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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ZOOTECNIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA ANIMAL FERNANDO DONISETI PULTZ A utilização do Método de Custeio Baseado por Atividades para o gerenciamento estratégico de custos de um laticínio: Estudo de caso em um laticínio do interior do Estado de São Paulo. Pirassununga 2016

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE ZOOTECNIA E ENGENHARIA DE ALIMENTOS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO E INOVAÇÃO NA INDÚSTRIA ANIMAL

FERNANDO DONISETI PULTZ

A utilização do Método de Custeio Baseado por Atividades para o gerenciamento estratégico de custos de um

laticínio: Estudo de caso em um laticínio do interior do Estado de São Paulo.

Pirassununga

2016

1

FERNANDO DONISETI PULTZ

A utilização do Método de Custeio Baseado por Atividades para o gerenciamento estratégico de custos de um

laticínio: Estudo de caso em um laticínio do interior do Estado de São Paulo.

Versão Corrigida

Dissertação apresentada à Faculdade

de Zootecnia e Engenharia de Alimentos

da Universidade de São Paulo para

obtenção do título de mestre em Gestão

e Inovação na Indústria Animal.

Área de concentração: Gestão e

Inovação da Indústria Animal

Orientador: Prof. Dr. Adriano Rogério

Bruno Tech

Pirassununga

2016

Ficha catalográfica elaborada pelo Serviço de Biblioteca e Informação, FZEA/USP,

com os dados fornecidos pelo(a) autor(a)

Permitida a cópia total ou parcial deste documento, desde que citada a fonte - o autor

P983uPultz, Fernando Doniseti A utilização do Método de Custeio Baseado porAtividades para o gerenciamento estratégico decustos nas empresas: Estudo de caso em umlaticínio... / Fernando Doniseti Pultz ; orientadorAdriano Rogério Bruno Tech. -- Pirassununga, 2016. 92 f.

Dissertação (Mestrado - Programa de Pós-Graduaçãoem Mestrado Profissional Gestão e Inovação naIndústria Animal) -- Faculdade de Zootecnia eEngenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo.

1. Sistema Agroindustrial de leite. 2. Gestãode Custos. 3. Método de Custeio Baseado porAtividades. I. Tech, Adriano Rogério Bruno, orient.II. Título.

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FERNANDO DONISETI PULTZ

A utilização do Método de Custeio Baseado por Atividades para o gerenciamento estratégico de custos de um

laticínio: Estudo de caso em um laticínio do interior do Estado de São Paulo.

Dissertação apresentada à Faculdade

de Zootecnia e Engenharia de Alimentos

da Universidade de São Paulo para

obtenção do título de mestre em Gestão

e Inovação na Indústria Animal.

Área de concentração: Gestão e

Inovação da Indústria Animal

Data da Aprovação: ______/_____/______ Banca Examinadora:

Pof. Dr. Adriano Rogério Bruno Tech – FZEA/USP – Orientador __________________________________________________________ Prof. Dr. Celso da Costa Carrer – FZEA/USP

__________________________________________________________ Prof. Dr. Osmar Gonçalves – Academia de Força Aérea - AFA

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DEDICATÓRIA

Aos meus filhos Davi e Lívia, minhas alegrias diárias, razões da minha vida.

À minha esposa Fabiana, refúgio e fortaleça nos momentos difíceis e pelo amor

incondicional apresentado cotidianamente.

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, meu guia protetor, luz do meu caminho.

Ao Professor Doutor Luiz Arthur Malta Pereira, pela paciência e orientação no meu

ingresso ao programa de Mestrado.

Ao Professor Doutor Kleber Batista Pettan, pelo incentivo e apoio constante durante

todo o processo do mestrado.

Ao Professor Doutor Adriano Rogério Bruno Tech, pela confiança, respeito e

condução técnica do presente trabalho.

Agradeço aos professores do Mestrado Profissional em Gestão e Inovação da

Indústria Animal, pela dedicação e comprometimento nas aulas. Agradeço também

aos professores e coordenadores do Centro Universitário Anhanguera pela ajuda e

incentivo nessa etapa importante em minha carreira acadêmica.

Aos meus pais Ana Maria e José Braz, que me mostraram o caminho dos princípios

morais, éticos e pacienciosos.

5

“Quanto mais aumenta nosso conhecimento, mais evidente fica nossa ignorância”

John F. Kennedy

6

RESUMO

PULTZ, F.D. A utilização do Método de Custeio Baseado por Atividades para o gerenciamento estratégico de custos em um laticínio: Estudo de caso em um laticínio do interior do Estado de São Paulo. 2016. 92 fl. Dissertação Mestrado Profissional em Gestão e Inovação da Indústria Animal – Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Universidade de São Paulo, Pirassununga, 2016.

Este trabalho tem como objetivo aplicar do Método de Custeio Baseado por Atividades em um laticínio do interior do Estado de São Paulo, bem como comparar com o Método de Custeio utilizado atualmente na empresa pesquisada e apresentar a efetividade do custeio na gestão dos custos da empresa. O mercado competitivo e a necessidade de utilização de ferramentas de gestão de custos que possibilitem a tomada de decisões das empresas, foram a motivação para investigação e proposta de pesquisa deste trabalho. O aprofundamento da investigação dos métodos de custeio que traduzem o real resultado dos esforços das empresas para a produção dos produtos é fundamental para a análise financeira das empresas que compõem o Sistema Agroindustrial de Leite, mais especificamente dos produtores e empresas processadoras de leite. A aplicação do Método do Custeio Baseado por Atividades em um laticínio é um avanço na geração de informações e em aprimoramento das condições de oferta do leite no mercado, visto que a análise desse método permite uma clara e moderna visualização da viabilidade econômica dos produtos da empresa. Como contribuição para o avanço e rapidez dos dados obtidos pelo Método de Custeio Baseado por Atividades, foi implementado um software na empresa pesquisada, para controle e gestão dos custos indiretos da empresa, sendo esta a principal variável que compõe o método testado. A gestão estratégica de custos é a espinha dorsal para gestão eficiente dos negócios das empresas, visto as particularidades do setor e a busca da eficiência em custos, dessa forma, o trabalho discute de forma detalhada esses fatores, com foco na fundamentação teórica dos sistemas de custeio e na aplicação prática do conceito do Custeio Baseado por Atividades na empresa pesquisada, buscando propor soluções estratégicas de baixo custo e de fácil implementação, para que os gestores possam identificar as potencialidades de sua propriedade e tomar decisões empresariais mais precisas. Como resultado, a empresa poderá adotar o modelo do Custeio Baseado por Atividades em suas atividades, propiciando assim, um possível diferencial para a empresa pesquisada.

Palavras-Chave: Sistema Agroindustrial de leite, Gestão de Custos, Método de Custeio Baseado por Atividades.

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ABSTRACT

PULTZ, F.D. Use of the Based Activities Cost Method for the strategic cost management in a dairy plant: Case study in a dairy plant in the state of São Paulo. 2016. 92 fl. Professional Master's dissertation in Management and Innovation of Animal Industry – Faculty of Animal Science and Food Engineering, São Paulo University, Pirassununga, 2016.

This document aims to present the application of the Based Cost for Activities Method in a dairy plant in São Paulo State, as well as compare the cost method currently used in the company and demonstrate its effectiveness for management the company's costs. Competitive market and the need to use cost management tools that enable decision making of companies, were the motivation for research and the purpose of this work. A deep research of costing methods that reflect the actual outcome of the efforts of companies to the production of products is critical to the financial analysis for companies that make up Milk Agro industrial System, specifically producers and processors of the milk companies. Application of Cost Based on Activities Method in a dairy is a breakthrough in information generation and improvement of the milk supply conditions in the market, since the analysis of this method allows a clear and modern view of economic viability of the company´s product. As a contribution to the progress and quickness of data obtained by Cost Based on Activities Method, it was implemented a software in company for control and management indirect costs, which is the main variable that makes up the tested method. The cost management is the backbone for efficient management of business enterprises, as the sector's particularities and the pursuit of cost efficiency, thus the work will discuss in detail these factors, focusing on theoretical basis of costing systems and practical application of the Cost Based in Activities concept in the company studied, trying to propose strategic solutions of low cost and easy to implement, so that managers can identify the potential of your property and make more accurate business decisions. As a result, the company may take the costing model based on activities in their activities, providing thus a possible advantage for the company searched.

Keywords: Milk Agroindustrial System, Cost Management, Based Costing for Activities.

8

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Representação do Método de Custeio Baseado por Atividades..............51

Figura 2 – Modelo de processo de cálculo do Custeio Baseado por Atividades.......53

Figura 3 – Organograma da empresa Delta..............................................................60

Figura 4 – Fluxograma das atividades da empresa Delta.........................................61

Figura 5 – Diagrama do fluxo de processamento do Sistema de Direcionamento para

alocação de Custos Indiretos aos Produtos..............................................................81

Figura 6 – Tela principal do Sistema de Direcionamento para alocação de Custos

Indiretos aos Produtos...............................................................................................81

Figura 7 – Tela de lançamento do Sistema de Direcionamento para alocação de

Custos Indiretos aos Produtos...................................................................................82

Figura 8 – Tela de resultados de custos de primeiro estágio por processos do

Sistema de Direcionamento para alocação de Custos Indiretos aos Produtos.........83

Figura 9 – Tela de lançamento de custos de segundo estágio do Sistema de

Direcionamento para alocação de Custos Indiretos aos Produtos............................83

Figura 10 – Tela de controle e lançamento de custos de segundo estágio do Sistema

de Direcionamento para alocação de Custos Indiretos aos Produtos.......................84

Figura 11 – Tela de consulta do Sistema de Direcionamento para alocação de

Custos Indiretos aos Produtos...................................................................................85

Figura 12 – Relatório do Sistema de Direcionamento para alocação de Custos

Indiretos aos Produtos................................................................................................85

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Projeção de crescimento da população no período de 2005 a 2050.......18

Tabela 2 – Ranking das maiores empresas de laticínio no Brasil no ano de 2012... 24

Tabela 3 – Exemplo simulado do Método de Custeio Pleno......................................39

Tabela 4 – Exemplo simulado do Método de Custeio por Absorção.........................41

Tabela 5 – Exemplo simulado do Método de Custeio Direto.....................................42

Tabela 6 – Exemplo simulado do Método de Custeio Variável..................................44

Tabela 7 – Produtos Fabricados pela empresa Delta................................................62

Tabela 8 – Composição das matérias-primas utilizada nos produtos da empresa

Delta (Junho/2015 a Maio/2016)................................................................................63

Tabela 9 – Quantidade e valores de salários dos funcionários diretos da empresa

Delta (Junho/2015 a Maio/2016)................................................................................64

Tabela 10 – Despesas Operacionais da empresa Delta (Junho/2015 a Maio/2016).64

Tabela 11 – Custos Indiretos da empresa Delta (Junho/2015 a Maio/2016).............65

Tabela 12 – Demonstrativo de custos e despesas totais da empresa Delta

(Junho/2015 a Maio/2016)..........................................................................................66

Tabela 13 – Custos unitários por produtos, quantidade produzida e volume de

vendas da empresa Delta (Junho/2015 a Maio/2016)...............................................67

Tabela 14 – Apuração do lucro unitário por produto da empresa Delta (Junho/2015 a

Maio/2016)..................................................................................................................68

Tabela 15 – Demonstrativo de resultados por produto e total da empresa Delta

(Junho/2015 a Maio/2016)..........................................................................................68

Tabela 16 – Custos Indiretos da empresa Delta classificados por grupo de atividades

(Junho/2015 a Maio/2016)..........................................................................................69

Tabela 17 – Custos Indiretos e direcionadores de custos de primeiro estágio..........71

Tabela 18 – Participação percentual de fabricação do produto acabado..................73

Tabela 19 – Direcionamento de custos de segundo estágio e bases de distribuição

dos produtos acabados..............................................................................................74

Tabela 20 – Distribuição dos custos indiretos nos produtos acabados da empresa

Delta (Junho/2015 a Maio/2016)................................................................................75

Tabela 21 – Demonstrativo de custos e despesas totais da empresa Delta pelo

Método de Custeio Baseado por Atividades..............................................................76

10

Tabela 22 – Custo Unitário por produto pelo Método de Custeio Baseado por

Atividades, quantidade produzida e volume de vendas (Junho/2015 a Maio/2016)..76

Tabela 23 – Demonstrativo de resultados por produto e total da empresa Delta pelo

Método de Custeio Baseado por Atividades (Junho/2015 a Maio/2016)...................77

Tabela 24 – Apuração do lucro unitário por produto da empresa Delta pelo Método

de Custeio Baseado por Atividades...........................................................................78

Tabela 25 – Comparativo de custos unitários por produtos dos métodos de custeio

apurados (Junho/2015 a Maio/2016)..........................................................................79

Tabela 26 – Comparativo de resultados financeiros por produtos dos métodos de

custeio apurados (Junho/2015 a Maio/2016).............................................................80

11

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Produção mundial de leite.......................................................................17

Gráfico 2 – Participação percentual da Agricultura Familiar......................................29

12

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.................................................................................................13

2. REVISÃO DA LITERATURA............................................................................16

2.1 O SISTEMA AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO MUNDO.............................16

2.2 O SISTEMA AGROINDUSTRIAL DO LEITE NO BRASIL..............................19

2.3 A GESTÃO DAS EMPRESAS NO SISTEMA AGROINDUSTRIAL DE LEITE

NO BRASIL...........................................................................................................25

2.4. OS SISTEMAS DE CUSTOS EMPRESARIAIS.............................................30

2.4.1. Métodos de custeio.....................................................................................37

2.4.1.1 Método de Custeio Pleno..........................................................................38

2.4.1.2 Método de Custeio por Absorção..............................................................39

2.4.1.3 Método de Custeio Direto.........................................................................41

2.4.1.4 Método de Custeio Variável......................................................................43

2.4.1.5 Comparativo dos Métodos de Custeio......................................................45

2.4.1.6 Método de Custeio Baseado em Atividades ou custeio ABC...................48

3. OBJETIVOS DA PESQUISA............................................................................54

3.1 OBJETIVO GERAL.........................................................................................54

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...........................................................................54

4. MATERIAL E MÉTODOS.................................................................................55

4.1 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS.......................................................55

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................................59

5.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO...........................................59

5.2 DESCRIÇÃO, ANÁLISE DE DADOS E LEVANTAMENTO DO MÉTODO DE

CUSTEIO UTILIZADO PELA EMPRESA..............................................................62

5.3 APLICAÇÃO DO CUSTEIO BASEADO POR ATIVIDADES NA EMPRESA

PESQUISADA.......................................................................................................68

5.4 CARACTERIZAÇÃO DO SOFTWARE TESTADO.........................................80

5.5 DESENVOLVIMENTO DE SOFTWARE DE DIRECIONAMENTO PARA

ALOCAÇÃO DE CUSTOS INDIRETOS................................................................62

6. CONCLUSÕES E SUGESTÕES......................................................................86

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................89

13

1. INTRODUÇÃO

O Sistema Agroindustrial de Leite no mundo apresenta um cenário

econômico promissor visto as oportunidades geradas pela expectativa de aumento

da população mundial, às tendências do consumo de proteína pela população e

principalmente pelo aumento da produção de leite no mundo e à ascensão de novas

tecnologias neste setor.

No Brasil, o Sistema Agroindustrial de Leite tem um papel crucial na

economia do país e em especial nas pequenas cidades. Esse segmento, além de

ser promissor devido a riqueza natural do país e condições naturais de clima, é

responsável por inúmeros empregos no comércio e nos serviços prestados,

contribuindo dessa forma, na renda local e, por consequência nas grandes

metrópoles.

Embora o Brasil apresente um cenário bastante otimista no Sistema

Agroindustrial de Leite, há grandes oportunidades de melhoras na produção e

gestão das empresas do setor, visto a dificuldade do país em competir

internacionalmente. O acesso à tecnologia, a carência de mão de obra especializada

e a melhoria na qualidade nos produtos, são desafios deste setor no Brasil.

Sabendo dessa importância e entendendo o cenário promissor, mas

competitivo desse setor, o presente trabalho tem como finalidade abordar um tema

de fundamental interesse desse segmento: o gerenciamento e controle de custos.

Entender as formas de custeio desse setor, bem como explorá-los de forma eficiente

para cada setor de atividade ou mesmo para cada empresa, ainda é uma grande

dificuldade de gestores e consultores de negócios nos dias atuais.

Histórica e tradicionalmente, os sistemas e controle de custos estão

fundamentados nos princípios da Contabilidade de Custos Fiscais, regidos pela Lei

6404/76, atualizada pelas leis 11.638/2007 e 11.941/2009, mais especificamente o

decreto 3000/1999 – art.290 da Contabilidade de Custos que visa ratear os custos

indiretos aos produtos fabricados pela empresa (BRASIL, 2009)

No entanto, novos conceitos e ferramentas de custos objetivam olhar de

forma gerencial para as variáveis que envolvem todo o esforço de produção e

vendas dos produtos, gerando informações para a correta tomada de decisões

empresariais.

14

Quando se aborda o gerenciamento estratégico de custos, não há na

literatura e, principalmente na prática empresarial uma padronização sobre a melhor

forma de custeio para determinados setores ou segmentos. Esse fato se deve,

muitas vezes, à dificuldade de implementação dos conceitos de custos nas

empresas, principalmente no setor de produção leiteira, devido à cultura, paradigma

e gestão administrativa histórica das propriedades leiteiras e empresas

processadoras de leite.

Geralmente, os gestores das empresas desse setor no Brasil, herdam a

propriedade dos pais e avôs, bem como os processos de fabricação e controle das

propriedades, o que dificulta a entrada de inovação em gestão de custos e melhor

visualização dos resultados da empresa.

Coordenar cada processo de geração de custos e despesas até o produto

final nesse setor é inconstante, ou seja, não há uma receita para que os custos

sejam tratados de forma linear durante cada período do ano. No entanto, o

acompanhamento e rastreamento dos custos devem ser diário e perseguido em

cada etapa do processo de apoio e fabricação dos produtos.

Quando se tem esse cenário não linear, a utilização dos rateios dos custos

indiretos de produção não é boa alternativa para a real identificação dos custos de

fabricação, tornando a distribuição dos custos arbitrária na alocação aos produtos,

ou seja, sem um racional calculado para que os produtos recebam determinadas

cargas de dispêndios financeiros indiretos.

Nesse sentido, é necessário apresentar soluções para essas empresas,

especialmente no tocante ao gerenciamento de custos. Há inúmeras formas de

custeio na literatura, cada uma com grau de especificidade, complexidade e

aplicação. Acredita-se que o Método de Custeio Baseado por Atividades atende às

expectativas de gestão de custos do setor estudado.

O uso do Método de Custeio Baseado por Atividades prevê uma alocação

otimizada e detalhada de todos os custos e despesas que envolvem os processos

de fabricação, especialmente os custos indiretos. Nessa metodologia, os custos

indiretos são partes dominantes dos custos, fundamentais para compreender por

que em muitos casos, o crescimento empresarial não gera os lucros esperados no

real demonstrativo de resultados da empresa. No Custeio Baseado por Atividades, a

atividade se torna o foco do processo de custo. Os custos são levados de uma

15

atividade aos produtos determinando-se a parcela da atividade dedicada a cada

produto.

A importância do Custeio Baseado por Atividades está na clareza de

informações geradas do processo de apoio e produção dos produtos acabados, o

que pode determinar a maximização de resultados de determinado produto, a

exclusão ou otimização de atividades da empresa a partir dos esforços financeiros

dos processos, ou a exclusão de produtos após a distribuição dos custos indiretos.

Para a implementação do Método de Custeio Baseado por Atividades no

setor leiteiro, é fundamental que exista um sistema de fácil aplicação e manuseio

para que seja feito, cotidianamente, o cálculo de custos das empresas, visto sua

característica detalhada de atividades da empresa e o grande dispêndio de tempo

para apuração e lançamento dos custos nas atividades.

De forma geral, o sucesso e competitividade das empresas no Sistema

Agroindustrial de Leite no Brasil, dependem fundamentalmente dos conhecimentos e

boa utilização das formas de custeio de suas operações. Além disso, um dos

maiores desafios do setor leiteiro é intensificar a oferta de produtos de qualidade,

além de atender às demandas do mercado interno com efetivo e constante controle

de custos durante toda a cadeia produtiva.

16

2. REVISÃO DE LITERATURA

Este capítulo tem como objetivo, inicialmente, apresentar os principais dados

e informações sobre o Sistema Agroindustrial de Leite no mundo, bem como traçar

uma análise paralela sobre as oportunidades e fragilidades do setor no Brasil e a

importância da constante inovação desse setor no país.

