Geral | pág. 12

Esportes | pág. 15

RIO DE JANEIRO

Ano 3 | edição 167

4 a 6 de abril de 2016 distribuição gratuita

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Cidades | pág. 6

Mesmo com Bilhete Único, metrô vai a R$ 4,10

Ana Claudia Lemos foi pega no doping

“Vocês me animam a acreditar que não, de novo não, não vai ter golpe”O cantor e compositor Chico Buarque participou de ato contra o impeachment e em defesa da democracia. A atividade aconteceu no Largo da Carioca e reuniu 50 mil pessoas na última quinta-feira (31).

Após o aumento das tarifas de ônibus, barcas e trem, os trabalhadores cariocas também vão pagar mais caro pelo serviço de metrô. O reajuste do último sábado (2) significou um aumento de R$ 0,40 sobre os R$ 3,70 que eram cobrados. Em abril de 2015, o governo Pezão cortou o subsídio da chamada “tarifa social”, então, mesmo que o usuário utilize o Bilhete Único continua pagando a mesma tarifa. Atleta foi suspensa temporariamente

Brasil | pág. 7

Midia Ninja

Divulgação

DEMOCRACIA A Frente Brasil Popular lançou um site que ajuda eleitores a pressionarem parlamentares indecisos sobre o processo de impeachment.

EXPEDIENTE

Desde 1º de maio de 2013

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

CONSELHO EDITORIAL:Alexania Rossato,Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Augusto Jakobskind, Nicolle Berti, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam)

EDIÇÃO:Vivian Virissimo (MTb 13.344)

SUB-EDIÇÃO:Fania Rodrigues

REPORTAGEM:André Vieira, Bruno Porpetta, Mariana PItasse e Pedro Rafael Vilela

REVISÃO: Sheila Jacob

COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago

ESTAGIÁRIO: Victor Ohana

ADMINISTRAÇÃO: Carla Guindani

DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade

DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga

TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares/mês

(21) 4062 7105redacaorj@brasildefato.com.br

EDITORIAL

Segunda-feira, 4 de abril, Rio de Janeiro, Brasil

º C | F33Sol

PREVISÃO DO TEMPO

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e: G

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e

O assunto é polêmico. Há parcelas consideráveis

da população que apoiam o afastamento da atual presi-dente, e há também quem o recuse com veemência. Entre estes dois setores opostos, há um número maior ainda de cidadãos que não têm uma opinião muito bem forma-da sobre o assunto ou sequer tem ideia do que motiva essa “guerra”. Entre os que saem às ruas pedindo a saída de Dil-ma, muitas vezes falta infor-mação sobre como funciona o processo, e quem assume no caso do afastamento.

Alguns fatos nos dão pistas do que pode vir junto com um impeachment.

A FIESP (que é a Federa-ção que reúne os patrões da indústria em São Paulo) tem apoiado os chamados “ama-relos”, inclusive servindo filé mignon de almoço e ofere-cendo a rede wi-fi para quem estivesse favorável à causa. Portanto, já temos uma pis-ta: existe um grande interes-se da classe patronal em um novo governo que permi-ta tornar a mão de obra bra-sileira mais barata, com a aprovação de vários projetos que reduzem direitos dos tra-balhadores, entre eles o pro-jeto de lei que amplia as ter-ceirizações, reduzindo salá-rios. Não se engane: quando foi que seu patrão te deu al-guma coisa de graça?

PROPOSTAS DA OPOSIÇÃOJunto com o PSDB, maior partido da oposição, o PMDB

ticipação. Dilma Rousseff foi eleita com 54 milhões de vo-tos, se dentre estes milhões o seu voto não está, espe-re até a próxima eleição. Se você pede a saída de alguém legitimamente eleito e que não cometeu nenhum crime de responsabilidade (úni-ca justificativa para um im-peachment, de acordo com a Constituição), você está do lado de quem quer um gol-pe. E, diga a verdade, você quer mais um golpe na his-tória do seu país?

QUEM QUER O IMPEACHMENT?

já apresentou um plano com medidas a serem executadas após o impeachment. Nesse pacote também está a priva-tização de diversas empresas estatais, e a entrega do petró-leo brasileiro a empresas es-trangeiras.

Outras teses dão conta de que o afastamento de Dilma ajudaria a abafar as inves-tigações da Operação Lava Jato, livrando a cara das cen-tenas de pessoas – peixes grandes da política. Enten-da: a corrupção sempre exis-

tiu na história do Brasil, mas o fato é que foi neste gover-no que houve um direciona-mento para trazer tudo isso à tona. Cabe lembrar que a Odebrecht declarou pagar propinas desde 1980, ou seja, desde a ditadura militar.

DEMOCRACIAEstamos no período mais longo de democracia inin-terrupta da história brasilei-ra, portanto temos a oportu-nidade de aperfeiçoarmos nossos mecanismos de par-

Existe um grande

interesse da classe patronal

em um novo governo que

permita tornar a mão de obra brasileira mais

barata

Rio de Janeiro, 4 a 6 de abril de 20162 | Editorial

EM FOCO

A Caixa Econômica Federal lançou o aplicativo do

Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) para que os trabalhadores possam consul-tar seu extrato no fundo. Para acessar a ferramenta é neces-sário fazer um cadastro onde o trabalhador deve criar uma senha de acesso e informar o Número de Identificação So-cial (NIS).

“O trabalhador passará tam-bém a ser o fiscal da sua própria conta para que possa falar com seu empregador, se necessário,

mandoumal

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Duas torcidas rivais históricas, vascaínos e rubro-negros, se uniram em uma partida no estádio Mané Garrincha, na última semana, em Brasília, em defesa do governo Dilma Rousseff.

FRASE DA SEMANA

Reprodução

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Caixa lança aplicativo para trabalhador acessar FGTS pelo celular

“A classe artística aqui representada se levanta na defesa das liberdades individuais, da Constituição brasileira e principalmente do amor.”Disse a cantora Beth Carvalho em ato que reuniu artistas e intelectuais no Palácio do Planalto.

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A atriz Leticia Sabate-lla manifestou sua posição política sobre a possibili-dade de impeachment. “Eu sou oposição ao seu gover-no, presidenta Dilma, mas vim aqui hoje clamar por democracia”, disse.

O ex-presidente Fernan-do Henrique Cardoso (PSDB) continua desrespei-tando a democracia, defen-dendo com unhas e dentes o impedimento da presi-dente Dilma. FHC, novas eleições estão marcadas para 2018.

