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Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 | ano 11 | edição 04 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Fluzão empata na Libertadores Joel Zito debate racismo em filme Debaixo de chuva, Flu decep- ciona torcida e empata sem gols com o Olímpia (PAR). Estreia no brasileirão também é preocupa- ção para o técnico Abel. O cineasta mineiro Joel Zito lançou o documentário Raça, que acompa- nha o cotidiano de afrodescentes de diversas classes sociais no Brasil e discute a democracia racial. esporte | pág. 16 cidades | pág. 5 cultura | pág. 11 Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição Edição Tânia Rêgo/Abr Nelson Perez /Fluminense F.C. Três meses após a ação da prefeitura que retirou usuários de crack das imediações da Avenida Brasil, a chamada cra- colândia se encontra agora nas ruas do conjunto de fave- las da Maré. Moradores afirmam que o poder público trata os usuários de forma violenta e que a ação serviu apenas para “maquiar” a cidade para os megaeventos. A cracolân- dia na Maré surgiu em dezembro de 2012, após a instala- ção de UPPs em comunidades vizinhas na Zona Norte. Prefeitura esconde cracolândia na Maré Pablo Vergara Reprodução Mujica doa 90% de seu salário O presidente do Uruguai, Pepe Mu- jica, doa 90% do seu salário a insti- tuições de caridade, mas rejeita o status de “presidente mais pobre do mundo”. “Pobres são aqueles que precisam de muito”, diz. mundo | pág. 10 Opção de Jolie fomenta debate A decisão da atriz Angelina Jolie de retirar os seios para evitar um cân- cer gerou um debate entre especia- listas da saúde sobre a eficácia des- se tipo de prevenção. brasil | pág. 8

Brasil de Fato RJ - 004

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Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 | ano 11 | edição 04 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato

Fluzão empata na Libertadores

Joel Zito debateracismo em fi lme

Debaixo de chuva, Flu decep-ciona torcida e empata sem gols com o Olímpia (PAR). Estreia no brasileirão também é preocupa-ção para o técnico Abel.

O cineasta mineiro Joel Zito lançou o documentário Raça, que acompa-nha o cotidiano de afrodescentes de diversas classes sociais no Brasil e discute a democracia racial.

esporte | pág. 16

cidades | pág. 5

cultura | pág. 11

Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição

Edição

Tânia Rêgo/AbrNelson Perez /Fluminense F.C.

Três meses após a ação da prefeitura que retirou usuários de crack das imediações da Avenida Brasil, a chamada cra-colândia se encontra agora nas ruas do conjunto de fave-las da Maré. Moradores afi rmam que o poder público trata

os usuários de forma violenta e que a ação serviu apenas para “maquiar” a cidade para os megaeventos. A cracolân-dia na Maré surgiu em dezembro de 2012, após a instala-ção de UPPs em comunidades vizinhas na Zona Norte.

Prefeitura escondecracolândia na Maré

Pablo Vergara

Reprodução

Mujica doa 90%de seu salárioO presidente do Uruguai, Pepe Mu-jica, doa 90% do seu salário a insti-tuições de caridade, mas rejeita o status de “presidente mais pobre do mundo”. “Pobres são aqueles que precisam de muito”, diz.

mundo | pág. 10

Opção de Jolie fomenta debate A decisão da atriz Angelina Jolie de retirar os seios para evitar um cân-cer gerou um debate entre especia-listas da saúde sobre a efi cácia des-se tipo de prevenção.

brasil | pág. 8

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Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 | opinião

O problema é que ela con-funde liberdade de expressãocom liberdade de monopólio.Exemplo gritante disso é o seumantra predileto: “Prefi ro obarulho da democracia ao si-lêncio da ditadura”.

As democracias mais avan-çadas do mundo já regularamsuas mídias pautadas pelosinteresses da sociedade.

No Brasil, ainda perduraum escandaloso monopólio,no qual todo o aparato midiá-tico é controlado por nove fa-mílias.

A reforma do nosso marcoregulatório tem de abolir a pro-priedade cruzada dos meios,mudar o regime de conces-sões de rádio e tevê (que deveexpressar a pluralidade e a di-versidade da sociedade), alémde adequar a produção e a di-fusão de conteúdos às normasprevistas pela Constituição Fe-deral. Mãos à obra.

sulta pública à sociedade na in-ternet. Pura enrolação.

Enquanto isso, a presiden-ta Dilma se limitava a repetir platitudes sempre que questio-nada sobre a necessidade de o Brasil seguir o exemplo da Ar-gentina, e agora do Uruguai, e aprovar uma Ley de Medios à brasileira.

A presidenta, sempre que se referiu ao assunto, revelou lamentável desconhecimen-to sobre o que está em jogo na luta pela democratização das comunicações.

municação, realizada em 2009. Pressionado pelos movi-

mentos que defendem a demo-cratização, Bernardo passou cerca de dois anos prometen-do colocar o projeto para con-

to popular contra esta mesma agenda privatizante.

A estratégia privatista da burguesia passa primeiro por ocupar mais espaços no gover-no e nos setores da economia que estão sob controle do Es-tado. Num segundo momen-to, atacarão com mais intensi-dade as conquistas que o povo brasileiro teve durante os dez

anos de governo de coalizão. Estamos, portanto, dian-

te da possibilidade de invia-bilizar a construção de uma agenda pós-neoliberal. Deve-mos levar em consideração que o Brasil enquanto maior economia da América Lati-na tem uma responsabilida-de enorme dentro de um con-junto de governos que foram

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Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Renato Godoy de Toledo • Subeditor: Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta,Michelle Amaral, Patricia Benvenuti • Correspondentes nacionais: Daniel Israel (Rio de Janeiro –RJ), Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR),Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (OrienteMédio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela) • Fotógrafos: Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper(Rio de Janeiro – RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador:Latuff • Editor de Arte: Marcelo Araujo • Revisão: Marina Tavares Ferreira • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira •Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – [email protected] • Gráfi ca:Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser, JoséAntônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Milton Pinheiro, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dosSantos, Ricardo Gebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou [email protected]

Para anunciar:

(11) 2131 0800

Redação Rio:[email protected]

Dilemas do governo DilmaESTÁ SE fortalecendo no go-verno Dilma uma agenda li-beralizante, que não acumu-la forças para os interesses da classe trabalhadora.

As duas últimas semanas foram marcadas pelos leilões do petróleo e pela aprovação da MP dos Portos, que apro-fundam a desnacionalização da economia brasileira, com-prometem a soberania nacio-nal e não contribuem para um projeto nacional de desenvol-vimento.

Na verdade, são medidas privatizantes que o povo bra-sileiro rejeita. Aliás, a presi-denta Dilma foi eleita pelo vo-

editorial | Brasil

O monopólio das comunicações

eleitos contra a agenda neo-liberal.

Portanto, as medidas toma-das na nossa economia certa-mente infl uenciam nos rumos das demais economias latino-americanas e podem contri-buir para o reposicionamento das forças neoliberais no con-tinente.

As recentes medidas priva-tizantes não somente preju-dicam a economia brasileira como têm um impacto consi-derável na luta ideológica. As forças populares estão per-dendo o debate sobre os ru-mos da política econômica com a construção midiática

do “fantasma da infl ação”. Somente um movimen-

to de massas pode deslocar ocentro da política dos corre-dores da institucionalidade edos lobbys para as ruas.

É necessário potenciali-zar a organização popular pa-ra defendermos as conquis-tas que tivemos nos governosLula e Dilma e apresentarmosum projeto nacional de de-senvolvimento como alterna-tiva à crise econômica.

Avançar nas reformas es-truturais e na integração la-tino-americana será impres-cindível para a construção deuma nação soberana.

Avançar nas reformas estruturais e na integração latino-americana será imprescindível para a construção de uma nação soberana

POR INICIATIVA do Fórum Nacional pela Democratização das Comunicações (FNDC), movimentos sociais e partidos políticos de esquerda estão nas ruas colhendo assinaturas pa-ra o Projeto de Lei de Iniciativa Popular por um novo marco re-gulatório das comunicações.

Depois que o secretário-exe-cutivo do Ministério das Co-municações, Cesar Alvarez, de-clarou que o governo não con-sidera este tema prioritário, só restou o caminho de ir às ruas em busca das assinaturas ne-cessárias à apresentação de um projeto de lei, instrumento pre-visto na legislação brasileira.

Antes, o governo já emitira sinais de sua rejeição até mes-mo à discussão democrática sobre o assunto.

O ministro das Comunica-ções, Paulo Bernardo, ao assu-mir a pasta em janeiro de 2011, arquivou o projeto de regula-

ção elaborado pelo ex-minis-tro da Secretaria de Comunica-ção do governo Lula, Franklin Martins, que tinha como base as deliberações aprovadas na Conferência Nacional de Co-

editorial | Rio de Janeiro

Só restou o caminho de ir às ruas em busca das assinaturas necessárias à apresentação de um projeto lei

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Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 opinião | 03

Neste viés, sobram no ce-nário nacional notícias sobre tortura, violência e maus tra-tos aos adolescentes nas uni-dades de internação.

Este cenário de barbárie é resultado de uma política na-cional que opera a lógica da internação pela internação.

Assim, as instituições são “corpos sem alma”, ou seja, não possuem projeto político-pedagógico que possam ser-vir no caso de reincidência desses jovens. A média nacio-nal encontra-se no patamar de 50% a 60%.

Carlos Nicodemos é advogado na área de

Direitos Humanos e coordenador-executivo da organização Projeto Legal

Pedro FreireLatuff

O fi m do Licínio CardosoDIA 20 DE MAIO de 2013, quem lembrará de ti? Nomesmo dia em que comemoramos, nas ruas, os 25anos da marcha de 1988 pela igualdade racial, umaescola pública construída na área portuária recebiaum comunicado da Secretaria Estadual de Educa-ção do Rio de Janeiro anunciando a sua extinção.

Aliás, foi neste mesmo lugar que os negros sobre-viventes eram vendidos após o sequestro na Áfri-ca, após meses à carne cortada em navios. Local on-de a memória da dor hoje é comercializada como“cultura” e “patrimônio”. Nos mesmos locais ondeseus descendentes são hoje expulsos pela parceria“olímpica” de empresas e Estado.

