade de se buscar a eficiência tributária, ad-

ministrativa, de infra-estrutura e logística.

Esse é o bom caminho. Estas crises todas mos-

traram que não há “salvador

da pátria”. Nem de direita

nem de esquerda. O caminho

é trabalho, trabalho e trabalho.

B S A sua forma de adminis-

trar o Estado é, por vezes,

comparada à forma de admi-

nistrar uma empresa. O senhor

já teve uma breve passagem

pelo mundo do empreende-

dorismo. É possível traçar um paralelo entre a gestão

na esfera pública e na iniciativa privada?

A l c k m i n A eficiência vale para todos, tanto na ini-

ciativa privada quanto na administração pública. Eu

diria o seguinte: não há governo ético se ele não é

eficiente. A eficiência faz parte do novo conceito da

ética, porque dinheiro público é sagrado. Você pre-

cisa fazer mais com o mesmo dinheiro. É necessário

Eficiência

e trabalho“As crises mostraram que não

há ‘salvador da pátria’.

Nem de direita nem de

esquerda. O caminho é

trabalho, trabalho e trabalho.”

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melhorar o custo/benefício das coisas. En-

tão você deve incorporar novos modelos ge-

renciais, tecnologia da informação, compras

eletrônicas, enfim. E também é preciso es-

colher bem. Governar é escolher. Deve-se

priorizar a questão social. Eu não sou fa-

vorável ao Estado Mínimo ou à desregula-

ção do Estado. Eu sou favorável à regulação

eficiente, que é diferente. O governo tem um

papel importante, mas uma regulação efi-

ciente é necessária.

B S Como melhorar a qualidade do gasto público, in-

dependentemente da esfera de governo?

A l c k m i n Fechando todas as torneiras do desperdício,

enxugando as estruturas e trazendo o setor privado para

ser parceiro também, porque não é possível imaginar que

o governo tenha condições de fazer toda a infra-estrutu-

ra de que o país precisa. Então é importante aumentar

fortemente o investimento público e implementar o in-

vestimento privado, seja através de concessões, seja por

meio de parcerias público-privadas.

B S Quais as características de um bom gestor da má-

quina pública?

A l c k m i n O governo tem de interagir com a socieda-

de. Aí se erra menos. Não se extinge a possibilidade

de erro, mas se acerta mais. É preciso deixar de lado

o “governo de gabinete”, estar sempre ouvindo e tomar

decisões rápidas.

B S A quais áreas o senhor daria maior prioridade e que

medidas tomaria se fosse hoje o presidente da República?

A l c k m i n Prioridade é emprego, emprego e empre-

go. Renda, renda e renda. Aí se tem um conjunto de

áreas: educação, saúde, segurança pública... São diver-

sas questões, mas eu acredito que o foco central é a

questão do desenvolvimento, setores mais estrutu-

rantes, e educação. É necessário um mutirão, uma ob-

sessão pela qualidade educacional.

B S Enquanto alguns estados apostaram no aumento

de alíquotas de impostos vislumbrando uma maior ar-

“É necessário encontrar formas

para evitar a informalidade.

É preciso dar condições para

que ela venha para dentro da

economia formal.”

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recadação, o senhor fez o inverso, redu-

zindo a alíquota do ICMS para diversos

setores, e alcançou o mesmo objetivo. O se-

nhor acredita que a sonegação e a informa-

lidade diminuem se o empresário tiver uma

carga tributária mais leve?

A l c k m i n A carga tributária empurra para

a informalidade, mas eu diria que o aumen-

to de carga tributária no Brasil não ocor-

reu pelos estados, e sim na área federal atra-

vés das contribuições: CPMF, PIS, Cofins

e CSLL. Nesse campo, tivemos um gran-

de aumento de carga tributária.

B S Mas a alíquota do ICMS aqui no Rio

Grande do Sul sofreu aumento em alguns

setores...

A l c k m i n É, este foi um caso específico e

em uma circunstância também mais comple-

xa, não é possível comparar as coisas. Em São

Paulo são doze anos de esforço, a administra-

ção do imposto não foi feita do dia para a noite.

B S E qual a sua opinião sobre a criação de

uma alíquota única de ICMS para todos os

estados brasileiros?

A l c k m i n Sou plenamente favorável, a re-

forma do ICMS é positiva. O nosso siste-

ma tributário precisa ser simplificado, pois

ele favorece sonegação e tem custo muito

alto. Só a reforma do ICMS pode ser pou-

co, mas é melhor do que nada. A reforma

fiscal é, sobretudo, importante, pois dis-

cute receita e despesa, e precisamos discu-

tir também a qualidade do gasto público.

B S E como o senhor vê a questão da informalidade?

A l c k m i n É preocupante, em alguns setores a infor-

malidade tomou conta. Precisamos diminuir a informa-

lidade, não só reduzindo a carga tributária, como deso-

nerando a folha de salários na medida do possível. É ne-

cessário encontrar outras formas para poder incorporar,

proteger os trabalhadores, evitar esta informalidade tão

alta. Ela não tem inovação tec-

nológica, não exporta e não

protege o trabalhador. Ela é,

muitas vezes, a sobrevivência,

então é preciso dar condições

para trazê-la para dentro da

economia formal.

B S O senhor apóia a apro-

vação da Lei Geral das Mi-

cro e Pequenas Empresas,

que visa desburocratizar e

incentivar o empreendedo-

rismo no país?

A l c k m i n Apóio. Em São

Paulo até já nos antecipamos.

A microempresa já tem o li-

mite de até 240 mil no Sim-

ples, e para a pequena já é de

R$ 2,4 milhões, sendo que o

benefício é cumulativo. É fun-

damental apoiar o pequeno

empreendedor. Ele tem que

ter tratamento diferenciado:

tributário, creditício, apoio

“Apoiar o pequeno

empreendedor em todas as áreas

– agricultura, comércio, serviços,

indústria – é um dever. Ele tem

que ter tratamento diferenciado.”

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tecnológico. Apoiar o empreendedor em

todas as áreas – agricultura, comércio, ser-

viços, indústria – é dever.

B S Com quase dois mandatos no governo

de São Paulo, o senhor acredita que já con-

seguiu cumprir suas principais metas, seus

objetivos iniciais?

A l c k m i n Não, falta muito. Mas o Estado

melhorou.

B S O que o senhor ainda gostaria de fazer?

A l c k m i n Nós temos grandes desafios. Por

exemplo: a segurança pública, embora os

índices estejam em queda há cinco anos,

ainda precisa melhorar mais. Em saúde, a mortalida-

de infantil caiu. A expectativa de vida subiu. O nosso

esforço agora é oferecer o avanço tecnológico para o

conjunto da população do SUS. Estamos procurando

localizar os novos hospitais em regiões bem periféri-

cas, para atender mais a população.

B S Quais as suas principais críticas ao governo Lula?

A l c k m i n Ao Lula? Olha, pessoal eu não tenho ne-

nhuma. Agora, o governo não funciona, o presidente

não comanda, e o país está estupefato com a dis-

seminação da questão da corrupção, fruto de uma

mistura indevida público-privado, partido-governo.

Aí está o âmago disso: uma mistura indevida para con-

fundir o partido que é parte, o governo que é todo e

o público-privado.

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Ronda Alta e Santiago abordarão os cases de

desenvolvimento sustentável implantados

em seus municípios. O novo modelo de ges-

tão de Porto Alegre faz ainda parte da pro-

gramação, que destacará momentos especí-

ficos para a apresentação de projetos espe-

ciais relativos à gestão pública, como o Prê-

mio Sebrae Prefeito Empreendedor Lourei-

ro da Silva e o Prêmio de Qualidade em Ges-

tão Pública, do PGQP. Outra iniciativa a ser

destacada é o Programa Gestão Municipal

Empreendedora, parceria entre Sebrae-RS,

PGQP e Sistema Fecomércio-RS.

Levando informação aos prefeitos gaúchos e

estimulando a troca de experiências, o Fórum

Permanente de Gestão Pública terá sua segunda

edição no dia 29 de novembro, em Porto Alegre

Cuidando do que

é nossoromover o desenvolvimento social e econômico

nas comunidades gaúchas. Este é um dos objeti-

vos da Fecomércio-RS ao promover o Fórum Per-

manente de Gestão Pública, que acontece no próximo

dia 29, no Centro de Eventos do hotel Plaza São Rafael,

em Porto Alegre. Realizado pela primeira vez em 2004,

o evento é resultado de uma parceria com o Sebrae-RS

e o Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade

(PGQP) e vai reunir os prefeitos gaúchos para discutir

temas ligados à administração governamental e ao de-

senvolvimento sustentável. A intenção é firmar agendas

positivas que atendam às demandas de cada localidade,

em consonância com os empreendedores locais. Para au-

xiliar os prefeitos, a Fecomércio-RS preparou, no ano pas-

sado, a publicação Gestão Pública e Perfil dos Municípios Gaú-

chos, diagnosticando a situação das cidades gaúchas no que

diz respeito a temas como responsabilidade fiscal, capaci-

dade de investimento, arrecadação e indicadores sociais.

Para o presidente da Fecomércio-RS e do Conselho

Deliberativo do Sebrae-RS, Flavio Sabbadini, as melho-

rias necessárias em cada município dependem, em gran-

de parte, da criatividade dos administradores públicos:

“Não existe uma receita que se aplique em todos os lu-

gares. É necessário que os prefeitos conheçam suas co-

munidades, tenham indicadores de qualidade e executem

ações que possam dar resultado também a longo prazo”.

Entre os palestrantes programados para o Fórum des-

te ano está o jornalista Arnaldo Jabor, que deverá dis-

correr sobre a crise política brasileira. Os prefeitos de

P

Ant

onio

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rrei

ro/F

ecom

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Fórum de Gestão Pública realizado em 2004 reuniu mais de 200 prefeitos

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riada em 1991, a Lei Federal de Incenti-

vo à Cultura é resultado de projeto sub-

metido pelo então secretário de Cultura

do governo Collor, Sérgio Paulo Rouanet, que

acabou cedendo seu nome à legislação. Desde

então, a Lei foi alterada diversas vezes, mas ain-

da mantém sua idéia básica: promover a parti-

cipação da iniciativa privada no financiamento

de atividades culturais, usando o mecanismo

de renúncia fiscal. Em 2004, a Lei Rouanet ba-

teu recordes de captação de recursos, reunindo

R$ 490 milhões em benefício de 5.243 projetos

culturais. Para este ano, a expectativa do Minis-

tério da Cultura é chegar a 8 mil iniciativas.