SAÚDE

Rio confirma primeira morte por gripe H1N1

O Rio de Janeiro registrou a primeira morte provocada pela gripe H1N1, um dos ti-pos da Influenza A. Em todo o estado, foram registrados três casos da doença até o momento, segundo a Se-cretaria de Estado de Saú-de. Em 2015, o Rio não re-gistrou nenhum caso con-firmado de H1N1. Em todo o país, o vírus matou cerca de 50 pessoas. Apesar do número, o calendário na-cional da campanha de va-cinação contra a gripe, de-finido pelo Ministério da Saúde, não será alterado e começa no dia 30 de abril.

em caso de atraso ou erro de processamento [no pagamen-to do FGTS]”, explicou Deusdi-na dos Reis Pereira, vice-presi-dente interina de Fundos de Governo e Loterias da Caixa.

O aplicativo do FGTS foi lançado em comemoração aos 50 anos do fun-do, criado em 13 de setembro de 1966. O FGTS protege o traba-lhador demitido

sem justa causa, mediante a abertura de uma conta vin-culada ao contrato de traba-lho onde o empregador de-

posita um valor mensal-mente. Os recursos tam-bém podem ser sacados para aquisição da casa

própria ou no momen-to da aposentadoria.

As duas ferramentas estão disponíveis para

downloads gratuito para os sistemas Android, IOS e WindowsPhone.

CENSO ESCOLAR

Três milhões de alunos estão fora da escola

Os dados do Censo Esco-lar de 2015 mostram que as matrículas diminuíram em todas as etapas de ensino, menos na creche, que aten-de as crianças até os 3 anos de idade. Os números refle-tem a diminuição da popu-lação, em geral, que se tem reduzido entre criança e jo-vens, mas, de acordo com especialistas ouvidos pela Agência Brasil, refletem também desafios para o sistema educacional. São 3 milhões de crianças e jovens de 4 a 17 anos fora das salas de aula, e que, por lei, deverão ser incluí-dos até este ano. O cen-so foi divulgado nessa se-mana pelo Ministério da Educação (MEC).

Rio de Janeiro, 4 a 6 de abril de 2016 Geral l 3

Alana Gandrada Agência Brasil

Mídia Ninja

4 | Mundo

Os casos suspeitos de den-gue no estado do Rio mais que dobraram entre 1º de ja-neiro e 29 de março de 2016, na comparação com o mes-mo período do ano passa-do. A Secretaria de Estado de Saúde notificou 31.600 casos, enquanto em 2015 foram 15.610. Nos registros deste ano não houve mortes.

Em relação ao vírus Zika, no mesmo período, foram informados 4.289 casos sus-peitos, sem ocorrência de mortes. O sistema de levan-tamento foi o mesmo que o usado para identificar os

Os centros de atendimen-to a mulheres vítimas de

violência ligados ao governo do estado do Rio de Janeiro estão funcionando em con-dições inadequadas e pre-cárias. Esse é o diagnóstico do Núcleo Especializado de Atendimento à Mulher Víti-ma de Violência (Nudem), da Defensoria Pública do Es-tado do Rio de Janeiro.

“As pessoas estão sem re-ceber, estão sem segurança, sem pessoal de limpeza”, con-tou a defensora pública Ar-lanza Rebello. “Não estão fe-chados porque os profissio-nais entendem a importância do serviço e estão se manten-do ali, ainda que trabalhando por escala”, disse.

Segundo Arlanza, fora da ca-pital, as vítimas de violência es-tão praticamente sem atendi-mento. Os defensores do Nu-

O Hospital Universitá-rio Pedro Ernesto (Hupe), vinculado à Universidade do Estado do Rio de Janei-ro (Uerj), corre o risco de fechar as portas até junho caso os repasses de verbas do estado não sejam regu-larizados. A afirmação foi feita pelo diretor da unida-de, Edmar José Alves dos Santos, em audiência públi-ca realizada na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), na sema-na passada.

O diretor revelou que o

Atendimento à mulher vítima de violência é precário, diz defensoria

Hospital universitário pode fechar no Rio

hospital precisaria rece-ber, mensalmente, uma verba no valor de R$ 7 mi-lhões, além de um mon-tante emergencial estima-do em R$ 5 milhões, volta-do para o restabelecimento de insumos básicos.

Dos 512 leitos do hospi-tal, apenas 200 estão funcio-nando desde o início do ano. Com os R$ 7 milhões men-sais, seria possível usar cerca de 60% da capacidade total de leitos da unidade, além de pagar os salários dos fun-cionários e terceirizados.

A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Ino-vação afirmou que, junto com a Secretaria Estadual de Fazenda, está se esfor-çando para reunir recur-sos que garantam que os repasses ao Hospital Pedro Ernesto sejam feitos o mais breve possível. O Hupe é o único hospital universitá-rio administrado pelo esta-do do Rio de Janeiro. Mes-mo com a crise, em 2015, foram feitas 9.500 interna-ções, 4.200 cirurgias e 213 mil consultas. (ABr)

Casos de dengue dobram nos três primeiros meses do ano

registros de dengue. Para a chikungunya, foram notifi-cados 235 casos suspeitos da doença no estado do Rio, sendo 26 confirmados.

Para prevenção, é preciso inspecionar todo reservatório de água parada, onde o mos-quito se reproduz. Para ges-tantes, é fundamental a pro-teção individual com o uso de repelentes e de roupas que previnam o contato com o mosquito. É importante evitar exposição durante a manhã e final da tarde, períodos em que o Aedes aegypti costuma atacar as vítimas. (ABr)

dem e do Núcleo da Defesa da Diversidade Sexual e dos Direi-tos Homoafetivos (Nudiversis) visitaram alguns centros no in-terior e apresentaram um rela-tório sobre os problemas ao se-cretário estadual de Assistên-cia Social e Direitos Humanos, Paulo Melo. A recomendação da Defensoria Pública é que os centros sejam revigorados.

Na maioria dos casos, os funcionários dos centros não são concursados e trabalham sem vínculo empregatício, ex-plicou a ex-presidenta do Con-selho Estadual dos Direitos da Mulher (Cedim), Adriana Mota. “Esses contratos vence-ram no dia 31 de dezembro do ano passado, não foram reno-vados até hoje e elas (profissio-

nais) estão sem pagamento de janeiro e de fevereiro e, prova-velmente, não vão receber o mês de março agora, porque não têm nem contrato.”

