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cidades | pág. 6 cidades | pág. 7 Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 2013 | ano 11 | edição 27 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Pesquisa nas favelas Data Favela mostra que classe média quase dobrou, mas graves problemas sociais ainda persistem esporte | pág. 16 Copa do Brasil: Flamengo está na final Com Maracanã lotado e show da torcida rubro-negra, Flamengo venceu o Goiás por 2 a 1 de virada brasil | pág. 9 “Ainda se morre de fome no Brasil” cultura | pág. 11 No balanço do Sambalangandã em Santa Teresa Pablo Vergara Pablo Vergara Alexandre Vidal/Fla Imagem Pablo Vergara cidade | pág. 5 Qualidade do transporte cai junto com Perimetral O caos absoluto e o maior congestionamento da história não aconteceram. Mas quem usa transporte público per- cebeu nos ponteiros do relógio e também no bolso as consequências da derrubada do Elevado da Perimetral. Para pesquisador, intervenção na zona portuária não ga- rante melhoria na mobilidade urbana. “Juventude marcada para viver” Mc Succo (foto) integra a iniciativa que exige ações para redução de mortes entre jovens negros

Brasil de Fato RJ - 027

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Page 1: Brasil de Fato RJ - 027

1 | mundocidades | pág. 6 cidades | pág. 7

Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 2013 | ano 11 | edição 27 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato

Pesquisa nas favelasData Favela mostra que classemédia quase dobrou, mas gravesproblemas sociais ainda persistem

1 | mundoesporte | pág. 16

Copa do Brasil:Flamengo estána finalCom Maracanã lotado e show da torcida rubro-negra, Flamengovenceu o Goiás por 2 a 1 de virada

1 | mundobrasil | pág. 9

“Ainda se morre de fomeno Brasil”

1 | mundocultura | pág. 11

No balanço doSambalangandãem Santa Teresa

Pablo Vergara

Pablo Vergara

Alexandre Vidal/Fla Imagem

Pablo Vergara

cidade | pág. 5

Qualidade do transportecai junto com Perimetral

O caos absoluto e o maior congestionamento da histórianão aconteceram. Mas quem usa transporte público per-cebeu nos ponteiros do relógio e também no bolso as

consequências da derrubada do Elevado da Perimetral.Para pesquisador, intervenção na zona portuária não ga-rante melhoria na mobilidade urbana.

“Juventude marcada para viver” Mc Succo (foto) integra a iniciativaque exige ações para redução demortes entre jovens negros

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Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 201302 | opinião

editorial | Rio de Janeiro

ENQUANtO As EsCOlAs desamba esquentam seus tambo-rins para escolher seus sambas-enredo para o carnaval de 2014,a Justiça abre processo contra oprefeito Eduardo Paes (PMDb)e mais 13 dessas escolas por usoindevido do dinheiro público.

Um inquérito aberto em2006 resultou em uma ação doMinistério Público Estadualque transformou em réus o Pre-feito Eduardo Paes, o presi-dente da Riotur Antônio PedroFigueira de Mello, o diretor deoperações da Riotur em 2011Paulo Rocha Vilella, o diretorde operações da Riotur em 2012luis Gustavo Mostof Pereira de

Moura e as seguintes agremia-ções: beija-Flor, Grande Rio,imperatriz leopoldinense,Mangueira, Mocidade inde-

pendente, Portela, Porto da Pe-dra, salgueiro, são Clemente,União da ilha, Unidos da ti-juca, Vila isabel e Renascer deJacarepaguá.

Pesa contra o Prefeito a acu-sação de não realizar licitaçãopara a escolha da empresa queorganiza os desfiles na cidadedo Rio. Assim como é parte daação, a constatação de que aprestação de contas do re-passe de R$ 1 milhão por anoque é feito pela Prefeitura paracada Escola acima citada, estáirregular.

Por esses atos, o MinistérioPúblico pede a suspensão dosdireitos políticos do prefeito e

de seus auxiliares, além do res-sarcimento integral do danocausado ao erário público. Pe-dem ainda que as escolas en-volvidas sejam proibidas de re-ceber qualquer benefício ouincentivos fiscais e de assinarcontratos com a prefeitura.

todo esse processo aindaestá em sua fase inicial e segu-ramente os advogados dos réusterão o direito ao contraditório.No entanto, esses indícios porsi só, somados aos inúmeroscasos da mesma natureza, jásão o suficiente para exigir dopoder público mais transparên-cias nessas operações que en-volvem milhões e são retirados

dos impostos dos cidadãos.Não podemos naturalizar ou

achar normal uma situaçãoonde um gestor público, nocaso o prefeito repasse anual-mente uma soma milionária dodinheiro público para agremia-ções que não prestam contasdesses recursos e que muitasdelas apresentam fortes indí-cios de serem controladas pormáfias e suas ramificações.

Uma festa popular da gran-deza do carnaval que ativa aeconomia, promove o turismoe gera inúmeros postos de tra-balhos não pode permanecercom esse carimbo criminoso. Échegada a hora de se libertar!

Paes e seu carnaval de irregularidades

editorial | Brasil

NAs MObilizAçõEs popu-lares de junho, a direita – sem-pre liderada pela Rede Globo ea revista Veja – tentou se apos-sar da bandeira da ética na po-lítica e das lutas contra a cor-rupção e roubalheira dos cofrespúblicos. Quiseram, com isso,apressar as prisões dos que es-tão sendo julgados no chamadoMensalão, a AP-470, e desviar aatenção sobre as acusações quepesam sobre seus ombros.

No ano passado, ficou com-provado que a revista Veja, doGrupo Abril, estava associadaao crime organizado lideradopelo bicheiro Carlinhos Ca-choeira. O Judiciário e o Minis-

tério Público ignoraram essa as-sociação criminosa. E a Vejacontinua impune.

Neste ano, foi descobertoque a Rede Globo promoveu asonegação fiscal de R$ 1,2 bi-lhão, que deve à Receita Fede-ral. Como se não bastasse, oprocesso foi roubado da ReceitaFederal por uma funcionáriapública. O Mistério Público ain -da não esclareceu o que está

por trás do roubo. Há um pro-cesso judicial contra a funcio-nária. E a Globo?

Nos sucessivos governos tu-canos em são Paulo, se estrutu-rou a corrupção no transportepúblico, envolvendo duas em-presas estrangeiras: a francesaAlstom e a alemã siemens. Umafortuna ainda incalculável foiroubada. Não faltaram denún-cias contra a roubalheira.

Quarenta processos pode-riam ter impedido a continui-dade do roubo e punido os res-ponsáveis, mas foram ar qui va-dos. A justiça suíça, que tambéminvestiga a corrupção promovidapor essas empresas, identificoufuncionários públicos e políticosdo PsDb como participantes doesquema de corrupção e bene-ficiários das propinas.

Em 2011, autoridades dasuíça pediram Providênciaspara o Mistério Público Federal.Nada foi feito porque, de acordocom o procurador da RepúblicaRodrigo de Grandis, responsá-vel pelas investigações, houveuma “falha administrativa” e o

pedido foi arquivado.Um esquema de corrupção

que poderia ter sido interrom-pido em 2011 continuou impu-nemente porque um documentofoi arquivado numa pasta er-rada. Há os que acreditam nessaversão. A revista Veja se cala eos noticiários da Globo, prati-camente, ignoram os fatos.

Os jornais paulistanos ado-tam uma postura que os tornamconiventes com as ações crimi-nosas. Assim, o conluio entreautoridades políticas, setores doPoder Judiciário e a conivênciada mídia cria condições favorá-veis para a roubalheira dos co-fres públicos.

Os donos da impunidade

Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta, Michelle Amaral, Patricia Benvenuti •Correspondentes nacionais: Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR), Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo, Gilka Resende, MarianeMatos e Cláudia Santiago (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (Oriente Médio), Claudia Jardim (Caracas –Venezuela) • Fotógrafos: Pablo Vergara (Rio de Janeiro – RJ), Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper(Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador: Latuff • Editor de Arte: Marcelo Araujo • Revisão: Beatriz Calló • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira • Endereço: Al. EduardoPrado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – [email protected] • Webmaster: marc@infofl uxo.com •Gráfi ca: Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser,José Antônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dos Santos, RicardoGebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou [email protected]

Para anunciar:

(11) 2131 0800

Redação Rio:[email protected]

No ano passado, ficou comprovadoque a revista Veja, do Grupo Abril, estava associada ao crime organizado______________________________________“

“O MP pede a suspen-são dos direitos políti-cos de Eduardo Paes,além do ressarci-mento integral do dinheiro público__________________

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Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 2013 opinião | 03

Latuff Pedro Paulo Gonçalves

Eleutéria Amora

O estupro como instrumento desubmissão das mulheres

Mendigos: vereadores do Rioincitam violência

A 7ª EDiçãO do Anuáriobra sileiro de segurança Pública,numa comparação entre o hor-ror dos horrores, aponta que onúmero de estupros registradosno brasil, em 2012, ultrapassa ode homicídios dolosos (quandoexiste a intenção de matar). são50.617 contra 47.136.

Estamos falando de dadosnotificados pelo serviço pú-blico. Não vamos esquecer que,embora as mulheres estejamdenunciando mais, falar sobreisso não é tarefa fácil. Até por-que, a maioria das vítimas co-nhece o agressor (pai, padrasto,parentes e amigos).

As mulheres, principalmenteas jovens, enfrentam preconcei-tos relacionados ao vestuário eao horário em que transitam narua. Elas se sentem culpadas,com vergonha por estarem bê-badas. Muitas são estupradasem festas, boates, em certos ca-sos com a cumplicidade dos or-ganizadores destes eventos.

O estupro corretivo é outrademonstração de ódio às mu-lheres. Os agressores se sentemferidos na sua masculinidadepela simples razão de mulheresamarem outras mulheres. Elesatribuem esta decisão à falta deum “homem de verdade”, e con-

sideram que, com um ato cri-minoso, venham a curá-las.

Frente a essa realidade, de-fendemos um maior envolvi-mento da sociedade e o inves-timento sistemático de políticaspúblicas de qualidade (educa-ção, saúde e segurança), sem fal-sos moralismos e garantindo odireito de ir e vir das mulheres.

Nenhuma mulher deve sermaltratada: enquanto existiruma sofrendo lá estaremos nós,as feministas.

