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RIO DE JANEIRO Ano 4 | edição 186 16 a 19 de junho de 2016 distribuição gratuita Divulgação/ UJS EBC Memória Olimpíadas: atletas e turistas serão “cobaias” do metrô JUVENTUDE NEGRA A CPI sobre Assassinato de Jovens aponta que 63 jovens negros são assassinados por dia no Brasil. Por ano, são 23 mil mortos. A maioria dos assassinatos ocorre durante ações policiais por meio de balas perdidas ou violência dos agentes do estado. Cidades, pág. 4 90% têm armas nos EUA Massacre em boate gay reacende debate sobre controle de armas Mundo, pág. 6 Temer pediu propina de R$ 1,5 milhão Sérgio Machado citou interino em delação premiada da Lava Jato Brasil, pág. 7 Ocupações revolucionaram escolas públicas no RJ Estudantes protagonizaram o movimento político mais inovador dos últimos tempos. | Opinião, pág. 12 Marco Polo Del Nero também precisa cair Trocar somente Dunga não resolve problema da seleção, diz colunista Esportes, pág. 15 Devido a atraso nas obras da Linha 4, a fase de teste será encurtada para dar tempo de o metrô estar funcionando durante os Jogos Olímpicos em agosto. O engenheiro Luiz Cosenza, do Sindicato dos Engenheiros (Senge-RJ), destaca que não haverá testes prévios com passageiros. “O público vai servir de cobaia”. | Cidades, pág. 5 Divulgação Agência Brasil

Brasil de Fato - 186

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RIO DE JANEIRO

Ano 4 | edição 186

16 a 19 de junho de 2016 distribuição gratuita

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Olimpíadas: atletas e turistas serão “cobaias” do metrô

JUVENTUDE NEGRAA CPI sobre Assassinato de Jovens aponta que 63 jovens negros são assassinados por dia no Brasil. Por ano, são 23 mil mortos. A maioria dos assassinatos ocorre durante ações policiais por meio de balas perdidas ou violência dos agentes do estado.Cidades, pág. 4

90% têm armas nos EUAMassacre em boate gay reacende debate sobre controle de armasMundo, pág. 6

Temer pediu propina de R$ 1,5 milhãoSérgio Machado citou interino em delação premiada da Lava JatoBrasil, pág. 7

Ocupações revolucionaram escolas públicas no RJEstudantes protagonizaram o movimento político mais inovador dos últimos tempos. | Opinião, pág. 12

Marco Polo Del Nero também precisa cairTrocar somente Dunga não resolve problema da seleção, diz colunistaEsportes, pág. 15

Devido a atraso nas obras da Linha 4, a fase de teste será encurtada para dar tempo de o metrô estar funcionando durante os Jogos Olímpicos em agosto. O engenheiro Luiz Cosenza, do Sindicato dos Engenheiros (Senge-RJ), destaca que não haverá testes prévios com passageiros. “O público vai servir de cobaia”. | Cidades, pág. 5

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A cantora Adele mandou bem ao se pro-nunciar sobre o atenta-do em Orlando, nos Es-tados Unidos. “A comu-nidade LGBT é como minha alma gêmea desde que eu era jovem, portanto estou muito comovida”, disse Ade-le, sem conseguir se-gurar as lágrimas, em show no último do-mingo (12), na Bélgica.

O treinador Dunga mandou tão mal que foi demitido do cargo que ocupava na sele-ção brasileira de fute-bol. O anúncio foi fei-to na terça-feira (14). A comissão técnica também foi demitida após o fiasco na CopaAmérica com a derro-ta para o Peru, aindana primeira fase dacompetição.

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Durante meses, as Organizações Globo e as associações dos grandes empresários bancaram propagandas que

tiveram como lema a frase “nós não vamos pagar o pato”. Quem não se lembra dos patos das Federações das In-

dústrias dos Estados de São Paulo (FIESP) e do Rio de Ja-neiro (FIRJAN) aparecendo em imagens das passeatas convocadas pelos setores pró-golpe? Eles não mentiram em relação às suas intenções: apenas não foram muito claros. Quando diziam “nós não vamos pagar o pato”, esse “nós” dizia respeito a “eles”, grandes empresários, e não a “nós”, conjunto da população trabalhadora.

No último domingo (12), o jornal O Globo publicou um editorial que propunha “quebrar a rigidez das leis traba-lhistas”. O texto só não diz as consequências: querem ris-car do mapa as leis que asseguram condições menos des-favoráveis aos trabalhadores.

INTENÇÕES SINISTRASAs palavras são bonitas, com ares modernos, mas quan-do propõem “flexibilidade” no mundo do trabalho, O Globo, a FIESP, a FIRJAN e essa rapaziada entendem ba-sicamente o seguinte: flexibilizar a legislação trabalhista é ter a liberdade para explorar livremente a força de tra-balho, nas melhores condições possíveis, com o mínimo de direitos e sem a interferência da fiscalização dos ór-gãos públicos ou dos sindicatos.

Em mais uma de suas artimanhas para enganar o leitor e a leitora, O Globo afirma que na Europa ocorre a mesma coisa. O jornal da família de patrões mais rica do Brasil diz que, na França, está em curso algo semelhante. O que O Globo não conta é que, na França, o pau está comendo: lá, a classe trabalhadora já entendeu que, por trás de pa-lavras bonitas, estão o aumento da exploração, a precari-zação do emprego e a diminuição dos salários.

JOGO DE PALAVRASNão compremos gato por lebre: o sentido da legislação tra-balhista é diminuir a desigualdade entre os grandes pa-trões e a classe trabalhadora. Flexibilizar a legislação traba-lhista é atacar os trabalhadores e os sindicatos, com o obje-tivo de nos explorar ainda mais. É um jogo de palavras em que se escondem as reais intenções: que nós, o povo, pa-guemos a conta da crise. Por trás dessa conversa fiada, des-sa bela viola, está um pão muito bolorento.

Organizações Globo: sempre contra os interesses do povo

EDITORIAL Vitor TeixeiraEXPEDIENTE

Desde 1º de maio de 2013

CONSELHO EDITORIAL:Alexania Rossato,Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Augusto Jakobskind, Nicolle Berti, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam)

EDIÇÃO:Vivian Virissimo (MTb 13.344)

SUB-EDIÇÃO:Fania Rodrigues

REPORTAGEM:André Vieira, Bruno Porpetta, Mariana Pitasse e Pedro Rafael Vilela

ESTAGIÁRIO: Victor Ohana

REVISÃO: Sheila Jacob

COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago

ADMINISTRAÇÃO: Angela Bernardino e Marcos Araújo

DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade

DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga

TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares/mês

(21) 4062 [email protected]

O jornal Brasil de Fato circula com edições regionais nos seguintes estados: Ceará, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Pernambuco. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintas-feiras.