CEDIMA subsecretária de Políticas para as Mulheres da secretaria estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Marizete

Ramos, reconheceu que o ser-viço de atendimento às mu-lheres vítimas de violência tem sido prejudicado pela crise fi-nanceira do estado. Ela anun-ciou que pretende, entre ou-

tras medidas, reabrir o Cedim, fechado por problemas de se-gurança. Um contrato emer-gencial foi assinado e a ex-pectativa é que o conselho volte a funcionar nos próxi-mos 20 dias. (ABr)

Relatório sobre os problemas será encaminhado para a Secretaria de Assistência Social

Não estão fechados porque os profissionais entendem a importância do serviçoArlanza Rebello, defensora pública

Rio de Janeiro, 4 a 6 de abril de 20164 | Cidades

Mariana Pitassedo Rio de Janeiro (RJ)

O aumento da tarifa, seja no metrô, no ônibus ou no trem, gera um ciclo de exclusão socialJosé Antônio Abraão, do Movimento Passe Livre (MPL)

Após o aumento das tari-fas de ônibus, barcas e

trem, os trabalhadores cario-cas também vão pagar mais caro pelo serviço de metrô. Desde o último sábado (2), o Metrô Rio passou a cobrar a tarifa de R$ 4,10, o que signi-ficou um aumento de R$ 0,40 sobre os R$ 3,70 que eram cobrados. Em abril de 2015, o governo Pezão cortou o sub-sídio da chamada “tarifa so-cial”, então, mesmo que o usuário utilize o Bilhete Úni-co continua pagando a mes-ma tarifa.

O serviço do metrô tam-bém continua sem integra-ção com outros transpor-tes públicos. Em janeiro des-te ano, o então secretário es-tadual de transportes, Carlos Roberto Osório, afirmou que o governo do estado e a pre-feitura estabeleceriam uma parceria para criar a integra-ção. Com o acordo, os passa-geiros que utilizam o BRT e os coletivos municipais po-deriam usar também o servi-ço do metrô pagando apenas uma tarifa. Porém, as asses-sorias de imprensa do Metrô Rio e Secretaria de Transpor-tes não têm informações so-bre a iniciativa, que foi pro-metida pelo secretário para o final do primeiro semestre.

LUCRO DAS EMPRESASJá o novo valor da tarifa do metrô foi autorizado pela Agência Reguladora de Ser-viços Públicos Concedidos de Transportes Aquaviários, Ferroviários, Metroviários e

Metrô passa a custar R$ 4,10, também com Bilhete ÚnicoDepois da barca, ônibus e trem, tarifa do metrô tem aumento de R$ 0,40

de Rodovias do Estado do Rio de Janeiro (Agetransp). Como a agência explicou em nota, o reajuste foi calculado com

base na variação do índice de inflação (IGP-M), estabele-cido pela Fundação Getúlio

Vargas, entre janeiro de 2015 e janeiro de 2016.

Para José Antônio Abraão, militante do Movimento Pas-se Livre (MPL), esse aumento não tem a ver apenas com a in-flação. “É um sistema que não para. Gira em torno de aumen-tar tarifa e excluir mais pessoas do transporte para que as em-presas tenham como reação diminuir as frotas de ônibus, metrô, trem, e assim não per-der lucro. O problema não é a inflação ou a crise econômi-ca, mas uma escolha política, que beneficia as empresas e quem paga a conta é o traba-lhador”, explica.

EXCLUSÃOSegundo as estimativas feitas pela Associação Nacional de Empresas de Transportes Ur-

banos (NTU), aproximada-mente 900 mil pessoas deixa-ram de utilizar o sistema de transportes urbanos em todo o Brasil, entre 2014 e 2015. A pesquisa ainda aponta que os ônibus urbanos transpor-taram menos 4,2% de passa-geiros pagantes no país, no mesmo período.

“Isso não quer dizer que as pessoas estão preferindo usar menos transporte público, mas que não estão conseguin-do pagar. O aumento da tari-fa, seja no metrô, no ônibus ou no trem, gera um ciclo de ex-clusão social. O custo sempre recai sobre os mais pobres”, acrescenta José Antônio.

MENOS ÔNIBUSPara o militante do MPL, essa lógica ficou clara com a eli-

minação das 11 linhas de ôni-bus que passavam pela zona sul do Rio de Janeiro, no final de 2015. Com a mudança, a prefeitura tirou cerca de 700 ônibus de circulação. Assim, 78 itinerários foram elimina-dos, prejudicando o acesso à zona sul da cidade. Outras 24 linhas tiveram seus traje-tos alterados e apenas 20 fo-ram criadas para atender o novo modelo.

“Precisamos batalhar pela tarifa zero para integrar, de fato, as pessoas à cidade e acabar com esse sistema de transporte que assalta diaria-mente o bolso do trabalha-dor. Mas isso não acontecerá de forma fácil. Toda a popu-lação tem que ter consciên-cia de que é possível para rei-vindicar”, conclui.

Stefano Figalo/Brasil de Fato

Tarifa teve aumento de R$ 0,40 sobre os R$ 3,70 que eram cobrados pelo Metrô Rio.Aumento também atinge usuário do Bilhete Único

Rio de Janeiro, 4 a 6 de abril de 2016 Cidades l 5

Victor Ohanade Seropédica (RJ)

Há um estigma contra mulheres que optaram por serem mães e continuam a vida acadêmicaJuliana Borges, fundadora do coletivo

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“É cruel mesmo”. É assim que a estudante Julia-

na Borges define o drama de ser mãe e universitária. Alu-na da Universidade Federal Rural (UFRRJ), em Seropé-dica, na Baixada Fluminen-se, a carioca é apenas uma entre várias mães que prati-camente perdem o direito de estudar por terem filho. Com 25 anos e mãe do Arunã, de 1 ano e 9 meses, Juliana é fun-dadora do Coletivo de Pais e Mães da UFRRJ (COPAMA).

O coletivo surgiu em 2014 para reivindicar o direito da permanência para pais e mães que estudam na Instituição. “Bati de quarto em quarto cha-mando as mães”, conta Julia-na. Mais de uma dezena de es-tudantes compõem o grupo. Eles se reúnem regularmen-te para discutir reivindicações. Além disso, já promoveram ci-nedebates, piqueniques, fórum e mostra de artes com obras dos pimpolhos. O coletivo ain-da tem um projeto de montar uma brinquedoteca.

REIVINDICAÇÕES Uma das principais pautas do coletivo diz respeito a um problema que já começa na gravidez: o exercício domici-liar, que é quando alunas grá-vidas estudam e fazem pro-vas em casa. Para o coletivo, o tempo cedido é pequeno: a aluna pode pegar uma de-claração a partir do 8º mês de

Coletivo luta por permanência de mães e pais na Universidade RuralCreche universitária, moradia e flexibilidade do exercício domiciliar são algumas das reivindicações

gestação e o exercício vai até três meses de vida da crian-ça. “A criança deveria ser amamentada até seis meses de vida”, relata Juliana. Além disso, apenas a mãe tem di-reito ao exercício domiciliar. O pai, não.

Outro problema é a fal-ta de uma creche universi-tária para mães e pais terem mais tempo para estudar. Ju-liana destaca também que a Rural não oferece auxílio cre-che, uma bolsa mensal em

dinheiro prevista pelo Pro-grama Nacional de Assistên-cia Estudantil (PNAES).

