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São Paulo, de 10 a 16 de julho de 2008 www.brasildefato.com.br Ano 6 • Número 280 Uma visão popular do Brasil e do mundo Circulação Nacional R$ 2,00 Resgate de reféns reforça a política militarista de Uribe Na Colômbia, embora seja cedo para afirmações a respeito de quais serão as conseqüências da libertação de Ingrid Betancourt e de outros 14 prisioneiros , já há duas certezas. Primeira: o resgate não acaba com o conflito armado dentro do país ou com as Farc. Conflito este no qual Estado e forças paramilitares de extrema- direita jogam um papel preponderante. Segunda: o presidente Álvaro Uribe sai fortalecido eleitoralmente e praticamente garante o continuísmo de seu grupo político, seja através de um terceiro mandato, seja por meio da indicação de um candidato governista. Págs. 2, 10 e 11 Diante dos altos preços das tarifas de energia, o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE) reuniu 293 assinaturas na Câ- mara para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com vistas a esclarecer o porquê dos valores abusivos. O núme- ro é suficiente para imple- mentar a comissão, sendo que a CPI é a sexta na fila da Mesa Diretora. Um dos objetivos é investigar a atuação da Agência Nacional de Energia Elétri- ca na autorização dos rea- justes e reposicionamentos tarifários. Pág. 4 Conta de luz cara origina pedido de CPI na Câmara A política de segurança da economia estadu- nidense tenta oprimir, mais uma vez, os povos do Sul. “Guerra contra o terror” dos EUA na África e “derramamento” do Plano Colômbia por toda a América Latina marcam a geopolítica do Império. Pág. 9 EUA apostam na “economia da guerra” A notícia de que o Minis- tério Público do Rio Grande do Sul solicitou a dissolução do Movimento dos Traba- lhadores Sem Terra (MST) alertou as organizações de esquerda sobre a necessi- dade de organizar o apoio ao movimento e o repúdio à ofensiva lançada pela ins- tituição. Em um ato na Fa- culdade de Direito da USP, debatedores consideraram que a decisão do MP foi inspirada por um viés de classe. Pág. 3 Ato repudia decisão do MP gaúcho FICA 2008 Em sua 10ª edição, o festival goiano continua a debater cinema e a temática ambientalista em todo o mundo. Pág. 12 Daniel Dantas e quadrilha são presos O banqueiro Daniel Dantas, dono do grupo Opportunity, foi preso por formação de quadrilha e crimes financeiros interna- cionais. Além dele, outras 23 pessoas foram detidas pela operação Satiagraha da Polícia Federal, entre elas o ex-prefeito paulista- no Celso Pitta, o investidor Naji Nahas e a cúpula do Banco Opportunity. A ope- ração da PF teve início há quatro anos e desvendou o funcionamento de duas quadrilhas que agiam en- tre si, uma comandada por Dantas, outra por Nahas. Dantas foi um dos principais articuladores da privatização da telefo- nia, da qual se beneficiou diretamente. Pág. 5 Baseada na preserva- ção ambiental e na pro- dução agroecológica, a Comuna da Terra Dom Tomás Balduíno, em Franco da Rocha (SP), funcionará como um espaço de construção da sociabilidade dos ex- sem-teto e sem-terra, hoje assentados em um terreno de 619 hectares que pertencia a uma fazenda improdutiva da União. Apresenta- ções musicais de Perei- ra da Viola e Pedro Mu- nhoz marcaram, no dia 5, a inauguração das 61 casas. Pág. 6 MST inaugura novo modelo de assentamento Criado em 1978, durante manifestações contra as práticas racistas da dita- dura militar, o Movimento Negro Unificado (MNU) completa 30 anos de histó- ria, ciente da persistência do racismo. A permanência da discriminação nessas três décadas pode ser ob- servada na crônica do mi- litante do MNU, Hamilton B. Walê, que relata o assas- sinato de um jovem negro, promovido pela Polícia Mili- tar da Bahia. Em artigo, Re- ginaldo Bispo, coordenador do MNU, traça um panora- ma das lutas da organização nesses anos. Pág. 8 Movimento Negro Unifi cado completa 30 anos de luta Divulgação U.S. Air Force/Louis A. Arana-Barradas Fernando Donasci/ Folha Imagem O empresário Naji Nahas, preso no dia 8 de julho, é conduzido por agentes da Polícia Federal ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo delito Antônio Cruz/ABr Espetáculo midiático: para a imprensa corporativa, Uribe é responsável pelo resgate de Ingrid Betancourt Fábio Nassif Ato de solidariedade ao MST realizado em São Paulo, dia 4 de julho

