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Especial | págs. 8 e 9 Ano 3 | edição 163 RIO DE JANEIRO 17 a 20 de março de 2016 distribuição gratuita Ricardo Stuckert Brasil | pág. 7 Artistas avaliam o atual momento político A Presidência da República afirmou que vai acionar a Justiça contra o juiz federal Sérgio Moro. Ele divulgou uma conversa interceptada entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A conversa foi gravada pelos investigadores da Operação Lava Jato. “Todas as medidas cabíveis serão adotadas para a reparação da flagrante violação da lei e da Constituição da República, cometida pelo juiz autor do vazamento”. Segundo o UOL, a gravação foi feita ilegalmente pela Polícia Federal. Brasil | pág.7 Planalto: Moro viola Constituição ao grampear conversa entre Dilma e Lula Personalidades falam sobre as manifestações contra Dilma, impeachment e mobilizações desta sexta-feira (18) Divulgação LULA MINISTRO O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai assumir a Casa Civil da Presidência da República. A confirmação foi feita pela presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira (16). Deixa o cargo o petista Jaques Wagner, que assume a chefia do gabinete pessoal da Presidência da República.

Brasil de Fato RJ - 163

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Page 1: Brasil de Fato RJ - 163

Especial | págs. 8 e 9

Ano 3 | edição 163

RIO DE JANEIRO 17 a 20 de março de 2016 distribuição gratuita

Ricardo Stuckert

Brasil | pág. 7

Artistas avaliam o atual momento

político

A Presidência da República afirmou que vai acionar a Justiça contra o juiz federal Sérgio Moro. Ele divulgou uma conversa interceptada entre a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A conversa foi

gravada pelos investigadores da Operação Lava Jato. “Todas as medidas cabíveis serão adotadas para a reparação da flagrante violação da lei e da Constituição da República, cometida pelo juiz autor do vazamento”. Segundo o UOL, a

gravação foi feita ilegalmente pela Polícia Federal. Brasil | pág.7

Planalto: Moro viola Constituição ao grampear

conversa entre Dilma e Lula

Personalidades falam sobre as

manifestações contra Dilma, impeachment e mobilizações desta

sexta-feira (18)

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LULA MINISTRO O ex-presidente Luiz

Inácio Lula da Silva vai assumir a Casa

Civil da Presidência da República. A confirmação foi

feita pela presidente Dilma Rousseff

nesta quarta-feira (16). Deixa o cargo

o petista Jaques Wagner, que

assume a chefia do gabinete pessoal

da Presidência da República.

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EXPEDIENTE

Desde 1º de maio de 2013

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país e agora com edições regionais em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Pernambuco. O Brasil de Fato RJ circula todas as segundas e quintas-feiras. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais.

CONSELHO EDITORIAL:Alexania Rossato,Antonio Neiva (in memoriam), Joaquín Piñero, Kleybson Andrade, Mario Au-gusto Jakobskind, Nicolle Berti, Rodrigo Marcelino, Vito Giannotti (in memoriam)

EDIÇÃO:Vivian Virissimo (MTb 13.344)

SUB-EDIÇÃO:Fania Rodrigues

REPORTAGEM:André Vieira, Bruno Porpetta, Mariana PItasse e Pedro Rafael Vilela

REVISÃO: Sheila Jacob

COLUNA SINDICAL: Claudia Santiago

FOTÓGRAFO: Stefano Figalo

ESTAGIÁRIO: Victor Ohana

ADMINISTRAÇÃO: Carla Guindani

DISTRIBUIÇÃO: Kleybson Andrade

DIAGRAMAÇÃO: Juliana Braga

TIRAGEM MENSAL: 200 mil exemplares/mês

(21) 4062 [email protected]

EDITORIAL

Quinta-feira, 17 de março, Rio de Janeiro, Brasil

º C | F31Tempestades

com raios

PREVISÃO DO TEMPO

Font

e: G

oogl

e

Vimos pela TV nesse do-mingo (13) mais uma

grande manifestação orga-nizada por setores da direi-ta brasileira. Divulgado in-sistentemente pelos grandes meios de comunicação, vi-mos claramente o perfil das pessoas que estavam partici-pando desse “protesto”: pes-soas brancas, de classe mé-dia alta, bem de vida.

Mas o que essas pessoas estavam propondo para mu-dar de fato o Brasil? Prisão para políticos do PT e a saída da presidenta, para a entra-da de políticos da direita que, sabemos, não tem nada de novo para oferecer ao Brasil.

CRISE ECONÔMICASabemos bem que a situação do nosso país não anda lá es-sas coisas. Vivemos uma crise econômica que afeta princi-palmente a gente, povo traba-lhador. Aumento do desem-prego, perda de direitos, corte de investimentos em educa-ção, saúde, programas sociais, etc. E uma crise política, com muitas denúncias de corrup-ção, um governo paralisado, entregando tudo que pode à oposição para não perder seu posto. E um sistema político que não representa de fato as necessidades da maioria da população.

Mas e o povo? O que nós queremos que mude hoje no

Vamos ocupar as ruas para fazer um país melhor para o povo brasileiro

que resolva os problemas do povo brasileiro.

A Frente tem a noção de que o governo que temos foi eleito pelo voto da maio-

ria. Tentar tirá-lo agora seria dar um golpe na nossa de-mocracia. Também tem a co-ragem de se posicionar con-

tra a atual política econô-mica do governo, exigindo mudanças que favoreçam o povo, além de levar para rua um programa que proponha melhorias que tornem nosso país mais democrático, que permita ao povo participar das decisões políticas.

POVO NA RUAAs ruas sempre foram o nos-so lugar, o lugar do povo. Nunca foi um espaço fre-quentado pelos endinheira-dos de domingo. É nossa res-ponsabilidade voltar a ocu-pá-la, para fazer um país me-lhor para gente.

Brasil? E o que podemos fazer?No Rio de Janeiro, vimos

um ótimo exemplo do que deve ser feito. Em greve há mais de duas semanas, os profissionais de educação do estado, apoiados pelos es-tudantes, estão tomando as ruas por maior investimento na educação, para melhorar o ensino dos nossos jovens.

Vimos também uma bela iniciativa sendo construída em todo o país desde o ano passado: o surgimento da Frente Brasil Popular, espaço coletivo que une muitas or-ganizações sociais e está dis-posto a construir uma saída

Direita não é capaz de oferecer alternativa ao povo

Rio de Janeiro, 17 a 20 de março de 20162 | Editorial

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Com a nova fase de tes-tes do Veículo Leve so-

bre Trilhos (VLT), que come-ça este mês, a Secretaria Mu-nicipal de Transportes lan-ça nesta semana a campanha educativa “Olho no VLT”.