Rio de Janeiro, 16 a 19 de junho de 20162 | Opinião

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O governo estadual pagou na terça-feira (14) 70% da fo-lha salarial dos servidores pú-blicos. Devido ao agravamen-to da crise, o governo infor-mou que terá de parcelar os vencimentos dos servidores ativos, inativos e pensionis-tas referentes ao mês de maio. Os servidores ativos da Secre-taria de Educação receberam integralmente na terça-feira.

“A crise alardeada pelo go-vernador em exercício Fran-cisco Dornelles, assim como já era na época de Luiz Fer-nando Pezão, é algo com-pletamente seletivo. A gente ouve a todo instante eles la-mentando a falta de dinhei-ro. Porém, não falta verba para reformas suntuosas no

Governo do Rio quita 70% da folha de maio

Palácio Guanabara [sede do governo do estado] e para isenções fiscais concedidas às empreiteiras. Ele [Dor-nelles] quer nos enrolar com medidas como essa de hoje, achando que isso signifi-ca algo. Está muito errado”, afirmou Christiane Gerar-do, do Sindsprev-RJ.

A sindicalista classificou como vexatório e humilhan-te o pagamento parcelado dos salários. “É um deboche com a cara dos servidores o pagamento de um salário, que já é extremamente defa-sado, sendo feito apenas no meio do mês e parcelado. E sequer mencionam quando poderão pagar o restante que nos devem”. (ABr)

FRASES DA SEMANA

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disse a cantora bissexual Lady Gaga, em homenagem às vítimas do massacre na boate LGBT em Orlando, nos EUA.

Testemunhamos o maior ataque a tiros na história americana. Esse nível de ódio, como todos os crimes de preconceito, é um ataque contra a própria humanidade

O desembargador Luiz Fernando Carvalho do-brou a multa aplica-da ao Sindicato Esta-dual dos Profissionais de Educação (Sepe-RJ) pelo descumprimento de liminar relacionada à greve da categoria. Com a decisão, foi di-vulgada nesta quarta-feira (15), a multa pas-sou de R$ 50 mil para R$ 100 mil. A ação foi movida pelo governo do Estado do Rio de Janeiro.

Os professores da

Justiça dobra para R$ 100 mil multa aos professores

Divulgação

VIOLÊNCIA Segundo a prefeitura de São João de Meriti, 120 mil pessoas participaram de uma caminhada na segunda-feira (13) para pedir mais segurança na cidade da Baixada Fluminense. Uma multidão aderiu ao ato e foi vestida de roupa branca ao protesto.

EBC Memória

EBC Memória

Estudantes e represen-tantes da Secretaria Esta-dual de Educação, do Mi-nistério Público e do Tribu-nal de Justiça terão seis en-contros até o dia 1° de julho para discutir reivindicações dos alunos, que mantêm es-colas estaduais ocupadas. As reuniões serão mediadas pela Defensoria Pública.

O estudante Júlio Cesár Antunes disse que infraes-trutura e transporte estão entre os temas levantados pelos estudantes para ne-gociar a desocupação das escolas. Aluno do Colégio Bangu, ele diz que “a escola não é apenas a sala de aula”, é um espaço de convivên-cia que deve funcionar em condições razoáveis.

DESOCUPAÇÃOAlunos fecham calendário de negociação

EM FOCO

rede estadual estão em greve desde o

dia 2 de março e já completa-ram mais de 90 dias de parali-

sação. A catego-ria realiza nova assembleia nesta quinta-feira (16) na quadra da Es-cola de Samba São Clemente, na

Avenida Presiden-te Vargas, região

central do Rio, para avaliar os rumos do

movimento. (ABr)

Tânia Rego/Agência Brasil

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63 jovens negros são assassinados por dia no Brasil, segundo CPI

Aplicativo denuncia violência policial

Enquanto o estado não apresenta medidas no combate à violência poli-cial, iniciativas promovi-das pela população ten-tam minimizar esse pro-blema. Entre elas está um aplicativo para celulares chamado “Nós por Nós”, desenvolvido pelo Fórum de Juventudes do Rio de Janeiro. A ideia é que, por meio dele, os usuários fa-çam denúncias de viola-ções e abusos com fotos, vídeos ou textos.

De acordo com Franser-gio Goulart, da ONG Bem-TV, a ideia surgiu com uma pesquisa sobre o impacto das UPPs nas fa-velas cariocas feita pelos jovens das comunidades. Uma equipe checa as in-formações para depois repassar para ONGs e ór-gãos públicos. Nos últi-mos dois meses, o apli-cativo tem recebido uma denúncia por dia.

Não há novidade quan-do se fala de assassina-

tos e violência policial nas fa-velas brasileiras. Porém, cada vez que as vítimas são con-tabilizadas, os números ain-da chocam, principalmen-te quando se trata de jovens negros. De acordo com rela-tório final da Comissão Par-lamentar de Inquérito (CPI) do Senado sobre o Assassi-nato de Jovens, divulgado na semana passada em Brasília, todo ano, 23.100 jovens ne-gros de 15 a 29 anos são as-sassinados. São 63 por dia. Um a cada 23 minutos.

A investigação tem como base os números do “Mapa da Violência”, que revelou que, entre 2002 e 2012, a taxa de homicídios da população branca caiu 24,8%, enquanto a da população negra aumen-tou 38,7%, significando que o número de negros mortos é 72% superior ao de brancos.

“Infelizmente os dados apre-sentados nesses relatórios se repetem ano após ano, mas as medidas concretas que o estado tem que tomar nunca são colocadas em prática”, ar-gumenta Fábio Amado, coor-denador do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da De-fensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro.

AÇÕES POLICIAISSegundo relatório da CPI, a maioria das mortes por as-sassinato nas favelas acon-tece durante ações policiais. Principalmente por meio de balas perdidas ou violên-cia dos agentes do estado. Como na última semana, em que um confronto entre trafi-

cantes e policiais resultou na morte de Carlos Eduardo da Silva, 20 anos, no Morro da

Mineira, em Santa Teresa. De acordo com a família, ele es-tava na porta da casa de um amigo, quando foi atingido por uma bala perdida.

Por ano são 23 mil mortos, a maioria durante ações policiais por meio de balas perdidas ou violência dos agentes do estado

Mariana Pitassedo Rio de Janeiro (RJ)

Já Paulo Roberto Pinho, 18 anos, foi perseguido e morto pela polícia da UPP de Man-guinhos, em 2013. Sua mãe, Fátima Pinho, chegou a tem-po de vê-lo ainda vivo, após ter sido brutalmente espanca-do. A certidão de óbito de Pau-lo Roberto diz que as causas da morte foram “múltiplas lesões e asfixia mecânica”.