Por fim, são detalhados e discutidos os Sistemas de Custos empresariais,

uma análise comparativa dos Métodos de Custeio, e em especial, o Método de

Custeio Baseado por Atividades.

2.1 O Sistema Agroindustrial de Leite no mundo

Dados da Organização das Nações Unidas demonstram que a atividade

pecuária representa aproximadamente 40% da produção agrícola mundial, sendo

que há em torno de 255 milhões de cabeças de vacas e desses, 83% são animais

produtores de leite, correspondendo em torno de 630 toneladas de leite produzido

no mundo (FAO, 2010).

A pesquisa da Organização das Nações Unidas demonstra ainda que

aproximadamente 12% da população mundial estão envolvidas na produção ou

processamento de leite, o equivalente a 750 milhões de pessoas. No entanto, devido

às condições de clima, tecnologias e mercado, grande parte dos países não são

autossuficientes.

O inventário mundial de bovinos é de aproximadamente 1.500 milhões de

animais, distribuídos da seguinte forma: 35% na Ásia, 34% nas Américas, 20% na

África, 8% na Europa e 3% na Oceania (FAO, 2014).

Entre os anos de 1992 e 2012, a produção de leite mundial cresceu

aproximadamente 36%, o que representa uma média de 8 milhões de toneladas do

produto. O Gráfico 1 apresenta essa evolução (FAO, 2013).

17

Gráfico 1 – Produção Mundial de Leite

Ano

Milh

õe

s d

e t

on

ela

da

s

400

450

500

550

600

650

700

1985 1990 1995 2000 2005 2010 2015 2020

Produção Mundial de Leite

O estudo também relata que há aproximadamente 250 milhões de cabeças

de vacas leiteiras no mundo, sendo que, nas décadas de 90 e 2000, a quantidade

produzida de leite no planeta cresceu em aproximadamente 164 milhões de

toneladas.

A pesquisa da Organização das Nações Unidas ainda cita que há

aproximadamente 150 milhões de fazendas no planeta, com média de 10 vacas por

propriedade nos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Com o aumento da população, é inevitável o crescimento da produção de

alimentos e, mesmo com a tecnologia e proliferação de produtos industrializados, os

alimentos de origem animal ganharão espaço no mercado mundial (FAO, 2014).

O consumo mundial está relacionado ao aumento do consumo de proteína

pela população, e o leite é a alternativa viável para atender essa demanda. Muito

embora o comportamento de crescimento não atenda o consumo, a produção de

leite vem crescendo a passos largos e se mantendo em cenário de estabilidade em

países desenvolvidos e, a estimativa de aumento de ganho de população de baixa

renda, o aumento da população de países Africanos e a redução da população da

Europa, é uma realidade nas pesquisas (ZOCCAL, 2011).

A Tabela 1 mostra a projeção de crescimento da população entre os anos de

2005 a 2050.

Fonte: Adaptado de FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. FAOSTAT – FAO STATISTICS DIVISION Faostat Rome, 200. Disponível em: http://faostat.fao.org/site/569. Acesso em 22 Novembro de 2013.

18

Tabela 1 – Projeção de crescimento da população no período de 2005 a 2050

(em milhões de pessoas)

A maioria das regiões mundiais possui tendência de evolução do consumo

per capita de alimentos e países emergenciais como o Brasil, possui oportunidades

nesse mercado (ZOCCAL et al., 2011).

Com o aumento de ganho da população de baixa renda, ou seja, o consumo

per capita, haverá busca por produtos mais nobres, entre eles o leite e seus

derivados. É importante ressaltar que, quanto maior a renda per capita de uma

população, maior a exigência dos consumidores por melhor qualidade e diversidade

de produtos (FAO,2013).

A grande disponibilidade de terra é uma variável fundamental para o

crescimento dos países, especialmente no fornecimento de alimentos, entre eles o

cultivo de animais e os seus produtos derivados, como a carne e o leite. Os locais

onde há mais disponibilidade de terras e, consequentemente de pastagens, os

custos de produção e de insumos são relativamente mais baixos, o que significa que

essas localidades possuem, além de maiores oportunidades de crescimento, melhor

relação de competitividade de mercado (KNIPS, 2005).

Em geral, o mercado internacional do leite tem conseguido ascensão devido

às novas tecnologias empregadas no campo, como a otimização dos transportes,

refrigeração e de controle da operação. Esses fatores elevam a patamares

superiores de produção e venda do produto, porém, por se tratar de uma commodity,

Fonte: FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF THE UNITED NATIONS. FAOSTAT – FAO STATISTICS DIVISION. Livestock primary. 2014. Disponível em http://faostat3.fao.org/download/Q/QL/E. Acesso em: 02 Dez.2014.

19

há poucas possibilidades de diversificação de preços e diferenciais competitivos

(VON KEYSERLINGK et al.,2013).

2.2 O Sistema Agroindustrial de Leite no Brasil

O Brasil se destaca como um dos grandes produtores de leite no mundo,

sendo que no ano de 2012, o país produziu o equivalente a 30 bilhões de litros de

leite, gerando receita de aproximadamente R$27 bilhões. O Estado de São Paulo é

responsável por aproximadamente 11% da produção nacional (IBGE, 2014).

Em volume, o Brasil possui aproximadamente 20 milhões de cabeças de

vacas leiteiras, sendo que nas décadas de 90 e 2000, o crescimento na produção de

leite no país foi de 16 milhões de toneladas (FAO, 2014).

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE - (2014),

entre 1997 e 2012, a produção de leite no Brasil alcançou o auge de crescimento no

país, aumentando nesse período aproximadamente 75% da produção. Esse

aumento se deu especialmente pelo aumento de investimentos em animais e em

tecnologias, resultando em maior produtividade das propriedades.

Em 2012, o Brasil obteve a 4ª posição do ranking mundial de produção de

leite, produzindo no ano aproximadamente 650 toneladas de leite. Naquele ano, a

produtividade animal foi de aproximadamente 1.400 litros de leite por vaca

ordenhada, enquanto que a média de alguns países europeus é de

aproximadamente 5.000 litros de leite por vaca ordenhada. Esses dados significam

que, mesmo alcançando posição de destaque mundialmente na produção de leite, o

Brasil ainda carece de melhorias na produção por vaca, especialmente quanto ao

tipo de rebanho e os fatores de produção como alimentação e a pastagem (FAO,

2014).

No Brasil, a produção de leite está localizada aproximadamente em 1,4

milhões de propriedades, sendo que em média, essas propriedades empregam

aproximadamente três pessoas por propriedade, portanto, o setor gera

aproximadamente cinco milhões de empregos no país. Apenas 67 cidades dos 5564

municípios brasileiros não produzem leite, o que demonstra a importância do setor

para as cidades (IBGE, 2011).

O Agronegócio impactou o Produto Interno Brasileiro (PIB) brasileiro em

aproximadamente 23% no ano de 2013 e destes, aproximadamente 30% foi gerado

20

pelas atividades da pecuária leiteira e de corte, representando aproximadamente 7%

da participação do Produto Interno Bruto total do país. A pecuária de leite cresceu

aproximadamente 9% ao ano entre os anos de 2010 e 2014 (EMBRAPA, 2014).

Há grande destaque e relevância do setor leiteiro brasileiro, especialmente

nos aspectos econômicos e sociais do país. As empresas e propriedades que

compõe o Sistema Agroindustrial de Leite no Brasil possuem muita importância para

grandes e pequenas cidades, visto o fator de geração de renda e emprego no

campo. A importância também se dá pelo fomento da agricultura regional,

especialmente no interior de Estados (VELAZCO-BEDOYA, 2015).

Quando se fala do Brasil como grande potencial fornecedor de alimentos no

mundo, entende-se que a riqueza natural do país e a capacidade de produção são

grandes fatores de oportunidades para essa análise. Além disso, o Brasil é

conhecido mundialmente pela alta oportunidade de produção e diversidade de

culturas, o que, em tese, facilita a entrada dos produtos brasileiros no mercado

(MARTINS, 2005).

O Brasil possui características que levam a oportunidades de crescimento e

consolidação quanto à produção agropecuária. Isso se deve especialmente ao clima,

condições naturais do país, quantidade de mão de obra e oportunidades de

tecnologia. Além disso, o país possui 15% da água doce do mundo. Diante destas

condições, o Brasil torna-se referência de competitividade para a pecuária de corte e

leite (CÔNSOLI, 2006).

O autor relata ainda que o Brasil é constituído por uma heterogeneidade

muito grande de propriedades leiteiras, através de suas características de tamanho,

produção e principalmente de cultura das pessoas que compõe a sociedade da

empresa. É muito comum propriedades pequenas e médias serem administradas

pela família em continuidade aos membros familiares que iniciaram as atividades na

propriedade, onde geralmente é empregada tecnologias e processos ultrapassados,

além da baixa produção por vaca ordenhada.

É comum encontrar no Brasil muitas empresas que produzem o leite apenas

como subsistência, com modelos de produção com baixo desenvolvimento e

investimentos para aumento de produção (ZOCCAL et al., 2011)

O mercado do leite no Brasil é promissor, mas encontra barreiras maiores de

fornecimento mundial, devido à imagem de qualidade ruim do leite no Brasil

21

comparado a qualidade do leite produzido em outros países. Mesmo com essas

dificuldades, acredita-se que o leite e seus derivados, conseguirão grande ascensão

no mercado internacional (BATALHA, 2011).

Em pesquisa realizada pela Embrapa, no período de 2006 a 2012, mostra

que o custo de produção do leite teve aumento de 81,9% nesse período, sendo que

a mão de obra empregada diretamente no produto apresentou uma alta de 97,4% no

período, motivada pelos reajustes no salário mínimo acima da inflação concedida

pelo governo nesse período (EMBRAPA, 2014).

Ao longo da história do leite no Brasil, desde a colonização do país até o

ciclo acelerado de produção no final do século XVIII, e em virtude da crise do

mercado de café dessa época, observou-se significativas transformações e evolução

na produção do leite no país. Após um longo período sem destaque no

desenvolvimento do produto durante todo o século XIX, houveram muitos

investimentos em tecnologia e estruturação das propriedades que se refletiram no

século XX (MARTINS, 2005).

Martins (2005) descreve que o Sistema Agroindustrial do Leite pode ser

dividido e entendido em três períodos:

1) Ocorrido em meados da década de 40, foi o período em que o Estado

regulou o preço do leite pago ao produtor e também ao consumidor, o que

significou uma alteração econômica do setor no país.

2) Ocorrido no final dos anos 80, foi o período que marcou o fim do

regulamento do preço do leite pelo Estado e a expansão da produção do

leite, incentivado principalmente, pelas mudanças de câmbio do país.

3) Ocorrido em 2002, foi marcado pela criação de Instruções Normativas

governamentais que estabeleceram regras de controle de qualidade na

produção do leite, tornando o leite nacional mais competitivo no mercado.

O Leite é considerado a bebida mais consumida pelos brasileiros no café da

manhã, com quase 40% das respostas em pesquisa realizada, além de ser

considerado o produto que mais faz bem relacionado à saúde. Outro dado relevante

é que quase 70% dos consumidores bebem leite pelo seu sabor e quase 60%

consomem para saciar a fome (CÔNSOLI, 2006).

22

O consumo do leite no Brasil ainda é pequeno quando comparado à

recomendação do Ministério da Saúde de 210 litros de leite por habitante por ano e,

segundo dados de IBGE, a produção interna brasileira no ano de 2012 foi de

aproximadamente 173 litros de leite por habitante por ano, ou seja, ainda há um

grande potencial de crescimento de produção e de processamento de leite no país

(IBGE, 2014).

Ainda segundo o IBGE, embora os índices de aumento de produção do leite

sejam expressivos nas décadas de 90 e 2000, é insuficiente para suprir as

necessidades propostas pelo Ministério da Saúde, ou seja, são necessários

investimentos para aumento da produção nacional para atingimento do objetivo

governamental (ZOCCAL et al., 2011).

Zoccal et al. (2011) destacam que o leite mais aceito e consumido pelos

brasileiros é o tipo longa vida, com 62% de preferência, seguidos pelo Leite tipo A,

tipo B e tipo C, respectivamente. O leite em pó representa apenas 0,67% da

preferência dos consumidores de leite.

Durante as décadas de 90 e 2000, o leite Longa Vida tornou-se o produto de

maior produção e consumo no mercado brasileiro, visto a grande entrada de

empresas internacionais processadoras de leite no Brasil, a exploração do alto

consumo de leite no país, e aos benefícios comerciais desse produto quanto ao seu

acondicionamento e praticidade de compra dos consumidores. Estas décadas foram

marcadas pela substituição do consumo do leite pasteurizado pelo leite Longa Vida

(GUERRA, 2012).

Por muito tempo, o leite longa vida foi tido como o responsável pela crise

leiteira dos anos 90, devido à grande escala de produção e de custos. O leite Longa

Vida alterou o padrão de consumo brasileiro e gerou uma transformação profunda

nas propriedades leiteiras no tocante à competitividade e produção (FONSECA,

2004).

Importante destacar que, com o crescimento do setor leiteiro, outros setores

têm se beneficiado com a demanda, é o caso dos insumos, matérias-primas e

equipamentos de produção, ou seja, o setor de leite também é importante para a

cadeia econômica no país. No entanto, deve-se observar que a tecnologia seria um

grande fator de desenvolvimento no país, porém há ainda a incerteza dos produtores

e empresas sobre o crescimento desse segmento, o que implica, entre outros

23

fatores, na tendência pela informalidade dos pequenos produtores (MARTINS,

2005).

A indústria do leite no Brasil, historicamente, ainda apresenta sérios

problemas de estrutura que impedem um maior crescimento e competitividade. O

êxodo e abandono da atividade rural, a informalidade de gestão das propriedades e

a ausência de coordenação de órgãos e agentes são os principais fatores desses

problemas. Como consequência desses problemas, a informalidade na produção do

leite ganha grande escala no país, do qual se caracteriza pelo produto não

inspecionado por órgão competente e/ou não submetido ao processo de

pasteurização (ZUIN, 2006).

Há muitos desafios de competitividade para a cadeia produtiva do leite no

Brasil. Esses desafios baseiam-se nos principais pontos a seguir, conforme Zoccal et

al. (2005):

a) Atividade intensiva em administração: à medida do aumento da

produção e do aumento da competitividade, é fundamental que o gestor se

envolva nas atividades de administração do negócio;

b) Busca por ganho de escala: buscar aumento de escala vinculado a

projeções de aumento de demanda do mercado;

c) Margem de manobra: por ainda receber fortes variações de preços de

mercado, é fundamental que haja uma margem de manobra de custos de

produção e das despesas fixas da propriedade;

d) Carência de mão de obra especializada: forma de produção, gestão e

comercialização mudaram drasticamente nos últimos anos e muitos gestores

e produtores não acompanharam essa demanda, gerando uma carência de

mão de obra especializada na produção e gestão do negócio;

e) Melhoria na qualidade: Ainda é nítido a diferença de qualidade entre os

produtores internos e principalmente os internacionais. A busca de qualidade

ideal é viés indispensável para melhorar a competitividade das empresas.

f) Resistência à política econômica: a taxa de juros elevada, a falta de

política de benefícios aos produtores e ao segmento.

24

A produção leiteira e o processamento de leite no país atravessam um

período de afirmação no mercado nacional e internacional referente à qualidade do

produto. Muito embora o setor tenha apresentado melhoras e mudanças importantes

na produção do leite no país, ainda é evidente o desafio do setor visto aos diferentes

modelos de gestão das propriedades e empresas de processamento, especialmente

quanto à heterogeneidade do setor (VELAZCO-BEDOYA, 2015).

Ainda segundo Velazco-Bedoya (2015), o setor de processamento de leite

apresenta um cenário de mudanças de empresas no mercado brasileiro. Em 2015,

houve a criação da Associação Viva Lácteo, composta de vinte e seis empresas do

segmento, com objetivo de estimular maior produção interna e consequentemente

na redução dos custos de fabricação e de competir internacionalmente no mercado.

O processamento de leite no Brasil é caracterizado por grupos nacionais e

internacionais que corresponderam em 2012, através das dez maiores empresas, a

aproximadamente 35% do leite comprado no país. Obviamente, existem no Brasil

um grande número de empresas processadoras de leite, no entanto, em número

muito menor do que outros setores da agropecuária (LEITE BRASIL, 2015).

A Tabela 2 mostra o ranking das maiores empresas de laticínio no Brasil no

ano de 2012.

Tabela 2 – Ranking das maiores empresas de laticínio no Brasil no ano de 2012

LEITE BRASIL. Associação Brasileira dos Produtores de leite. Banco de dados

disponível em: http://www.leitebrasil.org.br/dowload/maiores%202012.pdf. Acesso em 08 set 2015.p.18.

Pos. Empresas/Marcas Número

de produtores

Total de leite Recebido

(em Litros/dia)

% de relação ao total adquirido e

industrializado no Brasil

1 DPA/Nestlé 4.915 1.958.500 8,8%

2 LBR - Lácteos Brasil 11.758 1.576.800 7,1%

3 Itambé 7.750 955.000 4,3%

4 Italac 13.552 936.901 4,2%

5 Laticício Boa Vista 3.784 635.066 2,8%

6 Embaré 1.568 468.682 2,1%

7 C.Castrolanda e Batavo 518 428.580 1,9%

8 Danone 600 363.000 1,6%

9 Jussara 2.430 308.135 1,4%

10 Confepar 5.501 266.102 1,2%

25

A entrada de empresas internacionais de processamento de leite no Brasil

no início dos anos 90 acirrou a competição no país e provocou a necessidade de

ajustes na produção interna, visto a tecnologia empregada na produção das

empresas internacionais e consequentemente no preço mais competitivo e melhor

qualidade (FARINA et al, 1998).

As vantagens competitivas de mercado das grandes empresas de

processamento de leite são evidentes quando comparadas com as pequenas

empresas do setor. Além de maior escala de produção, as grandes empresas

possuem maior equilíbrio financeiro e fluxo de caixa para melhores negociações de

matéria-prima, consequentemente, possuem maiores condições de investimentos

em pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e inovações (BATALHA,

2011).

2.3 A gestão das empresas no Sistema Agroindustrial de Leite no Brasil

As buscas pelo melhor desempenho, pela previsibilidade de resultados e da

necessidade de lucros corporativos, se estendem ao campo. Características até

então de privilégio das grandes empresas, passam a figurar como necessárias e

fundamentais para todos os setores da economia, independentemente do porte e do

segmento da empresa (MARTINS, 2011).

A Administração é o órgão específico da empresa. A Administração deve sempre, em toda ação e decisão, colocar em primeiro lugar a realização econômica. Pode haver grandes resultados não econômicos: felicidade dos membros de um negócio, contribuição ao bem-estar social ou cultural da comunidade, etc. Todavia, a gerência terá falhado se não melhorar ou pelo menos mantiver a capacidade de produzir riqueza dos meios econômicos a ela confiadas. (BARBOSA; SOUZA, 2007, p.17).

Após a década de 1990, com a desregulamentação do setor, redução de

alíquotas de importação de leite e o fim do tabelamento de preços, foi exposta uma

grande fragilidade dos produtores quanto à técnica, gestão e qualidade do produto.

Com a valorização da moeda naquela década, foi favorecida a entrada de produtos

importados em nosso país, aumentando assim a concorrência local, e exigindo

melhor qualidade e competitividade de custos dos produtores (GREMAUD, 1999).

Naquele período, devido a necessidade de investimentos, a atividade tornou-

se inviável para grande parte dos pequenos e médios produtores e a forma de

sobrevivência para muitas empresas, foi trabalhar de maneira informal, permitindo

26

assim o maior escoamento do produto, além da não-contribuição dos impostos e

menores custos de instalações. Há uma grande diversidade de tamanhos de

empresas no Sistema Agroindustrial de Leite no Brasil, que se diferenciam pelos

produtos trabalhados, tamanho, nível de educação e nível de tecnologia (ZUIN,

2006).

As empresas que compõem o Sistema Agroindustrial de Leite no Brasil

frequentemente possuem grande impasse em suas decisões nos negócios. Nas

décadas de 90 e 2000, a qualidade do rebanho melhorou, bem como o acesso a

novas formas de aperfeiçoamento de gestão operacional do campo. No entanto, a

remuneração obtida não foi suficiente para prosperar a atividade e, em muitos casos

devido à sazonalidade, não foi suficiente para cobrir os custos de produção

(FONSECA, 2004).

