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1 FETUS – CENTRO DE ESTUDOS PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA FETAL VIVIANE COSTANZA CISARI CARDIOPATIAS CONGÊNITAS ANOMALIAS DO RITMO CARDÍACO: BRADIARRITMIAS SÃO PAULO 2011

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FETUS – CENTRO DE ESTUDOS

PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA FETAL

VIVIANE COSTANZA CIS ARI

CARDIOPATIAS CONGÊNITAS

ANOMALIAS DO RITMO CARDÍACO: BRADIARRITMIAS

SÃO PAULO

2011

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FETUS – CENTRO DE ESTUDOS

PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA FETAL

VIVIANE COSTANZA CIS ARI

CARDIOPATIAS CONGÊNITAS

ANOMALIAS DO RITMO CARDÍACO: BRADIARRITMIAS

Monografia apresentada ao curso de

pós-graduação em Medicina Fetal do

Centro de Estudos Fetus, como parte

dos requisitos necessários à obtenção

do título de pós-graduado lato sensu

em Medicina Fetal.

SÃO PAULO

2011

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VIVIANE COSTANZA CIS ARI

CARDIOPATIAS CONGÊNITAS

ANOMALIAS DO RITMO CARDÍACO: BRADIARRITMIAS

Monografia apresentada ao curso de

pós-graduação em Medicina Fetal do

Centro de Estudos Fetus, como parte

dos requisitos necessários à obtenção

do título de pós-graduado lato sensu

em Medicina Fetal.

Aprovada em 19 de fevereiro de 2011.

BANCA EXAMINADORA

Dr. Sang Choon Cha

1º Examinador

Dra. Melissa Mitsuê Braz Imoto

2º Examinador

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Dedico este trabalho aos meus pais, pessoas

maravilhosas, que sempre incentivaram a minha carreira,

especialmente à minha mãe uma companheira constante,

amiga, que sempre se dedicou a minha família não permitindo

que eu desistisse da profissão após o nascimento dos meus

filhos.

Ao meu irmão Tito, que mesmo distante, continua

sendo meu melhor amigo e um exemplo a ser seguido.

À minha cunhada Annelise, uma grande profissional,

que me ajudou muito na elaboração deste trabalho.

Ao meu marido e aos meus filhos Bruno, Luca e Luigi,

razão da minha vida, por acreditarem em mim e por se

sacrificarem pela minha constante ausência.

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AGRADECIMENTOS ESPECIAIS

Agradeço a Deus por toda a força, coragem, tirocínio e inteligência que me achou justo conceder.

Ao Dr. Eduardo Isfer, pela sua didática, competência e ao mesmo tempo, simplicidade e franqueza quanto aos erros cabíveis a todos nós e pelos momentos de descontração que sempre conseguiu nos proporcionar.

À Tábita, uma funcionária muito dedicada ao curso e sempre pronta a ajudar a todos, com muito boa vontade e educação.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO..................................................................................................9

2. DEFINIÇÃO.....................................................................................................10

3. MÉTODOS DE DIAGNOSTICO......................................................................12

3.1 ELETROCARDIOGRAFIA....................................................................12

3.2 ECOCARDIOGRAFIA..........................................................................12

3.3 MAGNETOCARDIOGRAFIA................................................................13

3.4 DOPPLER TECIDUAL ......................................................................14

4. CAUSAS DE BRADIARRITMIA......................................................................15

4.1 BRADICARDIA SINUSAL ...................................................................15

4.2 BIGEMINISMO ATRIAL COM BLOQUEIO..........................................17

4.3 BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR.....................................................18

4.3.1 BAV 1º GRAU............................................................................18

4.3.2 BAV 2º GRAU............................................................................18

4.3.3 BAV 3º GRAU............................................................................20

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................28

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................29

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AV Atrioventricular

BAV Bloqueio atrioventricular

BAVT Bloqueio atrioventricular total

BPM Batimento por minuto

ECG Eletrocardiograma

FCF Frequência cardíaca fetal

LEN Lupus eritematoso neonatal

MP Marcapasso

MCG Magnetocardiografia

SA Sinoatrial

VCS Veia cava superior

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - Representação ilustrativa do sistema de condução cardíaco...............11