Reunindo artes e

financiamento

C

Enquanto aguarda o trâmite de um decreto que

irá regulamentá-la, a Lei Rouanet de incentivos

fiscais à cultura bate recordes em número de

projetos inscritos e captação de recursos

Uma ação de peso que tem a chancela da Lei é a

5ª Bienal do Mercosul, evento de arte em curso em

Porto Alegre até 4 de dezembro. O ministro da Cultu-

ra, Gilberto Gil, esteve na capital gaúcha para a abertu-

ra da Bienal, firmando também protocolos de inten-

ções do Sistema Nacional de Cultura (SNC), com o

governo do Rio Grande do Sul e 30 municípios gaú-

chos. O objetivo do SNC é envolver União, estados e

municípios na articulação e gestão das políticas públi-

cas de cultura, criando integração nacional. “É nas pe-

quenas comunidades, nos agrupamentos humanos, que

se faz a cultura, não no gabinete dos ministros ou dos

governadores. A cultura se manifesta onde estão os ci-

dadãos. E a unidade política básica da vida dos indiví-

duos é a municipalidade”, justifica o ministro.

Gil garante que o sistema vai auxiliar os investido-

res a selecionar as atividades mais adequadas para cada

município e reage às críticas de que o SNC possa do-

tar o Estado de um instrumento dirigista, que bene-

ficie apenas determinadas iniciativas. Segundo o mi-

nistro, mesmo com o sistema, as empresas poderão

continuar optando pelos projetos que preferirem: “O

que temos de buscar junto ao empresariado brasileiro

é que ele, ao lado de fazer seu marketing cultural, faça

também política pública”.

Está em trâmite no governo federal o decreto que

vai regulamentar a Lei Rouanet. Entre as alterações,

estão medidas que pretendem descentralizar ainda mais

a utilização dos incentivos, beneficiando regiões que

não têm tradição na captação de recursos.Ministro Gilberto Gil esteve em Porto Alegre na abertura da Bienal do Mercosul

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iante da globalização da economia, as

empresas brasileiras estão acuadas por

muitas demandas contraditórias. Com-

petitividade é a palavra de ordem, utilizada por

todos, porém em contextos e com significados

diversos. O governo que escancara nossas fron-

teiras comerciais – justificando a

abertura como meio de obrigar-nos

a ser mais competitivos – é o mes-

mo responsável pela escalada de

impostos que já consome mais de

30% do PIB e pouco investe para

enfrentar as deficiências de infra-

estrutura social e econômica.

Também nas relações do traba-

lho se sobressaem as contradições.

Enquanto a Europa social-democrata revisa seu

mito do “welfare state” e suas rígidas regras de

contratação do trabalho, a fim de conter o de-

semprego e recuperar a competitividade, inclu-

sive diante da ameaça chinesa, no Brasil, o que

temos? Continua prevalecendo o paternalismo,

encostado na legislação anacrônica e na velha

cultura de políticos e sindicalistas. Estes exi-

gem das empresas eficiência suficiente para pa-

gar impostos, salários, contribuições e benefí-

cios sociais, mas investem com fúria contra a

“frieza” do estressado empresário que é forçado a enxugar

seu quadro de pessoal.

Até há pouco, a OIT era uma fonte realimentadora

dessa visão equivocada. Desde a década de 90, entretanto,

a luta desenvolvida pelos empregadores, entre os quais, os

brasileiros representados na OIT pelas confederações em-

presariais, começou a obter resultados. É claro que as evi-

dências impostas pela globalização dos mercados foi, tam-

bém, fundamental. O certo é que a OIT vem, aos poucos,

flexibilizando sua cultura paternalista para pôr em primei-

ro plano os objetivos da geração

de empregos e da prevalência dos

acordos negociados coletivamente.

Foi com esse novo respaldo da

OIT que se instalou o Fórum Na-

cional do Trabalho. Nele temos ba-

talhado para remover a barreira da

cultura antiga, que se aferra ao cli-

chê “capital versus trabalho” e vê

no empresário não um empreen-

dedor, mas um ganancioso explorador do empregado “hi-

possuficiente”. Essa cultura preconceituosa não enxerga a

realidade escancarada: empresa bem-sucedida, no novo mi-

lênio, é aquela que descobriu que é indispensável fazer o

mesmo com seus colaboradores tanto quanto conquistar e

encantar seu cliente. Precisamos reformar a legislação que

pressupõe o conflito, a fim de dar espaço à cooperação e à

sinergia no seio das empresas – por isso e só assim – bem-

sucedidas em promover riqueza e bem-estar social.

D

Dagoberto Lima Godoy*

A OIT vem se

flexibilizando para pôr

em primeiro plano os

objetivos da geração

de empregos

*Membro do Conselho de Administração da OIT

Div

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Competitividade e

trabalho

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oi-se o tempo em que, para se ter uma

boa imagem perante o mercado, basta-

va oferecer bons produtos e serviços,

tratar de forma coerente seus fornecedores e

parceiros e contar com uma boa política de

recursos humanos. Hoje em dia, para ganhar

o respeito dos clientes e do público em geral,

a empresa precisa adicionar às suas compe-

tências básicas a chamada responsabilida-

de social. Mas aqui entra uma pergunta:

como o empreendedor de empresas de mi-

cro e pequeno portes, que não conta com

recursos extras nem excesso de capital hu-

mano, pode ajudar a melhorar a sociedade na

qual está inserido?

Antes de tudo, cabe ressaltar que respon-

sabilidade social não é caridade nem filantro-

pia – é compromisso social. “A maioria das em-

presas pensa em responsabilidade social como doações

de dinheiro, mas esta é uma concepção equivocada. Exis-

tem várias outras formas de se contribuir para o desen-

volvimento de entidades sem que se gaste muito dinhei-

ro, principalmente com trabalho”, afirma a consultora do

Sebrae-RS Nara Liane Prieto Silveira.

“Há uma grande diferença entre a ação social, que é

pontual, com atividades específicas, e a responsabilidade

social, que envolve metas de gestão compatíveis com de-

senvolvimento da sociedade e do meio ambiente em que

estamos inseridos”, destaca Emilio Martos, coordenador do

núcleo de articulação de redes e parcerias do Instituto Ethos

de Empresas e Responsabilidade Social. “Isso não significa

que uma doação de alimentos não seja importante, princi-

palmente porque é uma forma de ajudar quem tem fome, e

sim que uma política de responsabilidade social deve, além

de planejar ações como esta, monitorar seus resultados e

garantir o desenvolvimento daquela comunidade”, explica.

Somos todos

responsáveisF

Cada vez mais

organizações

ampliam seu ramo

de atuação para

ações que visam à

melhoria da

comunidade, mas

muitas ainda não

sabem como gerir

seus negócios de

forma socialmente

responsável

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É bom lembrar que todo empresário em dia com suas

obrigações fiscais e trabalhistas já faz, de alguma forma,

sua parte. E não é só isso: as empresas do comércio de

bens e de serviços, não optantes do Simples, contribuem

com o Sesc, que reverte esta receita em ações sociais. “As

atividades desenvolvidas pelo Sesc, que são custeadas pe-

los empresários do comércio, já são uma forma de prati-

car a responsabilidade social. Os empresários a prati-

cam e nem sabem”, conta o diretor regional do Sesc-

RS, Everton Dalla Vecchia. “A responsabilidade social

empresarial é uma forma de conduzir os negócios que

torna a empresa parceira e co-responsável pelo desen-

volvimento social. Caracteriza-se como empresa so-

cialmente responsável aquela que possui capacidade

de ouvir e procurar atender às necessidades de seus

diferentes públicos”, acrescenta o diretor.

Para os empresários, outra boa maneira de aderir a uma

gestão socialmente responsável é promovendo um trabalho

de conscientização entre seus colaboradores, que podem

se transformar em excelentes propagadores da idéia, além

de se sentirem felizes por ajudar a quem precisa. “O traba-

lho voluntário, além de essencial para aqueles que não têm

como pagar, traz uma sensação de bem-estar inigualável a

quem o realiza, e pode melhorar a vida não só de quem é

beneficiado, mas de quem se doa um pouco em função de

uma sociedade melhor”, garante a consultora Nara. “Entre-

tanto, é importante que toda essa mobilização seja feita por

vontade própria, sem impor ordens aos funcionários. Só

assim eles saberão que estão contribuindo”, acrescenta.

“Que tal convidar seus colaboradores para passar um

dia por mês em alguma instituição beneficente? Em apenas

12 visitas anuais é possível ajudar a manter o jardim bonito,

as salas limpas ou as paredes bem pintadas”, destaca Nara.

“Recreação com crianças carentes também é uma opção,

assim como promover dias para contar histórias ou apenas

conversar”, lembra ela. “O importante é saber que a ajuda

não precisa ser em dinheiro, nem todos os dias, mas deve

ser mantida, para não criar falsas expectativas naqueles que

não têm mais a quem recorrer.”

Outras formas de se exercer a responsabilidade social

estão ao nosso alcance diariamente, mas muitas vezes são

desmerecidas por empresários e funcionários. “Evitar o

desperdício, seja de materiais, água ou ener-

gia elétrica, também é um passo para um mun-

do sustentável. Muitos empresários nem se dão

conta, mas reduzir os custos, que é u m dos

objetivos principais de qualquer empresa, é de

extrema importância ambiental”, ressalta o

consultor do Sebrae-RS Ivan Lopes Silveira.

De acordo com ele, ao separar o lixo, por

exemplo, estamos contribuindo com o meio

ambiente e gerando emprego para quem atua

na reciclagem, além de ser uma ferramenta

para atuar com responsabilidade perante o pú-

blico interno da empresa: “Uma idéia é ven-

der as sobras de papel, latas e vidro e aplicar

esse dinheiro diretamente em ações sociais

para famílias de funcionários carentes”, suge-

re o consultor, segundo o qual também se

pode aderir à cultura de utilizar materiais re-

cicláveis, que estimulam a prática da recicla-

gem e não agridem o meio ambiente, assim

como racionalizar o uso de veículos, para di-

minuir a poluição. “É tudo uma questão de

conscientização, que só será absorvida com

muita insistência”, adverte Ivan.

A responsabilidade social pode ser exercida de diversas maneiras,

desde que haja comprometimento. Veja abaixo alguns exemplos

de políticas socialmente responsáveis:

Separação do lixo

Combate ao desperdício

Doações de dinheiro ou materiais, desde que seu uso e

resultado sejam acompanhados

Auxílio no planejamento financeiro de entidades carentes

Levantamento de necessidades da instituição e organização de

ações de marketing, como manutenção de site na Internet,

produção de folders, etc.