A partir deste dia, o governo de Sérgio Cabral –que há algumas semanas atrás, lembrando a “abo-lição” da escravidão, homenageou a polícia militardo RJ – a mesma PM que mata jovens pretos comoquem pede uma informação num ponto de ônibus,concretiza o que ele já construía desde 2010: o fi mdo Colégio Estadual Vicente Licínio Cardoso, quepor mais de três décadas esteve localizado na Pra-ça Mauá.

Para quem construía esta escola e acredita napossibilidade de realizar outro projeto político e pe-dagógico na região, hoje a tristeza é imensa.

Comecei a trabalhar no C.E. Vicente Licínio Car-doso em 2009. Morava na Ladeira do Barroso 136(Morro da Providência, Gamboa) e escolhi esta es-cola para trabalhar por estar envolvido na luta pelaeducação popular na área portuária do Rio.

Nestes anos, apesar de conviver com o total des-respeito – o racismo institucional – da Secretaria deEducação, conseguimos fazer muitas coisas boas eposso dizer que tive uma alegria imensa de ter atra-vessado a vida – e ter a minha percorrida – com mui-tas pessoas bonitas, cheias de beleza e coragem, quenos impedem de esquecer, nestes momentos difí-ceis, que “a vida bate”, apesar de tudo.

Sabemos, não temos dúvida, que esta é mais umaderrota, mais uma pancada. Mas, lembremos sem-pre, para aqueles que ainda nos agridem, que so-mos de ferro vermelho, eterno, como o poema “à vi-da” de Marina Tzvetaieva.

Pedro Freireé professor da rede estadual

e militante do Grupo de Educação Popular

Casamento civil

Infração de quem?

Nos mesmos locais onde seus descendentes são hoje expulsos pela parceria “olímpica” de empresas e Estado

Conseguimos fazer muitas coisas boas e posso dizer que tive uma alegria imensa de ter atravessado a vida

COM FORTE pressão dos se-tores mais conservadores, a proposta de redução da idade penal se tornou um dos temas mais debatidos no Brasil.

Estes mesmos setores atu-am através da imprensa no sentido de construir um con-senso entre a opinião públi-ca que está longe de ser ver-dadeiro.

Para desmascarar isso, dois aspectos são necessários para conter a ideia de que o adoles-cente (12-18 anos) é o maior responsável pelo aumento da criminalidade. O primei-ro traz um olhar mais frio so-bre a constitucionalidade da proposta e o outro, de caráter prático, se coloca no campo da realidade social.

se a 15ª nação do mundo a dar acesso igualitário ao casamen-to civil.

A luta pelos direitos civis dos homossexuais é fi lha da lu-ta pelos direitos civis dos ne-gros e das mulheres. Nós con-tinuamos um caminho que es-ses movimentos, o feminismo e o movimento negro, iniciaram há muitos anos.

Para saber mais sobre a luta pelo casamento civil igualitário no Brasil e no restante do mun-do, acesse www.casamentoci-viligualitario.com.br.

Jean Wyllys é deputado federal (PSoL-RJ)

O CONSELHO Nacional de Jus-tiça (CNJ) aprovou, no dia 14 de maio, decisão pela qual o casa-mento civil entre pessoas do mesmo sexo passa a ser legal em todo o Brasil, como já era em treze estados e no DF.

Os cartórios de todo o país passam a realizar tanto a con-versão de união estável em ca-samento quanto a habilitação direta para o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo.

A decisão do CNJ diz que “é vedada às autoridades a recu-sa de habilitação, celebração de casamento civil ou de con-versão de união estável em ca-samento entre pessoas de mes-mo sexo”.

Isso quer dizer que nos es-tados e cidades onde ainda os cartórios enviavam os pedidos de habilitação em casamento aos juízes, que podiam aprová-los ou rejeitá-los, isso não po-derá mais acontecer.

Essa ação foi parte da cam-panha nacional pelo casamen-to civil igualitário, iniciada ain-da em 2012. Inclui-se a apre-sentação de um projeto de lei que tramita na Câmara dos De-putados, assinado por mim e a deputada Érika Kokay (PT-DF).

A campanha teve o apoio de artistas, movimentos sociais e lideranças de diferentes parti-dos e organizações da socieda-de civil. Assim, o Brasil torna-

De acordo com dados da Secretaria de Direitos Huma-nos, órgão vinculado à Pre-sidência da República e ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Sistema Socioeduca-tivo conta atualmente com 11 mil jovens cumprindo medi-das de internação.

Consideremos que a inter-nação, à luz da Lei 8069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente), é aplicada so-mente quando existe gra-ve ameaça ou violência, ou mesmo quando as infrações se repetem. Por isso, é possí-vel afi rmar, diante dos 550 mil adultos presos no Brasil, que a “contribuição” dos adoles-centes para a chamada ma-croviolência é de cerca de 3%.

Jean Wyllys

Carlos Nicodemos

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Vivian Virissimoda Redação

Trabalhadores e traba-lhadoras do Rio que de-sembolsavam R$165 com duas passagens por dia, em 30 dias no mês, passa-rão a gastar R$183 a partir do dia 6 de junho. Reajus-te que seria aplicado no início do ano, foi adiado a pedido da presidência da República para controlar a infl ação, mas agora não tem mais jeito. Vai doer no bolso! E esse aumen-to acontece em meio a uma grave crise no trans-porte que coloca nas ruas ônibus em péssimas con-dições nas zonas norte, oeste e na baixada e com motoristas que exercem duas funções, além de di-rigir também são cobra-dores.

Mais de 100 pesso-as se reuniram na última segunda-feira (20) para contestar o aumento da tarifa. “Mãos ao alto, 3,05 é um assalto”, gritavam os manifestantes. Eles mar-charam da Prefeitura na Cidade Nova até a Cen-tral do Brasil. Organizado pelo Facebook, o ato foi chamado pelo estudante de Ciência Política, Fabrí-cio Silva, de 18 anos, que não faz parte de nenhum partido político.

Fabrício destacou que, enquanto na zona sul cir-culam ônibus de qualida-de, com ar-condicionado, som e tevê, em Bangu, na zona norte, a situação é caótica. “As pessoas em Bangu pagam a mesma passagem que a zona sul. Porque este trabalhador, que enfrenta 3 horas de trânsito, tem que vir num ônibus depredado, sujo, sem janela e sem banco?”, questiona Fabrício.

Prefeitura quer aumentar passagem para R$ 3,05TRANSPORTE Usuários do transporte público farão protesto contra o aumento da passagem no dia 6 de junho, na Candelária

Servidores contra privatizaçãoSAÚDE Presidenta cria empresa para administrar hospitais federais do município e recebe crítica de especialistas

Daniel Israeldo Rio de Janeiro (RJ)

Na segunda-feira (20), profi ssionais de saúde do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), em Laranjeiras, protestaram contra a proposta da cria-ção da Empresa Brasilei-ra de Serviços Hospitala-res (Ebserh).

De acordo com Ro-sângela Motta, especia-lista em pediatria e servi-dora pública no INC des-de 2007, a Ebserh é o bra-ço de outra empresa: a Ebserh Saúde Brasil, que não tem CNPJ, diretoria, regimento interno ou es-tatuto. E vai além. “A Eb-serh, mesmo inconsti-tucional, é um desejo do Ministério da Saúde (MS) e da presidenta Dilma Rousseff para os seis hos-pitais federais e dois ins-titutos (não incluído o

Inca) existentes no Rio”, destaca ela.

A população carioca lotou as galerias da Câ-mara dos Vereadores nos dois dias de votação do projeto que criava a Rio-Saúde, no começo do mês. O projeto é visto por críticos como uma forma de privatização da saú-de pública. “Quando se tem um serviço público entregue à iniciativa pri-vada, não se sabe quem é o gestor. Agora, já exis-te uma Adin (Ação Direta de Inconstitucionalidade, a ser analisada pelos mi-nistros do STF) contra a Ebserh. O nosso temor é que as Organizações So-ciais (OSs) foram decla-radas inconstitucionais pelo STF, só que estão aí”, opina a médica, que tam-bém é membro da Co-missão de Mobilização Contra a Ebserh.

A Ebserh apresenta inúmeros aspectos que são, no mínimo, exóticos. Na avaliação de Rosânge-la, o fato de a classe mé-dica ser vista como “mer-cenária” pelos governos é o bastante para os mes-mos justifi carem a cria-ção desse tipo de empre-sa. “Não tem lógica usar

dinheiro público para pa-gar mal o servidor con-cursado, que enfrenta de-fasagem salarial de 60%.Enquanto isso, o contra-tado que trabalha em OSganha muito mais, sendobancado pelo Estado”, de-nuncia.

Diretora do Corpo Clí-nico (que reúne os mé-dicos que trabalham noInstituto), a pediatra con-ta que existe apoio porparte da direção do Insti-tuto, só que “de forma ve-lada” (pois esses profi s-sionais ocupam cargos deconfi ança e são indicadospelo MS). Para encerrar,ela lamenta as condiçõesno INC. “Nós temos con-dições de fazer 15 catete-rismos por dia, e não che-gamos a 12 por semana.O custo disso são vidashumanas, porque semplanejamento não há tra-tamento.”

Novo ato já tem da-ta marcada: dia 6 de ju-nho, sexta-feira, às 17h na Candelária, organiza-do pelo Fórum Estadu-al contra o Aumento da Passagem. “Queria ver mais gente participando, como aconteceu em Por-to Alegre. Com mais de 10 mil pessoas na rua, a ci-dade parou e a população apoiou os protestos. A si-tuação seria outra”, disse Fabrício.

Porto AlegreMobilizações contra

o aumento da passagem ocorridas no começo do ano em Porto Alegre ga-rantiram vitória históri-ca para a causa. Com vá-rios atos, os gaúchos con-seguiram impedir o au-mento e manter o va-lor cobrado: R$ 2,85. Tu-do começou em dezem-bro quando o Tribunal de Contas do Estado (TCE) solicitou informações à EPTC, empresa de ôni-bus, sobre o cálculo que infl ui no reajuste da tari-fa. A solicitação foi provo-cada pelo Ministério Pú-blico de Contas, que ve-rifi cou que a frota reser-va de ônibus era incluída no cálculo do reajuste. A partir disso, duas primei-ras manifestações acon-teceram em janeiro.