Figura 2 - Magnetocardiografia: Registro de síndrome do QT longo.....................13

Figura 3 - Doppler tecidual : Batimento atrial prematuro com bloqueio...................14

Figura 4 - Ecocardiografia modo-M: Bradicardia sinusal sustentada......................15

Figura 5 - Ecocardiografia modo-M: Bigeminismo atrial com bloqueio...................17

Figura 6 - Ecocardiografia fetal: Feto com BAV 2:1, na Síndrome do QT longo.....19

Figura 7 - Ecocardiografia fetal modo-M: Feto com BAVT......................................20

Tabela I - Tabela representando os achados ecográficos nas principais

bradiarritmias fetais ...............................................................................26

Fluxograma I - Diagnóstico e tratamento das bradiarritmias fetais............................27

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1. INTRODUÇÃO:

As arritmias cardíacas fetais ocorrem em 1 a 3 % das gestações, sendo na

grande maioria das vezes do tipo benigna, de evolução satisfatória.

As arritmias malignas ocorrem em apenas 10 % dos casos, podendo evoluir

com hidropsia fetal, condição de altíssima mortalidade, necessitando intervenção

terapêutica urgente. (Strausburger, 2000)

A propedêutica cardiovascular fetal inicia-se com o exame obstétrico de

rotina avaliando o ritmo cardíaco por meio do sonar e quando se detecta uma

arritmia é necessário complementar com a ecocardiografia para afastar a presença

de um defeito estrutural cardíaco. (Machado, 1988)

Para o estudo do ritmo cardíaco, inicialmente tentou-se utilizar o

eletrocardiograma fetal (Schenker, 1979), mas este se mostrou tecnicamente

limitado e falho, devido à interferência dos batimentos maternos. A partir de então, a

ultrassonografia assumiu um papel importante, com a introdução do ecocardiograma

modo-M e Doppler.

Embora tecnicamente seja possível a realização da ecocardiografia pré-natal

a partir da 14ª semana, recomenda-se a realização da ecocardiografia a partir da 20ª

semana de gestação até o termo. (Lopes, 1990)

As melhores imagens são obtidas entre 25 e 35 semanas. No período mais

próximo ao final da gravidez, a diminuição da movimentação fetal e da quantidade

do líquido amniótico prejudica a qualidade da imagem bidimensional. (Zielinsky,

1996)

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O ritmo cardíaco e a sequência atrioventricular são analisados a partir do

modo-M, do Doppler e do mapeamento de fluxo a cores.

No modo-M é possível avaliar a mobilidade das paredes atriais e

ventriculares, determinando a frequência de cada uma, auxiliando na determinação

do tipo da arritmia. (Kleinman, 1999; McCurdy, 1995)

2. DEFINIÇÃO:

Bradiarritmia fetal é definida como a irregularidade do ritmo cardíaco fetal

com frequência cardíaca sustentada inferior a 110 batimentos por minuto, por pelo

menos 10 minutos do exame ecocardiográfico. (__ACOG, 2009)

A bradicardia fetal transitória é comum no exame de ultrassonografia

obstétrica, estando associada à vagotonia fetal devido à compressão do abdome

materno pelo transdutor ultrassonográfico, resolvendo após a descompressão do

mesmo. A compressão do cordão umbilical na presença de circular de cordão

também pode ser a causa de bradicardia fetal transitória. (Allan, 1983; Snider, 1997)

A contração rítmica do coração fetal começa 21 a 22 dias após a concepção

e está presente antes do sistema de condução ser estabelecida. (Ho, 1990)

A função cardíaca inicia-se por volta da 5ª semana de gestação e a

frequência cardíaca fetal (FCF) torna-se regular no início do seu desenvolvimento.

(Wisser, 1994)

Na 10ª semana já está formado o nó sinusal e o nó atrioventricular (AV),

este ainda separado do feixe de His e a união de ambos é feita posteriormente.

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O sistema de condução do coração fetal está funcionalmente maduro ao

redor da 16ªsemana. (James, 1970)

O sistema de condução é composto pelos seguintes elementos: nó sinusal,

nó atrioventricular, feixe de His e fibras de Purkinje.