Em 2015, a Universidade conseguiu vagas para as crian-ças em creches municipais. Porém, para Maurício Rocha, de 30 anos e integrante do co-letivo, a solução foi provisória. “Naquele momento resolveu o problema, mas agora não mais. A demanda aumentou. As crianças que estavam ma-triculadas no ano passado re-novaram, mas as novas que entraram, não”, explica.

MORADIA E SAÚDENa Rural, pais e mães não são autorizados oficialmente a morar no alojamento uni-versitário com filhos. A pro-posta de reverter isso já foi apresentada. O coletivo tam-

bém reclama sobre a falta de regulamentação da divisão de saúde na faculdade. Não existe um serviço direciona-do para estas crianças. Há apenas uma pediatra para toda a comunidade.

PÓS-GRADUAÇÃOMães e pais podem encontrar problemas maiores se cursa-rem pós-graduação, porque o alojamento da pós, locali-zado fora da Rural, é longe e também não permite crian-ças oficialmente. Para com-pletar, não há direito a assis-tência estudantil nem exercí-cio domiciliar.

ESTIGMA CONTRA MULHERESPara Juliana, tudo isso repre-senta um preconceito contra mulheres. “Acredito que há um estigma contra mulheres que optaram por serem mães e dar continuidade à sua vida acadêmica. Assim: dentro da

universidade tem um per-fil. Se você foge disso, se você é idoso, se você trabalha, se você for pai e mãe, e mesmo assim não abre mão do direi-to de estudar, você é estigma-tizado”, diz ela.

Já Maurício viu nisso uma oportunidade de pesquisa.

Coletivo de Pais e Mães da Rural (COPAMA) luta por direito à creche, moradia e saúde

Hoje, o estudante faz um tra-balho científico sobre o desa-fio da permanência de jovens pais e mães na Universidade Rural. “Pelo que sei, não esta-mos na melhor das universi-dades, mas, em relação às ou-tras aqui no Rio, acho que ain-da estamos melhor”, avalia.

Rio de Janeiro, 4 a 6 de abril de 20166 | Cidades

Na página é explicado que o “impeachment só pode ser aplicado em caso de comprovação de crime de responsabilidade e Dilma não é sequer acusada de um”

Rafael Tatemoto,de São Paulo (SP)

Com o objetivo de pressio-nar os membros do Con-

gresso Nacional na votação do pedido de impeachment da presidenta Dilma Rousse-ff (PT), a Frente Brasil Popu-lar lançou o site “Mapa da De-mocracia: O Brasil contra o Golpe!”. A plataforma digital lista os deputados da Comis-são Especial de acordo com seu posicionamento acerca do assunto e permite o envio de mensagens de cidadãos aos parlamentares.

Segundo o site, dos 172 vo-tos contrários necessários para o arquivamento do impeach-

Plataforma digital contra impeachment pressiona parlamentares“Mapa da Democracia: O Brasil contra o Golpe!” mostra posição de deputados na votação do Congresso e permite enviar mensagens a membros da Comissão Especial

ment na Câmara dos Deputa-dos, 123 estão garantidos. Seria necessário, portanto, conven-cer ao menos 49 parlamen-tares da Casa. No momento, também de acordo com a pla-taforma, 134 estão indecisos.

COMISSÃO ESPECIALO “Mapa da Democracia” também apresenta uma con-tagem regressiva para a vota-ção na Câmara. Neste sentido, o site lista a posição dos com-ponentes da Comissão Espe-cial do Impeachment. De acor-do com a listagem, 21 deputa-dos votarão contra o pedido, 30 a favor e 14 ainda estão in-decisos. A partir da plataforma, é possível enviar mensagens a

qualquer um dos grupos.Na página é explicado que

o “impeachment só pode ser aplicado em caso de compro-vação de crime de responsa-bilidade e Dilma não é sequer acusada de um”. Para os orga-nizadores do site, portanto, a Câmara, “presidida pelo réu Eduardo Cunha [PMDB-RJ]”, conduz um “golpe”, através de um processo “ilegal”.

Além disso, os organiza-dores da plataforma se posi-cionam dizendo que o des-contentamento com o gover-no não pode ser razão para a deposição de Dilma: “de for-ma alguma o processo de im-peachment pode ser confun-dido com baixa popularida-

de, descontentamento com o governo ou antipatia com a figura da presidente. Esses motivos não existem como argumento jurídico”.

O pedido que a Câmara ana-lisa tem como fundamentação as chamadas “pedaladas fis-cais”, o que não configuraria crime de responsabilidade.

PROCESSOCom 65 deputados de 24 par-tidos, a composição da Co-missão Especial é proporcio-nal ao número de cadeiras de cada legenda na Câmara. Seu papel é o de emitir parecer in-dicando se o pedido de im-peachment deve ser aceito ou rejeitado. A posição do cole-

giado, entretanto, não se vin-cula à Casa, já que a decisão caberá ao Plenário.

A partir do momento em que a Comissão foi eleita, Dilma passou a ter o prazo de até dez sessões para apre-sentar sua defesa perante os 65 parlamentares. Após esse procedimento, o grupo tem até mais cinco sessões para votar o parecer. O presidente da Comissão Especial é Ro-

gério Rosso (PSD-DF) e o re-latório ficará por conta de Jo-vair Arantes (PTB-GO).

Se dois terços da Câmara, ou seja, 342 deputados vota-rem favoravelmente ao im-peachment, o pedido é enca-minhado ao Senado, respon-sável pelo julgamento da pre-sidenta. Para perder o man-dato, dois terços dos sena-dores (54 cadeiras) precisam votar pela sua condenação.

Impeachment: Plataforma facilita envio de mensagens a deputados

Midia Ninja

Rio de Janeiro, 4 a 6 de abril de 2016 Brasil l 7

Presidente argentino dobra valor do transporte públicoApós o aumento de cerca

de 500% nas tarifas de luz, que entrou em vigor em feve-reiro, o governo do presiden-te Mauricio Macri determinou alta de 100% no transporte pú-blico de Buenos Aires.

A partir de 8 de abril, as passa-gens de ônibus na capital passa-rão de 3 pesos (cerca de R$ 0,75) para 6 pesos. Haverá também uma tarifa social, para as classes mais baixas, de 2,70 pesos, se-gundo o ministro de Transpor-tes, Guillermo Dietrich.

O ajuste impactará na infla-

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Force Ouvrière

Freddy Zarco/ABI

BOLÍVIA Cafu participou de um jogo amistoso na Bolívia com o presidente Evo Morales. Apesar se serem adversários no campo, no final da partida o jogador brasileiro ganhou um presente de Evo. O jogo marcou a passagem do novo presidente da Fifa, Gianni Infantino, pelo país.

Depois de sete anos de mandato, Barack Oba-ma inicia processo de fe-chamento da prisão de Guantánamo (em territó-rio cubano ocupado pe-los EUA), uma das gran-des promessas de sua campanha.