Eleutéria Amora Casa da Mulher

Trabalhadora (Camtra)

Igor Fuser

Uma lição argentina Nós, bRAsilEiROs, devería-

mos prestar mais atenção ao queacontece na Argentina. Comoaqui, um governo progressistaenfrenta sérios impasses na tra-jetória pós-neoliberal inauguradano início da década passada.

lá, a presidenta CristinaKirchner conseguiu manter amaioria apertada na Câmara eno senado, mas perdeu emprovíncias importantes. Paramuitos analistas, à direita e àesquerda, esse resultado seriaum indicador de que a Argen-tina entrou na fase final do ciclode mudanças após o colapsodo modelo neoliberal.

A discussão tem como foco aseleições presidenciais de 2015.Quais são as chances do governoem reverter o mau desempenhonas urnas? Quem será o candi-dato oficialista à sucessão deCristina, impossibilitada de dis-putar um novo mandato?

O que ninguém imaginava éque, um fato novo mudasse es-petacularmente o cenário po-lítico, esfriando os festejos daoposição direitista e dando aCristina uma vitória no maisduro confronto da sua gestão.

Numa decisão que encerraquatro anos de embate judicial,a Corte suprema reconheceu a

constitucionalidade dos prin-cipais artigos da Ley de Me-dios, aprovada pelo Congressoem 2009.

Essa lei, avançadíssima,põe fim ao domínio das emis-sões de televisão e rádio pelopoderoso grupo Clarín, oequivalente argentino à RedeGlobo. O episódio mostra quevaleu a pena a campanha per-sistente dos batalhadores pelademocratização da mídia naArgentina.

Igor Fuseré jornalista, escritor

e professor universitário

RECENtEMENtE, dois vereadores realizaram de-clarações preconceituosas sobre a população em si-tuação de rua. A primeira foi feita pelo vereador dePiraí José Paulo Carvalho de Oliveira, o Russo (Pt dob), e a segunda pela vereadora do Rio de Janeiro leilado Flamengo (PMDb).

Antes de tudo, tais declarações sinalizam a urgên-cia de se resgatar, em nossas ações individuais e cole-tivas, a dimensão ética. Essa passa, necessariamente,pelo respeito ao outro, independentemente de suacondição social, nele reconhecendo um ser humano,detentor de direitos e de dignidade.

É bom que se frise que em 2009 foi instituída a Po-lítica Nacional para a População em situação de Rua,que estabelece diretrizes e ações para a construção deprocessos de saída das ruas.

O Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanosda População em situação de Rua e Catadores de Ma-teriais Recicláveis (CNDDH) é um dos frutos dessa po-lítica, e foi criado com o intuito de promover e defenderos direitos desses grupos.

A população em situação de rua é um dos resultadosdos processos de produção e reprodução das desigual-dades sociais. Este grupo possui praticamente todosseus direitos humanos negados ou violados.

A reversão desse quadro passa por colocar emprática políticas públicas estruturantes e intersetoriais.Como exemplo, podemos citar as políticas de geraçãode emprego e renda, moradia e saúde, que devemser implementadas considerando a especificidadedesse público.

A resolução dessa resistente questão social exige aoperacionalização de ações conjuntas entre governos,sociedade e instituições sociais que atuem em favordessa população. É necessário que a sociedade, a mídiae os agentes públicos tenham uma compreensão maisclara dos vários fatores responsáveis por pessoas faze-rem da rua um espaço de moradia e sobrevivência.

sendo assim, o CNDDH repudia tais declarações pelocaráter preconceituoso e pela certeza de que elas ali-mentam a violência e até mesmo os assassinatos à po-pulação em situação de rua. Espera-se que a partir darepercussão delas, bem como da retratação feita por es-ses vereadores, a sociedade aprofunde o debate sobrepolíticas públicas para essa população.

Pedro Paulo Gonçalvesé técnico Cientista Social do Centro Nacional deDefesa dos Direitos Humanos da População em

Situação de Rua e dos Catadores de Materiais Recicláveis (CNDDH)

Declarações como essas alimen-tam a violência e até assassinatos à popula-ção em situação de rua ____________________________________“

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Ações atuais têm sido asso-ciadas aos tempos da ditaduracivil-militar. Não só leis antigasvoltaram a ser consultadas.Houve também a criação denovas normas de caráter re-pressivo. Nesta entrevista, o ad-vogado taiguara souza apontaos principais problemas dessasleis. Ele integra a Comissão Di-reitos Humanos da Alerj e éprofessor de direito penal doinstituto brasileiro de Mercadode Capitais (ibmec).

Como você avalia o enquadra-mento pela Lei de SegurançaNacional. Ela é adequada paraa situação dos manifestantes?

Essa lei é de 1983. Emboranão tenha sido revogada demaneira expressa, ela não foirecepcionada pela Constituiçãode 1988. Quando saímos de umregime de exceção para umasuposta democracia, aquela le-gislação anterior à nova Cons-

tituição, que demarca o Estadodemocrático de direito, entraem descompasso.

E a lei estadual que proíbemás caras nos protestos? Exis-tem pontos críticos?

O argumento é o de que, naConstituição, o direito de ma-nifestação é condicionado àrealização deste sem o anoni-mato. De fato, estabelece isso,mas esta liberdade de manifes-tação não coíbe um outro di-reito, que é o de liberdade dereunião. Outra questão é queesta lei remonta a prisão por

averiguação. isso é muito criti-cado porque, em um contextoem que a polícia militar temsido observada por condutasarbitrárias, essa condução podegerar mais arbítrios, ainda naviatura ou na delegacia. A leiainda trata de um conteúdoque tem influência no processopenal. A Constituição estabe-lece que, neste caso, essa legis-lação tem que ser de compe-tência federal e não estadual,como é o caso.

E qual é a sua posição sobre a Leide Organizações Criminosas. Éum enquadramento válido?

O objetivo é punir aqueleque integra uma associação, dequatro ou mais pessoas, que seorganiza de maneira estrutu-rada para a prática de crimescom o objetivo de ter vanta-gem. A intenção, portanto, écoibir milícias, facções, crimeseconômicos praticados porgrandes corporações. tentaramimputar aos manifestantes essaconduta, mas é necessário de-monstrar que eles praticaram ou

se organizaram para praticar cri-mes com pena de quatro anos.Em muitos casos, a autoridadepolicial declina da ideia e acabaaplicando o crime de formaçãode quadrilha, que é organizartrês pessoas ou mais para prati-car qualquer tipo de crime. Esseé outro arbítrio que busca tiraro foco das reivindicações, quesão legítimas, e criar o imaginá-rio de vândalos, criminosos, depessoas que deveriam ser pri-vadas de liberdade.

Qual deve ser o papel da polí-cia nas manifestações numEstado de direito?

Garantir direitos fundamen-tais de qualquer cidadão. Éclaro que, em uma situação decomprovada necessidade, elapode fazer uso moderado e pro-porcional da força, mas o quese tem observado é uma repres-são indiscriminada, com umavisão de que aquele cidadãoque está nos protestos é ini-migo, que deve ser combatido.

O que seria o uso proporcionalda força? Como a polícia deve-ria agir ao se deparar, por exem-plo, com a quebra de vidraças,o incêndio em lata de lixo?

Em nenhuma hipótese como uso de armas letais. O uso

moderado e proporcional dasarmas não letais, que temosclassificado como armas me-nos letais, pressupõe que, se omanifestante não está agindode forma violenta, não há ne-nhum motivo para receberuma reação violenta do apa-rato policial. Não justifica, as-sim, o uso de bala de borracha,de gás de pimenta, de bombade efeito moral.

Agora, se for constatado queele está praticando uma con-duta considerada criminosa, opolicial pode e deve agir, masjamais provocar lesões corpo-rais ou atingir partes sensíveisdo corpo. Mas, ao que parece,os policiais têm se direcionadocom uma sede de reprimir comviolência.

Isso tem alguma relação coma formação militar da polícia?

O treinamento de uma insti-tuição policial militar é voltadopara o combate, que pressupõea lógica da guerra. E, diantedisso, a ideia de que o outro ladotem direitos se torna frágil. Nãohá dúvida de que é preciso umareforma na polícia como umtodo, de maneira profunda, quepriorize a inteligência, a forma-ção e a capacitação. Enfim, quecoloque a ação policial em con-formidade com a Constituição.

04 | entrevista

Truculência da PM busca ocultarlegitimidade de protestos

Viviane Tavaresdo Rio de Janeiro (RJ)

Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 2013

Fellippo Brando

Para Taiguara, está mais do que na hora de se debater a desmilitarização da polícia

DESMILITARIZAÇÃO Para advogado, as polícias precisam passar por uma reforma profunda

Gabriel Telles

“O papel da polícia na democracia é garantir os direitosfundamentais dequalquer cidadão._________________

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O caos absoluto e omaior congestionamentoda história não acontece-ram. Mas quem usa trans-porte público percebeunos ponteiros do relógio etambém no bolso as con-sequências do fechamentodo Elevado da Perimetral.O trecho de 1,7 quilôme-tros ficará interditado parapassagem de qualquer veí-culo até 2016.

segundo dados de2012, da Pesquisa Nacio-nal por Amostra de Domi-cílios (Pnad), o Rio de Ja-neiro supera são Paulo notempo gasto no trajetocasa-trabalho-casa. Con-siderando as intervençõesno Elevado da Perimetral,os moradores da cidade edo entorno continuarãoperdendo horas precio-

sas. É o caso da moradorade são Gonçalo, Ana Paulados santos, de 25 anos, quetrabalha em um restau-rante japonês no Centro.

sua jornada começa às4h30 para chegar ao tra-balho que inicia às 7h enão tem hora para acabar.“se não fosse o trânsito,

eu poderia sair de casa às6h, mas tenho que estarno ponto de ônibus, nomáximo, às 5h”, conta AnaPaula. O pior momentodo dia, segundo ela, sãoas filas gigantescas que seformam na Praça XV aofinal do expediente. “Otransporte poderia ser mil

vezes melhor, o que maisme deixa indignada é asuperlotação. Deveriamcolocar mais ônibus emais barcas”, disse a tra-balhadora.

Com a derrubada doElevado da Perimetral,dois milhões de usuáriosde ônibus intermunici-

pais, que se deslocamdiariamente para o Cen-tro, serão os maiores pre-judicados. Para contornaro atraso, uma das únicasalternativas será arcarcom o custo da passagemde metrô.