Empresas constituídas com solidez financeira e econômica, com grandes

patrimônios e ativos imobilizados, e atuantes nesse setor promissor da economia,

nem sempre geram grandes resultados empresariais e nem mesmo a perpetuidade

empresarial. A grande variável e diferencial das empresas sempre será a qualidade

das pessoas que integram a empresa (CROCCO, 2005).

As competições acirradas do mercado, a exigência de qualidade e de preços

competitivos, mudaram o cenário ao longo das décadas de 90 e 2000. Soma-se a

esse cenário, o aumento da fiscalização dos órgãos ambientais e fiscais (FLORES,

2006).

Nos dias de hoje, o conceito de Administração Rural está sendo relacionado à necessidade de controlar e gerenciar um número cada vez maior de atividades que podem ser desenvolvidas dentro de uma propriedade do setor agropecuário (FLORES, 2006, p.19).

A velocidade e a consistência no crescimento de uma empresa do

agronegócio se dão pela capacitação das pessoas, especialmente os gestores. Nem

sempre há incentivos governamentais para produtores e a competição está nivelada

pelo conhecimento e capacidade de gestão dos proprietários (SEBRAE, 2015).

As empresas no Brasil demoram em se desenvolver e consequentemente de

corrigirem seus problemas, pelo atraso e falta de capacitação das pessoas no

campo. É necessária a conscientização de que o homem é a principal variável de

produção na gestão das empresas do Sistema Agroindustrial do Leite no Brasil. A

capacitação dos gestores nem sempre significa uma formação de nível superior. No

27

Brasil, órgãos como o SEBRAE e Embrapa são reconhecidamente propulsores de

capacitação rural (ZUIN, 2006).

Com a ampla exposição e estudos em torno da gestão das empresas, houve

uma padronização de atitudes e habilidades que são necessárias às pessoas para

alcançarem o sucesso à frente de organizações e empresas. Atitudes técnicas e

comportamentais combinadas geram condições de atitudes que levam a boa gestão

das empresas (SANTOS, 2001).

As atitudes comportamentais como os traços de personalidade e os valores

das pessoas, são pontos estratégicos e que diferenciam o gestor de sucesso. Criar

mudanças de negócios, tomar decisões em tempo correto e a capacidade de se

relacionar com pessoas e sistemas, geram as inovações que são colocadas em

prática (LEITE, 2002).

A importância da economia rural no Brasil é notória e sua má gestão é sem

precedentes. A relação da cidade-campo e campo-cidade no país necessita de

melhor profissionalização. A idéia de somente gerenciar as atividades com base em

históricos e lucros médios em curto prazo tem que deixar de existir no setor. As

barreiras de conhecimento devem ser definitivamente quebradas e o

desenvolvimento definitivo do setor está diretamente relacionado à gestão

empresarial (VEIGA, 2002).

Um dos maiores erros na administração empresarial é o ato de ignorar os

costumes, maneiras e tradições das pessoas que compõe a estrutura das empresas.

A seleção e contratação de profissionais nas organizações é uma das etapas

estratégicas mais importantes da empresa, visto que são esses profissionais que

trarão resultados organizacionais, sendo a tecnologia, a estrutura física e as

máquinas, coadjuvantes no composto empresarial (CROCCO, 2005).

Ainda segundo Crocco (2005), na empresa são necessários competição,

resultados, foco e disciplina rígida de acordo com os padrões e estratégias

estabelecidas. A administração profissional é a base, espinha dorsal das empresas.

Não é possível competir e sobreviver em qualquer mercado sem que haja

processos, regras e condutas que levem a empresa para o sucesso financeiro,

econômico e sustentável.

A partir da década de 1990, as empresas passaram a trabalhar, basicamente, com o foco em mudanças, preocupando-se com a renovação de métodos, técnicas e ferramentas, conseguindo preencher essa

28

necessidade por meio da inovação. A inovação pode até dar certo, mas não garante, necessariamente, resultados. Todas essas experiências trazem um número ilimitado de modismos, métodos antigos com alterações “cosméticas” – termos ou palavras novas para velhas situações, não mais adequadas ao momento pelo qual a empresa está passando (CROCCO, 2005, p.5).

Outro fato importante na gestão das empresas que compõe o Sistema

Agroindustrial de Leite brasileiro são as empresas familiares (IBGE, 2011).

Segundo o IBGE, a agricultura familiar representa 33% do Produto Interno

Bruto (PIB) do agronegócio e é considerado um setor estratégico para a geração de

empregos e soberania alimentar no Brasil.

Ao longo dos anos, é cada vez mais raro encontrar famílias que vivem

exclusivamente do trabalho agrícola. Os membros remanescentes das gerações que

viviam e subsistiam da agricultura local, tende a buscar outras atividades não

agrícolas ou a diversificação da agricultura local. É importante dizer que não há

perca da essência dessas pessoas, mas sim, uma busca por complemento da renda

ou a profissionalização em profissões que complementam suas atividades

desempenhadas na propriedade (SOUZA, 2006).

Diferentemente da situação onde dois sócios, sem vínculos familiares e/ou

afetivos, se predispõem a constituir uma empresa com objetivos de aumento de

capital, a empresa familiar possui características que vão além da racionalidade de

uma organização. Afetividades, interesses de família, costumes e informalidade

tendem ser as características que norteiam as empresas familiares (RICCA, 1993).

A agricultura familiar segundo a Embrapa (2014), detém aproximadamente 4

milhões de unidades de produção e 14 milhões de pessoas envolvidas no processo,

o que representa 74% do total das ocupações distribuídas em 80 milhões de

hectares (25% da área total), onde a produção da agricultura familiar se destina

basicamente para a área urbana.

Segundo o Censo Agropecuário de 2006 do IBGE, a agricultura familiar em

nosso país possui grandeza significativa, mostrando que a maior participação dos

alimentos gerados e produzidos no país, provém da agricultura familiar, conforme

demonstra o Gráfico 2.

29

Gráfico 2 – Participação percentual da agricultura familiar

Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Agropecuário 2006. Disponível em http://www.sidra.ibge.gov.br/. Acesso em 04 set 2015.

Há de se destacar também a importância de cada propriedade familiar que,

geralmente, trabalha para garantia da sobrevivência dos agricultores. Outra

característica fundamental é a preservação do ambiente onde vivem, zelando para

que aquela agricultura perdure por muitos anos, além da versatilidade dos produtos

e recursos agrícolas disponíveis na propriedade (SOUZA, 2006).

Outro ponto de atenção é a expressiva quantidade de pequenas empresas

que compõem o Sistema Agroindustrial de Leite no Brasil. Segundo o IBGE, 91,5%

das propriedades leiteiras produzem menos de 100 litros de leite por dia no Brasil, o

que representa 47% da produção total do país (IBGE, 2011).

No Sistema Agroindustrial de Leite brasileiro, há muitos produtores de

pequeno porte localizados nos Estados de Minas Gerais e São Paulo. Essa

característica dificulta a coleta de leite pelas usinas de leite, tornando o processo

mais lento e com custos maiores. Além disso, a tendência pela não especialização e

qualificação do processo e do produto é evidente. Para que haja de fato uma

operação mais otimizada e modernizada, deve haver uma redução no número de

produtores (VILELA, 2001).

O pequeno produtor, definido como aquele que possui uma pequena

propriedade, que trabalha nela e dela tira seu sustento, deverá ser substituído pelo

produtor profissional, que encara a atividade como um negócio. É fato que os

pequenos produtores ou as propriedades que não estão buscando a evolução em

30

tecnologia de produção e nos controles, tendem a não se sustentar (FONSECA,

2004).

2.4 Os sistemas de custos empresariais

Obter o controle de custos totalmente apropriado é prioridade para a tomada

de decisões empresariais. Os simples lançamentos financeiros e contábeis, de

acordo com os princípios de contabilidade fiscal não garantem o controle e

resultados reais da operação da empresa (MARION, 2005).

As ferramentas gerenciais, especialmente de custos, integram a gestão

administrativa utilizando-se de controles técnicos, que são fundamentais para a

competitividade do negócio, pois são os indicadores de desempenho, destacando-se

os sistemas de custeio, que garantem o sucesso, a sustentabilidade e a

competitividade dos empreendedores rurais e são de vital importância ao setor

agroindustrial (FERREIRA, 2007).

Com aproximadamente 1,4 milhões de propriedades rurais no Brasil, ainda é

fato que muitas propriedades rurais e indústrias de processamento de leite não

utilizam controles financeiros em sua operação. Nas décadas de 90 e 2000, houve

um grande crescimento e inovação de técnicas de aumento de produção e de

qualidade, mas houve pouco desenvolvimento em tecnologias de gestão financeira

de custos (EMBRAPA, 2012).

O estudo da Embrapa (2012) mostra ainda uma pesquisa realizada com

vinte e uma propriedades leiteiras entre os meses de julho a dezembro de 2011 nos

estados de Minas Gerais e Goiás, onde se apurou os principais indicadores

financeiros. A pesquisa concluiu que cinco empresas pesquisadas são insolventes

quanto à geração de caixa e de lucro operacional, além de problemas com o volume

mínimo de vendas para cobertura dos custos de produção e do retorno dos

investimentos realizados.

Devido à heterogeneidade do setor leiteiro e os diferentes sistemas de

produção das propriedades e empresas de processamento, é difícil traçar uma

padronização da estrutura de custos de produção do leite no Brasil. A gestão eficaz

das empresas desse setor necessita de um conhecimento detalhado dos custos de

31

fabricação ou de processamento e por um rígido controle desses custos

periodicamente (EMBRAPA, 2012).

A pesquisa da Embrapa (2012) ainda relata que por muito tempo, os custos

de produção do setor foram aferidos pelo custo médio de produção, sem haver uma

investigação do tratamento dado aos custos de fabricação. Como relatado, a

heterogeneidade do setor não permite uma análise de custos de forma linear,

principalmente quando as propriedades ou as empresas de processamento fabricam

outros produtos derivados do leite.

De maneira geral, as empresas não controlam o preço de produto vendido.

Cabe ao gestor, conhecer e controlar os seus gastos de produção. Sem dúvida, a

variável de gestão mais importante nesse processo é a gestão dos custos, visto às

poucas margens de diferenciação dos produtos e a competitividade do mercado.

Qualquer erro de cálculo ou negligência no conhecimento e controle de custos

podem custar o fracasso das empresas em tempos atuais (SHANK, 1997).

Um dos pontos fundamentais na administração pecuária, a alocação de

custos deve considerar as características do ambiente agropecuário, como a

condição do clima, o período de maturação e as mudanças do perfil do rebanho. A

maioria dos produtores, geralmente, não tem possibilidade financeira de contratar

um profissional administrativo; faz-se necessário, portanto, a elaboração de um

sistema de fácil aplicação e manuseio, além de ser flexível para se calcular o custeio

de qualquer produto ou criação explorado na propriedade (BATALHA, 2011).

Antes de caracterizar a contabilidade de custos, é importante destacar a

Contabilidade Financeira e a Contabilidade Gerencial, que se interagem entre si

para a melhor apuração dos resultados empresariais.

Na Contabilidade Financeira, o objetivo é a Demonstração dos Resultados

obtidos das operações e a posição financeira da empresa, por meio de

demonstrativos financeiros e sempre respeitando os princípios fundamentais da

contabilidade (IUDÍCIBUS, 2007).

Ainda segundo Iudícibus (2007), na Contabilidade Gerencial o enfoque é

dado ao planejamento e estratégias empresariais e tem como principal objetivo

fornecer informações financeiras e econômicas para a tomada de decisões no dia a

dia das empresas sem ferir, necessariamente, os princípios de contabilidade.

32

A competição acirrada, os desafios empresariais do cotidiano e o

crescimento das empresas, forçaram uma aproximação da Contabilidade de Custos

tradicional e a Contabilidade Gerencial, visto a necessidade de geração de

informações mais ágeis e de auxílio no desempenho das empresas (MARTINS,

2011).

Historicamente, a contabilidade de custos busca definições, teoricamente,

embasadas nas leis e normas fiscais, onde permite a classificação que atende a

necessidade legal das organizações e os princípios fundamentais da contabilidade

(FERREIRA, 2007).

A Contabilidade de Custos Fiscal é formada por um conjunto de normas

contábeis e leis societárias e tributárias, no intuito de padronizar os valores apurados

para a valoração dos produtos fabricados por determinada empresa (BRUNI;FAMÁ,

2012).

A Lei 6404/76, atualizada pelas leis 11.638/2007 e 11.941/2009, mais

especificamente o decreto 3000/1999 – art.290 da Contabilidade de Custos,

normatiza e orienta do que pode e do que deve ser considerado como custos dos

produtos e o que diferencia das despesas do período apurado (MARTINS, 2011).

Ainda segundo Martins (2011), as normas da Contabilidade para aferição

dos custos definem que os custos diretos e os custos indiretos devem ser alocados à

quantidade dos produtos fabricados no período de apuração do resultado do

exercício. As despesas operacionais não são alocadas aos produtos, visto não

possuir relação direta com a produção.

Os Métodos de Custeio Variável e o Método de Custeio Direto, possuem

princípios de alocação somente dos custos variáveis de produção, sendo que os

custos fixos e os custos indiretos, são entendidos como gastos do resultado da

empresa. Essas características não atendem a lei 6404/76, atualizada pelas leis

11.638/2007 e 11.941/2009 (PADOVESE, 2010).

Por outro lado, segundo Padovese (2010), o Método de Custeio Pleno rateia

as despesas operacionais, juntamente com os custos fixos, aos produtos fabricados

pela empresa, ferindo dessa forma as leis e normas societárias e contábeis que

regem a Contabilidade de Custos.

Portanto, ainda segundo Padovese (2010), entende-se que o único Método

de Custeio que atende os princípios de leis e normas vigentes da Contabilidade de

33

Custos para o fisco é o Método de Custeio por Absorção, visto atribuir as parcelas

de custos indiretos, via rateio por volume de produção, aos produtos fabricados pela

empresa.

No intuito de conceituar as terminologias fundamentais e da alocação dos

recursos da empresa, Ferreira (2007) define:

Custo: Gasto referente ao sacrifício de produção de produtos. Está

relacionado diretamente aos processos de fabricação e aos fatores de

produção. Exemplo: Matéria-prima, Mão de obra de fabricação, energia

elétrica.

Despesas Operacionais: Gasto referente ao esforço em manter as

atividades da empresa, contribuindo para a administração das receitas. É o

dispêndio financeiro ocorrido fora da área de produção empresarial.

Exemplo: Salário da equipe administrativa, material de limpeza, higiene e

escritório.

Gasto: É todo o sacrifício da empresa para adquirir um produto ou

serviço, reconhecido contabilmente em forma de dívida, obtido pela empresa

independente se destinado à produção ou a administração. É toda e

qualquer aquisição, sem distinção de destino contábil.

Segundo Martins (2011), com a evolução e a necessidade de entender os

custos de produção, muito se tem discutido sobre a real aplicação da contabilidade

de custos como forma de tomada de decisões empresariais e de informações para

acionistas e mercados financeiros, fazendo uma interface e integração muito

próxima com a Contabilidade Gerencial.

Outro ponto importante é a correta identificação das características dos

custos da empresa, bem como as definições contábeis e econômicas. As principais

características dos custos são (NASCIMENTO, 2001):

Custos Fixos: São custos que não variam de acordo com a produção

ou vendas da empresa. Independente da operação da empresa em

determinado período, os custos fixos permanecem inalterados. Exemplos:

Depreciação, honorários e seguros.

Custos Variáveis: São custos que variam de acordo com a produção e

vendas da empresa. São custos que estão diretamente relacionados ao

34

processo fabril e possuem variações durante os períodos de sazonalidade.

Exemplos: Matéria-prima e mão de obra de fabricação.

Custos Diretos: Semelhante aos custos variáveis, são custos que estão

diretamente ligados ao processo fabril. Exemplos: matéria-prima e mão de

obra de fabricação.

Custos Indiretos: São custos que não estão intimamente ligados com o

processo de fabricação, no entanto, é parte fundamental de apoio e auxílio

ao processo de fabricação. Os custos indiretos têm o papel de dar suporte

ao processo fabril. Exemplos: Supervisão da produção, energia elétrica e

manutenções.

Outros conceitos importantes e que estão presentes nos métodos de custeio

e na Contabilidade Gerencial, são à margem de contribuição e o ponto de equilíbrio

econômico e financeiro.

Margem de contribuição é entendida como a diferença entre a receita obtida

dos produtos ou empresa e o custo variável de produção. É o valor que cada

produto ou empresa contribui para pagamento dos custos indiretos e as despesas

administrativas (MARTINS, 2011).

A margem de contribuição é importante para avaliação de viabilidade de

produção de produtos na empresa. Se os custos variáveis empregados na

fabricação dos produtos não forem suficientes para cobrir o seu preço de venda, ele

se torna inviável para a empresa, ou seja, a margem de contribuição é uma

ferramenta indispensável para a tomada de decisões gerenciais (FERREIRA, 2007).

A Margem de Contribuição representa o primeiro lucro da empresa, o lucro

das operações fabris. É o montante arrecadado de lucro de cada venda, deduzido

dos esforços de fabricação do produto (PADOVESE, 2010).

O Ponto de Equilíbrio Econômico é a receita de vendas necessária para

cobertura dos custos e despesas variáveis, que estão empregados diretamente no

processo de fabricação. Significa o ponto zero da empresa, ou seja, o ponto exato

para honrar os pagamentos e gastos para a fabricação dos produtos. O Ponto de

Equilíbrio Financeiro é a receita de vendas exata e necessária para cobertura dos

gastos totais desembolsados pela empresa em determinado período, excluindo

depreciações, amortizações e exaustões (BRUNI;FAMÁ, 2012).

35

A análise do ponto de equilíbrio é por natureza estática e indica uma situação econômica para determinado nível de produção e período, em circunstâncias nas quais a receita total é igual ao custo total. Para calcular o ponto de equilíbrio, basta tomar o custo variável total, a receita total, o custo fixo, a quantidade produzida e aplicar a equação. (NASCIMENTO, 2001 p.283)

Ponto de Equilíbrio é o ponto de encontro entre a receita de um produto ou

empresa, com os custos e despesas incorridos no período das receitas. A partir do

momento onde a empresa atinge o ponto de equilíbrio, são ampliados cada vez mais

os lucros da operação (IUDÍCIBUS, 2007).

A gestão de custos está voltada aos administrados internos, ou seja, aos

seus gestores e demanda especialmente informações econômicas e financeiras

fidedignas e rápidas, fazendo frente às turbulências e inconstâncias de mercado,

afim de que se possam tomar as melhores decisões empresariais (SHANK, 1997).

De forma geral, os custos das empresas são alocados aos produtos ou

serviços de forma direta ou indireta, no entanto, o princípio que determina sua

natureza, são os objetos de custos (MARTINS, 2011).

Segundo Martins (2011), os objetos de custos não necessariamente são os

produtos e serviços, mas também um departamento, um centro de custo, canais de

distribuição ou uma atividade específica da empresa que “recebem” os gastos da

empresa, seja de forma direta ou provindos de rateios e atividades.

Martins (2011) define ainda que os Centros de Custos sejam a unidade

mínima que recebem os custos indiretos.

Os centros de custos consistem na estruturação de códigos alfanuméricos, que são correlacionados com cada um dos departamentos, com o objetivo de identificá-los contabilmente. Dependendo do grau de detalhamento desejado pelo gestor para analisar os gastos, os códigos podem ser relacionados com as partes segmentadas dos departamentos, tais como atividades específicas (um determinado projeto; lançamento de um produto; eventos especiais, etc.), máquinas e equipamentos e pessoas (CARIOCA, 2009 p.89)

Uma das grandes preocupações de empresários e contadores é se o

método de custeio está de acordo com os princípios fundamentais da contabilidade.

Na maioria das vezes, o sistema de custo adotado pela empresa atende as

demandas gerenciais da empresa, mas não atende o que determina da legislação e

36

nos princípios contábeis para fins de apuração da tributação e legalidade, ou vice e

versa (FERREIRA, 2007).

Segundo Ferreira (2007), o Sistema de Custos deve apropriar as receitas de

vendas e subtrair todos os gastos diretamente ligados para a obtenção dessas

receitas, gastos que podem, em muitos casos, ocorrer após o período de receitas,

portanto, não seria correto carregar todos os custos fixos nas vendas do período

presente.