“É complicado demais. Mo-rador de favela, negro e jo-vem tem essa a realidade. A população negra é elimina-da mesmo. O pessoal depen-de da gente para fazer o traba-

Aplicativo “Nós por Nós” recebe denúncias

A população negra é eliminada mesmo. E não é só o branco que é racista, o negro também é. Enquanto o preconceito não acabar, vai continuar a matança Fátima Pinho, mãe de jovem assassinado pela polícia

lho de limpar, cozinhar, varrer rua, mas acham que só para isso que a gente serve. E não é só o branco que é racista, o negro também é. E enquanto não acabar isso, vai continuar a matança”, afirma Fátima Pi-nho, 42 anos.

A vendedora ambulan-te agora integra o “Mães de Manguinhos”, um movimen-to de mães que perderam fi-lhos em circunstâncias pare-cidas e têm organizado mani-festações, marchas e reuniões para protestar e se apoiarem uma a outra na dor da perda.

Entre 2002 e 2012, o número de negros mortos é 72% superior ao de brancos

Relatório aponta que um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos

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Rio de Janeiro, 16 a 19 de junho de 20164 | Cidades

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Estão pulando uma etapa importante do projeto, que são os testes. Isso é inédito no Brasil e no mundoLuiz Cosenza, engenheiro

VALORES DO CUSTO DA CONSTRUÇÃO DE UM METRÔ*

A fase de teste das obras da Linha 4 do metrô, que vai

ligar Ipanema à Barra da Ti-juca, será encurtada para dar tempo de estar funcionan-do durante os Jogos Olímpi-cos. Segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE), o último período de testes dos trens, denominado de “mar-cha branca”, foi reduzido devi-do a atraso nas obras.

Semana passada, o presi-dente do TCE, Jonas Lopes de Carvalho, alertou para o perigo de os prazos não se-rem cumpridos. “O período de testes foi encurtado de um ano para dois meses. Isso é preocupante”, destacou.

Para o engenheiro Luiz Co-senza, do Sindicato dos En-genheiros (Senge-RJ), o mais grave é que não haverá tes-tes com passageiros antes de entrar em operação.“O públi-co da Olimpíada vai servir de cobaia”, destaca o engenheiro.

Segundo Cosenza, o go-verno e as empresas respon-sáveis pela obra e pela con-cessão do metrô “estão assu-mindo riscos” de acidentes. Para o engenheiro, essa deci-são de antecipar a inaugura-ção pode ter consequências graves. “Imagina se ocorrer um descarrilamento dentro do túnel?”, questiona.

“Estão pulando uma etapa importante do projeto, que são os testes. Isso é inédito

Turistas vão servir de cobaia para teste do metrôGoverno pode colocar vida de passageiros em risco ao pular etapas da fase de teste

Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ)

no Brasil e no mundo. Con-versei com vários colegas en-genheiros e ninguém nunca viu isso acontecer antes”, afir-ma o engenheiro.

Os testes, sem passagei-ros, começaram no dia 1º de junho e vão terminar no dia 31 de julho. Essa etapa, de acordo com o TCE, deve-ria ter sido iniciada em outu-bro de 2014 e terminado até setembro de 2015. O que es-tava previsto é que, de outu-bro de 2015 a janeiro de 2016, seriam realizados testes com passageiros para que o me-trô fosse aberto em fevereiro deste ano. Agora será inau-

gurado no dia 1º de agosto.Na última terça-feira (15),

o secretário de Transporte do Rio de Janeiro, Rodrigo Viei-ra, afirmou, em entrevista à imprensa, que a Linha 4 vai atender apenas o público dos Jogos Olímpicos durante o evento. Depois vai funcionar em tempo parcial, das 11h às 15h, até o final de 2016.

Ela terá cinco paradas en-tre a zona sul e a Barra da Ti-juca. Entretanto, a estação da Gávea vai funcionar apenas no final de 2017.

RESPOSTA DO GOVERNOO prazo de testes adota-do na Linha 4 leva em con-sideração todos os proce-dimentos de segurança já adotados desde a inaugura-ção do metrô, em 1979.

Durante o período de cons-trução foram, inclusive, con-sideradas as normas interna-cionais de segurança.

O Governo do Estado do Rio de Janeiro tem como diretriz a segurança absoluta do sis-tema metroviário, não abrin-do mão de qualquer procedi-mento necessário à seguran-ça dos seus passageiros.

Metrô no mundo: R$ 200 milhões**São Paulo: R$ 603 milhões***Rio de Janeiro: R$ 610 milhões****

Segundo o Portal Oficial do governo federal para os Jogos Olímpicos, a nova li-nha terá 16 quilômetros de extensão, com seis esta-ções. O investimento é de R$ 9,77 bilhões. A Linha 4 é uma das obras de metrô mais caras do Brasil. Exis-te um preço médio mun-dial de quanto custa um metrô. De acordo com Luiz Cosenza, esse valor é de R$ 200 milhões por quilôme-tro. No Rio, cada quilôme-tro custa R$ 610 milhões.

A quantia superou inclusi-ve a Linha 6 do metrô de São Paulo, uma obra polêmica,

*Custo por quilômetro*Pesquisa realizada pelo Senge-RJ**Governo de São Paulo****Site oficial do Governo Federal, dos Jogos Olímpicos

Quanto custa um metrô?que estava cotada como a mais cara do país. Na capital paulista, os 15,9 quilômetros vão custar aos cofres públi-cos R$ 9,6 bilhões. Isso signi-fica R$ 603 milhões por qui-lômetro construído.

A obra da Linha 6 de São Paulo é investigada pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Há suspeita de cartel en-tre as empresas do consór-cio que ganhou a licitação, formado pelas construtoras Odebrecht e Queiroz Gal-vão. A obra deveria ser en-tregue em 2018, mas só fica-rá pronta em 2020.

Fotos: Shana Reis

Segurança dos passageiros pode ser colocada em risco na Linha 4

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Itália vai criar força-tarefa para combater crimes contra mulheres

A ministra para as Refor-mas Constitucionais e

Relações com o Parlamento da Itália, Maria Elena Boschi, informou essa semana que vai criar uma força-tarefa para combater os casos de assas-sinatos de mulheres na Itália. “Estamos preparando a equi-pe. Há fundos de 12 milhões de euros para isso e nós pode-mos fazer muito”, disse Boschi.