Este é o atual dilema doestudante de História da

Universidade Federal Flu-minense (UFF) Rafael li-meira, de 22 anos, mora-dor de Anchieta, na zonanorte. “Pego ônibus parapoupar dinheiro porque

metrô é muito mais caroe tem um grande impactono meu orçamento. Pordia é uns R$ 5 reais a mais”,estima o estudante. “Masna segunda-feira nem ou-sei pegar ônibus e fui di-reto para o metrô”, contou.

Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 2013 cidades | 05

Derrubada da Perimetral complica mais o transporte

Vivian Virissimodo Rio de Janeiro (RJ)

Pablo Vergara

Dois milhões de passageiros utilizam ônibus intermunicipais diariamente para chegar ao Centro do Rio

Metrô, trens, barcas eônibus registraram au-mento significativo dademanda ao longo da se-mana. isto porque parteda população atendeu aopedido da prefeitura edeixou o carro em casa.Mesmo assim, extensasfilas de automóveis se for-maram no horário maiscrítico: das 7h30 às 10h.

No total, a prefeitura es-timou um acréscimo de30% no tempo para che-gar ao Centro.

Os reflexos ainda estãosendo mensurados, masos números divulgadospelas concessionárias su -per Via, CCR barcas, Me-trô Rio e Riô Ônibus dãodimensão do impacto damedida.

Nos trens, foram regis-trados 23 mil embarquesacima da média diária,

que é de 570 mil passa-geiros. Mesmo com o re-forço de nove trens, a su-perlotação foi aindamaior que o de costumeno horário de pico. O me-trô aumentou a ofertaem 10 mil lugares diáriospor linha e por sentido.

Nas barcas há maisdois mil lugares, de11.800 para 13.800. Des-de a semana passada, afrota de ônibus no Riocresceu em 10%.

Transporte público de qualidade ainda é desafioPrefeitura estima aumento de 30% no tempo de deslocamento

do Rio de Janeiro (RJ)

Orlando dos santos Jr,do instituto de Pesquisae Planejamento Urbano eRegional (ippur), criticoua derrubada da Perime-tral. O pesquisador argu-menta que o projeto nãofoi discutido democrati-camente com a socie-dade. “Vai exigir muitosacrifício da população eainda não podemos ga-

rantir que esses investi-mentos vão se reverternuma estrutura de mobi-lidade urbana mais efi-ciente”, disse. “Há muitosfatores incertos, como aquantidade de pessoasque o metrô e o Vlt (Veí-culo leve sobre trilhos)vão transportar, entre ou-tros”, explicou Orlando.

Um dos pontos frágeisdos projetos de mobili-dade urbana, avalia opesquisador, é o de não

enxergar o município doRio como um polo metro-politano, desconside-rando a baixada flumi-nense, Niterói e sãoGonçalo. “Os investimen-tos estão concentrados nazona sul e na barra, coma linha 4 do metrô, e nazona portuária. isso podeter consequências per-versas para os trabalha-dores no deslocamentopara área central”, acres-centou.

Melhoria na mobilidadeainda é incertaInvestimentos são concentrados nas zonas sul e portuária

do Rio de Janeiro (RJ)

MOBILIDADE Fechamento não causou um nó no trânsito, mas revelou precariedade do sistema de transporte público

“Rio de Janeiro supera são Paulo no tempo gasto no trajeto casa-trabalho-casa_______________

Page 6: Brasil de Fato RJ - 027

Marleila também cri-tica o populismo apli-cado em políticas de de-senvolvimento das fa ve las.“Aqui na Rocinha preci-samos de tanta coisa,como saneamento bá-sico, asfalto nas ruas e lu-gar de lazer para as crian-ças, e governo quer cons -truir um teleférico quecustará milhões de reais.A quem vai beneficiaresse teleférico? A poucosmoradores da parte decima, mas principalmen-te os turistas. Essa é umaobra turística. E nós, osmoradores, como fica-mos?”, questiona ela, quenasceu e sempre viveuna Rocinha.

A ausência do Estado ea precariedade nos servi-ços públicos como saúde,educação e segurança

ain da são lacunas queprecisam ser preenchidasnas favelas brasileiras. Osserviços de banco tam-bém são quase inexisten-tes. “Cerca de 52% dosmoradores de favelasprecisam sair do localonde vivem para pagarsuas contas. Estamos fa-lando de um universo de6 milhões de pessoas”,afirma Renato Meirelles.

Além disso, 59% doshabitantes de favelas nãotêm conta corrente e 65%não possuem cartão de

crédito. “Quando perce-bemos que a prática in-formal do fiado ainda é aprincipal forma de paga-mento é porque algumacoisa no sistema finan-ceiro está mal”, destacaMeirelles. Para Celso At-hayde, “o sistema econô-mico segue ignorandoessas pessoas, não as re -conhece como consumi-dores. O modelo empresa-rial brasileiro é arcaico enão tem sustentabilidade”.

Hoje as favelas brasi-leiras movimentam cercade R$ 63,8 bilhões.

segundo o ibGE, pelomenos 11,7 milhões debrasileiros vivem nessasco munidades. se fosseum estado, seria maiorque a população do RioGrande do sul e o 5.º maispopuloso do país. Outrodado interessante doData Favela é a média sa-larial, que é de R$ 910.

Cerca de 50% dos mora-dores das favelas tra-balham de carteira assi-nada, o que significaes tabilidade financeira

e acesso ao crédito. Ametade das casas temtV de plasma ou delCD, computador e mi-cro-ondas.

As favelas brasileirasmudaram. É o que apon -ta o instituto de pesquisaData Favela, criado peloempresário Renato Mei-relles e por Celso Athayde,fundador da CentralÚnica das Favelas (Cufa).Os dados, divulgadosnesta segunda-feira (4),mostram que a classe mé-dia desses bairros popu-lares praticamente do-brou nos últimos 10 anos.Em 2003, apenas 33% dosmoradores de favelas seenquadravam na classemédia, hoje esse percen-tual é de 65%. O cenário

se inverteu e classe baixa,que representava 65% em2003, caiu para 32%. Já opercentual da classe altapermaneceu estável: 2%em 2003 e 3% em 2013.

Por outro lado, a iné-dita pesquisa também

mostra que “a pobreza nobrasil tem idade, cor eveste saia”, afirma Meirel-les. A mulher jovem e ne-

gra é a que maissofre situação depobreza. Do totalde lares, 40% sãochefiados pormulheres e 20 %deles por mãessolteiras.

Para a mora-dora da RocinhaMarleila Nasci-mento, de 53 anos,essa situação éuma consequên-cia da sobrecargade trabalho. “Ho -je trabalhamosfora para ajudar no sus-tento da família, mas osafazeres que realizamosem casa não são reconhe-cidos. trabalhamos mui-tas ho ras por dia de graça.

to do esse cuidado com acasa, os filhos e o maridoé pelo amor sentimos poreles, mas a sociedade seaproveita desse amor”, ex-plica Marleila, mãe dequatro filhos, casada há

20 anos, e babá de trêscrianças. Justamente porisso a mulher representauma figura emblemáticana favela, sendo tambéma base da pirâmide social.

Nos últimos 10 anos, favelasmudam de status socialPESQUISA Classe média praticamente dobrou, mas problemas sociais persistem

Fania Rodriguesdo Rio de Janeiro (RJ)

Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 201306 | cidades

FATOS EM FOCO

Manutençãono Sistema da Cedae

A Cedae fará, nestaquinta-feira (8), umamanutenção preventivano sistema imunana-la-ranjal. A ação faz partedo programa de prepara-ção para o verão e afe-tará os moradores de Niterói, itaboraí, sãoGonçalo e ilha de Pa-quetá. segundo a em-presa, o serviço duraráaproximadamente 12horas, porém a regulari-zação do abastecimentopoderá levar até 72 horas.

Vila Autódromo

Nesta quinta-feira (7),moradores da Vila Autó-dromo, na zona oeste,vão realizar um ato con-tra as remoções. Eles de-nunciam que o prefeitoEduardo Paes (PMDb)tenta desarticular a mo-bilização dos que lutampara permanecer na co-munidade. A concentra-ção dos que irão até asede da prefeitura, ondeserá realizada a manifes-tação, acontece a partirdas 13h, em frente à As-sociação dos Moradorese Pescadores da Vila Au-tódromo.

Médicas Cubanas

Após um mês em treina-mento, duas médicas cu-banas foram conhecer aUnidade de saúde emque irão trabalhar, emPalmeirinha, MarechalHermes. Elas integram asegunda leva, compostapor 65 especialistas es-trangeiros, do programa“Mais Médicos”. Essesprofissionais atuarão emáreas onde a maioria dosmédicos se recusa a tra-balhar. Eles aguardam alicença do Ministério dasaúde para começarema atender.

Estado ignora necessidades da RocinhaPRIORIDADES Moradora reivindica saneamento básico e critica teleférico

do Rio de Janeiro (RJ)

“40% dos lares em favelas sãochefiados pormulheres______________

Pablo Vergara

Favela da Rocinha, na zona sul carioca

Apesar da ascensãosocial e do acesso a bensantes limitados às classesmais ricas, muitas coisasainda precisam avançar.“Quando vamos a umaclínica médica particulare falamos que moramosna Rocinha logo tratamde dar uma desculpa para

não nos atenderem. Jávi isso acontecer comminha vizinha. É muitotriste”, conta Marleila Nas -cimento.

O Data Favela destacaque 60% afirmam quejá sofreram algum tipo depreconceito e discrimi-nação por morarem emfavela. Entre os jovens,65% já foram revistadospela polícia.

Favela ainda sofrediscriminação

do Rio de Janeiro (RJ)

60% afirmam que já sofreram algum tipo de preconceito

Marleila Nascimento

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Serviçopúblico

Centrais e entidades deservidores públicos fa-zem nesta quinta -feira(7) uma manifestaçãoem brasília para impe-dir a votação do ante-projeto do senador Ro-mero Jucá (PMDb/RR),prevista para às 11h30.O texto proíbe a greveem algumas áreas doserviço público e limita,entre 50 a 80%, as para-lisações em outras.

Paralisaçãona EBC

A partir das 16h destaquinta-feira (7), os tra-balhadores da Empresabrasil de Comunicação(EbC), vinculada ao go-verno federal, entramem greve. A paralisaçãofoi aprovada em assem-bleia nacional, quecontou com a participa-ção, via videoconferên-cia, de mais de 600 pro-fissionais de brasília,são Paulo, Rio de Ja-neiro e são luís. A pro-posta da EbC foi rejei-tada por não satisfazeras necessidades dosfuncionários.