A campanha foca no aspec-to visual por conta dos trens que realizam o percurso se-rem extremamente silencio-sos, gerando, assim, maiores possibilidades de acidentes. Isso porque o VLT circulará por áreas de grande fluxo de

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FRASE DA SEMANA

Antonio Cruz/Agência Brasil

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Veículo Leve sobre Trilhos ganha campanha educativa no Rio

“Só haverá diálogo se houver projetos políticos. Fora disso, é ofensa, é bate-boca de

comadres, é baixaria”,disse Frei Betto. Segundo ele, o Brasil precisa de uma séria alfabetização política.

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A atriz e apresentado-ra Monica Iozzi mandou bem ao criticar as manifesta-ções de domingo (13). “Meu Deus! Que momento tris-te vivemos. Somos um povo que se informa apenas por manchetes do Jornal Nacio-nal”, disse em sua conta em uma rede social.

Em entrevista à atriz cana-dense Ellen Page, para o do-cumentário Gaycation, Jair Bolsonaro afirma que quando ele era jovem, “exis-tiam poucos gays”, e atribuiu o crescimento da comuni-dade LGBT ao uso de dro-gas e à presença da mulher no mercado de trabalho.

LOJAS HABIB’S

Empresa não pode obrigar funcionário a participar de atos

A Confederação Nacional dos Trabalhadores no Co-mércio conseguiu liminar que determina que a rede Habib’s não pode “obrigar seus empregados a partici-parem do evento político, isto é, de trabalharem em qualquer tarefa na campa-nha “fome de mudança”, e em qualquer outra ativida-de de cunho ideológico/po-lítico. A decisão determina que a empresa não obrigue, ponha a disposição ou per-mita que seus empregados portem em seus uniformes e/ou em seus corpos qual-quer insígnia e/ou adere-ço de cunho político/ideo-lógico, nos locais e horários de trabalho”. A decisão vale para todo o Brasil.

pessoas e de carros.A primeira linha sai da Ro-

doviária Novo Rio, passa pela zona portuária, pega o início da Avenida Rio Branco e vaiaté o aeroporto San-tos Dumont. E a outra sairá da Praça XV, se-guirá pela Rua 7 de Setem-bro, Praça Tiraden-tes, Rua da Constitui-

SINDICALpor Claudia Santiago

ção e Praça da República até o terminal de trens da Cen-tral do Brasil.

REGRAS A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu nesta quarta-feira (16) manter as regras de tramitação do rito do processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff. A eleição da chapa avulsa, por meio de voto secreto, foi invalidada.

METALÚRGICOS

Trabalhadores em alerta para defender direito de manifestação

Na semana passada, a PM de SP invadiu a sede do Sindicato dos Metalúr-gicos, em Diadema, du-rante ato em apoio ao ex--presidente Lula. Em re-púdio contra essa e outras ameaças à democracia, haverá atos em todo o país no próximo dia 18. Os sin-dicatos vão protestar tam-bém contra a Rede Globo, que vem fazendo campa-nha para a derrubada da presidenta Dilma Roussef.

Rio de Janeiro, 17 a 20 de março de 2016 Geral l 3

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Mariana Pitassedo Rio de Janeiro (RJ)

Revoltas sociais vão acontecer porque é muito sacrifício que se impõe à população que mora nos bairros mais pobres

A questão urbana é pouco discutida com a classe trabalhadora no Brasil

Na última semana, duran-te uma palestra no Rio

de Janeiro, ao lado do geó-grafo britânico David Har-vey, a professora da Faculda-de de Arquitetura e Urbanis-mo da Universidade de São Paulo (USP) Ermínia Marica-to deixou claro: “eleição não é revolução”. Em seu discur-so, ela destacou que os movi-mentos sociais e a população têm que discutir permanen-temente a cidade para exi-gir políticas urbanas eficien-tes. Em entrevista ao Brasil de Fato, a professora foi além ao afirmar que a consequên-cia do atual caos urbano na cidade será o surgimento de revoltas sociais.

Brasil de Fato – Como in-cluir trabalhadores na dis-cussão sobre a cidade?Ermínia Maricato - O que queremos dizer quando fa-lamos em “analfabetismo ur-banístico” é que há uma alie-nação. A grande mídia quer mostrar a cidade do capital e não a cidade do trabalha-dor. Nós temos uma classe operária que pode se formar na discussão da luta por di-reitos, todos temos condição de lutar por melhores condi-ções de vida no meio em que moramos. Para isso, é preci-so entender o quanto a cida-de e as condições de vida nos impõem sacrifícios. As peri-ferias sofrem com os proble-mas de transporte, mas ain-da assim a questão urbana é

“Caos urbano levará Rio de Janeiro à revolta popular”, diz pesquisadoraPara a professora Ermínia Maricato, revoltas sociais serão as consequências para falta de moradia e transporte de qualidade

pouco discutida com a classe trabalhadora no Brasil.

Brasil de Fato - A senhora disse que a questão urbana saiu da agenda política no Brasil. Por quê?Hoje há uma política de con-centração de investimentos, sempre levando os pobres para a periferia. No Rio, o nú-mero de famílias removidas do centro como política de Esta-do é absurdo. Eu me pergunto o que aconteceu para a gente aceitar uma realidade em que o mercado deita e rola com re-curso público. A política de de-

senvolvimento urbano é res-ponsabilidade do município e essa política sumiu da agen-da da cidade. No Governo PT também saiu da agenda, pois o “Minha Casa, Minha Vida” é um projeto que privilegia o mercado de construção ci-vil. O Rio é o caso mais óbvio do capital que toma as cida-des de assalto para promover a segregação.

Brasil de Fato – O Rio ain-da está marcado pela inefi-ciência nos transportes.

Isso tem a ver com a concen-tração de investimentos para fazer o Porto Maravilha e para recuperar a área central para o mercado. O VLT, por exemplo, não está voltado para as ne-cessidades da população que sofre no transporte. A ques-tão da mobilidade é relativa à classe social a que o indiví-duo pertence, ela estabelece um muro, que preserva praias e áreas ricas. Os mais pobres gastam mais tempo de viagem até o trabalho porque moram nas regiões periféricas.

Brasil de Fato – Quais são as consequências para o atual caos urbano do Rio?Sem dúvida revoltas sociais. Isso vai acontecer porque é muito sacrifício que se im-põe à população que mora nos bairros mais pobres. É transporte, é moradia, é sa-neamento, é água. A questão do saneamento, então, é uma barbárie. Não adianta falar

da água no vasinho, porque nos bairros pobres têm mui-to córrego e água parada, e é por isso que a periferia é mais atingida por epidemias. Essas são questões que permeiam a invisibilidade da população pobre e é por isso que as re-voltas voltarão à pauta.