A ministra, que é conside-rada o braço direito do pri-meiro-ministro Matteo Ren-zi, falou ainda sobre a neces-sidade de combater esse tipo de violência desde a sua ori-gem, na educação e na for-

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Segundo dados do Con-gresso Nacional dos Esta-dos Unidos, o número de armas vendidas é quase o mesmo que a quantida-de da população do país. Hoje há mais de 310 mi-lhões de armas de fogo, enquanto a população é de 318 milhões de pessoas.

Cerca de 90% de seus habitantes têm algum tipo de arma de fogo, segundo a organização suíça Small Arms Survey.

O massacre cometido, no último domingo, contra um clube gay, em Orlando, foi o ataque com o maior número de mortes desde os atentados terroristas de 11 de setembro de 2001. 50 pessoas morreram e 53 ficaram feridas na cidade da Disney. Pelo menos 30 pessoas são feridas por ar-mas de fogo a cada dia nos EUA. (Telesur)

Quando a esmola é demais, até o Papa desconfia

ESTADOS UNIDOS90% da população está armada

O Papa Francisco man-dou devolver o dinheiro doa-do pelo governo argentino ao Vaticano.

Segundo a imprensa eu-ropeia, o Papa Francisco fi-cou surpreso ao saber da quantia milionária que ha-via sido doada quando a Ar-gentina passa por uma cri-se econômica de grandes di-

mação cultural das famílias. “Para derrotar o feminicídio é preciso começar pelas fa-mílias”, ressaltou.

Os dados oficiais apontam uma queda de 20% no nú-mero de feminicídios na Itá-lia, desde o início de 2016. Entretanto, os números ain-da são altos se comparados a outros países europeus. Desde o início de 2016, 51 mulheres perderam a vida por ação violenta de seus parentes ou de atuais ou ex-companheiros, segundo da-dos da Telefone Rosa, as-sociação especializada no apoio às mulheres. (ABr)

ECONOMIACuba recebeu cerca de 2 milhões de turistas nos primeiros seis meses de 2016. O número representa um crescimento de 12% com relação ao primeiro semestre de 2015. Cuba está entre os 50 países mais visitados do mundo.

Esse é o segundo gesto do Papa, que sinaliza distancia-mento em relação a Mauri-cio Macri.

O Papa recebeu o presi-dente no fim de fevereiro em um encontro formal, de bre-ves 22 minutos, que foi con-siderado uma demonstração de frieza entre o religioso e o chefe de Estado. (Sputnik)

mensões. Além disso, o valor exato em pesos argentinos ($ 16.666,00), com o número da besta, teria sido visto pelo chefe da igreja católica como uma “piada de mau gosto”.

A doação seria um gesto do governo de tentativa de apro-ximação com Francisco. Mas, a maneira como foi feita não foi bem vista pelo Vaticano.

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Confaap

Itália se empenha em combater violência

contra a mulher

Papa recusa dinheiro doado

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Estamos diante do maior escândalo que este colegiado já julgou. Não se trata apenas de omissão, de mentira, mas de uma trama para mascarar a evasão de divisas, a fraude fiscalMarcos Rogério, deputado federal

Conselho de Ética aprova parecer pela cassação de CunhaO Conselho de Ética da

Câmara dos Deputados aprovou, na terça-feira (14), o pedido de cassação do man-dato do presidente afasta-do da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por quebra de decoro parlamentar. Por 11 votos a nove, os deputados acataram o parecer do depu-tado Marcos Rogério (DEM- RO) que afirma que Cunha quebrou o decoro ao mentir sobre ter contas no exterior durante depoimento na Co-missão Parlamentar de In-quérito (CPI) da Petrobrás.

Segundo o relator, Cunha é o dono de pelo menos qua-tro contas na Suíça: Köpek; Triumph SP; Orion SP e Ne-therton. Ao pedir a cassa-ção de Cunha, Rogério disse que as contas são verdadei-ros “laranjas de luxo”. “Esta-mos diante do maior escân-dalo que este colegiado já

julgou. Não se trata apenas de omissão, de mentira, mas de uma trama para mascarar a evasão de divisas, a frau-de fiscal”, disse Rogério. “Es-tamos diante de uma frau-

de, de uma simulação de em-presas de papel, de laranjas de luxo criadas para escon-der a existência de contas no exterior”, acrescentou. Cunha nega a propriedade das con-tas, mas admitiu ter o usufru-to de ativos geridos por trus-tes estrangeiros.

O processo de Cunha no Conselho de Ética é consi-derado o mais longo no cole-giado e foi marcado por inú-meras manobras que adia-ram a decisão dessa terça-feira. A representação con-tra Cunha foi entregue pelo PSOL e Rede à Mesa Diretora da Câmara, no dia 13 de ou-tubro de 2015. Agora o pro-cesso contra Cunha preci-sa ser analisado em plená-rio. Para que Cunha tenha o mandato cassado, são pre-ciso pelo menos 257 votos, a maioria absoluta dos 513 de-putados. (ABr)

Processo contra Eduardo Cunha será analisado no plenário da Câmara

Temer é citado pela primeira vez na Operação Lava Jato

Para Zavascki, Moro usurpou a competência do Supremo

STF

Lula Marques

O ex-presidente da Transpetro, Sérgio Macha-do, disse em sua delação que o presidente provisó-rio Michel Temer o pro-curou para pedir propina para a campanha do en-tão candidato à prefeitu-ra de São Paulo em 2012, Gabriel Chalita. Machado disse que os valores acer-tados com Temer são de R$ 1,5 milhão em propina.

“[Machado] Posterior-mente conversou com Michel Temer na Base Aé-rea de Brasília, provavel-

O ministro do Supre-mo Tribunal Federal (STF) Teori Zavascki decidiu na segunda-feira (13) remeter ao juiz Sérgio Moro as in-vestigações sobre o expre-sidente Luiz Inácio Lula da Silva na Operação Lava Jato. Ele também anulou a gravação de uma conver-sa telefônica entre Lula e a presidente afastada Dil-ma Rousseff.