“Não tem lógica usar dinheiro público para pagar mal o servidor concursado, que enfrenta defasagem salarial de 60%”

Reajuste que seria aplicado no início do ano, foi adiado a pedido da presidência da República para controlar a infl ação

Pablo Vergara

Manifestantes marcharam da prefeitura até a Central do Brasil

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Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 cidades |

de se encontrava a cra-colândia demonstram uma falsa mensagem de que o caso foi resolvido. “Não há nenhum usuá-rio visivelmente agluti-nado onde estão os po-liciais e os guardas, eles apenas transitam por fo-ra da Maré. A maioria es-tá dentro da favela. E isto só será resolvido quando a prefeitura passar a tra-tar este caso como saú-de pública e não como segurança pública. Eles não são o problema, o problema é a falta de po-líticas que os atendam. Pois, eles não precisam apenas de abrigos e co-mida, precisam de trata-mento físico e psicológi-co”, conclui.

MegaeventosNo fi nal do ano pas-

sado, quando estes usu-ários ocuparam as pis-tas da Av. Brasil, o ca-so virou notícia em to-dos os jornais e telejor-nais da cidade. Todos os dias os helicópteros das televisões mostravam os usuários correndo pelas pistas fugindo da prefei-tura. Agora que eles não estão mais visíveis tudo caiu no esquecimento. Eraldo Moreira*, mora-dor da Maré, explica que no início este fato só vi-rou notícia por conta da preocupação dos gover-nantes em mostrar pa-ra o mundo que a cidade que vai ser sede dos me-gaeventos não sofre pro-blemas. “Os nossos go-vernantes não querem que a imagem do Rio fi -que queimada peran-te os turistas e investi-dores estrangeiros. Ape-nas tirando-os da Aveni-da Brasil, para eles, o ca-so já está resolvido, por-que não fi ca visível pa-ra quem chega e vai pa-ra o aeroporto”, comenta. * Nomes fi ctícios

da Redação

A chamada “cracolân-dia” da Maré surgiu no fi -nal do ano passado de-pois da invasão da Uni-dade de Polícia Pacifi ca-dora (UPP) nas favelas de Manguinhos, Mandela e Jacarezinho, locais em que se encontrava gran-de número de usuários de crack e de outras dro-gas. Logo depois da per-manência da UPP nestas três favelas, também lo-calizadas na Zona Norte do Rio, os usuários loco-moveram-se para a Ave-nida Brasil, próximo à Maré. Ficaram meses na via, depois da operação

da Prefeitura eles fi caram espalhados e se encon-tram agora dentro das fa-velas da Maré.

Repressão O vereador Renato

Cinco (Psol), que há pou-cos meses abriu a CPI da Internação Compulsó-ria, afi rma que a prefeitu-ra tem utilizado o comba-te ao crack como pretex-to para reprimir as popu-lações de rua. “Não há ne-nhum interesse da prefei-tura em realmente tratar essas pessoas, tanto que os recolhidos estão sendo colocados em estabeleci-mentos que não fornecem tratamento”, diz. (GM)

05

“Quem passa pela Avenida Brasil pode ter a falsa impressão de que a questão foi resolvida, mas os usuários ainda continuam lá “

Operação da prefeitura maquia cracolândiaSAÚDE Depois de operação da prefeitura, usuários de crack deixaram a Avenida Brasil e agora estão nas ruas da Maré

Gizele Martinsda Redação

Há três meses, a pre-feitura fez uma operação para retirada dos mais de 500 usuários que circula-vam e moravam próximo à pista da Avenida Brasil. Mas a chamada cracolân-dia só mudou de local. Ela está agora dentro das ruas do conjunto de fa-velas da Maré. E os usuá-rios continuam sem qual-quer tipo de tratamen-to de saúde pública. Mui-tos deles, ao atravessar as pistas, continuam sendo atropelados pelos carros.

Para Frederico Mo-reira*, morador da Ma-ré, nada foi pensado pa-ra a melhoria das condi-ções de vida destes usu-ários de crack. “Nada foi feito no sentido de so-lucionar o problema. O que acontece é uma es-pécie de choque no sen-tido de desconcentrar os usuários”, disse. Ainda de acordo com ele, “quem passa pela Avenida Brasil pode ter a falsa impres-são de que a questão foi resolvida, mas os usuá-rios ainda continuam lá, só que transitando nas imediações da via”, afi r-ma.

A também morado-ra da Maré, Bruna Fer-reira*, diz que as via-turas que estão insta-ladas hoje no local on-

Locomoção de usuários se deu após UPPPara vereador, prefeitura não tem interesse em tratar os usuários

Usuários continuam sem qualquer tipo de tratamento de saúde pública

Usuários de crack recolhidos em operação em Manguinhos

Pablo Vergara

Tânia Rêgo/ABr

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Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 | brasil06

Fotos: Pablo Vergara

A pedagoga Fátima Silva

Vivian Virissimodo Redação

A pedagoga Fátima Silva trabalha há 30 anos com jovens infratores. Ela acompanha o coti-diano dessa juventude, não apenas os casos iso-lados que repercutem na mídia.

Integrante do Conse-lho Estadual da Crian-ça e do Adolescente e do Comitê contra Tortura da Alerj, Fátima acredi-ta que interesses econô-micos explicam a gran-de campanha para crimi-nalizar jovens a partir dos 16 anos.

Brasil de Fato – Qual é a juventude que será criminalizada com a redução da maioridade penal?

Fátima Silva – O po-bre, negro, favelado e analfabeto. Os que estão à margem da socieda-de. Sabemos que a escola não está preparada para receber esse jovem que, muitas vezes, também é trabalhador. O horário,

“Reduzir idade penal é criminalizar a pobreza”ENTREVISTA Para Fátima Silva, projeto para reduzir a maioridade penal tem um alvo certo: pobres, negros, favelados e analfabetos

por exemplo, é inadequa-do porque ele trabalha para ajudar o pai e a mãe. E essa é a primeira vio-lência contra esse adoles-cente, embora a socieda-de não encare a falta de oportunidade como uma violência. A sociedade vê o apenas o retrato que a mídia mostra, ela não co-nhece toda a história.

Quer dizer que apenas uma classe social sofrerá com penas mais severas?

Há meninos ricos que cometeram crimes e que não vão parar em uni-dades de internação. Jo-vens queimam um ín-dio e nem cumprem me-dida socioeducativa. Ou-tro bateu em uma pessoa por desconfi ar que ela se-ria homossexual e nada lhe aconteceu. Filho de empresário que atropela pessoas e não será preso. Por isso eu sempre per-gunto: redução da maio-ridade pra quem? Além disso, por trás do argu-mento do aumento da se-gurança, há apenas in-

teresses econômicos de empresas que serão be-nefi ciadas com a cons-trução de mais cadeias e sistemas de segurança.

Existem estatísticas em âmbito nacional que possam sustentar a alte-ração na legislação?

Não. No Brasil, temos uma estatística masca-rada. Temos, inclusive, muitas difi culdades pa-ra entrar nos locais de in-ternação. Quem traba-lha nas unidades, não confi a nos números ofi -ciais. Só temos estatísti-cas dos adolescentes in-ternados em São Paulo: 42% por crimes relacio-nados ao tráfi co, 50% por

degradação ao patrimô-nio e 8% por homicídio. Então quer dizer que o foco maior não é o crime com arma de fogo, é o trá-fi co que usa esse jovem em função da pobreza. É o dinheiro rápido e fácil. Enquanto o salário míni-mo é R$700, no tráfi co ele ganha R$100 por dia.

Como são os espaços de internação aqui no Rio?

Vejo muitos resquí-cios da ditadura nesses espaços com diversos ca-sos de tortura. Nas últi-mas semanas, 16 meni-nos foram torturados no pau-de-arara e uma me-nina apanhou com so-cos e golpes de pau. Além

de torturas, temos mortes também. Mães relatam que as torturas aconte-cem até no tronco, como nos tempos da escravi-dão. Nas unidades, esses jovens não têm identida-de, eles têm apenas um número. Ele não é mais o João, ele é o 434. Quando esse menino volta para o convívio familiar, ele já está rotulado como ban-dido e marginal.

O Brasil vai sediar a Jor-nada Mundial da Juven-tude e ao mesmo tempo cogita criminalizar seus jovens. Como avalia es-sa contradição?

Eu percebo como uma higienização. Assim co-mo a internação com-pulsória que retira me-ninos em situação de rua para limpar a cidade. Eu não percebo nenhuma movimentação para in-cluir essa juventude. Da-qui até a Copa, devería-mos ter trabalho de pre-venção com projetos sé-rios de inclusão. Se não tiver um projeto amplo tudo é paliativo.

SINDICAL

O Sindicato dos Co-merciários de São Paulo está apoiando proposta do vereador Alfredinho (PT), que prevê o fechamento aos domingos e feria-dos dos hipermerca-dos e supermercados que possuem mais de 50 funcionários. A en-tidade acredita que es-sa é uma forma de de-fender a criação de mais empregos, uma vez que o pequeno va-rejista e os comercian-tes de bairro empre-gam muito mais fun-cionários do que as grandes redes.

A norma foi sancionadapela presidenta Dilma Rousseff e publicada no Diário Ofi cial da União dia 17 de maio. A esta-bilidade será garantida também em casos de aviso prévio indeniza-do, quando a funcioná-ria recebe o salário re-ferente ao período, mas não é obrigada a com-parecer ao serviço.

Representantes dos go-vernos, dos trabalhado-res e dos empregado-res dos países que com-põem o Mercosul (Bra-sil, Argentina, Uruguai e Paraguai) participa-ram de um ciclo de reu-niões dos Órgãos Socio-laborais do bloco, que se encerrou dia 17 de maio, em Montevidéu, no Uruguai. Foram des-taques no encontro os avanços na prestação de serviços públicos de emprego a busca por alternativas que facili-tem a livre circulação de trabalhadores entre os países membros.

Mercados fechados aos domingos

Estabilidade e gestantes

Trabalho no Mercosul

“Há meninos ricos que cometeram crimes e que não vão parar em unidades de internação”

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Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 cidades |

da Redação

O Fórum Nacional pe-la Democratização da Comunicação foi cria-do durante as eleições de 1989, a partir de um gru-po de trabalho atuante no setor. Já passou por dis-putas internas, desprestí-gio e no estado do Rio foi desmembrado no grupo Comunicativistas.

Com a I Conferên-cia Nacional de Comu-nicação (Confecom), em 2009, o FNDC se reer-gueu e, hoje, representa a unidade na luta pela de-mocratização da comu-nicação no Brasil.

“O exercício da regula-ção está condicionado ao envolvimento dos atores

sociais. É preciso radicali-zar a gestão e a produção de conteúdo”, pensa Adíl-son Cabral Filho, da UFF.