Brasil de Fato _FICA_ 2008

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Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental - Goiás, Go. Jornal Brasil de Fato

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Page 1: Brasil de Fato _FICA_ 2008

São Paulo, de 10 a 16 de julho de 2008 www.brasildefato.com.brAno 6 • Número 280

Uma visão popular do Brasil e do mundoCirculação Nacional R$ 2,00

Resgate de refénsreforça a políticamilitarista de UribeNa Colômbia, embora seja cedo para afirmações a respeito de quais serão as conseqüências da libertação de Ingrid Betancourt e de outros 14 prisioneiros, já há duas certezas. Primeira: o resgate não acaba com o conflito armado dentro do país ou com as Farc. Conflito este no qual Estado e forças

paramilitares de extrema-direita jogam um papel preponderante. Segunda: o presidente Álvaro Uribe sai fortalecido eleitoralmente e praticamente garante o continuísmo de seu grupo político, seja através de um terceiro mandato, seja por meio da indicação de um candidato governista. Págs. 2, 10 e 11

Diante dos altos preços das tarifas de energia, o deputado federal Eduardo da Fonte (PP-PE) reuniu 293 assinaturas na Câ-mara para instaurar uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com vistas a esclarecer o porquê dos valores abusivos. O núme-ro é suficiente para imple-mentar a comissão, sendo que a CPI é a sexta na fila da Mesa Diretora. Um dos objetivos é investigar a atuação da Agência Nacional de Energia Elétri-ca na autorização dos rea-justes e reposicionamentos tarifários. Pág. 4

Conta de luz cara origina pedido de CPI na Câmara

A política de segurança da economia estadu-nidense tenta oprimir, mais uma vez, os povos do Sul. “Guerra contra o terror” dos EUA na África e “derramamento” do Plano Colômbia por toda a América Latina marcam a geopolítica do Império. Pág. 9

EUA apostamna “economiada guerra”

A notícia de que o Minis-tério Público do Rio Grande do Sul solicitou a dissoluçãodo Movimento dos Traba-lhadores Sem Terra (MST) alertou as organizações de esquerda sobre a necessi-dade de organizar o apoio ao movimento e o repúdio à ofensiva lançada pela ins-tituição. Em um ato na Fa-culdade de Direito da USP, debatedores consideraram que a decisão do MP foi inspirada por um viés de classe. Pág. 3

Ato repudiadecisão doMP gaúcho

FICA 2008

Em sua 10ª edição, o festival goiano continua a debater cinema e a temática ambientalista em todo o mundo. Pág. 12

Daniel Dantas e quadrilha são presosO banqueiro Daniel

Dantas, dono do grupo Opportunity, foi preso por formação de quadrilha e crimes financeiros interna-cionais. Além dele, outras 23 pessoas foram detidas pela operação Satiagraha

da Polícia Federal, entre elas o ex-prefeito paulista-no Celso Pitta, o investidor Naji Nahas e a cúpula do Banco Opportunity. A ope-ração da PF teve início há quatro anos e desvendou o funcionamento de duas

quadrilhas que agiam en-tre si, uma comandada por Dantas, outra por Nahas. Dantas foi um dos principais articuladores da privatização da telefo-nia, da qual se beneficiou diretamente. Pág. 5

Baseada na preserva-ção ambiental e na pro-dução agroecológica, a Comuna da Terra Dom Tomás Balduíno, em Franco da Rocha (SP), funcionará como um espaço de construção da sociabilidade dos ex-sem-teto e sem-terra, hoje assentados em um terreno de 619 hectares que pertencia a uma fazenda improdutiva da União. Apresenta-ções musicais de Perei-ra da Viola e Pedro Mu-nhoz marcaram, no dia 5, a inauguração das 61 casas. Pág. 6