Conserto de móveis ou utensílios

Realização de palestras, oficinas e recreação

Manutenção de jardim e horta

Planejamento de estoque de bens duráveis, como alimentos e

produtos de limpeza

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pe

cia

l fi

na

as

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ívida externa, empréstimos a juros al-

tos, inadimplência, nome sujo na pra-

ça. Termos que já parecem fazer par-

te do vocabulário até das crianças,

tão correntes que são. Mesmo quem

não entende de economia já partici-

pou de alguma conversa sobre o as-

sunto, ou mesmo viveu uma situação

deste tipo, quer seja por um cheque

sem fundo, quer seja pela necessidade de dinheiro ex-

tra. Dessa maneira, temos sempre a impressão de que

dívida é algo ruim para as finanças, sejam elas pessoais,

empresariais ou governamentais. A realidade, no en-

tanto, é que as dívidas são o reflexo de uma necessida-

de anterior, de comprar, de fazer, de produzir, o que

Ddá outra dinâmica à relação entre aquele

que pede dinheiro emprestado e aquele que

não consegue pagar.

Segundo levantamento da Serasa, o nú-

mero de cheques devolvidos em setembro

deste ano teve um acréscimo de 4,3% em

relação ao mês anterior. Isso significa que

a cada mil cheques emitidos no Brasil, 19

não tinham fundos. Embora o índice pare-

ça baixo visto desse modo, é indicativo de

uma realidade desconfortável. “Infelizmen-

te, os brasileiros não foram ensinados a li-

dar com dinheiro”, acredita o consultor fi-

nanceiro Cláudio Boriola. Segundo ele, 42

milhões de famílias sofrem de endividamen-

Em xeque, o

O Brasil tem fama de país endividado desde a chegada dos portugueses, em 1.500.

Inicialmente centradas no governo, as dívidas estão disseminadas em todos os níveis da

sociedade brasileira, mas nem sempre são sinônimo de desequilíbrio financeiro

equilíbrioPor Renata Giacobone

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to crônico no país, um número bastante ele-

vado. Um dos motivos para este quadro é

o fato de as pessoas contraírem emprésti-

mos para pagar outras dívidas, em vez de

investir o dinheiro em atividades ou bens

que gerem frutos positivos. Com as eleva-

das taxas de juros embutidas nas parcelas

de financiamentos, grande parte dos ren-

dimentos fica comprometida.

Preocupado com isso, Boriola criou um

projeto para incorporar a disciplina de Edu-

cação Financeira no currículo das escolas

públicas do país. A idéia é aproveitar as

matérias convencionais, como História,

Geografia e Matemática, para ensinar as cri-

anças sobre a importância de planejar gas-

tos. E, realmente, planejamento é a palavra

de ordem, ainda mais em uma sociedade em

que os ganhos são baixos e os gastos, mui-

tos. De acordo com pesquisa coordenada

pela professora Cláudia Lima Marques, da

Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(Ufrgs), 36,2% dos endividados gaúchos

contraem dívidas em função do desemprego. Além dis-

so, 47% são autônomos ou profissionais liberais, e

48,8% devem para bancos ou financeiras.

Cautela nas empresas“O nosso consumidor é um pouco afoito. Já o em-

presário está mais cauteloso”, analisa o diretor-executi-

vo do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento In-

dustrial (IEDI), Júlio Gomes de Almeida. O comporta-

mento dos consumidores se explica, na opinião de Al-

meida, em virtude da baixa renda da população. “Só as-

sim é possível adquirir um bem com valor unitário um

pouco maior. Numa fase de maior disponibilidade de cré-

dito, este consumidor vai com muita ‘sede ao pote’, e,

eventualmente, terá que colocar o pé no freio”, afirma.

Os empresários brasileiros, por outro lado, já pare-

cem mais preparados para administrar os recursos que

pedem emprestados. De acordo com Almeida, a razão da

cautela do empresariado é a instabilidade histórica da

economia nacional. Assim, mesmo quando planeja os

investimentos, o empresário corre o risco de ser pego

de surpresa diante de uma conjuntura desfavorável.

“São inúmeros os casos em que isso acontece. Contu-

“Se o seu negócio

proporciona uma

rentabilidade

maior do que o

custo do capital,

é preciso saber o

limite, mas

é possível arriscar

o endividamento.”

José Galló

Diretor-presidente da

Lojas Renner

o final de outubro, a indústria de

alimentos Sadia obteve um finan-

ciamento junto ao Banco Nacional do

Desenvolvimento Econômico e Social

(Bndes), no valor de R$974 milhões. A

empresa pretende aplicar esse dinheiro

na melhoria de suas unidades.

A Sadia ainda destinará R$ 442 mi-

lhões oriundos de recursos próprios, so-

mando um investimento de R$1,4 bi-

lhão. A verba tem como objetivo a

modernização e a ampliação de uni-

dades localizadas em oito estados

brasileiros, além da reestruturação da

Sem medo de pedir emprestadosede administrativa, em São Paulo. Com

a medida, deve crescer o potencial de

produção anual de alimentos industriali-

zados e a capacidade de abate de aves,

suínos e bovinos, com crescimento tam-

bém da produção anual de rações.

Outra parte do valor será utilizada

pelo Instituto Sadia de Sustentabilida-

de na instalação de biodigestores nas

propriedades de 3,2 mil criadores de

suínos que fazem parte da cadeia de

produção da empresa. Com isso, es-

tes locais ganham em qualidade ambi-

ental, visto que os biodigestores elimi-

nam a contaminação do solo e dos ma-

nanciais hídricos, geram energia própria

para as propriedades, aproveitam biofer-

tilizantes para uso na agricultura e pos-

sibilitam a geração e comercialização de

créditos de carbono, graças à redução de

75% dos gases emitidos na atmosfera.

Toda a ação deve gerar cerca de 4.124

empregos diretos, elevando para mais de

48 mil o número de funcionários da em-

presa. A expectativa é que os recursos

do Bndes sejam liberados em duas par-

celas. A Sadia já contrata recursos do

Banco há 14 anos.

N

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do, desde 2003 temos um quadro de economia está-

vel, o que favorece investimentos”, salienta.

Embora as empresas também utilizem as alternativas

de crédito para sair de situações emergenciais, recorrer a

empréstimos e financiamentos, no setor produtivo, pode

ser o caminho para incrementar os negócios, gerando mais

recursos. Para o presidente da Fecomércio-RS, Flavio

Sabbadini, dívida não é sinônimo necessariamente de mau

gerenciamento: “No caso empresarial, um empréstimo vai

gerar uma dívida, mas também pode fazer com que sejam

feitos investimentos na produção, aumentando os recur-

sos da empresa. No plano individual, o financiamento de

um imóvel, que gera dívida, pode ser mais vantajoso do

que pagar aluguel, por exemplo”. Aproveitando o perío-

do de calmaria, que parece vir se mantendo, a iniciativa

privada pode investir sem tantas restrições. “Quando a

capacidade de produção já não atende mais à demanda,

este é o momento de, inclusive, se for o caso, fazer um

financiamento para ir adiante”, comenta Almeida.

Quem seguiu esta orientação à risca foi a Lojas Ren-

ner. “Chegou um determinado momento em que vimos

que ser uma empresa regional era algo vulnerável”, conta

José Galló, diretor-presidente da empresa.

Finanças em diaEm meados dos anos 90, com a intenção de se nacio-

nalizar, a Renner buscou uma parceria com a J.C. Penney,

empresa norte-americana que passou a ser sócia contro-

ladora. Desta forma, foi possível expandir a rede de lojas

até a região Centro-Oeste. Para isto, a em-

presa ficou com uma dívida no valor de US$

80 milhões junto à J.C. Penney. “Esta dívida

financiou o crescimento da empresa na épo-

ca”, comenta Galló. A parceria durou cer-

ca de sete anos, terminando em meados de

2005, com a pulverização das ações do gru-

po na Bolsa de Valores de São Paulo. “Hoje,

o endividamento da companhia é zero, e

temos dinheiro em caixa para investir. Este

investimento deve chegar a R$ 50 milhões

em expansão, reformulação de lojas e siste-

mas”, comemora o executivo.

A meta é abrir, no mínimo, oito novas

lojas em 2006, e chegar ao Nordeste. Cada

unidade custa, em média, R$ 5 milhões, e

emprega 80 pessoas. A médio prazo, a idéia

Gasto que se

transforma em

ativo, ou seja,

que tem

utilidade futura,

gerando bens

ou recursos.

Ex.: construção

de um hospital

Gasto para

prover a

administração,

não relaciona-

do diretamente

à produção.

Ex.: pagamento

de pessoal

administrativo

Gasto para

obter um

produto ou

serviço que

será usado na

produção de

outro produto

ou serviço

Ex.: compra de

matéria-prima

Termo que

significa dispên-

dio financeiro

em geral.

Ex.: compra de

matéria-prima,

construção de um

hospital, paga-

mento de pessoal

administrativo

Gasto

Custo

Despesa

Investimento

Para onde vai o dinheiro

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é chegar a 100 lojas. Para atingir os objeti-

vos, não está fora dos planos contrair no-

vos empréstimos. “Dependendo do custo do

dinheiro, é até salutar ter um endividamento.

Se o seu negócio proporciona uma rentabili-

dade maior do que o custo do capital, é preci-

so saber o limite, mas é possível arriscar”, diz.

Para ele, o endividamento excessivo é uma

conseqüência da falta de um modelo de ges-

tão eficiente. “Não existem problemas finan-

ceiros. O que há são problemas mercadológi-

cos e estratégicos que geram dificuldades fi-

nanceiras”, garante Galló.

Um fato importante a ser destacado é que,

mesmo com o elevado número de pessoas e

empresas em situação de endividamento, o

percentual do Brasil em relação a outros paí-

ses é baixo. A avaliação é feita a partir da rela-

ção entre o volume de crédito na economia e

o PIB do local. “No nosso caso, estamos pró-

ximos a 29% do PIB. Em outros países, isso

raramente é inferior a 80%”, pontua Almeida.

Segundo ele, a explicação para este fato está

no alto valor do crédito no país. “Em média,

num empréstimo, o consumidor paga uma

taxa de juros de 65% ao ano. O mesmo cré-

dito, em um país europeu, sairia, no máxi-

mo, por 9%”, salienta. Dessa forma, quem

pode comprar à vista, evita fazê-lo a prazo.

“Isto também afugenta as empresas. Elas pre-

cisam ser pouco endividadas, senão seu custo

financeiro fica muito alto”, diz o diretor-exe-

cutivo do IEDI. Contudo, ele chama a aten-

ção para o fato de que esta é a realidade de

pessoas físicas e jurídicas: “Com o gover-

no, é outra coisa”.

