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Diretoria de Ciências Exatas
Laboratório de Física
Material de apoio 3
Física Geral e Experimental II 2015/01
Análise Gráfica
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FGE - Material de apoio 3 – Análise Gráfica – 2015 1
Análise Gráfica
1. Construção de Gráficos
Nas atividades experimentais objetiva-se muitas vezes estudar a maneira
como uma grandeza física se comporta em relação à outra. Questões como: “de que
modo o comprimento de um pêndulo simples afeta o seu período de oscilação?”
podem ser estudadas e melhor respondidas através de métodos gráficos que podem
revelar a dependência de uma grandeza em relação à outra.
A construção de um gráfico pressupõe uma seqüência de passos. O produto
final do trabalho, o gráfico pretendido, deve estar de acordo com normas
internacionais e qualquer pessoa interessada em extrair informações a partir dele
deve fazê-lo sem dificuldades.
1.1. Tipo de papel e suas dimensões
A escolha do papel pode ser feita imediatamente, quando se tem uma
previsão do comportamento e da dependência entre as grandezas estudadas. Se os
valores e a dependência entre eles são imprevisíveis, utiliza-se em princípio papel
milimetrado, podendo ser mudado posteriormente a esta escolha inicial.
Eleito o tipo de papel, estabelecem-se as dimensões do gráfico, segundo as
necessidades exigidas no relatório ou artigo.
1.2. Escalas
Definidos o tipo de papel e suas dimensões, desenham-se os eixos
cartesianos do gráfico. Cada um dos eixos deve conter o nome ou símbolo da
Grandeza Física representada, a escala de leitura e a unidade correspondente.
Geralmente o eixo das ordenadas estabelece a variável desconhecida, cuja
dependência com a variável das abscissas deseja-se descobrir.
As escalas mais comuns são métricas e associadas aos eixos cartesianos.
Cada escala estabelece uma correspondência biunívoca entre seus valores e os da
grandeza estudada.
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1.3. Módulo de Escala
Pode-se utilizar um fator de conversão, denominado módulo de escala ()
para se estabelecer a correspondência entre os valores das grandezas estudadas e
as medidas em cada um dos eixos:
(1)
(2)
Aconselha-se representar o módulo de escala com apenas um algarismo
significativo, que permita leitura imediata. Estes algarismos são em geral 1, 2 ou 5,
seus múltiplos e submúltiplos. Os algarismos 4 e 8 podem ser utilizados, quando os
valores das grandezas são múltiplos ou submúltiplos de 0,25 e 0,125. Múltiplos e
submúltiplos de 3, 6, 7 e 9 são de difícil leitura e devem ser evitados.
1.4. Equações de Conversão de Escala
As equações de conversão de escala são utilizadas para se obter a medida
(d) correspondente a cada coordenada dos pontos nos eixos:
(3)
(4)
1.5. Passo e Degrau
As grandezas passo e degrau são utilizadas quando se pretende melhorar a
visualização da variação das grandezas físicas estudadas nos eixos coordenados.
Definimos como passo a distância entre dois traços consecutivos de mesma medida
e degrau como a diferença entre os valores das grandezas físicas estudadas
correspondentes aos extremos do passo. Elege-se um passo para cada eixo
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coordenado e, por intermédio das equações de conversão de escala obtém-se o
degrau correspondente para as abscissas e as ordenadas.
1.6. Traçado do Gráfico
Após esta seqüência de trabalho é possível localizar e plotar (localizar num
sistema de referências) cada ponto previamente tabelado, cujas coordenadas foram
obtidas através das equações de conversão de escala. Caso as incertezas das
grandezas estudadas sejam também conhecidas, estas devem ser representadas no
gráfico segundo os mesmos critérios usados para as medidas.
Caso se espere obter uma reta, mas os pontos não estão alinhados, pode-se
traçar uma reta média, a qual deve passar pela maioria dos pontos, ou pode-se
optar pelo método dos mínimos quadrados (regressão linear) para se traçar a
reta.
As projeções ortogonais ao longo dos eixos são desnecessárias.
1.7. Título e legenda do gráfico
Todo gráfico deve ter um título, geralmente colocado na sua parte superior.
Se o gráfico está inserido em um texto, como num relatório, por exemplo, deve ser
acompanhado de uma legenda numerada inserida abaixo dele. Esta legenda deve
explicar de modo sucinto o conteúdo do gráfico. Quando se coloca uma legenda, o
título do gráfico torna-se opcional.