MST inauguranovo modelo de assentamento

Criado em 1978, durante manifestações contra as práticas racistas da dita-dura militar, o Movimento Negro Unificado (MNU) completa 30 anos de histó-ria, ciente da persistência do racismo. A permanência da discriminação nessas três décadas pode ser ob-servada na crônica do mi-litante do MNU, Hamilton B. Walê, que relata o assas-sinato de um jovem negro, promovido pela Polícia Mili-tar da Bahia. Em artigo, Re-ginaldo Bispo, coordenador do MNU, traça um panora-ma das lutas da organização nesses anos. Pág. 8

MovimentoNegro Unifi cadocompleta 30 anos de luta

Divulgação U.S. Air Force/Louis A. Arana-Barradas

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O empresário Naji Nahas, preso no dia 8 de julho, é conduzido por agentes da Polícia Federal ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer exame de corpo delito

Antônio Cruz/ABr

Espetáculo midiático: para a imprensa corporativa, Uribe é responsável pelo resgate de Ingrid Betancourt

Fábio Nassif

Ato de solidariedade ao MST realizado em São Paulo, dia 4 de julho

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de 10 a 16 de julho de 200812

cultura

Rafaela Tascada Cidade de Goiás (GO)

DESDE 1999 é assim. Du-rante uma semana, a Cida-de de Goiás, antiga capital do Estado homônimo e co-nhecida pela prosa e ver-so da poetisa Cora Coralina, passa a ser o local onde ocor-re um importante evento ci-nematográ co, o Festival In-ternacional de Cinema e Ví-deo Ambiental (Fica).

Uma mostra que faz com que a Cidade de Goiás in-tensi que sua relação com o mundo e passe a ser agluti-nadora e catalisadora de pro-duções audiovisuais das mais variadas regiões do planeta, ligadas entre si por um tema: o meio ambiente.

Com um júri internacional composto por cineastas, jor-nalistas, ambientalistas e in-telectuais, foram selecionados para a mostra competitiva do festival deste ano 22 lmes. A estrutura do evento ainda contemplou atividades cultu-rais, o cinas, palestras, deba-tes, além da Mostra ABD Cine Goiás, da Associação Brasilei-ra dos Documentaristas.

Ficção, documentário ou animação. Curtas, médias ou longas. Ganhadores ou não. O fato é: as produções audio-visuais que passam pelo Fi-ca se diferenciam por possi-bilitar outras maneiras de ver, denunciar, documentar e ex-pressar o mundo.

Paisagens submersasCom estéticas diferentes pa-

ra realidades similares, Zona de Diluição Inicial, do francês Antoine Boutet, e Sumidouro, do brasileiro Cris Azzi, foram premiados pelo júri. O terri-tório de investigação em co-mum é o processo de migra-ção e interferência ambiental em virtude do represamento das águas.

Com recursos de um prê-mio da Associação Francesa de Ação Artística (Afaa), Bou-tet passou seis meses na Chi-na com o objetivo de estudar as transformações por ocasião da colossal construção da re-presa de Três Gargantas.

Ancorado na experiência do diretor como artista visu-al, Zona de Diluição Inicial segue um formato documen-tal destituído de depoimen-tos dos agentes sociais. A nar-rativa sensivelmente reporta com visualidades a ascensão do concreto no rio Yang-tse-kiang, a demolição do já exis-tente e a submersão das vilas, cidades e vegetação.

Com grande repercussão em diversos festivais, museus e galerias do mundo, Boutet assim pondera sobre o tom universal de seu lme: “A dis-cussão do represamento e su-

da Cidade de Goiás (GO)

Uma pergunta de longa data: é possível transformar a realidade através do cine-ma? A questão foi repassada ao jornalista dinamarquês, Morten Hansen, que esteve no festival como represen-tante de Tom Heinemann, diretor de Uma Barganha Assassina.