Ao lado do geógrafo David Harvey e da pesquisadora Raquel Rolnik

Divulgação/Carta Capital

Fotos: Divulgação

Falta de moradia, transporte e saneamento podem provocar revolta no Rio

Ermínia Maricato, pesquisadora da USP

Rio de Janeiro, 17 a 20 de março de 2016 Entrevista l 5

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Irã admite reduzir produção de barris de petróleoO Irã está disposto a con-

siderar uma redução na produção de petróleo para estabilizar as cotações inter-nacionais quando alcançar os 4 milhões de barris diá-rios previstos para recupe-rar a cota que tinha antes das sanções.

Em declarações à agência oficial iraniana Irna, o minis-tro do Petróleo da repúbli-ca islâmica, Bijan Zanganeh, disse que atingida a meta dos 4 milhões de barris poderá

Divulgação

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ação

HOLOCAUSTO O papa Francisco vai visitar o antigo campo de concentração alemão de Auschwitz-Birkenau, durante a Jornada Mundial da Juventude, que será realizada em Cracóvia, na Polônia, no final de julho.

As Forças Armadas Re-volucionárias da Colômbia (Farc) pediram ao governo colombiano que seja defini-da nova data para a assina-tura do acordo de paz, que estava marcada, há seis me-ses, para o dia 23 de março.

“Estamos de acordo com o que disse [o presiden-te colombiano, Juan Ma-nuel Santos] sobre o fato de as condições não estarem reunidas para o dia 23 de março”, declarou o repre-sentante das Farc, Joaquin Gomez, em Havana, onde as negociações ocorrem há mais de três anos.

O governo e as Farc, com cerca de 7.500 combatentes, segundo os números oficiais, negociam desde novembro de 2012 uma forma de aca-bar com mais de meio sécu-lo de guerra interna.

Mais de 146 mil refugiados e migrantes chegaram à Europa

Farc e governo da Colômbia adiam assinatura

Mais de 146 mil refugiados e migrantes chegaram à Euro-pa desde o início do ano pelo Mar Mediterrâneo e 455 morreram na travessia, anunciou a Organiza-ção Internacional para as Migra-ções (OIM) na última semana.

Na entrevista, o porta-voz da OIM, Joel Millman, informou que a média diária de chega-das ao território grego é de 2 mil pessoas. Entre os migran- Cerca de 2 mil refugiados e migrantes chegam à Grécia todos os dias

tes e refugiados que chegam à Grécia, 44% são homens adul-tos, 22% são mulheres adul-tas e 34% são crianças, segun-do dados atualizados da OIM. De acordo com as autorida-des gregas, os migrantes e refu-giados que chegam à costa da Grécia são procedentes da Síria (47%), do Afeganistão (27%), Iraque (17%), Irã (3%) e do Pa-quistão (3%). (Agência Lusa)

ACORDO DE PAZ

pensar em cooperar na es-tratégia de redução da oferta mundial de petróleo.

O ministro iraniano refe-ria-se ao pré-acordo assina-do em meados de fevereiro entre a Rússia, a Arábia Sau-dita, o Qatar e a Venezue-la para congelar a produção ao nível de janeiro de 2016 e, assim, tentar travar a que-da dos preços do barril, que em 11 de fevereiro atingiu o nível mais baixo em quase 13 anos. (Agência Lusa)Ministro iraniano admite cooperar para redução da oferta de petróleo

6 | Mundo Rio de Janeiro, 17 a 20 de março de 2016

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Logo depois de uma en-trevista coletiva em que

a presidente Dilma Rousse-ff anunciou a nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de ministro-chefe da Casa Ci-vil, o juiz Sérgio Moro divul-gou para a imprensa uma conversa gravada entre Lula e Dilma.

O conteúdo da conversa se resume ao fato de Dilma estar encaminhando naquele mo-mento o documento de posse de ministro ao ex-presidente.

- Dilma: Seguinte, eu tô mandando o Bes-sias junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessi-dade, que é o termo de posse, tá?!- Lula: Uhum. Tá bom, tá bom.

A imprensa interpretou o diálogo como uma expressão de que Dilma estaria fazen-do isso para evitar que o juiz Sérgio Moro mandasse pren-der o ex-presidente Lula.

O deputado federal e ad-vogado, Wadih Damous, diz

Moro violou a Constituição ao grampear conversa de Lula e Dilma, diz PlanaltoDeputado federal Wadih Damous diz que Sérgio Moro cometeu uma ilegalidade ao divulgar uma conversa privada da presidente Dilma

Fania Rodrigues do Rio de Janeiro (RJ)

Ricardo Stuckert

que não há dúvida de que “o juiz cometeu uma ilegalida-de”. Ele explica como deve-ria ter procedido o juiz. “O Moro diz que não viu nada de mais na ligação. Se não tinha nada de irregular, en-

tão era uma conversa pri-vada com a presidente da República. Não poderia ter divulgado. Se ele tivesse visto alguma irregularidade, teria que ter apartado a gra-vação do processo e envia-do ao Supremo Tribunal Fe-deral”, afirma.

Para o advogado de Lula, Cristiano Zanin, o juiz Moro tinha a intenção de inflamar a população contra o gover-no. “Um grampo envolven-do uma presidente da Re-pública é algo muito grave. Esse ato está estimulando uma convulsão social e esse não é o papel do Poder Judi-ciário”, disse Zanin.

AÇÃO CONTRA MOROPara o deputado federal Wa-dih Damous (PT), o que aconteceu foi muita grave e merece uma providência le-gal. “Estamos estudando para ver se cabe uma representa-ção no Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o juiz Sér-gio Moro”, destacou Wadih.

O CNJ é o órgão que re-gula a atuação das auto-ridades do Poder Judiciá-rio. A Presidência da Repú-blica também afirmou que vai acionar a Justiça. “To-das as medidas judiciais e administrativas cabíveis se-rão adotadas para a repara-ção da flagrante violação da lei e da Constituição da Re-pública,  cometida pelo juiz autor do vazamento”, infor-mou a Secretaria de Comu-nicação da presidência.

PF GRAVOU DILMA E LULA APÓS MORO INTERROMPER

INTERCEPTAÇÃO TELEFÔNICA

A gravação da conversa entre Dilma e Lula foi re-alizada duas horas após o juiz Sérgio Moro ter de-terminado a suspensão das interceptações tele-fônicas sobre Lula.

A decisão de Moro que determina o fim das inter-ceptações foi juntada ao processo judicial às 11h12 desta quarta-feira (16). O juiz determina que a Polí-cia Federal seja comunica-da da decisão “com urgên-cia, inclusive por telefone”.