Falta de equilíbrioO maior problema dos governos brasi-

leiros é o déficit crônico, ou seja, situação

em que a arrecadação não é suficiente para

cobrir todas as despesas, sem contar os ju-

“Aqui, em um

empréstimo, se

paga uma taxa de

juros de 65% ao

ano. O mesmo

crédito, em um

país europeu,

sairia, no máximo,

por 9%.”

Júlio Gomes de

Almeida

Diretor-executivo do

Instituto de Estudos para o

Desenvolvimento Industrial

Controlando o orçamentoSeguindo estes passos, é possível não só reequili-

brar finanças, mas também economizar. As dicas va-

lem para pessoas, empresas e governos:

Tenha controle sobre suas operações

financeiras, avaliando a relevância e o peso

de cada gasto no orçamento

Reduza os gastos supérfluos ou excessivos

Otimize as despesas: planeje e execute ações

que permitam você fazer mais com menos

Reserve recursos para investimentos que

tragam retorno efetivo e também para o

caso de emergências financeiras

Quando detectar desequilíbrio financeiro,

ou seja, despesa maior que receita, pense

bem antes de recorrer a empréstimos.

Prefira, neste caso, cortar despesas

Se for contrair um dívida, planeje antes

como o dinheiro será utilizado, informe-se

sobre os juros cobrados e já faça a previsão

de pagamento

ros. “Esta é uma situação que vai existir enquanto o

governo não conseguir, depois de gastar com custos e

investimentos, guardar uma quantia que garanta o pa-

gamento do serviço da dívida”, afirma o economista

Raul Velloso, especialista em finanças públicas. A ra-

zão do déficit, segundo ele, está na herança de endivi-

damento dos governos, que só pode ser amenizada com

rolagem. “Enquanto a dívida não for reduzida, ela ten-

de a aumentar, por conta do pagamento dos juros”,

aponta Velloso. Falta ao Brasil conseguir gerar recur-

sos que sejam capazes de pagar a despesa de juros.

Condição delicada, visto que a dívida federal estava

em torno de R$ 920,79 bilhões em agosto deste ano.

Outros pontos que afligem os governos são os al-

tos custos de manutenção da estrutura estatal e o pou-

co foco na hora de investir. Somente com folha de pa-

gamento, o governo federal deve gastar mais de R$ 98

bilhões neste ano, segundo cálculos da Secretaria de

Recursos Humanos do Ministério do Planejamento.

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roblemas com orçamentos esta-

duais são crônicos na história do

Brasil. Contudo, a cada ano que pas-

sa, as opções para equilibrar as contas

vão se escasseando. Sem poder recor-

rer aos artifícios utilizados na década

de 90 (empréstimos, privatizações e

recursos do caixa único), o governo

do Rio Grande do Sul tem considera-

do o bom e velho “aperto de cinto”

para sanar suas contas e diminuir o

déficit do Estado. Com uma receita

corrente líquida de R$10 bilhões em

Rio Grande do Sul: apertando o cinto

P

Por outro lado, os investimentos na sociedade ficam

aquém do necessário, visto que a prioridade é pagar

os juros. “Nesta hora, há uma contenção de gastos,

mas nem sempre no local certo”, comenta Velloso.

O economista avalia que os investimentos em infra-

estrutura, em especial, têm sido contidos além do ne-

cessário: “Com essa escassez de recursos, seria apro-

priado saber gastar melhor; cortar despesas que não

são tão importantes assim para a sociedade, e concen-

trar o pouco que se tem no que for essencial”. Velloso

ainda ressalta que o investimento na sociedade e o re-

torno em arrecadação serão possíveis menos pela for-

ma de se usar o dinheiro e mais com a busca de uma

imagem positiva junto aos credores, economizando.

De olho no déficitPlanejar e economizar: duas palavras de ordem que

podem evitar os riscos do endividamento crônico ou

excessivo e que parecem ser capazes de dar novos ru-

mos para pessoas, empresas e governos. Antes de con-

trair dívidas, é preciso analisar riscos, resultados, ju-

ros e perspectivas de retorno. “O planejamento estra-

tégico de uma grande empresa pode ser utilizado como

modelo para uma família ou para um Estado, em seus

vários aspectos”, sugere Sabbadini. Se o

endividamento se torna um investimento

consistente, ele é mais do que bem-vindo.

A dificuldade se instala na medida em que

não se conhecem os próprios limites. Quan-

do as despesas ultrapassam a receita – o que

na esfera governamental se chama déficit, e

na empresarial é o famigerado prejuízo –, não

é possível sequer tomar as medidas necessá-

rias à manutenção cotidiana de uma casa, de

uma empresa ou de um país, quanto mais pa-

gar as dívidas. É preciso administrar com sa-

bedoria os recursos disponíveis e otimizar os

investimentos, sem desperdício. Os recur-

sos de empréstimos e financiamentos de-

vem ser investidos para dar um retorno

maior do que o necessário para pagar as con-

tas. Dessa forma, pessoas que desejem pro-

curar qualificação para melhorar sua renda,

empresários que pretendam aumentar sua

produtividade e governos que se compro-

metam a diminuir os gastos com a máquina

pública e melhorar a infra-estrutura local não

precisam temer o endividamento.

2004, os gastos ultrapassam este valor

em 13%. Só com folha de pagamento,

o Rio Grande do Sul compromete 70%

da sua receita liquida, o que significou

um total de cerca de R$7 bilhões no

ano passado. Com a dívida consolidada,

correspondente aos valores devidos à

União, o gasto foi de R$1,4 bilhão.

Em contrapartida, o governo fede-

ral não tem repassado os valores refe-

rentes à Lei Kandir, o que resultou em

perda de R$1,29 bilhão para o Estado em

2004. Este valor, somado ao IPI, repre-

senta uma perda líquida estimada em

R$1,5 bilhão. Para encontrar alívio en-

quanto o dinheiro não chega, algumas

ações vem sendo colocadas em prática.

Dentre elas, a fixação de cotas mensais

de desembolso por órgão, a extinção de

sete secretarias e a suspensão de con-

cursos, contratações e nomeações, além

de programas de incentivo ao desenvol-

vimento e aumento da carga tributária.

Medidas paliativas, com retorno duvido-

so, mas que mantêm a balança financei-

ra pendendo menos para o vermelho.

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b e l e z aN

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32 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

os últimos anos, o mercado de produ-

tos e serviços voltados para a beleza

tem crescido de forma considerável no

Brasil. De acordo com dados da Associação

Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Per-

fumaria e Cosméticos (Abihpec), entre 1999

e 2004, o índice de crescimento atingiu os

8,2%, o que representou um faturamento de

R$ 13,1 bilhões no ano passado. Estes números estão as-

sociados, entre outros fatores, à segmentação do setor

para atender a demandas específicas, à valorização da apa-

rência no mercado de trabalho e, claro, à crescente vaida-

de, não só feminina, como masculina.

O Rio Grande do Sul é o quarto colocado no ranking

dos estados com maior concentração de empresas de cos-

méticos, em um total de 95. Isto sem contar o segmento

de estéticas e salões de beleza, o que aumentaria drasti-

camente esse número. Segundo dados da Smic, somente

em Porto Alegre existem cerca de 5 mil estabelecimentos

do ramo. Para o presidente do Sindicato dos Salões de

Barbeiros, Cabeleireiros, Institutos de Beleza e Similares

do Estado (Sinca), Rui Antônio dos Santos, é preciso ter

cautela na comemoração. Ele aponta que, assim como

outros setores da economia nacional, o mercado de bele-

za tende a sofrer com eventuais crises financeiras: “Em

um momento de crise, se eu tenho cem clientes que cor-

tam o cabelo todo mês, este número é reduzido à meta-

As duas faces do

espelhoN

O mercado da

beleza vem

ganhando espaço

na economia

brasileira. Tanto a

venda de produtos

quanto a procura

por serviços

crescem na medida

em que a aparência

se torna requisito

até mesmo para

conseguir

um emprego. A

profissionalização

no setor, no

entanto, não

cresce no

mesmo passo

Ros

i B

onin

segn

a/Fe

com

érci

o-R

S

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be l e z a

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33FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS

de”. Outro dado importante apresentado por Santos diz

respeito à procura pelo emprego nesta área. Ele afirma

que a falta de oportunidades de trabalho faz o mercado

“inchar”, e a qualidade dos serviços fica comprometida:

“As pessoas estão desempregadas e, de uma forma ou de

outra, vão buscar espaço neste nicho. Falta, contudo, pro-

cura por qualificação”. Santos alerta para a necessidade de

se buscar formação adequada, e não só para cabeleireiros:

“Na área de cosméticos, por exemplo, é preciso ter for-

mação de vendedores, pois estes precisam conhecer um

pouco sobre a área de embelezamento, sobre química,

para repassar o produto”.

Procurando suprir essas carências, há três anos o Sinca

promove o Festbeleza, congresso que reúne profissionais

de todo o Rio Grande do Sul. Durante dois dias, o público

participa de palestras, workshops e demonstrações de di-

versas áreas, como estética facial, corporal, maquiagem, ca-

belo, manicure e podologia. O evento teve sua mais recen-

te edição nos dias 30 e 31 de outubro e, além

de apresentar as novidades do setor, ofereceu

outras informações. “Por ser organizado por ins-

tituições, o Festbeleza pretende levar ao co-

nhecimento da categoria dados pedagógicos e

científicos, além de treinamento para qualificar

cada vez mais os profissionais”, afirma Santos.

E parece que o esforço vem sendo recompen-

sado. Somente no ano passado, o evento teve

mais de 2 mil participantes. Mesmo assim, ain-

da falta um passo importante: regulamentar a

profissão. “Na situação atual, qualquer um

pode se intitular profissional de beleza. Para

mudar essa realidade, estamos buscando um

selo de qualidade para os estabelecimentos”,

conta Santos. Com a concretização dessa

medida, tanto a classe quanto os clientes po-

derão contar com melhores serviços.

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á quase 60 anos promovendo o turis-

mo social, o Sesc propicia às famílias

dos comerciários lazer e diver-

são durante os períodos de férias. O esforço

para oferecer pacotes de qualidade para o pú-

blico-alvo vem rendendo frutos: somente na

temporada passada, quase dez mil pessoas

participaram do projeto, totalizando mais

de 69 mil diárias em 19 hotéis, entre con-

veniados e unidades do próprio Sesc-RS. Es-

H

Sombra e água

frescaO Sesc-RS lança a temporada de férias 2005/06,

projeto que contempla trabalhadores do

comércio de bens e de serviços de todo o

Estado, além de comerciantes e público em geral

ses números representam um crescimento de 134% em

relação a 2003/04 e um investimento de R$ 8 milhões.