Sindicatos em debate

Na próxima segunda-feira (11), a livraria An-tonio Gramsci promoveo lançamento do livro“Novo sindicalismo Nobrasil – Histórico deUma Desconstrução”, dohistoriador teonesFrança. O evento co-meça às 18h30 e contarácom um debate entre oautor e o coordenadordo Núcleo Piratiningade Comunicação (NPC),Vito Giannotti, um dosmaiores especialistasem história do sindica-lismo do brasil. A livra-ria fica na Rua AlcindoGuanabara, 17, térreo,no Centro.

Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 2013 cidades | 07

SINDICAL

Da Avenida brasil atésua casa, Valnei dos san-tos da silva, o Mc succo,segue por uma movimen-tada rua da Nova Ho-landa, no Conjunto de Fa-velas da Maré.

O jovem, de 25 anos,cruza por ambulantesque vendem variadosprodutos, de frutas a rou-pas íntimas. tambémpassa por dezenas decrianças brincando. Amaioria da população alié negra.

É em territórios de pe-riferia como esse ondeocorre a maior par te dosassassinatos de jovens nopaís e no Rio de Janei ro,reforça a campanha “Ju-ventude Marcada Para Vi-ver”, que será lan ça da nopróximo domingo (10),no Parque de Madureira.

Das 1.418 pessoas de

15 a 29 anos assassinadasno estado, 76% eram ne-gras. isso representa maisde três jovens mortos acada dia. “Os númeroschocam, mas queremossensibilizar pela vidamos trando que a favela éum lugar de potência.Que nela se conseguecriar. As pessoas não sejuntam apenas pela tris-teza, forçada por esse Es-tado irresponsável, mastambém pela alegria”,destaca Eduardo Alves,da direção do Observató-rio das Favelas. A organi-zação, junto a parceiros,promoverá a campanhapor meio da Escola Popu-lar de Comunicação Crí-tica (Espocc).

Mc succo, que integraa iniciativa, critica a ideiade que necessariamente“o jovem morre porqueestava fazendo algo er-rado no lugar errado”.

“Não é isso, não é jus-tificativa. se morre na fa-

vela, que é um local demoradia. A gente tem ummun do de possibilidades,se a gente tiver oportuni-dade”, frisa.

“sou como um livrosendo escrito, sem páginamarcada. Mas, meu maiorincentivo é não virar folha

destacada”, diz um trechoda mais nova música desucco. Ao falar sobre aquestão, se recorda doprimo. “Ele era traficantee morreu há dois anos.Não consigo só olhar umlado da coisa, sabe? Vocêaté tem um nível de esco-

lha, de ir ou não para otráfico. Agora, eu pergun -to: vai ficar vivo para se-guir outro caminho? lu -to para fazer por mim oque ninguém mais faz:se guir com minha vida.Foi o que ele não conse-guiu”, desabafa.

Desde pequeno, o pri -mo de succo trabalhavacarregando sacolas no su-permercado. Quan doesse serviço já não geravarenda suficiente, ele seafastou da escola, aindaadolescen te. “Começou aroubar e foi preso, passouum ano na cadeia. Quan -do saiu, não conseguiaemprego. Foi quando en-trou para o tráfico comouma forma de ter uma

grana imediata”, relata.segundo succo, já no

camburão, em meio auma discussão, seu primofoi executado com umtiro na cabeça. “Notifica-ram como auto de resis-tência, como se tivessemorrido numa troca de ti-ros. Mas já estava ren-dido, algemado e semarma. Morreu ali e fim depapo”, afirma.

succo também cole-ciona episódios de vio-lência e racismo, vividosdentro e fora da favela.

“são momentos de quasemorte. Não queremosmais histórias tristes. Éimportante que a juven-tude negra esteja viva paracontar outros tipos de his-tória”, expõe. (GR)

No RJ, 76% dos jovens assassinados são negros

Gilka Resendedo Rio de Janeiro (RJ)

MOBILIZAÇÃO Campanha exige ações para redução de letalidade no estadoLéo Lima

“Juventude marcada para viver” será lançada no domingo (10), em Madureira

Marco André, coordena-dor nacional do Círculo Pal-marino, explica que desdesua criação, em 1809, a po-lícia militar já servia como“capitão do mato institucio-nal”. “As atuais estatísticasde extermínio deixam evi-dente que a corporação se-gue cumprindo um papelque exacerba suas origensracistas”, critica.

Para ele, a questão racialultrapassa a social. “Os me-nores salários são os dosnegros, essa é principal-mente uma questão de

clas se. Mas o racismo ultra-passa isso. Meu filho foi umdos detidos nas manifesta-ções. Ele é morador da zonasul. Do grupo levado juntocom ele, apenas ele era ne-gro e foi o único que apa-nhou”, exemplifica.segund -o advogado, um pontoinicial para mudar essa rea-lidade, “que também é umreflexo do autoritarismo daditadura militar”, seriadesmi litarizar as polícias.“Elas deveriam ter um pa-pel de proteger e não o deoprimir”, salienta. (GR)

Segurança pública reproduzracismo institucional

Juventude negra viva paracontar novas histórias

do Rio de Janeiro (RJ)

Succo sonha com menos episódios tristes nas favelasPara advogado, questão racial vai alémda desigualdade social

Mc Succos integra a iniciativa

Pablo Vergara

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Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 201308 | cidades

Cerca de 70 policiaismilitares lotados na Uni-dade de Polícia Pacifica-dora (UPP) da Rocinha,na zona sul do Rio, co-meçaram a ser substituí-dos nesta segunda-feira(4). segundo o comandodas UPPs, a medida foi to-mada a pedido dos pró-prios policiais e a trocaserá feita de forma grada-tiva durante a semana. Aunidade da Rocinha, on -de trabalham cerca de700 PMs, tem o maior efe-tivo entre as UPPs.

O número de policiaisna UPP da Rocinha nãoserá alterado, haveráapenas a troca de partedo efetivo por policiais

de outras unidades dazona sul. são elas: santaMarta, Chapéu Manguei -ra/babilônia, Pavão-Pa-vãozinho/Cantagalo, la-deira dos taba jaras/Mor ro

dos Cabritos e Vidigal."A maioria dos poli-

ciais que serão movi-mentados de unidadepediu para ser transferidaporque estava desmoti-

vada devido ao episódioda morte do ajudante depedreiro Amarildo desouza”, informa a asses-soria da UPP. “Outros se-rão trocados por indica-

ção da comandante daUPP Rocinha, major Pri-cilla Azevedo. Os policiaiscontam com acompa-nhamento de psicólogose o motivo apresentadopor eles foi essa desmo-tivação e não um abalopsicológico. Eles tambémnão informaram teremsofrido qualquer tipo deameaça de traficantes dacomunidade", acrescentao comunicado da asses-soria. No dia 14 de julho,o ajudante de pedreiro foilevado por policiais daUPP para averiguação atéa base da unidade e de-sapareceu. Até agora, 25policiais militares foramindiciados, acusados departicipação na tortura emorte de Amarildo.(Agência Brasil)

PMs da UPP da Rocinhavão ser substituídosPM Maioria pediu para ser transferida devido ao episódio da morte de Amarildo

FATOS EM FOCO

Atendimentoem agênciasbancárias

Nesta quarta-feira (6),a secretaria de Estadode Proteção e Defesado Consumidor deuinício à operação “tioPatinhas”. trata-se deum esforço para fiscali-zar o atendimento aosclientes nos bancos econscientizar os cor-rentistas sobre seus di-reitos. Em seu primeirodia, os fiscais vistoria-ram 24 agências, sele-cionadas de acordocom denúncias enca-minhadas ao Ministé-rio Público (MP).

Pedido de Desculpa

Durante o lançamentoda cartilha “Cidadãocom segurança”, que es-tabelece regras de con-duta nas abordagens po-liciais no Rio de Janeiro,o coordenador da UPPda Rocinha, CoronelFrederico Caldas, pediudesculpas à família deAmarildo de souza. Eledeclarou, ainda, que oocorrido foi um absurdo,algo inaceitável e inad-missível. O ajudante depedreiro foi torturado emorto. PMs da UPP sãoacusados.

Justin Bieber

Justin bieber foi fla-grado, na madrugadadesta terça-feira (5), pi-chando o muro do an-tigo Hotel Nacional emsão Conrado. Uma foto,que circulou pela inter-net, mostra policiais daUPP da Rocinha sendoconiventes com o ato, si-tuação diferente da vi-vida por pichadores me-nos famosos. O 23obatalhão da Polícia Mili-tar do leblon abriu umasindicância para apuraro caso.

do Rio de Janeiro (RJ)

Consumidores resi-denciais da light terãoaumento de 4,68% na ta-rifa a partir desta quinta-feira (7). Os novos valo-res foram estipuladospela Agência Nacionalde Energia Elétrica(Aneel). Para as indús-trias, haverá queda de1,01% nas tarifas. A lightatende a cerca de 4 mi-lhões de unidades con-sumidoras em 31 muni-cípios do Rio de Janeiro

O aumento foi dura-

mente criticado por JoãoRicardo de Mattos sera-fim, diretor de Mídia daFederação das Associa-ções de Moradores doRio (Famerj). Ao contrá-rio do que afirma a An-nel, ele contesta a infor-mação divulgada pelaagência que audiênciapúblicas foram realiza-das para debater o as-sunto. “Audiência pú-blica tem que terpúblico. A Aneel abriuapenas uma consultapública na internet”,disse serafim.

Em setembro, a agên-cia marcou uma audiên-cia pública presencial,

que foi cancelada com oargumento que não ha-

via garantia de segu-rança para realização."Na ocasião o site daAneel apontava uma re-dução nas contas dalight. Venceu o con-chavo e veio aumento”,argumenta serafim.