Às 11h44, em outro des-pacho, a diretora de Secre-

taria Flavia Cecília Maceno Blanco escreve que infor-mou ao delegado Dr. Lu-ciano Flores de Lima sobre a interrupção. A conversa entre Lula e Dilma foi gra-vada pela Polícia Federal às 13h32.

Luciano Flores de Lima, o delegado que foi avisa-do pela manhã por Moro do fim do grampo, é o que manda juntar nos autos o áudio feito às 13h32. Tam-bém é o mesmo que in-terrogou Lula no dia 4 de março. É o que indica re-portagem do UOL.

Juiz Sérgio Moro divulgou conversa entre Lula e Dilma para imprensa

Um grampo envol-vendo uma pre-sidente da Repú-blica é algo muito grave. Esse ato está estimulando uma convulsão social e esse não é o papel do Poder JudiciárioCristiano Zanin, advogado de Lula

Rio de Janeiro, 17 a 20 de março de 2016 Brasil l 7

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O que os artistas pensam sobre o momento políticoPersonalidades falam sobre as manifestações contra Dilma, impeachment e mobilizações de sexta (18)

André Vieirado Rio de Janeiro (RJ)

A democracia brasileira está em risco. É o que de-

nunciam diversas persona-lidades brasileiras diante da tentativa de retirar Dilma Rou-sseff da presidência da Repú-blica. Com o pretexto de li-vrar o país da corrupção, líde-res políticos de partidos como o PMDB e PSDB buscam con-denar a presidenta em um processo de impeachment. No domingo (13), mobilizados por líderes desses partidos e contando com ampla divulga-ção de grande parte dos meios de comunicação, milhões de pessoas foram às ruas protes-tar contra o governo.

Apesar de convocar a po-pulação para ir às ruas e ser um dos maiores entusiastas da derrubada da presiden-ta Dilma Rousseff, o sena-dor Aécio Neves foi expul-so do ato no domingo (13) em São Paulo. As surpresas da semana não param ai. O senador tucano é um dos ci-tados no recebimento de di-nheiro fruto de corrupção de Furnas, empresa mista do setor elétrico. A informa-ção consta na delação pre-miada do senador Delcídio do Amaral, divulgada na úl-tima terça-feira (15).

Nessa sexta-feira (18) ou-tros milhões de brasileiros ocuparão as ruas em defesa da democracia e para denun-ciar aquilo que caracterizam como golpe: o impeachment. No Rio de Janeiro o ato será às 16h, na praça XV, no cen-tro da cidade. Um dia antes dessa mobilização que ocor-rerá por todo o país, o Brasil de Fato mostra agora o que personalidades do meio ar-tístico estão falando sobre o momento que passa o Brasil.

“Pressionar qualquer governo por melhorias sim, marchar ao lado da direita, fanáticos

religiosos e saudosos da ditadura, JAMÉ

[jamais]”.

“O que é verdade é que não se viu o povo na rua. Pelo menos parte do povo, aquele que não compra roupa verde e amarela em boutique. Aquele que não usa metrô e ônibus só em dia de grande passeio e lazer da passeata. Aquele que não abre uma garrafa de champanhe como protesto em plena avenida paulista. Aquele que não vai com sua babá negra empurrando o carrinho de bebê para a patroa na avenida. Onde estava esse povo?”

“Entendo que o impeachment do jeito que está sendo colocado interessa aos políticos de oposição e alguns da base aliada envolvidos em corrupção e citados nas investigações por outros envolvidos na corrupção. Eles sabem que uma mudança de governo agora seria o ideal para parar as investigações e assim a vida voltaria “ao normal”, seríamos de novo um país “sem corrupção”. Na verdade sem investigação. O impeachment serviria também aos vendilhões da pátria do PSDB e outros do mesmo naipe que querem entregar o pré-sal às empresas estrangeiras”.

MONICA IOZZI, ATRIZ E APRESENTADORA

CHICO CÉSAR, CANTOR E COMPOSITOR

ELISA LUCINDA, ATRIZ E CANTORA

WAGNER MOURA, ATOR

JEAN WYLLYS, DEPUTADO FEDERAL

PITTY, CANTORA

“Que momento triste vivemos. Como estamos equivocados, cegos. Somos um povo que se informa apenas por manchetes do JN [Jornal Nacional ]…”

Sabemos que há um golpe em marcha em nosso país. Um golpe que está sendo dado por aqueles que não

se conformam com os resultados das urnas e que não respeitam o seu voto. Então, no

dia 18, vamos nos unir e ir para as ruas em

todo o país para dizer não ao golpe e sim à

democracia”.

LECI BRANDÃO, CANTORA

Rio de Janeiro, 17 a 20 de março de 20168 | Especial

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O que os artistas pensam sobre o momento político“É evidente que as investigações estão sendo utilizadas como massa de manobra para a disputa política. E claro, a grande imprensa evidentemente, se a gente olhar para trás, esteve envolvida no golpe de 64 [ditadura militar]. Eu quero que os políticos corruptos sejam investigados, presos, julgados e condenados, mas eu quero que tudo isso aconteça de forma democrática e que sigam os ritos democráticos, a Constituição e o Código Penal Brasileiro”.

“Entregar o país, à direção dos mais corruptos parlamentares, ao invés de cobrar pelas reformas necessárias deste sistema totalmente viciado, como tem flagrado a própria lava-jato, onde todos os poderes estão enredados, judiciário e “noticiário”, inclusive, é realmente muito inconsequente. Não fique com raiva, o que digo pode até contar com a sua inocência mas certamente, foi muito bem articulado por grandes interesses. Algo precioso deve haver por aqui que faz com que tanto interesse exista em desestabilizar de tal maneira o governo. Como foi em 64.”

JEAN WYLLYS, DEPUTADO FEDERAL

TICO SANTA CRUZ, CANTOR E COMPOSITOR

LETÍCIA SABATELLA, ATRIZ

“Nesse momento em que se torna difícil entender o que vem acontecendo em nossa política, o mínimo que podemos fazer é defender a democracia. Estamos precisando nos esclarecer sobre a democracia contra gestos e atitudes autoritárias que usam o seu nome com intenções perversas. Recomendo que tentemos nos esclarecer para que possamos ajudar uns aos outros a pensar no sentido da democracia. Diálogo, escuta, abertura ao outro.”

MARCIA TIBURI, FILÓSOFA E APRESENTADORA DE TV“Penso que uma parte do povo, movido por ódio de classe, já está fazendo: indo pra rua, arreganhando os dentes. A outra parte, a que foi incluída nos planos de governo e nas políticas de estado nos últimos anos tem de fazer o mesmo: ir pra rua e argumentar, exercitando o pensamento, a discussão. Não é o governo que precisa ser defendido, é a própria democracia.”