O sinal elétrico percorre o tecido de condução especializado através dos

átrios para o nó atrioventricular, onde a condução do sinal é mais lento. O sinal é

então enviado através do feixe de His para as fibras de Purkinje, que iniciam a

contração ventricular. ( Lopes, 1997)

Por meio de estudos, observou-se que a frequência cardíaca fetal (FCF)

varia conforme a idade gestacional, devido ao desenvolvimento dos sistemas de

controle nervosos dos feixes cardíacos.

Fig.1- Sistema de condução do impulso elétrico cardíaco. (Isfer, 2010 - Pós Graduação em medicina fetal)

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3. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO

3.1 ELETROCARDIOGRAFIA

A importância do ECG como método diagnóstico pré-natal das arritmias

fetais não é mesma do período pós-natal devido à dificuldade em se distinguir os

sinais eletrocardiográficos da mãe e do feto, pela baixa voltagem das ondas P fetais.

(Fouron, 2004)

3.2 ECOCARDIOGRAFIA

Avalia o efeito mecânico de um estímulo elétrico ao invés dos impulsos

elétricos cardíacos diretamente.

Através do modo-M pode ser avaliada a frequência e o ritmo cardíaco.

Utiliza-se o corte quatro câmaras para obter análise simultânea das

contrações atriais e ventriculares e a relação AV, determinando as possíveis causas

da arritmia. (Simpson, 2000)

Recentemente, tem sido utilizado o registro simultâneo das ondas de

Doppler na veia cava superior ( VCS) e aorta ascendente, com o objetivo de avaliar

as arritmias. (Fouron, 2004)

O incio do fluxo reverso na VCS criado pela contração atrial e o inicio do

fluxo anterógrado na aorta ascendente, criado pela contração ventricular, são

interpretados como o inicio da onda P e do complexo QRS no ECG,

respectivamente. (Carvalho, 2006)

Usando a análise do Doppler, a relação dos intervalos das contrações atriais

e ventriculares podem ser medidas.

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3.3 MAGNETOCARDIOGRAFIA

A magnetocardiografia (MCG) é um método seguro e não-invasivo e serve

para registrar o campo magnético ao redor das correntes elétricas geradas pelo

coração e pelo sistema nervoso do feto.

Além de medir a taxa de batimentos cardíacos e sua variabilidade,

a magnetocardiografia permite o estudo das formas de onda cardíacas para medir

os intervalos de tempo entre os batimentos, as ondas P, intervalos PR, QT e

duração do QRS. (Wakai, 2003)

A desvantagem dessa técnica é ainda o custo, já que ela requer

equipamentos apropriados: uma sala magneticamente blindada, sistema de

recuperação e armazenamento de hélio e os SQUIDs (dispositivo supercondutor de

interferência quântica) (Starsburger, 2010). Por esses fatores é que o Brasil não

oferece esse tipo de diagnóstico em hospitais e maternidades.

Por enquanto, até mesmo as pesquisas são realizadas em parceria com os

países mais avançados na área, como os EUA e a Itália neste caso.

Fig.2 - Magnetocardiografia: Registro de um feto com 30 semanas com Síndrome do QT Longo. (Strasburger, 2009)

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3.4 DOPPLER TECIDUAL

Esse método consegue definir a relação mecânica de movimento da parede

atrial e ventricular, permitindo assim a avaliação da variabilidade batimento a

batimento, como no caso de extrassístoles. (Rein, 2002)

O Doppler tecidual também serve como um método de investigação dos

efeitos dos agentes antiarritmicos, na condução eletrofisiológica do coração fetal.

Fig.3 – Doppler Tecidual de um feto com batimento atrial prematuro bloqueado. O

volume de amostra é colocado na parede atrial (linha verde) e na parede ventricular

(linha amarela). A seta indica o batimento prematuro bloqueado, não determinando

contração ventricular.

(a) Contração atrial

(v) Ejeção da aorta. (Rose, 2010).

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4. CAUSAS DE BRADIARRITMIA

As principais causas de bradiarritmias são: bradicardia sinusal,

bigeminismo atrial com bloqueio e bloqueios átrio-ventriculares. (Carvalho, 2006)

4.1 BRADICARDIA SINUSAL

Caracteriza-se por um ritmo lento, regular, onde o átrio e o ventrículo

possuem a mesma frequência (relação AV de 1:1). (Maeno, 2003)

Geralmente a frequência cardíaca mantém-se entre 80-110 bpm.