O Departamento de De-fesa dos Estados Unidos norte-americano vai trans-ferir essa semana 12 presos de Guantánamo para dois outros países.

Durante a visita a Cuba, no mês passado, Oba-ma anunciou que deseja-va desocupar essa prisão antes de terminar o seu mandato.

Atualmente, Guantána-mo abriga 91 presos, dos quais 37 receberam a apro-vação de deixarem essa prisão. Alguns serão envia-dos a outros países, onde poderão viver livres, e ou-tros devem ser transferidos a cárceres em território es-tadunidense. (Telesur)

Franceses fazem protestos contra reforma trabalhista

GUANTÁNAMO

12 presos deixarão a prisão

Centrais sindicais francesas e entidades estudantis realiza-ram diversas manifestações na França, no final da semana pas-sada, contra o projeto do presi-dente François Hollande, que propõe uma reforma trabalhis-ta. A proposta tira direitos com o objetivo, segundo o governo, de reduzir o índice de desem-prego, atualmente em 10%.

Segundo a CGT (Confedera-

População argentina sofre com aumento do custo de vida

Franceses protestam contra ataque à lei trabalhista

ção e bolso dos trabalhado-res. Mesmo assim, o governo decidiu adotar a medida com a justificativa de diminuir os gastos com subsídios.

O governo anunciou ainda que também serão ajustados os serviços de água e de gás, sem dizer o montante.

GOVERNO ANTI-POVODesde que chegou ao poder, em dezembro de 2014, o gover-no de Macri tem tomado medi-das que prejudicam os traba-lhadores, como demissões em

massa, aumento nos preços dos principais produtos e servi-ços, encarecendo assim o custo de vida dos argentinos.

Antes de Macri, a ex-presiden-ta Cristina Kirchner havia adota-do uma série de políticas sociais e de subsídio de serviços básicos para conter os gastos das famí-lias com menos recursos e, as-sim, combater a pobreza.

As mudanças do novo gover-no de Macri provocaram um aumento na inflação, que pas-sou de 25% para 30% em feve-reiro desse ano.

ção Geral do Trabalho), 100 mil pessoas participaram dos pro-testos em Paris, enquanto a po-lícia estima 30 mil participantes.

Um dos principais aspectos da reforma é alterar a jornada de 35 horas de trabalho sema-nais. O limite seria oficialmen-te mantido, mas será permitido às companhias organizar horas de trabalho alternativas, o que poderia resultar em até 48 ho-ras de trabalho por semana. Em “circunstâncias excepcionais”, o limite poderá ser de até 60 ho-ras por semana, o que equiva-le a 12h por dia. (OperaMundi)

Rio de Janeiro, 4 a 6 de abril de 20168 | Mundo

O quê: Exposição coletiva discute relações de afeto por meio de 20 trabalhos de 10 artistas, como desenhos, objetos, performances, vídeos, etc.Onde: Caixa Cultural – Av. Almirante Barroso, 25, Centro.Quando: De terça a domingo, de 10h às 21h. Até 8/5.Quanto: 0800

O quê: Espaço oferece jogos, dramatizações e contações de histórias que convidam à reflexão sobre a cultura africana. Onde: Centro Cultural Justiça Federal – Av. Rio Branco, 241, Centro.Quando: Ter a sex, de 13h às 17h. Agendamento: 3261-2567 e 3261-2552. Quanto: 0800

O quê: Objetos múltiplos, resgatados e ressignificados fazem parte da exposição “Multiversos”, como trevos da sorte, fórmicas e tecidos.Onde: Galeria Gustavo Schnoor – Rua São Francisco Xavier, 524, Maracanã.Quando: De segunda a sexta, de 9h às 20h.Quanto: 0800

O quê: Exposição apresenta fotos das cerimônias de Candomblé no Ilé Asé Atará Magbá Iyá Omindarewá, em Santa Cruz da Serra (RJ).Onde: Centro Cultural Justiça Federal – Av. Rio Branco, 241, Centro. Quando: Terça a domingo, de 12h às 19h. Até 24/04.Quanto: 0800

O quê: Peça com Otávio Augusto conta sobre um pai hospitalizado que se reúne com seus filhos e faz revelações do passado.Onde: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66, Centro. Quando: De quarta a segunda, 19h30. Até 1/05.Quanto: R$ 10 (R$ 5 meia)

O quê: Espetáculo de dança conta a história do funk, uma cultura várias vezes censurada pela sociedade e pelo Estado.Onde: Arena Carioca Dicró – Parque Ary Barroso, Penha. Entrada pela Rua Flora Lobo.Quando: Qui e sex (7 e 8), 20h.Quanto: R$ 10 (R$ 5 meia)

Que se funk

Nós

A tropa

Multiversos: revisto e ampliado

O Vale dos Reis

África Hereditária Interativa

AGENDA DA SEMANA

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Registros vão desde paisagens da Amazônia até fábricas e usinas

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Exposição Modernidades Fotográficas reúne obras de 1940 a 1964

Já está aberta ao pú-blico do Rio de Janei-ro a exposição Moderni-dades Fotográficas, 1940-1964, no Instituto Morei-ra Salles (IMS), que fica na Gávea, zona sul da ci-dade. A mostra foi consi-derada uma das cinco ex-posições imperdíveis em todo o mundo em meados do ano passado, quan-do passou por Paris, pelo site norte-americano de notícias Huffington Post. Os trabalhos retratam a vanguarda da fotografia modernista no Brasil.

São 160 imagens do bra-sileiro José Medeiros, do francês Marcel Gauthe-rot, do húngaro Thomaz Farkas e do alemão Hans Gunter Flieg, que retratam um período de formação da fotografia moderna do Brasil, passando pelo foto-jornalismo, pela abstração e fotografia industrial.

Os trabalhos fazem parte do acervo do IMS e os re-gistros vão desde paisa-gens na Amazônia até fá-bricas e usinas, além de ri-tos de religiões africanas, monumentos, futebol, car-

Exposição Modernidades Fotográficas chega ao Rio

naval e outros festejos popu-lares, com destaque para a construção de Brasília.

ACERVO BRASILEIROCurador da exposição ao lado de Ludger Derenthal, o coor-denador executivo cultural do IMS, Samuel Titan Jr., explica que a exposição estreou em Berlim em 2013 e foi montada a pedido do Museu da Foto-grafia de Berlim, indo depois

para Lisboa, Paris e Madri. “É um acervo brasileiro, per-tence 100% ao Instituto Mo-reira Salles. Ele já foi mostra-do em outros recortes e sele-ções várias vezes aqui no Bra-sil. O que há de novo é o cru-zamento de quatro fotógrafos em uma única exposição”.

A mostra pode ser vista até o dia 26 de fevereiro de 2017, de terça-feira a domingo, en-tre as 11h e as 20h, com en-trada gratuita.