Outro ponto importante para entender, e de acordo com os principais autores

sobre o assunto, é a diferenciação entre os Sistemas de Custos, e os Métodos e

Formas de Custeio.

Os Sistemas de Custeio são processos pelos quais se visa acumular os

gastos e consequentemente os custos, as características fabris ou departamentais

das empresas. Por exemplo: Sistema de custeio por processo ou contínuo; sistema

de custeio por ordem de produção ou por encomenda (NASCIMENTO, 2001).

Ainda segundo Nascimento (2001), os Métodos de custeio são processos

pelos quais se visa valorar os gastos e consequentemente os custos, aos processos

de produção ou serviços, os produtos acabados e a apuração de resultados para

formação de preços de venda de produtos. Por exemplo: Custeio por Absorção,

Custeio Variável, Custeio Pleno, Custeio Direto e Custeio Baseado em Atividades.

Da mesma forma, o autor descreve que as Formas de Custeio são os

processos pelos quais se visam a valorar os estágios de fabricação dos produtos

(geralmente tempo), para composição de estoque ou preços de venda. Por exemplo:

Forma Predeterminada, Padrão e Pós-Determinada.

É importante destacar que embora haja uma clara distinção entre Sistemas,

Métodos e Formas, há um grande inter-relacionamento entre os elementos que

formam as bases de custos. O objetivo comum de ambos é buscar uma melhor

visualização sobre a origem e destino dos gastos relacionados à produção de bens

ou serviços da empresa, que atua como ambiente aberto, que interage com o

ambiente macro e microeconômico (FARIA; COSTA, 2012).

Mesmo sabendo da interface e interação dos modelos vistos, nesse trabalho

exploram-se os Métodos de Custeio, visto os objetivos que fundamentam o propósito

da pesquisa. Os métodos de custeio normalmente são utilizados em um ambiente

37

pré-definido de sistema de custeio, no entanto, não estão vinculados a nenhum

sistema de custeio.

Dessa forma, o intuito é focar na identificação dos métodos de custeio que

auxiliam a tomada de decisões da empresa, tendo como base a forma mais

otimizada de visualização e identificação dos custos, além do controle das

operações da empresa e da formação de preços.

2.4.1 Métodos de Custeio

Os Métodos de custeio tiveram origem em meados de 1880, no intuito de

aumentar a eficiência de procedimentos fabris e, até os dias atuais, são conhecidos

como ferramentas de estratégias e artifícios para valorar os estoques para melhor

apuração dos resultados de produções. É por meio dos métodos de custeio que é

possível mensurar os gastos em relação ao volume produzido e a atividade inerente

ao processo (MARTINS, 2011).

Um sistema moderno de custeio deve trazer informações para a tomada de

decisões e para o planejamento e controle da operação; deve ser preciso e o

instrumento mais importante de aferição da empresa. Um sistema ou método de

custos não é simplesmente uma técnica de apuração de resultados, mas sim, um

sistema que envolve pessoas devidamente preparadas para as análises necessárias

do sistema (BATALHA, 2011).

A grande preocupação nos métodos de custeio é a correta alocação dos

gastos gerados pela produção ao produto ou serviço final, e de acordo com o

segmento empresarial aplicado. Independente da forma como são realizados e

atribuídos os métodos de custeio, a valoração dos estoques e atividades de

produção é o método direcionador para a tomada de decisões empresariais, seja no

âmbito contábil, fiscal ou gerencial (SANTOS, 2001).

Segundo Santos (2001), os métodos de custeio são um conjunto de

procedimentos que levam os valores dos esforços de fabricação aos produtos

acabados, que visam a obtenção de controle, organização, análise financeira,

econômica e empresarial.

Os Métodos de Custeio tradicionais mais utilizados no mundo são: O Custeio

Pleno (RKW ou integral), o Custeio por Absorção, o Custeio Direto e o Custeio

Variável, sendo os dois primeiros, os mais utilizados nas empresas norte americanas

38

e europeias. A maioria dos métodos de custeio tradicionais utilizam o princípio da

apropriação dos custos indiretos ao volume de produção dos produtos, ou seja, os

custos dos produtos são baseados na quantidade de produção e logo, quanto maior

a produção, menor o custo apropriado (STARK, 2007).

Pesquisadores e gestores de empresas têm apresentado nos últimos anos,

uma insatisfação muito grande sobre os métodos de custeio tradicionais. A forma

arbitrária de apropriação de custos e principalmente a falta de lucidez financeira e

econômica para tomada de decisões, são os pontos fundamentais para essas

críticas (PADOVESE, 2010).

A seguir, serão detalhados os principais métodos de custeio tradicionais

praticados nas empresas e historicamente discutidos na literatura.

2.4.1.1 Método de Custeio Pleno

O Método de Custeio Pleno é o mais tradicional método de apuração de

custos. Também é reconhecido por Custeio RKW ou Integral e consiste, em geral,

na apropriação dos custos de produção e de todas as outras despesas da empresa,

aos produtos fabricados (MARTINS, 2011).

Segundo Martins (2011), esse método foi criado por Engenheiros Mecânicos

Alemães para aperfeiçoarem os processos de manufatura de fabricados e eram

embasados por Ordem de Produção (OP), onde os gastos eram anotados e

alocados ao produto fabricado e, posteriormente, calculado o preço de venda sobre

o custo final de cada Ordem de Produção, utilizando-se de uma margem de lucro ou

mark-up.

Nesse método, todos os gastos da empresa são distribuídos aos

departamentos, ou seja, o gasto total do processo empresarial sobrecai sobre os

produtos da empresa. Quanto aos estoques, estes são valorados com alocação dos

gastos do período do processo.

Por muito tempo, o Método de Custeio Pleno obteve sucesso nas empresas,

sendo o precursor de controle e monitoramento de eficiência de processos de

fabricação e na visualização da rentabilidade dos produtos. Apesar de simplista, é

possível a identificação do lucro da empresa utilizando o Método de Custeio Pleno.

39

Nesse caso, a diferença do faturamento dos produtos vendidos, somados aos

gastos da empresa, seria igual aos lucros da empresa (NASCIMENTO, 2001).

A Tabela 3, ilustra um exemplo do Método de Custeio Pleno.

Tabela 3 – Exemplo simulado do Método de Custeio Pleno

Vendas 500.000,00R$

(-) Matéria Prima 90.000,00R$

(-) Mão de Obra 180.000,00R$

(-) Custos Indiretos 32.000,00R$

Despesas Gerais 15.000,00R$

Lucro Operacional 183.000,00R$

Custeio Pleno

Demonstrativo de Resultados

O Custeio Pleno é o método que mais aloca ou apropria gastos aos produtos,

além da arbitrariedade no momento dos rateios, sendo o preço de venda definido

com base no lucro operacional, ou seja, todos os gastos da empresa são

considerados como diretamente envolvidos no processo de fabricação, mesmo que

a relação entre eles esteja distante. Esses fatores podem prejudicar a definição de

preço de venda e o posicionamento da empresa com a realidade do mercado

(FARIA; COSTA, 2012).

Por outro lado, quando o preço de venda é definido com base no Custeio

Pleno e o mercado absorve esse valor do produto, a empresa está completamente

segura quanto ao lucro da empresa, visto que todos os gastos estão “cobertos” pela

alocação desses gastos nos produtos (SHANK, 1997).

2.4.1.2 Método de Custeio por Absorção

O Método de Custeio por Absorção tem como objetivo apropriar todos os

custos oriundos do esforço de produção ao produto final, através de métrica de

absorção relativo à quantidade de produção (MARTINS, 2011).

Segundo Martins (2011), esse método todos os custos são considerados na

composição do produto, exceto as despesas. O princípio fundamental do Método de

Fonte: Própria autoria

40

Custeio por Absorção é a exata separação de custos e despesas, pois os custos

absorvidos ficam necessariamente nos produtos fabricados pela empresa e as

despesas são levadas diretamente para a apuração dos resultados do período.

Toda a metodologia de Custeio por Absorção atende a Contabilidade Fiscal

e Tributária, pois todos os custos de fabricação, diretos e indiretos, compõem o valor

dos estoques dos produtos vendidos, acabados ou em processamento, tornando os

custos fixos e variáveis inventariáveis (NASCIMENTO, 2001).

O Custeio por Absorção, diferente do Custeio Pleno, atende os Princípios

Fundamentais de Contabilidade, visto sua correta alocação de custos e despesas

para formação de preços, nas receitas advindas dos produtos e apuração do

resultado do exercício. (IUDÍCIBUS, 2007).

Segundo Iudícibus (2007), quando se utiliza esse método é necessário

respeitar alguns princípios básicos como: (a) a alocação dos custos diretos de

fabricação aos produtos, (b) a alocação dos custos indiretos de fabricação aos

produtos e (c) a exata separação de custos e despesas.

Para fins de elaboração de preços e apuração da rentabilidade dos produtos

e serviços, o Método de Custeio por Absorção é considerado mais adequado em

relação ao Método de Custeio Pleno, visto não considerar as despesas da empresa,

ou seja, todo o gasto que não estiver intimamente ligado ao processo de fabricação

é considerado despesas e não comporá o preço de venda (NASCIMENTO, 2001)

No entanto, alguns pesquisadores acreditam que a absorção dos custos

indiretos pode não ser um instrumento exato de medição gerencial, visto sua

arbitrariedade na alocação dos custos, principalmente na alocação de custos fixos

aos produtos como, por exemplo, o salário da equipe de fábrica, energia elétrica

entre outros (SHANK, 1997).

No Custeio por Absorção, o Preço de Venda está baseado no cálculo do

Lucro Bruto, ou seja, o preço de venda menos os custos diretos e indiretos de

fabricação. Parte do lucro Bruto de cada venda, contribui para o pagamento das

despesas da empresa, gerando o lucro Operacional (MARTINS, 2011). Na Tabela 4,

um exemplo simulado do Método de Custeio por Absorção:

41

Tabela 4 – Exemplo simulado do Método de Custeio por Absorção

Vendas 500.000,00R$

(-) Matéria Prima 90.000,00R$

(-) Mão de Obra 180.000,00R$

(-) Custos Indiretos 32.000,00R$

(=) Lucro Bruto 198.000,00R$

Despesas Gerais 15.000,00R$

Lucro Operacional 183.000,00R$

Custeio Absorção

Demonstrativo de Resultados

Quanto aos custos indiretos, a sua alocação e rateio são realizados através

dos departamentos e seções de produções, também chamados de centro de custos.

Esse rateio permite, se trabalhado com muita minuciosidade e cuidado, a alocação

racional dos custos de acordo com a área produzida e através do direcionador de

custos, como por exemplo, a quantidade produzida e as horas trabalhadas (SHANK,

1997).

No entanto, como relatado, há uma grande probabilidade de arbitrariedade

nessa alocação, visto a especificidade de produção e a impossibilidade de medição

exata dos custos indiretos nesse método de custeio.

2.4.1.3 Método de Custeio Direto

O Método de Custeio Direto caracteriza-se pela apropriação somente dos

custos diretamente empregados nos produtos identificados no processo de

fabricação. Nesse método, os custos fixos identificados como exclusivos para a

fabricação de determinado produto são alocados sem fazer uso de rateio ou outra

mensuração, ou seja, os custos fixos identificados são tratados como custos diretos

de produção.

Já os custos fixos não identificados diretamente no processo de produção,

são alocados por meio de rateios ao volume de produção da empresa, e não fazem

parte da composição de preços dos produtos (STARK, 2007).

Segundo Stark (2007), nesse método há uma diferenciação da nomenclatura

de classificação de custos perante a Contabilidade de Custos Fiscal. Enquanto os

Fonte: Própria autoria

42

modelos anteriores denominam os custos fixos não identificados como parte do

esforço de fabricação dos produtos, o custeio direto trata o custo fixo não

identificado diretamente no processo de fabricação como despesa da empresa.

Os produtos são valorados no Custeio Direto somente pelos custos

identificados, sem interferência de rateio, seja ele variável ou fixo. Se por um lado, a

análise de custos fica mais clara, há um inchaço nos resultados da empresa, visto

que os custos fixos não identificados se somam às despesas da empresa

(NASCIMENTO, 2001).

Ainda segundo Nascimento (2001), para a composição de preço de venda,

há muita discussão sobre o assunto. O fato dos custos fixos não identificados

diretamente no processo de fabricação da empresa estarem somados diretamente

aos resultados da empresa por meio de rateio e não ao custo do produto, esse

método sugere produtos com melhor margem de mark-up. No entanto, há de se

ressaltar o aumento do ponto de equilíbrio financeiro da empresa para cobrir as

obrigações empresariais.

O Método de Custeio Direto proporciona outra análise em relação aos

métodos estudados anteriormente: a margem de contribuição. Nesse método de

custeio, a margem de contribuição é o resultado obtido da operação de vendas

deduzida os custos diretos, ou seja, mede a capacidade de lucratividade do produto

que contribuirá para os pagamentos dos custos fixos não identificados no processo

de fabricação e das despesas da empresa (STARK, 2007).

Na Tabela 5 é apresentado o custeio direto por meio de exemplo simulado.

Tabela 5 – Exemplo simulado do método de Custeio Direto

Vendas 500.000,00R$

(-) Matéria Prima utilizada 90.000,00R$

(-) Mão de Obra direta 135.000,00R$

(-) Custos Fixos diretos 16.000,00R$

(=) Margem de Contribuição 259.000,00R$

(-) Custos Fixos não identificados na fabricação 61.000,00R$

(-) Despesas Gerais 15.000,00R$

Lucro Operacional 183.000,00R$

Demonstrativo de Resultados

Custeio Direto

Fonte: Própria autoria

43

A contabilidade tributária e fiscal não aceita o Modelo de Custeio Direto

dentro da legislação vigente, por tratar parte dos custos fixos como despesas da

empresa (IUDÍCIBUS, 2007).

No entanto, esse modelo, quando utilizado de forma gerencial nas

empresas, possibilita uma melhor análise de viabilidade de custos sobre os produtos

fabricados. Há, todavia uma grande discussão do que se consideram custos fixos

identificados ou não, o que gera conflitos de entendimentos entre alguns

pesquisadores e analistas. Um exemplo clássico é a depreciação de máquinas que,

algumas empresas classificam como custo fixo identificado e outros como não

identificados (SHANK, 1997).

2.4.1.4 Método de Custeio Variável

Diferentemente do Custeio Direto, o Método de Custeio Variável caracteriza-

se pela valoração e definição de custos de fabricação com base, exclusivamente,

nos gastos de matéria-prima e de mão de obra empregados na fabricação do

produto, ou seja, esse método considera apenas os custos variáveis de fabricação

como custos dos produtos, sem qualquer influência dos custos indiretos ou fixos de

produção (JOHNSON; KAPLAN, 1996).

Esse método teve início devido à necessidade de obter preços mais

competitivos, considerando apenas os custos empregados na fabricação. Indústrias

de algodão dos Estados Unidos e pesquisas realizadas na Alemanha em meados de

1840 descrevem a importância da análise do método de custeio variável, separando

totalmente os custos fixos do cálculo de preços e da apuração da viabilidade

econômica do produto, tendo a margem de contribuição como princípio dessa

análise (MARTINS, 2011).

Há de se considerar que a formação de preços com base no Método de

Custeio Variável deve ser apenas para curto prazo ou para produtos fabricados sob

encomenda ou especiais, sob a finalidade de competitividade e de apenas cobrirem

os custos de fabricação e adicionados o mark-up (NASCIMENTO, 2001).

Nascimento (2001) ainda relata que esse método, em longo prazo, deixa de

ser eficiente, visto a alteração dos custos fixos e indiretos e a imprevisibilidade de

obtenção dos resultados operacionais, pois no custeio variável a margem de

44

contribuição deve ser suficiente para a cobertura dos custos fixos, as despesas da

empresa e ainda, do necessário lucro das operações.

Gerencialmente, é um método de custeio utilizado por empresas de alguns

segmentos, como por exemplo, na indústria de móveis planejados, construção civil e

indústria têxtil. Esse método não é aceito pela contabilidade fiscal e tributária, visto

os resultados operacionais não considerarem os custos fixos (IUDÍCIBUS, 2007).

O conceito do Método de Custeio Variável é de que os custos fixos são

considerados como inerentes a produção, podendo esses custos, serem ou não

considerados no processo de produção. Ou seja, o Método de Custeio Variável é um

processo onde se pretende a análise e customização dos produtos somente dos

empregados diretamente ao processo, sem a utilização de rateios e alocações

(MARTINS, 2011).

A apuração dos custos de forma mais efetiva, a análise racional de cada

produto, o controle e a possibilidade de melhoria contínua no processo, são as

principais vantagens de adoção desse método de custeio variável. Além disso, esse

método permite um melhor direcionamento e precisão para elaboração de

orçamento empresarial, utilizando a margem de contribuição como fonte de

informações para tomada de decisões (OLIVEIRA; PEREZ, 2007).

A Tabela 6, mostra um exemplo simulado do Método de Custeio Variável.

Tabela 6 - Exemplo simulado do Método de Custeio Variável

Vendas 500.000,00R$

(-) Matéria Prima utilizada 90.000,00R$

(-) Mão de Obra direta 135.000,00R$

(=) Margem de Contribuição 275.000,00R$

(-) Custos Fixos 77.000,00R$

(-) Despesas Gerais 15.000,00R$

Lucro Operacional 183.000,00R$

Custeio Variável

Demonstrativo de Resultados

No método de Custeio Variável, a formação de preços está baseada na

margem de contribuição. Devido a exclusão dos custos fixos do cálculo, o critério

Fonte: Própria autoria

45

prevê uma maior parcela de margem de contribuição para pagamentos das

despesas da empresa (BORNIA, 2002).

Segundo Bornia (2002), outro ponto de análise muito particular do método

de custeio variável, é a análise com base no fluxo de caixa da empresa. Todo o

custo apurado nesse método necessariamente foi gasto financeiramente, sem

apropriações e rateio que não passam pelo caixa. Portanto, esse método possui viés

muito forte com a saúde financeira da empresa.

O Custeio Variável apresenta leitura e interpretação mais fácil do que os

outros métodos, visto a sua objetividade e a separação clara dos gastos diretamente

ligados a produção, facilitando assim, melhor análise gerencial dos relatórios

(GASPARINI, 2001).

2.4.1.5 Comparativo dos métodos de custeio

Os Princípios Gerais de Contabilidade, que abrangem a contabilidade de

custos, fiscal e societária consideram somente o custeio por absorção como válido

legalmente para a composição contábil (IUDÍCIBUS, 2007).

A maioria das empresas no Brasil, por exigência fiscal, utiliza o Método de

Custeio por Absorção, ou seja, considera os custos indiretos rateados na valoração

dos produtos. No entanto, não significa que esse método ou outro é a melhor opção

em qualquer situação (FERREIRA, 2007).

Gerencialmente é real a utilização e adoção de outros métodos de custeio

não aceitos pela Contabilidade Fiscal, sob apelo de melhor análise de desempenho,

formação de preços e competitividade, levando em consideração ao setor de

atuação da empresa e das características do mercado (KAPLAN; COOPER, 1998).

Com o aumento da competição empresarial e da necessidade em obter

vantagens de desempenho, as empresas têm procurado se aprimorar e otimizar

seus custos e indicadores para a realidade atual. A escolha do método de custeio

mais adequado à empresa, é ponto crucial para o atingimento dos objetivos

empresariais, seja esse método gerencial ou fiscal, especialmente na valoração dos

estoques e na formação de preços de venda (FARIA; COSTA, 2012).

O rateio dos custos indiretos é parte fundamental para a valoração dos

produtos pelos métodos de Custeio Pleno, Absorção e Direto, quando a empresa

possui mais de um produto fabricado. A apropriação de despesas aos produtos deve

46

ser realizada, nesses tipos de custeio, por meio de bases de rateios eleitos para

cada empresa, distribuídas nas áreas de apoio à produção (NASCIMENTO, 2001).

Pode-se notar que a melhor condição de rentabilidade do produto é o

método de custeio variável, visto que esse método não aloca custos fixos e custos

indiretos aos produtos. Evidentemente nesse caso, a determinação de preços deve

ser consciente, considerando que a margem de lucro aplicado aos produtos deve ser

suficiente para cobertura dos custos fixos e das despesas operacionais (MARTINS,

2011).

Segundo Martins (2011), os custos indiretos geralmente utilizam-se de

critérios subjetivos para rateio, o que prejudica uma análise precisa dos custeios por

absorção e do custeio direto, mesmo sabendo que esse último, possui esforços para

identificação dos custos fixos diretos aos produtos.