O impulso elétrico originado do nó sinoatrial é normalmente conduzido.

ETIOPATOGENIA

A Bradicardia sinusal pode ser um achado isolado, geralmente tendo a

hipóxia como a principal causa do seu aparecimento ou ocorrer devido a um defeito

estrutural cardíaco (como no isomerismo atrial esquerdo) ou na síndrome do QT

longo. (Drose, 2010)

Fig.4 Ecocardiograma fetal, modo-M - Bradicardia sinusal sustentada. (Maeno, 2003)

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Situações que desencadeiam sofrimento fetal, levando a hipóxia e acidemia

são as principais causas de bradicardia sinusal sustentada. (Rein, 1985)

A hipotensão materna, o stress materno ou bloqueio anestésico paracervical

podem estar relacionados. (Levine, 2010)

PROGNÓSTICO

Geralmente o prognóstico é bom, com evolução satisfatória e condução

atrioventricular normal no pós-parto.

O prognóstico fetal pode ser ruim, caso não seja corrigida a causa da hipóxia

fetal.

MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS

As bradicardias sinusais podem estar associadas com anomalia estrutural

cardíaca (isomerismo atrial esquerdo) ou à síndrome do QT longo. (Boldt, 2003)

CONDUTA PRÉ-NATAL

Os fetos toleram a freqüência cardíaca na faixa de 70 a 90 bpm durante um

bom tempo, mesmo os fetos com cardiopatia estrutural . ( Fouron, 2004)

Assim como no BAVT, avaliações frequentes da função ventricular, incluindo

uma avaliação de regurgitação valvar atrioventricular e do fluxo sanguíneo do cordão

umbilical, são recomendados.

Os métodos alternativos de avaliação do bem-estar fetal, tais como a

variabilidade da frequência cardíaca, artéria umbilical com Doppler colorido, ou

avaliações de perfil biofísico fetal, podem ser úteis nestes casos.

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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

Tem como principal diagnóstico diferencial o bloqueio atrioventricular.

4.2. BIGEMINISMO ATRIAL COM BLOQUEIO

Ocorre na presença de batimentos atriais prematuros com bloqueio, onde

um batimento prematuro é bloqueado pelo nó AV e outro conduz, levando a uma

frequência ventricular baixa. Geralmente é de caráter benigno e autolimitado, com

um bom prognóstico. (Lin MT, 2004)

Fig. 5 Ecocardiografia modo-M: Bigeminismo atrial com bloqueio Setas finas indicam a contração da parede atrial Setas grossas indicam a parede ventricular com frequência baixa, de 80 bpm. (Lopes & Zugaib 2010)

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4.3 BLOQUEIO ATRIOVENTRICULAR

Convencionalmente, os BAV são divididos em 1º, 2º e 3º grau.

4.3.1 BAV DE 1º GRAU

Neste tipo de bloqueio, todos os impulsos são conduzidos do átrio ao

ventrículo, mas o tempo da condução AV é prolongado além do limite da

normalidade.

É raro e de difícil diagnóstico intra-útero, pela impossibilidade técnica de se

medir o intervalo P-R ao ecocardiograma, o qual estaria aumentado. (Lopes, 1994)

Novos estudos com um maior número de casos são necessários para

identificar os fatores de risco para predizer o resultado desta forma de bradicardia

fetal.

4.3.2. BAV DE 2º GRAU

Ocorre pelo bloqueio de alguns impulsos atriais, mas não todos, ao

ventrículo. O ritmo cardíaco é irregular, porém com ritmo atrial normal.

ETIOPATOGENIA

Associa-se muito com altos índices de anticorpos maternos anti-Ro e anti-La

e por isso, geralmente representa um estágio evolutivo de uma colagenose materna,

terminando por provocar um BAVT. (Lopes, 1994)

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DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

O diagnóstico pode ser feito pela ecocardiografia fetal (modo-M e Doppler).

Apesar de ser possível a detecção do bloqueio de 2° grau, geralmente o

diagnóstico é feito no seu estágio de evolução final, que é o BAVT.

