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TÓPICOS ESPECIAIS DE TEOLOGIA E HISTÓRIA DA IGREJA I TEO - 2277 FICHAMENTO 05 SAND, Shlomo. A invenção da terra de Isarel. São Paulo: Benvirá, 2014, pp. 219- 311 Gladson Pereira da Cunha * A proposta do quarto capítulo de Sand, é demonstrar a diferença da percepção entre o judaísmo rabínico e o sionismo em relação a “terra de Israel”. Embora tenha surgido na Europa, movimento messiânicos judaicos, como o caso de Sabbatai Zevi, em 1648, que primava pelo apressamento da “redenção coletiva de vivos e mortos”, tal iniciativa estava expressamente proibida no Talmud e gerou por sua vez uma enorme oposição por parte de importante rabinos daquele tempo. A ideia comum entre esses rabinos era que viver em Canaã significaria ser estrangeiro numa terra que não era a dos filhos de Israel. Aliás, o sentido bem comum para os judeus, no início dos movimentos protonacionalistas, era que eles pertenciam a pátria-nação em que nasceram e não a uma longínqua terra oriental. Entretanto, como Sand bem esclarece, o sionismo soube aproveitar do movimento nacionalista europeu aliado ao antissemitismo reinante, caracterizado pelos guetos e pelos * Aluno do Programa de Doutorado em Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Turma 2015/2.

Fichamento 05

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Fichamento A invenção da Terra de Israel

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Page 1: Fichamento 05

TÓPICOS ESPECIAIS DE TEOLOGIA E HISTÓRIA DA IGREJA I TEO - 2277

FICHAMENTO 05

SAND, Shlomo. A invenção da terra de Isarel. São Paulo: Benvirá, 2014, pp. 219- 311

Gladson Pereira da Cunha*

A proposta do quarto capítulo de Sand, é demonstrar a diferença da percepção

entre o judaísmo rabínico e o sionismo em relação a “terra de Israel”. Embora tenha

surgido na Europa, movimento messiânicos judaicos, como o caso de Sabbatai Zevi, em

1648, que primava pelo apressamento da “redenção coletiva de vivos e mortos”, tal

iniciativa estava expressamente proibida no Talmud e gerou por sua vez uma enorme

oposição por parte de importante rabinos daquele tempo. A ideia comum entre esses

rabinos era que viver em Canaã significaria ser estrangeiro numa terra que não era a dos

filhos de Israel. Aliás, o sentido bem comum para os judeus, no início dos movimentos

protonacionalistas, era que eles pertenciam a pátria-nação em que nasceram e não a uma

longínqua terra oriental. Entretanto, como Sand bem esclarece, o sionismo soube

aproveitar do movimento nacionalista europeu aliado ao antissemitismo reinante,

caracterizado pelos guetos e pelos pogrons russos, para reverter essa percepção e tornar

a terra santa em Terra de Israel.

A grande questão que surge é: o que daria sentido de direito à terra? A partir

disso uma série de problemas surgem como: o que fazer com os árabes que estavam na

Palestina? Entre outras situações, cujas ações tomadas são, no mínimo, imorais. O fato

é que todo o discurso sionista foi racionalizante com o intuito de criar uma imagem e

um ideário legitimador da presença de judeus que “re-conquistariam” o território. O

fato é que nem mesmo o território do mito bíblico foi o padrão para o sionismo, que

envidou esforços, por meio de discursos científicos para a justificação de apropriação de

um território além do previsto, criando com isso um grave problema de ordem

* Aluno do Programa de Doutorado em Teologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Turma 2015/2.

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socioeconômica, ao assentar famílias judias em território não judeus, deixando um

grupo árabe-palestino destituído da sua própria terra.