Light: consumidores pagarão tarifa mais cara ENERGIA Annel determinou aumento da energia que passará a vigor a partir desta quinta (7)

da Redação

Moradores de 31 municípios do Rio gastarão mais com energia

Desmotivação foi a causa apresentada pelos PMs

Tania Rego/ABr

Pablo Vergara

““Audiência públicatem que ter pú-blico. só houveconsulta virtual______________

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Os dados recentes po-deriam ser festejados, jáque a economia brasileiraé a sétima do mundo e,em alguma medida, issose reverteu em mudançasocial. Mas, ao seguir à ris -ca um modelo de desen-volvimento excluden te, opaís se expõe a um ve-xame quando se verifica apersistência da fome emalgumas regiões. O Nortee o Nordeste, por exem-plo, apresentam quadrosde insegurança alimentarincompatíveis com a ri -que za nacional. Nessageografia da fome atual,exis tem territórios em quepopulações vivem situa-ções gravíssimas, comoafirma Francisco Mene-

zes, pesquisador do ibase:“Eu diria que os que es-

tão em pior situação atual-mente são os indígenas.Em muitas regiões, perde-

ram suas terras (com ache gada da soja, cana, etc),foram muito violentadosem sua cultura e vivem si-tuações de calamidade, àsquais o Estado pouco ou

nada contribui. Ainda semorre de fome no brasil”,diz Menezes.

Na terra indígena Go-vernador, no município deAmarantes, a 700 km dacapital maranhense, o pro -blema da fome está asso-ciado ao conflito com la-tifundiários do agro ne gó-cio e, consequentemente,à dificuldade de acesso àterra. segundo JoaquimCardoso, morador da tide Governador e membrodo comitê gestor da Fun-dação Nacional do Índio(Funai), há muitos indíge-nas sofrendo por escassezde alimentos: “A falta deaces so à terra no país é umadas causadoras da fome.sem regularização de ter-ras, o governo deixa que asbatalhas continuem”, con-tou Joaquim.

A professora sandraMaria Chaves dos san-tos, da Escola de Nutri-ção da Universidade Fe-deral da bahia, afirmaque os dados dos últimos20 anos deixam clara a di-minuição da fome do país,mas isso não é justifica-tiva para deixar de com-batê-la. Ela estuda o temana região Nordeste e afir -ma que, em sergipe, porexemplo, hou ve melhora.Mas a insegurança alimen-tar continua grave em ou-tros estados.

– E como serão os re-sultados do próximo cen -so do ibGE em relação àfome, levando-se em con -ta que a seca da região já

dura quase três anos? –ressalta ela.

No Vale do Jiquiriçá, aprofessora fez uma pes-quisa com base na Escalabrasileira de insegurançaAlimentar (EbiA) e de umquestionário. O resultadoé que, de 2.002 domicílios,constatou-se insegurançaalimentar em 70,3%, compredomínio da inseguran çagrave e moderada (36,0%)em nove municípios.

“Há que se chamar aten -ção quanto às estatísticasdo Censo de 2010. Em-bora tenha havido uma re-dução importante da fo -me, o que se vê nos dadosé a manutenção das de-sigualdades regionais. Opro blema é estrutural”, dizsandra. (Canal Ibase)

Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 2013 brasil | 09

5 mortes por dia

levantamento feito pelaEscola de Direito daFGV, apresentado noFórum de segurançaPública, na terça-feira(05), mostra que açãopolicial mata 5 por diano brasil. Apenas noano passado, as políciascivis e militares em con-fronto provocaram amorte de pelo menos1,89 mil pessoas nopaís. A pesquisa apontaainda que mais de 70%dos entrevistados nãoconfiam na polícia.

Sal nos alimentos

Documento assinadoterça-feira (5) pelo Mi-nistério da saúde e aAssociação brasileiradas indústrias da Ali-mentação (Abia), preveredução de sal nos ali-mentos industrializa-dos. laticínios, embuti-dos e sopas prontasentraram na lista de ali-mentos que devem so-frer redução de sódio,porque o consumo ele-vado é um dos causado-res de hipertensão arte-rial. A meta nacional éretirar 28 mil toneladasde sódio de alimentosaté 2020.

Internet

A votação do Marco Ci-vil da internet foiadiada mais uma vezpela Câmara dos Depu-tados nesta terça-feira(5). Existe uma polê-mica em torno do texto,que visa democratizarinternet. O projeto, quetramita em regime deurgência foi adiado pela segunda semanaseguida e tem previsãode votação a partir da próxima segunda-feira (11).

FATOS EM FOCO

A chegada de uma mi-neradora a uma regiãopróxima a um quilombonos arredores da cidadede Goiânia mudou a ro-tina dos moradores. Elessonharam com empregos,mas poucos se concretiza-ram. A disputa pela terrase acirrou, o espaço paraplantar diminuiu. O jeitopassou a ser comprar co-mida. Os modos de vidase alteraram, as relações

foram atropeladas. E, co -mo resultado, as comuni-dades vivem hoje uma no -va tragédia: em troca dealimento, há famílias queoferecem até suas filhas aoperários da mineração.A prostituição infantil pas -sou a ser uma triste reali-dade no quilombo.

A denúncia foi feita noFórum brasileiro de se-gurança e soberania Ali-mentar (FbssAN), emjunho, pelo Grupo deMu lheres Negras Malun -ga. Desde então, de acor -do com a organização,nada mudou e a situação

só se agrava. O caso seperde em meio a outrosque se multiplicam brasilafora, invisíveis frente àeuforia das estatísticas

que mostram a reduçãoda fome em nível nacio-nal. segundo a ONU paraAlimentação e Agricul-tura (FAO), o número de22,8 milhões de pessoas

em 1992 com fome caiupara 13,6 milhões em2012. A mudança foi sig-nificativa, pois, em 1990,15% dos bra sileiros passa-vam fome. Hoje, são 6,9%.

“Ainda se morre de fomeno Brasil”

Camila Nobregae Rogério Daflon

do Rio de Janeiro (RJ)

do Rio de Janeiro (RJ)do Rio de Janeiro (RJ)do Rio de Janeiro (RJ)

DESIGUALDADE Mesmo com avanços sociais, fome persiste em algumas regiões

Marcello Casal Jr/Abr

Indígenas: difícil acesso à terra

Indígenas são o maior grupode risco do país

Elza Fiuza/Abr

Problema está associado ao conflito com latifundiáriosdo agronegócio

Insegurança alimentar ainda égrande no nordeste

“Regiões Norte e Nordeste apre-sentam quadrosde fome incom-patíveis com a riqueza nacional______________

Nos últimos 20 anos, apenas Sergipeapresentou melhora

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Na contramão das gran-des potências, a situaçãoeco nômica e social da Amé -rica latina melhorou. Entre2010 e 2011, 57,1% da po-pulação dos países da re-gião estava empregada, umponto percentual a maisque em 2007, último levan-tamento antes da crise fi-nanceira internacional.

Com o aumento do tra-balho assalariado, cres-ceu também a classe mé-dia. Na comparação entre1999 e 2010, a populaçãodentro do grupo socialcresceu 15,6% no brasil e14,6% no Equador.

No entanto, a Oit des-taca que a região ainda en-frenta como desafios a de-sigualdade social, maiorque a média internacional,e o emprego informal. Amédia da região é de 50%,sendo que em países maispobres, como bolívia, Perue Honduras, supera os70%. (DC)

Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 201310 | mundo

Cinco anos depois doinício da crise econômi -ca mundial, marcada pelaquebra do banco lehamnbrothers, os indicadoresfinanceiros seguem apon -tando para uma concen-tração da riqueza no mun - do. De acordo com o re -latório "Credit suisse 2013Wealth Report", um dosmapeamentos mais com-pletos sobre o assunto, 0,7%da população concentra41% da riqueza mundial. 

Em valor acumulado, ariqueza mundial atingiu

em 2013 o recorde de to-dos os tempos: Us$ 241trilhões.

se este número fossedividido proporcional-mente pela populaçãomundial, a média da ri-queza seria de Us$ 51.600por pessoa. No entanto,não é o que acontece.

A Austrália é o paíscom a média de riquezamelhor distribuída entreas nações mais ricas doplaneta. Apesar de ser opaís mais rico do mundoem termos de Pib (Pro-duto interno bruto) e ca-pital produzido, os EUAtêm um dos maiores ín-dices de pobreza e desi-

gualdade do mundo. sedividida, a riqueza seria,em média, de mais deUs$ 110 mil dólares. Noentanto, é atualmente deapenas Us$ 45 mil dóla-res – menos da metade.

Entre os países compatrimônio médio de Us$25 mil a Us$ 100 mil, sedestacam emergentesco mo Chile, Uruguai,Portugal e turquia. NoOrien te, Arábia sau dita,Ma lásia e Coreia do sul.A líbia é o único país docontinente africano nestegru po. A África, aliás, con-tinua com o posto de con -tinente com a menor ri-queza acumulada.

Mesmo com o cresci-mento da riqueza mun-dial, a desigualdade so-cial continua com índiceselevados. Os 10% mais ri-

cos do planeta detêmatualmente 86% da rique -za mundial. Destes 0,7%tem posse de 41% da ri-queza mundial. 

Desigualdade: 0,7% detêm 41% da riqueza mundialPESQUISA PIB mundial atinge maior valor da história, mas divisão segue desigual

A organização diz queo número de pobrescresceu entre 2010 e 2011em 14 das 26 economiasdesenvolvidas, incluindoEUA, França, Espanha eDinamarca. Nos mesmospaíses, houve forte au-mento do desempregode longa duração e a de-terioração das condiçõesde trabalho. 

Em contrapartida, en-tre os países do G20, o lu-cro das empresas aumen-tou 3,4% entre 2007 e2012, enquanto os salá-rios subiram apenas 2,2%.

segundo informaçõesda imprensa europeia,na Alemanha e em HongKong, os salários dospresidentes das grandesempresas chegaram aaumentar 25% de 2007 a2011, chegando a ser de150 e 190 vezes maioresque o salário médio dostrabalhadores do país.Nos Estados Unidos, essaproporção é de 508 vezes.

Em todo o mundo, aorganização afirma quehá mais de 200 milhõesde desempregados. A ex-pectativa é que, ao final de2015, esse número cheguea 208 milhões. (DC)

Mundo tem 200 milhões dedesempregadosLucro das empresas aumenta 3,4%entre 2007 e 2012

de são Paulo (sP)

América Latina: desigualdade é maiorque média mundial

de são Paulo (sP)

Os 10% mais ricos detêm 86% da riqueza mundial

Dodô Calixtode são Paulo (sP)

Pablo Vergara

Trabalho assalariado aumenta, mas emprego informal ainda é desafio

FATOS EM FOCO

Os pesquisadores daCredit suisse tambémfizeram uma projeçãosobre o crescimentodos milionários nospróximos cinco anos.Polônia e brasil, com89% e 84% respectiva-mente, são os paísesque mais vão multipli-car seus milionários até2013. No mesmo pe-ríodo, os EUA terão umaumento de 41% do nú-mero de milionários, oque representa cerca de18.618 de pessoas como patrimônio acima de1 milhão de dólares.(Opera Mundi)

Milionáriosdo Brasil

“Riqueza atingiu o recorde detodos os tempos:Us$ 241 trilhões______________

Venezuelacondena espionagem

Na última terça-feira (5),a Venezuela condenou aespionagem dos EstadosUnidos ao seu país. Afir-mou ainda ser inaceitá-vel a intromissão norte-americana não só ao seu governo, como também a qualquer go-verno do mundo. No fi-nal de outubro, o Merco-sul já havia demonstradodesaprovação diante daespionagem global realizada pelos EUA.