“Os anti-petistas obcecados não estão interessados em dialogar com ninguém e nem solucionar o problema, porque não apontam caminhos. Os que estão indignados com o PT, mas também com PSDB, PMDB, PP, DEM… e etc - podem ajudar no caminho que o Brasil pode seguir. Com esse me interessa juntar forças.”

“No dia 18 de março, sexta-feira, vamos às ruas na luta pela democracia, pelas conquistas sociais e em apoio a Lula. Vamos juntos, com as nossas bandeiras. Minha bandeira é verde e amarela, meu coração é vermelho. Juntos queremos um Brasil melhor, sempre quisemos. Sempre pagamos muito caro por isso e não vai ser agora que nós vamos fugir da luta. As bandeiras são nossas”

BEMVINDO SIQUEIRA, ATOR

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Rio de Janeiro, 17 a 20 de março de 2016 Especial l 9

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O quê: Espetáculo conta história de palhaço que acredita que seu nariz está num local chamado “Cidade Sorriso”. Peça mistura dança, circo, teatro e muita cor.Onde: Sesc Tijuca – Rua Barão de Mesquita, 539.Quando: Domingo (20), 16h. Quanto: R$ 8 (R$ 4 meia)

O quê: Mostra de peças infantis, comédias e dramas leva companhias de teatro da Baixada Fluminense para um grande encontro.Onde: Biblioteca Parque Estadual – Avenida Presidente Vargas, 1261, Centro.Quando: Diariamente, até 26 de março, a partir das 15h.Quanto: 0800

O quê: Exposição do artista mexicano dialoga com o público a fim de questionar como se vive no sistema capitalista sem ter posses ou riquezas. Onde: Museu de Arte do Rio (MAR) – Praça Mauá, 5, Centro. Quando: De terça a domingo, de 10h às 17h.Quanto: 0800 às terças

O quê: Mostra reúne quadros de pintoras surrealistas do México, como Frida Kahlo, María Izquierdo, Remedios Varo, entre outras.Onde: Caixa Cultural – Av. Almirante Barroso, 25, CentroQuando: De ter a dom, das 10h às 21h. Até 27/03. Quanto: 0800 (agendar em frida.ingresse.com)

O quê: Filme conta a biografia de Lili Elbe, a primeira pessoa a se submeter a uma cirurgia de mudança de gênero.Onde: Auditório Paulo Freire, ICHS, Universidade Federal Rural – BR 465, km 7, Seropédica. Quando: Quinta (17), 17h.Quanto: 0800

O quê: A exposição “Zeitgeist: Arte da Nova Berlim” apresenta a festa que será uma imersão na cultura dos famosos clubes de Berlim, na Alemanha.Onde: Centro Cultural Banco do Brasil – Rua Primeiro de Março, 66, Centro.Quando: Sábado (19), 22h.Quanto: 0800

Zeitgeist – A Festa

Cidade Sorriso

A Garota Dinamarquesa

Como viver no capitalismo sem dinheiro?

Frida Kahlo e mulheres surrealistas

Baixada em Cena

AGENDA DA SEMANA

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Em comemoração ao Dia Internacional da Mulher, o Museu do Ingá, em Niterói, na região metropolitana do Rio de Janeiro, inaugurou na semana passada uma expo-sição sobre o universo femi-nino nas artes. Na mostra O Feminino no Ingá, a mulher está presente tanto na con-dição de criadora como de inspiradora da arte, em dife-rentes épocas.

A seleção de obras foi fei-ta entre as que compõem o acervo do museu, instala-do no Palácio do Ingá, que já sediou o governo flumi-nense, quando Niterói era a capital do antigo estado do Rio de Janeiro. Oficial-mente chamado de Museu de História e Arte do Esta-do do Rio de Janeiro, ele é mais conhecido pelo nome do prédio onde funciona, construído no século 19.

“O museu tem poucas obras de autoria de mulhe-res, mas nos deparamos com dois quadros de Djani-ra, Ciranda e Moça na Jane-la. Olhando esse último, me veio um questionamento so-bre o que querem as mulhe-res neste século 21. Este foi o ponto de partida da mostra”, explica a coordenadora de História e Pesquisa do mu-

Museu abre exposição sobre universo feminino

seu, Andrea Tello, uma das organizadoras da exposição.

LUTA POR IGUALDADESegundo Andrea Tello, es-ses objetos, resultados artís-ticos de fazeres tipicamente femininos, também procu-ram levar o visitante a uma

reflexão: “Em 2016, a mu-lher continua lutando pela igualdade salarial e por dig-nidade no trabalho, as mes-mas reivindicações que motivaram a criação do Dia Internacional da Mulher”.

A exposição  O Feminino no Ingá  fica em cartaz até o dia 31 de março e pode ser vista de terça a sexta-feira, das 11h às 17h, e sábados e domingos, das 13h às 17h. A entrada é gratuita e o museu fica na Rua Presidente Pe-dreira, 78, Ingá, em Niterói, região metropolitana do Rio.

Em 2016, a mulher continua lutando por igualdade e dignidadeAndrea Tello, organizadora

Mostra selecionou as poucas obras femininas do Museu do Ingá, em Niterói

Rio de Janeiro, 17 a 20 de março de 201610 | Cultura

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Promovido pela Associação Polo Novo Rio Antigo, o evento é no primeiro sábado de cada mês

Com barracas montadas em toda a extensão da Rua do Lavradio, feirantes vendem de peças de artesanato a livros de sebos e antiguidades

Alana Gandrada Agência Brasil

Depois de adiada e cance-lada pela prefeitura em fe-

vereiro, por causa do carnaval, a Feira Rio Antigo voltou a ocu-par neste mês o centro do Rio. É também conhecida como Feira do Lavradio, por ser na rua que tem esse nome, entre a Avenida Mem de Sá e a Aveni-da Visconde do Rio Branco. O evento é realizado há 19 anos, no primeiro sábado de cada mês. Ali morou o Marquês do Lavradio, vice-rei do Brasil no período colonial, além de poe-tas, políticos, escritores e artis-tas que fizeram parte da histó-ria do Rio de Janeiro.

Promovida pela Associação Polo Novo Rio Antigo, a feira é um dos eventos culturais gra-tuitos mais frequentados na cidade, constituindo uma das atrações do calendário turísti-co do Rio de Janeiro. Mais de 400 expositores oferecem em suas barracas, montadas em toda a extensão da Rua do La-vradio, uma gama variada de produtos, que vão de peças de artesanato a livros de sebos e antiguidades.