O ministro entendeu que a escuta deve ser re-tirada do processo por-que foi gravada pela Po-lícia Federal após a de-cisão que determinou a suspensão do monito-

Sérgio Machado diz que Temer acertou propina para Chalita

Teori manda investigações sobre Lula para Moro

mente no mês de setembro de 2012, sobre o assunto, ha-vendo Michel Temer pedi-do recursos para a campa-nha de Gabriel Chalita. […] O contexto da conversa dei-xava claro que Michel Te-mer estava ajustando com o depoente para que este soli-citasse recursos ilícitos das empresas que tinham con-tratos com a Transpetro na forma de doação oficial para a campanha de Chalita; am-bos acertaram o valor, que fi-cou em R$ 1,5 milhão”, diz o documento. (Revista Fórum)

ramento. De acordo com Zavascki, Moro usurpou a competência do Supremo, ao levantar o sigilo das con-versas. (ABr)

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O quê: Cineclube apresenta várias obras independentes com classificação etária de 12 anos, trabalhando diversos temas em diferentes gêneros do cinema.Onde: Sobrado 52 – Rua do Rezende, 52, Centro.Quando: Toda quarta-feira, de 19h às 21h, até 28 de setembro.Quanto: 0800

O quê: Peça teatral questiona onde está o amor romântico no século 21, e assim explora histórias cruzadas de sete personagens.Onde: Sesc Tijuca – Rua Barão de Mesquita, 539, Tijuca. Quando: Sextas, sábados e domingos, 20h. Até 26/6.Quanto: R$ 20 (R$ 10 meia)

O quê: Festival de Quadrilhas Juninas promove diversas apresentações de dança de quadrilhas das categorias infantil e adulto.Onde: Quadra da G.R.E.S Unidos de Vila Isabel – Boulevard 28 de Setembro, 382, Vila Isabel. Quando: Sábado (18) e domingo (19), 16h.Quanto: 0800

O quê: Espetáculo circense traz mensagens importantes, como a valorização da cultura e a importância da amizade.Onde: Teatro Municipal de Guignol – Praça Jardim do Méier, ao lado do Hosp. Salgado Filho.Quando: Sábado (18) e domingo (19), 15h30.Quanto: 0800

O quê: Roda de samba tem feira de artesanato da Zumb’Art e do coletivo Mulheres de Raça. Evento homenageia Xangô e o baluarte do Salgueiro, João da Valsa.Onde: Praça da Harmonia – Rua Sacadura Cabral, 537, Gamboa.Quando: Domingo (19), 17h.Quanto: 0800

O quê: Grupo de músicos canta obras de grandes figuras do chorinho, como Chiquinha Gonzaga, Joaquim Calado, Pixinguinha, Waldir Azevedo e Jacob do Bandolim.Onde: Parque Madureira – Rua Parque Madureira, s/n, Madureira.Quando: Sábado (18), 16h.Quanto: 0800 O quê: Feira de produtos

agroecológicos valoriza a agricultura familiar e comercializa alimentos sem agrotóxicos, como legumes, verduras, hortaliças e frutas.Onde: Praça Rui Barbosa – Centro de Nova Iguaçu. Quando: Toda quarta-feira, de 8h às 17h.Quanto: 0800

Feira da Roça de Nova Iguaçu

Mostra de filmes independentes

Festa para Xangô

Chorinho na Praça

Festival de Quadrilhas Juninas

Gran CircoPara Romeu e Julieta

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O quê: Baile cheio de variedades artísticas traz muito rap e hip hop, além de batalhas de rima, freestyles, apresentação de DJs e ações beneficentes.

AGENDA CULTURAL DA SEMANA | [email protected]

RECEBA O BRASIL DE FATO RJ POR E-MAIL WWW.E.EITA.ORG.BR/ASSINEBRASILDEFATORJ

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Mídia Ninja

Hangover + RCPSOnde: Praça dos Três Poderes – Vilar dos Teles, São João de Meriti.

Quando: Sexta-feira (17), 20h.

Quanto: 0800

Rio de Janeiro, 16 a 19 de junho de 201610 | Cultura

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Victor Ohanado Rio de Janeiro (RJ)

Quando criança, o herói da peça “Shtim Shlim”

tinha um sonho estranho. Ele via o sol entrando pela manga direita de sua camisa e a lua entrando pela esquer-da. Assim começa a peça tea-tral infantil “Shtim Shlim – O sonho de um aprendiz”. O es-petáculo está em cartaz na Biblioteca Parque Estadual, no Centro do Rio, com apre-sentação aos sábados, às 16h. A temporada vai até o dia 9 de julho e a entrada é gratuita.

Depois de ter esse sonho tão esquisito, Shtim Shlim consulta o pai, que por sua vez tenta interpretar o que passou pela cabeça do filho. E a conclusão do pai é a se-guinte: Shtim Shlim vai se ca-sar duas vezes. Assim, o filho cresce com essa visão na ca-beça. Quando jovem, ele de-cide partir em busca de co-

Espetáculo infantil “Shtim Shlim” é um mergulho na aventura

CAXIASMúsica na biblioteca

Sábado (18) é dia de rock na Biblioteca Munici-pal Governador Leonel de Moura Brizola, na Praça do Pacificador, em Duque de Caxias, na Baixada Flu-minense. A programação musical é gratuita e come-ça desde o meio-dia com a apresentação das bandas Davy Jones, Helga e Com-boio Calibre. Às 15h, a Bi-blioteca promoverá pales-tras sobre o mercado da música, com participação de figuras do cenário artís-tico do Rio de Janeiro. De-pois, às 18h, a programa-ção retoma as apresenta-ções musicais, com shows das bandas Matallazi, Qu4rto Teto, Setor Bronx e DWO, indo até 22h. Have-rá várias barracas de bebi-da e comida no evento.

Peça tem entrada gratuita e ainda conta com exposição permanente

Div

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ção

Raphael Coimbra

Fotos: Renato Mangolin

Na próxima quarta-feira (22), haverá um baile char-me bem animado em Se-ropédica, na Baixada Flu-minense, às 17h30. O lo-cal será o bar Encontro dos Amigos, na Avenida Ben-to Rodrigues Noia, mais conhecida como “Rua do Mutirão”, no bairro de Boa Esperança, no km 49. Além de charme, os organizado-res prometem muito funk antigo, R&B e hip hop, pra todo mundo suar bastante na pista de dança. A entra-da é gratuita.

SEROPÉDICABaile Charme gratuito

PENHAMágica na Arena Dicró

A Arena Carioca Dicró, na Penha, promove uma série de atividades culturais de graça neste domingo (19), a partir das 14h. Uma delas é o incrível Teatro de Caixas,

de Sérgio Biff, e um grande show com o mágico Diran. Além disso, o grupo Resis-tência Sonora e a banda Ver-sos Inversos participarão do evento com um repertório cheio de forró bem anima-do. Também haverá ginca-nas e presença de DJs.

nhecimento com um velho mago que ensina “o tudo e a magia acima do tudo”, mas que mata os seus discípulos após o teste final.

Com a ajuda da filha do feiticeiro, Shtim Shlim con-segue se salvar e volta para a casa do pai. O mago fica fu-rioso e vai atrás dele. A par-

tir desse ponto da história, Shtim Shlim e o velho mago começam uma grande bata-lha de magia.