Arquivossecretos da ditadura

A Argentina divulgou, na última segunda-feira(4), que foram encontra-dos arquivos secretos daditadura militar no país(1976-1983). Dentre osdocumentos foi encon-trada uma “lista” de ar-tistas e personalidadesda sociedade argentinaconsiderados como “perigosos ao regime”.No total, são 1.500 docu-mentos inéditos, 280 de-les com as transcriçõesde gravações das reu-niões da Junta Militar.

ACR pede cessar-fogo no Congo

O Exército Revolucioná-rio do Congo (ACR, siglaem inglês) anunciou,nesta segunda-feira (4),o fim da rebelião no país.Desde abril de 2012 emcombate, o Movimento23 de Março (M23) co-municou a pretensão decolocar um fim na rebe-lião e tentar uma resolu-ção, por meios políticos,das profundas causasque levaram ao movi-mento. Representantesda ONU haviam pedidoo fim do conflito na se-mana passada.

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Não fosse a falta dobonde, a ida ao bairro desanta teresa seria umavia gem completa no tem -po. lá, a antiguidade docenário e do repertório daroda de samba do Mer-cado das Pulgas se mis-tura ao jovem público e àoriginalidade do gruposambalangandã, que co-memorou cinco anos nosábado (2).

Os frequentadores daroda, que acontece nolargo dos Guimarães, nãotêm a metade da idade demuitas daquelas músicas.A maioria aprendeu agos tar de samba no mo -vimen to de retomada does tilo na última década.

ijexá, jongo, samba can-ção, sam ba de breque,afro samba e partido alto

são alguns dos estilos le-vados pelo grupo nascidoali mesmo.

"Gostamos de desco-brir músicas diferentesde sambistas renomadosou não. Mesclamos can-

ções 'lado b' com outrasmais conhecidas, e o públi -co daqui é atento e gosta

de experimentar", afirma oviolinista lúcio Rodrigues.

O samba começa, ge-

ralmente, ao cair da tarde,no quintal de um antigocasarão. Aulas de capoei -

ra, dança, feira de antigui-dades e um sebo de livrossão algumas das atraçõesdo local. O sambalangan -dã tem seu espaço fixo naprogramação, todo o pri-meiro e terceiro sábados domês, a partir das 19 horas.

A história do samba-langandã teve seus per-calços. "Revezávamos comoutro grupo a cada quin -ze dias. lembro que 20pes soas vieram na pri-meira roda. Era conheci -do como 'samba do cha - péu', pois ao final pas sá-vamos o chapéu reco-lhendo doações", relem-bra o músico André Ja-maica, um dos pre cur soresda roda.

Naquele sábado de ce-lebração, as lembrançasderam o tom da apresen-tação. O bom humor ca-racterístico de quem vive

de samba, como gostamde enfatizar, fez com queas dificuldades fossemsuperadas. "Não tínha-mos violão fixo na roda.Em um carnaval, o violi-nista que tínhamos con-

tratado literalmente apa-gou depois de beber to das.tivemos que buscar ou-tro músico no bloco Ca-rioca da Gema, que che-gou fantasiado de mu lher",ri o músico Chico Alves.

O sambalangandã sefirmou e ganhou a alcu-nha sonora que hoje já éreconhecida entre os sam -bistas. bira da Vila, toni-nho Geraes, Moises Mar-ques e Eugênia Rodriguessão alguns dos nomes quefrequentam a roda. Atual-mente, de forma rotativa,mais de 600 pessoas pas-sam pelo local em dias desamba. A formação atualdo grupo tem os músicoslúcio Rodrigues, violão 7cordas; André Jamaica eChico Alves, nas vozes;Fabricio Vinhas, no ca-vaco; leo Careca, na per-cussão; Vitor Oliveira, nopandeiro; e Edgar Araujo,no surdo. (GA)

Atualmente o grupo se organiza para lançar oprimeiro CD, com sambas de levada mais tradi-cional. No entanto, sua produção é fruto de umatécnica bem moderna de captação de recursos: ofinanciamento coletivo pela internet. A divulgaçãoda 'vaquinha virtual' era feita ali mesmo na rodade samba.

O álbum, intitulado Fuzuê, está em fase de mi-xagem e masterização para lançamento em breve.O repertório é autoral e traz, principalmente, com-posições de Chico Alves, mas também de AndréJamaica, Edgar Araujo e Fabricio Vinhas. Entre asmúsicas de Chico Alves, está 'Caninana', parceriacom Marco Pinheiro, já cantada de cor pelo públicoda roda. Outra canção, o partido alto 'longa espera',é de co-autoria de zorba Devagar, compositor jágravado por Paulinho da Viola, entre outros.

O disco conta ainda com as participações doscantores Andreia Dutra, simone leal e RonaldoGonçalves e dos instrumentistas Rafael Malmite,Glauber seixas, Fernando Guedes. (GA)

Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 2013 cultura | 11

Sambalangandã: antigo e novose misturam em Santa Teresa

De forma rotativa, mais de 600 pessoas passam pela roda de samba

Grupo era conhecido como “Samba do chapéu”

Músicos vãolançar CD

SAMBA Grupo completou cinco anos no último fim de semana no Mercado das Pulgas

Lembranças deram o tom no aniversário do Sambalangandã

Roda de Samba do Mercado das Pulgas

Quem toca: SambalangandãLocal: Largo dos Guimarães,Santa TeresaPreço: R$ 10Dias: Primeiro e terceirosábados do mêsHorário: das 19h à meia noite

SERVIÇO

Gabriel Araujodo Rio de Janeiro (RJ)

Pablo Vergara

do Rio de Janeiro (RJ)

Pablo Vergara

Roda mescla canções "lado B" com outras conhecidas

“O samba começa,geralmente, aocair da tarde, noquintal de um casarão no largodos Guimarães______________

Álbum é financiado por “vaquinha”

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FESTIVAL NORDESTINO Esta quinta-feira (07), temFestival de Comidas Nordes-tinas, leitura e Forró naArena da Penha. Além doshow do “trio Rapaicuia, acampanha “Paixão de ler”

realizará uma mesa literáriacom o biógrafo Jackson doPandeiro (Fernando Moura)com o tema “Raízes culturaisnordestinas: memória e tra-dição”. A partir das 18h. En-trada gratuita. Arena CariocaDicró, Avenida brás de Pina,s/nº - Parque Ary barroso.

FEIRA DASYABÁSAcontecerá neste final de semana, a edição de no-vembro da tradicional mis-tura entre culinária e samba.Gastronomia negra-cariocae música, com a participa-ção especial do sambista Al-mir Guineto. Entrada Gra-tuita. Domingo (10), a partirde 13h. Praça Paulo Portela –Oswaldo Cruz.

NEGRA SIM, NEGRA SOY!O coletivo “Mulheres de Pe-dra” realizará mais uma edi-ção do sarau Pura Pedra Poe-sia. Em especial ao mês daconsciência negra, o eventotrará música, poesia, inter-venções afropoéticas e refle-xões. Entrada Gratuita. sá-bado (09), às 18h. Rua saião lebato, 138 – Pedra de Guaratiba.

A VIDA DAS RUASMuseu Casa do Pontal levapara a biblioteca Parque deManguinhos a exposição “Avida das Ruas”. A mostrachama a atenção para a im-portância da ocupação dasruas pela população. são 37conjuntos de autoria de 10 ar-tistas de diversas partes dobrasil. Em cartaz até 01/12.terça a domingo, das 10h às20h. Entrada gratuita. Av.Dom Helder Câmara, 1184 -Manguinhos.

SESSÃO CRIANÇADurante os finais de se-mana do mês de novem-bro, o CCbb estará exi-bindo filmesinfanto-juvenis falados oudublados em português.sábado e Domingo, às 14h.Entrada Gratuita. senhasdistribuídas 1h antes dasessão para crianças acom-panhadas de seus respon-sáveis. Rua Primeiro deMarço, 66 – Centro.

MOSTRA DE TEATRO Xiii Mostra de teatro da UFRJ tem início estasexta-feira (8). O evento é resultado dos trabalhosdesenvolvidos por alunos e professores ao longo

do curso e possui entrada gratuita. terça à do-mingo, às 20h (exceto sexta-feira, será às 17h). se-nhas distribuídas 1h antes do espetáculo. Em car-taz até 15/12. sala Oduwaldo Vianna Filho, Escolade Comunicação – Campus da Praia Vermelha.

Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 201312 | cultura

Diversidade na tela do cinema

AGENDA

Acontece este mês omaior Festival lGbt daAmérica latina, o 21o Fes-tival Mix brasil. Esta edi-ção, em comemoração aosseus 20 anos de existência,contará com a maior pro-gramação de sua história.No Rio de Janeiro terá iní-cio na próxima quinta-feira (14) e encerrará nodia 21 deste mês.

serão exibidos mais de

140 filmes divididos em24 mostras distintas, quevai do infantil a documen-tários e eróticos. tudo istosomado a atrações envol-vendo teatro, música, lei-tura dramática, perfor-mances, debates, dança eintervenções culturais.

Organizado pela Asso-ciação Cultural Mix bra-sil, o festival tem a finali-dade de promover o res -peito e a livre expressão.Através de diferentes lin-guagens e perspectivasestimula a tolerância e o

combate a qualquer for -ma de discriminação.

O evento, que teve iní-

cio em uma época emque não existia uma visi-bilidade gay, se concreti-

zou como um espaço deconvivência e informaçãopara todo mundo. ParaAndré Fischer, um dosprodutores, o festival pro-põe a criação de uma pon -te entre a sociedade e acomunidade.