CONDUTA PRÉ-NATAL

A terapia com corticoesteróide pode ser empregada após a constatação de

anticorpos maternos, pela imunofluorescência.

A Dexametasona é uma boa opção, uma vez que atravessa a barreira

placentária, reduz o processo inflamatório e acelera a maturidade pulmonar fetal,

nos casos onde há risco de parto prematuro.

Fig.6 Caso de BAV 2º grau 2:1, na síndrome do QT longo (A-D). A cronologia absolutamente regular dos impulsos conduzidos (a) e bloqueados (a*) ao nível do tronco da pulmonar (C) . (Sonesson, 2010)

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4.3.3. BAV DE 3º GRAU (BAVT)

É um dos distúrbios mais graves do ritmo cardíaco fetal, caracterizado pela

completa dissociação átrio-ventricular devido a não condução pelo nó AV.

A frequência atrial pode ser normal ou alta e a frequência ventricular

habitualmente se mantém na faixa entre 40-80 bpm, independentes entre si

(Tabela1).

Associadas à bradicardia fetal, o obstetra pode também encontrar alterações

sugestivas de insuficiência cardíaca, como a presença de ascite, derrame

pericárdico e hidropsia fetal, indicando sofrimento intra-uterino crônico.

A hidropsia é mais comum em fetos com lesão estrutural associada e indica

um pior prognóstico para o feto. (Schimidt, 1991)

As lesões mais comumente relatadas são as síndromes de inversão

ventricular e as lesões de septo atrioventricular. (Gillete, 1990)

Fig.7 Ecocardiografia modo-M:

Feto com BAVT, mostrando dissociação A-V completa, com frequência ventricular baixa e frequência atrial alta, independentes entre si. (Sonesson, 2010)

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INCIDÊNCIA

A incidência estimada de BAVT é de aproximadamente 1:20.000

nascimentos vivos. (Friedman, 1993)

Levando-se em consideração a mortalidade intra-uterina, é provável que a

incidência prénatal de BAVT seja pelo menos o dobro, ou seja, na ordem de um para

cada 10.000 fetos. (Assad, 2006)

ETIOPATOGENIA

As duas etiologias básicas, de mesma prevalência, são anomalias

estruturais complexas fetais (como a transposição dos grandes vasos, defeito do

septo AV e isomerismo atrial esquerdo) e doença autossômica materna (com

anticorpos lesando o tecido de condução fetal). (Machado, 1988)

O isomerismo atrial esquerdo é a má formação congênita mais comumente

associada ao BAVT, correspondendo a 86 % a 91% dos casos. (Lopes, 1992)

A etiologia e mecanismo da lesão do sistema de condução relacionado ao

sistema autoimune no BAVT congênito, associam-se mais frequentemente a

doenças do sistema conjuntivo, especialmente ao lúpus eritematoso sistêmico,

embora a síndrome de Sjögren, a dermatomiosite e a artrite reumatóide também

podem ser observadas. (Derksen, 1992)

Muitas mães são assintomáticas, sendo realizada a avaliação sorológica e

identificada a presença de doença do sistema conjuntivo somente após o

diagnóstico fetal. (Zielinsky, 1992).

Nos casos de etiologia imunológica, ocorre formação de complexos imune

ligados ao tecido de His-Purkinje e miocárdio fetal. Esses anticorpos são

principalmente anti-SSA/RO e anti-SSB/La, capazes de atravessar a placenta e

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causar lesão no sistema de condução fetal. Esses auto-anticorpos anti-RO (SSA) e

anti-La (SSB) ligam-se ao tecido cardíaco, reduzem o platô do potencial de ação da

célula cardíaca, inibem a ativação dos canais de cálcio e acabam tornando a

condução pelo nó AV lenta. (Buyon,1994; Brucato,1997)

No coração fetal, estes mesmos anticorpos causam uma reação inflamatória,

levando à interrupção de sua maturação e em decorrência disso, causam fibrose,

calcificação e destruição total dos nós SA, AV e do sistema de condução His-

Purkinje.