Mas é preocupante o cenário que esses mes-mos atores sociais têm pela frente, agora que a campanha está em cur-so. “Não é possível con-siderar que rádio comu-nitária derruba avião. Se fosse o caso de o Minis-tério das Comunicações

prometer algo, diria que é prioritária a descrimi-nalização dessas rádios. A outra passaria pela cas-sação das concessões de rádio e tevê permitidas a vereadores, deputados e senadores”, fi naliza o pro-fessor universitário.

Há diversos pontos para coleta de assinatu-ra em todo o estado, co-mo nos dois Sindicatos dos Jornalistas (munici-pal e estadual) e no Clube de Engenharia. Para con-tribuir com a campanha, o mínimo a fazer é forne-cer nome completo e títu-lo de eleitor. Se quiser sa-ber mais, é possível se in-formar pela Internet, em www.paraexpressarali-berdade.com.br. (DI)

07

Daniel Israelda Redação

Aprovado em 27 de agosto de 1962, pelo presidente João Gou-lart, o Código Brasilei-ro de Telecomunicações (CBT) segue como a úni-ca regulamentação para o setor no país.

Em busca de uma le-gislação atualizada, no entanto, os movimentos sociais se articularam em torno do Fórum Na-cional pela Democrati-zação da Comunicação (FNDC). Com isso, foi possível lançar a cam-panha “Para Expressar a Liberdade”.

Desde 1º de maio, a campanha nacional está nas ruas. O próximo pas-so é sensibilizar toda a so-ciedade brasileira, com o intuito de reunir até 1,5 milhão de assinaturas e exigir que o governo fe-deral saia da inércia.

A jornalista Claudia de Abreu destaca que

Pela democratização da mídia, campanha lança abaixo-assinado

COMUNICAÇÃO Organizações pressionam governo Dilma e cobram transparência e pluralidade para a mídia

“O exercício da regulação está condicionado ao envolvimento dos atores sociais”

Fórum criado em 1989 volta à ativaProfessor aponta descriminalização das rádios comunitárias como ação prioritária

dos 20 pontos pensados para elaborar o texto da campanha, três devem ser prioritários. “O fi m da propriedade cruza-da (pessoa ou grupo que possui número de veícu-los – rádio, tevê, jornal e/ou site – acima do limite em certa região), a regio-nalização da produção e maior transparência no processo de concessões de rádio e tevê”.

Na opinião dela, que integra a coordenação da Frente Ampla pe-la Liberdade de Expres-são (FALE-Rio), é preci-so que as leis acompa-

nhem as transformaçõesocorridas na socieda-de. “A realidade da im-prensa e da comunica-ção mudou. Mas a Cons-tituição já trazia propos-tas para atualizar o se-tor, como a regionaliza-ção da produção audio-visual”, avalia.

Mesmo com um capí-tulo que reúne cinco arti-gos (do 220 ao 224), a so-ciedade ainda não conse-guiu fazer valer o que estáprevisto na ConstituiçãoFederal de 1988 (CF/88).Para a infelicidade das or-ganizações que lutam poresse direito humano, noentanto, seria necessárioexigir compromissos jun-to ao governo federal.

“A sociedade deveriabuscar compromissosdo governo para com acausa”, sugere AdílsonCabral Filho, especialis-ta em políticas públicasde comunicação e pro-fessor na Universida-de Federal Fluminense(UFF).

“A realidade da imprensa e da comunicação mudou. Mas a Constituição já trazia propostas para atualizar o setor”

Lançamento da campanha em Aracaju (SE)

Para Expressar a Liberdade

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Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 | brasil08

Viviane Tavares da Redação

Você pode ter cân-cer! Você, a repórter que vos escreve e a atriz hollywoodiana Angelina Jolie. Mas a atriz não quis viver mais com este futu-ro incerto.

Filha de uma vítima do câncer de mama e com chance de ter a do-ença, Angelina tomou a atitude de tirar as mamas e assumiu publicamente sua posição. A ação divi-diu pesquisadores, alvo-roçou a imprensa, mas, os fatos provaram que existem outras formas de prevenção deste e de ou-tros cânceres.

De acordo com o Mi-nistério da Saúde, o cân-cer de mama é a principal causa de morte entre as mulheres brasileiras com câncer. Por conta disso, o Ministério implantou diferentes medidas para que o tratamento seja re-alizado pelo Sistema Úni-co de Saúde (SUS).

Atualmente, além de tratamento por meio de cirurgia, quimioterapia ou radioterapia, depen-dendo de cada caso, as mulheres têm o direito ainda de realizar a cirur-gia de reconstituição da mama, assim como An-

gelina fez com as mamas saudáveis.

PrazosO problema de quem

depende do SUS é que este prazo pode levar a partir do dia 23 de maio até 60 dias para iniciar o tratamento, antes da lei 12.732/12 entrar em vi-gor, este prazo chega-va até a 76,3 dias na qui-mioterapia e 113,4 na ra-dioterapia, de acordo com pesquisa realizada pelo Tribunal de Contas da União em 2011.

Angelina Jolie embora

não tivesse que esperar este tempo para algum tipo de tratamento, não quis ao menos se sub-meter a ele, caso vies-se a ter um câncer, que também era apenas uma possibilidade.

Denúncia A pesquisadora e an-

tropóloga Débora Diniz em artigo para o Jornal O Estado de São Paulo no dia 18 de maio denuncia que a atitude de Angeli-na tem outro signifi cado.

“O teste sanguíneo para a identifi cação do gene defeituoso de An-gelina custa US$ 4 mil nos EUA. É produzido por uma única empre-sa, a mesma que busca patentear o sequencia-mento genético na Su-prema Corte americana”, afi rma.

O câncer de mama é a principal causa de morte entre as mulheres brasileiras com câncer

“No Brasil, não está disponível na rede públi-ca de saúde por duas ra-zões. A primeira é que a genética clínica ainda não foi seriamente imple-mentada como política pública do SUS. A segun-da, e mais importante, é o custo exorbitante do exa-me, dado o controle eco-nômico da patente e do sequenciamento do gene por uma única empresa. É a ciência que cartografa nossos genes e que vende o teste para classifi car al-guns deles como ‘defeitu-osos”’, explica.

FATOS EM FOCO

O Tribunal de Justiça do Paraná publicou de-cisão inédita com rela-ção à função social da propriedade urbana. Por dois votos a um, os desembargadores do TJ confi rmaram a senten-ça de procedência do pedido de usucapião de cerca de 30 famílias de catadores de mate-rial reciclável que ocu-pam terreno de uma massa falida no bairro Boqueirão, em Curiti-ba, desde 1999. A deci-são diz respeito à ação de reintegração de pos-se proposta pela massa falida da empresa Tec-nicom LTDA, em 2004.

Enquanto o governo cede na modelagem de outros leilões de in-fraestrutura para atrair mais concorrência, o interesse da iniciativa privada em aeroportos se mostra mais presen-te. Dos 11 grupos que disputaram o último leilão do setor, ocorri-do em 2012, todos têm empresas representan-tes dentre as interessa-das na nova rodada de licitação. Pelo menos 20 companhias estudam os ativos e conversam nos bastidores para a disputa de Galeão (RJ) e Confi ns (MG), agen-dada para setembro.

Quase metade da po-pulação brasileira com 10 anos ou mais de idade (46,5%) aces-sava a internet em 2011. Segundo estu-do do IBGE, o índice é mais do que o dobro do percentual regis-trado em 2005, quan-do aproximadamente 21% da população ha-viam acessado a rede. No mesmo período, a população nessa faixa etária cresceu 9,7%.

Moradia

Leilões de aeroportos

Internet

A atriz estadunidense Angelina Jolie

O autoexame é importante, mas não substitui o exame físico realizado por profi ssional de saúde

Reprodução

Reprodução

SERVIÇO

Evitar a obesidade

Praticar exercícios

Evitar a ingestão de álcool em excesso

Autoexame

Ficção Ficção científi ca científi ca ou drama ou drama heroico?heroico?SAÚDESAÚDE A atriz Angelina Jolie A atriz Angelina Jolie retira mama saudável com medo retira mama saudável com medo da possibilidade de ter câncerda possibilidade de ter câncer

Dicas paraprevenção do câncer de mama

Fonte : INCA

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Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 brasil |

ra, e pelo deputado fe-deral Ivan Valente (Psol-SP), também tramita naJustiça. “O processo foiextinto sem julgamen-to do mérito, por isso es-tamos recorrendo des-sa decisão”, declarou Si-queira.

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Th ais Leitãode Brasília (DF)

O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, disse na terça-feira (21) que a velocidade com que os boatos sobre o fi m do Bolsa Família se espa-lharam levanta a suspeita de que a ação possa ter si-do “orquestrada”.

“Isso chama a atenção porque tivemos a eclo-são [dos boatos] em vá-rios pontos diferentes do território nacional e com uma velocidade espan-tosa. Não podemos afas-tar a hipótese de ter ha-vido orquestração des-

Ações denunciam irregularidades nos leilões do PetróleoJUSTIÇA Com o objetivo de barrar os leilões do petróleo, entidades de petroleiros ingressaram com ações

da Redação

Uma ação civil públi-ca e duas ações popula-res questionam no Judi-ciário a validade do lei-lão que entregou 142 blocos de petróleo pa-ra empresas nacionais e estrangeiras.

Os processos tentam impedir a assinatura dos contratos entre a Agên-cia Nacional do Petróleo (ANP) e as empresas que participaram da 11ª ro-dada de leilões. Os con-tratos, no valor de R$2,8 bilhões, serão assinados somente em agosto.

No fi nal de março, os sindicalistas Ema-nuel Cancella e Fran-cisco Soriano, do Sindi-cato dos Petroleiros do Estado do Rio de Janei-ro (Sindipetro-RJ), ajui-zaram um ação popular no Rio. “Alegamos a falta de publicidade na inclu-são de 117 áreas que fo-ram leiloadas no dia 14 de maio. Esse lotes fo-

POLÍTICA Para ministro, ainda é cedo para relacionar motivação política, mas boatos podem ter sido orquestrados

Boato afl ige benefi ciários do Bolsa Família

ses boatos, sabe-se lá por que razão. Evidentemen-te, houve uma ação de muita sintonia e isso nos leva a cogitar essa hipó-tese”, disse ao acrescen-tar que haverá rigor nas punições, embora ainda não seja possível identi-

“Isso chama a atenção porque tivemos a eclosão [dos boatos] em vários pontos diferentes”

fi car quais delitos foramcometidos.