O Mixbrasil além detrazer uma produção quenormalmente não teriaespaço na cena culturalbrasileira, se afirmou co -mo uma proposta de re-pensar a sociedade e suasminorias. “É um festivalde cultura da diversidade,

que propõe uma discus-são sobre a diversidadesexual, apresentan do for-mas, estilos de vida e re-presentações culturais dacomunidade lGbt”, afirmaAndré. Dentre as atrações,o des taque é o polêmico fil -me “interior”, de leatherbar. trazendo também asproduções nacionais “ta-tuagem”, de Hilton lacerda,vencedor do Festival do Rio,e “Dizer e Não Pedir segre -do”, de Evaldo Mocarzel.Programação completa:mixbrasil.org.br

“TOLERÂNCIA Festival Mix Brasil estimula o respeito à diversidade

Mariane Matosdo Rio de Janeiro (RJ)

Cena do filme “Interior” , de Leather

Divulgação

Divulgação

Divulgação

Divulgação

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Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 2013 variedades | 13

Áries(21/3 a 20/4)

Câncer(21/6 a 22/7)

Libra(23/9 a 22/10)

Capricórnio(22/12 a 20/1)

Touro(21/4 a 20/5)

Leão(23/7 a 22/8)

Escorpião(23/10 a 21/11)

Aquário(21/1 a 19/2)

Gêmeos(21/5 a 20/6)

Virgem(23/8 a 22/9)

Sagitário(22/11 a 21/12)

Peixes(20/2 a 20/3)

Forte saúde e resistência física. Há disciplina eperseverança para atingir os objetivos. Estará se-dutor e caloroso com seu par amoroso. Cuidadocom ações precipitadas e ataques de violência,há tendência a acidentes.

Há tranquilidade de espírito e harmonia; sucessoe popularidade profissional. Estará confiante e in-dependente, até demais! Evite cegar-se aos con-selhos alheios, que podem ser úteis. A famíliatem papel importante nesta fase.

Pode sofrer pela falta de companhia, não neces-sariamente de outros, mas talvez esteja sentindofalta de si mesmo. Atividades artísticas com sen-sibilidade e contato com seu interior lhe ajuda-rão a preencher esse vazio.

A semana é de paciência e atos moderados. Es-tará objetivo e capaz de por em prática os proje-tos. Porém, cuidado com a seriedade excessiva epessimismo. Você pode ser realista e continuarentusiasmado, sem se abater!

Poderá ter envolvimentos amorosos com amigose/ou excêntricos e incomuns. Ainda no âmbitoamoroso, há tendência a crises e conflitos e aguardar rancor. Tente não se apegar às falhas,mas ao que lhe faz feliz.

Iniciativa, criatividade e disposição para vencerobstáculos. Se quiser começar uma atividade fí-sica ou uma viagem, vá em frente! Estará oti-mista e generoso. Porém, no profissional, podehaver conflitos com superiores.

Cuidado com os sentimentos destrutivos. Essaenergia pode se descontrolar e atingir outraspessoas. Utilize seu senso estratégico e analíticoacentuado para entender os sentimentos etransformá-los em energia construtiva.

Tendência a ações impulsivas, manias inventivas,ideias revolucionárias e hostilidade na profissão.Temperamento rebelde e irriquieto, mudançasbruscas de comportamento. Seu não-confor-mismo o faz buscar novos caminhos.

Temperamento alegre e social esta semana! Amente está harmonizada, unindo o útil ao agra-dável. Alta capacidade literária e artística. Podeaté conseguir “ler” os pensamentos alheios de-vido à sensibilidade acentuada.

Alta capacidade de persuasão, enxergar o ladooculto das coisas e desvendar mistérios. Favorá-vel para analisar seu passado e entender traumasque pode ter deixado de lado antes, pela faltadessa profundidade mental.

Alta capacidade administrativa, com discerni-mento que contribui para ganhos materiais.Muita ponderação e firmeza, o que ajuda a cum-prir os objetivos. Estará otimista, entusiasmado esociável. A saúde está em alta!

Intelectualidade inspirada, alta capacidade literá-ria. Grande intuição e clareza mental. Seus pen-samentos e ações correm de maneira sutil,sensível e harmoniosa. O momento favorece asamizades, os romances e as artes.

HORÓSCOPO 08 a 14 de novembro de 2013 Keka Campos, astróloga | [email protected]

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Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 201314 | esporte

FATOS EM FOCO

Mundial deTrampolim

Começa, nesta quinta-feira (7), o CampeonatoMundial de Ginástica detrampolim em sófia, nabulgária. O time brasi-leiro competirá nas pro-vas individuais femini-nas e masculinas, nosincronizado masculinoe no duplo mini-tram-polim masculino e femi-nino. bruno Martini,atual campeão mundial,promete um salto iné-dito e de alto grau de di-ficuldade no duplo mini.

Ouro na Natação

brasil conquista ouro norevezamento 4X50m li-vre misto na Copa doMundo de Natação. Ni-cholas dos santos, Fer-nando silva, larissa Oli-veira e CracieleHermann bateram umnovo recorde sul-ameri-cano na modalidade. Osatletas brasileiros encer-raram a participação naetapa Cingapura daCopa, com outras setemedalhas de bronze.

Liga Nacionalde Basquete

A 6ª edição do Novo bas-quete brasil (Nbb) teráinício este sábado (9). Aabertura contará com oclássico Flamengo Xbrasília, às 10h, na HsbCArena. logo na primeirapartida, o time Rumbo-Negro terá desfalquesimportantes. Estarão defora o ala Marquinhos,que ainda se recupera deuma lesão no joelho, oala-armador MarcelinhoMachado, suspenso nojogo da temporada pas-sada, e possivelmente oestadunidense JeromeMeyinsse.

Flávia Villela do Rio de Janeiro (RJ)

Residentes brasileiroscompraram 71,5% dos889,3 mil ingressos desti-nados a pessoas de 188países no sorteio da pri-meira fase de venda de in-gressos para a Copa doMundo de 2014, informounesta terça-feira (5) a Fe-deração internacional deFutebol (Fifa) em seu site.

Ainda segundo a Fifa,os solicitantes dos 6,2 mi-lhões de ingressos pedi-dos serão informados atéo dia 10 se foram atendi-dos ou não, por correioeletrônico ou por mensa-gem de texto. Dos 625.276ingressos que o país rece-beu, foram oferecidos aostorcedores residentes no

brasil um total de 342.740da categoria 4, com prio-ridade para estudantes,pessoas com 60 anos deidade ou mais e benefi-ciários do Programa bol -sa Família, como manda

a lei Geral da Copa (lei12.663). No entanto, a Fi -fa informou que, como ademanda por esse pú-blico foi menor que o es-toque disponível, ao final,216.618 ingressos foram

destinados às pessoascom direito a desconto nobrasil.

O próximo período devendas começará exclusi-vamente no site oficial daFifa, de 11 de novembro,

às 9h de brasília, até 28de novembro, às 9h debrasília, quando serãodistribuídos, por ordemde pedido, mais 228.959in gressos.

Não haverá ingressospara o jogo de aberturaem são Paulo, para a finalno Maracanã, para osjogos da fase de gruposde brasília, para as oita-vas de final em belo Ho-rizonte, nem para as duassemifinais em belo Hori-zonte e são Paulo, porqueforam jogos cujas solici-tações superaram a dis-ponibilidade.

A Fifa adiantou que asegunda fase de vendasterá início no dia 8 de de-zembro de 2013, tão logoseja definido o calendáriofinal de jogos para a fasede grupos. (Agência Brasil)

FUTEBOL Segunda fase de vendas terá início no dia 8 de dezembro de 2013

Sorteio destina 71,5% dosingressos para brasileiros

Tânia Rêgo/Abr

Solicitantes de ingressos serão avisados até o dia 10

O ministro do Esporte,Aldo Rebelo, lançou nestaterça-feira (5) o Centro deDesenvolvimento da lutaOlímpica, em Pirituba, nazona norte de são Paulo.Com isso, o local passa aser o primeiro núcleo ofi-cial da Confederação bra-sileira de lutas Associa-das para formação deca tegorias de base no es-tado de são Paulo. O lo-cal começou os treina-

mentos em caráter espe-cial no meio do ano, com60 participantes, e três ta-lentos já foram revelados.De acordo com o site dosJogos Olímpicos do Rio, aluta olímpica é uma dasmais antigas modalidadesesportivas. É dis putada emdois estilos nas Olimpía-das, a luta greco-roma nae o estilo livre. O objetivodos dois é igual: imobili-zar o adversário de costaspara o chão.

O centro inaugurado é equipado com o kit pa-drão, que inclui tapete

oficial e bonecos compernas e braços para trei-nos no chão.

De acordo com Rebelo,a valorização da luta olím-

pica é parte da valoriza-ção da prática do esportee da atividade física comolegado dos grandes even-tos, além de ser prática de

saúde e proteção das crian-ças e adolescentes.

“Quando eles estão de-dicando a energia, a inte-ligência e a vida à práticado esporte. significa queestão driblando os riscosque a sociedade contem-porânea oferece para es-sas criaturas que nemsempre estão protegidascontra a tentação, os ví-cios e as drogas. O esporteé uma forma importantede protegê-los. O esporteajuda a formar a mentali-dade para a vida”, disseRebelo. (Agência Brasil)

Ministro lança centro de lutaolímpica na periferia de SPTREINAMENTO Este é o primeiro núcleo oficial da Confederação Brasileira de Lutas

Flávia Albuquerquede são Paulo (sP)

Marcelo Camargo/Abr

Esporte é uma forma importante de proteger jovens, diz Ministro

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Após sete meses fe-chado, o Parque AquáticoJulio de lamare, na zonanorte da capital, foi rea-berto segunda-feira (4)pela Confederação brasi-leira de Desportos Aquá-ticos (CbDA).

O Julio de lamare inte-gra o Complexo do Mara-canã, fechado em marçodeste ano, que seria de-molido para dar lugar aum empreendimento doconsórcio que venceu a li-citação das obras.

segundo o presidenteda CbDA, Coaracy NunesFilho, uma decisão da Jus-tiça vetou a demolição doJulio de lamare. Ele acres-centou que, em maio, aCbDA foi praticamenteexpulsa do local. "O im-portante é que o governodo estado reconheceu seuerro. O governador me li-gou e disse que havia er-rado, que tinha tomadouma decisão equivocada.Felizmente tivemos tem -

po para consertar as coi-sas", disse Nunes. O se-cretário de Esportes doEstado do Rio de Janeiro,André lazaroni, disse queestá prevista para marçode 2014 a execução deobras de infraestruturanos tanques de saltos enos placares eletrônicosdo parque. "O importante

foi esse diálogo entre apopulação e o governo.