Para a temporada 2005/06, que vai de 20 de outubro

a 31 de março, os números aumentam bastante. Serão

investidos R$ 12 milhões em toda a cadeia de turismo,

englobando desde acomodações até transporte e guias

especializados. A previsão é de que 15 mil pessoas parti-

cipem do programa, o que totalizará cerca de 105 mil

diárias até o final do período. O número de leitos em

hotéis da rede Sesc cresceu de 4,1 mil na temporada pas-

sada para 5,9 mil, já que outra unidade foi acrescentada à

rede. O antigo hotel Laghetto, localizado na cidade de

Gramado, começará a operar como Hotel Sesc em 18

de novembro, oferecendo 98 apartamentos. Para o dire-

tor regional da entidade, Everton Dalla Vechia, esses

números são indicadores de qualidade: “Nosso objetivo

é proporcionar lazer para os empregados do comércio

de bens e de serviços, melhorar sua qualidade de vida, o

que é a função primeira do Sesc”. Contudo, a grande

notícia é o aumento de hotéis conveniados: de 17 para

23, distribuídos desde a Serra até o litoral norte e sul do

Estado e em Santa Catarina.

De acordo com pesquisa realizada pelo Sesc em maio

deste ano, 94% dos hoteleiros encontravam-se satisfei-

tos com a parceria da Temporada de Férias, e 59% deles

proporiam a ampliação de números de leitos disponibili-

zados para o programa. É o caso do Kolman Hotel, de

Capão da Canoa. Com uma infra-estrutura que abrangeHotel Sesc Torres oferece diversas opções de lazer

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piscina, sala de jogos, restaurante e estacionamen-

to, o hotel inicia o segundo ano da parceria com o

Sesc. “Tem sido ótimo, muito bom mesmo! Tanto é

que, este ano, aumentamos em 20% as vagas desti-

nadas para o convênio”, informa a gerente-geral do

estabelecimento, Vera Lucia Nascimento. Outro ho-

teleiro satisfeito é Rubens De Rose, proprietário da

rede de hotéis que leva seu sobrenome. Parceiro do

Sesc há cinco anos, ele conta que os leitos destina-

dos para o projeto Temporada de Férias sempre são

plenamente utilizados. “Normalmente, temos cedi-

do mais alguns leitos. Ano passado, ficamos um pou-

co apreensivos em função da abertura do Hotel Sesc,

mas o trabalho da entidade foi muito bom e resul-

tou novamente em lotação total”, relata De Rose.

Essas experiências motivam outros empresários do

ramo a firmarem acordos com a entidade, como

Maria Teresa Venzke, proprietária da Pousada Ve-

lho Estaleiro, em São Lourenço do Sul. Investin-

do em um atendimento diferenciado, familiar, a

pequena pousada deve receber turistas de todo

o Estado. “A expectativa é de que haja um gran-

de incremento na comercialização de diárias, gra-

ças a este convênio”, afirma Maria Teresa.

E não é apenas a cadeia de turismo que

sai ganhando com o programa do Sesc. Na

avaliação de Dalla Vecchia, toda a economia

das regiões integrantes sai beneficiada. “É um

ciclo. Na medida em que os municípios re-

cebem os turistas, geramos, indiretamente,

empregos que significam crescimento para

o setor do comércio de bens e de servi-

ços”, avalia o diretor. Ele ressalta que há

uma busca do Sesc para manter o merca-

do de turismo ativo também na baixa tem-

porada. “Não necessariamente as pessoas

tiram férias no período de verão. Queremos

dar condições para que elas possam usufruir

o programa durante qualquer período do

ano”, comenta Dalla Vecchia.

Contudo, nem só de destinos se fazem

as férias – a questão financeira também é im-

portante. Pensando nisso, a Temporada de

Férias do Sesc também se preocupa em ofe-

recer pacotes com preços e condições de

pagamento acessíveis. As inscrições para

adquirir pacotes podem ser feitas pelo site

www.sesc-rs.com.br.

Quem sabe aproveitarcomerciária porto-alegrense

Elci de Souza Pena está sem-

pre antenada às oportunidades ofe-

recidas pelo Sistema Fecomércio.

Integrante de um dos grupos do pro-

jeto Maturidade Ativa do Sesc, ela

também já freqüentou diversos cur-

sos oferecidos pelo Senac. Porém, as

atividades que mais atraem a atenção

de Elci são as viagens.

A Há 16 anos ela adquire pacotes

turísticos oferecidos pelo Sesc, apro-

veitando destinos estaduais e nacio-

nais. No Rio Grande do Sul, seu des-

tino preferencial é Veranópolis, onde

passa temporadas com o marido. Sua

paixão por conhecer lugares é tanta que

não consegue escolher qual viagem foi

mais marcante. Para Elci, as formas de

pagamento e os valores diferenciados

Elci durante a temporada de férias do Sesc

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que o Sesc oferece são um incentivo para

continuar conhecendo novos destinos:

“Eu sempre digo que a gente tem que

aproveitar essas facilidades. Afinal, é exa-

tamente isso que o Sesc propõe, né?”.

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pés no chãoAos 40 anos, Eduardo Bier Corrêa é o que se chama

de “hit” empresarial. Proprietário da microcervejaria

DaDo Bier, o empresário transforma em

sucesso tudo aquilo a que associa seu nome

á onze anos, os gaúchos foram apresen-

tados a um novo conceito de entreteni-

mento noturno: a microcervejaria DaDo

Bier, primeira iniciativa do gênero em todo o

Brasil, reunia música, ambiente diferenciado e

produção artesanal de cerveja. À frente desta

operação ousada estava o jovem empresário

Eduardo Bier Corrêa, de 28 anos. Desde en-

tão, o negócio vem aumentando: hoje, sete uni-

dades levam a marca DaDo Bier, desde casas

noturnas até restaurantes. Contudo, esta his-

tória teve início alguns anos antes.

“Comecei com 17 anos, como representante comer-

cial. Vendia artigos para surfe e também blusas da malha-

ria da minha mãe”, conta Bier. Na mesma época, iniciou

um estágio na empresa Link, experiência que define como

importante na carreira: “Pude entender bem o funciona-

mento de uma empresa organizada”. Quando o trabalho

de representante começou a alcançar proporções maio-

res, Eduardo tomou a primeira de uma série de decisões

que o levariam até o posto que ocupa atualmente: “Co-

mecei a fazer uma certa confusão na casa da minha mãe. En-

tão, consegui um sócio e, com um dinheiro que havia pou-

pado, montei a minha primeira loja de artigos esportivos”.

O pioneirismo também é marca registrada de Bier.

Sua loja foi a primeira a vender bicicletas importadas em

Porto Alegre, no período em que houve o “boom” das

mountain bikes. Esse pensamento visionário alavancou os

negócios. Três anos mais tarde, Bier surpreendeu ao di-

versificar o ramo de atividade. Ele instalou na capital ga-

úcha a primeira loja de conveniência da cidade, a General

Store. “Foi o meu primeiro sucesso. O negócio era algo

entre uma loja de conveniência e um minimercado e se

transformava num point à noite.”. Em pouco tempo, am-

pliou os negócios, construindo mais três lojas. Atuar em

todas as frentes não foi fácil. “Comecei a me atrapalhar,

pois não tinha capacidade de gerir tudo. Trabalhava de

manhã, à tarde e à noite, e não tinha estrutura administra-

tiva, ou experiência”, comenta Bier, que cursou oito se-

mestres de Direito.

No final de 1992, durante uma conversa com o tio –

o também empresário Jorge Gerdau Johannpeter –, Bier

Olhos no futuro,

H

Eduardo Bier em frente à obra da primeira microcervejaria, em 1994

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começou a definir os contornos de seu negócio mais

duradouro. “Eu e meus primos sempre brincávamos

que faríamos cerveja por já ter isso até no nome, pois

Bier significa cerveja em alemão. Então, o tio Jorge

perguntou quando eu iria abrir a minha cervejaria, e

respondi que faria quando tivesse dinheiro. Ao que

ele respondeu: ‘E se eu financiar?’. Alguns dias de-

pois, voltei a falar com ele, e a proposta se confir-

mou”, relembra. No começo do ano seguinte, teve

início a gestação do projeto. Eduardo viajou à Eu-

ropa e aos Estados Unidos para fazer pesquisas so-

bre o segmento de cerveja. “Descobri que o merca-

do não era tão concentrado quanto aqui, e que as

pequenas cervejarias iam muito bem.” A inaugura-

ção da primeira unidade da DaDo Bier aconteceu

em 22 de março de 1995.

Atualmente, além das sete casas de entretenimento

e gastronomia, a DaDo Bier também comercializa cer-

veja no varejo, com sucesso. “Já fomos por três vezes

a marca mais vendida na rede de supermercados em

que estamos presentes. Essa é a validade da estratégia

que adotamos, de construir uma marca de cerveja atra-

vés do entretenimento”, avalia Bier. Para manter a ren-

tabilidade, há três anos ele vem investindo fortemen-

te em tecnologia de gerenciamento. Eduardo parece

acreditar no ditado que diz que o gado só engorda

sob o olhar do dono. Além da rotina diária no escritó-

rio, ele costuma visitar as casas, para conversar com a

equipe e com os clientes, e também verifica se os pa-

drões de qualidade são seguidos à risca. Segundo Bier,

a receita da empreitada está resumida em um concei-

to: “Técnica, bodeguerismo e trabalho. Nunca per-

demos essa característica de ‘barriga no balcão’, e pro-

curamos manter a simplicidade. Temos na empresa uma

política sem frescuras, sem muita burocracia”.

E o trabalho tem rendido frutos. Afora os objeti-

vos alcançados no mercado estadual, a DaDo Bier tem

reconhecimento no centro do país. Tanto é assim que

Eduardo cita, além da aber-

tura da primeira casa, a inau-

guração das lojas em São

Paulo e no Rio de Janeiro

como momentos marcantes

de sua trajetória. Outro fato

importante foi o contrato

assinado com a AmBev, que

possibilitou a entrada da

marca no varejo.

Para quem tem uma ro-

tina corrida como a de

Eduardo, a tendência é que

não sobrem horas vagas.

No caso do empresário,

acontece o contrário. “Sou

muito disciplinado”, afirma. O tempo livre ele

dispensa ao esporte e à família. Preocupado

com qualidade de vida, procura cuidar da saú-

de praticando exercícios e cuidando da alimen-

tação. Além disso, costuma fazer um intervalo

no final da tarde: “Hoje, já que as coisas estão

mais organizadas, não venho todas as noites”.