Quanto à possibilida-de de motivação políti-ca para a divulgação dosboatos, Cardozo afi rmouque ainda é cedo paraqualquer posicionamen-to. “Seria leviano da mi-nha parte, como ministroda Justiça, falar sobre issoenquanto a apuração nãofor concluída”, destacou.

Segundo ele, a PF estáinvestigando o caso com“absoluta prioridade”.“Ações como essas mos-tram um profundo des-compromisso com o inte-resse público e com o pa-ís.” (Agência Brasil)

ram incluídos após au-diência pública realiza-da no dia 19 de feverei-ro”, informa Cancella.

Segundo o advogado do Sindipetro-RJ, Luiz Fernando Cordeiro, a ação pede a nulidade do processo de licitação e a suspensão do leilão. “Ou pelos menos que os 117 lotes irregulares sejam retirados do certame”, explica. A liminar foi ne-

gada, mas o Sindipetro ingressou com um re-curso na 24ª Vara Fede-ral. Nos próximos dias, o Ministério Público (MP) vai se manifestar sobre o caso.

A Federação Única dos Petroleiros (FUP)

Os processos tentam impedir a assinatura dos contratos entre a Agência Nacional do Petróleo (ANP) e as empresas que participaram da 11ª rodada de leilões

também ingressou com uma ação civil públi-ca no Paraná. Porém, a ANP alegou que haveria conexão com a ação po-pular proposta pelo Sin-dipetro, argumento que foi acatado pelo juiz res-ponsável. Deste modo,

os dois processos estão correndo juntos na 24ª Vara Federal.

Outra ação popular, proposta pelos dirigen-tes da Associação dos Engenheiros da Petro-bras (Aepet), Silvio Sine-dino e Fernando Siquei-

Tânia Rêgo/ABr

Manifestação contra os leilões do petróleo no centro do Rio

Mesmo com boato desmentido, benefi ciários foram às agências da Caixa

Samuel Tosta

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Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 | mundo

começou a ser julgado em meados de março pe-la morte de cerca de 771 indígenas da etnia Ixil, na região de Quiche, no nor-te do país.

A anulação da senten-ça, segundo a Corte, foi provocada por erros co-metidos durante o julga-mento. Os advogados de defesa de Ríos Montt ar-gumentaram, em recur-sos interpostos, que hou-ve equívocos no julga-mento. A Suprema Corte da Guatemala aceitou os argumentos do advogado Francisco García, defen-sor do ex-ditador.

(Agência Brasil)

ra diferente”, disse ele so-bre seus tempos de cárce-re, quando disse ter pas-sado a conversar com rãs e formigas para “não en-louquecer”.

Ele afi rmou duvi-dar que a próxima elei-ção presidencial, marca-da para 2014, vá atrapa-lhar sua gestão, e se diz animado com um proje-to pessoal para quando deixar o Executivo, em março de 2015: “Quan-do terminar esse tram-po (changa em espanhol, referindo-se à Presidên-cia), vou me dedicar a fa-zer uma escola de traba-lhos rurais nesta região”.

“O governo funcio-nará até o último dia, mas já adianto que após as eleições os governos uruguaios costumam to-mar medidas de impac-to”, quando se espera avançar medidas de in-fraestrutura sobre por-tos e a renovação da re-de ferroviária, além da lei de regulação da mí-dia. (Opera Mundi)

de participação, todos na mesma área rural – diz ter alma de camponês, se or-gulha de sua plantação de acelgas e já pensa em voltar a cultivar fl ores.

Possui dois velhos au-tomóveis dos anos 1980 (entre eles um Fusca com o qual vai ao trabalho) e três tratores.

Segundo o presidente uruguaio, essa opção de vida foi gestada durante os anos em que viveu pre-so sob duras condições (1972-1985) em razão de sua atividade como guer-rilheiro do MLN-T (Movi-mento de Libertação Na-cional - Tupamaru), mo-vimento que lutou contra a ditadura militar.

“Por que cheguei a esse ponto? Porque vi-vi muitos anos em que, quando recebia um col-chão à noite para dormir, já me dava por contente. Foi quando passei a valo-rizar as coisas de manei-

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FATOS EM FOCO

Quase 130 dos 166 de-tentos (78,3%) da Pri-são de Guantánamo, na Base Naval dos Es-tados Unidos em Cuba, chegaram, dia 17 de maio, aos 100 dias sem ingerir alimentos. Os presos acusam os fun-cionários do presídio estadunidense de abu-sos e maus-tratos, o que teria motivado a greve de fome. Embo-ra os advogados de de-fesa sustentem que se-ja esse o número de de-tentos, as autoridades da prisão contestam, dizendo que o total de presos sem comer seria 100, o que ainda repre-senta a maioria.

Morreu no último dia 17, aos 87 anos, o ex-ditador argentino Jor-ge Rafael Videla, que esteve à frente do go-verno do país entre 1976 e 1983. Neste pe-ríodo, segundo organi-zações de direitos hu-manos, desaparece-ram 30 mil pessoas. Vi-dela, segundo os mé-dicos, morreu de cau-sas naturais na ce-la onde cumpria pena de prisão perpétua por homicídio qualifi cado, tortura e outros crimes contra a humanidade.

A Câmara dos Deputa-dos da Bolívia aprovou uma norma que permi-te a Evo Morales con-correr a seu terceiro mandato presidencial. Os deputados confi r-maram a resolução do Tribunal Constitucio-nal do país que enten-deu que a norma não fere a Constituição.

Greve de fome emGuantánamo

Morreex-ditadorargentino

Evo poderá se reeleger

da Redação

O presidente do Uru-guai, José Mujica, afi r-mou em entrevista con-cedida, na última sexta-feira (17), à rede estatal chinesa Xinhua, que não concorda com o título que lhe foi atribuído pela imprensa internacional de “presidente mais po-bre do mundo”, em razão de seu estilo de vida sim-ples. Segundo ele, esse tí-tulo é incorreto.

“Eu não sou pobre. Po-bres são aqueles que pre-cisam de muito para vi-ver, esses são os verdadei-ros pobres, eu tenho o su-fi ciente”, afi rmou.

“Sou austero, sóbrio, carrego poucas coisas comigo, porque para vi-ver não preciso de muito mais do que tenho. Lu-to pela liberdade e liber-dade é ter tempo para fa-zer o que se gosta”, dis-se o presidente. Ele con-sidera que o indivíduo não é livre quando traba-lha, porque está subme-tido à lei da necessidade. “Deve-se trabalhar mui-to, mas não me venham com essa história de que a vida é só isso”.

Assim como já fez com outros correspondentes internacionais, Mujica recebeu a equipe de re-portagem chinesa em sua modesta propriedade ru-ral em Rincón del Cierro, nos arredores de Monte-vidéu, ao lado dos cães e galinhas que cria e ali-menta todos os dias.

Aos 77 anos, Mujica doa 90% de seu salário de 260 mil pesos uruguaios (quase 28 mil reais) a ins-tituições de caridade. Não possui cartão de cré-dito nem conta bancária. Sua lista de bens em 2012 inclui um terreno de sua propriedade e dois com os quais conta com 50%

“Deve-se trabalhar muito, mas não me venham com essa história de que a vida é só isso”

Mujica rejeita título de “presidente mais pobre”URUGUAI Para chefe de Estado, “pobre é quem precisa de muito para viver”

“Eu não sou pobre. Pobre são aqueles que precisam de muito para viver, esses são os verdadeiros pobres, eu tenho o sufi ciente”

Mujica doa

90% de seu salário

O presidente uruguaio José Mujica

Santiago Armas/Presidencia de la República del Ecuador

Renata Giraldi

A Corte Constitucional (o equivalente à Supre-ma Corte) da Guatemala anulou a sentença de 80 anos de prisão contra o ex-ditador guatemalteco Efraín Ríos Montt (1982-1983), de 86 anos, por ge-nocídio e crimes de guer-ra. No último dia 10, ele foi condenado a 80 anos de prisão – 50 pelo mas-sacre de povos indígenas e 30 anos por crimes con-tra a humanidade e de guerra. Foi determinado um novo julgamento em data ainda a ser confi r-mada.

Ríos Montt governou a Guatemala em um dos períodos mais violen-tos da longa guerra civil, que durou 16 anos (1960-1996). O ex-ditador, que é general da reserva, cum-pre prisão domiciliar e

Justiça anula sentença de MonttGUATEMALA Anulação da condenação do ex-ditador teria sido provocada por erros no processo

Ríos Montt é acusado pela morte de cerca de 771 indígenas

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Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 cultura |

Marina Schneiderdo Rio Janeiro (RJ)

O cineasta e pesqui-sador mineiro Joel Zito Araújo, à exceção do fi c-cional As fi lhas do vento (que contou com Zózimo Bulbul no elenco), vem se dedicando a fi lmes do-cumentários desde 1989, quando lançou o média-metragem Memórias de classe. Como principal temática, sua obra desta-ca a situação do negro na sociedade brasileira.

Nesta entrevista, Joel Zito fala de seu mais re-cente trabalho, o docu-mentário Raça, e afi rma que o fi lme busca “re-equilibrar os pontos de vistas sobre temas que vi-raram um debate nacio-nal, como cotas, quilom-bos e outras políticas afi r-mativas”.

Brasil de Fato – Fale um pouco sobre o objetivo do fi lme

Joel Zito – O docu-mentário mostra o resul-tado da nossa busca por algumas pessoas que es-tivessem no epicentro do debate racial no pa-ís. Quem narra a histó-ria são os acontecimen-

tos da vida dessas pesso-as que escolhemos. Essa é a boa surpresa do fi lme que oferecemos para o público. Nele, o especta-dor vai acompanhar o re-sultado de cinco anos de fi lmagens na vida do can-tor e empresário, e agora político, Netinho de Pau-la, tentando criar uma TV Negra, a TV da Gen-te. Acompanhamos tam-bém uma mulher do po-vo, do norte do Espírito Santo, Dona Miúda, que busca em seu microcos-mo lutar pelo reconhe-cimento do seu direito à terra e preservaç ão de sua cultura quilombola. Creio que este é, também, o primeiro documentário que passou três anos nos corredores do Congres-so acompanhando um senador da República, Paulo Paim, e mostran-do a complexidade da vi-da de um político e suas negociaç ões na tentativa de aprovaç ão de uma lei de interesse do povo ne-gro. O fi lme acompanha o protagonismo de Pau-lo Paim na aprovaç ão do Estatuto da Igualdade Ra-cial, como também o an-tagonismo do Senador Demóstenes Torres, que

foi contra qualquer me-dida a favor de políticas afi rmativas no Brasil.