Rio de Janeiro, 4 a 6 de abril de 201610 | Cultura

Poeta vive como sempre viveu, cheio de prestígio e talento

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José Carlos RuyPortal Vermelho

Na última semana, o poe-ta Thiago de Mello com-

pletou 90 anos. Sempre foi um poeta de prestígio, ami-go de Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira e outros escritores. Era conhe-cido por seus versos compro-metidos com a vida. Escritor amazônico como o rio em cuja margem nasceu, mas ri-goroso com a forma e, sobre-tudo, com o que dizia através dela. Escreveu, em mais de sessenta anos de atividade li-terária, mais de 20 livros.

Certa vez, em entrevista ao Diário de Pernambuco, ele definiu o compromisso esté-tico/poético que o guia, que une arte, vida e ética. “A poe-sia, evidentemente, é uma arte, mas esta arte deve ser-vir à vida. Ou seja, além de ter uma finalidade estética, deve ter uma utilidade ética. Ela não deve servir apenas à be-leza, ela deve servir ao bem. Ao bem da vida”, disse.

Naquele terrível mês de abril da história brasileira, ele escreveu, em Santiago, aquele que se tornou talvez seu poe-ma mais conhecido - Os Esta-tutos do Homem (Ato Institu-cional Permanente), um libelo contra a ditadura e uma afir-mação democrática que se es-palhou pelo mundo, traduzi-do em mais de 30 idiomas.

PRESO E TORTURADOArtista identificado com a cultura do Amazonas, morou em vários países — Argenti-

Thiago de Mello, o poeta que nunca mudou de ladoMaior poeta brasileiro vivo chega aos 90 anos e é homenageado

na, Chile, Portugal, França, Alemanha — mas, termina-da a ditadura no Brasil, op-tou por voltar à pequena Bar-reirinhas, cidade amazônica onde nasceu e vive até hoje.

Preso e torturado durante a ditadura, exilou-se no Chile. Lá conheceu Pablo Neruda, de quem se tornaria amigo e tra-dutor, tendo também sua obra traduzida pelo chileno. Thiago de Mello é reconhecido como um dos maiores nomes vivos da poesia de caráter social.

Sua obra sofreu influên-cia da revolta, provocada em um momento histórico no qual a repressão se generali-

zou na América do Sul. Mar-ca desse período, o livro Poe-sia Comprometida com a Mi-nha e a Tua Vida, rendeu-lhe, em 1975, o Prêmio de Poesia concedido pela Associação Paulista dos Críticos de Arte e que o apresentou interna-cionalmente como um inte-

lectual engajado na luta pe-los Direitos Humanos.

Muitos de seus poemas mais populares tomam o par-tido dos pobres e dos oprimi-dos do mundo, tais como Faz

Escuro Mas Eu Canto (1968), Os Estatutos do Homem (1973) e Canto do Amor Ar-mado (1975). Já Campo de Milagres (1998) trouxe com força a preocupação ecológi-ca em sua poética.

Em visita à Fundação Mau-rício Grabois, em 2014, o poe-

ta falou de seu profundo de-sejo de ver a construção de uma sociedade mais huma-na e solidária no Brasil. Abor-dou a realidade da Amazônia, alertando para a exuberância da floresta na qual existe, in-justificadamente, uma popu-lação empobrecida.

Naquela ocasião, Thiago de Mello discorreu ainda sobre a realidade da América Latina e sobre a mobilização popu-lar “que derrubou a ditadura” no Brasil como uma evidên-cia da força do povo. “Quando uma parcela de um povo se conscientiza, sabe as razões porque este povo está sen-do oprimido, a primeira coisa que ele faz é querer se organi-zar para lutar. Esse povo cons-cientizado vai crescer e vai ser invencível”, afirmou.

Artigo IVFica decretado que o homemnão precisará nunca maisduvidar do homem.Que o homem confiará no homem como a palmeira confia no vento,como o vento confia no ar,como o ar confia no campo azul do céu.Parágrafo único:O homem confiará no homemcomo um menino confia em outro menino.(...)Artigo FinalFica proibido o uso da palavra liberdade,a qual será suprimida dos dicionáriose do pântano enganoso das bocas.A partir deste instantea liberdade será algo vivo e transparentecomo um fogo ou um rio,e a sua morada será sempreo coração do homem.

Rio de Janeiro, 4 a 6 de abril de 2016 Cultura l 11

12 | Geral

O cantor e composi-tor Chico Buarque par-ticipou do Ato pela De-mocracia, no Largo da Carioca, no centro do Rio, na semana passada, e repetiu para a multi-dão que “não vai ter gol-pe”. Chico chegou ao pal-co por volta das 19h30, discursou a favor da de-mocracia e foi ovaciona-do pelo público por gri-tos de “Chico, guerreiro do povo brasileiro”.

“Eu vim aqui dar um abraço nas pessoas das mais variadas tribos, das mais variadas convicções políticas. Gente que votou no PT, gente que não gos-ta do PT, gente que foi do PT, que se desiludiu com o partido, gente que votou na Dilma, mas sobretudo, gente que não pode pôr em dúvida a integridade da presidente Dilma Rou-sseff”, disse o artista du-rante seu discurso.

Chico continuou sua fala dizendo que estavam todos unidos na defesa in-transigente da democra-cia. “Eu vejo gente aqui na praça, da minha geração, que viveu o 31 de março

Bem que a Rede Globo e as Organizações Globo

tentaram de todas as formas convencerem seus telespec-tadores e leitores que a tenta-tiva de impeachment da pre-sidenta Dilma Rousseff não é golpe. Só que por mais que o grupo midiático manipule a informação, não convenceu. O povo brasileiro começou a perceber que a movimen-tação midiática é realmente golpista, mesmo a que a Glo-bo diga que não.

Diferentemente de 52 anos atrás, quando do golpe que derrubou o presidente João Goulart teve participação de militares traidores do jura-mento feito quando se for-maram oficiais de defender a Constituição, hoje os golpis-tas não contam com a parti-cipação dos militares. Se li-mitam a mobilizar a mídia, o judiciário e o parlamento, caracterizando o golpe atual como midiático, judicial e parlamentar.

PERDEDORES INCONFORMADOSSem provas e com base em desgaste da presidenta em face da crise econômica mun-dial, parlamentares conserva-dores, que nunca se confor-maram com o resultado das últimas eleições, procuram de todas as formas desestabilizar o governo.

Com a ajuda do presiden-te da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, réu que res-ponde por crime no Supremo Tribunal Federal, os golpistas tentam levar adiante o impea-chment, sem base legal.

Nesta investida oposicio-nista derrotada nas urnas, o vice-presidente Michel Te-

de 1964. Mas vejo sobretu-do a imensa juventude que não era então nem nascida, mas que conhece a história do Brasil.”