O documentário é uma pancada na face da socieda-de de consumo. Ganhador do prêmio da Associação Dinamarquesa de Jornalis-mo Investigativo em 2007, o lme revela como grandes empresas de departamento, como a Jysk, Dansk, ICA e Indiska, colocam seus pro-dutos à venda no mercado europeu sob precárias con-

da Cidade de Goiás (GO)

Envolvimento. Essa é pa-lavra que descreve a relação do diretor brasileiro Ângelo Lima com a Associação das Vítimas do Césio 137. Em seu curta-metragem, O Pe-sadelo é Azul, ele apresenta o drama vivenciado em Goi-ânia (GO) a partir do aciden-te com o Césio 137 – um dos maiores acidentes radioati-vos do mundo. O documen-tário de 30 minutos volta à capital goiana 20 anos após

Prêmio Especial do JúriVeludo Vermelho – Diretor: Klaus Reisinger (França)

Melhor Obra – Troféu Cora Coralina Jaglavak, o Príncipe dos Insetos – Diretor: Jerôme Raynaud (França)

Melhor Longa-metragem – Troféu Carmo BernardesDelta, o Jogo Sujo do Petróleo – Diretor: Yorgos Avgeropoulos (Grécia)

Sumidouro – Diretor: Cris Azzi (Brasil-MG)

Melhor Média-metragem – Troféu Jesco Puttkamer Batida na Floresta – Diretor: Adrian Cowell (Reino Unido/Brasil)

Melhor Curta-metragem – Troféu Acary PassosZona de Diluição Inicial – Diretor: Antoine Boutet (França)

Melhor Série Ambiental de TV – Troféu Bernardo Élis Lições Tardias para Avisos Antecipados – Diretor: Jakob Gottschau (Dinamarca)

Melhor Produção Goiana – Troféu José Petrillo Subpapéis – Diretor: Luiz Eduardo Jorge (Brasil-GO)

Melhor Produção Goiana – Troféu João BênnioBenzeduras – Diretor: Adriana Rodrigues (Brasil-GO)

Troféu Júri Popular Luiz Gonzaga SoaresLições Tardias para Avisos Antecipados – Diretor: Jakob Gottschau (Dinamarca)

Troféu Imprensa Batida na Floresta – Diretor: Adrian Cowell (Reino Unido/Brasil)

João Batista de Andrade – cineasta/presidente do júri (Brasil)

André Trigueiro – jornalista (Brasil)

Vladmir Carvalho – cineasta e jornalista (Brasil)

Daniele Gaglianone – cineasta (Itália)

Evaldo Mocarzel – jornalista e cineasta (Brasil/Portugal)

Laerte Guimarães – professor da UFG e pesquisador (Brasil)

Philipe Dubois – professor da Universidade Paris III Sorbonne (França)

FILMES Em sua 10ª edição, o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental mostra as possibilidades de denúncia e intervenção da produção audiovisual

as conseqüências é algo que pode ser encontrado em ou-tras partes do mundo, não é especí co da China. Assim, é fácil haver conexão com ou-tras partes do mundo, como o Brasil”.

E assim é. Vide o ganhador de melhor lme do festival, a produção do diretor mineiro Cris Azzi, Sumidouro. O tra-balho, cujo nome signi ca lo-cal que some e onde a água es-coa, surgiu a partir do contato com o projeto de livro Paisa-gem Submersa, dos fotógra-fos João Castilho, Pedro Da-vid e Pedro Mota.

Na urgência de registrar aquilo que em breve desapa-receria, o lme de Azzi intri-ga por tratar as circunstâncias de uma migração forçada, em seus mais variados matizes. Menos arquitetural do que a estética do lme de Boutet, Sumidouro intensi ca a geo-gra a humana por se valer de uma narrativa entrecortada por depoimentos e imagens do dia-a-dia dos moradores das pequenas comunidades de Peixe Cru e Porto dos Coris – atingidas pela construção da barragem da Usina Hidrelétri-ca de Irapé, no Vale do Jequi-tinhonha, Minas Gerais.

Trabalho escravo na telaA denúncia de trabalho es-

cravo também esteve presen-te na seleção da mostra com o média metragem A Lenda da Terra Dourada, do diretor suíço Stéphane Brasey. Aliás, segundo lme de Brasey no

dições trabalhistas e danos ambientais substanciais em países como a Índia.

“Basicamente, o lme mostra os bastidores da glo-balização. O que acontece quando consumidores ri-cos adquirem as mercado-rias produzidas pelas pesso-as pobres de outra parte do mundo”, analisa Morten.