O que você espera que o fi lme provoque nos es-pectadores?

Eu sempre procurei fomentar debates sobre questões fundamentais para o nosso país, espe-cialmente a questão ra-cial. E este fi lme busca re-equilibrar os pontos de vistas sobre temas que vi-raram um debate nacio-nal, como cotas, quilom-bos e outras políticas afi r-mativas. Na realidade, acho que a grande mídia, atendendo a sua posição editorial, deu pouco es-paço para as lideranças e personalidades negras. E é esta a novidade do fi l-me. Mas tenho me torna-do um pouco pessimista.

Acho que vivemos uma onda muito conservadora e consumista. A minha ju-ventude foi marcada pela procura de obras cultu-rais e de experiências vol-tadas para o amadureci-mento de nossa civilida-de, de humanidade, de nossa solidariedade com os mais fracos. Sonhá-vamos com um mundo mais justo, mais fraterno. Acho que o mundo atual está muito materialista. A

felicidade hoje é simples-mente consumir, se en-tupir de fast-food e com-prar roupas de marcas e um carro “maneiro”. O re-fl exo nas salas de cine-ma é que o público pro-cura por fi lmes fast-food, que não incomodam, que não fazem pensar. Eu sei que este fi lme está contra a corrente, mas sei que tem uma parte do públi-co que anseia por isto. Por ver questões fundamen-tais na tela. E este público vai, seguramente, adorar o nosso fi lme.

Li em uma entrevista que você concedeu em 2011 à Baobá que a renda do fi lme será revertida para esta organização.

Sim, é uma novida-de que nos dá muito or-gulho. Nunca vi nenhum fi lme que doasse toda sua renda de bilheteria para uma causa. Nós en-tregaremos tudo que re-cebermos com a venda de ingressos para o Bao-bá. É uma forma de aju-darmos a construir uma verdadeira democracia racial neste país. E é uma forma do público tam-bém participar.

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SERVIÇO

Fotos: Tânia Rêgo/Abr

O cineasta mineiro Joel Zito Araújo

Raça, novo fi lme de Joel ZitoRaça, novo fi lme de Joel ZitoDOCUMENTÁRIODOCUMENTÁRIO Filme acompanha o dia-a-dia do senador Paulo Paim, do cantor Netinho Filme acompanha o dia-a-dia do senador Paulo Paim, do cantor Netinho de Paula, e de uma neta de escravos, Dona Miúda, como uma forma de trazer o debate de Paula, e de uma neta de escravos, Dona Miúda, como uma forma de trazer o debate atual e os questionamentos sobre o mito da democracia racial no Brasilatual e os questionamentos sobre o mito da democracia racial no Brasil

Documentário Raça

fi lmado entre os anos de 2005 e 2011está em cartaz no Espaço Itaú de Cinema (Praia de Botafogo, 316).

É exibido em dois horá-rios: 16h e 20h na Sala 3.

Os preços variam: R$16 (quarta, exceto feria-dos), R$21 (segunda, terça e quinta, exceto feriados), R$ 25 (sexta a domingo e feriados).

“Eu sei que este fi lme está contra a corrente, mas sei que tem uma parte do público que anseia por isto”

“Quem narra a história são os acontecimentos da vida dessas pessoas que escolhemos”

Divulgação

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Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 | cultura

Candeia da Portela e do Quilombo, testamento vi-vo de resistência.

Debaixo da tamari-neira despontavam no-vos valores, altos parti-dos. Entre eles, Renato de

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AGENDA 0800

EXPOSIÇÃO:

Memorial Getúlio Var-gas apresenta: “Arte & Política”. Trabalhos de artistas como Cândi-do Portinari, Hélio Oi-ticica, Oscar Niemeyer e Lasar Segall. Pode ser vista de terça-feira a sá-bado, das 10h às 17h, até o dia 29 de junho, na Praça Luís de Ca-mões, na Glória. Grátis

A Caixa Cultural rece-be exposição World Press Photo que reú-ne 154 imagens regis-tradas por 54 fotógrafos

Orlando Oliveira

“Porque o sambista não precisa ser membro da academia/ Ao ser na-tural em sua poesia, o po-vo lhe faz imortal”, já can-tava Candeia em “Testa-mento de Partideiro”. Fa-moso por seus versos de improviso, Renatinho Partideiro, faleceu neste mês, no dia 11 de maio. “A gente faz samba tirado da alma”, declarava Renati-nho, um dos grandes no-mes do partido-alto.

Nos anos 1980, surgiu na tevê uma novela cha-mada “Partido Alto”. Deve ter despertado a curiosi-dade de velhos batuquei-ros. Tudo ilusão: trilha so-nora com funk, nada a ver com a história do samba. O verdadeiro e bom parti-do estava presente nas ro-das, expresso na incrível imaginação e versatilida-de de seus grandes ases. Aniceto do Império, você foi um caso sério, Xangô da Mangueira, já cantou muito samba, já foi ba-tuqueiro, Geraldo Babão, raciocínio versos velozes de um sublime Salgueiro,

Debaixo da tamarineira despontavam novos valores, altos partidos. Entre eles Renato de Pilares

Renatinho Partideiro: o testemunho da tamarineiraCRÔNICA Diretor do bloco Cacique de Ramos, Renatinho Partideiro morreu precocemente aos 50 anos

de 32 países. As fotos fo-ram destaque na impren-sa internacional ao longo de 2012. Na rua Almiran-te Barroso, 25. Centro. De terça a domingo, das 10h às 21h. Grátis

Travessias, no galpão Be-la Maré, uma realiza-ção do Observatório de Favelas e da Automáti-ca descentraliza o circui-

to de artes. Expõe pintu-ras de Carlos Vergara e colagens de Vik Muniz. Na Rua Bittencourt Sam-paio, 169. Entre as passa-relas 9 e 10 da Av. Brasil na Favela da Maré. Quar-ta e sábado, das 10h às 18h. Quinta e sexta, das 10h às 20h. Grátis

FOTOGRAFIA:

Craques das Copas – O fantástico mundo do fu-tebol. Mostra reúne fo-tografi as e vídeos sobre momentos marcantes do futebol mundial. No Pa-lácio Tiradentes, na Rua Dom Manuel, s/núme-ro. Centro. Até 30 de ju-nho. Grátis

TEATRO:

Lima Barreto ao terceiro dia. A peça conta a vida e obra do escritor, abor-dando a questão do ne-gro no Brasil. No Dulci-na (Rua Alcindo Guana-bara, 17), De sexta a do-mingo, às 19h. Preço: R$20 e R$10 (meia). Es-treia nesta sexta (24)

Dias felizes: suíte em no-ve movimentos. Inspira-da na obra de Samuel Be-ckett, a peça gira em tor-no de uma mulher que quer salvar sua rotina. No CCBB (Rua Primeiro de Março, 66), de quarta a domingo, às 19h30. Pre-ço: R$6. Até domingo.

Prazer. Inquietações, an-gústias e impasses co-tidianos retirados do li-vro “Uma aprendizagem

Pilares, isso mesmo, um dos pilares da famosa ro-da de Ramos, cultivan-do a semente do samba ao lado de Almir Guine-to, Luiz Carlos da Vila, Jo-velina Pérola Negra, De-ni de Lima, tantos outros. “O sol vai baixando e o povo vai se encorajando”, vai versando sem querer querendo o partideiro, registrando a chegada do povo na quadra do Caci-que, domingo de tarde. Já era professor de rima, na ofi cina popular dos Parti-deiros do Cacique.

Outro craque do im-proviso, Nei Lopes, forne-

ce a descrição de Renati-nho Partideiro em seu li-vro Partido Alto: samba de bamba “(...) negro ro-busto, quase sempre ves-tido à moda dos rappers norte-americanos, na faixa de 35 anos à época deste livro, destacou-se pelo raciocínio rápido e pelos versos inspirados.” (p. 176). Admiração pe-los negros norte-ameri-canos, mas fi delidade ab-soluta às profundas raí-zes africanas, às batuca-das brasileiras.

O recente documentá-rio Partideiros, de Toni-nho Galante, serviu como derradeira homenagem a Renato Cardoso das Ne-ves, que nos deixa preco-cemente aos 50 anos. Na tela, um show de samba, partido pesado, pura pi-cardia, onde Renatinho improvisa até dizer che-ga com Marquinho Chi-na, Serginho Procópio e Tiago Mocotó. E mostra a sabedoria do sambista, ao exaltar os antigos par-tideiros como autênticas fontes, infi nitas usinas de criação. E também seu olhar crítico para as difi -

culdades de viver de mú-sica em meio ao cruel co-lonialismo cultural.

Angústias traduzi-das em versos, mas tam-bém tornando vulnerá-vel o corpo, alquebrado pelo diabetes (fatais dia-binhos!). E vai se abrin-do mais uma lacuna no

quilombo musical, on-de a memória dos nossosmitos permanece viva, aocontrário da mídia medí-ocre, inteiramente preo-cupada em reproduzir es-tranhos sons e valores.

Orlando Oliveiraé jornalista

ou o livro dos prazeres” de Clarice Lispector. No CCBB (Rua Primeiro de Março, 66), de quarta a domingo, às 19h. Preço: R$6. Até 2 de junho.

Um inimigo do povo: Texto: Henrik Ibsen. Tra-dução: Pedro Mantiquei-ra. Direção Silvia Mon-te. Homem é tratado por todos como inimigo por tentar dizer algo que ninguém quer ouvir: as águas, fonte do susten-to da cidade, estão conta-minadas. No Centro cul-tural do Poder Judiciá-rio: Rua Dom Manuel, 29. Centro. Seg a Qua, às 19h.120 minutos. Até 29 de maio. Grátis

Dias felizes no CCBBExposição de fotos na Caixa

A memória dos nossos mitos permanece viva

Renatinho Partideiro, um dos grandes nomes do partido-alto

Reprodução

www.caciquederamos.com.br

www.caciquederamos.com.br

Divulgação

Page 13: Brasil de Fato RJ - 004

Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 variedades | 13

HORÓSCOPO

Momento de cuidado com as palavras. Com a família, procure ser cuidadoso e cordial. No amor, momento de espera, paciência. Evite ser precipitado no trabalho.