“DE NOVO NÃO”Por fim, o cantor e composi-tor agradeceu a todos e repetiu que não haverá golpe: “Eu que-ro aqui agradecer a vocês que me animam a acreditar que não, de novo não, não vai ter golpe”. Em seguida, Chico dei-

xou o palco e o ato, sendo mui-to festejado pelos presentes.

Organizadas pela Frente Brasil Popular, as manifes-tações reuniram na sema-na passada milhares de pes-soas que saíram às ruas gri-tando palavras de ordem como “Não vai ter golpe, vai ter luta”. Representantes de movimentos sociais, de estu-dantes e de trabalhadores es-tiveram presentes aos atos.

O povo brasileiro começou a perceber que a movimentação midiática é realmente golpista

Chico defende unidade pela democracia e faz discurso contra o golpe

Mário Augusto Jakobskind

mer, que jamais chegaria a Presidência pelo voto dire-to, repete como farsa o epi-sódio histórico que resultou na morte do então presiden-te Getúlio Vargas. Na ocasião, o vice de Vargas, Café Filho bandeou-se para o lado dos golpistas. Temer hoje assu-miu o posto de Café Filho do

terceiro milênio. Café Filho está registrado no lixo da his-tória, não tendo o golpe ob-tido êxito, porque legalistas

impediram se efetivasse.Mordido pela mosca azul,

Temer promete mundos e fundos. Junto com seus alia-dos farão o possível e o im-possível para levar adiante um plano econômico que le-vará o Brasil para o abismo.

NOVO COMEÇOSe o impeachment for derro-tado, como se espera, a pre-sidenta terá oportunidade de dar início a um novo plano de governo, com a responsa-bilidade de colocar em prati-ca propostas realmente po-pulares. É isto que a mídia conservadora e parlamenta-res da mesma linha ideológi-ca tentarão evitar. É isto que os golpistas tentam evitar há tempos e na prática estão pa-rando o país.

Mário Augusto Jakobskind é jornalista

Rede Globo tenta mascarar o golpe

Chico Buarque: “não vai ter golpe”

Cantor Chico Buarque sai em defesa da democracia em ato

Cuca/UNE

Rio de Janeiro, 4 a 6 de abril de 2016

14 | Variedades

Áries (21/3 a 20/4)Alguém próximo vai dar uma boa notícia, prepare-se. Período de fazer revolução no ambiente em que vive.

Touro (21/4 a 20/5)Poderá sentir dúvidas acerca dos seus sentimentos. Mas não se deixe abater e confie nas suas preferências.

Gêmeos (21/5 a 20/6)Poderá ser surpreendido por alguém que conhece há pouco tempo. Novos tempos estão por vir.

Câncer (21/6 a 22/7)Seja tolerante e traga a paz para sua família. Não deixe que te inferiorizem, você é melhor do que dizem.

Leão (23/7 a 22/8)Dê mais atenção à pessoa amada. Ouvir o parceiro pode ser bom para que construam juntos um novo mundo.

Virgem (23/8 a 22/9)Procure conhecer as pessoas antes de dar confiança. Nem toda pessoa sorridente quer o seu bem.

Libra (23/9 a 22/10)Afaste os pensamentos negativos. Melhores tempos virão e seus amigos estarão com você na batalha.

Escorpião (23/10 a 21/11)Um amigo pode precisar desabafar. Saber ouvir é uma dádiva. Estabeleça estratégias para sua vida.

Sagitário (22/11 a 21/12)Tenha pensamentos positivos. O amor chegará. Cuide de sua saúde para seguir sempre forte na luta.

Capricórnio (22/12 a 20/1)Evite complicações nas situações. Dê mais ouvidos ao coração. Ajude quem precisa de você.

Aquário (21/1 a 19/2)É importante que seja mais tolerante e saiba ouvir o seu parceiro. A paciência é necessária para a sobrevivência.

Peixes (20/2 a 20/3)Seja mais compreensivo com o seu parceiro. Proteja a relação. Mantenha-se concentrado na sua carreira.

HORÓSCOPO FASES DA LUANova 7/4

Cheia 22/4

Minguante 4/4

Crescente 14/4

Rio de Janeiro, 4 a 6 de abril de 201614 | Variedades

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CBAt confirma doping de Ana Cláudia LemosAtleta foi pega com oxandrolona, que tem ação anabolizante, em fevereiro

Foi criada uma plataforma chamada Coletivo do Espor-te, que possibilita a doação de pessoas físicas para o es-porte olímpico e paralímpico brasileiro, com dedução no imposto de renda.

A regra para dedução segue o disposto na Lei de Incentivo ao

Empresa cria “vaquinha” para financiar esporte olímpicoIniciativa de uma gigante do ramo de tecnologia tem o apoio do COB e do CPB

Esporte. São 6% do rendimento para pessoas físicas e 1% para empresas. O Comitê Olímpico Brasileiro e o Comitê Paralím-pico Brasileiro apoiam a plata-forma, atuando como curado-res e indicando os projetos que poderão receber os recursos.

A plataforma começa a fun-

cionar no dia 7 de abril, com dez projetos indicados pelo COB. Entre eles estão os pro-jetos de Torben Grael, Janeth Arcain, Vanderlei Cordeiro e Robson Caetano. O CPB ain-da não indicou nenhum pro-jeto por ter entrado por últi-mo na plataforma. (BP)

Brasileira dopada no UFC?

O Vasco tem a melhor campanha durante todo o Campeonato Carioca. Mais do que isso, não perde há cinco meses. Sua última derrota foi para o Flumi-nense, em meio à impres-sionante arrancada do time cruzmaltino rumo a uma salvação que não veio.

É certo que, diante da rea-lidade imposta pelo pés-simo primeiro turno no Brasileirão do ano passa-do, onde o Vasco cometeu todo tipo de erro possível e imaginável, o custo para a montagem do time não poderia ser alto.

Não era nem o caso das tais contratações cirúrgi-cas. O Vasco iniciou o ano fazendo apenas duas con-tratações. Uma promisso-ra, outra bastante duvidosa.

A montagem do time atual começou a ser feita ainda no ano passado, du-rante o calvário. Sem dúvi-da, o grande nome que che-gou à Colina foi o de Nenê.

Nenê não é só o melhor jogador do Vasco. Ele é o melhor jogador do Rio de Janeiro.

O time do Vasco, devi-do à antecedência de sua montagem, iniciou o ano léguas à frente dos outros. O trabalho de Jorginho é incontestavelmente bom. Começou apenas com o resgate de um pouco da

autoestima dos jogadores e prosseguiu com um pa-drão tático pouco visto no país nos dias atuais.

O Vasco é, fora o Corin-thians, o time mais orga-nizado do Brasil. Suas pe-ças, individualmente, po-deriam estar no banco de qualquer outra equipe da primeira divisão. Mas, de-vido à organização do time, jogam e jogam muito.