A secretária da Associação Polo Novo Rio Antigo e or-ganizadora do evento, Joana Pogian, estima que mais de 30 mil pessoas visitam a feira a cada sábado, aproveitando a oportunidade para apreciar a arquitetura do local, com seus casarões antigos, mui-tos dos quais construídos no período do Brasil Colônia. O casario histórico ao longo da Rua do Lavradio faz parte de um corredor cultural tomba-do pelo patrimônio histórico.

Feira Rio Antigo volta a ocupar centro da cidade após interrupção em fevereiroTambém conhecida como Feira do Lavradio, evento é realizado há 19 anos

Para Mariana Mendonça de Almeida, de 29 anos, que par-ticipa há três anos da Rio Anti-go, onde vende alpargatas, tam-bém chamadas espadrilles (cal-çados feitos em brim ou lona, com solado de corda ou borra-cha), a experiência é “maravi-lhosa e dá resultado financeiro. É um evento popular”, afirmou. Gabriela Barreto de Moura, de 32 anos, que expõe há mais de seis anos no Lavradio, lamen-tou que a crise econômica es-teja afetando o faturamento da feira. “É muita gente passando, mas nem todo mundo compra”. Mesmo assim, ela considera a Feira Rio Antigo “uma das me-

lhores” realizadas na cidade.Para Alessandra Carvalho,

de 34 anos, que está na feira há nove anos vendendo peças de louça das décadas de 60, 70 e 80 do século passado e até do século 19, o evento é mui-to bom. “É ótimo. É bom par-ticipar”. Segundo Alessandra, a maioria dos compradores não é formada por colecionadores, mas por gente que quer “deco-rar a casa”. Produtores de nove-las de época também estão en-tre os fregueses de Alessandra.

Frequentador habitual, o professor universitário Eduar-do Bastos gosta da feira, mas destaca que a média de pre-ços é elevada para um merca-do popular.

Fotos: Divulgação

MÚSICA POPULARSegundo Joana, é grande a fila de bandas que querem tocar na feira. “É uma vitrine para eles [músicos], uma vez que por aqui circulam muitos em-presários e artistas, e eles aca-

bam conseguindo outras apre-sentações em outros lugares. Por isso, querem tocar aqui a qualquer custo”. A cada edição da feira apresenta-se uma ban-da diferente. O cachê dos mú-sicos é pago pelos empresários da Rua do Lavradio.

Os visitantes podem ainda es-ticar o passeio até a vizinha Praça Tiradentes e aproveitar as diver-sas atrações do circuito cultural da área, das 12h às 19h. “Tem pú-blico para tudo”, disse Joana. Mais de 400 expositores oferecem uma gama variada de produtos

Feira Rio Antigo voltou a ocupar neste mês o centro do Rio

Rio de Janeiro, 17 a 20 de março de 2016 Cultura l 11

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“Lutar, ocupar, resistir”. Esse é o nome da expo-

sição sobre as alternativas ha-bitacionais dos movimentos sociais no Rio de Janeiro, que abriu para visitação na última terça (15), no espaço Studio X, na Praça Tiradentes, no Cen-tro. Como parte da progra-mação, haverá na quinta-feira (17), às 18h30, uma mesa de discussão sobre moradia. En-tre os convidados, estão Lur-dinha Lopes, coordenadora do Movimento Nacional de Luta por Moradia (MNLM), Pedro Rivera, diretor e cura-dor do Studio X, e Ticianne Ribeiro de Souza, arquiteta responsável pelo projeto de reforma da ocupação Manuel Congo, na Cinelândia.

O prédio ocupado pelo MNLM hoje abriga 42 famí-lias e leva o nome do líder da maior rebelião de escravos do vale do Paraíba, no Rio de Ja-neiro, assassinado por enfor-camento na cidade de Vas-souras, em 1839.

LUTAS E CONQUISTASA ocupação Manuel Congo nasceu no dia 28 de outubro de 2007, com 100 famílias que ne-cessitavam de um lugar para morar. Porém, a organização já havia começado antes dis-so. Guiadas pelo MNLM, as fa-mílias haviam ocupado, sema-nas antes, o Cine Vitória, uma antiga sala de cinema na Cine-lândia que estava abandonada. Mas assim que ocuparam o es-paço, foram despejadas. A par-tir daí, as famílias circularam

‘Aqui é uma comunidade mesmo’, diz morador da ocupação Manuel CongoCom nome de líder de escravos rebelados, ocupação na Cinelândia abriga 42 famílias e vira tema de debate em exposição

Victor Ohanado Rio de Janeiro (RJ)

pela cidade, passaram por di-versas localidades, até ocupa-rem o prédio onde hoje está lo-calizada a Manuel Congo.

Com muita luta, manifes-tação e negociação, o Movi-mento conquistou um repas-

se financeiro do Fundo Na-cional de Habitação de Inte-resse Social, em 2008, para adquirir legalmente o espaço. No entanto, não havia dinhei-ro para reforma. A licitação do Estado só saiu anos depois, em 2013. A obra chegou a co-

meçar, mas em poucos me-ses foi suspensa, por conta de uma falha do próprio Estado ao regularizar a licitação.

Daí, os ocupantes se mo-bilizaram para que o proces-so fosse transferido, através da Caixa Econômica, para o pro-grama “Minha Casa, Minha Vida – Entidades”, em que o governo federal oferece subsí-dios para fazer a obra e os be-neficiados pagam em parce-las posteriores. As obras foram retomadas só em outubro de 2014. A estimativa agora é que a reforma seja entregue em ju-nho deste ano. Hoje, apenas um lado do prédio está com os apartamentos prontos.

COLETIVIDADEMorar numa ocupação não é tarefa fácil. Para a coordena-dora da Manuel Congo, Eli-zete da Silva Napoleão, de 50 anos, toda a luta somente foi possível porque os morado-res estavam muito engajados. “Quando ocupamos aqui, ti-nha um banheiro por andar. Tinha andar com seis famílias para um banheiro só. A gen-te sempre trabalhou também com cozinha coletiva, dormi-tório coletivo, escala para la-vagem de roupa, e por aí vai”, conta Elizete. Hoje, muita coi-sa mudou, mas enquanto as obras não ficam prontas, al-gumas famílias ainda divi-

dem os apartamentos. “Tem apartamento que tem três fa-mílias”, diz.

A ocupação mudou a vida do universitário pernambu-cano Diego Rodrigo, de 27 anos. Diego, que já tem uma trajetória como militante, é aluno de História na Univer-sidade Estadual do Rio de Ja-neiro e já vem de uma família de luta no campo. O jovem divide um apartamento com mais sete pessoas. “É dife-rente, porque lá fora não tem coletividade nenhuma, você tem seu apartamento e não importa se você dá bom dia ou boa tarde. Aqui é uma co-munidade mesmo”, relata.

