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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS TEORIA POLÍTICA DIREITO NOTURNO 2014.1 PROFESSOR DR. ROGÉRIO S. PORTANOVA ALUNO: YAN CHEDE COLLAÇO --------- FICHAMENTO FICHAMENTO VII – O PRÍNCIPE (Parte I) "O Príncipe" consiste em um manual prático dado ao Príncipe Lorenzo de Médice como um presente, o qual envolve experiência e reflexões do autor. Maquiavel analisa a sociedade de maneira fria e calculista e não mede esforços quando trata de como obter e manter o poder. DOS PRINCIPADOS Capítulo I. De quantas espécies são os principados e de que modos se adquirem Maquiavel divide os principados em 2 modelos: Principados Hereditários: quando seu sangue senhorial é nobre há já longo tempo. Principados Novos: são totalmente novos (Ex: Milão com Francisco Sforza) ou são como membros acrescidos ao Estado hereditário do príncipe que os adquire (Ex: reino de Nápoles em relação ao rei da Espanha) Capítulo II. Dos principados hereditários Maquiavel afirma que é mais fácil se preservar um Estado hereditário que um novo. Pois o príncipe, no Estado

FIchamento 7 - O Príncipe I

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Parte dois do livro O Principe

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Page 1: FIchamento 7 - O Príncipe I

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CENTRO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS

TEORIA POLÍTICA

DIREITO NOTURNO 2014.1

PROFESSOR DR. ROGÉRIO S. PORTANOVA

ALUNO: YAN CHEDE COLLAÇO

---------

FICHAMENTO

FICHAMENTO VII – O PRÍNCIPE (Parte I)

"O Príncipe" consiste em um manual prático dado ao Príncipe Lorenzo de Médice como um presente, o qual envolve experiência e reflexões do autor. Maquiavel analisa a sociedade de maneira fria e calculista e não mede esforços quando trata de como obter e manter o poder.

DOS PRINCIPADOS

Capítulo I. De quantas espécies são os principados e de que modos se adquirem

Maquiavel divide os principados em 2 modelos:

• Principados Hereditários: quando seu sangue senhorial é nobre há já longo tempo.

• Principados Novos: são totalmente novos (Ex: Milão com Francisco Sforza) ou são como membros acrescidos ao Estado hereditário do príncipe que os adquire (Ex: reino de Nápoles em relação ao rei da Espanha)

Capítulo II. Dos principados hereditários

Maquiavel afirma que é mais fácil se preservar um Estado hereditário que um novo. Pois o príncipe, no Estado hereditário, não deixará de lado os costumes dos seus antepassados, apenas os contemporizará. Sendo assim, ele se manterá no poder, a menos que uma força extraordinária venha a privá-lo.

O príncipe natural deve ser amado, por ter menores razões e menos necessidade de ofender.

Capítulo III. Dos principados mistos

Os homens, ao quererem mudança e conseguirem esta, creem numa melhor posição de seus governos. Porém, estão enganados pois o novo governo piora a situação deles. E isso faz com que o novo príncipe precise ofender os novos súditos.

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Ao conquistar novos Estados, que possuem a mesma língua e costumes parecidos, e anexá-los a um Estado antigo, quem conquista deve extinguir a linhagem do antigo príncipe e não alterar nem as leis nem os impostos da terra conquistada.

Já para novos Estados que não possuam a mesma língua nem mesmos costumes e leis, o mais forte remédio a fim de obter sucesso na manutenção do governo seria o conquistador habitá-los. Pois assim nascerão desordens, porém logo estas serão reprimidas. Outro remédio seria instalar colônias ou manter muita tropa.

Assim ele dá o exemplo dos romanos:"Os romanos, nas províncias de que se assenhorearam, observaram bem estes pontos:

fundaram colônias, conquistaram a amizade dos menos prestigiosos, sem lhes aumentar o poder, abateram os mais fortes e não deixaram que os estrangeiros poderosos adquirissem

conceito."Neste capítulo, Maquiavel critica o Estado francês por ter cometido vários erros

ao conquistar novas províncias e engrandece o Estado romano, dizendo que estes sim foi um exemplo a ser seguido.

Capítulo IV. Por que o reino de Dario, ocupado por Alexandre, não se rebelou contra seus sucessores após a morte deste

Ao morrer Alexandre Magno, pareceria razoável se o Estado se rebelasse. Porém não foi o que houve, os sucessores não encontraram dificuldade em governar.

Os principados de que se conservam memória ou são governados por um príncipe e ministros (que seriam servos) que tiveram a concessão sua, ou por um príncipe e barões, os quais não possuem este posto pela graça do senhor e sim pela antiguidade sanguínea.

Esses barões têm Estados e súditos próprios que os reconhecem por senhores. Já o Estado governado por um príncipe e servos tem no príncipe a maior autoridade.

E os exemplos desses dois governos são o governo turco e o rei da França. Se alguém assaltar o governo turco, por toda a monarquia ser dirigida por um senhor, irá encontrá-lo unido. Já no governo francês, poderá invadi-lo com facilidade, por exemplo adquirindo o apoio de algum barão do reino.

Explicado tudo isso, o governo de Dario se igualava ao governo turco.

Capítulo V. De que modo se devam governar as cidades ou principados que, antes de serem ocupados, viviam com as suas próprias leis

Existem 3 formas para se governar essas províncias: arruiná-los, ir habitá-los pessoalmente ou deixá-los viver com suas leis.