Áries(21/3 a 20/4)

Momento bom para balanço profi ssional e afetivo. Cuidados com a saúde, corpo, terapias, espiritualidade são recomendados. Cuidado com exageros na vida amorosa.

Câncer(21/6 a 22/7)

Período bom para mudanças nas questões de trabalho. Estudos e troca de informações são essenciais. Conversas importantes e decisivas na vida amorosa.

Libra(23/9 a 22/10)

Momento para mudanças de rotina. Nas relações, atenção e posturas serão importantes. Evite desgastes desnecessários com os familiares.

Capricórnio(22/12 a 20/1)

Período especial para retomar algumas relações antigas. Seja mais dedicado com estudos. Fique atento a gestos simples na vida amorosa.

Touro(21/4 a 20/5)

Momento importante para algumas mudanças. Cuidados com a saúde e com o corpo serão essenciais. No amor, período importante para planos com o cônjuge.

Leão(23/7 a 22/8)

Momento bom para as relações em geral. Sentimentos que antes não notava nas pes-soas podem aparecer. No amor, momento bom para resgatar assuntos esquecidos.

Escorpião(23/10 a 21/11)

Período positivo para negócios. Relações sociais, festas e diversões são propensas. Oportunidades para demonstrar carinho na vida amorosa.

Aquário(21/1 a 19/2)

Momento bom para aperfeiçoar suas ideias e concretizá-las. Seja cuidoso com o corpo. No amor, momento de romantismo fará bem.

Gêmeos(21/5 a 20/6)

Período bom para questões profi ssionais. Cuide para que suas obrigações do cotidiano não atrapalhem relações afetivas. No amor, esclarecimentos de assuntos pendentes.

Virgem(23/8 a 22/9)

O momento é especial para refl etir sobre suas relações. Em assuntos profi s-sionais, bom para mudanças. No amor, cuidado com impulsos.

Sagitário (22/11 a 21/12)

Momento para retomar laços afetivos junto aos familiares e a antigos amores. Evite remoer senti-mentos e aproveite novas relações. No trabalho, procure ter mais paciência com as pessoas.

Peixes(20/2 a 20/3)

PALAVRAS CRUZADAS DIRETASwww.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL 2013

BANCO 79

Tanque u-tilizado na fabricaçãode vinhos

Peça re-presentadapor apenas

um ator

Tecido NãoTecido(sigla)

Vitamina encontrada

noslaticínios

(?) sensu:tipo de pós-graduação

Abreviatu-ra de

"peão", noxadrez

(?) McCart-ney,

ex-beatle

Formaçãopara se

dançar otango

Anteparointerno do

para-brisa

Nomefrequente entre os

islâmicosMetal dereatores

nucleares(símbolo)

O choco-late aera-

do, por suatextura

Que não se movimentaMembrode voo

Alvoroço(fig.)

Pão, emespanhol

Base da produção deum filme (pl.)

Prato mais famoso doEspírito Santo

Reagir àpiada

De tama-nho ínfimo

Advertidos;avisadosAtração

(fig.)

Regra, eminglêsAlain

Delon, ator Paraíso

Consagra-do como

padre

Provenien-tes de

Formatodo funil

Passável;tolerávelNíquel

(símbolo)

Grito emtouradas

(?) final, última fase de um processo

Óleo, em inglês

Funçãoatual do

Palácio doCatete(RJ)

Um dosnaipes dobaralho

Cantora (?): MariaCallas ou Sarah

Brightman

Emblema de um timeRato, em

inglês

Posição religiosa deNietzsche

Provida; munida

Dona(abrev.)

Escoadou-ros de pias

De pensa-mento

limitado

Local ondeocorre a

metamor-fose da

borboleta

A soluçãode pHbásico(Quím.)

Enfeite pregueado

da saia

Ambienta-lista que

concorreuà Presidên-

cia em2010

OL

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3/oil — pan — rat. 4/lato — rule. 5/lagar. 16/museu da república.

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ASTROLOGIA - Semana de 23 a 29 de maio de 2013Semana importante para mais tato e cordialidade; Há tendências para mais envolvimento com assuntos dos outros

Gam

a

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Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 | esporte

frentam o Atlético Goia-nense na próxima fase da competição. Destaque para as estreias de Dedé e Lucca na equipe do Cru-zeiro.

O duelo marcou tam-bém a despedida do Mi-neirão, que será entre-gue à Fifa para a Copa das Confederações.

com gols de Dagoberto e Borges.

O primeiro gol foi em cobrança de falta, após o camisa 11 cobrar por bai-xo e o goleiro Mauro fa-lhar na defesa.

O segundo tento veio dos pés de Borges, que aproveitou cruzamento na grande área, desvian-do na segunda trave.

Segundo tempoNa etapa complemen-

tar, a equipe da casa di-minuiu o ritmo, mas se-guiu pressionando o ad-versário.

Logo aos 3 minutos, num contra-ataque pe-lo meio, Borges é aciona-do e chuta cruzado de fo-

Brasileira) e o ala/pivô Olivinha, o elenco rubro-negro foi superior ao São José durante a maior parte do jogo. No quarto período, a equipe pau-lista perdeu consistên-cia na armação das joga-das (com a expulsão do armador Fulvio) e nos rebotes no garrafão ad-versário (com a contu-são do pivô Murilo).

14

FATOS EM FOCO

Graças à denúncia do canal a cabo ESPN Bra-sil, a Defensoria Pú-blica da União (DPU) acionou o Ministério Público Federal (MPF). A DPU quer saber se o arquiteto Carlos Fer-nando de Andrade, que trabalha na Secreta-ria Estadual de Obras e foi cedido ao Iphan, co-meteu algum crime por conta da aprovação de modifi cações realiza-das no estádio. “Essas intervenções deforma-ram completamente a estética do Maracanã da forma como existia”, afi rmou o defensor pú-blico Daniel Ordacgy.

Melhor atleta brasilei-ra na modalidade, Fa-biana já está classifi ca-da para o Mundial de Atletismo, que será em Moscou (Rússia), em agosto. Ela, que se re-cupera de lesão no pé, volta às pistas após três meses de tratamento.

Reforma no Maracanã em xeque

Fabiana Murer volta a competir

Giba na Calçada da FamaIntegrante de um time que marcou época e ganhou todas as com-petições que disputou,Gilberto Godoy Filho, o Giba, grava nome e mãos na Volleyball Al-ley (espécie de Cal-çada da Fama do vo-leibol mundial). Ele é o terceiro brasilei-ro a ser lembrado nes-se grupo seleto: os ou-tros dois foram Ber-nard (que inventou o saque “Jornada nas Estrelas”) e Maurício (campeão olímpico e do mundo, junto com Giba). O evento ocorrena Polônia.

da Redação

Na noite de quarta-feira (22), em Belo Hori-zonte, o Cruzeiro goleou o Rezende por 4 a 0, em jogo válido pela segunda fase da Copa do Brasil.

O técnico Marcelo Oliveira fi nalmente pô-de contar com o zaguei-ro Dedé, considerado a grande contratação do time celeste no ano de 2013.

A grande surpresa foi a ausência do zagueiro Léo, que jogou o clássico contra o Galo na fi nal do Campeonato Mineiro.

Superior tecnicamen-te, Cruzeiro abriu 2 a 0, ainda no primeiro tempo,

da Redação

Na noite de domingo (19), o Flamengo venceu o São José (SP) por 106 a 86, no terceiro jogo das semifi nais do Novo Bas-quete Brasil (NBB). O ti-me do técnico José Al-ves Neto desempatou a série, disputada em até cinco partidas.

Cerca de sete mil pes-soas estiveram presen-tes à Arena da Barra pa-ra apoiar a única equi-pe carioca que segue na competição. A outra é o Tijuca, que sequer pas-sou da primeira fase (classifi catória).

Formada por jogado-res experientes, como o ala Marquinhos (que jo-gou nas Olimpíadas de Londres, pela Seleção

Cruzeiro goleia o Resende e segue na Copa do Brasil

Flamengo desempata série e fi ca a uma vitória da fi nal

FUTEBOL As equipes se enfrentaram pelo jogo de volta da segunda fase da competição

BASQUETE Com a vantagem de 2 a 1, rubro-negros voltam a jogar na próxima quinta-feira (23)

O duelo marcou também a despedida do Mineirão

No quarto período, a equipe paulista perdeu consistência na armação das jogadas

Assim, o time coman-dado pelo técnico Régis Marrelli cedeu à marca-ção sob pressão, e o Fla-mengo deslanchou no placar, chegando a abrir 30 pontos de diferen-ça. Destaque para os jo-gadores que saíram do banco e anotaram 30 pontos ao longo da par-tida, contra apenas qua-tro pelo São José.

Com a vantagem de 2 a 1, os rubro-negros jo-gam quinta-feira (23), no Ginásio Linneu de Moura, em São José dos Campos.

Após eliminar o Bau-ru (SP) por 3 a 0, o Uber-lândia (MG) apenas aguarda o adversário para a fi nal, que tam-bém será disputada em melhor-de-cinco.

ra da área. A bola entra no canto direito da meta, sem chance para o golei-ro Mauro.

Aos 43 minutos, Die-go Souza, dentro da área, toca na direita para Elber,

que cruza na risca da pe-quena área para Lucca. Ele emenda um belo chu-te e coloca a bola no can-to esquerdo da meta.

Jogo tranquilo para os mineiros, que agora en-

Em jogada, Egídio, lateral do Cruzeiro

Flamengo venceu o jogo por 106 a 86

Washington Alves/VIPCOMM

Alexandre Vidal/Fla Imagem

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Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 esporte |

A era dospontos corridos

15

Pede que toda a nos-sa preocupação esteja voltada para a seleção.

Talvez para nos es-quecermos de que, fora os tucanos, o Brasil pa-rece querer sua cabeça em um prato.

Homem que conse-gue constranger até a Presidência da Repú-blica não goza de boa imagem.

Esta tentativa de criar comoção nacional em torno da seleção, neste momento, soa ridícula.

Mais ainda, pelas coincidências com seus antigos amigos. Os que mataram Herzog, e que ele tenta jogar debaixo do tapete vermelho das cerimônias.

Marin tenta empla-car um “Brasil: ame-o ou deixe-o!” a la Médici.