Percebemos que seriaum erro tirar essa estru-tura dos atletas às véspe-ras dos Jogos Olímpicos[de 2016]”. A atleta de sal-tos ornamentais JulianaVeloso, que disputou trêsOlimpíadas, disse que oParque Aquático Julio de

lamare oferece uma dasmelhores condições detreinamento do brasil.

"Não dá para mensurara felicidade das nossasatletas. Aqui tem estruturae é fácil de chegar. Pode-mos aumentar o númerode atletas que treinam aquie contribuir com meda-lhas nas Olimpíadas”

As análises para con-trole antidoping da Copade 2014 poderão ser feitasem uma unidade de umlaboratório estrangeiro a

ser instalada no Rio de Ja-neiro em caráter tempo-rário para atender à com-petição. A Autoridadebra sileira de Controle deDopagem, do Ministériodo Esporte, prepara a pro-posta de instalação daunidade para apresentá-

la à Federação internacio-nal de Futebol.

“Um laboratório queesteja acreditado montauma operação satélite noRio de Janeiro para aten-der, especificamente, àCopa do Mundo. Essa ope -ração precisa ser acertada

com a Fifa e depois apro-vada pela Agência Mun-dial Antidoping [AMA]”,esclareceu o diretor exe-cutivo da Autoridade bra -sileira de Controle deDopagem, Marco AurelioKlein. (Agência Brasil)

Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 2013 esporte | 15

opinião | Bruno Popetta

Até outro dia, era maluquiceAos que, há tempos, re-baixavam o Vasco à se-gunda divisão do futebolbrasileiro, a última ro-dada do campeonatodeu um nó na cabeça.Quem diria que o Flumi-nense poderia tomar olugar do Vasco entre osquatro últimos?Pois bem, isto agora é,além de matematica-mente possível, extrema-mente factível. O Vasco tem uma gran -de torcida, daquelas queentram em campo e de-cidem jogos. E agora,está voltando para casa.Após cumprir punição,o time cruzmaltino jo-gará contra o santos, noMaracanã, e prometecolocar 60 mil torcedo-res nas arquibancadas.Além disto, tem Juninho.Na hora do aperto, umcara como ele é funda-mental. Chamando aresponsabilidade parasi, orientando os maisjovens dentro de campo,trazendo a torcida parao lado do time.

O que não se vê pelos la-dos das laranjeiras.O Flu tem uma dificul-dade tremenda para ven -cer. A torcida vai, masnão consegue empurraro time para o gol.Falta alguém dentro decampo que pegue o tou -ro pelo chifre. Rafael só-bis é um excelente joga-dor, mas não tem essacaracterística.O cara seria Fred, queninguém ainda tem cer-teza se volta. E se voltar,ninguém sabe em quaiscondições físicas.Um dos dois deve cairpara a segundona. O Flutem mais time, o Vascotem mais disposição.Na reta final, o cansaçobate e a vontade deveser mais decisiva do quea técnica. O que torna ainversão dos dois na ta-bela bastante concreta.Quem era maluco porpensar nisso antes, hojeé um velho sábio noalto da montanha... ouda colina.

LABORATÓRIO Local funcionaria de forma temporária no Rio de Janeiro

O Parque Aquático Julio de Lamare foi reaberto três meses antes do previsto

Copa do Mundo: governo quer instalar unidade antidoping

Cristina Indio do Brasildo Rio de Janeiro (RJ)

Portuguesa Coritiba

do Rio de Janeiro (RJ)

brasileirão | 32ª rodada

Sáb. |9/11|19h30 | Canindé

Bahia Atlético-MGSáb. |9/11|19h30 | Fonte Nova

Flamengo GoiásSáb. |9/11| 21h00 | Maracanã

Internacional BotafogoDom. |10/11| 17h00 | Centenário

P. Preta VitóriaDom. |10/11| 17h00 | M. Lucarelli

Cruzeiro GrêmioDom. |10/11| 17h00 | Mineirão

Atlético-PR São PauloDom. |10/11| 17h00 | D. Brito

Vasco SantosDom. |10/11| 19h30h | S. Januário

Corinthians FluminenseDom. |10/11| 17h30 | F. Luminosa

Náutico CriciúmaDom. |10/11| 17h30h | A. Pernambuco

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Após 7 meses, Julio de Lamare é reaberto no RioPARQUE AQUÁTICO Local oferece uma das melhores condições de treinamento

Tânia Rêgo/Agência Brasil

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O Flamengo teve de su-perar o susto inicial, como gol de sasha logo aos 4minutos de jogo, para ga-rantir a vaga na sexta finalde Copa do brasil. Foramnove minutos de tensão,até o gol de Hernane, aos13, devolver a tranquili-dade à torcida. Com o em-pate, o Flamengo retomou

o controle do jogo, to-cando bem a bola e che-gando com perigo à metagoiana.

Até Elias disparar umbelo chute, sem chancespara o goleiro Renan, aos23. O Goiás sentiu o ba-que. Ficou fácil para o Fla-mengo tocar a bola comtranquilidade e segurar avantagem até o intervalo.

No início do segundotempo, o Flamengo man-teve o controle das ações,

criando boas chances degol. Chegou a balançar asredes, com Hernane, masteve o gol mal anuladopelo árbitro leandro Vua-den, que viu impedimentoinexistente no lance. De-pois dos 15 minutos daetapa final, o Goiás passoua ameaçar mais o gol ru-bro-negro, enquanto otime carioca explorava oscontra-ataques.

No fim do jogo, o ata-cante Paulinho aindaperdeu um gol feito. logoapós, sentiu uma fisgadana coxa e foi substituído,preocupando para o pró-ximo jogo.

Daí em diante, era sóesperar o apito final paracomemorar a classifica-ção, com os jogadores“deitando e rolando” nogramado.

Rio de Janeiro, de 7 a 13 de novembro de 201316 | esporte

Com show da torcida rubro-negra, que lotou o Maracanã, e uma bela atuação de Elias, oFlamengo venceu o Goiás por 2 a 1 de virada e garantiu vaga na final.

Bruno Porpettado Rio de Janeir (RJ)

Em jogo muito dispu-tado, o Grêmio só em-patou em 0 a 0, em PortoAlegre, e está fora da Co -pa do brasil.

Com a vantagem con-quistada no jogo de ida,em Curitiba, o Furacãoadotou uma postura maiscautelosa no primeirotempo.

O Grêmio procuravafurar o bloqueio da de-fesa, com zé Roberto naarmação das jogadas quebuscavam os atacantesbarcos e Kléber.

Mesmo com mais pos -se de bola, o Grêmiocriou poucas chances degol e saiu para o intervalosem gols.

Precisando de doisgols, o Grêmio voltoupara o segundo tempoem cima do Atlético-PR,mas esbarrava na falta depontaria de seus atacan-tes e na boa partida deWeverton.

O Grêmio chegou amarcar com Ramiro, maso árbitro Marcelo de limaHenrique viu um empur-rão de barcos em luiz Al-berto, anulando o lance.

O panorama do jogo

não se alterou até o final.bom para o Atlético-PRque, pela primeira vez,decide a Copa do brasil.

Depois do apito final,léo (Atlético-PR) e Kléber(Grêmio) se envolveramem uma discussão e fo-ram expulsos pelo árbitro.

São Paulo avança naSulamericanaEm Medellin, na Colôm-bia, o são Paulo tambémempatou em 0 a 0 e con-quistou vaga nas semifi-nais da Copa sulameri-cana. Na semana passada,o tricolor venceu por 3 a2, no Morumbi.

Furacão segura o Grêmio e está na final

da Redação

O primeiro tempo foidominado pelo time ca-talão. Apesar da posse debola, o barcelona sómarcou aos 30 minutosda primeira etapa, empênalti duvidoso sobreNeymar, convertido porMessi.

Aos 39, Xavi cobroufalta na cabeça de bus-quets, que ampliou omarcador para o barça.

Em desvantagem, ositalianos passaram a bus-car mais o ataque e aos45 descontaram em jo-

gada de Kaká pela es-querda, que contou como desvio de Piqué contraa própria meta.

No segundo tempo, oMilan, mesmo tendomais a bola nos pés, nãoera eficiente. Até que aos38 da etapa final o barce-lona matou o jogo em ta-bela entre Fábregas eMessi, que completoupor cima do goleiro Ab-biati.

sem reação, o Milanassistiu o barça trocarpasses esperando o apitofinal que lhe garantiuuma vaga nas oitavas-de-final da competição.

Messi brilha e Barçaderrota MilanNa Liga dos Campeões, Messi fez doisna vitória do Barcelona por 3 a 1

da Redação

Flamengo vira sobre o Goiás eestá na final da Copa do Brasil

• O LATERAL-DI-REITO lucas, do bota-fogo, se recuperou dalesão no tornozelo queo tirou dos gramadosdesde julho, treinoucom bola e pode refor-çar o time na reta finaldo brasileirão.- O ex-jogador e atualDeputado Federal De-ley (PsC-RJ) oficializousua candidatura à pre-sidência do Flumi-nense, em oposição àatual gestão de Petersiemsen.

• A DIRETORIA doFluminense quitou ossalários do mês de se-tembro de funcioná-rios do clube, além doDepartamento de Fu-tebol. A expectativa épela liberação de 60%do valor da venda deWellington Nem para oshaktar Donetsk (cercade R$ 15 milhões),para colocar os salá-rios em dia e quitar ou-tras dívidas.

• NO VASCO, Juninhotreinou com o time,mas ainda é dúvidapara o jogo contra osantos. Quem está devolta, recuperado delesão, é o atacante te-nório, cujo contrato seencerra em dezembro.- Joel santana viajahoje para Angola, ondedeve assinar contratopara treinar a seleçãodo país africano, vi-sando a Copa doMundo em 2018, naRússia.

• EDU GASPAR, ge-rente de futebol do Corinthians, ao falarsobre o planejamentopara o ano que vem,garantiu a permanên-cia de Pato, mas não ade tite.

TOQUES CURTOS

As finais serão nos dias 20, em Curitiba, e 27 no Maracanã.

Alexandre Vidal/Fla Imagem

Em noite inspirada, Weverton garante o Atlético-PR nafinal da Copa do Brasil

FICHA TÉCNICA

Flamengo Goiás

Maracanã | Rio de Janeiro | 06/11 | 21h50

2 X 1