INSTALAÇÃO INTERATIVACom direção da educado-ra e contadora de histórias ganense Inno Sorsy, a peça é vencedora dos prêmios Zilka Salaberry, na catego-ria Espetáculo e Cenário, e CBTIJ, na categoria Melhor Produção. Ao longo da tem-porada, o público participa do projeto Shtim Shlim de duas maneiras. Uma é assis-tindo à peça, e a outra é vi-sitando a instalação interati-va, com todo o cenário, que fica em exposição perma-nente de terça a sábado, das 11h às 19h, também na Bi-blioteca Parque.

Peça infantil premiada terá apresentação grátis na Biblioteca Parque

O mundo de fantasia de uma criança é o tema principal da peçaAPRESENTAÇÕES: Local: Biblioteca Par-que Estadual Endereço: Av. Presi-dente Vargas, 1261, Centro. GRÁTIS

Rio de Janeiro, 16 a 19 de junho de 2016 Cultura l 11

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Divulgação

A FIM DE PAPO | MC Leonardo

Na manhã do dia 10 de junho, houve mais um ata-que a uma Unidade de Po-lícia Pacificadora, dessa vez no Morro do Fallet. Esses tiroteios estão sendo cons-tantes. Há favelas em que os tiros são diários, como no Complexo do Alemão.

Nessa manhã, tinha uma pessoa muito importante no caminho do tiroteio, e os jornais divulgaram o que há muito tempo não vêm no-ticiando. Só que, dessa vez, a manchete foi diferente: “Dom Orani Tempesta fica sob fogo cruzado”.

Essa frase foi repetida inúmeras vezes em todos os telejornais, naquela sex-ta feira (10). Essas manche-tes já são conhecidas por moradores de favelas há muito tempo, tais como: “Estudantes da PUC não conseguem estudar com tiroteio na Rocinha”, “Mo-radores de Ipanema acor-dam assustados com tiros no Cantagalo” e por aí vai.

No final da tarde veio a notícia de que uma bala perdida atingiu e matou o jovem Carlos Eduardo No-gueira as Silva, de 19 anos, no Morro do Querosene,

Imprensa esconde violência na cidade das Olimpíadas

favela vizinha à do Fallet. Segundo a imprensa, a po-lícia estaria empenhada em descobrir se o tiroteio que levou pânico a Dom Orani foi o mesmo que matou Carlos Eduardo.

Sinceramente, eu não te-nho nada contra o arce-bispo do Rio de Janeiro, mas tenho muito a favor dos moradores de favelas e seus pânicos diários.

Em entrevista, o Arcebis-po disse estar preocupado de como uma cidade doen-te vai sediar os Jogos Olím-picos. Essa pergunta já ti-nha sido feita anos atrás pe-los movimentos populares, quando todos, inclusive a cúpula da igreja, comemo-ravam a escolha do Rio.

Os jovens estudantes de escolas públicas são co-

mumente tratados como gen-te que “não quer nada com a escola, ignorantes, politica-mente alienados e, por vezes, violentos”. Essas representa-ções estão na chamada “gran-de mídia”, e também apare-cem volta e meia nas falas de profissionais da educação. No entanto, esses meninos e me-ninas “impossíveis” estão à frente do movimento político mais inovador que vimos sur-gir nos últimos tempos.

Os prédios em ruínas teste-munham o descaso de suces-sivos governos com a educa-ção. Na imensa e antiga Vis-conde de Cairú, no Meier, os alunos se deparavam com ra-tos, quadra destruída, labo-ratórios sem uso, teatro que-brado, elevadores sem fun-cionar. A semelhança física com um presídio rendeu o apelido de Visconde de Ca-randiru, brincadeira que cor-re entre seus estudantes.

Mas também na novíssima escola Compositor Luiz Carlos

Adriana Facina

Ocupações revolucionam escolas públicas no Rio

da Vila havia infiltrações, mato alto e piscina sem uso acumu-lando água de chuva. Essa é a realidade das escolas em todo o estado do Rio de Janeiro.

Para a moçada das ocupa-ções, denunciar esse horror foi muito pouco. Foi preci-so colocar a mão na massa: desentupir sanitários, pin-tar paredes, reformar ban-cos, consertar, melhorar, ca-pinar, iluminar.

E com isso descobriram muitas coisas ocultas. Sa-las sem uso, livros e equipa-mentos escondidos, instru-mentos musicais sonegados. Uma infinidade de malvade-zas. Tudo filmado e compar-tilhado nas redes sociais.

SABER VIVOEsses estudantes apaixona-dos por suas escolas se orga-nizaram para garantir progra-mações educacionais e cultu-rais que encheram de saber vivo as antigas ruínas. Quem passou por alguma delas ou teve a experiência de minis-trar uma oficina saiu com a

certeza de ter aprendido mui-to mais do que ensinado.

Suas pautas concretas mostram que sonham alto: eleição de diretores (demo-cracia) e mais aulas de so-ciologia e filosofia (liberda-de de pensamento). A cada ponto na lista, uma asa que se abre nesse voo.

O movimento obteve con-quistas importantes, mas a maior delas foi uma grande lição para todas e todos nós, nesse momento político tão difícil em que estamos: liber-dade caça jeito.

Adriana Facina é antropóloga e professora do

Museu Nacional (UFRJ)

Colégio Estadual Prefeito Mendes de Moraes foi a primeira escola a ser ocupada no Rio de Janeiro

Para estudantes, denunciar esse horror foi muito pouco. Foi preciso colocar a mão na massa

Não tenho nada contra o arcebispo do Rio, mas tenho muito a favor dos moradores de favelas e seus pânicos diários

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Imprensa só dá atenção a notícias sobre violência no Rio quando atinge a elite

Rio de Janeiro, 16 a 19 de junho de 201612 | Opinião

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Dicas do Núcleo Piratininga de Comunicação - facebook.com/npcinstitucional

Quem é do Rio não pode perder duas exposições que estão ocorrendo, simulta-neamente, no Museu His-tórico Nacional, que fica no centro da cidade. Uma se chama “Diálogo no escu-ro”. Guiados por cegos em salas totalmente escuras, os visitantes são estimulados a desenvolver os outros senti-dos, já que a visão fica com-pletamente comprometida. Além disso, o circuito per-mite que as pessoas se colo-quem no lugar das outras e desenvolvam empatia para com os deficientes, em es-pecial os visuais. É uma ex-periência verdadeiramen-te transformadora e impac-

a 14 anos tiveram a opor-tunidade de conviver com artistas e intelectuais, que lhes proporcionaram au-las de artes como uma for-ma de incentivá-las a supe-rar os momentos de terror e ameaça por que passa-vam. Algumas das pintu-ras e desenhos foram res-gatados e réplicas podem ser vistas nessa exposição sobre os terrores do Ho-locausto. Esta exposição pode ser visitada até 17 de julho de 2016.