O universitário pernambucano Diego Rodrigo, de 27 anos, mora na ocupação desde o início

Após anos de luta e manifestações, obras do prédio devem ser entregues em junho

Quando ocupamos aqui, tinha andar com seis famílias para um banheiroElizete Napoleão, coordenadora da ocupação

Fotos: Stefano Figalo / Brasil de Fato

Rio de Janeiro, 17 a 20 de março de 201612 | Cidades

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Variedades l 13

Pasta de Grão de BicoDiv

ulga

ção

Ingredientes

• 2 latas de grão de bico

• 100 ml da água do grão de bico

• 100 gramas de tahine

• 1,5 limão tahiti em suco

• 3 dentes de alho

• 1 colher de chá de sal

Modo de preparoColoque todos os ingredientes num liquidificador ou processador até virar uma pasta.

Tempo de preparo30 minutos

Divulgação

Oi, amiga da saúde! Meu primo de 29 anos descobriu que está com dermatomiosite. O que é isso?

Maria Cláudia, 32 anos, técnica em nutrição

Dúvidas? [email protected] Sofia Barbosa | Coren MG 159621-Enf

Cara Maria Cláudia, esta doença é uma in-

flamação crônica da pele e dos músculos que provo-ca dor no corpo, febre bai-xa, mal-estar geral, pros-tração, perda de peso, le-sões na pele e inchaço. Há também uma importan-te fraqueza muscular. Essa doença é mais comum em adultos e não se conhece muito bem a causa, mas sabe-se que está relaciona-da ao sistema de defesa do corpo. O tratamento é fei-to à base de repouso e uso prolongado de corticoides orais. A pessoa precisa ser

BOMBOU NA INTERNET AMIGA DA SAÚDE

ser necessários para o con-trole da doença.

acompanhada porque ou-tros medicamentos podem

Rio de Janeiro, 17 a 20 de março de 2016 Variedades l 13

Receita

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14 | Variedades

Áries (21/3 a 20/4)Você ainda poderá ser surpreendido por uma belíssima declaração de amor. Mantenha a tranquilidade.

Touro (21/4 a 20/5)Invista no futuro da sua relação. Alimente o fogo da paixão e não permita que a rotina se instale.

Gêmeos (21/5 a 20/6)Não exija de si mesmo aquilo que sabe ser impossível. Não estrague sua saúde por causa do seu trabalho.

Câncer (21/6 a 22/7)Lembre-se de que o seu bem-estar está em primeiro lugar, por isso não alimente relações doentias.

Leão (23/7 a 22/8)Poderá reencontrar um antigo colega. Aproveite para reviver os momentos que passaram juntos.

Virgem (23/8 a 22/9)Saiba como defender-se da maldade de alguns colegas de trabalho, mas não perca a cabeça em certos momentos.

Libra (23/9 a 22/10)Será um período marcado pelo amor e pela felicidade. Expresse à sua cara-metade o que realmente sente.

Escorpião (23/10 a 21/11)Seja mais independente, deixe o seu parceiro gozar a sua liberdade. Será o melhor para ambos.

Sagitário (22/11 a 21/12)Lembre-se de que quem tudo quer, tudo perde. Evite situações de dualidade e faça a melhor escolha.

Capricórnio (22/12 a 20/1)Poderá ser surpreendido por uma discussão com um amigo provocada pela maledicência de invejosos.

Aquário (21/1 a 19/2)Mostre-se firme perante as suas exigências. Não seja demasiado benevolente com a sua cara-metade.

Peixes (20/2 a 20/3)Valorize a honestidade e integridade de caráter. Não se deixe corromper pela ganância e pela ambição.

HORÓSCOPO FASES DA LUACheia 22/3

Minguante 31/3

Crescente 17/3

Nova 7/4

Rio de Janeiro, 17 a 20 de março de 201614 | Variedades

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Omar Freire/GEMG

Doping gera debates em todo o mundoEntidades esportivas redobram a atenção com uso de substâncias proibidas

O Brasil corre sério risco de perder alguns de seus melho-res atletas para o Rio 2016, nas mais diversas modalidades e por várias razões. O nadador César Cielo, o saltador Mauro Vinícius, o judoca Rafael Sil-va e o jogador Neymar ainda não estão garantidos.

Atletas de ponta do Brasil podem ficar fora dos JogosAlguns dos melhores esportistas do país correm risco de não competir

Quem corre mais risco de ficar fora é César Cielo. O nadador só tem mais uma chance de con-quistar a vaga, mas suas marcas, desde 2014, estão longe do índi-ce mínimo para ir aos Jogos.

Rafael Silva vive com lesões e, por enquanto, está atrás de David Moura no ranking

mundial dos pesos pesados. Neymar ainda não definiu, junto ao Barcelona, em qual das competições irá jogar, se na Copa América ou nos Jo-gos Olímpicos. Mauro Vinícius está a apenas um centímetro do índice que o levará aos Jo-gos no salto em distância. (BP)

Paes promete velódromo no prazo

Durante as manifesta-ções do último domingo (13), chamou a atenção uma imagem, que acabou virali-zada nas redes sociais: a de um casal branco, vestido de verde e amarelo, caminhan-do com o cachorro enquan-to uma babá, negra, empur-rava o carrinho com os dois filhos do casal.

As camisas, listradas em verde e amarelo, eram de uma linha do Flamengo fei-ta para a Copa do Mundo, com o número seis às cos-tas. O hexa não veio, mui-to pelo contrário, mas as tais camisas fizeram sucesso en-tre os torcedores.

O homem que aparece na foto, junto com a esposa, o cachorro, os filhos e a babá, é Cláudio Pracownik, vice--presidente de finanças do Flamengo.

Executivo do setor finan-ceiro, Pracownik “justificou” a imagem com aquele dis-curso do “ela está trabalhan-do e ganhando seu dinheiro”.

Sim, está. A imagem é só um símbolo do lugar que, na cabeça do casal, cabe a cada um ali.

Outra coisa que fica clara é a distância entre dirigen-tes e torcida. O Flamengo tem a torcida mais popular do país, mas é dirigido por um banqueiro. Além dele, uma profusão de sobreno-mes pomposos.

Em geral, os clubes no Bra-sil têm esse perfil. Torcedores apaixonados, majoritaria-mente pobres, dirigidos por uma casta de “boas famílias”.

A democracia nos clubes chega a ser feudal. Os torce-dores são, na prática, excluí-dos da vida social das agre-miações. Quem toma as de-cisões, que envolvem a pai-xão de milhões, são banquei-

ros, executivos, empresários, aristocratas, playboys e afins.

Muito falamos na falta de democracia no andar de cima do futebol, em fede-rações, na CBF e na FIFA. Mas as células que formam esse tecido são os clubes, fechados para o povo.

