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FICHAMENTO 2 Leonardo Nóbrega da Silva PPGSA / UFRJ Teoria 1 – Teoria Sociológica Clássica Profª: Maria Lígia Durkheim, Emile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2001. Capítulo 1 – Que é fato social? Funções que se exercem de forma regular na sociedade não necessariamente são de interesse sociológico. Os fatos sociais, que são de interesse da sociologia, têm a caraterística marcante de estarem fora das consciências individuais . São também imperativos e coercitivos . “Estamos, pois, diante de uma ordem de fatos que apresenta caracteres muito especiais: consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõe. Por conseguinte, não poderiam se confundir com os fenômenos orgânicos (no sentido biológico), pois consistem em representações e em ações; nem com os fenômenos psíquicos, que não existem senão na consciência individual e por meio dela. Constituem, pois, uma espécie nova e é a elas que deve ser dada e reservada a qualificação de sociais” p. 3. Aqui ele dá exemplos de como o fato social se faz sentir num comportamento de massas (reação coletiva em manifestações públicas etc.). O exemplo da educação de crianças é ainda mais forte: nota-se como a elas são impostas certas coisas as quais elas não chegariam espontaneamente. “(...) existem certas correntes de opinião que nos impelem com intensidade desigual, segundo as épocas ou então a uma natalidade mais ou menos forte, etc. Tais correntes são evidentemente fatos sociais” p. 6-7. O fato social “está bem longe de existir no todo devido ao fato de existir nas partes, mas a contrário existe nas partes porque existe no

FICHAMENTO 2 - DURKHEIM - As Regras Do Metodo Sociologico

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FICHAMENTO 2Leonardo Nóbrega da SilvaPPGSA / UFRJ

Teoria 1 – Teoria Sociológica ClássicaProfª: Maria Lígia

Durkheim, Emile. As Regras do Método Sociológico. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 2001.

Capítulo 1 – Que é fato social? Funções que se exercem de forma

regular na sociedade não necessariamente são de interesse sociológico. Os fatos sociais, que são de interesse da sociologia, têm a caraterística marcante de estarem fora das consciências individuais. São também imperativos e coercitivos.

“Estamos, pois, diante de uma ordem de fatos que apresenta caracteres muito especiais: consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir exteriores ao indivíduo, dotadas de um poder de coerção em virtude do qual se lhe impõe. Por conseguinte, não poderiam se confundir com os fenômenos orgânicos (no sentido biológico), pois consistem em representações e em ações; nem com os fenômenos psíquicos, que não existem senão na consciência individual e por meio dela. Constituem, pois, uma espécie nova e é a elas que deve ser dada e reservada a qualificação de sociais” p. 3.

Aqui ele dá exemplos de como o fato social se faz sentir num comportamento de massas (reação coletiva em manifestações públicas etc.). O exemplo da educação de crianças é ainda mais forte: nota-se como a elas são impostas certas coisas

as quais elas não chegariam espontaneamente.

“(...) existem certas correntes de opinião que nos impelem com intensidade desigual, segundo as épocas ou então a uma natalidade mais ou menos forte, etc. Tais correntes são evidentemente fatos sociais” p. 6-7.

O fato social “está bem longe de existir no todo devido ao fato de existir nas partes, mas a contrário existe nas partes porque existe no todo” p. 7. “O sentimento coletivo que explode numa reunião, não exprime simplesmente o que há de comum em todos os sentimentos individuais. Constitui algo de muito diferente (...)” p. 8.

Fisiologia X Morfologia: (...) “os fatos que nos forneceram base para ela (definição de fato social) são todos eles modos de agir; são de ordem fisiológica. Ora, existem também maneiras de ser coletivas, isto é, fatos sociais de ordem anatômica ou morfológica” p. 9.

Como exemplo de um fato morfológico: “Se a população se comprime nas cidades em lugar de se dispersar nos campos, é porque existe uma corrente de opinião, uma pressão coletiva que impõe aos indivíduos essa concentração” p. 10.

Fato Social => “É fato social toda maneira de agir fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior; ou então ainda, que é geral na extensão de uma sociedade dada, apresentando uma existência própria, independente das manifestações individuais que possa ter” p. 11.

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Conclusão “Podemos resumir os caracteres deste

método da maneira que segue: em primeiro lugar, é independente de qualquer filosofia” p. 123. (...) “Em segundo lugar, nosso método é objetivo” p. 125. “Mas se considerarmos os fatos sociais como coisas, consideramo-los como coisas sociais. Este é o terceiro traço característico de nosso método, que prima em ser exclusivamente sociológico” p. 126.

A definição do que é fato social, além das regras relativas à observação dos fatos sociais, a distinção entre normal e patológico, e todas as demais características metodológicas analisadas por Durkheim neste livro, servem ao propósito claro de fundar uma ciência. Para isto, então, foi necessário identificar um objeto distinto dos demais objetos das outras ciências já estabelecidas, além de métodos para lidar com estes objetos.

Essa afirmação fica clara nesta passagem: “Estimamos que este é o progresso mais importante que resta à sociologia realizar. Quando uma ciência está nascendo, somos realmente obrigados, para construí-la, a nos referir aos únicos modelos que existem, isto é, às ciências já formadas. (...). Todavia, uma ciência não pode considerar-se como definitivamente constituída senão quando tiver conseguido formar uma personalidade independente. Pois não tem razão de ser senão quando apresenta como objeto uma ordem de fatos que as outras não estudam. Ora, é impossível que as mesmas noções possam convir de maneira idêntica a coisas de natureza diferente” p. 127.