O Museu Histórico Nacio-nal fica na Praça Marechal Âncora, s/n - Centro. Infor-mações em www.museuhis-toriconacional.com.br 

tante. Fica em cartaz até 30 de outubro de 2016. Custa R$ 20 (R$ 10 meia).

Outra exposição, em cartaz no mesmo local, se chama “As meninas do quarto 28”. Conta a história de um gueto na Tchecoslováquia que fun-cionou durante a 2ª Guerra Mundial. Nele, judias de 12

Ingredientes• 1 kg de camarão salgado (ou seco, caso não

encontre o salgado)

• 6 pães franceses dormidos

• 1 litro de leite de coco;

• 1 litro de leite de vaca;

• 8 tomates picados sem pele, com caroço;

• 2 cebolas picadas;

• 4 dentes de alho;

• 200g de castanha de caju (sem sal);

• 1 vidro pequeno de azeite de dendê (200 ml);

• sal e pimenta

Modo de preparoDeixe o camarão de molho para tirar o sal, trocando sempre a água. Coloque os pães de molho no leite de coco e de vaca. Refogue a cebola, alho e tomate e depois junte o camarão. Depois de 10 minutos, reserve um terço e bata o resto no liquidificador com o pão já molhado no leite e a castanha. Em uma panela em fogo baixo, misture a parte batida com a reservada, colocando sal e pimenta aos poucos até acertar o gosto.

Comida é culturaO vatapá é encontrado no Brasil, tipicamente na Bahia e no Pará, em versões diferentes. Esta receita representa uma variação da versão baiana, que utiliza camarão seco assado, e às vezes amendoim. A versão paraense pode ser feita com frango. Apesar de o vatapá ser associado às religiões de matriz africana, a origem do prato é controversa, e há quem discorde dessa versão. Certo mesmo é que é uma comida brasileira das mais deliciosas.

Divulgação

DivulgaçãoVatapáEnviado pela leitora Márcia Mourão, de Fortaleza (CE)

Confira exposições no centro do Rio

Rio de Janeiro, 16 a 19 de junho de 2016 Variedades l 13

DICAS MASTIGADAS | Alan Tygel

ANDRÉ DAHMER | malvados.com.br

DICAS CULTURAIS DO NPC

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Áries (21/3 a 20/4)A associação a alguém poderá trazer benefícios imediatos e regalias financeiras para a sua vida.

Touro (21/4 a 20/5)O seu desejo de promover maior segurança no círculo familiar será uma motivação para ser mais combativo.

Gêmeos (21/5 a 20/6)A sua vida amorosa se apresentará equilibrada, conferindo uma maior autoestima e força para lutar.

Câncer (21/6 a 22/7)Use sua capacidade de liderança para mobilizar seus colegas e fortalecer esses laços.

Leão (23/7 a 22/8)Terá tendência para ver tudo com pessimismo, mas você pode fazer disso um motivo para ir à luta.

Virgem (23/8 a 22/9)Controle os excessos. Os seus impulsos poderão atrapalhar as suas relações pessoais.

Libra (23/9 a 22/10)Cuidado com ideias ou ações que, por não estarem devidamente fundamentadas, podem dar errado.

Escorpião (23/10 a 21/11)Seja paciente, sua luta diária necessita de algum tempo para poder reverter os retrocessos.

Sagitário (22/11 a 21/12)Procure uma boa saúde afetiva esquecendo um pouco a sua atividade profissional. Cuide-se.

Capricórnio (22/12 a 20/1)O interesse pelo dinheiro não poderá atrapalhar as suas relações afetivas. Abra o coração.

Aquário (21/1 a 19/2)Seu espírito revolucionário pede uma dedicação maior. Não viva os dias mecanicamente

Peixes (20/2 a 20/3)Para não correr o risco de ser manipulado, reflita um pouco e ponha-se no lugar do outro.

HORÓSCOPO PREVISÃO DO TEMPO

FASES DA LUACheia 20/6

Minguante 27/6

Crescente 16/6

Nova 4/7

Quinta-feira, 16 de junho, Rio de Janeiro, Brasil

º C | F24Ensolarado 24° 16°

QUI

26° 17°

SEX

24° 17°

SAB

23° 18°

DOM

Rio de Janeiro, 16 a 19 de junho de 201614 | Variedades

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Juca Kfouri contou a histó-ria de um amigo que mora em Londres e divide o apartamen-to com outros estrangeiros. Ao final do jogo desse arremedo de seleção brasileira contra o Peru, um espanhol perguntou:

- Hasta cuando? O desenganado brasileiro

só conseguiu responder com um lacônico “não sei”.

Não dá para saber mesmo.Uma simples troca de trei-

nador está longe de resolver o problema. A questão é estru-tural. Os dirigentes, felizes e saltitantes com o golpe dado por Michel Temer, são a maçã podre do futebol brasileiro.

Ou a direção da CBF é varri-da para a lata do lixo da histó-ria, ou veremos o futebol bra-sileiro definhar.

rar a longo prazo sob a ba-tuta de um presidente que não acompanha a seleção porque pode ir preso.

Essa quadrilha se vale da autonomia das entidades desportivas para fugir do controle público. Se já é di-fícil pegar uns “malandros” como Eduardo Cunha, ima-gina a cartolagem!

Mais do que Dunga, Del Nero deve sair. E com os dois, toda a corriola da CBF como Gilmar Rinaldi, Walter Feldman e o filho do Sarney.

Por mais que o desinte-resse pela seleção cresça, não podemos entregá-la de bandeja para eles. Que-remos nossa seleção de volta. Queremos nosso fu-tebol de volta.

Ou a direção da CBF é varrida para a lata do lixo da história, ou veremos o futebol brasileiro definhar

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Até quando?

Além de Dunga, Marco Polo Del Nero também deve cair

A única forma dessa qua-drilha sair do castelo é de-mocratizando a entidade.

É abrindo seus porões para o frescor de movimentos como o Bom Senso FC, além de gestores comprometidos com uma profunda reforma no futebol brasileiro.

Qualquer treinador, por me-lhor que seja, não vai prospe-

Bolt pode perder ouro e “premiar” Brasil

O supercampeão do atle-tismo, o jamaicano Usain

Bolt, pode perder uma de suas medalhas de ouro olímpicas, conquistada no revezamento 4x100m nos Jogos de Pequim 2008. Seu companheiro de equipe, Nesta Carter, foi pego com a substância dimetilami-lamina em reanálise recente.