E o que ainda falta realizar? “Nossa, muita

coisa!”, ele responde. O primeiro plano é pas-

sar a produzir e distribuir a própria cerveja,

agora que o contrato com a AmBev está ter-

minando, mas não é só isso. “Temos ainda muita

oportunidade para crescer na área de gastro-

nomia e entretenimento, mas estamos preo-

cupados com a solidez deste crescimento.

Queremos fazer bem feito”, sinaliza Bier. Para

quem está começando, ele avisa, o importante

é ter conhecimento de causa. “Tem que estu-

dar. As pessoas têm entrado em negócios com

muita euforia e pouquíssimo planejamento.

Acho que dá pra sonhar grande, mas é preciso

ter os dois pés muito no chão”, finaliza.

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m janeiro deste ano, a multinacional

Nestlé anunciou interesse em instalar

mais uma unidade no Rio Grande do Sul.

Operando uma fábrica em Camaquã, a em-

presa pretende investir cerca de R$ 120 mi-

lhões no novo empreendimento, destinado à

fabricação de leite em pó, leite condensado e

creme de leite. O anúncio trouxe à tona a riva-

lidade entre os municípios gaúchos, todos in-

teressados em atrair grandes empresas para suas

regiões. O exemplo mais evidente desta rivali-

dade é o caso da instalação da fábrica da Gene-

ral Motors, disputada na década de 90 pelos

municípios de Eldorado do Sul e Gravataí.

A novidade, contudo, vem do noroeste do Estado.

As cidades da região da Grande Santa Rosa e os municí-

pios das Missões uniram forças para batalhar pela fábrica

da Nestlé. “A nossa região é a maior bacia leiteira do Rio

Grande do Sul, além de ter um programa de melhora-

mento da qualidade do leite bastante evoluído. Isso atrai

as atenções para cá”, avalia o empresário e engenheiro

agrônomo Carlos Hermanns, integrante do Sindilojas

de Santa Rosa. Ele comenta que a cidade apresenta

motivos logísticos para sediar a indústria: “Santa Rosa

fica situada exatamente no centro da região, além de

acolher as quatro maiores cooperativas de produtores

de leite do Estado”.

Ao todo, 46 municípios farão parte desta parceria.

O acordo prevê que as cidades devem aumentar sua pro-

dução anual em 10%, por cinco anos, em troca de uma

parcela do ICMS arrecadado. O valor fica atrelado à quan-

tidade de litros de leite produzida em cada município.

Além disso, a ida da Nestlé para a região trará benefícios

em outras áreas, não só para a arrecadação. “Teremos a

geração de, aproximadamente, 400 empregos diretos e

mais de 2,5 mil indiretos em toda a rede de produção

leiteira. Também a tecnologia de ponta trazida pela mul-

tinacional deve agilizar o desenvolvimento das universi-

dades da região”, explica o prefeito de Santa Rosa, Alci-

des Vicini. Para ele, esta união é um diferencial que pode

ser fundamental no momento da decisão.

Municípios da

região noroeste do

Rio Grande do Sul

deixam de lado a

histórica disputa

por investimentos

e criam

bloco único,

demonstrando

solidez

na busca de

desenvolvimento

econômico

Crescendo

juntosE

Associação da Grande Santa Rosa teve papel decisivo no acordo

Div

ulga

ção

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comun i d ad e

Quem compartilha desta opinião é o prefeito de Boa

Vista do Buricá e presidente da Associação dos Municí-

pios da Grande Santa Rosa, Jorge Klockner. “Levamos

um documento para a diretoria da Nestlé, firmando a par-

ceria. Para eles, foi algo inusitado, até porque não exis-

tem casos no Brasil deste tipo de iniciativa. Isso é positi-

vo, e pode fazer com que a empresa decida pela nossa

região”, acredita. Um desdobramento importante dessa

iniciativa é a possibilidade de discutir outras questões re-

ferentes à região. Segundo Klockner, a união realmente

trará força para os municípios: “Antes, estávamos geográ-

fica e politicamente divididos. Agora, estamos unidos, ao

menos politicamente”.

Já o prefeito de Santo Ângelo, Eduardo Loureiro, acre-

dita que esta sociedade não poderia ter acontecido em

outro momento: “Isso é fruto de um amadurecimento das

lideranças. Chegou o momento de reconhecer que a união

é necessária para que não se perca mais nenhum investi-

mento”. Ele ressalta que a questão

da Nestlé é apenas um desdobra-

mento desta parceria; a idéia é que

as microrregiões continuem se

apoiando em outras oportunidades.

“Temos pela frente outro desafio.

Criamos uma comissão de 12 pre-

feitos, seis da Grande Santa Rosa e

seis aqui das Missões, para estabe-

lecer uma agenda comum, uma

pauta de assuntos estratégicos para

a região”, conta Loureiro. O pró-

ximo passo é resolver a localização de uma

ponte que ligue Brasil e Argentina. “Esta ques-

tão já se arrasta há 30 anos, e o custo nem é

tão alto. É a disputa que a tem inviabiliza-

do, mas graças ao acordo referente à Nestlé

poderemos avançar nesta questão”, finaliza.

Alcides Vicini, prefeito de Santa Rosa

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vida das pessoas neste início de século

está cada vez mais corrida. Para melhor

servir um público altamente atarefado,

muitas empresas têm adotado o conceito de

loja 24 horas, como academias e supermer-

cados. Atento a esta tendência, o Senac-RS

lança a sua primeira escola 24 horas, para aten-

der um novo tipo de profissional que desponta

no mercado: multifuncional, flexível e com me-

nos tempo livre para buscar qualificação.

A

Formação profissional

dia e noiteAntecipando as comemorações dos seus 60 anos,

o Senac-RS prepara-se para lançar uma unidade

24 horas. A escola contará com tecnologia

de ponta para atender um público diferenciado

Serviço único no Brasil, o Senac 24h funcionará

no Shopping Lindóia, na zona norte da capital gaú-

cha. A escolha do local obedeceu a critérios como

segurança e infra-estrutura disponível. “Além disso,

o shopping está localizado em uma zona com alta

concentração de profissionais liberais, muito movi-

mentada e de fácil acesso”, avalia o diretor regional

do Senac-RS, José Paulo da Rosa. Também a flexi-

bilidade da direção do shopping foi decisiva. Ceder

vagas no estacionamento e permitir a construção de

uma entrada externa – para que as pessoas possam

acessar a escola depois das 22 horas – foram ações

importantes para a concretização do projeto.

Com o objetivo de atender não só comerciários e

profissionais liberais, mas também estudantes e co-

munidade, a nova unidade 24 horas terá um sis-

tema didático inovador, centrado no ritmo de

aprendizagem individual. Afora turmas fechadas,

será oferecido atendimento personalizado, em

que o aluno poderá montar um programa especí-

fico, de acordo com suas necessidades e gostos.

“Queremos inserir a figura do personal teacher”, relata

Rosa. Segundo o diretor, a metodologia terá foco

no desenvolvimento por competências, daí a impor-

tância de um plano de estudos individual. Também

serão contemplados cursos com aulas a distância, e

todo o suporte técnico para este tipo de atividade

estará sediado na escola.

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Além de utilizar a infra-estrutura do shopping,

como a praça de alimentação e as áreas de convi-

vência, os alunos contarão com instalações que

primam pelo conforto e pela tecnologia. As salas

de aula terão equipamentos de ponta e rede wire-

less (sem fios), para otimizar o espaço. Também

será utilizada lousa eletrônica importada do Ca-

nadá, equipamento que permite ao professor

acessar, com apenas um toque na tela, progra-

mas de computação e mesmo a internet. Uma

equipe de 30 pessoas, entre professores e qua-

dro administrativo, estará na unidade durante as 24

horas do dia, prestando atendimento aos alunos e

informando os interessados sobre cursos oferecidos

no local e nas demais escolas do Senac.

Serão disponibilizados cursos nas áreas de in-

formática, idiomas, aprendizagem comercial e

gestão. Gestão Financeira, Atendimento ao Cli-

ente, Formação do Preço de Venda, Técnicas de

Vendas, Planejamento Estratégico, Design e Pro-

motor de Vendas são alguns dos cursos ofereci-

dos. Um dos destaques é o curso de Gestor Jú-

nior de Vendas no Varejo (Programa de Apren-

dizagem Comercial), voltado para jovens a par-

tir dos 16 anos e totalmente gratuito. Em in-

formática, haverá atividades de Desenvolve-

dor de Games, Cad Designer, Pacote Office,

Project e Informática para a Melhor Idade. Na

área de idiomas está previsto inglês para via-

gens, cursos para proficiência, mandarim e idio-

mas para a melhor idade. “A partir das 22 horas,

de duas em duas horas, teremos a abertura de

uma turma. Já os atendimentos individuais acon-

tecerão em horários pré-agendados, durante qual-

quer período do dia”, informa o diretor da uni-

dade, Marcelo Gomes.

Para o diretor do Senac-RS, a concretização

de uma escola 24 horas vem da experiência do

Senac com educação a distância: “Há uma

série de alunos que só têm o horário da

madrugada para fazer determinado progra-

ma. Como precisamos dar o suporte para

quem faz cursos em educação a distância,

entendemos que cabia, também, oferecer

esta opção presencial, já que temos equi-

pamentos e pessoas disponíveis”. Ele ain-

da acredita que a presença das pessoas em

aulas durante a madrugada pode ser garan-

tida por meio de uma estratégia de marke-

ting: “Sabemos que a melhor propaganda

é o boca-a-boca. Assim, a idéia é que as

pessoas que procurem o Senac gostem e

falem bem do seu atendimento, e que isso

faça com que outras pessoas procurem os

serviços 24 horas”.

A inauguração da nova escola está pre-

vista para o início de 2006. “Por ser verão,

o clima favorece a permanência das pes-

soas na rua até mais tarde”, justifica Rosa.

Serão investidos R$ 500 mil em instalações

e equipamentos. A meta é ter, ao menos,

uma turma de dez alunos funcionando no

período da madrugada e formar 2,2 mil

pessoas por ano. Os cursos terão duração

estimada de 30 a 100 horas totais.

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empre entendemos que o sócio reti-

rante da sociedade não poderia ser

responsabilizado subsidiariamente

ou solidariamente por débito trabalhista de

forma perpétua, sem limite temporal. Toda-

via, mesmo diante do silêncio da legislação

trabalhista sobre o tema, os tri-

bunais trabalhistas, de forma

majoritária, sempre entende-

ram o contrário.