Em tempos de Comis-são da Verdade, não nos esqueceremos disto.

Bruno Porpetta é autor do blog

porpetta.blogspot.com

opinião | Bruno Porpetta

A convocação de Fe-lipão para a Copa das Confederações foi as-sunto da imprensa e dos torcedores.

Ela está muito próxi-ma do que temos de me-lhor no futebol brasileiro hoje. Se muita gente não gostou, é porque a fase não anda boa por aqui.

Surpresa sempre tem. Ao menos, teve alguma coerência.

Vivemos uma entres-safra de bons jogadores, uma crise de identidade técnica e tática no “pa-ís do futebol”. Não pode-mos cobrar muito, dian-te deste cenário.

Só estamos entre os favoritos por jogar-mos em casa e termos muito peso no futebol mundial.

Mas duro mesmo é ver outros atores que-rendo aparecer. O presi-dente da CBF, José Maria Marin, apesar da inevitá-vel aparência física com-balida, toma a palavra.

O “ame-o ou deixe-o” de Marin

brasileirão | 1ª rodada

XCorinthians BotafogoSab 25/05/2013 - 21h00 Pacaembu

XVitória InternacionalSab 25/05/2013 - 18h30 Fonte Nova

XVasco PortuguesaSab 25/05/2013 - 18h30 São Januário

XGrêmio NáuticoDom 26/05/2013 - 16h00 Alfredo Jaconi

XPonte Preta São PauloDom 26/05/2013 - 16h00 Moisés Lucarelli

XCriciúma BahiaDom 26/05/2013 - 16h00 Heriberto Hulse

XSantos FlamengoDom 26/05/2013 - 16h00 Mané Garrincha

XFluminense Atlético PRDom 26/05/2013 - 18h30 Moacyrzão

XCruzeiro GoiásDom 26/05/2013 - 18h30 Independência

XCoritiba Atlético MGDom 26/05/2013 - 18h30 Couto Pereira

da Redação

Começa nesse fi nal de semana o Campeona-to Brasileiro da Série A de 2013. Vasco (RJ) e Portu-guesa (SP), e Vitória (BA) e Internacional (RS) fa-zem os dois primeiros confrontos da rodada de sábado às 18h30. Lo-go mais, às 21h, os cam-peões estaduais Botafo-go (RJ) e Corinthians (SP) se enfrentam na capital paulistana.

Ao todo, 20 clubes se enfrentarão, em turno e returno, no campeonato mais importante do pa-ís. Começando no dia 25 deste mês, a disputa se-rá interrompida após a 6ª rodada, dia 12 de junho, quando acontece a Co-pa das Confederações. Os jogos serão retomados no

Vasco e Botafogo na estreia do BrasileirãoLARGADA Embate entre campeões de Rio e São Paulo é destaque da rodada

2012 - Fluminense

2011 - Corinthians

2010 - Fluminense

2009 - Flamengo

2008 - São Paulo

2007 - São Paulo

2006 - São Paulo

2005 - Corinthians

2004 - Santos

2003 - Cruzeiro

dia 6 de julho e seguem até o dia 8 de dezembro, data programada para a última rodada.

10 anos de pontos corridos

O Brasileirão 2013 será a décima edição do tor-neio em que o sistema de pontos corridos é adota-do. Desde 2003, quando o Cruzeiro (MG) levantou a taça, a fórmula vem sen-do repetida ininterrupta-

O Brasileirão 2013 será a décima edição do torneio em que o sistema de pontos corridos é adotado

mente. Os detratores do modelo acusam a ausên-cia de uma fi nal como um fator redutor de emoção. Já os defensores apontam que o acúmulo de pontos coroa a equipe que me-lhor se apresentou du-rante todo o certame.

Vale destacar que, du-rante esses dez anos, al-gumas medidas ajuda-ram a consolidar o for-mato, sendo a principal delas o fi m das famosas “viradas de mesa”, o que levou clubes tradicionais ao rebaixamento, como Corinthians, Palmeiras e Grêmio. Além de fugir da parte de baixo da tabela, a busca de uma melhor co-locação foi impulsionada pelas vagas para os tor-neios continentais, como as copas Libertadores e a Sul Americana.

campeões

Botafogo Ofi cial

Andre Bahia, Seedorf, Andrezinho, Lodeiro e Rodrigo Dantas: depois do carioca, Brasileirão é o desafi o

Page 16: Brasil de Fato RJ - 004

Rio de Janeiro, de 23 a 29 de maio de 2013 | esporte

Mesmo com o domínio do jogo, chegando a ter 72% de posse de bola, o Fluminense deu apenas dois chutes a gol em to-do o primeiro tempo. O Olímpia, por sua vez, também não conseguia avançar rumo ao ataque.

No melhor lance da primeira etapa, Wellin-gton Nem cruzou da di-reita, Leandro Euzébio dominou livre na área e chutou. A bola bateu contra o corpo do golei-ro Martín Silva.

No segundo tempo, passou a chover forte. Com isso, o gramado fi -cou ainda mais pesado. Aos 33’, Rafael Sóbis, que tinha acabado de entrar, sofreu falta na entrada da área. Ele chutou, a bola encobriu a barrei-ra, mas parou em Silva. Em seguida, Aranda fez falta em Rhayner e foi expulso.

Nem isso ajudou a fu-rar a zaga do Olímpia, que fi cou quase 15 mi-nutos com um jogador a menos. O jogo terminou de forma melancólica. Resta ao Flu se preparar para a estreia no Campe-onato Brasileiro, domin-go, dia 26, diante do Atlé-tico (PR), em Macaé (RJ).

LIBERTADORES Mesmo com até 72% de posse de bola, tricolor fi ca no 0 a 0 com Olímpia (PAR)

16

FATOS EM FOCO

O jovem meia rubro-negro, revelado nas categorias de base do clube da Gávea, en-trou no segundo tem-po do jogo contra o Campinense (PB), quando o Flamengo avançou às oitavas-de-fi nal da Copa do Bra-sil, e mostrou muita personalidade. Ele agradou tanto o técnico Jorginho, que garantiu permanência no time principal. A próximo partida do Mengo será contra Santos (SP), domingo (26), no Estádio Mané Garrincha, em Brasí-lia (DF).

O Gigante da Colina segue a rotina de mui-to treino e nenhum jo-go. Na verdade, o ti-me entrou em campo, no sábado (11), para um amistoso em Juiz de Fora (MG), diante do Tupy (time local), e venceu por 5 a 1. Sem disputar uma partida ofi cial desde 20 de abril, quando foi derrotado pelo Madu-reira, na última roda-da da Taça Rio, o Vas-co espera que a estreia no Brasileiro seja uma trégua no fi asco do pri-meiro semestre. A equipe voltará a cam-po diante da Portugue-sa (SP), no sábado (25), em São Januário.

Luiz Antônio ganha vaga de titular

Mais de um mês sem jogo ofi cial

Na próxima etapa, o time da Gávea pega o ASA (AL), que passou pelo Ceará

Aelson F. Amaral/VIPCOMM

Flu desperdiça vantagemDaniel Israel

do Rio de Janeiro (RJ)

A noite era chuvosa e o horário nada convida-tivo. Mesmo assim, mais de 16 mil tricolores fo-ram ao Estádio de São Ja-nuário, na noite da últi-ma quarta-feira (22), pa-ra ajudar o Fluminense na primeira partida pe-las quartas-de-fi nal da Libertadores, diante do Olímpia (PAR).

O entusiasmo, no en-tanto, não resultou em gols e o time agora te-rá uma tarefa difi cílima no jogo de volta, em As-sunção. Cerca de 40 mil paraguaios devem lotar o Defensores del Chaco e empurrar o Olímpia. O vencedor do confron-to avança às semifi nais e enfrenta Atlético (MG) ou Tijuana (MEX).

Desde o início, a equi-pe carioca viu que teria grande difi culdade para furar o bloqueio impos-to pela defesa paraguaia.

00 X

Diego Cavalieri, Bruno (Rafael Sobis), Digão, Leandro Euzébio, Carlinhos, Edinho (Samuel), Jean,

Wágner (Felipe), Wellington Nem, Rhayner e Fred

Silva, Manzur, Miranda, Candia, Gimenez (Pérez), Aranda, Ortíz, Báez (Ariosa)

e Salinas, Salgueiro (Castorino) e Bareiro

São Januário | Rio de Janeiro (RJ) | 22/05/2013 | 22:00

FICHA TÉCNICA

Fluminense Olimpia PAR

Daniel Israeldo Rio de Janeiro (RJ)

Em jogo debaixo de muita chuva, na noite de quarta-feira (22), o Bo-tafogo derrotou o CRB (AL) por 3 a 0 e avançou às oitavas-de-fi nal da competição. Com gols de Antônio Carlos, An-drezinho e Rafael Mar-ques, agora a equipe ca-

Botafogo vence CRB (AL)COPA DO BRASIL Na próxima fase, equipe carioca enfrenta Figueirense (SC), responsável por eliminação na semifi nal, em 2007

rioca enfrenta o Figuei-rense (SC), que des-classifi cou o Arapongas (PR).

Na partida de vol-ta pela segunda fase da Copa do Brasil, no Está-dio Raulino de Oliveira, em Volta Redonda (RJ), o Glorioso conseguiu impor seu jogo e fez va-ler a maior qualidade técnica.

Diante do Figueiren-se, o Botafogo vai tentar se recuperar do trauma de seis anos atrás. Numa das semifi nais, em 2007, o time foi eliminado após polêmica atuação da ar-bitragem. Já no fi m de se-mana, o time de General Severiano estreia no Bra-sileirão, diante do Corin-thians (SP), às 18h30, no Pacaembu.

03CRBBotafogo

X

Tiago, João Victor, Djavan, Paulo Sérgio,Marcus Vinicius,

Gladstone, Audálio, Carlão (Thiago Potiguar),Jairo(Denílson),

Johnnattan, Walter Minhoca, Schwenck

Jeff erson, Lucas, Bolívar, Antônio Carlos, Lodeiro

(Andrezinho), Lima, Marcelo Mattos, Fellype Gabriel

(Vitinho), Gabriel, Seedorf, Rafael Marques

Gols de Andrezinho, Antônio Carlos e Rafael MarquesRaulino de Oliveira | Volta Redonda (RJ) | 22/05/2013 | 22:00

FICHA TÉCNICA

Jogo terminou de forma melancólica