Portanto, os custos indiretos de produção são o grande responsável pela

alteração de análise de rentabilidade dos produtos. Em análise gerencial, é

fundamental a racionalidade dos custos quanto a sua correta utilização em cada

produto, o que não ocorre com a maioria dos métodos de custeio do qual utilizam o

rateio para a composição dos custos dos produtos (KAPLAN; COOPER, 1998).

Para a composição dos resultados da empresa no período, é necessário

identificar e destacar as despesas operacionais que são os gastos necessários para

a manutenção e administração da empresa que não estão diretamente ligados à

produção da empresa. Alguns setores da economia utilizam as despesas na

composição dos preços praticados, ou seja, com características de custos fixos

(MARTINS, 2011).

As metodologias de custos tornaram um ponto estratégico, sendo utilizadas

como ferramenta para precificação e análise de Margem de Contribuição e o Lucro

Bruto. Como foi visto anteriormente nesse trabalho, alguns métodos de custeio

utilizam formas de rateio dos custos indiretos aos produtos, tornando-os imprecisos

para a valoração dos produtos. Outros métodos ainda preveem o sistema de custeio

simplesmente para atendimento dos princípios da Contabilidade de Custos (STARK,

2007).

Entre as principais características e abordagens dos Métodos tradicionais de

Custos se destacam (PADOVESE, 2010):

47

O conceito de Volume, Lucro e Custo, apurados principalmente através

do Custeio Variável e na potencialização e alavancagem operacional;

A formação de preços a partir dos custos de fabricação;

A avaliação dos estoques e dos ativos fixos, obtidos especialmente

através do Custeio por Absorção e o Custeio Variável;

A dinâmica da compra versus fabricação e na rentabilidade dos

produtos através de rateio, apurados pelos métodos de custeio por

Absorção, método aceito pelos princípios da Contabilidade Fiscal.

Há, sem dúvidas, muitas críticas aos métodos de custeio tradicionais em

tempos atuais, na maioria dos casos, sobre o método de rateio dos custos aos

produtos. As principais falhas e problemas desses métodos são (SHANK, 1997):

Os custos apurados são baseados em volumes, podendo gerar

informações equivocadas para a tomada de decisões;

Os custos indiretos são atribuídos aos produtos de forma subjetiva,

através dos rateios, o que dificulta a análise precisa da rentabilidade dos

produtos;

Não há uma clara separação e identificação de quais recursos,

especialmente indiretos de produção, que são de fato fundamentais do ponto

de vista de custos, à produção dos produtos.

A apuração de resultado e as análises de rentabilidade de produtos foram

altamente estudadas cientificamente, no intuito de melhorar a qualidade e a

agilidade das informações. Além disso, a racionalidade financeira e econômica

aplicada aos produtos passou a ser ponto de diferenciação de competitividade e

apoio na tomada de decisões e da necessidade de preços adequados de mercado,

melhores prazos de entrega e diversificação de produtos (FARIA; COSTA, 2012).

As mudanças organizacionais nas duas últimas décadas, provocaram

profundas marcas no mercado. A competição empresarial e a busca pela excelência

nos resultados passaram a ser perseguidas de forma constante pelas organizações.

Os processos foram revistos, a atuação comercial foi revitalizada e os recursos

humanos tornaram-se estratégicos para o sucesso das organizações (GONÇALVES,

2006).

48

Portanto, na necessidade da precisão e da racionalidade financeira,

surgiram novas técnicas de apuração de custos, como o Custeio Baseado por

Atividades ou Custeio ABC.

2.4.1.6 Método de Custeio Baseado em Atividades ou Custeio ABC

Criado pelos professores Robert Kaplan e Robin Cooper, o Custeio Baseado

por Atividades foi alvo de muitos estudos e discussões por se tratar de um método

não convencional de valoração dos custos incorridos na empresa. O método de

Custeio por Atividades trabalha com o princípio de rastreamento de custos, que

utiliza métodos próprios de análise e que objetiva identificar as atividades que se

relacionam com os produtos, bem como a intensidade de esforço necessário dessas

atividades (CHING, 2001).

Até a primeira metade do século XX, não existia praticamente a necessidade de custeio muito sofisticado. O custeio baseado em volume atendia satisfatoriamente as exigências das decisões gerenciais relacionadas à eficiência e a lucratividade das organizações. No entanto, a partir da segunda metade do século XX duas tendências importante tem-se cristalizado no cenário mundial. Uma delas diz respeito à diversificação dos produtos. A forma pela qual as empresas concorrem no mercado mundial as tem forçado a adotar como estratégia a diversificação de seus produtos. Muitas vezes, uma mesma matéria-prima básica percorre caminhos alternativos, dentro da fábrica, transformando-se em muitos produtos distintos no final do processo. A outra diz respeito às transformações dos processos de produção que antes eram altamente intensivos em mão-de-obra direta e hoje altamente intensivos em capital e que, portanto, exigem uma proporção de gastos indiretos muito maiores (BATALHA, 2011, p. 438).

O Custeio Baseado em Atividades é um método de análise de custos

originário do Método de Custeio por Absorção, ou seja, usa os mesmos princípios de

custeio do método de absorção tradicional, mas com técnicas para a obtenção de

uma racional distribuição dos custos indiretos (BORNIA, 2002).

Ainda segundo Bornia (2002), os métodos de custeios tradicionais têm a

premissa de se basearem exclusivamente nos volumes de produção da empresa,

onde os custos indiretos são rateados aos produtos. Dessa forma, os custeios

tradicionais absorvem os custos indiretos por intermédio de rateio simples através do

volume de produção.

Ao ser comparado com os métodos de custos tradicionais, o Custeio

Baseado em Atividades apresenta uma apropriação dos custos fixos de forma mais

49

direta, utilizando-se de base de apropriação não relacionadas aos volumes de

produção da empresa. (DI DOMÊNICO, 1994).

Segundo o Di Domênico (1994), apesar de ser originado com base no

Custeio por Absorção, o Custeio Baseado por Atividades se assemelha com o

Custeio Direto, pois considera os custos fixos e despesas como custos inerentes aos

produtos, no entanto, ao invés de serem empregados diretamente aos produtos

acabados, como é feito no Custeio Direto, os custos são empregados às atividades

necessárias para a fabricação dos produtos.

O Custeio Baseado em Atividades permite um melhor gerenciamento das

atividades de apoio a fabricação dos produtos, além de contribuir de forma mais

clara com o monitoramento e análise contínua dos custos orçados e os custos

realizados. As reais margens de contribuições dos produtos e a aferição da eficácia

das atividades que envolvem a produção da empresa são os principais ganhos na

adoção do Custeio Baseado em Atividades (LEONE, 2009).

O Custeio Baseado em Atividades é definido como uma metodologia que

permite análise refinada e estratégica dos custos incorridos nas áreas de apoio a

produção, os chamados custos indiretos. Esse método facilita a visualização dos

gastos e proporciona maior eficácia à gestão das empresas. O Custeio Baseado por

Atividades elimina o maior problema de análise dos custeios tradicionais que é a

correta alocação dos custos onde eles realmente nascem (KAPLAM; COOPER,

1998).

Ainda segundo Kaplam e Cooper (1998), a metodologia do Custeio por

Atividades entende que somente o volume de produção não reflete a realidade e

racionalidade de distribuição, visto que muitos custos indiretos podem variar e se

tornar mais complexos de acordo com novos processos e atividades de apoio das

empresas, o que altera o esforço de cada atividade para se obter um produto mais

competitivo e adequado ao mercado.

A metodologia do Custeio Baseado em Atividades é constituída por algumas

bases de custeamento, que variam para cada segmento e para cada produto, sem

haver um padrão definido de base. Em muitos casos, essas bases não são

relacionadas aos volumes de produção, como é a premissa dos métodos tradicionais

de custos, gerando maior realidade e precisão dos resultados por produto (LEONE,

2009).

50

Quanto maior o detalhamento das atividades, melhor será a apuração e

análise dos custos aplicados ao setor de origem e identificação de viabilidade e

importância do setor de apoio à produção. O Custeio Baseado por Atividades visa

identificar as atividades necessárias para a obtenção dos custos reais dos produtos

fabricados pela empresa e, ao contrário dos métodos de custeio tradicionais, não

utilizam necessariamente, os custos de produção para aferição e apuração dos

custos nos produtos (KOEHLER, 1994).

Ainda segundo Koehler (1994), na identificação das atividades do processo

de apoio e produção devem ser respeitadas etapas importantes como a análise dos

custos que agregam valores e os que não agregam valores aos produtos, a

avaliação das possíveis alterações das bases de custos nas atividades, a análise de

desperdícios de tempo, recursos materiais e financeiros e a análise da situação de

cada atividade, tendo como princípio os porquês e como são incorridos os custos.

O Método de Custeio Baseado por Atividades tem como objetivo a

identificação e a alocação dos custos indiretos às atividades realizadas pela

empresa, e posteriormente, levadas aos produtos por meio de objetos de custeio e

direcionadores de custos. Nesse modelo, entende-se que as atividades da

organização devem ser valoradas prioritariamente, ou seja, durante o processo de

apoio e produção, as atividades da empresa consomem os recursos necessários e

os produtos finais consomem as atividades (NAKAGAWA, 1991).

Direcionadores de custos são as causas que determinam o custo de uma

atividade. Os direcionadores de custos no Método de Custeio Baseado por

Atividades são divididos em direcionadores de 1º estágio, os chamados

direcionadores de recursos, e os direcionadores de 2º estágio, os chamados

direcionadores de custos de atividades (MARTINS, 2011).

Conforme representado na Figura 1, os direcionadores de 1º estágio

referem-se às despesas funcionais, como os departamentos administrativos da

empresa, qualidade, produção, engenharia, entre outras. Os direcionadores de 2º

estágio rateiam os custos das atividades do 1º Estágio para os objetos de custos, ou

seja, aos produtos acabados (LEONE, 2009).

51

Figura 1 – Representação do Método de Custeio Baseado por Atividades

Fonte: LEONE, George Sebastião Guerra. Custos: Planejamento, implantação e controle. 3ª edição – 6ª reimpressão. São Paulo: Atlas, 2009. p.355.

Para implantação do Custeio Baseado em Atividades, diferente dos métodos

de custeios tradicionais, é necessário um modelo de fluxograma de atividades para

identificação e análise das atividades de apoio à produção, no intuito de indicar e

rastrear detalhadamente todos os esforços financeiros demandados pelos produtos

da empresa (DI DOMÊNICO, 1994).

Ainda segundo Di Domênico (1994), outro ponto importante é a apuração e

descrição analítica dos dados de produção de cada etapa de fabricação dos

produtos e dos setores de apoio, visto a necessidade de análise e determinação dos

esforços de custos de setores de apoio. Os direcionadores de custos de 1º e 2º

Estágios, devem ser definidos de acordo com a causa que geram as despesas das

atividades, por meio de direcionadores comuns para cada produto produzido.

Outro cuidado ao implementar o Custeio Baseado em Atividades é a

quantidade de direcionadores de custos de 1º estágio que as empresas adotam. O

autor relata que, quanto maior os direcionadores de custos nas atividades, mais

detalhado e preciso serão as informações geradas, no entanto, a maior preocupação

dos direcionadores é refletir a coerência e racionalidade dos direcionadores (CHING,

2001).

52

Na implementação do Custeio Baseado por Atividades, é fundamental a

combinação de elementos que visam à correta relação das ocorrências dos gastos

com os esforços das atividades envolvidas. Elementos como tecnologias, ocupação,

materiais e especialmente pessoas bem preparadas para o processo do Método de

Custeio Baseado por Atividades devem exercer sincronia sobre si para o atingimento

dos resultados fidedignos (FARIA; COSTA, 2012).

Outro princípio do Custeio Baseado em Atividades é de não separar os

custos e despesas variáveis, diferente dos custeios tradicionais. O objetivo do

custeio baseado em atividades é a identificação dos gastos que agregam valores ao

produto, independente da classificação de custo ou despesa. Nesse princípio, os

custos e as despesas identificadas nas atividades e que não geram valor aos

produtos, deverão ser analisados pelos gestores para redução, melhora ou

eliminação do processo (MARTINS, 2011).

O detalhamento das atividades que será valorada no Custeio Baseado por

Atividades está relacionado ao tipo e finalidade de trabalho e não ao consumo dos

recursos materiais e humanos como é realizado nos métodos de custeio tradicionais.

Ao definir o detalhamento da atividade, é fator fundamental conhecer as variáveis

que direcionam as atividades, ou seja, as variáveis que influenciam e motivam as

atividades, os chamados direcionadores de custos, que são etapas que definem a

quantidade de trabalho de cada atividade (NAKAGAWA, 1991).

Ainda segundo Nakagawa (1991), ao se definir a quantidade de

direcionadores de custos, devem ser observados os objetivos das atividades. Em

muitos casos, os direcionadores estão intimamente ligados com a redução de

custos, fixação de preços e avaliações de investimentos e desempenhos. Outro

ponto importante é a participação percentual dos custos indiretos em relação aos

custos diretos, que em tese, quanto maior os custos indiretos, maior o esforço de

avaliação das atividades de apoio à produção.

É evidente que no Custeio Baseado em Atividades a definição correta das

atividades é o maior desafio para a implementação do modelo nas empresas. A

Figura 2 mostra um modelo de processo de cálculo do custeio (NAKAGAWA, 1991).

53

Figura 2 – Modelo de processo de cálculo do Custeio Baseado por Atividades

Fonte: NAKAGAWA, Masayuki. Gestão Estratégica de Custos: Conceito, Sistema e Implementação. São Paulo. Atlas, 1991. p.136

Conforme Nakagawa (1991), a última etapa do modelo mostra a etapa final

de alocação e distribuição dos custos aos produtos. Nessa etapa, os custos indiretos

já foram inseridos às atividades e chegam à produção de forma racional e lógica. O

autor ainda relata que não necessariamente, o Custeio Baseado por Atividades

substituiu os métodos de custeios tradicionais, mas pode servir de apoio e

complementação ao método utilizado.

O rastreio e valoração das atividades realizadas pelo Custeio Baseado por

Atividades geram informações aos gestores de empresas para efetiva tomada de

decisões, pois oferece vantagem prática e visualização financeira de todo o

processo. No entanto, os detalhamentos das atividades geram um tempo grande de

análises e definições corretas dos processos (FERREIRA, 2007).

Os recursos das empresas e organizações são escassos e as definições dos

direcionadores das atividades do processo devem ser ponto chave para o processo

do Custeio Baseado em Atividades. Essa definição permite aos gestores das

empresas conhecerem as atividades e processos à fundo, e corrigir possíveis falhas

e ineficiências dos setores de apoio à produção (FARIA; COSTA, 2012).

Em muitos casos, há uma pequena variação dos métodos de custeio nos

resultados dos produtos. No entanto, o Custeio Baseado em Atividades evidencia a

racionalidade e rastreamento das atividades no tratamento dos custos indiretos de

fabricação, gerando uma melhor distribuição dos custos e trazendo análises e

resultados mais reais comparados aos modelos tradicionais (SHANK, 1997).

Desta forma, esta pesquisa objetiva aplicar os métodos de custos e traçar

uma comparação entre os métodos tradicionais e o Custeio Baseado por Atividades

que será apresentado adiante.

54

3. OBJETIVOS DA PESQUISA

3.1 Objetivo Geral

Este trabalho objetiva apresentar a efetividade do Método de Custeio

Baseado em Atividades aplicado em um laticínio do Interior do Estado de São Paulo,

em comparação ao atual sistema de controle e gestão de custo utilizado pela

empresa, no intuito de auxiliar a empresa na tomada de decisão e melhorar a gestão

dos custos indiretos da empresa.

3.2 Objetivos específicos

a) Comprovar a necessidade de aprofundamento das questões dos

métodos de custeio no setor pesquisado, através de uma discussão do setor

no Brasil aliado aos parâmetros econômicos de mercado;

b) Comprovar que é possível a utilização do Método de Custeio Baseado

por Atividades na empresa e no setor pesquisado;

c) Demonstrar as vantagens da adoção do Método de Custeio Baseado

por Atividades na empresa pesquisada.

55

4. MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Procedimentos metodológicos

Para o desenvolvimento do trabalho foi utilizada a metodologia de Estudo de

Casos no intuito de buscar informações e dados específicos e consistentes para

atingir os objetivos propostos na pesquisa, baseando-se na revisão bibliográfica

desenvolvida.

A opção de escolha de uma metodologia de pesquisa qualitativa em

informações para justificar os propósitos do trabalho, estão baseados na

investigação e exploração de dados que comprovem os motivos específicos da

empresa pesquisada em realizar determinada tarefa ou procedimento (YIN, 2001).

A pesquisa foi realizada através de trabalho de consultoria empresarial e

baseada em documentos formais e informais, como o levantamento dos custos e

despesas da empresa, através de pesquisa não estruturada para investigação do

fluxo de trabalho e das atividades desenvolvidas, onde foi possível identificar as

características de gestão da empresa. Os dados e informações foram obtidos junto

aos gestores da empresa.

Foram realizados levantamentos do método de custeio realizado pela

empresa, onde se pôde apurar com detalhes como são processadas as despesas e

custos de sua operação, bem como os controles administrativos no processo de

apoio e produção dos produtos acabados.

Procurou-se obter informações financeiras de diversos meses do ano, visto o

período de sazonalidade de produção e vendas e consequentemente, a alteração

dos custos diretos e indiretos na empresa e as margens de rentabilidade nesses

períodos. A pesquisa foi realizada entre os meses de Junho de 2015 a Maio de 2016

e os resultados apresentados nesse trabalho referem-se à apuração desses meses

pesquisados.

Foi realizado estudo de caso na empresa Delta1, um laticínio localizado no

interior de São Paulo, na região de São Carlos/SP. O Objetivo do levantamento de

dados foi:

1 Utilizar-se-á o nome fictício Delta para a empresa pesquisada, visto a não liberação do nome real da empresa

devido a confidencialidade dos dados e informações. O histórico, números, relatórios e pareceres constituem em

dados reais fornecidos pela empresa.

56

a) Caracterizar a empresa;

b) Identificar o modelo de custeio atual,

c) Possibilitar o comparativo entre o custeio utilizado pela empresa

pesquisada e o Método de Custeio Baseado por Atividades;

d) Realizar os testes e a implementação de software de gestão dos custos

indiretos da empresa.

Foram identificadas todas as atividades da empresa, administrativas,

comerciais e produtivas, além de um levantamento detalhado de todo o histórico da

empresa, a fim de buscar melhorias nos processos da empresa, especialmente no

gerenciamento estratégico de custos.

A metodologia utilizada para realização do estudo de caso foi:

a) Pesquisa não estruturada;

b) Levantamento de dados e informações das atividades da empresa.

Esse roteiro foi elaborado com base em uma investigação nos modelos de

custos da empresa, além da contribuição do conhecimento e habilidade dos

gestores na empresa para a gerência dos negócios. Foi estabelecido prazo para

devolução dos dados da pesquisa, e agenda de reuniões para averiguação de

detalhes ou dúvidas sobre o propósito do trabalho, com objetivo de colher o maior

número de informações possíveis da empresa.

Os indicadores avaliados pela metodologia proposta neste trabalho e

pesquisadas na empresa foram:

a) A estrutura organizacional da empresa;

b) O fluxo de atividades administrativas e produtivas da empresa;

c) Os indicadores financeiros da empresa de fluxo de caixa;

d) Os gastos financeiros dispendidos por mês;

e) A classificação das despesas mensais;

f) A identificação e classificação dos custos da empresa;

g) A gestão dos custos pela empresa pesquisada;

57

h) O Demonstrativo de Resultados da empresa;

i) A Margem de contribuição apurada da empresa e, em específico, de

cada produto fabricado pela empresa;

j) O Ponto de equilíbrio necessário para viabilização de produção dos

produtos da empresa.

Essa pesquisa foi realizada, inicialmente, através de revisão bibliográfica

orientada para o atingimento dos objetivos propostos. Nessa etapa, buscou-se uma

estrutura organizada que pudesse servir de alicerce à aplicação do Custeio Baseado

por Atividades em um laticínio.

Na segunda etapa foi realizado o Estudo de Caso onde foram investigados e

explorados, através de uma consultoria empresarial, os sistemas de custeio existes

e testado o Método de Custeio Baseado por Atividades.

Na terceira etapa, foi realizado o comparativo do método de custeio utilizado

pela empresa com o Método de Custeio Baseado por Atividades, bem como

proposto a análise das vantagens e desvantagens dos modelos de custeio.