MALFORMAÇÕES ASSOCIADAS

O BAVT pode estar isolado ou associado a outras lesões, como defeitos

septais, persistência do canal arterial, pericardite fibrinosa, miocardite, endocardite

sendo essas duas últimas incomuns. (Kabush, 1994)

Quando essas condições associam-se à falência cardíaca, elas contribuem

para mortalidade, necessitando, portanto, de intervenção imediata.

Podem ocorrer ainda outras arritmias, como o BAV de 1º Grau e o bloqueio

de ramo.

O desenvolvimento de hidropsia fetal pode acontecer, se a frequência

cardíaca for muito baixa. (Buyon, 1997)

DIAGNÓSTICO PRÉ-NATAL

Sua detecção geralmente ocorre em gestações entre 18 e 28 semanas, pela

ecocardiografia, que pode estimar o intervalo PR. (Glickstein, 2000)

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DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL

É importante distinguir o BAVT de um ritmo bradicárdico ocasionado por

batimentos atriais prematuros com bloqueio, no bigeminismo ou no trigeminismo, os

quais se caracterizam por serem arritmias benignas e transitórias.

Essa diferenciação é feita pela análise do ritmo atrial: no BAVT o ritmo atrial

é regular, enquanto que nos batimentos atriais prematuros com bloqueio o ritmo

atrial é irregular. (Levine, 2010)

CONDUTA PRÉ-NATAL:

O tratamento do feto com BAVT é inicialmente expectante, uma vez que os

fetos toleram bem a arritmia, desde que a frequência ventricular mantenha-se acima

de 55 bpm e não apresente anomalia estrutural cardíaca. (Lopes, 2008)

Deve-se pesquisar anticorpos anti-Ro/SSA e anti-La/SSB no sangue

materno e caso seja detectado, na presença de FCF superior a 55 bpm, está

indicado o uso de corticoesteróides, em especial a dexametasona, que cruza a

barreira placentária (Mevorach, 2009). Essa medida tem como objetivo diminuir o

processo inflamatório, eliminar os auto-anticorpos maternos, além de preparar o

pulmão fetal para um possível nascimento prematuro. (Zimmer, 1996)

Caso a FCF encontre-se abaixo de 55 bpm, com evidência de bloqueio

cardíaco progressivo, utilizam-se drogas beta-adrenérgicas (Terbutalina/

Salbutamol), associadas ao corticóide. (Cuneo, 2007)

O mais forte preditor da necessidade de estimulação é a presença de uma

frequência cardíaca fetal não-reativa (quase sempre vista quando a FCF < 55 bpm).

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Quando as terapias intra-uterinas são incapazes de deter a progressão de

hidropsia fetal, pode ser indicada a interrupção da gestação para a realização de

tratamento neonatal.

Em fetos muito prematuros, com bradicardia severa (FCF< 45 bpm ou 55

bpm) e sinais de descompensação cardíaca, a terapêutica ideal seria a implantação

de marcapasso intra-uterino. (Assad, 1994)

Algumas experiências foram feitas em fetos humanos, com a colocação de

marcapasso extracardíaco aplicado à parede abdominal materna e de implante

direto no coração fetal, mas não foram bem sucedidas, no sentido de manter a

gestação ao termo. (Zimmer, 1996)

PROGNÓSTICO

O BAVT é bem tolerado, na ausência de anomalias sistêmicas, cardíacas ou

de insuficiência placentária. Entretanto, o prognóstico é muito ruim quando o BAVT

se associa à hidropisia fetal, evidenciada pelo acúmulo de líquidos em mais de uma

cavidade corporal do feto, como conseqüência de insuficiência cardíaca frequência-

dependente. (Eronen, 2001).

Quando associado a um defeito estrutural cardíaco, é desfavorável, com

mortalidade fetal e neonatal acima de 80%. (Glatz, 2008)

O derrame pericárdio relacionado ao processo inflamatório, no início da

manifestação do bloqueio cardíaco, pode simular uma hidropsia, porém ascite e

derrame pleural estão ausentes.