Enquanto não abrirmos os clubes aos seus torcedo-res, continuaremos a ver uma torcida de favelados empurrando carrinhos para seus dirigentes.

Quem toma as decisões, que envolvem a pai-xão de milhões, são banqueiros, executivos, em-presários, aristocratas, playboys e afins

O prefeito do Rio, Eduar-do Paes (PMDB), visitou as obras do Parque Olímpico. Mais uma vez, ele aprovei-tou a oportunidade para prometer que o velódro-mo, alvo de preocupações por parte do Comitê Olím-pico Internacional, estará pronto no prazo previsto.

Devido a divergências entre a Prefeitura e a em-preiteira responsável pela obra do velódromo, além do próprio Parque Olímpi-co, as licitações e contratos tiveram que ser refeitos, ge-rando ainda mais atrasos.

Nove arenas esportivas, além do Centro Internacio-nal de Transmissão (IBC, sigla em inglês), já foram entregues à organização dos Jogos.

João Valadares

Beth Santos/Prefeitura do Rio

A Agência Mundial Anti-Doping (WADA, sigla em

inglês) promoveu um fórum de debates, neste último fi-nal de semana, na Suíça, para mobilizar as entidades espor-tivas em torno do tema, pro-pondo ações de prevenção e combate ao uso de estimu-lantes proibidos.

Uma das ações surgidas neste fórum foi uma força-ta-refa sobre o assunto visan-do especificamente os Jogos

O Apartheid da bola

Olímpicos do Rio 2016. O ob-jetivo deste grupo é identificar falhas nos controles antidopa-gem em competições que an-tecedem aos Jogos, em parce-ria com as agências nacionais de combate ao doping.

Uma das entidades que, por força dos acontecimentos re-centes envolvendo o esporte, se comprometeu com melho-rias nos controles de dopagem foi a Federação Internacional de Atletismo.

Uma imagem que vale por mil palavras, ou por milhões de torcedores

Sebastian Coe, presidente da IAAF, fez um duro discurso contra o doping

Rio de Janeiro, 17 a 20 de março de 2016 Esportes l 15

TOQUES CURTOS | Bruno PorpettaBINÓCULO

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O Flamengo foi a Araca-ju (SE) enfrentar o Confian-ça, no estádio Batistão, na estreia da Copa do Brasil e, diante da expectativa de eli-minar o jogo de volta, acaba retornando ao Rio com um vexame na bagagem.

Logo aos oito minutos de jogo, Elielton, do Confian-ça, acertou um chute no rosto de Ederson e levou cartão vermelho direto. A partir daí, o Flamengo en-controu mais espaço para trocar passes, mas esbarrou no forte esquema defensivo armado pelo Confiança.

Apesar disso, o time ru-bro-negro criou algumas chances no primeiro tem-po, falhando na pontaria.

Na volta do intervalo, o Flamengo continuou pres-sionando, mas além da pouca movimentação dos

Flamengo passa vexame em AracajuCom um jogador a mais durante quase todo jogo, Fla consegue proeza e perde para Confiança

Guerrero, que abriu o supercílio durante o jogo, não foi bem

atacantes, insistia muito pelo meio, onde o espaço estava bloqueado pela defe-sa do time da casa.

Apesar da insistência, a bola parava no goleiro Ra-fael Sandes ou nos inúme-ros impedimentos do ata-que rubro-negro. Guerrero, que machucou o supercílio ainda no primeiro tempo, não fazia boa partida, assim como Marcelo Cirino.

Até que, aos 34 minutos da etapa final, o Confiança teve a chance que pediu aos céus. Em um contra-ataque,

a bola parte cruzada da di-reita, Rodinei falha no cor-te e a bola sobra para Ever-ton que limpa o lance e bate forte, sem chance para Pau-lo Victor.

O gol baqueou o time ru-bro-negro, que passou mais alguns sustos. Quando re-cuperou-se do gol, o time pecou pela ansiedade no pouco tempo que restava para virar o jogo. Acabou desperdiçando mais chan-ces e saindo de campo com uma derrota vexaminosa por 1 a 0.

O Partido Republica-no Brasileiro, que ocu-pa o Ministério dos Es-portes, através de Geor-ge Hilton, decidiu dei-xar a base aliada da Presidenta Dilma Rous-seff e colocou a pasta à disposição.

O Ministro, por sua

PRB coloca Ministério do Esporte à disposiçãovez, ainda não comunicou oficialmente sua saída, permanecendo no cargo. A decisão foi tomada una-nimemente pela banca-da do partido na Câma-ra, onde possui 21 depu-tados, além do Senador Marcelo Crivella, que ne-gocia sua ida para o PSB.

Ao longo do dia, o Mi-nistério seguiu suas ativi-dades normalmente, pu-blicando no Diário Ofi-cial mudanças na conces-são do Bolsa Atleta, que deixa de beneficiar ocu-pantes de cargos em en-tidades de administração desportiva. (BP)

Ministro George Hilton pode deixar a pasta dos Esportes

O Estrela do Norte, de Cachoeiro de Itapemirim (ES), passa por grave cri-se financeira. O clube, da primeira divisão do Cam-peonato Capixaba, no momento disputa o Qua-drangular da “Morte” da competição, tentando se salvar do rebaixamento.

O atraso de salários pro-vocou a saída de seis atletas do elenco. O goleiro Wen-dell, o lateral-direito Luan, o volante Alan, o meia Juninho e os atacantes Washington Baiano e Jhymmy deixaram o clube.

No entanto, a forma encontrada para o clu-be reduzir seus débitos com os jogadores que saíram ou ficaram foi,

Francisco Medeiros/ME

Gilvan de Souza/Flamengo

Divulgação/Estrela do Norte FC

Clube capixaba “paga” salários em ingressos para show

no mínimo, curiosa.No dia 19 de abril, o está-

dio Sumaré, que abriga os jogos do Estrela do Norte, receberá um show do can-tor Roberto Carlos, nascido na cidade e torcedor do clube, além de vascaíno.

A diretoria do Estrela do Norte, sem dispor de dinhei-ro em espécie para pagar seus atletas, distribuiu 200 ingressos para o elenco, pa-ra que eles vendessem e ficassem com o dinheiro.

O total não cobre a fo-lha de pagamento do clube, mas, segundo o pre-sidente Adilson Conti, em entrevista ao jornal Gaze-ta Esportes, servirá para o clube se manter na dispu-ta do estadual. (BP)

Adilson Conti “pagará” salários com ingressos para show do Rei

16 | Esportes

Bruno Porpetta do Rio de Janeiro (RJ)

Rio de Janeiro, 17 a 20 de março de 2016