2. Exemplo resolvido:
2.1. Método da Regressão Linear para determinação da dependência
linear de y em função de x, na forma y=ax+b:
Foi estudada a variação da velocidade de uma partícula sobre um colchão de
ar e foram determinados alguns valores em relação ao tempo gasto, cronometrado a
partir de um instante inicial to=0. Os dados foram coletados e estão indicados na
Tabela 1 abaixo. Deseja-se traçar o gráfico da função da velocidade em função do
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tempo desta partícula e determinar a dependência linear entre a velocidade e os
instantes de tempo, por intermédio de regressão linear.
Tabela 1: Variação da velocidade de uma partícula em função do tempo
Medidas 1 2 3 4 5
Velocidade
v
0,62 1,85 2,58 3,81 5,05
v
0,08 0,08 0,09 0,13 0,15
Instantes de tempo
t 4,00 7,10 9,06 11,95 15,12
Tipo de papel e suas dimensões
O papel que está disponível é milimetrado e tem de dimensões 10,5 cm (ordenada) x
12 cm (abscissa).
2.2. Módulos de Escala
2.3. Equações de Conversão de Escala
2.4. Passo e Degrau
Passo no eixo das abscissas: dx = 20 mm Degrau: Dt = 4,00 s
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Passo no eixo das ordenadas: dy = 20 mm Degrau: Dv =
Tabela 2: Medidas do papel milimetrado
t
v
v
20 mm 4,00 12 mm 0,62 2 mm 0,08
36 cm 7,10 37 mm 1,85 2 mm 0,08
45 cm 9,06 52 mm 2,58 2 mm 0,09
60 cm 11,95 76 mm 3,81 3 mm 0,13
76 cm 15,12 101 mm 5,05 3 mm 0,15
Pontos e respectivas barras de erro do gráfico horário da velocidade da partícula.
v (
)
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
0 4,00 8,00 12,00 16,00 20,00 24,00 t ( )
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A partir da melhor reta traçada que se aproxima dos pontos experimentais, deve-se
determina os valores dos coeficientes linear e angular da reta.
Assim, se considerarmos uma função de reta do tipo: y=A+Bx, teremos que:
- o coeficiente linear A indica o valor onde a reta corta o eixo vertical, neste caso,
ao observarmos o gráfico, pode-se estimar que o ponto em questão está localizado
entre -19mm e -20mm, então consideraremos que a reta corta o eixo das
velocidades em -19,5mm, então o coeficiente linear será:
0 4,00 8,00 12,00 16,00 20,00 24,00 t ( )
Gráfico horário da velocidade de uma partícula, a partir de dados experimentais
v (
)
5,00
4,00
3,00
2,00
1,00
-1,00
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- o coeficiente angular B representa a tangente do ângulo de inclinação da reta
média traçada. Considerando dois pontos da reta teremos: (20mm, 12mm) e (76mm,
101mm), convertendo para as unidades de tempo e de velocidade vem:
Calculando o coeficiente angular, vem:
Então, a função da reta que melhor representa a distribuição de pontos
experimentais será:
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Como os valores medidos têm, no mínimo, dois algarismos significativos, deve-se
escrever a equação na forma:
Observação: Com um pouco mais de experiência, faz-se o ajuste dos pontos em
um gráfico, definindo passos e degraus de modo a aproveitar o espaço no papel
milimetrado, quando necessário. Há aplicativos que ajustam esses parâmetros
automaticamente, mas é interessante entender como o processo é realizado.
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Apêndice
Funções estatísticas em calculadoras científicas padrão:
1. Cálculo de média e desvio padrão a partir de um conjunto de dados:
1 – Entrar no modo estatístico (SD);
2 – Limpar a memória estatística (SCL);
3 – Efetuar a entrada dos valores na memória (M+);
4 – Acessar as variáveis estatísticas (S-Var);
5 – Localizar a opção para o Desvio Padrão (
6 – Localizar a opção de Valor Médio (
2. Regressão Linear a partir de um conjunto de pares ordenados (x,y) de dados.
Em geral, a calculadora utiliza uma equação de reta na forma y=A+Bx. Deve-
se atentar ao fato de que o coeficiente linear é representado por A e que o
coeficiente angular é representado por B.
1. Entrar no modo estatístico de regressão linear (REG) e (LIN);
2. Limpar a memória estatística (SCL);
3. Efetuar a entrada dos valores na memória (dado x , dado y) (M+);
Obs. Em geral há uma tecla de vírgula para dividir o par ordenado.
4. Acessar as variáveis estatísticas (S-Var);
5. Localizar a opção para o coeficiente linear (A);
6. Localizar a opção para o coeficiente angular (B).
Obs.: Esses comandos podem variar de acordo com o modelo da calculadora
utilizada, portanto, é sempre útil recorrer ao manual de seu equipamento.