Inicialmente, procurou-se apurar a utilização de ferramentas e métodos de controle

financeiro como planilhas em Excel, anotações e apuração dos resultados da

empresa, especialmente no controle de custos e gestão financeira.

Por fim, foi testado e implementado um software de gestão dos custos

indiretos da empresa, ponto principal para adoção do Custeio Baseado por

Atividades na empresa, permitindo aos gestores o controle sobre a racional

distribuição desses custos.

A etapa inicial do software conta com três telas de inserção, edição e

exclusão de dados, responsáveis por alimentar os bancos de dados relativos aos

processos, às atividades e dos produtos. Esses bancos de dados nortearam os

lançamentos nas etapas posteriores. Na segunda etapa, são lançados e

cadastrados os custos indiretos primários por processo e calculado a somatória dos

custos que envolvem cada processo. Em uma tela disponível no mesmo menu é

possível consultar os totais agrupados por processo.

Após a apuração dos custos primários, o banco de dados receberá

lançamentos referente ao processo, à atividade e à descrição do destino do recurso.

Após todos os lançamentos, o software faz a divisão do valor total dos custos

58

indiretos lançados de cada processo entre os itens cadastrados e em seguida, os

custos são relacionados e atribuídos ao processo de produção de cada produto.

Para facilitar esse lançamento, para cada item de custo indireto, o software gera

uma lista dos produtos previamente cadastrados, assim, apenas deve ser inserida a

porcentagem ou quantidade consumida de cada produto.

Na última etapa os resultados calculados são apresentados.

Progressivamente é possível selecionar o produto e o sistema filtra apenas os

custos envolvidos deste produto, além de apresentar o custo total deste produto. Ao

clicar no recurso imprimir, o sistema emite um relatório de cada produto, seguindo de

seus custos indiretos e ao final totaliza os custos envolvidos.

Foram realizados testes de implementação do software de controle e gestão

de custos indiretos juntamente com os gestores da empresa, validados pelos

resultados obtidos através de planilhas em Excel quando da aplicação do Método de

Custeio Baseado por Atividades.

59

5. Resultados e Discussão

5.1 Caracterização do objeto de estudo

A empresa Delta iniciou oficialmente suas atividades como empresa em abril

de 1976 por meio de um casal de imigrantes italianos que trabalhavam em fazendas

do interior de São Paulo. Inicialmente, começaram a produção do leite com a ajuda

dos filhos, com aproximadamente 100 litros de leite por dia, e toda produção era

destinada a uma única usina de leite da região.

Em meados dos anos 80, a empresa adquiriu equipamentos para a

fabricação do leite pasteurizado. Nesse período, a empresa iniciou o processo de

compra de matéria prima em diversas propriedades rurais da região. Nos anos 90, a

empresa já produzia 400 litros de leite por dia em média.

Em 2002, a empresa se organizou, com a ajuda de amigos consultores, para

a participação no mercado de licitações. As primeiras licitações ganhas foram para

creches estaduais nas cidades de Artur Nogueira/SP e Porto Ferreira/SP.

Nos dias atuais, 72% da produção da empresa atendem as licitações

estaduais e federais. Além da garantia de recebimento e fixação do preço de venda,

as licitações garantem uma programação de produção e, em muitos casos, uma

margem de lucratividade percebida muito boa. A empresa Delta produz e

industrializa atualmente a média de 30 mil litros de leite por mês sendo que produz

20% do produto envasado, e 80% do leite é captado de aproximadamente 100

produtores de leite da região. A empresa produz o leite pasteurizado e produtos

derivados do leite, como o iogurte e o queijo fresco.

A empresa possui 6 máquinas de mecanização, sendo 4 embaladeiras com

capacidade de produção de 2 mil sacos de leite por hora e perdas de processo de

2%. Possui 12 colaboradores na produção, sendo 8 colaboradores exclusivamente

alocados na logística da empresa.Na Figura 3 é traçado o organograma da empresa,

com os desenhos dos cargos observados na pesquisa, e aprovado pelos gestores

da empresa.

O organograma da empresa é importante pois mostra de forma clara, uma

organização básica da gestão, ou seja, ele representa formalmente a estrutura da

60

empresa através da hierarquia e disposição dos órgãos e cargas que compõe a

empresa (FILHO, 1998)

A elaboração desse organograma, realizado juntamente com os gestores da

empresa, exigiu alguns cuidados técnicos, como a correta distribuição das atividades

dos colaboradores do setor administrativo e as atribuições formais dos setores.

Outro ponto importante na definição do organograma foi a separação dos gestores

que compõe a segunda geração familiar, que ocuparam no organograma a função

de sócios, e os gestores que compõe a terceira geração dos sócios, que ocuparam

no organograma a função de Administrativos.

Figura 3 – Organograma da empresa Delta

Fonte: Própria autoria

Foi desenvolvido também, um fluxograma das principais atividades da

produção e comercialização da empresa, conforme Figura 4. O fluxograma é uma

etapa importante deste trabalho, pois, objetiva detalhar as atividades de produção e

de apoio a produção, que são fundamentais para a aplicação do Método de Custeio

Baseado por Atividades.

Representado de forma gráfica, o fluxograma mostra a movimentação de

produtos e pessoas na empresa como um todo. É parte fundamental para

entendimento e análise dos processos que envolvem a administração da empresa e

principalmente à produção dos produtos. Com a implementação do fluxograma

tornou-se possível visualizar possibilidades de melhoria nos processos, bem como

os fluxos de atividades de produção por produtos. Além disso, é possível

61

diagnosticar gargalos de produção e atividades que poderiam ser extintas ou

aprimoradas (FILHO, 1998).

Assim como na elaboração do organograma, o trabalho de aferição das

atividades e desenvolvimento do fluxograma na empresa, juntamente com os

gestores, exigiu atenção de algumas questões técnicas como o levantamento dos

passos para determinação das atividades, a análise da rotina das atividades e a

disposição em etapas gráficas para que os gestores pudessem visualizar o fluxo de

atividades.

Figura 4 – Fluxograma das atividades da empresa Delta

C o l e t a d e m a t é r i a p r i m a

n a s p r o p r i e d a d e s

Recebimento da

matéria prima na

empresa

Controle de

qualidade da

matéria prima do

leite no tanque

Aparelho rebaixador de

placas

Máquina Pasteurizadora

e Padronizadora

Armazenamento

em Silos Térmicos

conforme

qualidade

Matéria Prima

“Melhor

qualificada”?

Envase do Leite

(Envasadora)

Fabricação do

Iogurte

Fermentação

Envase

Fabricação do

Queijo

Tanques de

Cozimento

Câmara fria de

salga

Sala de

Embalagem

Fim do processo

Câmara Fria

Carregamento

SIM

SIM

NÃO

Máquina batedora

do creme do leite

Fonte: Própria autoria

Coleta de matéria prima

nas propriedades

62

É importante destacar que a empresa não possuía o fluxograma formalizado

das suas atividades e, através do trabalho de consultoria, foram identificadas e

descritas todas as etapas do processo fabril.

5.2 Descrição, análise de dados e levantamento do método de custeio

utilizado pela empresa

Durante toda a pesquisa, os gestores se mostraram preocupados com a

gestão da empresa, que segundo eles é complexa e com muitos fatores variáveis ao

longo do ano, no entanto, eles acreditam que o setor irá prosperar ainda mais no

futuro, conforme apresentado nos itens 2.1 e 2.2 desse trabalho.

O ponto relevante na pesquisa foi a preocupação em um modelo de controle

e aferição para que a empresa pudesse visualizar e analisar a viabilidade financeira

real dos produtos, e pudessem realizar a gestão dos negócios no dia a dia.

Na Tabela 7, são apresentados os produtos fabricados pela empresa Delta,

e a identificação de numeração dos produtos que iremos utilizar nas Tabelas à

seguir, para simplificar e facilitar a leitura das demonstrações de custos

apresentadas.

Tabela 7 – Produtos fabricado pela empresa Delta

Produto 1 Leite Pasteurizado tipo C 1L

Produto 2 Iogurte Desnatado 200ml saquinho

Produto 3 Iogurte Desnatado 200ml garrafa

Produto 4 Iogurte Desnatado 1L garrafa

Produto 5 Queijo Frescal 1kg

Produto 6 Manteiga 200gr Fonte: Própria Autoria

A compra de matéria-prima na empresa ocorre semanalmente, visto o

escoamento diário da demanda de fabricação, ou seja, permanentemente há pouco

estoque de matéria-prima na empresa.

A composição de matérias-primas utilizadas no processo de fabricação foi

apresentada pelos sócios através de planilhas eletrônicas e por anotações de fábrica

63

e administrativas, onde é caracterizada a quantidade de uso das matérias-primas

para cada produto, formando os custos de materiais diretos dos produtos acabados.

Pôde-se notar na pesquisa uma informalidade com as informações e

controles apenas superficiais da matéria-prima da empresa.

Na Tabela 8, identifica-se a quantidade de matérias-primas compradas no

ano, seus respectivos custos e a utilização dessas matérias-primas nos produtos

acabados de forma unitária. A composição de matérias primas dos produtos teve

como base os apontamentos históricos da empresa Delta e a observação de campo

junto ao processo de fabricação da empresa.

Tabela 8 – Composição de matérias-primas utilizada nos produtos da empresa Delta

(Junho/2015 a Maio/2016)

matéria Prima Unid. de

MedidaQtde

Valor

UnitárioTOTAL Prod.1 Prod.2 Prod.3 Prod.4 Prod.5 Prod.6

Leite Cru litros 9.458.400 1,24R$ 11.728.416,00R$ 1,24R$ 0,22R$ 0,22R$ 1,14R$ 12,23R$ 0,42R$

Embalagem 1L milhares 7.319 100,00R$ 731.900,00R$ 0,10R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$

Embalagem 200ml milhares 8.445 20,00R$ 168.900,00R$ -R$ 0,02R$ -R$ -R$ -R$ -R$

Garrafa 200ml milhares 5.630 120,00R$ 675.600,00R$ -R$ -R$ 0,12R$ -R$ -R$ -R$

Garrafa 1L milhares 1.126 850,00R$ 957.100,00R$ -R$ -R$ -R$ 0,85R$ -R$ -R$

Embalagem 200gr milhares 45 470,00R$ 21.168,80R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ 0,47R$

Embalagem em rolo milhares 2.590 150,00R$ 388.470,00R$ -R$ -R$ -R$ -R$ 0,15R$ -R$

Polpa de Frutas Kilos 1.013 19,00R$ 19.254,60R$ -R$ -R$ 0,33R$ 1,19R$ -R$ -R$

Aromatizantes Kilos 2.477 50,00R$ 123.860,00R$ -R$ 0,02R$ 0,02R$ 0,09R$ -R$ -R$

Outras matérias primas Kilos - - 5.677,89R$ 0,02R$ 0,01R$ 0,01R$ 0,03R$ 0,09R$ 0,12R$

14.820.347,29R$ 1,36R$ 0,27R$ 0,70R$ 3,30R$ 12,47R$ 1,01R$ Fonte: Própria Autoria

Na Tabela 9 são apresentados a quantidade e os valores totais referentes

aos funcionários de fábrica, que na empresa Delta, são alocados em centros de

custos específicos para produção de cada produto. Eventualmente, conforme

demanda ou sazonalidade, os funcionários atuam em centros de custos de maior

necessidade.

Conforme Carioca (2009), a alocação de centros de custos ao processo de

fabricação é importante pois organiza os lançamentos e atribuição de gastos,

especialmente mão de obra produtiva e custos indiretos.

É importante ressaltar que os valores apresentados já estão acrescidos dos

encargos trabalhistas, reajuste sindical e das provisões de férias e 13º salário.

64

Tabela 9 – Quantidade e valores de salário dos funcionários diretos da empresa

Delta (Junho/2015 a Maio/2016)

Cargo

Qtde de

Funcionários

diretos

Salário

TOTAL Anual

Operário Fábrica Leite Pasteurizado tipo C 8 224.640,00R$

Operário Fábrica Iogurte 7 196.560,00R$

Operário Fábrica Queijo Frescal 3 84.240,00R$

Operário Manteiga 2 56.160,00R$

Total 20 561.600,00R$ Fonte: Própria Autoria

As despesas operacionais da empresa estão apresentadas na Tabela 10.

Segundo Ferreira (2007), as despesas operacionais representam os esforços

necessários para a manutenção das atividades da empresa.

Na pesquisa desse trabalho, nota-se a representatividade do Pró-labore,

salários administrativos e os impostos de funcionamento da empresa. Outro ponto

importante evidenciado na pesquisa, é que a empresa considera as despesas

operacionais na composição dos custos da empresa. Segundo os gestores, as

despesas compõem o esforço de fabricação dos produtos.

Tabela 10 – Despesas operacionais da empresa Delta (Junho/2015 a Maio/2016)

Custos IndiretosVALOR Total

Anual

Mão de obra - Coleta 107.136,00R$

Manutenção do gado de Leite 54.802,68R$

Mão de obra - Distribuição 71.424,00R$

Mão de obra - Compras 22.534,80R$

Mão de obra - Laboratório / Almoxarifado 68.276,04R$

Energia Elétrica 297.474,60R$

Água 16.006,44R$

Manutenção das máquinas 39.070,68R$

Depreciação - Máquinas 39.000,00R$

Depreciação - Veículos 91.000,00R$

Manutenção de veículos 92.258,76R$

Despesas de viagens - Coleta 1.683.917,64R$

Despesas de viagens - Distribuição 1.122.611,76R$

Materiais de laboratório 105.328,08R$

TOTAL CUSTOS INDIRETOS 3.810.841,48R$ Fonte: Própria Autoria

65

Na tabela 11 são apresentados os custos indiretos da empresa.

Os custos indiretos da empresa receberam maior foco de análise na

pesquisa, visto ser a variável principal para a aplicação do Método de Custeio

Baseado por Atividades.

A empresa possui mínimo controle e classificação dos custos indiretos, que

foram caracterizados durante a pesquisa juntamente com os proprietários. Apesar

de conter alguns custos identificados, como a mão de obra de coleta, distribuição e

compra, a mensuração desses custos aplicados nos produtos é comprometida

atualmente, visto atender a demanda de todos os produtos da empresa.

Segundo Nascimento (2011), os custos indiretos ocorrem em áreas que dão

suporte ao processo de fabricação da empresa e não estão intimamente ligados ao

processo de produção dos produtos.

Na pesquisa realizada, nota-se a expressiva representatividade dos custos

indiretos de despesas de viagens de coleta do leite nas propriedades leiteiras da

região e a distribuição do produto acabado no varejo e no atendimento das

demandas das licitações públicas, o que impacta de forma significativa os custos

finais e consequente a viabilidade e os preços dos produtos fabricados pela

empresa.

Tabela 11 – Custos Indiretos da empresa Delta (Junho/2015 a Maio/2016)

DespesasSalário

TOTAL Anual

Pro-labore 345.314,64R$

Salário Administrativo 140.400,00R$

Escritório de Contabilidade 19.200,00R$

Publicidade e Propaganda 55.200,00R$

Telefone / Internet 17.400,00R$

Material de Escritório 10.680,00R$

Material de Limpeza 2.796,00R$

Segurança 6.792,00R$

Despesas com vendas (comissões) 65.858,76R$

Impostos 153.463,80R$

Despesas e tarifas bancárias 6.669,48R$

Outras despesas 2.807,88R$

TOTAL DESPESAS 826.582,56R$ Fonte: Própria Autoria

66

Após a identificação e classificação dos custos e despesas da empresa

Delta, são apresentados os demonstrativos totais de custos e despesas por produto

fabricado pela empresa no mês de março de 2016.

Na Tabela 12 demonstra o volume de produção por produtos da empresa no

período e, com base nos custos de matérias-primas informados na Tabela 8, é

obtido o valor total de custo com material direto. A mão de obra direta, conforme

informado na tabela 9, também é identificada na tabela na demonstração de

resultados mensais, formando assim o custo direto do produto.

Os Custos Indiretos da empresa, conforme apurado e apresentado na tabela

12, foram rateados com base no volume de produção da empresa no período

apurado nesse trabalho, atribuindo parcelas desses custos aos produtos.

Utilizando os mesmos critérios dos custos indiretos, as despesas

operacionais apresentadas na Tabela 10 são rateadas ao volume de produção dos

produtos, compondo o total de gastos da empresa. Ao utilizar as despesas

operacionais na formação do custo do produto, a empresa pesquisada adota o

Método de Custeio Pleno.

Segundo Martins (2011), o Método de Custeio Pleno consiste na

metodologia de apropriação de todos os custos e despesas ocorridas na empresa

em determinado período, à quantidade de produtos fabricados no mesmo período.

Evidentemente, o Método de Custeio Pleno é o método que mais apropria gastos

aos produtos, comparados aos demais Métodos de Custeio.

Tabela 12 – Demonstrativo de Custos e Despesas totais da empresa Delta

(Junho/2015 a Maio/2016)

ITEM Prod.1 Prod.2 Prod.3 Prod.4 Prod.5 Prod.6 TOTAL

Quantidade produzida 5.985.590 6.738.000 5.053.500 898.400 10.107 35.936

Materiais Diretos 8.140.402,40R$ 1.840.821,60R$ 3.553.621,20R$ 2.965.438,72R$ 125.997,90R$ 36.295,36R$ 16.662.577,18R$

Mão de Obra Direta 224.640,00R$ 104.368,14R$ 78.276,11R$ 13.915,75R$ 84.240,00R$ 56.160,00R$ 561.600,00R$

Custos Indiretos 1.218.390,32R$ 1.371.546,33R$ 1.028.659,75R$ 182.872,84R$ 2.057,32R$ 7.314,91R$ 3.810.841,48R$

Despesas Operacionais 264.272,39R$ 297.492,37R$ 223.119,28R$ 39.665,65R$ 446,24R$ 1.586,63R$ 826.582,56R$

TOTAL GASTOS POR PRODUTO 9.847.705,12R$ 3.614.228,45R$ 4.883.676,33R$ 3.201.892,97R$ 212.741,46R$ 101.356,90R$ 21.861.601,22R$ Fonte: Própria Autoria

Na Tabela 13, são apresentados o custo total unitário dos produtos, obtido

pela divisão do total de gastos pela empresa da Tabela 12, e a quantidade de

67

produção realizada. Também é apresentado na Tabela 13 o volume de vendas por

produto da empresa no período analisado.

É importante ressaltar que o custo unitário apurado tem como base o rateio

dos custos indiretos e despesas operacionais, realizado através do volume de

produção do período.

Tabela 13 – Custo Unitário por produto, quantidade produzida e Volume de Vendas

da empresa Delta (Junho/2015 a Maio/2016)

ITEM Prod.1 Prod.2 Prod.3 Prod.4 Prod.5 Prod.6

Quantidade produzida 5.985.590 6.738.000 5.053.500 898.400 10.107 35.936

Custo Total Unitário 1,65R$ 0,54R$ 0,97R$ 3,56R$ 21,05R$ 2,82R$

Volume de Vendas 5.947.626 6.595.082 4.895.599 758.004 9.838 33.808 Fonte: Própria Autoria

O lucro unitário apurado pela empresa Delta é identificado na Tabela 14,

obtido pela diferença do custo apurado e do preço de venda médio praticado no

período.

O preço de venda médio da empresa no período de março de 2016 foi

apurado com base nas vendas diretas realizadas ao varejo e pelo valor pago das

licitações mensais.

Nesse método de custeio utilizado pela empresa, as margens de lucro dos

produtos apresentam-se positivas, com destaque para o produto 5 que recebeu

menor carga de distribuição de custos indiretos e despesas operacionais,

consequentemente, obteve lucro apurado de R$8,02 por produto, representando

38% de margem percentual de lucro do preço praticado em relação ao custo de

fabricação.

Nota-se que nessa análise, o produto 1 possui o maior volume de vendas e

a menor margem financeira e percentual dos produtos fabricados pela empresa.

68

Tabela 14 – Apuração do lucro unitário por produto da empresa Delta

(Junho/2015 a Maio/2016)

ITEM Prod.1 Prod.2 Prod.3 Prod.4 Prod.5 Prod.6

CUSTO TOTAL UNITÁRIO 1,65R$ 0,54R$ 0,97R$ 3,56R$ 21,05R$ 2,82R$

Preço de Venda Médio 1,76R$ 0,60R$ 1,09R$ 5,38R$ 29,07R$ 3,92R$

0,11R$ 0,06R$ 0,12R$ 1,82R$ 8,02R$ 1,10R$

7% 12% 13% 51% 38% 39%Lucro Unitário apurado pela Delta

Fonte: Própria Autoria

Na Tabela 15 são apresentados os resultados financeiros apurados na

empresa através do demonstrativo de resultados gerenciais, que baseado nos

conceitos da contabilidade gerencial, conforme Iudícibus (2007) consiste no objetivo

fornecer informações financeiras e econômicas para a tomada de decisões no dia a

dia das empresas. É possível notar que nesse método de custeio utilizado pela

empresa, houve resultado positivo em todos os produtos fabricados pela empresa.