Neste cenário, é importan-

te ressaltar uma novidade nor-

mativa quanto ao tema, inscri-

ta no parágrafo único do artigo

1003 do Código Civil. O indi-

gitado dispositivo prevê que

até dois anos depois de averbada a modifica-

ção do contrato responde o cedente soli-

dariamente com o cessionário, perante a so-

ciedade e terceiros, pelas obrigações que ti-

nha como sócio. Trata-se de um avanço em

termos de segurança jurídica, garantia essen-

cial para os empreendedores.

Recentemente, os juízes da Seção Espe-

cializada do Tribunal Regional do Trabalho da

2ª Região, ao apreciar um caso concreto de

responsabilidade do ex-sócio, aplicaram o dis-

posto no artigo supracitado do Código Civil, e assim

decidiram: “Se a reclamação não se iniciou no período

contemporâneo à gestão do sócio, muito menos nos dois

anos subseqüentes à sua saída, não há como responsabi-

lizá-lo, subsidiária ou solidariamente, por eventual débi-

to trabalhista” (TRT 2ª R – 10981200400002004).

A decisão limita a responsabilidade do ex-sócio em

dois anos e declara que não existe responsabilidade per-

pétua, conforme ora transcrevemos: “Não há dúvidas de

que o sócio retirante responde subsidiariamente por atos

de gestão em face da moderna teo-

ria da despersonalização da pessoa

jurídica. Ocorre, todavia, que não

existe responsabilidade perpétua.

O direito consagra a existência da

prescrição e decadência, visando à

tranqüilidade social”.

Acreditamos que, com a deci-

são do Tribunal Regional e com a

nova legislação sobre a matéria, a

jurisprudência trabalhista se modifique, respeitando

os princípios da vontade das partes, do negócio jurí-

dico perfeito e da boa-fé, e como bem relata o julga-

do: “O judiciário deve buscar a satisfação do julgado,

todavia, não pode, nesse intento, gerar situações absur-

das, como na hipótese presente, onde o ex-sócio teve o

seu patrimônio atingido para satisfação de um débito tra-

balhista originário de uma ação proposta mais de dois

anos após o seu desligamento do quadro societário”.

Responsabilidade de

ex-sócioAntônio Job Barreto*

Consultor trabalhista da Fecomércio-RS*

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A decisão do Tribunal

Regional do

Trabalho limita a

responsabilidade do

ex-sócio em dois anos

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atual Governo edita uma média de 4,73

medidas provisórias por mês. Esse dado

muitas vezes deixa de ser considerado

quando se discute a crise de representativida-

de por que passam as instituições políticas bra-

sileiras, não obstante esteja diretamente ligado

à causa de problemas reiteradamente identifi-

cados por críticos, como os citados a seguir.

Investimentos produtivosUm país carente de investimentos dire-

tos não pode possuir um ordenamento jurídi-

co alterado do dia para noite por meio de MPs.

A confiança do investidor estrangeiro não está

apenas ligada à estabilidade econômica e cam-

bial, mas à previsibilidade do percentual que

será abocanhado pelo seu sócio oculto estatal.

A não-cumulatividade do PIS e da Cofins é

exemplo disso: inserida através de MPs, au-

mentou drasticamente a carga tributária das

empresas brasileiras, sendo uma das causas do

crescente superávit primário.

RepresentatividadeO sistema de separação entre os poderes,

no Brasil, possui na legalidade o motor propul-

sor da representatividade democrática. Aos ve-

readores, deputados e senadores são delegados

os poderes ordinários de alteração do sistema normativo

tributário. A MP configura medida excepcional, cuja apli-

cação reclama urgência. Quando o sistema normativo pas-

sa a ser definido pelo Executivo, a representatividade ínsi-

ta à legalidade é quebrada, as funções perdem referência, e

o controle do jogo se torna mais difícil, sobretudo pela

população, de quem o poder algum dia emanou.

Segurança jurídicaA proliferação e a constante alteração das regras tri-

butárias dificultam o acompanhamento das obrigações

vigentes e a compreensão do conteúdo das normas ju-

rídicas pela população. Conjugadas com a baixa qualidade

dos textos normativos e a ambigüidade inerente à lingua-

gem, criam um verdadeiro pântano significativo, no qual o

conteúdo das obrigações tributárias é estabelecido atra-

vés de espécies normativas constitucionalmente inade-

quadas, fixadas pelo Executivo (decretos, portarias etc.).

Mito da reformaA busca pela justiça por meio de mudanças no mundo

normativo é outra falácia que está caindo por terra. Esse

recurso retórico desvia o foco do verdadeiro problema:

fiscalização de condutas e cumprimento de metas e com-

promissos. A candidatura é feita num ordenamento jurídi-

co vigente, que deve servir como instrumento de estudo

e realização dos projetos. Deve-se governar a partir do

ordenamento, e não sobre ele. As alterações normativas

não podem ser utilizadas como esperança para solução de

problemas cuja essência é ética e representativa.

O

normativaRafael Pandolfo*

Estabilidade

*Consultor tributarista da Fecomércio-RS

Ros

i B

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segn

a/Fe

com

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o-R

S

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pe s qu i s a

diferença de três dias úteis no mês de

setembro em relação a agosto deste

ano provocou a queda de 1,65% nas

vendas do comércio varejista. Esse foi um dos

resultados apresentados pela Pesquisa Con-

juntural do Comércio Varejista da Região Me-

tropolitana de Porto Alegre, realizada pelo

Instituto Fecomércio de Pesquisa (Ifep).

Entre os dados destacados no levantamen-

to esteve a alteração de tendência nas formas

de pagamento, que indicava representativida-

de crescente para as compras à vista. Em se-

tembro, os consumidores apostaram mais no

parcelamento, o que pode ser explicado pela

recuperação de crédito para as compras de fim

de ano. “O gaúcho respeita o fornecedor, só

compra o que sabe que pode pagar, a nossa

Cautela no

mercadoA

Volume de vendas apresenta pequena queda em

setembro, mas diminui a diferença em relação ao

mesmo período do ano anterior

inadimplência é eventual e baixa. O final do ano é uma

época boa para a quitação das dívidas, porque o consumi-

dor precisa comprar, então limpa seu nome no mercado”,

explica o vice-presidente do Ifep, Leonardo Schreiner.

Mesmo com a queda, no volume de vendas o comér-

cio tem a expectativa de reverter o quadro. “Tanto é que

a nossa perspectiva é de contratação de 4 mil pessoas

em Porto Alegre neste final de ano”, destaca Schrei-

ner. A manutenção das contratações vai depender das

vendas de final de ano e da estabilidade do comércio nos

primeiros meses de 2006, relacionada ao volume de massa

financeira circulante no mercado.

p e s q u i s a c o n j u n t u r a l

Volume de vendas em relação ao mês anterior (%)* Volume de vendas em relação ao mesmomês do ano anterior (%)*

*Variação do faturamento deflacionado pelo IPCA/IBGE – Região Porto Alegre

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p e s q u i s a

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Detalhe sobre o volume de vendas

Variação do faturamento, deflacionado pelo IPCA/IBGE –Região: Porto Alegre.

Grupos e Classes Set/05 Set/05 Acumulado

de Atividades Ago/05 Set/04 no Ano

Comércio Geral -1,65% -6,11% -5,85%

Bens Duráveis 3,46% -22,47% 2,57%

Utilidades Domésticas -5,05% 2,14% 22,06%Cine-Foto-Som 0,17% -0,77% -13,94%Ópticas -3,57% 37,59% 29,45%Informática 11,64% - -24,50%Móveis e Decorações -4,50% -0,20% -Bens Semiduráveis -4,84% 4,58% -8,82%

Vestuário 0,95% 26,76% -1,73%Tecidos 5,46% 9,65% -18,16%Calçados -2,59% 39,94% 21,03%Livraria, Papelaria e Materialde Escritório -10,06% -20,97% -21,37%Bens Não-Duráveis -0,70% -6,35% -11,38%

Supermercados -3,91% -8,66% -8,16%Massas, Frios, Laticíniose Açougue -6,08% -37,29% -Farmácias e Perfumarias -3,23% 23,58% 15,85%Combustíveis, Lubrificantes e GLP 3,36% -15,12% -23,55%Comércio Automotivo -6,28% -11,70% -6,14%

Concessionárias de Veículos -5,85% -12,84% -7,20%Autopeças -7,74% -7,81% -2,55%Material de Construção 0,50% 4,23% 5,52%

Volume de vendas

A queda no volume de vendas do comércio

varejista da região metropolitana de Porto Ale-

gre que aconteceu em setembro, em relação a

agosto, não foi nenhuma surpresa para quem

acompanha o setor. O mês de setembro teve

três dias úteis a menos, o que diminui os dias

de faturamento das empresas. Além disso, em

agosto o Dia dos Pais teve uma influência posi-

tiva sobre as vendas daquele mês. Já em relação

a setembro de 2004, a queda de 6,11% não era

esperada, mesmo se sabendo que as conseqü-

ências da estiagem do início do ano ainda não

foram completamente dissipadas, ou seja, toda

a economia ainda está sofrendo seus efeitos.

Aqui também se faz necessário salientar que o

volume de vendas de setembro de 2004 em re-

lação ao mesmo mês de 2003 foi positivo em

7,2%; então, para que pudéssemos ter, neste

ano, resultados melhores que os de 2004 tería-

mos de ter resultados muito expressivos, pois é

forte a base de comparação. Contudo, os ramos

de Vestuário e Calçados apresentaram resultados

muito positivos, favorecidos, em grande parte,

pelas coleções da nova estação.