Bolt deu entrevista ao jor-nal jamaicano The Gleaner. Ele afirmou que a perda da medalha “é de partir o cora-ção”, mas, caso se confirme o doping de Carter, a devolu-ção da conquista não é um problema para ele.

Se a equipe jamaicana ti-ver confirmada a perda da

medalha de ouro no reveza-mento 4x100m dos Jogos de Pequim, o título será herda-do por Trinidad e Tobago. A prata ficará com o Japão e o

bronze irá para o Brasil, cuja equipe era formada por Vi-cente Lenílson, Sandro Via-na, Bruno Barros e José Car-los Moreira, o Codó. (BP)

O treinador da sele-ção brasileira de basque-te masculino, Rubén Mag-nano, divulgou a lista com os 14 nomes que irão aos Jogos Olímpicos do Rio 2016. Destes, nove jogado-res estiveram entre os 12 que disputaram a Olim-píada de Londres 2012.

Em coletiva, o treinador deixou claro que não está feliz com a não convoca-ção dos mais jovens, como Cristiano Felício, Lucas Bebê e Bruno Caboclo, que preferiram disputar a Liga de Verão da NBA. A

Magnano lamenta falta de renovação na seleção

seleção atual tem média de idade de 30,5 anos.

O mais jovem da seleção é o armador Raulzinho, do Utah Jazz, que tem 24 anos. Além dele, são nove jogadores aci-ma dos 30 anos, dentre eles os destaques da NBA, como Nenê, Varejão, Leandrinho e Huertas. (BP)

Magnano fala sobre convocação

A seleção brasileira de rugby disputou a última competição antes dos Jo-gos Olímpicos do Rio 2016 e foi bem. O time ficou com o vice-campeonato do Roma Sevens, perden-do por 17 a 7 na final para a África do Sul, que tem

Rugby brasileiro ganha moraltradição no esporte.

O Brasil venceu três parti-das pela competição, duas delas sem sofrer sequer um ponto. A seleção retornou ao Brasil para concluir sua pre-paração para os Jogos. O ru-gby estreia nos Jogos Olímpi-cos do Rio 2016.

Companheiro de revezamento, Nesta Carter foi pego em reanálise antidoping de Pequim

Bolt diz que perda da medalha “é de partir o coração”

Rio de Janeiro, 16 a 19 de junho de 2016 Esportes l 15

TOQUES CURTOS | Bruno Porpetta

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O Botafogo recebeu o América-MG, em Volta Re-donda (RJ), voltou a vencer e de quebra saiu da zona do rebaixamento. A vitória por 3 a 1 levou o Botafogo aos oito pontos no Brasileiro.

Os gols não demoraram a sair. Em trinta e seis minu-tos, o Botafogo já vencia por 3 a 0, com três gols de Sassá.

Logo no início, Sassá foi derrubado na área. Ele mes-mo cobrou o pênalti e fez 1 a 0 para o Botafogo.

Aos 31 minutos, em falha na saída de bola do América com Adalberto, Neiltou rou-bou a bola e, diante do go-leiro, tocou para Sassá livre apenas cumprimentar e cor-rer para o abraço, amplian-do o placar.

Cinco minutos depois, ou-tro pênalti para o Botafogo. Sassá foi novamente derru-bado dentro da área e, mais

Botafogo vence em noite de SassáAtacante marcou os três gols da vitória sobre o América-MG por 3 a 1

Sassá foi o destaque em vitória do Botafogo

uma vez, converteu o pênal-ti, decretando o placar do primeiro tempo em 3 a 0.

No segundo tempo, o América-MG reagiu na par-tida e passou a equilibrar as ações. Desta forma, partiu para a pressão no campo de ataque do Botafogo e con-seguiu, ao menos, diminuir o placar.

Logo aos dois minutos, Sá-vio aproveitou rebote de Si-dão e descontou o placar. O América-MG criou mais al-gumas chances, depois o Bo-

tafogo controlou o jogo e o re-sultado, segurando a vitória.

CBF IRRITA CORINTHIANS

Com a confirmação de Tite como o novo treinador da seleção brasileira, feita pelo presidente do Corin-thians, Roberto de Andra-de, este aproveitou para cri-ticar a CBF pela condução das negociações.

Andrade disse que estava “p... com a CBF” durante a coletiva.

O Flamengo venceu o Cruzeiro no Mineirão, por 1 a 0, interrompendo um jejum diante da Ra-posa em seu estádio que durava desde 2001. A tor-cida ganhou boas razões para comemorar de for-ma especial.

Foi a estreia do zagueiro

Fla vence Cruzeiro em estreia de RéverRéver, formando dupla com Rafael Vaz. Além da atuação segura, o ex-zagueiro do In-ternacional e Atlético-MG ainda marcou o gol da vitó-ria rubro-negra.

Alan Patrick cobrou falta pelo lado direito na cabeça de Réver, que testou firme e sem chances para o golei-

ro Fábio, aos 42 minutos do primeiro tempo.

Na segunda etapa, o Cru-zeiro pressionou o Fla, que foi pouco à frente e segurou o placar. Com o time bem or-ganizado em campo, Zé Ri-cardo ganhou pontos com a torcida para ficar à frente do cargo de treinador. (BP)

Zé Ricardo mostra evolução no time em vitória do Fla

O pivô australiano Andrew Bogut está fo-ra das finais da NBA. Os médicos do Gol-den State Warriors confirmaram nesta quarta-feira (15) que o pivô teve uma contusão óssea próxima ao fêmur e à tíbia provocada por uma entorse no joelho esquerdo.

A lesão ocorreu du-rante o jogo 5 das finais, em Oakland (EUA), após uma disputa de bola no garrafão com J.R. Smith, do Cleveland Cavaliers. No lance, Smith caiu com todo o seu peso so-bre a perna de apoio de Bogut, que na hora de-

Gilvan de Souza/Flamengo

Vitor Silva SSPress/Botafog

Divulgação

Bogut está fora das finais da NBA

sabou e não voltou mais para a partida.

Pouco tempo depois, os médicos do GSW deixa-ram a definição sobre a lesão para após o resulta-do dos exames de imagem, que saíram nesta quarta. A previsão de recuperação foi definida entre seis e oi-to semanas e existe o risco de Bogut ficar fora dos Jogos Olímpicos do Rio 2016.

As duas equipes voltam a se enfrentar nesta quin-ta-feira (16), em Cleveland (EUA). Os Warriors preci-sam de uma vitória para garantir o título, enquan-to os Cavs precisam vencer para forçar o jogo 7, em Oakland (EUA). (BP)

Andrew Bogut pode não participar dos Jogos OlímpicosBruno Porpetta

do Rio de Janeiro (RJ)

16 | Esportes Rio de Janeiro, 16 a 19 de junho de 2016