Tabela 15 – Demonstrativo de Resultados por produto e total da empresa Delta

(Junho/2015 a Maio/2016)

ITEM Prod.1 Prod.2 Prod.3 Prod.4 Prod.5 Prod.6 TOTAL

Receita de Vendas 10.467.821,48R$ 3.957.049,20R$ 5.336.202,93R$ 4.078.061,52R$ 286.002,29R$ 132.528,61R$ 24.257.666,03R$

Custo de Fabricação 9.847.705,12R$ 3.614.228,45R$ 4.883.676,33R$ 3.201.892,97R$ 212.741,46R$ 101.356,90R$ 21.861.601,22R$

RESULTADO DA EMPRESA 620.116,36R$ 342.820,75R$ 452.526,60R$ 876.168,55R$ 73.260,83R$ 31.171,71R$ 2.396.064,81R$

Fonte: Própria Autoria

5.3 Aplicação do Método de Custeio Baseado em Atividades na

Empresa.

A aplicação do Método de Custeio Baseado por Atividades na empresa foi

discutida com os gestores da empresa pesquisada durante os meses de Julho de

2015 a Maio de 2016.

Inicialmente, foram apresentados os conceitos do método e as vantagens

em visualizar os custos e despesas da empresa de uma forma mais precisa, onde a

busca pelo real resultado de fabricação e venda era a principal motivação do estudo.

69

De acordo com Nakagawa (1991), a principal variável de estudo do Método

de Custeio Baseado por Atividades é a alocação dos custos indiretos às atividades

da empresa, o que torna mais realista os custos finais dos produtos acabados.

O costume familiar na visualização dos resultados da empresa, não permitiu

um avanço em inovação em novos métodos de gestão de controle e apuração de

custos da empresa, visto alguns controles ainda serem realizados via apontamento

em cadernos e anotações informais. Mesmo com a entrada de novos gestores da

família na empresa, não houve alterações e mudanças significativas na gestão

histórica administrativa e financeira da empresa.

Entende-se, portanto, que ao implementar a pesquisa e a utilização do

Método de Custeio Baseado por Atividades na empresa Delta, há contribuição

evidente de inovação em ferramenta de gestão de negócios que visa auxiliar a

tomada de decisões da empresa.

Inicialmente foram classificados na Tabela 16, os custos indiretos por grupo

de atividades que irão receber as divisões dos custos. Esses custos indiretos foram

a base dos cálculos para compor a valoração das atividades da empresa.

Tabela 16 – Custos Indiretos da empresa Delta classificados por grupo de atividades

(Junho/2015 a Maio/2016)

Grupo Custos Indiretos VALOR

1 Mão de obra - Compras 22.534,80R$

Mão de obra - Laboratório / Almoxarifado 68.276,04R$

Materiais de laboratório 105.328,08R$

Mão de obra - Coleta 107.136,00R$

Manutenção do gado de Leite 54.802,68R$

Depreciação - Veículos 91.000,00R$

Despesas de viagens - Coleta 1.683.917,64R$

Energia Elétrica 297.474,60R$

Água 16.006,44R$

Manutenção das máquinas 39.070,68R$

Depreciação - Máquinas 39.000,00R$

Manutenção de veículos 92.258,76R$

Mão de obra - Distribuição 71.424,00R$

Despesas de viagens - Distribuição 1.122.611,76R$

3.810.841,48R$

2

3

4

5

TOTAL CUSTOS INDIRETOS Fonte: Própria Autoria

70

Os custos indiretos pelo Método de Custeio por Atividades são tratados, em

uma primeira fase, por Atividades realizadas para cada grupo identificado na tabela

16.

Essas atividades foram evidenciadas através da pesquisa in loco na fábrica,

no apoio às atividades fabris e nas despesas incorridas de viagens de coleta de

matéria-prima e distribuição do produto acabado. Essas atividades são chamadas de

direcionadores de primeiro estágio, que segundo Martins (2011), são as causas que

determinam o custo de uma atividade.

Posteriormente, os custos indiretos são distribuídos entre essas atividades

de forma linear e pela quantidade apurada de cada atividade, aos direcionadores de

alocação de custos de segundo estágio.

Após a definição dos direcionadores de segundo estágio, foi realizada a

distribuição desses custos aos produtos acabados e iniciou-se a etapa mais

trabalhosa do Método de Custeio Baseado por Atividades: a mensuração das

atividades do segundo estágio aos produtos acabados, obtida através de

apontamentos internos, como o tempo de testes de laboratórios, tempo de máquinas

e de permanência do produto nos setores de produção e quilômetros rodados para

coleta de leite. Essa distribuição é apresentada por meio da Tabela 17.

71

Tabela 17 – Custos Indiretos e direcionadores de custos de primeiro estágio

(Junho/2015 a Maio/2016)

Grupo Processos Direcionador de Custos de 1º estágio Direcionador de Custos de 2º estágio Custo Indireto

Verificar produtos a serem comprados Tempo gasto para a verificação R$ 7.511,60

Levantamento de preços Número de contatos realizados R$ 7.511,60

comprar materiais Número de pedido de compras R$ 7.511,60

Receber materiais Quantidade de materiais recebidos R$ 86.802,06

Armazenar materiais Itens de estoque R$ 86.802,06

Coleta do leite na propriedade participação percentual de produção do produto acabado R$ 322.809,39

Coleta do leite ROTA 01 S.C.C / LEME Km rodados / participação percentual de produção R$ 322.809,39

Coleta do leite ROTA 02 CORUM Km rodados / participação percentual de produção R$ 322.809,39

Coleta do leite ROTA 03 ANAL / PIRAS. Km rodados / participação percentual de produção R$ 322.809,39

Coleta do leite ROTA 04 AGUAÍ Km rodados / participação percentual de produção R$ 322.809,39

Coleta do leite ROTA 05 Santa R / Desc. Km rodados / participação percentual de produção R$ 322.809,39

Receber o leite na plataformaVolume / participação percentual de produção R$ 16.314,66

Descar. do leite no tanque de recepção Tempo / participação percentual de produção R$ 16.314,66

Teste bacteriológico Tempo teste / participação percentual de produção R$ 16.314,66

Teste de acidez do leite A Tempo teste / participação percentual de produção R$ 16.314,66

Teste do teor de gordura B Tempo teste / participação percentual de produção R$ 16.314,66

Teste de agua adicionada C Tempo teste / participação percentual de produção R$ 16.314,66

Teste de redutase Tempo teste / participação percentual de produção R$ 16.314,66

Controle de temperatura Tempo controle / participação percentual de produção R$ 16.314,66

Outros testes necessários Tempo teste / participação percentual de produção R$ 16.314,66

Programar Produção Tempo programação / participação percentual de produção R$ 16.314,66

Controlar Produção Tempo controle / participação percentual de produção R$ 16.314,66

Controle de bombeamento do leite Tempo bombeamento / participação percentual de produção R$ 16.314,66

Controle do leite no pasteurizador Tempo pasteurização / participação percentual de produção R$ 16.314,66

Verificar temperatura do leite no tanque Horas disponíveis R$ 16.314,66

Pasteurização de padronização Tempo pasteurização e padronização R$ 16.314,66

Ensave do Leite participação percentual de produção do produto R$ 16.314,66

Fermentação Tempo fermentação / participação percentual de produção R$ 16.314,66

Tanques de Cozimento Tempo para cozimento R$ 16.314,66

Câmara Fria de Salga Tempo do produto na câmara fria de salga R$ 16.314,66

Sala de Embalagem Tempo da sala de embalagem R$ 16.314,66

Câmara Fria Tempo do produto na câmara fria R$ 16.314,66

Controle da embaladeira Horas de Mão de Obra R$ 16.314,66

Acondicionar em caixa plástica Horas disponíveis R$ 16.314,66

Transportar para câmara fria Horas disponíveis R$ 16.314,66

Distribuição Carregamento do produto Tempo de carregamento R$ 643.147,26

Distruição do Leite nas empresas/órgãos Quilômetros rodados R$ 643.147,26

TOTAL 3.810.841,48R$

5

1

2

3

4

Compras

Almoxarifado

Coleta do Leite

Recepção do leite

Administração da

Produção

Produção

Embalagem

Fonte: Própria Autoria

É importante ressaltar alguns direcionadores fundamentais para a valoração

dos produtos, conforme segue:

Tempo gasto para verificação dos itens a serem

comprados: a análise e definição se deu em relação a

quantidade de matérias-primas necessárias para cada produto

acabado. Nota-se que os iogurtes, de forma geral, possuem

maior tempo percentual dispendido nessa atividade em relação

aos demais produtos, visto a necessidade maior de insumos na

sua fabricação, conforme pode ser observado na tabela 8;

Contatos telefônicos realizados para compras: A definição

dessa atividade segue o mesmo princípio, ou seja, é definido

pela quantidade de tempo para negociação e compra dos

72

insumos de fabricação. Neste caso, pode-se notar a baixa

participação percentual do produto 1, o leite pasteurizado, visto

as compras contínuas e pré-definidas do leite cru nas

propriedades fornecedoras;

Número de pedido de compras: Aferição por número de

notas fiscais da empresa, distribuídas pela utilização das

matérias-primas em cada produto. Foi utilizada a Tabela 9 para

a definição da quantidade de utilização dessas matérias-

primas;

Itens de estoque de almoxarifado: A distribuição

percentual dessa atividade foi baseada nos itens de fabricação,

distribuídos pela utilização das matérias-primas em cada

produto;

Participação percentual de fabricação do produto

acabado: Esse direcionador foi definido através da Tabela 18, e

seguiu o princípio do esforço de horas para fabricação dos

produtos acabados. Esse esforço determina, percentualmente,

quais os produtos acabados possuem maior demanda de

tempo e horas trabalhadas para finalização dos produtos;

Carregamento do produto: Foi medido o tempo de

carregamento de cada produto para ser distribuídos aos locais

de vendas. Esse tempo por produto está diretamente

relacionado com a quantidade de vendas dos produtos

acabados e o acondicionamento de embalagens utilizadas.

Pode-se notar uma participação maior no produto 2, iogurte

desnatado 200ml saquinho, visto ao maior volume de vendas e

as dificuldades de acondicionamento de embalagem, gerando

maior tempo para carregamento. A análise da participação do

carregamento por produto é muito importante, visto a

ocorrência de valores expressivos de custos indiretos.

Quilômetros rodados para distribuição dos produtos

acabados: Foi medido o tempo para entrega dos produtos

acabados conforme vendas dos meses de julho de 2015 a

73

março de 2016. Nota-se que os produtos 4, 5 e 6 possuem

baixa participação percentual, visto a concentração de suas

vendas ocorrerem em localidades muito próximas ao local de

produção. Pode-se notar também que o produto 2 possui maior

participação percentual de quilômetros rodados, visto a entrega

ocorrer em locais distantes, atendendo especialmente

licitações públicas. Assim como o direcionador de

carregamento por produto, a análise da participação dos

quilômetros rodados para distribuição dos produtos acabados

por produto é muito importante, visto a ocorrência de valores

expressivos de custos indiretos.

Tabela 18 – Participação percentual de fabricação do produto acabado

Ocorrência Prod.1 Prod.2 Prod.3 Prod.4 Prod.5 Prod.6

Quantidade de Produção por hora 6000 2000 2000 2000 2000 200

Horas diárias por funcionário 8 8 8 8 8 8

Qtde de colaboradores alocados por produto 8 3 2 2 3 2

Total de horas disponíveis por produto 64,00 24,00 16,00 16,00 24,00 16,00

Quantidade de produção por funcionário hora 93,75 83,33 125,00 125,00 83,33 12,50

Participação percentual de horas de produção 18% 16% 24% 24% 16% 2% Fonte: Própria Autoria

A Tabela 19 demonstra a tabela de direcionadores de primeiro e segundo

estágio, com as respectivas bases de alocação de custos indiretos por produto

acabado. A Tabela 20 demonstra a distribuição dos custos indiretos nos produtos

acabados.

74

Tabela 19 – Direcionadores de custos de segundo estágio e bases de distribuição

nos produtos acabados

Grupo Direcionador de Custos de 2º estágio Prod.1 Prod.2 Prod.3 Prod.4 Prod.5 Prod.6 Total

Tempo gasto para a verificação dos itens à serem comprados (em %) 7% 22% 23% 23% 13% 12% 100%

Contatos telefônicos realizados para compras (em %) 5% 26% 31% 28% 6% 4% 100%

Número de pedido de compras (em %) 14% 19% 22% 23% 14% 8% 100%

Quantidade de materiais recebidos no almoxarifado (em %) 16% 12% 20% 25% 15% 12% 100%

Itens de estoque de almoxarifado (em %) 10% 22% 22% 25% 12% 9% 100%

participação percentual de produção do produto acabado 18% 16% 24% 24% 16% 2% 100%

Quilômetros rodados * participação percentual de produção do produto acabado (em km) 38 63 40 23 42 4 210

Quilômetros rodados * participação percentual de produção do produto acabado (em km) 41 69 44 25 46 5 230

Quilômetros rodados * participação percentual de produção do produto acabado (em km) 23 39 25 14 26 3 130

Quilômetros rodados * participação percentual de produção do produto acabado (em km) 27 45 29 17 30 3 150

Quilômetros rodados * participação percentual de produção do produto acabado (em km) 32 54 34 20 36 4 180

Volume coletado * participação percentual de produção do produto acabado (em litros) 4.200 5.700 5.700 5.700 5.100 3.600 30.000

Tempo de descarregamento * participação percentual de produção (em horas) 4,2 5,7 5,7 5,7 5,1 3,6 30

Tempo do teste * participação percentual de produção do produto acabado (em horas) 0,6 0,8 0,8 0,8 0,7 0,5 4

Tempo do teste * participação percentual de produção do produto acabado (em horas) 0,3 0,4 0,4 0,4 0,3 0,2 2

Tempo do teste * participação percentual de produção do produto acabado (em horas) 0,7 1,0 1,0 1,0 0,9 0,6 5

Tempo do teste * participação percentual de produção do produto acabado (em horas) 0,3 0,4 0,4 0,4 0,3 0,2 2

Tempo do teste * participação percentual de produção do produto acabado (em horas) 0,1 0,2 0,2 0,2 0,2 0,1 1

Tempo do controle * participação percentual de produção do produto acabado (em horas)0,3 0,4 0,4 0,4 0,3 0,2 2

Tempo do teste * participação percentual de produção do produto acabado (em horas) 0,4 0,6 0,6 0,6 0,5 0,4 3

Tempo de programação * participação percentual de produção (em ativid.) 2,1 2,9 2,9 2,9 2,6 1,8 15

Tempo do controle * participação percentual de produção do produto acabado (em horas)1,4 1,9 1,9 1,9 1,7 1,2 10

Tempo de bombeamento * participação percentual de produção (em horas) 840 1.140 1.140 1.140 1.020 720 6.000

Tempo de pasteurização * participação percentual de produção (em horas) 560 760 760 760 680 480 4.000

Horas disponíveis de mão de obra para verificação de temperatura do leite (em horas) 0,3 0,4 0,4 0,4 0,3 0,2 2

Tempo de pasteurização e padronização do leite (em horas) 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 21

participação percentual de produção do produto acabado (em %) 14% 19% 19% 19% 17% 12% 100%

Tempo de fermentação * participação percentual de produção (em horas) 560 760 760 760 680 480 4.000

Tempo para cozimento (em %) 0% 0% 0% 0% 100% 0% 100%

Tempo do produto na câmara fria de salga (em %) 0% 0% 0% 0% 100% 0% 100%

Tempo da sala de embalagem (em %) 0% 0% 0% 25% 50% 25% 100%

Tempo do produto na câmara fria (em %) 2% 5% 10% 33% 28% 22% 100%

Horas de Mão de Obra de controle da embaladeira (em %) 0% 0% 0% 0% 50% 50% 100%

Horas disponíveis de mão de obra de acondicionamento dos produtos (em %) 25% 21% 18% 15% 11% 10% 100%

Horas disponíveis de mão de obra de transporte para câmara fria (em %) 31% 17% 16% 17% 7% 12% 100%

Tempo de carregamento do produto (em %) 26% 38% 21% 10% 4% 1% 100%

Quilômetros rodados para distribuição dos produtos acabados (%) 33% 43% 14% 4% 5% 1% 100%5

1

2

3

4

Fonte: Própria Autoria

75

Tabela 20 – Distribuição dos custos indiretos nos produtos acabados

da empresa Delta (Junho/2015 a Maio/2016)

Grupo Direcionador de Custos de 2º estágio CUSTOS Prod.1 Prod.2 Prod.3 Prod.4 Prod.5 Prod.6 Total

Tempo gasto para a verificação dos itens à serem comprados (em %) R$ 7.511,60 525,81R$ 1.652,55R$ 1.727,67R$ 1.727,67R$ 976,51R$ 901,39R$ 7.511,60R$

Contatos telefônicos realizados para compras (em %) R$ 7.511,60 375,58R$ 1.953,02R$ 2.328,60R$ 2.103,25R$ 450,70R$ 300,46R$ 7.511,60R$

Número de pedido de compras (em %) R$ 7.511,60 1.051,62R$ 1.427,20R$ 1.652,55R$ 1.727,67R$ 1.051,62R$ 600,93R$ 7.511,60R$

Quantidade de materiais recebidos no almoxarifado (em %) R$ 86.802,06 13.888,33R$ 10.416,25R$ 17.360,41R$ 21.700,52R$ 13.020,31R$ 10.416,25R$ 86.802,06R$

Itens de estoque de almoxarifado (em %) R$ 86.802,06 8.680,21R$ 19.096,45R$ 19.096,45R$ 21.700,52R$ 10.416,25R$ 7.812,19R$ 86.802,06R$

participação percentual de produção do produto acabado R$ 322.809,39 57.874,19R$ 51.443,73R$ 77.165,59R$ 77.165,59R$ 51.443,73R$ 7.716,56R$ 322.809,39R$

Quilômetros rodados * participação percentual de produção do produto acabado (em km) R$ 322.809,39 57.874,19R$ 51.443,73R$ 77.165,59R$ 77.165,59R$ 51.443,73R$ 7.716,56R$ 322.809,39R$

Quilômetros rodados * participação percentual de produção do produto acabado (em km) R$ 322.809,39 57.874,19R$ 51.443,73R$ 77.165,59R$ 77.165,59R$ 51.443,73R$ 7.716,56R$ 322.809,39R$

Quilômetros rodados * participação percentual de produção do produto acabado (em km) R$ 322.809,39 57.874,19R$ 51.443,73R$ 77.165,59R$ 77.165,59R$ 51.443,73R$ 7.716,56R$ 322.809,39R$

Quilômetros rodados * participação percentual de produção do produto acabado (em km) R$ 322.809,39 57.874,19R$ 51.443,73R$ 77.165,59R$ 77.165,59R$ 51.443,73R$ 7.716,56R$ 322.809,39R$

Quilômetros rodados * participação percentual de produção do produto acabado (em km) R$ 322.809,39 57.874,19R$ 51.443,73R$ 77.165,59R$ 77.165,59R$ 51.443,73R$ 7.716,56R$ 322.809,39R$

Volume coletado * participação percentual de produção do produto acabado (em litros) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo de descarregamento * participação percentual de produção (em horas) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo do teste * participação percentual de produção do produto acabado (em horas) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo do teste * participação percentual de produção do produto acabado (em horas) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo do teste * participação percentual de produção do produto acabado (em horas) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo do teste * participação percentual de produção do produto acabado (em horas) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo do teste * participação percentual de produção do produto acabado (em horas) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo do controle * participação percentual de produção do produto acabado (em horas) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo do teste * participação percentual de produção do produto acabado (em horas) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo de programação * participação percentual de produção (em ativid.) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo do controle * participação percentual de produção do produto acabado (em horas) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo de bombeamento * participação percentual de produção (em horas) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo de pasteurização * participação percentual de produção (em horas) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Horas disponíveis de mão de obra para verificação de temperatura do leite (em horas) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo de pasteurização e padronização do leite (em horas) R$ 16.314,66 776,89R$ 1.553,78R$ 2.330,67R$ 3.107,55R$ 3.884,44R$ 4.661,33R$ 16.314,66R$

participação percentual de produção do produto acabado (em %) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo de fermentação * participação percentual de produção (em horas) R$ 16.314,66 2.284,05R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 3.099,78R$ 2.773,49R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo para cozimento (em %) R$ 16.314,66 -R$ -R$ -R$ -R$ 16.314,66R$ -R$ 16.314,66R$

Tempo do produto na câmara fria de salga (em %) R$ 16.314,66 -R$ -R$ -R$ -R$ 16.314,66R$ -R$ 16.314,66R$

Tempo da sala de embalagem (em %) R$ 16.314,66 -R$ -R$ -R$ 4.078,66R$ 8.157,33R$ 4.078,66R$ 16.314,66R$

Tempo do produto na câmara fria (em %) R$ 16.314,66 326,29R$ 815,73R$ 1.631,47R$ 5.383,84R$ 4.568,10R$ 3.589,22R$ 16.314,66R$

Horas de Mão de Obra de controle da embaladeira (em %) R$ 16.314,66 -R$ -R$ -R$ -R$ 8.157,33R$ 8.157,33R$ 16.314,66R$

Horas disponíveis de mão de obra de acondicionamento dos produtos (em %) R$ 16.314,66 4.078,66R$ 3.426,08R$ 2.936,64R$ 2.447,20R$ 1.794,61R$ 1.631,47R$ 16.314,66R$

Horas disponíveis de mão de obra de transporte para câmara fria (em %) R$ 16.314,66 5.057,54R$ 2.773,49R$ 2.610,34R$ 2.773,49R$ 1.142,03R$ 1.957,76R$ 16.314,66R$

Tempo de carregamento do produto (em %) R$ 643.147,26 167.218,29R$ 244.395,96R$ 135.060,92R$ 64.314,73R$ 25.725,89R$ 6.431,47R$ 643.147,26R$

Quilômetros rodados para distribuição dos produtos acabados (%) R$ 643.147,26 212.238,60R$ 276.553,32R$ 90.040,62R$ 25.725,89R$ 32.157,36R$ 6.431,47R$ 643.147,26R$

TOTAL DA DISTRIBUIÇÃO 3.810.841,48R$ 798.007,81R$ 922.322,74R$ 789.366,43R$ 669.381,07R$ 497.170,01R$ 134.593,42R$ 3.810.841,48R$

5

1

2

3

4

Fonte: Própria Autoria

Após a distribuição dos custos indiretos aos produtos pelo Método de Custeio

Baseado por Atividades, são apresentados o total de gastos de fabricação da

empresa Delta, já com a nova alocação dos custos indiretos por produto da Tabela

19.