Se não foi possível evitar a queda no ano passado, é muito pouco provável que se evite o ascenso este ano

Em entrevista a um po-dcast chamado The MMA Hour, a lutadora polo-nesa Joanna Jedrzejc-zyk, campeã do peso-pa-lha do UFC, sugeriu que a brasileira Cláudia Ga-delha parou de usar ana-bolizantes por conta da parceria entre o UFC e a Agência Antidoping dos Estados Unidos (USADA, sigla em inglês).

Em uma das provoca-ções, Joanna disse que Gadelha está menor hoje do que esteve em outros tempos, e que durante a pesagem daria de pre-sente um livro da USA-DA, um soro intravenoso ou algum anabolizante.

Se não foi possível evitar a queda no ano passado, é muito pouco provável que se evite o ascenso este ano.

Além disso, pouco im-porta agora quem será o campeão carioca. O Vas-co já merece o título, mes-mo que não o conquis-te. E, se não conquistá-lo, não deve ser alvo de críti-cas ou pressão.

Este time é um exem-plo de organização. Graças ao Jorginho, é bom que se diga. E apesar do Eurico.

Paulo Fernandes / Vasco

Alexandre Loureiro / Inovafoto

A Confederação Brasilei-ra de Atletismo (CBAt)

e a Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem (ABCD) emitiram comuni-cado que confirmou o uso do anabolizante oxandrolo-na por Ana Cláudia Lemos, recordista brasileira nos 200m, que está preventiva-mente suspensa.

A atleta havia solicitado em 9 de março a análise da amostra B de seu exa-me. O frasco foi aberto no último dia 24, confirman-do o resultado da primei-ra amostra.

O processo foi encami-nhado para o Superior Tribunal de Justiça Des-portiva (STJD), visto que o tribunal criado pelo go-verno na semana passada ainda está em fase de im-plementação.

O BM&F Bovespa, clu-be de Ana Cláudia, aguar-dará o resultado final do processo no STJD para, se necessário, se pronunciar a respeito. (BP)

Não é à toa

Ana Cláudia fica suspensa enquanto aguarda julgamento

Rio de Janeiro, 4 a 6 de abril de 2016 Esportes l 15

TOQUES CURTOS | Bruno PorpettaBINÓCULO

O Vasco só empatou em São Januário contra o Volta Redon-da por 1 a 1 e, com o resulta-do, deixou a liderança da Taça Guanabara, que agora perten-ce ao Fluminense, que venceu o Madureira no sábado (2).

Com um primeiro tempo bastante apático, o Vasco teve dificuldades diante do Voltaço. O time da Cidade do Aço criou algumas oportunidades para abrir o placar, mas esbarrou na má pontaria dos atacantes Nil-tinho e Vinícius Pacheco.

Jorginho, ao observar o de-sempenho ruim de sua equi-pe, fez uma alteração ainda aos 33 minutos da primeira etapa, colocando Yago Pikachu no lu-gar de Bruno Gallo. A mudan-ça surtiu efeito, o Vasco melho-rou na partida e aos 44 minutos chegou ao gol.

Foi de Pikachu o passe para o lateral Madson, que cruzou para Nenê se livrar do marca-dor e bater no canto, abrindo o placar para o Vasco.

Após o intervalo, o Vasco vol-

Nenê perde pênalti e Vasco, a liderançaEmpate por 1 a 1 com Voltaço tira o Vasco da liderança da Taça GB

Nenê marcou o gol vascaíno, mas perdeu pênalti

tou a apresentar um futebol lento, dando oportunidades para o Voltaço empatar a parti-da. Quando o time cruzmaltino conseguiu equilibrar a partida, teve um pênalti a seu favor, aos 18 minutos.

No entanto, Nenê desper-diçou a cobrança, defendida por Mota. Foi o primeiro pê-nalti perdido por Nenê desde que chegou ao Vasco. O cami-sa 10 não perdia uma penali-

dade desde dezembro de 2011, quando ainda atuava pelo Paris Saint-Germain (FRA).

A defesa de Mota empol-gou o Voltaço, que partiu para cima do Vasco e conseguiu empatar o jogo, aos 28 mi-nutos da etapa final. Vinícius Pacheco cobrou falta na área, no segundo pau, e achou Nil-tinho, que emendou de pri-meira para as redes, dando números finais à partida.

Pela 11ª vez, a quinta con-secutiva, o Rio de Janei-ro, treinado por Bernardi-nho, conquista a Superli-ga de Vôlei Feminino. Des-ta vez, a decisão foi contra o Praia Clube, de Uberlândia (MG), e vencida por 3 sets a 1 (25/18, 26/28, 28/26 e 28/26).

Com o título, o Rio de

Rio é campeão da Superliga de Vôlei FemininoJaneiro se consolida ainda mais como o maior cam-peão do torneio, com seis títulos a mais que o se-gundo maior campeão, o Osasco com cinco títulos. As parciais correspondem ao que foi a partida, um jogo duríssimo.

O único set em que o Rio

encontrou mais facilida-de foi o primeiro, quando o Praia Clube ainda parecia disperso em quadra. Daí em diante, o jogo no ginásio Nil-son Nelson, em Brasília, foi disputadíssimo ponto a pon-to, com destaque para Natá-lia, do Rio, eleita a melhor em quadra na final. (BP)

Meninas do Rio levantam 11º troféu da Superliga de Vôlei

O Leicester City venceu o Southampton, em casa, por 1 a 0 e, além de manter a liderança do Campeo-nato Inglês, ainda abriu vantagem na ponta, graças ao empate do vice-líder To-ttenham com o Liverpool, no sábado (2), rumo ao tí-tulo inédito.

Os Foxes venceram com um gol do seu capitão. O zagueiro jamaicano Wes Morgan marcou de ca-beça, aos 38 minutos do primeiro tempo. Duran-te a etapa inicial, o time do Southampton teve as melhores oportunidades de gol, mas sua “curio-sa” dupla de ataque, Mané

Ivo Lima/ME

Paulo Fernandes/Vasco

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Leicester dá mais um passo rumo a título histórico

e Pellé, não estava em um bom dia.

No segundo tempo, apesar do domínio do Sou-thampton na posse de bola, era o Leicester quem pro-duzia as melhores chances em contra-ataques. No fim do jogo, o líder da Premiere League conseguiu segurar a bola no campo de ataque e garantir a vitória.

Com a vitória, o Leicester chegou a 69 pontos, res-tando apenas seis rodadas para o fim do campeona-to e está próximo de fazer história. O Tottenham tem sete pontos a menos, e pa-rece cada vez mais distante do título. (BP)

Leicester pode conquistar título inédito daqui a quatro rodadas

16 | Esportes

Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ)

Rio de Janeiro, 4 a 6 de abril de 2016