Fetos com derrame pleural e não-reativos, com FCF< 55 bpm apresentam

maior risco de hidropsia ou insuficiência cardíaca neonatal. (Schmidt, 1991)

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ASSISTÊNCIA NEONATAL:

Deve ser feito o acompanhamento clínico dos neonatos com BAVT de origem

autoimune, uma vez que a mortalidade nesse grupo (incluindo natimortos) é de 15%

a 31% até o terceiro mês de vida. Esse alto índice de mortalidade parece resultar da

insuficiência cardíaca congestiva e miocardite nessas crianças (Buyon 1993). Além

disso, cerca de um terço delas necessita de implante de marcapasso definitivo até o

terceiro mês de vida (Silverman, 1993).

Por outro lado, um trabalho recente analisando pacientes com marcapasso revelou

que aqueles com BAVT associado à LEN têm um pior prognóstico cardíaco,

apresentando um quadro de insuficiência cardíaca mais precoce e mais grave,

necessitando de implante de marcapasso já nos primeiros dois anos de vida quando

comparados aos portadores de BAVT sem LEN. (Cruz, 2004)

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Tabela 1 Achados ecocardiográficos encontrados nas bradiarritmias fetais

Arritmia Freq. Atrial Intervalo A-A Relação A-V Freq. Ventric.

Brad.Sinusal 80-110 bpm Regular 1:1 80-110 bpm

Bigeminismo atrial -- Irregular 2:1 65-100 bpm

BAVT(c/ cardiopatia ) 100-120 bpm Regular Dissociada 40-80 bpm

BAVT(s/ cardiopatia) 125-160 bpm Regular Dissociada 40-80 bpm

(Matta and Cuneo, 2010)

(JAEGGI e col., 2008) – Estudo realizado no Hospital Infantil de Toronto, entre 2000 e 2006. 51 casos de bradicardia fetal sustentada (BAVT - 62% / bigeminismo atrial -18 % / bradicardia sinusal -12% / BAV 2◦ grau - 8%).

BAVT

Bigeminismo atrialcom bloqueioBradicardia sinusal

BAV 2◦ grauBAVT62%

Bigeminismo atrial18%

Bradicardia sinusal 12%

BAV 2◦ grau

8%

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\

Bigeminismo atrial com bloqueio

Controle da FCF

Confirmação

Estrutura cardíaca

Anormal Normal

*Identificar Defeito

*Definir Freq.(Follow-up)

Med. Materno Horm.tireoidiano AC anti Ro/La SSA/SSB

Negativo Positivo

FCF > 55bpm

QT longo (BAV 2º)

FCF < 55bpm

Antiinflamatório

(Dexametasona ou Betametasona)

Beta-adrenérgico (Terbutalina ou Salbutamol )

Beta-adrenérgico

FCF > 55bpm

FCF < 55bpm

Follow -up

Estrutura cardíaca

Anormal Normal

*Identificar Defeito

*Definir Freq. (Follow -up)

* AC anti Ro/La SSA/SSB

Anormal

Normal

Evolução p/ Sind . QT longo

* Fluxograma para diagnóstico e tratamento das bradicardias fetais

(Adaptado de MATTA, 2010)

-Susp.med. materna -Tto materno

Bradiarritmia

Condução 1:1

BAV

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A importância do diagnóstico das bradiarritmias se dá fundamentalmente

pela gravidade que algumas formas podem se apresentar, podendo levar à alteração

hemodinâmica fetal e à insuficiência cardíaca, ocasionando até mesmo o óbito fetal.

Desse modo, diante da suspeita de alteração do ritmo cardíaco, o

diagnóstico deve ser precoce, permitindo que uma terapia adequada seja instituída,

de preferência numa unidade hospitalar de alta complexidade, com a participação de

um especialista em medicina fetal, do obstetra, neonatologista, cardiologista

pediátrico e cirurgião cardiovascular.

O exame de ecocardiografia fetal continua sendo o mais utilizado para o

diagnóstico das arritmias, por ser um método de custo baixo, boa qualidade, capaz

de detectar precocemente patologias cardíacas estruturais e funcionais, alterações

dos fluxos e distúrbios do ritmo cardíaco fetal.

O grande potencial para a investigação no campo da ciência tem atraído

pesquisadores de inúmeras áreas conexas para a busca do avanço do

conhecimento nos seus diversos aspectos. O que se espera, ao final de tudo, nada

mais é do que melhorar a qualidade e a perspectiva de vida dos fetos acometidos de

distúrbios cardiocirculatórios.

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