76

Pode-se notar que esse demonstrativo apresenta algumas diferenças em

relação ao demonstrativo utilizado pela empresa, apresentado na Tabela 12, como a

não alocação das despesas operacionais nos produtos e na base de formação de

custos. O demonstrativo de custos e despesas totais é apresentado na Tabela 21.

Tabela 21 – Demonstrativo de Custos e Despesas Totais da empresa pelo Método

de Custeio por Atividades (Junho/2015 a Maio/2016)

ITEM Prod.1 Prod.2 Prod.3 Prod.4 Prod.5 Prod.6 TOTAL

Quantidade produzida 5.985.590 6.738.000 5.053.500 898.400 10.107 35.936

Materiais Diretos 8.140.402,40R$ 1.840.821,60R$ 3.553.621,20R$ 2.965.438,72R$ 125.997,90R$ 36.295,36R$ 16.662.577,18R$

Mão de Obra Direta 224.640,00R$ 104.368,14R$ 78.276,11R$ 13.915,75R$ 84.240,00R$ 56.160,00R$ 561.600,00R$

Custos Indiretos 798.007,81R$ 922.322,74R$ 789.366,43R$ 669.381,07R$ 497.170,01R$ 134.593,42R$ 3.810.841,48R$

TOTAL GASTOS POR PRODUTO 9.163.050,21R$ 2.867.512,49R$ 4.421.263,74R$ 3.648.735,54R$ 707.407,91R$ 227.048,78R$ 21.035.018,66R$ Fonte: Própria Autoria

Na Tabela 22, são apresentados os custos unitários dos produtos, obtido

pela divisão da margem de contribuição dos produtos e a quantidade de produção

realizada, bem como, é apresentado o volume de vendas por produto da empresa

no período.

Pode-se notar uma variação muito grande dos custos unitários dos produtos

pelo método de Custeio Baseado por Atividades, quando se compara ao método de

custeio pleno, utilizado pela empresa Delta.

Tabela 22 – Custo Unitário por produto pelo Método de Custeio por Atividades,

quantidade produzida e Volume de Vendas da empresa Delta

(Junho/2015 a Maio/2016)

ITEM Prod.1 Prod.2 Prod.3 Prod.4 Prod.5 Prod.6

Quantidade produzida 5.985.590 6.738.000 5.053.500 898.400 10.107 35.936

CUSTO TOTAL UNITÁRIO 1,53R$ 0,43R$ 0,87R$ 4,06R$ 69,99R$ 6,32R$

Volume de Vendas 5.947.626 6.595.082 4.895.599 758.004 9.838 33.808

Fonte: Própria Autoria

77

O Demonstrativo de Resultados Gerenciais pelo método de Custeio

Baseado por Atividades é apresentado na Tabela 23.

Pode-se notar que nesse demonstrativo, as despesas operacionais são

identificadas como despesas gerais da empresa, não atribuindo parcelas dessas

despesas diretamente aos produtos.

Outra mudança no demonstrativo de resultados da empresa é a utilização do

conceito de Margem de contribuição, que segundo Padovese (2010), representa o

primeiro lucro da empresa, o lucro das operações de fabricação, sendo o montante

arrecadado de lucro de cada venda, deduzido dos esforços de fabricação do

produto.

No Método de Custeio Baseado por Atividades, os produtos 5 e 6

apresentam custos superiores à receita de vendas, gerando prejuízo financeiro

acumulado no período analisado.

Tabela 23 – Demonstrativo de resultados por produto e total da empresa Delta,

pelo Método de Custeio por Atividades (Junho/2015 a Maio/2016)

ITEM Prod.1 Prod.2 Prod.3 Prod.4 Prod.5 Prod.6

Receita de Vendas 10.467.821,48R$ 3.957.049,20R$ 5.336.202,93R$ 4.078.061,52R$ 286.002,29R$ 132.528,61R$

Custo de Fabricação 9.163.050,21R$ 2.867.512,49R$ 4.421.263,74R$ 3.648.735,54R$ 707.407,91R$ 227.048,78R$

Despesas Operacionais -R$ -R$ -R$ -R$ -R$ -R$

MARGEM DE CONTRIBUIÇÃO 1.304.771,27R$ 1.089.536,71R$ 914.939,20R$ 429.325,98R$ 421.405,63-R$ 94.520,17-R$ Fonte: Própria Autoria

Na análise unitária dos produtos, com base no preço médio de vendas do

período apurado, nota-se uma variação muito grande de margem unitária em relação

ao método ao demonstrativo utilizado pela empresa.

No demonstrativo da Tabela 14, todos os produtos apresentavam margem

unitária positiva em todos os produtos fabricados, os resultados pelo método de

Custeio Baseado por Atividades apresentam, unitariamente, prejuízo nos produtos:

Queijo Frescal 1Kg (produto 5) e Manteiga 200gr (produto 6), conforme apresentado

na tabela 25.

Os prejuízos nesses produtos devem-se ao aumento dos custos indiretos

atribuídos, que de acordo com os conceitos detalhados pelo método de Custeio

78

Baseado por Atividades, apresentam direcionadores de atividades relevantes a

esses produtos, conforme demonstram as Tabelas 19 e 20.

Nota-se também uma expressiva melhora no principal produto

comercializado pela empresa, o leite pasteurizado 1L (produto 1). Essa melhora está

condicionada ao processo mais rápido e simples de produção e menor quantidade

de direcionadores de custos ao produto, conforme demonstram as Tabelas 19 e 20,

respectivamente. Destaque para o iogurte desnatado 200ml saquinho (produto 2) e o

produto iogurte desnatado 200ml garrafa (produto 3), que tiveram expressiva

melhora de margem nessa análise.

Ou seja, na aplicação dos conceitos do Método de Custeio Baseado por

Atividades, o produto que a empresa mais comercializa é beneficiado em relação

aos rateios, gerando possíveis vantagens competitivas de precificação e

posicionamento de mercado.

A apuração do lucro unitário por produto é apresentada na Tabela 24.

Tabela 24 – Apuração do lucro unitário por produto da empresa Delta

pelo Método de Custeio Baseado por Atividades (Junho/2015 a Maio/2016)

ITEM Prod.1 Prod.2 Prod.3 Prod.4 Prod.5 Prod.6

CUSTO TOTAL UNITÁRIO 1,53R$ 0,43R$ 0,87R$ 4,06R$ 69,99R$ 6,32R$

Preço de Venda Médio 1,82R$ 0,60R$ 1,09R$ 5,38R$ 38,06R$ 4,50R$

0,29R$ 0,17R$ 0,22R$ 1,32R$ 31,93-R$ 1,82-R$

19% 41% 25% 32% -46% -29%Margem Unitária apurado pela Delta

Fonte: Própria Autoria

Os produtos 5 e 6, que apresentam margem negativa pelo método de

Custeio Baseado por Atividades, são pontos de análise e necessidade de rápida

tomada de decisões pela empresa Delta.

Há necessidade de aumento de produção e consequentemente das vendas

dos produtos 5 e 6, e que necessitam uma melhor análise de aceitação de mercado

desses produtos, tendo como base o preço proposto e a quantidade mínima

necessária de produção e vendas. Diferentemente dos demais produtos fabricados,

historicamente os produtos 5 e 6 são classificados como subprodutos pela empresa

Delta, não recebendo incentivo comercial para melhora de suas vendas.

79

Por outro lado, caso não haja uma melhora de vendas desses produtos, será

necessário cortá-los da linha de produção da empresa, o que implicará em uma

nova distribuição dos custos indiretos da empresa aos produtos acabados.

Na Tabela 25, é apresentado um comparativo dos custos unitários apurados,

entre o método de custeio utilizado pela empresa e o Método de Custeio baseado

por atividades. Na Tabela 26, é apresentado um comparativo dos resultados

financeiros apurados por produto, entre o método de custeio utilizado pela empresa

e o Método de Custeio Baseado por Atividades.

Tabela 25 – Comparativo dos Custos Unitários por produtos dos métodos de custeio

apurados (Junho/2015 a Maio/2016)

Fonte: Própria Autoria

80

Tabela 26 – Comparativo dos resultados financeiros por produto dos métodos de

custeio apurados (Junho/2015 a Maio/2016)

Fonte: Própria Autoria

5.4 Caracterização do software testado

A partir do desenvolvimento deste trabalho, notou-se que a criação de um

software que fosse capaz de facilitar o levantamento dos custos indiretos por

produto, viria ao encontro da necessidade de apuração consistente e de forma fácil

da participação dos custos indiretos dos produtos do agronegócio. Desta forma, um

sistema em linguagem de programação Delphi 7.0 com banco de dados em

linguagem paradox foi idealizado, projetado e construído.

Denominado de Sistema de direcionamento para Alocação de Custos

Indiretos aos Produtos, o projeto baseou-se no desenvolvimento de cinco etapas

sequenciais. Nas primeiras três etapas o sistema deverá armazenar as informações

e calcular o custo indireto por atividade e processo. Na etapa seguinte, o usuário

pode direcionar a participação dos custos de cada produto nas atividades lançadas.

A última etapa consiste na visualização dos resultados apurados pelo sistema. O

fluxo desse processamento é apresentado na figura 5.

81

Figura 5 – Diagrama do fluxo de processamento do Sistema de Direcionamento para

alocação de custos indiretos

Fonte: Própria Autoria

As apurações dos resultados na empresa pesquisada foram realizadas,

inicialmente, através de planilhas do Microsoft Excel. Após a consolidação dos

dados e informações, foi implementado e testado o referido software.

5.5 Desenvolvimento de software de direcionamento para alocação de

custos indiretos

Após o projeto e desenvolvimento do sistema, os dados de entrada

apresentados neste trabalho foram inseridos e processados. Os resultados foram

comparados aos cálculos realizados em planilha eletrônica que coincidiram,

afirmando o perfeito funcionamento do sistema de direcionamento par alocação de

custos indiretos. A Figura 6, apresenta a tela principal do referido software.

Figura 6 – Tela principal do Sistema de direcionamento para Alocação de Custos

Indiretos aos Produtos.

Própria autoria

82

A Figura 7 apresenta a tela do lançamento dos custos de primeiro estágio,

onde pode se notar no canto superior direito a somatória dos custos indiretos

lançados e abaixo dos botões de navegação os campos processo, custo indireto e

valor, que alimentam esta etapa do sistema. Abaixo dos campos citados pode se

observar uma lista de itens já cadastrados.

Figura 7 – Tela de lançamento de custos de primeiro estágio do sistema de

direcionamento para Alocação de Custos Indiretos aos Produtos

Própria autoria

Com todos os lançamentos realizados na tela da Figura 7, o sistema totaliza

o valor dos gastos por processo, que além de ser utilizado posteriormente, também

pode ser consultado conforme apresentado na tela da Figura 8.

83

Figura 8 – Tela de resultados de custos de primeiro estágio por processos do

sistema de direcionamento para Alocação de Custos Indiretos aos Produtos.

Própria autoria

A Figura 9 apresenta o lançamento dos custos de custos indiretos de

segundo estágio, onde o usuário do sistema após clicar no botão novo, escolhe o

processo, a atividade e o direcionamento. Após a realização de todos os

lançamentos, o software calcula o custo por atividade através da distribuição desses

custos.

Figura 9 – Tela de lançamento de custos de segundo estágio do sistema de

direcionamento para alocação de Custos Indiretos aos Produto.

Própria autoria

84

Na tela Direcionamento de Alocação de Custos, apresentada na Figura 10,

são exibidas duas tabelas, a primeira tabela é referente aos direcionamentos

lançados na tela da Figura 9, selecionando uma das linhas desta tabela e clicando

em iniciar o lançamento, o sistema atribui a este direcionamento os produtos

previamente cadastrados.

Na segunda tabela, o usuário pode lançar a porcentagem referente à

participação de cada produto deste custo, caso o lançamento seja realizado em

horas ou quantidades ou outra categoria, basta o usuário alterar o campo

porcentagem de Sim para Não. Finalmente, o sistema automaticamente calcula o

custo de cada item.

Figura 10 – Tela de controle e lançamento de custos de segundo estágio do sistema

de direcionamento para Alocação de Custos Indiretos aos Produtos

Fonte: Própria autoria

Na etapa final o usuário tem acesso a uma tela de consulta, clicando nos

botões de navegação os itens de custos indiretos por produtos são listados, bem

como o total de custo de cada produto, conforme apresentado na Figura 11. Ainda

na tela da Figura 11, o usuário pode escolher a opção imprimir, nesta o sistema lista

todos os produtos e seus itens e o valor total. Um exemplo da parte do relatório é

apresentado na Figura 12. O relatório é gerado em arquivo texto para que seja fácil

a consulta ou exportação dos dados para aplicativos de estatística ou planilhas

eletrônicas.

85

Figura 11 – Tela de consulta do sistema de direcionamento para

Alocação de Custos Indiretos aos Produtos

Fonte: Própria autoria

Figura 12 – Relatório do sistema de direcionamento para Alocação de Custos

Indiretos aos Produtos

Fonte: Própria autoria

86

6. Conclusões e Sugestões

Este trabalho teve como objetivo estudar a aplicação do Método de Custeio

Baseado por Atividades em comparação ao Método de Custeio utilizado pela

empresa do setor de laticínio.

O estudo mostrou que o Método de Custeio Baseado por Atividades traz um

diagnóstico apurado e detalhado da principal variável financeira de rateio da

empresa: os custos indiretos. Pode-se notar, que os resultados da alocação dos

custos indiretos do modelo utilizado pela empresa com a proposta do Método de

Custeio Baseado por Atividades são divergentes, o que traz análises e discussões

sobre a real viabilidade financeira dos produtos fabricados pela empresa.

Nota-se que o Custeio Baseado por Atividades mostra, no caso da empresa

Delta, uma alocação dos custos indiretos mais precisa em comparação ao Método

de Custeio Pleno utilizado pela empresa, e pelos Métodos de Custeio vistos neste

trabalho. O Método de Custeio Baseado por Atividades identifica, em detalhes, todos

os processos e atividades da empresa para fabricação de determinado produto,

facilitando assim, a atribuição da parcela devida de custos indiretos aos produtos.

Os resultados da pesquisa mostram que há variação de viabilidade de

produtos fabricados pela empresa, especialmente quando analisados pelo ponto de

vista do Método de Custeio Baseado por Atividades, o qual identifica problemas de

custos em dois produtos fabricados pela empresa. Devido à competição acirrada de

mercado do segmento que a empresa atua, as informações de custos são

fundamentais para a definição do limite de preço praticado e o aumento do volume

de vendas.

As variações de viabilidade dos produtos da empresa pelos métodos de

custos apresentados permitem uma melhora de margem do produto mais

comercializado pela empresa pelo Método de Custeio Baseado por Atividades, visto

que a produção desse produto é mais simples, com menos atividades envolvidas no

processo de produção, logo, recebe menos alocação de custos indiretos.

Como a empresa atua no mercado de licitações ou mesmo no mercado

varejista, pode ousar para conquistar maior mercado ou atingir um volume de

vendas maior desse produto. Por outro lado, cabe uma análise sobre a extinção ou

otimização dos dois produtos que apresentam inviabilidade econômica de custos,

87

nesse caso, seria necessária a empresa redistribuição dos custos indiretos aos

produtos fabricados pela empresa.

Evidenciou-se na pesquisa que os custos indiretos interferem de maneira

significativa na formação dos custos dos produtos. No caso da empresa pesquisada,

os custos indiretos, especialmente as despesas de coleta de matérias-primas e

distribuição do produto acabado são representativas para o rateio nos produtos

acabados.

Dessa forma, a proposta de implementação de software para apuração e

análise desses custos, além de apresentar baixo custo de utilização, é de grande

valia para que o controle e gestão de custos utilizados pela empresa seja realizado

para efetiva tomada de decisões da empresa. O software permite aos gestores,

inclusive continuar com o atual método de custeio gerencial utilizado, o Custeio

Pleno, todavia, utilizando o racional de distribuição dos custos indiretos do Método

de Custeio Baseado por Atividades.

O Método de Custeio Baseado por atividades também permite, conforme

mostrado neste trabalho, uma análise da necessidade das atividades da empresa,

especialmente, as atividades de apoio à produção. No estudo de caso apresentado,

foi sugerido aos gestores da empresa, uma otimização do processo de logística e de

compras, geradores de muitos custos indiretos.

Outro ponto sugerido para melhoria dos custos foi a mecanização ou

modernização das atividades dos produtos com viabilidade econômica

comprometidas, reduzindo assim os esforços e tempo de produção, bem como na

redução de mão de obra direta desses produtos.

O Custeio Baseado por Atividades permite uma aferição de capacidade

ociosa de atividades devido à sazonalidade do setor, possibilitando também uma

redistribuição dos custos indiretos de acordo com a necessidade e realidade de

produção para cada período.

Há de se considerar também a legislação vigente por meio da lei 6404/76,

atualizada pelas leis 11.638/2007 e 11.941/2009 (BRASIL, 2009), que permite

apenas a utilização do Custeio por Absorção como método válido para aferição da

Contabilidade de Custos. Recomenda-se que os resultados apurados pela

Contabilidade Fiscal, utilizando esse método, devam servir apenas para fins de

apuração de impostos da empresa.

88

Como desvantagem do Método de Custeio Baseado por Atividades,

comprovam-se que as determinações dos direcionadores de custos de 1º e 2º

estágios requerem conhecimento prático e científico, além de testes diários para

mensurar a exatidão de cada direcionador escolhido.

A partir desse trabalho, são possíveis futuras pesquisas para

aprofundamento da questão do gerenciamento dos custos dos laticínios, utilizando-

se o Método de Custeio Baseado por Atividades ou de outras ferramentas de gestão

que permitam melhores análises de viabilidades financeiras dos produtos e a

otimização de processos e atividades para melhoria do desempenho das empresas.

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