Para a produção do docu-mentário, a equipe de Hei-nemann registrou o traba-lho dos operários de fábri-cas terceirizadas na Índia, os quais, sem qualquer pro-teção, manipulam tanques químicos. A prática cotidia-na dessa situação acarre-ta numa baixíssima expec-tativa de vida sob péssimas condições de saúde.

Após a investigação na Ín-dia, Heinemann se deslocou

do CerradoImagens para além

Brasil; o primeiro foi A Ter-ra Prometida (2000), sobre a ocupação de terras no interior de São Paulo.

Gravado em 2006 e estreado na Suíça em março de 2007, A Lenda da Terra Dourada é um documentário já conhe-cido no circuito europeu. No Brasil, o lme foi exibido pela primeira vez durante o Fica.

Para o diretor, embora seja de extrema importância exi-bir o lme no país, por con-ta da reação do público, o te-ma é mundial. “Infelizmente a situação degradante de condi-ções de trabalho não é exclu-sividade do Brasil, aliás, acon-tece até na Suíça. Enquanto houver impunidade, haverá a perpetuação dessa situação. É preciso acabar com a impuni-dade”, alerta.

Para a realização do lme, Brasey entrevistou campo-neses que seguiram para a Amazônia paraense em bus-ca de trabalho e foram obri-gados a trabalhar sob a batu-ta do endividamento nas la-vouras de grandes proprietá-rios de terra. Um dos proce-dimentos do documentário foi o de acompanhar uma ins-peção de técnicos do Ministé-rio do Trabalho a uma fazen-da da qual decidem remover os trabalhadores.

O lme ainda mostra o pro-fundo envolvimento do pa-dre e advogado francês Henri Burin des Roziers, que há 30 anos mora no Brasil e se dedi-ca à Pastoral da Terra e à Teo-logia da Libertação.

Premiação do 10° FICA

Documentário de intervençãoQuando o cinema atua sobre a realidade

até uma dessas companhias européias e apresentou as imagens dos trabalhadores aos responsáveis pela tercei-rização dos produtos. Tudo lmado. A intervenção nas empresas fazia parte do ro-teiro do lme.

Assim, mais do que se ater apenas ao distancia-mento de denúncia na tela, o lme interveio na situação a qual denunciava. A reper-cussão do lme foi tamanha no ambiente corporativo que, segundo Morten, “po-de-se dizer que o mundo dos negócios na Dinamar-ca de hoje está dividido en-tre antes e depois do lme. Dentro das companhias, já se falam em algum tipo de ética, responsabilidade so-cial e scalização dos forne-cedores”. (RT)

Júri Ofi cial o incidente.A narrativa reconstrói fa-

tos com os materiais vincu-lados à época e se abre aos depoimentos das vítimas, relembra o sofrimento dos envolvidos, revela suas his-tórias e denuncia o descaso a que ainda estão relegados.

Para o diretor, é necessário recuperar a dignidade das ví-timas, dar um alento maior. “O preconceito para essas pessoas trabalhar é violento. Há um estigma. É o pesadelo. Assim, esse é um lme mui-to mais político do que cine-

ma. É um lme que vai virar um livro, é a continuidade de uma história. Há toda uma luta, uma briga. É muito fácil você expor as pessoas no ci-nema. O meu trabalho é mui-to mais de envolvimento”, re-vela o cineasta.

Ganhador de quatro prê-mios, incluindo o de melhor lme na VI Mostra ABD Ci-ne Goiás – importante mos-tra paralela dentro do Fica –,o curta-metragem O Pesa-delo é Azul foi um grandedestaque da produção goia-na deste ano. (RT)

Quebra do distanciamento

O Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental é uma realização do Go-verno do Estado de Goiás, por meio da Agência Goiana de Cultura Pedro Ludovi-

Fica em circulação co Teixeira (AGEPEL). Há uma política de incentivo para divulgação dos lmes ven-cedores destinada a exibições em circui-tos promovidos por entidades em outras localidades. Maiores informações podem ser encontradas nos sites www. ca.art.br e www.agepel.go.gov.br.

Cena de Sumidouro, de Cris Azzi

A Lenda da Terra Dourada, de Stéphane Brasey

Uma Barganha Assassina, de Tom Heinemann

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