Exemplos: espartanos (conservaram Atenas e Tebas e perderam-nas) e romanos (destruíram Cartago e não a perderam).

Para Maquiavel, o modo seguro de conservar uma conquista é a destruição.

Capítulo VI. Dos principados novos que se conquistam com as armas próprias evirtuosamente

Um novo príncipe governará com maior ou menor dificuldade dependendo da sua virtude. Ou ele governa através da virtude ou da boa sorte. O que menos se apoia na sorte retém o poder mais seguramente. Este, que por suas virtudes, torna-se príncipe conquista o principado com dificuldade, mas com facilidade o conserva.

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Capítulo VII. Dos principados novos que se conquistam com as armas e fortuna dos outros

O príncipe que adquire o principado pela fortuna (sorte ou acaso) conquista-o com pouca fadiga, porém com muito esforço o mantém.

O Estado que surge rapidamente não possui raízes e estruturação perfeitas, de forma que a primeira adversidade o extingue. Salvo se o príncipe for de tanta virtude que saiba preparar-se para conservar aquilo que a fortuna lhe proporcionou.

Há dois exemplos: Francisco Sforza (com grande virtude tornou-se duque de Milão e aquilo que com mil esforços tinha conquistado, com pouco trabalho manteve) e César Bórgia (adquiriu o Estado com a fortuna do pai e, juntamente com ela, o perdeu).

Capítulo VIII. Dos que chegaram ao principado por meio de crimes

Maquiavel aponta 2 exemplos de príncipes que chegaram ao poder por meio da violência: Agátocles Siciliano e Alexandre VI (Oliverotto de Fermo).

Para ele, a crueldades podem ser mal ou bem usadas. As bem usadas são aquelas que instantaneamente têm necessidade de firmar-se, mas depois se transformam em algo máximo possível útil para os súditos. Já as mal usadas são as que, mesmo tendo pouca crueldade no início, a crueldade aumenta no decorrer do tempo.

Por isso, Maquiavel afirma que as ofensas devem ser feitas todas de uma só vez, a fim de que, pouco degustadas, ofendam menos, ao passo que os benefícios devem ser feitos aos poucos, para que sejam melhor apreciados.

Capítulo IX. Do principado civil

O principado civil seria o adquirido por um cidadão privado, com o favor de seus concidadãos, e para isso é necessária uma astúcia afortunada.

Ele é constituído ou pelo povo ou pelos grandes. O que chega ao principado com a ajuda dos grandes se mantém com mais dificuldade daquele que ascende ao posto com o apoio do povo, pois o príncipe, juntamente com os grandes, possui poucos que estejam preparados a obedecer, não podendo assim governar nem manobrar como entender. Já o principado apoiado pelo povo encontra ao seu redor pouquíssimos que não estejam preparados a obedecer.

O grandes devem ser divididos em 2 grupos principais: os que procedem por forma a se obrigarem totalmente à tua fortuna, os quais devem ser considerados e amados; ou os que não se obrigam. Estes últimos se fazem isso por natural defeito de espírito deve-se servir-se deles, pois são bons conselheiros, mas se não se obrigarem por ambição, quer dizer que pensam mais em si próprios e deve-se guardar-se e temê-los como se fossem inimigos declarados.

Maquiavel conclui que é necessário a um príncipe ter o povo como amigo, pois de outro modo não terá adversidades.

Capítulo X. Como se devem medir as forças de todos os principados

Quanto à qualidade dos Estados, se ele é tão grande e forte que possa manter-se por si mesmo é porque, devido à abundância de homens e de dinheiro, ele consegue organizar um exército à altura do perigo a enfrentar. Já os Estados necessitados da defesa de outrem são os que não podem defrontar o inimigo em campo aberto. Estes

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últimos devem então se fortificarem e proverem sua cidade, não se preocupando com o território que o contorna.

Capítulo XI. Dos principados eclesiásticosTodas as dificuldades existem antes de se constituírem esses principados. Eles

são adquiridos ou pela virtude ou pela fortuna,e sem uma ou outra se conservam, pois são sustentados pelas ordens estabelecidas na religião. Para Maquiavel somente estes principados seriam seguros e felizes, pois:

Só estes possuem Estados e não os defendem; súditos, e não os governam; os Estados, por serem indefesos, não lhes são tomados; os súditos, por não serem governados, não

se preocupam, não pensam e nem podem separar-se deles.

Capítulo XII. De quantas espécies são as milícias, e dos soldados mercenários

Maquiavel expõe, neste capítulo, a forma genérica dos meios ofensivos e defensivos que em cada um dos citados principados possam ocorrer.

Os principais fundamentos que o Estado deve ter são boas leis e bons exércitos. Há três tipos de tropas, são elas, próprias, mercenárias, auxiliares ou mistas. Sendo as mercenárias e as auxiliares prejudiciais e perigosas.

Para demonstrar melhor a infeliz qualidade das tropas mercenárias:

Os capitães mercenários ou são homens excelentes, ou não: se o forem, não podes confiar, porque sempre aspirarão à própria grandeza, abatendo a ti que és o seu

patrão, ou oprimindo os outros contra a tua vontade; mas se não forem grandes chefes, certamente te levarão à ruína.

Para Maquiavel, os mercenários pensam em si e no seu salário, não no êxito do monarca. O melhor sempre é usar suas próprias armas. A vitória obtida através da força e armas alheias não é uma vitória genuína.