Inadimplência

O índice de inadimplência de setembro teve

significativa queda: passou de 2,11% em agosto

para 1,18% naquele mês. Essa queda é resulta-

do da redução no percentual de cheques devol-

vidos, que, em agosto, representou 9,3% do to-

tal de cheques recebidos e, em setembro, caiu

para 5,8%. O setor que apresentou a maior

inadimplência (1,9%) foi o de bens não-durá-

veis. Isso ocorre porque nessa área os produtos

Representatividade das formas depagamento no faturamento

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pe s qu i s a

Nível de emprego

Variação do nível de emprego

Grupos e Classes Ago/05 Set/05

de Atividades

Comércio Geral 0,03% 0,04%

Bens Duráveis -0,52% 0,14%

Utilidades Domésticas 0,00% -3,19%Cine-Foto-Som -0,62% -1,98%Ópticas 3,98% -1,13%Informática 1,22% 0,66%Móveis e Decorações -6,08% 3,80%Bens Semiduráveis -0,41% -1,56%

Vestuário -0,94% -2,48%Tecidos 0,00% -2,28%Calçados -0,57% -1,87%Livraria, Papelaria e Material de Escritório 0,00% -0,78%Bens Não-Duráveis 1,82% -0,46%

Supermercados 4,70% -1,59%Massas, Frios, Laticínios e Açougue -1,08% 1,43%Farmácias e Perfumarias 1,73% -2,00%Combustíveis, Lubrificantes e GLP -0,32% 1,00%Comércio Automotivo -0,58% 0,98%

Concessionárias de Veículos -0,91% 1,27%Autopeças 0,56% 0,00%Material de Construção -3,13% 2,41%

comercializados são de menor valor e as com-

pras são feitas geralmente sem programação

prévia. Em contraposição, no setor de materi-

ais de construção os produtos têm valores bem

mais expressivos, e costumeiramente as com-

pras ocorrem após programação orçamentária

por parte dos consumidores. Em nível nacio-

nal, a Serasa aponta um crescimento da inadim-

plência nos cheques. Para o órgão, no mês de

agosto a inadimplência foi de 1,86%, passando

para 1,94% em setembro. Vale lembrar que o

cálculo do índice de inadimplência da Serasa é

diverso do praticado por esta pesquisa, além de

ter área de abrangência diferente.

Formas de pagamento

A representatividade das compras a prazo

teve significativa alteração entre as formas de

pagamento nas vendas praticadas no comércio

varejista da região metropolitana em setembro.

A elevação de mais de cinco pontos percentu-

ais nas vendas a prazo pode ser explicada pelas

facilidades dessa forma de pagamento, com di-

latação de prazos e simplificação dos procedi-

mentos. As vendas a prazo, mesmo com o risco

de inadimplência, vêm ganhando o espaço dos

cartões de crédito, pois os custos destas opera-

ções não estão compensando os de outras for-

mas de recebimento. Outro aspecto a destacar

em relação à elevação das vendas a prazo é o

fato de que em setembro a crise política já ha-

via perdido importância na mídia, aumentando

a confiança dos consumidores, pois a turbulên-

cia parece não representar ameaça ao desempe-

nho da economia. Esse aumento da confiança

leva os consumidores a assumirem compromis-

sos futuros com maior facilidade.

Variação do nível de emprego (%)

Inadimplência – cheques (%)

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pa

ra

le

r que você precisa para ter mais su-

cesso em sua vida profissional e

para ter mais felicidade em sua vida pes-

soal: uma evolução ou uma revolução?

Esta é a questão central do livro A (R)evo-

lução – Uma jornada em busca do crescimento

profissional e pessoal, escrito pelo empresá-

rio gaúcho Eduardo Tevah. O autor pro-

porciona ao leitor a possibilidade de ser

co-autor desta obra, podendo escolher

seu verdadeiro título. Se as informações

transmitidas já estiverem em sintonia

com o estilo de vida do leitor e ainda

assim ele encontrar dicas relevantes na

obra, o seu caminho é o da evolução.

Caso contrário, se uma grande mudan-

ça for necessária em sua trajetória, o

caminho é o da revolução. Para Tevah, é

por meio da nossa capacidade de me-

lhorar que conseguimos êxitos na vida.

Para falar das necessidades de mu-

danças e dar dicas de crescimento pes-

soal e profissional, o autor conta a his-

tória de André, um jovem que busca

respostas para se tornar vencedor em um

cenário em que o desemprego impera.

O leitor de A (R)evolução poderá encon-

trar elementos para fazer um balanço de

sua vida nos mais diferentes aspectos.

Este é o segundo livro de Eduardo Te-

vah, que há dois anos publicou Os dife-

renciais das pessoas de sucesso.

OEvolução ou revolução

“Em Paixão por

vencer, Jack Welch

demonstra com

clareza por que

merece o título de

Executivo do Século.

É um livro fascinante, indicado para

toda pessoa que queira entender a arte

do sucesso no meio empresarial. Além

disso, em vários momentos, ele permite

uma reflexão sobre como obter o

melhor das pessoas. Prepare-se para

devorar o livro, pois a leitura é atraente

e remete cada um de nós a uma série de

reflexões sobre como estamos condu-

zindo nossa vida profissional em tempos

tão complexos como estes.”

Eduardo Tevah

Vice-presidente do grupo Tevah

Eu recomendo

Livro: A (R)evolução –Uma jornada em buscado crescimento pessoal

e profissionalAutor: Eduardo TevahEdição independente

198 páginas

Fávi

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ção

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c r ô n i c a

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Pequena história

das dívidasPor Moacyr Scliar

ontrair uma dívida é, antes de tudo, um

ato de otimismo, de confiança no futu-

ro. Tudo dando certo, pensa o devedor,

eu saldarei o débito, e terei desenvolvido meu

negócio ou adquirido coisas que desejava.

E tudo indica que isto acontece na maioria

dos casos; entre dois terços e três quartos dos

brasileiros pagam regularmente suas dívidas

com lojas, com os bancos, com os cartões de

crédito. Mas o que acontece quando as coi-

sas não dão certo? Quando a pessoa perde o

emprego, quando o negócio vai mal, quando

sobrevém algum catastrófico imprevisto?

A humanidade tem uma longa história de li-

dar com devedores. Longa e contraditória. Do

ponto de vista espiritual, havia uma atitude

de tolerância: a cada sete anos, segundo a pres-

crição bíblica, as dívidas eram canceladas; a

cada 25 anos, as terras voltavam a seus pro-

prietários: era o jubileu, uma prática que é

central nas prédicas em que Jesus recomen-

dava caridade para com os devedores.

Com o tempo a caridade ficou em segun-

do plano; o castigo do devedor passou a ser a

regra. Na Itália medieval, quando um comer-

ciante não pagava as dívidas seu estabeleci-

mento (“banca”) era destruído; daí vem a pa-

lavra bancarrota (“banca rotta”). Na Inglater-

ra, os devedores iam para a cadeia; no século

dezoito, eles constituíam a maioria dos prisio-

neiros. Além disto, e ao contrário dos crimi-

nosos comuns, não tinham “hotelaria” gratuita; ironica-

mente, eram forçados a pagar um aluguel pelo cárcere, o

que obrigava os coitados a vender aos outros prisionei-

ros as poucas coisas que lhes restavam. Nas colônias

americanas, os devedores igualmente iam para a prisão.

Não é pecado ser pobre, disse em 1715 o Reverendo

Samuel Moody, acrescentando: “Mas dever dinheiro é

pecado”. Após a Revolução Americana veio um perío-

do de depressão econômica, durante a qual muitos fa-

zendeiros ficaram inadimplentes. Revoltados, ocuparam

o tribunal onde eram julgados os casos de dívidas, impe-

dindo assim os processos judiciais.

Países também podiam se tornar devedores, e o Bra-

sil é um exemplo clássico. Quando da independência,

Portugal exigiu uma grande indenização, paga pela In-

glaterra, interessada no comércio com nosso país. Daí

resultou uma enorme dívida, que aumentou muito com

a guerra do Paraguai. No começo do século 20 veio a

crise. Com o Rio de Janeiro e Santos às voltas com epi-

demias (febre amarela, peste, varíola), os navios estran-

geiros se recusavam a ali aportar. O café, principal “com-

modity” brasileira, não podia ser exportado, as divisas

não entravam, o Brasil tornou-se inadimplente, e a In-

glaterra chegou a ameaçar com intervenção militar. Fe-

lizmente Oswaldo Cruz, que era o ministro da Saúde,

conseguiu controlar as doenças.

Hoje em dia as coisas não são tão drásticas. O co-

mércio, por exemplo, é flexível, e as pessoas podem com-

prar de acordo com vários esquemas de pagamento. Mas

um pouco de prudência sempre faz bem. E ajuda a pessoa

a dormir em paz, sem passar a noite fazendo cálculos.

C

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AGENDA

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n o v emb r o

8NatalÀs 19h30min, o Senac Gravataí

realiza a palestra Revolucionando

as vendas no Natal e fidelizando

clientes para todo o ano, com

Eduardo Tevah. Informações:

(51) 3488-8860.

10O Poder da AtitudeO Senac e o Sesc promovem às

20h, em Carazinho, a palestra

O Poder da Atitude, com

Eduardo Tevah. Informações:

(54) 3331-5557.

12Olimpíadas ComerciáriasÀs 19h30min, no Sesc Campestre,

em Porto Alegre, ocorre a cerimô-

nia de abertura das finais das

Olimpíadas Comerciárias.

Informações: (51) 3284-2047.

FenamilhoDe 12 a 20/11, o Sistema Feco-

mércio (Sesc e Senac) participa da

Fenamilho de Santo Ângelo.

Informações: (55) 3312-4411.

18Hotel Sesc GramadoO Hotel Sesc Gramado

será inaugurado às 19h.

Informações: (54) 286-0503.

Vestibular SenacAté o dia 13 janeiro de

2006 está aberto o

período de inscrições para o

vestibular das Faculdades do

Senac-RS. Informações:

www.senacrs.com.br.

RS, Assembléia-Geral de diretoria

e Fórum de Planejamento. Infor-

mações: (51) 3286-5677.

EcoturcentroO Senac Santa Maria realiza o 1°

Ecoturcentro – Seminário de Ecotu-

rismo e Turismo Aventura da Região

Central do RS entre os dias 25 e 27.

Informações: (55) 3225-2121.

29OdontoSescLançamento da Carreta Odonto

Sesc em Frederico Westphalen.

Informações: (54) 3331-2451.

30Estatuto do IdosoÀs 14h, acontece o Fórum Estatuto

do Idoso em Rio Grande. Promoção

do Sesc e do governo do Estado.

Informações: (53) 3231-6011.

3

Foto

Roc

ha

Minimaratona SescÀs 9h, acontece em Torres a Etapa

Litoral do Circuito Sesc de Minimara-

tona. Informações: (51) 3664-1811.

20Festival de TurismoO Sistema Fecomércio (Sesc, Senac

e Sebrae) estará com um estande

institucional no Festival de Turismo,

em Gramado. Informações:

(51) 3541-5370.

21Novo Balcão Sesc/SenacInauguração do Balcão Sesc/Senac

em Frederico Westphalen. Informa-

ções: (54) 3331-2451.

22Maturidade AtivaClube Sesc Maturidade Ativa é

lançado em Carazinho. Informações:

(54) 331-2451.

23Maturidade AtivaLançamento do Clube Sesc Maturida-

de Ativa de Erechim. Informações:

(54) 522-1033.

25Sistema FecomércioEm Porto Alegre acontece a festa de

final de ano do Sistema Fecomércio-

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